rf~ """'.., ~/ 9: '~J~'" -.Jornal0021-7557/03/79-~upl:l/S115 de Pediatria \1' f Copyright @ 2003 by SociedadeBrasileira de Pediatria ARTIGO DE REVISÃO Hipertensão arterial na infância Arterial hypertension in childhood Cláudia Maria Salgado., João Tomás de Abreu Carvalhaes2 Resumo Abstract Objetivos: realizar uma revisão crítica da literatura atual, enfocando aspectospráticos erelevantes para o diagnóstico e tratamento ambulatorial da criança com hipertensão arterial. Objective: to critically review recentmedicalliterature, focusing on practical features that are relevant for diagnosis and outpatient treatment of pediatric hypertension. Fonte de ~ados: artigos clássicos e revisão sistemática da literatura atual através de busca eletrônica nos bancos de dados Medline e Lilacs, nos últimos 10 anos, utilizando-se as palavraschave hipertensão arterial, recém-nascido, lactente, pré-escolar, criança e adolescente,selecionando-seaquelesque trouxeram informaçõesrelevantes. Sourcesofdata:classicarticlesandsystematicreviewofrecent literature through electronic searchofMedline and Lilacs databases over lhe last 10 years, using lhe key words arterial hypertension, newborns,infants, preschool,children and adolescents.Thosearticles containing relevant information were selected. Summary ofthe findings: arterial hypertension and obesity are Síntese dos dados: a hipertensão arterial e a obesidadesão um problema de saúdepública em todo o mundo. A hipertensão arterial essencial do adulto inicia-se na infância, e, além disso, pode ser secundária a várias doenças. O pediatra tem por obrigação medir adequadamentea pressão arterial de seuspacientes. Quando descoberta, a hipertensão arterial deve serinvestigada para ser adequadamentetratada. A investigação dependeda idade edo graude elevação da pressão arterial, devendo preocupar-se não somente com a causa da hipertensão,mas também com os seus efeitos em órgãos alvo. public health problems ali over lhe world. Essential arterial hypertension in adults begins in childhood and canalso be secondary to severaldiseases.Pediatricians must measure lhe arterial pressure of lhe patients in a proper manner. When arterial hypertension is detected, it must be investigated in order to beadequately treated. The investigation depends on lhe age and lhe rising degree of lhe arterial pressure,taking into considerationlhe causeofhypertension, as well as its effects on target organs. Conclusions: lhe early recognition of an abnormal arterial Conclusões: o reconhecimento precoce da pressãoarterial anormal e aintervenção (investigação e tratamento)adequadasão necessários para diminuir amorbidade/mortalidade cardiovascular e renal futura. pressurefollowed by adequateinvestigationand treatmentarerequired to reduce lhe cardiovascular and renal morbidity/mortality. J Pediatr (Rio J) 2003;79(Supl.l):Sl15-S124: hipertensão arterial, diagnóstico, etiologia, tratamento, recém-nascido, lactente, pré-escolar, criança e adolescente. \ J Pediatr (Rio J) 2003;79(Supl.l):Sl15-S124: arterial hypertension,diagnosis, treatment,newborns, children, adolescents. Introdução A hipertensão arterial, umaentidadeclínicamultifatori- metabólicas, hormonais e a fenômenos tróficos (hipertrofia aI, é conceituada pelo III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arteriall como uma síndrome caracterizada pela pre- cardíaca e vascular). A hipertensão arterial essencial é a doença crônica que sença de níveis tensionais elevados associados a alterações apresenta maior prevalência 1. MestreemPediatria-UNIFESP.MédicadoDepartamentodePediatria e Puericulturae da Ligade Hipertensão Arterial,UniversidadeFederalde 2 Goiás,Goiânia,GO. P f Ad ' t d D rt t d P d t UNIFESP Ch f d ' ' .ro Setor essor de Nefrologia Jun o da o Disciplina epa amendeo Especialidades e e Ia ria -,ePediátricas, Depare o lamentode Pediatria- UNIFESP. no mundo. Analisando-se os dados americanos do III Inquérito Nacional de Exames de Saúde e Nutrição, colhidos entre 1988 e 1991, estima-se que 24% da população não institucionalizada dos Estados U d d 43 . lh - d . . . m os, aproXIma Jam hIpertensos2. amente