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LITERATURA GREGA I: ÉPICA
MÓDULO #3: SÍMILES
padrão linguístico:
ὡς … ὣς … (“assim como … assim também…”)
ὡς δὲ θεὸς ναύτῃσιν ἐελδομένοισιν ἔδωκεν
οὖρον, ἐπεί κε κάμωσιν ἐϋξέστῃς ἐλάτῃσι
πόντον ἐλαύνοντες, καμάτῳ δ' ὑπὸ γυῖα λέλυνται,
ὣς ἄρα τὼ Τρώεσσιν ἐελδομένοισι φανήτην.
“Assim como um deus, atendendo às súplicas dos marinheiros, lhes manda o vento,
quando eles já estão cansados de empurrar o mar com os remos polidos, e a fadiga
lhes desune os membros, assim surgiram ambos como que respondendo aos anseios
dos Troianos.” (Ilíada 7.1-7)
Ilíada: mais abundantes, mais descritivos, mais naturais
– coragem animal
“Mas o Olímpio outra vez reanimou o ardor dos Troianos, que empurraram os Aqueus até o fosso profundo.
Heitor, na primeira fila, marchava orgulhoso de sua força. Como um cão agarra um javali ou um leão pelas
costas, perseguindo-o com os rápidos pés nos flancos, na garupa, e se precata de suas reviravoltas, perseguia
Heitor os peludos Aqueus, matando sempre o último; e eles fugiam.” (Ilíada 8)
“Assim como um leão, encontrando frágeis enhos de ligeira corça, tritura-os sem dificuldade com os dentes
poderosos, depois de invadir-lhes o covil e roubar-lhes a tenra existência; nem a própria corça, ainda que
perto deles, pode valer-lhes; pois ela mesma, tomada de medonho tremor, desesperada, precipita-se por
azinhais espessos e pelos bosques, ofegante e inundada de suor, diante do ataque da fera possante; assim, a
Iso e Ântifo, não podia salvá-los da morte nenhum dos Troianos, pois estes mesmos fugiam diante dos
Argivos.” (Ilíada 11)
“Entretanto, os Troianos e o ilustre Heitor ainda não teriam, pelo menos então, rompido a porta do muro e
sua longa tranca, sem o auxílio de Sarpédon, que seu pai, o prudente Zeus, lançou contra os Argivos, como
um leão contra bois de recurvados cornos. (…) Coberto com essa adarga e brandindo duas lanças, avançou
Sarpédon como um leão crescido nas montanhas, privado por muito tempo de carne, e cujo coração viril,
para agarrar carneiros, o leva a penetrar até em uma sólida habitação. Embora encontre junto do estábulo os
pastores, com seus cães e chuços, vigiando à volta do rebanho, não se afasta sem primeiro tentar o ataque: ou
arrebata a presa de um salto, ou é ferido, na primeira investida, pelo dardo despachado por mão pronta.
