IDENTIDADE VISUAL: TÉCNICA DE GEOMETRIZAÇÃO PARA SÍMBOLOS NO PROJETO DE IMAGENS CORPORATIVAS Marcos Brod Junior UFSM – CAL, Departamento de Desenho Industrial [email protected] Luiz Vidal Gomes UEFS, Mestrado em Desenho, Cultura e Interatividade [email protected] Lorenza Wenzel UniRitter, Curso de Design [email protected] Resumo O artigo apresenta uma parte do trabalho realizado em disciplina introdutória de projeto, focalizando o uso de técnicas de geometrização de símbolos para identidades visuais de marcas e de imagens de identidades. Salienta-se que tais procedimentos gráficos permitem ao professor de projeto de produto gráfico tratar questões importantes no conteúdo das essências do Desenho Industrial. O exercício acadêmico de geometrização, apresentado no texto, permitiu ao estudante perceber e estudar questões de síntese funcional; coerência formal, e, acima de, questões de ordem informacional do produto. Palavras-chave: geometria; criatividade; desenho de identidade visual. Abstract The article presents a part of the introductory course work in design, focusing on the use of techniques of geometric symbols to visual identities and brand identity images. It should be noted that such procedures enable the teacher of graphic design graphic product to treat important issues in the content of the essences of Industrial Design. The geometrization of academic exercise, presented in the text, allowed students to understand and study questions the functional synthesis, formal coherence, and above, questions of informational order the product. Keywords: geometry; creativity; visual identity design teaching process. 1 Introdução Um sistema de Identidade Visual (IdV) é um produto gráfico que exige que o desenho demonstre muito de suas funções prática, estética e simbólica. Prever o comportamento de todo o seu sistema de aplicações em um projeto de IdV é um dos modos de garantir maior adequação do produto gráfico, seja em termos de estética industrial e de eficiência na comunicação. Isto não é tarefa fácil, mas realizá-la é sempre decisiva para a compreensão de um Sistema de IdV. Na busca de trabalhos neste tema dedicados a este mesmo problema destaca-se o livro “A Geometria do Design” (ELAM, 2010) e os artigos “Ordem e Arranjo em Desenhos Industriais: Malhas e Grelhas, Revisão e Retomada” e “Retículas, Grelhas e Malhas: Noções Fundamentais e Aplicações” (MEDEIROS E GOMES, 2005a e 2005b). Estes trabalhos, respectivamente, dissertam sobre a geometria e a construção de malhas estruturais, filosofais e diagramacionais para auxiliar no desenho de definição de produtos industriais. Esse artigo apresenta a técnica de geometrização de símbolo que foi utilizada na etapa de elaboração de um projeto acadêmico de identidade visual, demonstrando com detalhes o método pelo qual o processo de desenho se desenvolveu. O trabalho foi realizado durante um semestre letivo, em disciplina introdutória a projetos de produtos gráfico-visuais em faculdade de Design Gráfico e, na época, possuía 30 estudantes matriculados. O tema proposto pelo professor que, no papel de orientador do processo de formação de desenhadores gráficos, usou como pretexto a criação de uma IdV, para ensinar fundamentos do Desenho aos estudantes de Design. Não houve limitações ou problemas para o desenvolvimento do exercício de geometrização por parte dos alunos. Pode-se dizer que a motivação deste estudo parte da necessidade percebida a partir da denotação da palavra “geometrizar”, ou seja, dar forma geométrica (FERREIRA, 2000) e, da sua conotação, no caso da área do Desenho Industrial, compreendida como ter o controle total sobre a forma de um desenho, identificar as medidas e proporções de uma forma, delimitar matematicamente a configuração de uma imagem visual; definir os parâmetros modeladores de algo a ser reproduzido em diversas tecnologias (materiais e processos de fabricação). Tecnicamente, ao ensinar aos estudantes o ato de geometrizar, demonstra-se a importância do ato de modelar a configuração de maneira que se apresentem os limites proporcionalmente ideais, para arranjar elementos formais que interagem entre si, adquirindo significação. Sua contribuição principal está no ensino de geometria aplicada à produtos gráfico-visuais que possuem grande impacto na construção e manutenção da cultura material, tornando-a um ato constante no projetar. A geometrização, assim, neste caso, caracteriza-se como recurso capaz de controlar áreas de tensão entre componentes gráficos, estabelecendo, por exemplo, composição visual equilibrada e