No BrasIl, mI oes e amencanos, se15% a 20% da populaçao adulta pode ser rotulada como hipertensa3. S115 8116 Jornal de Pediatria -Volj9, Supl.l, 2003 Além disso, a hipertensãoarterial é um fator de risco importante e independentepara doença cardiovascular, acidentevascular cerebral (A VC) e doença renal. Nos EstadosUnidos,o infarto agudodo miocárdioe o acidente vascular cerebral são, respectivamente,a primeira e a terceiracausasde óbito, o que impõe enormecustofinanceiro,maisde 259 bilhõesde dólaresemcustosdiretos ou indiretos4.A coronariopatiaisquêmicae o AVC sãoresponsáveisporcercade umterço damortalidadenapopulaçãobrasileira,eé tambémcausaimportantedeabsenteísmo ao trabalhoe de aposentadorias precoces3.A hipertensão arterialé,então,um problemade saúdepública emtodo o mundo. Entretanto,estudosrealizádosem adultoshipertensos demonstram queo tratamentoefetivo dahipertensãoarteriaI reduzconsideravelmente o risco destascomplicações5. Apenasnosúltimos 25 anoso problemadahipertensão arterialrecebeua devidaatençãodo pediatra.A incorporaçãodessamedidacomo partedo examefísico da criança, bemcomoa publicaçãode normasparaa suaavaliaçãona infância,possibilitarama detecçãonão somenteda hipertensãoarterial secundáriaassintomáticapreviamentenão detectada,mastambémdaselevaçõesdiscretasdapressão arterial. Hoje sabemosque a hipertensãoarterialdetectadaem algumascriançaspode ser secundária,por exemplo, às doençasrenais,maspodetambém,emoutroscasos,representaro início precoceda hipertensãoarterial essencial observadanos adultos6. Esteartigo revisa a técnicade medidae os valoresde pressão arterial normal para crianças e adolescentese descreve,também,asestratégiasparainvestigaçãoe tratamentoda hipertensãoarterial empacientespediátricos. Pressãoarterial normal em crianças Um dosfatoresmaisimportantesnosestudosda hipertensão arterial na infância é a definição dos valores de referênciaa seremadotados. Para a população adulta, a definição de hipertensão arterialé epidemiológica,como pontode cortedeterminado combasena populaçãocomrisco de desenvolvereventos mórbidos,isto é, a pressãoarterial de um adulto é consideradaanormalquandoestáacimade um nível como qual existe associaçãocom doençacoronariana,AVC ou doençarenal.Nestecaso,o pacientemerecesertratado.Ao contrário,paracriançase adolescentes, a definiçãoé estatística.Isto porqueaindanãoexistemestudosdeterminando quaisseriamosníveispressóricosassociadoscomdoenças futuras7. Nasúltimasdécadas, asreferênciasmaisfreqüentemente adotadasna prática clínica foram os relatórios norteamericanosdeumacomissãodeespecialistas-conhecidos por Relatóriosda Força Tarefa (Task Force), indicados pelo National Heart, Lung and Blood lnstitute e pela Academia Americana de Pediatria. No primeiro destes Hipertensão arterial na infância -Salgado CM et aJii relatórios,foi publicado,em 1977,umconjuntode tabelas e gráficos baseadosnuma meta-análisede três estudos norte-americanos, abrangendoum totalde5.789crianças8. No segundorelatório,em 1987,asreferênciasbaseavam-se em dadosde mais de 70.000 crianças(brancos,negrose latinos)9.Em 1993,Rosneret al. publicaramnovastabelas com limites de normalidade(percentil 90 e 95) paracada idade e sexo e para cada faixa de percentil de estatura, baseando-senos dados dos oito estudosamericanosda Força Tarefa de 1987, mas acrescentandoos dados do estudode Minnesota10.Desta forma, o autor conseguiu corrigir umimportantefator deerronosvaloresdereferência, o tamanhoda criança. Em 1996,foi publicadaa mais recenteatualizaçãodo relatóriodaForçaTarefade 1987,adotandoosconceitosdo trabalhode Rosneret aI., com valoreslimites específicos para cadafaixa de percentil de estaturae separadospara idadee sex011. Outramudançaadotadapor estaatualizaçãofoi quanto à determinaçãoda pressãodiastólica. A fase dos sonsde Korotkoff que define a pressãodiastólica em criançasé controversa.Na infância e particularmentena adolescência, diferençasde algunsmilímetrosde mercúrio (mmHg) são freqüentesentre o 40 e o 50 som de Korotkoff. Em algumascrianças,os sonspodemserouvidosatéo zero. A atualizaçãode 1996recomendautilizar o 50 somde