Assim, então, o coração de Sarpédon, rival dos deuses, impeliu-o a saltar sobre a muralha e a romper-lhe os
parapeitos.” (Ilíada 12)
“Mas Idomeneu, longe de assustar-se como criança mimada, esperou. Assim como um javali, nas
montanhas, confiado em sua valentia, aguarda a chegada tumultuosa de numerosos caçadores, em sítio
deserto: eriça-se-lhe o pêlo, despedem-lhe os olhos chispas de fogo, aguçam-se-lhe as presas, na impaciência
de rechaçar cães e homens; assim Idomeneu, célebre por sua lança, aguardava, sem recuar, Enéias que acudia
ao combate.” (Ilíada 13)
“Por meio dessas palavras, [Apolo] inspirou extraordinário ardor ao pastor de tropas. Assim como um cavalo,
por longo tempo imóvel, alimentado de cevada na manjedoura, rompe o cabresto e precipita-se na campina
escavando o solo, acostumado que está a banhar-se triunfante no formoso curso do rio, ergue a cabeça, sacode a
crina sobre as espáduas, e logo, confiado em seu esplendor, é carregado pelos joelhos aos prados que
freqüentam os cavalos; assim Heitor punha em movimento os pés e os joelhos, excitando os estribeiros, quando
ouviu a voz do deus. Assim como um cervo ramalhudo, ou uma cabra selvagem, perseguidos por cães e
camponeses, são salvos pelas rochas escarpadas ou pelo bosque umbroso, pois ainda não raiou para eles o dia
em que serão feridos; mas, aos gritos dos caçadores, surge pelo caminho um leão barbudo e imediatamente dão
todos meia volta, apesar do seu ardor; assim os Dânaos, por algum tempo, não deixaram de perseguir, em
grupo, os inimigos, ferindo-os com as espadas e as lanças de duas pontas; mas quando viram Heitor percorrer
as fileiras dos guerreiros, apavoraram-se, e a coragem de todos lhes caiu aos pés.” (Ilíada 15)
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– temor animal
“Quando Alexandre, semelhante a um deus, o viu surgir na primeira fila, o terror assaltou-lhe o coração;
recuando, retirou-se para o grupo dos companheiros, a fim de evitar a divindade funesta. Assim como um
homem que avista uma serpente salta para trás e se afasta, buscando os abrigos da montanha; um tremor
sacode-lhe os membros; vira as costas e a palidez inunda-lhe as faces; assim voltou ao seio da multidão dos
soberbos Troianos, temeroso do filho de Atreu, Alexandre semelhante a um deus.” (Ilíada 3)
“Então, Zeus Pai, piloto supremo, fez nascer o temor no coração de Ájax, que se deteve, estupefato; atirou
nos ombros o escudo, feito de sete couros de boi, e refugiou-se na multidão, olhando para todos os lados,
como fera que se volta, recuando passo a passo. Assim como um fulvo leão, escorraçado do estábulo pelos
cães e pelos camponeses, que o impedem de roubar a carne gorda dos bois, vigiando toda a noite: desejoso
da carne, investe, mas frustra-se-lhe o ímpeto; pois, compactos, saltam ao seu encontro, partidos de mãos
intrépidas, os dardos e os brandões inflamados, que ele teme, a despeito de seu ardor; ao despontar a aurora,
retira-se, com o coração triste. Assim Ájax se afastava dos Troianos, com a alma triste, sumamente pesaroso;
pois muito receava pelos navios acaios.” (Ilíada 11)
“Enquanto agitava esses pensamentos na alma e no coração, sobre ele os Troianos em alas chegavam, à testa
dos quais vinha Heitor. Menelau recuou e abandonou o cadáver, voltando-se como um leão barbudo, que
rafeiros e homens escorraçam do estábulo a golpes de lanças e a gritos; confrange-se-lhe no diafragma o
coração valente e ele, com pesar, afasta-se do pátio. Assim de Pátroclo se afastou o louro Menelau.” (Ilíada 17)
“Em torno do filho de Menetes, que cobria com o largo escudo, mantinha-se Ajax, como um leão ao redor
dos filhotes: ao conduzi-los, novinhos ainda, encontra caçadores na floresta; resplandece de força; abaixa as
sobrancelhas, velando os olhos. Assim Ajax, em torno do herói Pátroclo, volteava; de outra parte se erguia o
Atrida Menelau, amado de Ares; e grande dor crescia-lhe no peito.” (Ilíada 17)
“Assim como, diante do ímpeto do fogo, voam os gafanhotos, escapando para um rio; chameja o fogo,
infatigável, rompendo de improviso; e eles, apavorados, enfiam-se dentro d'água; assim, diante de Aquiles, o
curso barulhento do Xanto de turbilhões profundos ia-se enchendo, desordenadamente, de cavalos e de
homens. (…) Assim como, diante de monstruoso delfim, debandam os outros peixes, enchendo as
anfractuosidades de um porto seguro, espavoridos, porque ele devora quantos alcança, assim os Troianos, no
leito do rio terrível, se ocultavam debaixo das escarpas.” (Ilíada 21)
– outros fenômenos
“Com esses dizeres, incitou Atena, já impaciente. De um salto, precipitou-se ela das cabeceiras do Olimpo.