ritmo harmônico entre elementos distintos, mas complementares. E, por mais que possa parecer antiquado, ainda as grandes IdVs de empresas internacionais e nacionais, apresentam-se através de símbolos de geometria precisa, relações deste com o logotipo racionalmente pensadas, e o uso de cores e de elementos tipográficos complementares à compreensão da IdV (como lemas, e designativos funcionais, etc.) harmonicamente estudados e posicionados. Isto não sai de moda. 2 Por que geometrizar? As premissas básicas do projeto solicitado aos estudantes foram: (i) aquele que solicita um projeto de IdV anseia por receber um produto “bonito”; (ii) esta “beleza” não é casual, mas, sim, resultado de uma sequência de estudos sobre dados resultantes de uma série de procedimentos e de técnicas bem planejadas para tal finalidade; (iii) o resultado final do desenho de IdV é de total responsabilidade do desenhador gráfico, logo, cabe somente a ele/ela definir a geometria dos elementos da IdV, através da qual será possível se prever o desempenho das funções estéticas e práticas do produto gráfico. Levando em consideração que todo projeto de produto industrial, seja ele de ambiente, comunicação ou de artefato, deve equacionar simultaneamente os fatores projetuais, tais como antropológicos, ecológicos, econômicos, ergonômicos, tecnológicos, psicológicos (REDIG, 1977; 2005), compreende-se que tal equacionamento deve manifestar-se principalmente no desenho gráfico do produto, logo em sua geometrização. Alexandre Wollner, um dos primeiros profissionais brasileiros especializados em Programação Visual, é autor de centenas de projetos para sistemas de identidades visuais. As IdVs desenhadas por Wollner foram comissionados por empresas de grande e médio porte que, desde os anos de 1960, vêm percebendo a importância de implantar programas de comunicação visual nos mercados onde atuam. Wollner revolucionou a história das Artes Gráficas e da Programação Visual no Brasil, justo pro todo embasamento intelectual e criativo aplicado num projeto de IdV, não importando se o seu desenho iria ser para a marca de uma pequena empresa, ou para a marcação de infinita gama de produtos de grande conglomerado industrial. O trabalho técnico e criativo de Wollner (obviamente em conjunto de seus colegas dos escritórios Programação Visual Desenho Industrial, no Rio de Janeiro, e da Multi Programação Visual, em Pernambuco) extrapolou os limites da especialidade Programação Visual, entrando para ensinamentos do Desenho de Produto, alterando definitivamente a compreensão do grande campo projetual Desenho industrial, também conhecido, no Brasil, como Design. A maioria dos desenhos para os seus projetos foram concebidos a partir da geometria presente em sistemas de modulação rítmica, harmoniosamente controlada. Isso indica que Wollner não desconsiderou ensinamentos básicos de outras épocas históricas, úteis a vários tipos de designers arquitetos (e.g., Vitrúvio), engenheiros (e.g., Honnecourt), e até inventores artistas, como Leonardo da Vinci, com base em Stolarski (2005). Alexandre Wollner, para geometrizar seus desenhos para marcas de empresas brasileiras, afirma que não se limita a trabalhar apenas com a série de Fibonacci e incentiva o uso de diferentes sistemas de modulação tanto para o pleno desenvolvimento criativo, quanto para melhor satisfazer as particularidades presentes em cada projeto. Fibonacci não é o único. O meu próprio livro não foi feito com o sistema dele, mas com o do Villard de Honnecourt. É um processo totalmente diferente na prática. O Fibonacci não dá conta de tudo. É preciso estar livre, ver outras possibilidades e novas tendências. Há o DIN, há o sistema áureo, que é um pouco diferente do Fibonacci, há também o sistema Villard. Eu não uso um sistema só, conheço vários e posso usar vários. Minha escolha é feita a partir do caminho que o trabalho vai tomando, não antes. Pensar apenas em Fibonacci é limitar a criatividade (WOLLNER, apud STOLARSKI, 2005, p.47). Wollner acredita que o caminho mais coerente e seguro para fazer com que uma Identidade Visual tenha amplas condições de satisfazer suas demandas funcionais é utilizar, na sua construção, a mesma geometria que existe nos sistemas de proporções universais. Dessa forma, a interferência que a produção de cultura material proveniente do Design gráfico faz, em nome da Comunicação Visual, é mais harmoniosa e eficiente, porque compartilha a mesma linguagem de um contexto maior (STOLARSKI, 2005). Desse modo, Wollner também sempre encontra meios de justificar seus projetos de maneira consistente, aprovando-os sem dificuldade. Levando em consideração que o designer é responsável pelo constante desenvolvimento e manutenção do ambiente artificial e, por isso, é importante compreender que essa interferência está inserida em um ambiente que apresenta suas próprias leis de composição (a natureza). Entender como tais leis funcionam e usá-las como padrão compositivo para que os produtos gráficos atuem em nome de uma efetiva comunicação visual é o principal objetivo das técnicas de geometrização nos desenho para projetos de Identidade Visuais. 