Korotkoff para definir a pressãodiastólica,uniformizando-se assima suadeterminaçãoparatodasasidades11. A medida da pressãoarterial A recomendação da SegundaFo~çaTarefaAmericana (1987)determinaquetodacriançaacimade trêsanosdeve termedidasuapressãoarterialduranteo acompanhamento pediátricoambulatorial,segundonormasapropriadas.Entretanto,é importante salientarque,mesmoabaixo desta idade,já é possívele necessáriaasua medidarotineira,pois estaéaúnicamaneiradediagnosticarprecocemente-antes queexistalesãoemórgão-alvo-, doençaspotencialmente graves,como por exemploa doençarenovascular. A pressãoarterial deve sermedidapreferencialmente com a criançacalmae tranqüila, em ambienteagradável, apóscinco a 10 minutosde repouso,na posiçãosentadae como braçodireito estendidonaalturado coração.Colocar omanguitofirmementecercade2cma3cmacimadafossa antecubital,centralizandoa bolsa de borracha sobre a artériabraquial.A larguradabolsadeborrachado manguito deve correspondera 40% da circunferênciado braço,e seucomprimento,envolver80% a 100%do braço(Figura 1). Esteé um dos principais fatoresde erro na medidade pressãoarterialna infância,pois existemapenastrêstamanhosde manguitosparacriançae um paraadolescente.Se nenhummanguitotemo tamanhoadequado,deve-seselecionar o maior; pois, o manguito maior usualmentenão mascarauma hipertensãoverdadeira,mas um pequeno pedelevar a leiturasaindamaiselevadas6.O estetoscópio 1 Hipertensãoarterial na infância -Salgado CM et alii Figura 1 -Técnica de medidada pressãoarterial. A largurada b,olsadeborrachado mang~itodeve correspondera 40% do braço e seucomprimento,envolver 80% a 100% dobraço6 . . d b é. b I fl e co oca o, então, so re a art na raqula, msu a-se o manguito até 30 mmHg acima do desaparecimento do pulso radial e se esvazia mais lentamente, 2-3 mmHg/segundo. Na ausculta dos ruídos de Korotkoff, padronizou-se o primeiro som (aparecimento do som) como pressãosistóli~ , I Jornalde Pediatria-Vol.79, Supl.l ,2003 S117 A MAPA tem sido muito utilizada no diagnóstico de hipertensão arterial em adultos, mas existe experiência muito menor comeste método em crianças. Baseia-se no princípio de que repetidas medidas de pressão arterial durante as 24 horas promovem melhor aproximação do verdadeiro nível da pressão arterial do que quando se usa uma medida isolada. A taxa de sucessopara realização da MAPA em crianças é alta, em tomo de 70% a 80%, sofrendo influência da idade, sendo que ascrianças maiores e adolescentessão mais receptivas ao exame que as menores. Na prática clínica, a MAPA tem sido mais utilizada para o diagnóstico de hipertensão arterial do jaleco branco (criança que tem pressão arterial normal, mas que, na presença do profissional de saúde, fica estressadae hipertensa)e empacientes com hipertensão limítrofe ou instável. Tem sido igualmente proveitosa na avaliação do efeito terapêutico anti-hipertensivo, quando existirem dúvidas no controle da pressão arterial em 24 horas e no diagnóstico de .. aIteraçoes Clrcadlano ( quand o nao -' exIste qued a - do ntmo . noturna da pressão arterial), sinal este precoce de alteração da reatlvl .. dade vascijIar 1"7 12. É importante ressaltarque ainda não existe evidência de que essemétodo deva serempregado na avaliação rotineira do paciente hipertenso, não substituindo, portanto, a avaliação clínica e a medida da pressão arterial de consultóri01. ca e o quinto (desaparecimento dos sons) para a pressão diastólica. Os métodQsautomáticos são aceitáveis para medida de pressão arterial em pediatria, principalmente em recémnascidos e lactentes em que a ausculta é difícil, ou quando se fazem necessárias medidas mais freqüentes, como nos pacientes em terapia intensiva. Entretanto, estes métodos indiretos não são muito fidedignos na determinação da pressãodiastólica e necessitamde calibração mais freqüente. Por estes motivos, o método recomendado paradeterminação da pressão arterial em crianças é o auscultatório. São necessáriasvárias medidas (pelo menos duas) em ocasiões diferentes p~a classificar a pressão arterial em crianças e adolescentes. Prevalência Embora predomine na idade adulta, a hipertensão