Assim como um bólide, enviado pelo filho do ardiloso Cronos, como um prodígio, a marinheiros ou a um
vasto acampamento de tropas, brilha e despede mil fagulhas; assim Palas Atena saltou sobre a terra e
arrojou-se no meio dos exércitos. Muda admiração senhoreou os espectadores, Troianos, domadores de
cavalos, e Aqueus, de belas grevas, e cada qual repetia, olhando para o vizinho: ‘Sem dúvida, ou a
renhidíssima guerra e as funestas refregas continuarão, ou será estabelecida a amizade entre os dois povos,
por Zeus, árbitro da guerra para os homens.’” (Ilíada 4)
“Assim como um rio que transborda desce da montanha para a planície, em torrentes, inchado pelas chuvas
de Zeus, e muitos carvalhos secos, muitos pinheiros são carregados, muita vasa é atirada ao mar, assim
perseguia o inimigo, caçando-o na planície, o ilustre Ájax, matando cavalos e homens.” (Ilíada 11)
“Teucro retirou o pique, e o outro caiu, como um freixo, no cimo de um monte que se divisa de todos os
lados, que, cortado pelo bronze, vem tocar a terra com a delicada folhagem. Assim tombou, e à sua volta lhe
ressoaram as armas refulgentes de bronze.” (Ilíada 13)
“Caiu Sarpédon como cai um carvalho, ou um choupo, ou um alto pinheiro que, nas montanhas, cortaram
carpinteiros com os machados recém-afiados, para deles fazer uma viga de navio. Assim, diante dos cavalos
e do carro, jazia estendido Sarpédon arquejante, arranhando com as mãos a poeira ensangüentada. Assim
como um touro atacado por um leão que remete à manada – touro bravo, corajoso, entre os bois de pernas
tortas – morre, remugindo, sob as garras do leão, assim, sob o golpe de Pátroclo, o chefe dos Lícios armados
de escudos, moribundo, exprimia ardentes desejos e chamava o companheiro.” (Ilíada 16)
“Como um homem alimenta vigorosa muda de oliveira, em solitário recanto, onde jorra abundante água; a
árvore, bonita e próspera, agita-se ao sopro de todos os ventos, cobre-se de alvas flores; mas, sobrevindo de
improviso, acompanhado de borrascas, um vento arranca-a do chão e deita-a em terra; assim o Atrida Menelau,
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depois de o haver matado, despojou das armas o filho de Pântoo, Euforbo de boa lança de freixo. Assim como
um leão alimentado nas montanhas, fiado em sua força, rouba a melhor vaca de um rebanho que pasce;
primeiro rasga-lhe o pescoço, preso entre os dentes fortes; depois, rasgando-o, devora tudo, sangue e entranhas;
em torno dele prorrompem em gritos cães e pastores, de longe, receosos de afrontá-lo, pois grande medo os
senhoreia; assim nenhum Troiano tinha coragem, no peito, de arcar com o glorioso Menelau.” (Ilíada 17)
“A essas palavras, marchou altivo, em direção da cidade, atirando-se como um cavalo, vencedor na corrida
de carros, que corre desembaraçado, alongando-se, na planície; assim movia Aquiles agilmente os pés e os
joelhos. O velho Príamo foi o primeiro a vê-lo, resplandecente, na corrida pela planura, como o astro que
surge no outono (seu claro luar brilha entre os astros numerosos durante o curso da noite) e que se chama o
cão de Orion. Resplende, mas é mau sinal: traz muitas febres aos míseros humanos; assim brilhava o bronze
no peito de Aquiles que corria.” (Ilíada 22)