3 O Processo Criativo focado nas Essências do Desenho / Design A disciplina de introdução ao projeto gráfico foi planejada para contemplar as essências presentes em “The 7 Essentials of Graphic Design” (GOODMANN, 2001). Em 2008, as sete essências de Goodmann foram ampliadas para nove – (1) Metodologia; (2) Pesquisa; (3) Malhas; (4) Taxonomia de Produtos Industriais; (5) Funções de Produtos Industriais: Prática, Estética, Simbólica; (6) Criatividade: Geração de Alternativas; (7) Estética Industrial: forma, material, superfície, cor; (8) Ordem e Complexidade: configuração da forma; e (9) Crítica e Questionamentos (BROD JUNIOR; VAN DER LINDEN; KUNZLER, 2008) – e passaram a guiar as atitudes acadêmicas e os estudos de projeto de produto gráfico e de artefato. Tomou-se como referência também o Processo Criativo aplicado ao processo projetual (GOMES, 2011), porém sem perder o foco nas 9 Essências. Trata-se de uma estratégia didática, para permitir que ampla fatia do cronograma de atividade fosse dedicada a fase de Elaboração tanto dos principais elementos da identidade visual (símbolo, logotipo, padrão cromático, padrão tipográfico), quanto dos componentes desse sistema gráfico (manual de identidade visual impresso e meios de comunicação para implantação). A geometrização pode ser utilizada tanto na “lapidação” do símbolo quanto do logotipo (inclusive, e melhor ainda, em ambos), mas sempre na etapa de Elaboração do Processo Criativo. A Tabela 1 mostra como acontece essa interação. Tabela 1: Densidade do trabalho técnico no Processo Criativo (GOMES, 2011) Esse período começa na concepção de um conceito (etapas de Identificação/Preparação/ Incubação), passa pela exploração de múltiplas alternativas desenhísticas (etapa de Esquentação) e se completa com a seleção da opção graficamente mais adequada ao tema (Iluminação). É necessário, entretanto, que todo o grupo de desenho-projetual perceba, com base na fórmula do trabalho, que o trabalho em Desenho (τD) é resultante da quantidade de esforço (qE) multiplicado pela qualidade das tarefas (өt) (GOMES, 2011, p.40). Nesse projeto acadêmico de Identidade Visual Corporativa, a construção do símbolo foi distribuída de maneira ordenada dentro de cada etapa do Processo Criativo, mostrando a evolução de toda a sua trajetória antes da Geometrização. Esse procedimento permite que o símbolo adquira a consistência expressional necessária para cumprir seu papel na assinatura de uma Identidade Visual. 3.1 Etapa 1: Identificação Com base em Gomes (2011), a Identificação o momento de pré-concepção do produto, período inicial do trabalho no qual o perfil da Identidade Visual será teoricamente definido e delimitado. Para que a Identificação seja eficaz, deve anteceder-se a ela um planejamento estratégico detalhado para o projeto, capaz de garantir que sua interferência será coerente com a sua política, estabelecendo as bases para qualquer tomada de decisão no futuro e orientando estrategicamente toda concepção e produção do sistema de Identidade Visual. Faz parte da Identificação a Problematização do projeto, onde as perguntas “O Quê?”, “Por que?” e “Como?”, devem ser respondidas, verbalmente e por extenso, conforme a Tabela 2. Tabela 2: Definição do problema, com base em BONSIEPE et alii, 1984 Assim, é possível contextualizar (definir o problema) e textualizar (descrever circunstâncias) o sistema gráfico que o projeto irá desenvolver. A textualização levou em conta a situação inicial e final do produto, ambas bem definidas, revelando sua ênfase prática em função do equacionamento dos fatores projetuais, Tabela 3. O símbolo ainda não existe, mas já está contextualizado. Tabela 3: Textualização orientada pelo equacionamento dos Fatores projetuais (REDIG, 2005) 3.2 Etapas 2 e 3: Preparação e Incubação Com base em Gomes (2011), é o período no qual são coletados e articulados, por meio de técnicas analíticas, os dados mais relevantes para a concepção da Identidade Visual, especialmente no âmbito da