arterial em crianças e adolescentesnão é desprezível. Ela varia amplamente nos relatos de diversos autores nacionais e estrangeiros, de 1% a 13%, dependendo, sobretudo, da metodologia empregada (critérios de normalidade adotados, faixa etária, número de visitas, número de medidas por visita e tempo de acompanhamento). As taxas mais eleva~ das de prevalência são encontradas em estudos baseados em visita única13. Quando a pressão arterial é medida repetidas vezes, como o recomendado para o diagnóstico de hipertensão A pressão arterial encontrada deve ser comparada com os valores de referência adotados. Utilizam-se as tabelas de pressão arterial da atualização de 1996 da Força Tarefa de 1987, que definem os limites da pressão arterial segundo o sexo, a idade e o percentil de estatura. Considera-se: arterial, a prevalência tende a cair por causa do fenômeno de regressão à média e por que a criança se acostuma com o procedimento de medida e fica mais tranqüila. Então, a prevalência atual de hipertensão arterial na infância cai significativamente para próximo de 1%14. -pressão normal: pressão arterial sistólica e diastólica abaixo do percentil 90; -pressão normal-alta ou limítrofe: pressão art~rial sistólica ou diastólica entre o percentil90 e 95; Pressão arterial na infância como fator de risco de hipertensão no adulto -hipertensão arterial: pressão arterial sistólica ou diastólica acima do percentil 95, medida em três ocasiões diferentes; -hipertensão arterial do jaleco branco: hipertensão arterial no consultório, que não é confirmada através das medidas namonitorização ambulatorial da pressãoarterial (MAPA). Estudos epidemiológicos de hipertensão arterial na infância têm sido fonte importante de subsídios, fornecendo indícios consistentesde que a hipertensão arterial sistêmica do adulto começa na infância. Diversos estudos longitudinais demonstram que a criança com níveis de pressão arterial mais elevados, mesmo que dentro de limites considerados normais, tende a evoluir ao longo da vida, manten- 8118 JornaldePediatria-Vol.79, Supl.l,2003 Hipertensão arterialna infância-SalgadoCMet alii do uma pressãoarterial mais elevada que as demais e apresentandomaior probabilidadede se tomar um adulto hipertenso.Entreessesestudoslongitudinais,destacam-se os de Bogalusal5,Muscatine16e outros.Todosestesestudos têmem comumumacorrelaçãoforte entrehipertensão arteriale relaçãopeso/alturaelevada,isto é,estahipertensão arterialestáassociadaa sobrepesoe obesidade. E .. h d 'd sseconcelto,coneCl ocomorastreamento,eegran-. de importânciaporquepermiteao pediatraidentificar criançascom risco aumentadode se tomaremadultoshipertensos,tendotempoassimparainiciar medidaspreventivas emidadeprecoce. . Determinantes da pressãoarterial 1911e 1930,emseisbairrosde Hertfordshire,na Inglaterra, essesautoresobservaramrelaçãoentre o aumentona taxa de óbito por causascardiovascularese a reduçãodo pesoe do perímetrocefálico ao nascimento.Esseconceito ficou conhecidocomohipótesedeBarker. Aparentemente, o pesode nascimentotem valor prognósticoparaos níveis pressóricosemtodasasfaixas etárias,da infância à velhice20-22. Essesachadossugeremque um ou maisfatoresperinatais,provavelmenterelacionadosà nutrição maternae/ou fetal, podemalterarpermanentemente fatoresfisiológicos, predispondoo indivíduo pararisco aumentadode doença cardiovasculartardia.Os fatoresque podemestarenvolvidos são a dieta pobre em proteína durantea gestação,o sistemarenina-angiotensina e os glicocorticóides23. A pressãoarterialde um indivíduo é determinadapela interaçãoentrefatores genéticose ambientais. A t . eona d pre . ommante b so ' . re a genetlca na h .