“Tendo assim falado, travou do gládio agudo que se lhe estendia debaixo do flanco, grande e forte, e arrojouse, depois de haver-se encolhido, como a águia que voa alto se arroja na planície, através das nuvens
tenebrosas, para arrebatar um tenro anho ou uma lebre acaçapada. Assim se atirou Heitor, brandindo o gládio
afiado, e também se atirou Aquiles, com o coração cheio de selvagem ardor. (…) Assim como um astro
caminha entre astros, durante o curso da noite – Vésper, o mais belo dos astros que há no céu – assim
brilhava a ponta agudíssima que brandia Aquiles com a destra, execrando o divino Heitor e considerando-lhe
a formosa pele, para ver onde cederia melhor.” (Ilíada 22)
– símiles tecnológicos
“Mas varou-o também a flecha, arranhando a superfície da pele. Imediatamente correu do ferimento um
sangue negro. Assim como uma mulher, Meônia ou Cária, tinge de púrpura o marfim, para fazer com ele um
ornamento de freio e expõe-no em uma recâmara, onde muitos cavaleiros desejam possuí-lo, adorno do
cavalo e orgulho do condutor, mas que só um príncipe há de lograr; assim, Menelau, sujaram-se de sangue
tuas coxas vigorosas, as pernas e, abaixo delas, os formosos tornozelos.” (Ilíada 4)
“Derrubou a muralha acaia com a mesma facilidade com que, na areia, à beira do mar, depois de haver feito
construções para brincar, derruba-as uma criança com pés e mãos, divertindo-se. Assim, arqueiro Febo,
derrocaste tantos trabalhos e tantas canseiras dos Argivos, e entre eles instigaste a fuga.” (Ilíada 15)
“Com estas palavras, [Aquiles] excitou o ardor e a coragem de todos, que cerraram fileiras, depois de
ouvirem o rei. Como um homem junta estreitamente as pedras, no muro de alta casa, para abrigar-se das
violências dos ventos, assim juntaram eles capacetes e broquéis bojudos. O escudo apoiava-se no escudo, o
elmo no elmo, o homem no homem; os cascos de penachos de crina tocavam-se pelas brilhantes cimeiras,
assim que se inclinava um guerreiro, de tal maneira estavam apertados.” (Ilíada 16)
“Assim como um homem, para regar um terreno, conduz o curso de uma fonte de água negra, através de
plantas e jardins, com a enxada na mão, afastando os obstáculos da regueira; ao adiantar-se da corrente,
rolam os calhaus; a água, rápida, desce ruidosa pelo terreno em declive, ultrapassando o próprio guia; assim,
sempre, as águas do Escamandro alcançavam Aquiles, por mais ágil que fosse: pois os deuses são superiores
aos homens.” (Ilíada 21)
Odisseia: menos abundantes, mais técnicos
“Vendo-as, alegrou-se o divino Odisseu atribulado; deitou-se no meio e acumulou sôbre si mancheias de
fôlhas. Como uma pessoa que não tenha vizinhos, nas bordas do campo, esconde uma brasa na escura cinza,
preservando a semente do fogo, para não ter de ir acendê-lo em outro lugar, assim se cobriu Odisseu. Então,
Atena verteu o sono em seus olhos, para que não tardasse a cerrar as pálpebras e pôr têrmo à extenuante
fadiga.” (Odisseia 5)
“Sobre sua cabeça verteu Atena muita beleza; fêz que parecesse mais alto e mais entroncado e os cabelos
lhe tombassem da cabeça em anéis como a flor de jacinto. Como um hábil artífice, que de Hefesto e Palas
Atena aprendeu uma arte onímoda, executa trabalhos graciosos debruando a prata com ouro, assim ela verteu
graça na cabeça e nos ombros de Odisseu. Quando ele saiu da banheira, parecia, no corpo, um dos imortais.”