conceitualização. Uma entrevista, na qualidade de pesquisa qualitativa, gerou uma lista de verificação com informações que foram motivo de diferentes técnicas analíticas. Análises Lingüísticas revelaram que a borboleta representaria uma excelente metáfora para o conceito dessa Identidade Visual, porque suas conotações mais universais eram compatíveis com as denotações mais conhecidas da palavra eco-eficiência. Após, Análises Desenhísticas foram feitas para verificar freqüências geométricas nas proporções das asas das borboletas, a partir de fotografias publicadas por diversos fotógrafos na internet, Figura 1. Figura 1: Relação formal das asas de uma borboleta, em proporção áurea Em cinco casos analisados as proporções existentes eram do tipo dinâmicas, derivadas de retângulos de raiz ou do retângulo áureo, sendo que três casos apresentaram a proporção do retângulo raiz de 4 (Duplo Quadrato), um caso apresentou a proporção do retângulo raiz de cinco e um apresentou a proporção áurea. O conceito agregou a proporção áurea à configuração do símbolo, que embora já exista, ainda não fora desenhado. 3.3 Etapa 4 e 5: Esquentação e Iluminação Com base em Gomes (2011), a Esquentação é o momento no qual se exploram as múltiplas alternativas desenhadas a mão livre. O ponto de partida para o desenho desse símbolo foi um monograma coletado durante a etapa de Preparação. Em pranchas A4, o desenho do monograma foi manipulado até atingir a forma de uma asa de borboleta. Ao todo foram feitas 33 pranchas contendo diversas categorias de desenhos, sendo que 9 pranchas foram desenhadas em papel jornal e 24 em papel manteiga. A Iluminação é a etapa na qual as alternativas são comparadas, avaliadas e selecionadas. A alternativa que melhor responde a problematização do projeto passará para a fase de modelagem, que é feita em programas de computação gráfica 2D (Figura 5). A Esquentação, onde foram realizadas 33 pranchas desenhadas a mão livre representa a transformação gráfica que ocorreu entre os desenhos 2 e 3 apresentados na Figura 2. Figura 2. Modelagem bidimensional do símbolo, durante a etapa de Iluminação. 3.4 Etapa 6: Elaboração A Geometrização é um procedimento que entrelaça pelo menos duas Essências do Design, a saber: (i) Malhas e (vi) Criatividade, em um momento oportuno do projeto, chamado Elaboração, para qualificar adequadamente o desempenho das funções práticas e estéticas do produto gráfico. A questão “Por que Geometrizar?” pode ser respondida da seguinte maneira: a geometrização permite que o designer, neste caso não o estilista, o engenheiro, o arquiteto, mas, sim, o desenhador gráfico tenha maior controle sobre as funções do produto gráfico no qual se debruça. Esse controle, certamente é o que ajudará as principais qualidades visuais dos elementos básicos de uma IdV – símbolo, logotipo, padrão cromático e padrão tipográfico (STRUNCK, 1989) –, tais como, configuração, forma, harmonia, proporção, versatilidade e dinamismo. As tensões construtivas (GERMANI, 1973) são leis específicas que nascem de relações de proporção responsáveis pela percepção que temos daquilo que julgamos agradável ao olhar, “belo”. 4 Como Geometrizar? Diferentes técnicas podem ser utilizadas na Geometrização de símbolos e logotipos. Na maioria dos casos aplicados ao Design Gráfico, a base para toda a atividade geometrizadora é um elemento fundamental denominado módulo, que estabelece um sistema de relações proporcionais dentro da malha estrutural, com base em Gomes e Medeiros (2005b). 4.1 Construa uma malha estrutural Para essa técnica de Geometrização foi utilizada a técnica, proposta por Gomes e Medeiros (2005b), de uma malha de módulo (M) igual a 3mm, construída em uma prancha tamanho A4 por meio de um programa de computação gráfica 2D. O resultado gerou uma malha estrutural de 70M x 99M, sobre a qual foi colocado um retângulo áureo para gabaritar o ajuste proporcional das asas da borboleta (Figura 3). O retângulo áureo foi centralizado na malha de forma que ocupasse a largura de 85M, mantendo a altura proporcional ao ajuste. Ressaltamos que se usou o retângulo áureo (A; 1:1,618), por simples questões de tornar o ensino mais clássico, pois, poder-se-ia ter utilizado um quadrato (1:1); um hemidiágono (1:1,118), um quadiágono (1:1,217), um diágono (1:1,414); um sixtone (1:1,732) ou duploquadrato (1:2) (WERSIN, 2003). Figura 3: Inserção do retângulo áureo na malha estrutural de 70M x 99M 4.2 Insira o modelo do símbolo Insira sobre a malha estrutural o modelo do símbolo que foi selecionado e vetorizado na etapa de Iluminação. Na