-Fatores lPertenSao dietéticos arterialé queessaresultariadeuma oumaisanormalidades dentro de um conjunto complexo de sistemas,como o transportede eletrólitos,osmecanismosdecontrolesimpático e endócrino,cada qual com alteraçõesgenéticasem potencial. A ocorrência de alteração em algum desses genes, ou uma combinaçãode alterações,resultaria na manifestaçãoclínica de hipertensãoarterial. Contribuindoparaessahipótese,observa-seque a expressãoda hipertensãoarterial na população,como numa doençapoligênica,não se encontradistribuída de forma presenteou ausente,mas de forma contínua,semlimites nítidos entreo normale o anormal.Estudosrealizadosna erapré-molecularsugeremqueosfatoreshereditárioscontribuem empelo menos20 a 50 % da variaçãoda pressão arterial emhumanosl7. Sódio Existe relação bem documentadaentre a ingestãode sódioe ahipertensãoarterialemanimaise no homem.Dahl etaI. demonstraram, hámaisde 30 anos,emmodeloanimal, que,associadaao fator genético,a ingestãode sódioleva a umaumentorápidonapressãoarteria124. Um grandeestudo multicêntrico,do lntersalt CooperativeResearchGroup, encontroucorrelaçãopositiva entreingestãode sódio (estimadapela excreçãode sódio em urina de 24 horas)e a pressãoarterial, após ajuste para idade, sexo,índice de massacorpórea,ingestãodepotássioe álcoo125. A população estudadafoi de 10.079 pessoas,8.344 normotensos, com idadesvariando de 20 a 59 anos. A correlaçãofoi observadaentre48 das52 populaçõesestudadase também foi positiva entreaspessoasda mesmacomunidade. Quantoà raça,napopulaçãoadulta,é bemdeterminado quea hipertensãoarterial essencialtem maior prevalência, morbidadee mortalidadenos negros18.Na infância, isso aindanãoestábemestabelecido.Assim,apesardeapressão arterialterumatendênciaa sermaisalta emcriançasnegras do queembrancas,a diferençanãopareceserclinicamente relevante,quando se utiliza a correçãopara o tamanho corporale o graude maturaçãosexual. Além disso,outra diferençaobservadaé que na MAPA os adolescentesnegros,particularmentedo sexomasculino,têm Q)enorredução da pressãoarterial noturna6. Em adiçãoaosfatoresgenéticos,os fatoresambientais são igualmenteimportantesna determinaçãoda pressão arterialao longo da vida. A relaçãoentrefatoresgenéticos e ambientaisinicia-seprecocemente, aindano períodoprénatal. Em meta-análise, ondeforamrevistos32estudosclínicos randomizados,incluindo 2.635 pessoas,Cutler et aI. encontraramreduçãona pressãosistólicae diastólica,respectivamentede 4,8 e 2,5 mmHg, coma restriçãode sódio na dieta dospacienteshipertensos26. Nas pessoasnormotensas,a reduçãofoi menor,1,9e 1,1 mmHg. Além disso, foi observadarelaçãodose-resposta, atravésda análisede regressãolinear. Outrameta-análisechegouà mesmaconclusão,a restriçãode sódio foi efetiva emhipertensos,mas deefeitopequenoe nãosignificativo empessoasnormotensas27. Quantoao efeito do sódio dietético na pressãoarterial de criançase adolescentes, revisãorealizadapor Falker& Michel demonstraquea restriçãode sódionadieta foi mais efetiva,aquelas comhistória familiar de hipertensãoarterial e nasobesasdo que na populaçãogera128. Evidênciasepidemiológicasindicamquebebêspequenosao nascimento,e que crescemmais devagarduranteo primeiro anode vida, têm maiorincidênciade hipertensão arteriale morte por eventoscardiovasculares quandoadultos.Em seuestudo,Barkeretal. foramosprimeirosa propor essarelaçãol9.Ao avaliar os homensque nasceramentre Hofman et aI., em estudoduplo cego e randomizado, encontrarammaiorpressãoarterial,aosseismeses,em245 criançasquereceberamdesdeo nascimentofórmula láctea normal,do quenas231 que receberamdietacombaixo teor de sódio29.Estesdadossugeremque o efeito do sódio na pressãoarterialpodecomeçaraindano períododelactente. : Hipertensãoarterial na infância -Salgado CM et a/ii Jornalde Pediatria-Vol,79, Supl,l ,2003 8119 Em publicação recente, Singhal et ai, avaliaram a influência da dieta no período neonatal, na pressão arterial de adolescentes que nasceramprematuros (13-16 anos)30,Os autores encontraram pressão arterial menor nos que receberam leite matemo do que naqueles que receberam fórmula, não havendo diferença se esta era específica para prematu- se,pois os descendentesde hipertensos têm maior aumento da pressão arterial em resposta a fatores estressantesque os não descendentes38, ros ou não, sugerindo, então, que a dieta pós-natal também pode ser um fator que contribui para o nível mais elevado Outros fatores, como o sedentarismo, o fumo e o álcool também podem influenciar a pressão arterial. Outros fatores da pressão arterial nesta população. Entretanto, grande ingestão de sódio não