(Odisseia 6; Odisseia 23)
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“Ergueram o toro de oliveira de ponta aguçada e cravaram-no no olho do Ciclope, enquanto eu, pesando de
cima, o fazia girar; era como um homem furando uma prancha de navio com um trado, enquanto outros, por
baixo, fazem este girar numa correia, cujas pontas seguram, e o trado volteia sempre, firme no lugar. Foi
assim que agarramos o toro aguçado ao fogo e o fizemos girar em seu olho. (…) Quando um ferreiro
mergulha na água fria da têmpera, que é donde vem a força do ferro, um machado grande ou uma acha-dearmas, esta chia forte; silvava assim o seu olho.” (Odisseia 9)
“A divina Caríbdis sorvia medonhamente a água salgada do mar e quando a arremessava, o mar borbotava
remoinhando, como um caldeirão sobre fogo alentado, e a espumarada subia a banhar as pontas de ambos os
penhascos.” (Odisseia 12)
“Pois bem, mãe, eu te direi a verdade. Fomos ter em Pilos com Nestor, pastor de guerreiros; ele recebeu-me
em seu alto palácio, deu-me atenciosa acolhida, como um pai acolhe um filho que acaba de voltar de longe
após muito tempo; foi assim que me gasalharam atenciosamente ele e seus gloriosos filhos.” (Odisseia 17)
“Antínoo, deveras cuidas de mim como um pai cuida de seu filho, quando mandas expulsar da mansão o
forasteiro peremptoriamente; o céu não o permita.” (Odisseia 17)
“Falavam assim os pretendentes, mas o solerte Odisseu sopesava o grande arco, examinando-o de todos os
lados. Tão fàcilmente como uma pessoa conhecedora da lira e do canto retesa uma corda enrolada numa
cravelha nova, prendendo ambas as pontas da bem torcida tripa de ovelha, armou Odisseu sem esfôrço o
grande arco. Tomou a corda com a mão direita e experimentou-a; ela cantou bonito; parecia a voz duma
andorinha.” (Odisseia 21)
– comparação com animais: raiva, guerra, caráter não-civilizado
“O Ciclope pôs-se de pé de um salto, estendeu as mãos sobre meus companheiros e, agarrando dois duma
vez, como se fossem cachorrinhos, esmagou-os de encontro ao solo; os miolos escorreram pelo chão,
umedecendo a terra. Ele os picou membro a membro, preparando a refeição, e comeu, como um leão montês,
as vísceras, as carnes e os ossos medulosos, sem deixar resto. Nós outros, em pranto, erguemos as mãos para
Zeus, ao vermos aquela crueldade, com o coração entregue ao desespêro.” (Odisseia 9; o leão aqui é
paradigma negativo)
“Saíram da casa, trocando risos e gracejos, mulheres acostumadas à companhia dos pretendentes. O coração
se agitou no peito de Odisseu, mas ele hesitou muito, em seu espírito e seu coração, entre saltar-lhes no
encalço e dar cabo de uma por uma, ou tolerar que se reunissem com os desabusados pretendentes a última e
derradeira vez, por mais que ladrasse no peito o coração. Como uma cadela rodeia as tenras crias, quando
estranha uma pessoa, e ladra, disposta a lutar, assim ladrava o seu íntimo, revoltado com aquela
abominação.” (Odisseia 20)
“Então, do alto do teto, Atena ergueu por fim a Égide, ruína dos mortais, e o espírito dos pretendentes
encheu-se de pavor; estouraram pelo salão como uma boiada que o veloz tavão atacasse e espantasse na
quadra primaveril, quando chegam os dias longos. Quando abutres de garras aduncas e bicos recurvos
baixam dos montes e remetem às aves, umas se precipitam apavoradas nas redes armadas no campo; outras,
eles, arrojando-se, agarram; não há defesa nem fuga possível, e os homens se rejubilam com a caçada; assim
investiram eles sobre os pretendentes pela sala, golpeando-os de todos os lados; gemidos horríveis se
erguiam a cada cabeça atingida e o chão todo fumava de sangue.” (Odisseia 22)
OBSERVAÇÕES:
1. Na Ilíada, é possível relacionar a presença de tantas comparações relacionadas ao mundo natural (esp.
animais) com o fato de ser esta um poema que versa a respeito das forças naturais (entenda-se: divinas); os
heróis e os mortais são apenas joguetes dos desígnios (muitas vezes meros caprichos) dos deuses.
2. Na Odisseia, a predominância de símiles relacionados à técnica humana pode ser vista como um elogio do
controle e da argúcia humanas; o protagonista, Odisseu, embora perseguido por Possêidon, tem o privilégio
de ter Atena ao seu favor (entenda-se: a inteligência estratégica) para confrontar e dominar as forças naturais.
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Símiles na Ilíada e na Odisseia