Elaboração desse símbolo, o desenho foi ajustado de acordo com as proporções do retângulo áureo inscrito na malha (Figura 4). Figura 4: Inserção do modelo vetorizado na malha estrutural de 70M x 99M 4.3 Elabore o modelo do símbolo geometrizando suas formas Usando os módulos da malha estrutural como base, impressa com a figura vetorizada a partir das linhas externas da borboleta, tome uma folha de papel manteiga e, a mão, com um compasso, corrija a geometria das curvas do modelo gráfico-visual. Valha-se, por exemplo, dos livros Desenho Geométrico (CARVALHO, 1972), Teoria e Prática do Desenho Industrial: Manual para o Desenhador Projetista (CASTRO, 1989) para encontrar os pontos relativos aos eixos dos arcos de circunferências de suas curvas concordadas. É trabalho que requer atenção, pois uma única falha de concordância danifica todo o restante do trabalho. Uma vez encontrados os pontos no papel manteiga, tente, de volta ao computador, encaixá-los na malha estrutural, sem perder a configuração do símbolo que está sendo desenhado. (Figuras 5 e 6). Figura 5: Procedimentos básicos para a geometrização do símbolo. Figura 6: Símbolo antes curvas aleatórios e depois da geometrização das curvas. 5 Considerações finais Os projetos de sistemas de IdV implicam não só em trabalho tecnicamente bem desenhado mas, fundamentalmente bem conceituado. Se o conceito é inconsistente, a identidade se esvazia de significado e nesse caso, não haverá Geometrização que resolva tal ruído. Destaca-se que a importância de ensinar técnicas de Desenho Geométrico para alunos de Desenho Industrial/Design reside na definição da palavra Geometrização, proposta neste texto, ou seja, ato ou efeito de geometrizar, isto é, ação de definir graficamente, por meio lógico e matemático, as linhas de contorno, as concordâncias entre linhas curvas distintas, os limites e tolerâncias de alterações em linhas que configuram e/ou formam desenhos industriais, sem, é claro, alterar-lhes os sentidos, os objetivos, as atribuições gráfico-visuais. Em Desenho industrial, deve-se passar pelo processo de geometrização, pois é isto que garante a coerência estético-formal, o uso técnico-funcional e o significado lógico-informacional dos mais distintos produtos. A geometrização, depois do advento do computador, passou a ser, aparentemente, algo simples em termos de solução de problemas formais, mas não é. A geometrização, quando aplicada na fase de Elaboração do processo criativo, resulta no significativo aumento da quantidade e da qualidade de formas geradas para alternativas em projetos de produtos de consumo (e.g., artefatos em geral) ou produtos de serviço (e.g., símbolos e logotipos). A geometrização, por fim, ajuda a identificar tamanhos, harmonias, proporções e características de dimensões de algo desenhado industrialmente. E os estudantes de Desenho necessitam deste conhecimento, sem sombra de dúvida. Referências BROD JÚNIOR, Marcos; VAN DER LINDEN, Julio; KUNZLER, Lizandra S. Q. Ensino de fundamentos do projeto de produto com base nas essências do Desenho Industrial/Design. In: 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Anais... São Paulo: AEND, Brasil, 2008. CARVALHO, Benjamin de A. Desenho Geométrico. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1972. CASTRO, Tito Lyon. Teoria e Prática do Desenho Industrial: Manual para o Desenhador Projetista. Lisboa: Edições Cetop, 1989. ELAM, K. Geometria do Design. São Paulo: Cosac Naify, 2010. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI: O minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. GERMANI, Rino. Fundamentos del proyecto gráfico. Barcelona: Don Bosco, 1973. GOMES, Luiz Antônio Vidal de Negreiros. Criatividade & Design: um livro de desenho industrial para projeto de produto. Porto Alegre: sCHDs, 2011. GOMES, Luiz Antônio Vidal de Negreiros; MEDEIROS, Ligia Maria Sampaio de. Ordem e Arranjo em Desenhos Industriais: Malhas e Grelhas, Revisão e Retomada. Graphica, 2005a. GOMES, Luiz Antônio Vidal de Negreiros; MEDEIROS, Ligia Maria Sampaio de. Retículas, Grelhas e Malhas: Noções Fundamentais e Aplicações. Graphica, 2005b. REDIG, Joaquim. Sobre Desenho Industrial. (Edição fac-símile de 1977, Rio de Janeiro: Imprinta). Porto Alegre: UniRitter Editora, 2005. STOLARSKI, André. Alexandre Wollner e a Formação do Design Moderno no Brasil. São Paulo: Cosac Naify, 2005. STRUNCK. Identidade visual: a direção do olhar. Rio de Janeiro: Europa, 1989. WERSIN, Wolfgang Von. Das buch vom rechteck: Gesetz und gestik des raumlichen. Ravensburg: Otto Maier Verlag, 2003.