Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 USO DE AGROQUÍMICOS E EPI’S POR AGRICULTORES NO MUNICÍPIO DE POMBAL-PB. MICHEL DOUGLAS SANTOS RIBEIRO1, JOSÉ JACIEL FERREIRA DOS SANTOS2*, GABRIELA GOMES RAFAEL3, LUCAS MARTINS DE ARAÚJO4, SYMARA ABRANTES ALBUQUERQUE DE OLIVEIRA CABRAL5 1Estudante de Agronomia, UFCG/CCTA/PB, Pombal-PB. Fone: (83) 99941-3393, [email protected] de Agronomia, UFCG/CCTA/PB, Pombal-PB. Fone: (83) 99861-0716, [email protected] 3Estudante de Agronomia, UFCG/CCTA/PB, Pombal-PB. Fone: (83) 98169-3768, [email protected] 4Estudante de Agronomia, UFCG/CCTA/PB, Pombal-PB. Fone: (83) [email protected] 5Graduada em Enfermagem pela UFCG/CFP/PB, aluna do Mestrado em Sistemas Agroindustriais da UFCG/CCTA/PB. Fone: (83) 99907-1773, [email protected] 2Estudante Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015 15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil RESUMO: O presente trabalho tem como meta apresentar um levantamento feito com agricultores acerca da utilização de agroquímicos, os riscos a que estes estão expostos e as condições de segurança durante aplicações dos produtos, no tocante a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) no município de Pombal, Paraíba. O estudo foi desenvolvido no período de fevereiro a maio de 2015, no qual foi realizado in loco um estudo de campo, descritivo com abordagem quantitativa e qualitativa dos dados, a partir da coleta de dados por aplicação de questionário com questões abertas, a 58 agricultores previamente selecionados no município. Com relação ao uso de agroquímicos, 93% dos entrevistados afirmam utilizarem agroquímicos em suas lavouras, no que diz respeito ao uso de equipamentos de proteção individual, 82% dos agricultores afirmam não utilizar, já em relação à utilização de agroquímicos, foi verificado que o herbicida Roundup seguido do inseticida Decis 25 CE foram citados por elevado número de produtores, cerca de 67% do total de produtores pesquisados afirmaram utilizar um desses ou mesmo os dois. Ficou constatado também que os agricultores não possuem nenhum tipo de assistência técnica e ainda utilizam produtos tóxicos de forma indiscriminada, causando risco à saúde e ao meio ambiente. PALAVRAS–CHAVE: Agroquímicos, agricultores, segurança no trabalho. AGRICULTURAL CHEMICALS AND EQUIPMENT AND EPI 'S FARMERS IN THE MUNICIPALITY OF POMBAL -PB ABSTRACT: The objective permeates the presentation of a survey carried out with farmers about the use of agrochemicals and safety during application of the products, regarding the use of personal protective equipment (PPE) in municipality of Pombal, Paraíba. The study was conducted in the period May-June 2015, which was held in place a field of study, descriptive with quantitative and qualitative approach to the data from the data collection by a questionnaire with open questions, the 58 farmers previously selected in the municipality. Regarding the use of agrochemicals, 93% of respondents say use of pesticides on their crops. With regard to the use of personal protective equipment, 82% of farmers say they do not use. In relation to the use of agrochemicals has been found that the EC 25 Decision insecticide was cited by large number of producers, about 67%. It was also featured in that farmers do not have any type of service and still use toxic products indiscriminately, causing risk to health and the environment. KEYWORDS: agrochemical, farmers, occupational safety. INTRODUÇÃO Os defensivos agrícolas, também conhecidos como agrotóxicos, produtos fitossanitários, agroquímicos ou pesticidas são produtos químicos utilizados no meio rural com o objetivo de reduzir as perdas na produtividade causadas principalmente pelo ataque de pragas, doenças e plantas daninhas, conforme explicitado pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (2007). Spadotto e Gomes (2004) definem agroquímicos como produtos químicos utilizados para o combate e controle de pragas e doenças das culturas agrícolas, sendo utilizados pela grande maioria dos agricultores como forma de proteção para as plantações. A utilização dos agroquímicos no meio rural brasileiro tem trazido uma série de consequências, tanto para o ambiente como para a saúde do trabalho rural, sendo estimado ainda pelos autores citados que, a ocorrência, de cerca três milhões de intoxicações agudas por agroquímicos com 220 mil mortes no mundo, sendo 70% dessas provenientes dos países em desenvolvimento. No geral essas consequências refletem em fatos intrinsecamente relacionados, tais como o uso inadequado dessas substâncias, alta toxicidade, pressão pelo comércio e indústria para a utilização indiscriminada, ausência de informação sobre saúde e segurança de fácil apropriação por parte do grupo de trabalhadores e a precariedade dos mecanismos de vigilância. O uso de defensivos agrícolas ou fitossanitários requer a utilização correta dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). De acordo com a Norma Regulamentadora Rural nº4, aprovada pela Portaria n. 3.067, de 12 de abril de 1988, do Ministério do Trabalho, os EPI’s são definidos como todo dispositivo de uso individual destinado à proteção da integridade física do trabalhador (AGOSTINHO, et al, 1998). Segundo Agostinho (1998), a utilização ineficiente de EPI representa e possibilita um grande perigo à saúde do aplicador, causando elevado risco à saúde do indivíduo, especialmente perante o risco para intoxicações. Neste sentindo enfatiza-se que o uso de EPI é um ponto de segurança do trabalho que requer ação técnica e educacional para a sua aplicação. Neste sentido, o presente trabalho objetivou apresentar um levantamento realizado com agricultores acerca da utilização de agroquímicos, os riscos a que estes estão expostos e as condições de segurança durante aplicações dos produtos, no tocante a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) no município de Pombal, Paraíba. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido no município de Pombal – PB, localizado no sertão paraibano, com as coordenadas geográficas de latitude (6° 46’ 8’’ S) e longitude (37° 47’ 45” O) e a 233 m de altitude acima do nível do mar (CITY BRAZIL, 2006). Segundo dados do IBGE (2010), o município de Pombal possui uma população de 32.110 habitantes, com estimativa de 32.684 em 2014, onde desse total cerca de 38% residem na zona rural. Trata-se de um estudo de campo, descritivo com abordagem quantitativa e qualitativa dos dado, a partir da coleta de dados realizada no período de Fevereiro a Junho de 2015, onde previamente foram selecionados aleatoriamente 58 agricultores para responderem a um questionário semiestruturado, que contou com perguntas abertas, permitindo dessa forma que o agricultor retratasse a realidade das suas práticas com os defensivos agrícolas e o manuseio dos equipamentos proteção individual. RESULTADOS E DISCUSSÃO Analisando o perfil dos agricultores, constatou-se que 30% situa-se na faixa etária entre 40 a 50 anos. Quanto à escolaridade, 20% estudaram até a 4ª série do ensino fundamental e 30% eram analfabetos. Com relação à condição do produtor, observou-se que 48% eram proprietários e 52% eram empregados. Identificou-se ainda que 93% dos agricultores utilizavam defensivos agrícolas em seus cultivos e 7%, não como observa-se na figura 1. Assim é importante ressaltar que na concepção destes trabalhadores rurais só são considerados agrotóxicos os produtores específicos de combate às pragas das plantações. Figura 1. Utilização de defensivos agrícolas. Fontes: dados da pesquisa. Constatou-se ainda que o produto mais utilizado nas plantações é o Decis 25 CE (inseticida) pertencente ao grupo dos piretróides de classe toxicológica II, com 65% de uso. O segundo produto mais utilizados nos estabelecimentos rurais é o herbicida Gramoxore (35%) de classe toxicológica I, do grupo dos Bipiridilios, o Paraquat. Em outros estabelecimento foram encontrados mais três tipos de agroquímicos: Manzate (fungicida), Tamaron BR (acaricida) e Roundup (herbicida). (Figura 2) Figura 2. Agroquímicos mais utilizados pelos agricultores rurais e urbanos do município de pombal – PB. Fontes: dados da pesquisa. Quanto à utilização, as pesquisas indicaram que 37% dos agricultores calculavam a quantidade utilizada de acordo com o rótulo, enquanto que 20% são orientados no cálculo pelos técnicos e os demais não responderam. Observou-se que durante a utilização os agricultores não têm um critério de dosagem em relação ao tipo cultura e ao tamanho da plantação, fazendo assim a utilização de maneira inadequada e, na maioria das vezes, não respeitam o período de carência e outros já colocam uma quantidade maior de que aquela indicada pelo rótulo do produto. E ainda, com relação às leituras dos rótulos 39%% liam e o restante 61%, não, referindo a falta de conhecimento sobre a importância de se ler e ainda o hábito, passado de geração pra geração, de não se atentar às informações contidas nos rótulos dos produtos, houve ainda a justificativa de que não enxergavam a letra por ser muito pequena, e outros porque realmente não sabiam ler. Com base na autoproteção a partir da utilização de EPI’s nas aplicações de agroquímicos, 82% não utilizam EPI completo e 18% utilizavam, desses agricultores, constatou-se que 12% usavam botas, short e chapéu e 6% usavam macacão e bota e apenais 1% usavam mascara (figura 3). Figuras 3. Utilização de EPI. Fontes: dados da pesquisa. CONCLUSÕES A partir dos dados coletados, constata-se que há uma utilização inadequada de agroquímicos por parte dos agricultores do município de Pombal – PB, nos âmbitos da proteção ambiental e individual. Diante dos dados, cabe assim aos profissionais da área, buscar meios eficazes para o planejamento de ações realmente efetivas, especialmente na conscientização para o autocuidado do agricultor, bem como buscar meios efetivos e mais naturais de combate à organismos nocivos à cultura, sem colocar em risco o meio ambiente e, especialmente, o agricultor. Foi possível observar que a ausência de informação e de assistência técnica no meio rural dificulte ainda mais a mudança dessa realidade, uma vez que, os resultados apresentados mostram uma carência enorme de conhecimento. É necessário apresentar aos agricultores a que risco esses estão expostos e quais as reais consequências do uso inadequado destes tipos de produtos. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância Sanitária. Manual de vigilância da saúde de populações expostas a agrotóxicos, Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 1997. CASTRO, J.S.; CONFALONIERI, U. Uso de agrotóxicos no Município de Cachoeiras de Macacu (RJ). Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, p. 473-482, Apr. 2005 . GONZAGA, M.C.; SANTOS, S.O. Avaliação das condições de trabalho inerentes ao uso de agrotóxicos nos municípios de Fátima do Sul, Glória de Dourados e Vicentina – Mato Grosso do Sul, 1990. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional 20: 1992. P.42-46 OLIVEIRA-SILVA, J.J. Et al. Influência dos fatores socioeconômicos na contaminação por agrotóxicos, Brasil. Revista de Saúde Pública, 2001. 35(2):130-135. TRAPÉ ,A.Z . O caso dos agrotóxicos, pp. 565-593. In: ROCHA, et al. Isto é trabalho de gente? Vida, doença e trabalho no Brasil. Petrópolis: Ed. Vozes, 1993.