é suficiente para a instalação da hipertensão arterial, pois nem todas as pessoascom alto teor de sódio na dieta a desenvolvem, Esse fenômeno é chamado de sensibilidade ao sódio, A sensibi- Etiologia lidade ao sódio é mais evidente em pacientes com hipertensão arterial grave, em obesos, em negros, em pessoas com história familiar positiva de hipertensão arterial, em idosos h, '31 e no Iperald osteromsmo o Recém-nascidos: -trombose de artéria renal; -estenose de artéria renal; -trombose venosa renal; Potássio , , ., -.. , ~s p~ncIpaI~ causas d~ ~Ipertensao artenal, por faIxa etarIa, sao descntas a seguIr. -anormalidades renais congênitas; -coarctação da aorta; Resultados de diversos autores sugerem que a baixa ingestão de potássio na dieta pode ter função importante na gênese da hipertensão arterial, Elliot et ai" no estudo do -displasia broncopulmonar (menos comum); -PCA (menos comum); -hemorragia intraventricular (menos comum), IntersaZt Group, observaram correlação inversa e independente entre excreção de potássio urinário e níveis interpopulacionais da pressão arterial32. Em meta-análise de estud I" d ' d d I os c mIcosran omIza os, emonstrou-se que asup ementação de potássio está associada à redução significante da Primeiro ano de vida: -coarctação da aorta' d I " -oençarenovascu ar, ~, -doença do parenquIma renal, pressão sistólic'4;e diastólica33,34. Estudo feito em crianças e adolescentes de cinco a 17 anos,acompanhados por um período de sete anos,demonstrou que a relação sódio/potássio da dieta tem mais importância na determinação da pressão arterial na infância do que a ingestão de sódio isoladamente35, Obesidade De 1 a 6 anos: -doença do parênquima renal; -doença renovascular; -coarctação da aorta; -hipertensão essencial' d' o ( ' -causas en ocnnas menos comum.) ~fib ,:;:i,ii . :.: De 6a 12 anos: -doença do parênquima renal; A obesidade constitui um dos problemas médicos crônicos mais comuns na sociedade moderna, Nos Estados Unidos, mais de 50% dos adultos são categorizados como obesos ou com sobrepeso, Entre 12 e 17 anos, a taxa de o , ' 6 %,edependenobesIdadenosamencanosvanade 13%a3 -doença renovascular; -hipertensão essencial' d rt ' t -coarc açao a ao a; dó ' do do sexo e da raça, devem-se adicionar 4% a 12% de -iatrogênicas sobrepes0360No Brasil, a prevalência da obesidade vem apresentandoimportante aumento nas últimas décadas37, De 12 a 18 anos: -hipertensão essencial; Como nos adultos, a associação de obesidade e hipertensão arterial pode serdetectada precocemente na infância e tem grande importância clínica, devido à associação com ' d' b ZZ' d '1 ' d ' I .' d oenças SI enCIosas,como a IS IPI emIa, o Ia elesme 1' d ,~o,' 10 6 11 ' d tus tIpO e a sm rome e resIstencIa a msu ma , -iatrogênicas; -doença do parênquima renal; doençar eno v ascular (menos comum ) ', dó ' ( ) -causas en cnnas menos comum, Estresse Observa-se que em crianças jovens (menores de seis anos de idade) a hipertensão tem maior chance de ser Pessoasque são expostas a repetidos estressespsicológicos têm maior chance de desenvolver hipertensão arteriaI, O fator genético também influencia a resposta ao estres- secundária, enquanto que, no final da primeira década e início da segunda, a hipertensão essencial começa a ser etiologia predominante, -causas en cnnas (menos comum)' ' (menos comum), . -coarctação da aorta (menos comum). S120 Jornalde Pediatria -VoI,79, Supl,l, 2003 Investigação Quando o diagnóstico de hipertensão arterial é realizado em uma criança, a investigação etiológica deve ser iniciada. Quanto menor a idade e maiores os níveis da pressão arterial, maior a chance da hipertensão arterial ser secundária por este motivo minuciosa deve ser a f ' mais ., , ,..: 1 1 , lDvestlgaçao, A Força Tare a olerece um exce ente a gont., mo para guiar esta pesquisa, A investigação inicia-se pela história clínica bem detalhada e orientada para fatores que levam à hipertensão arterial, Alguns pontos importantes a seremabordados são: -história pré-natal e do parto (peso de nascimento, histó.., , na de sofrimento fetal, anóxla neonatal, catetensmo ., umbilical, etc.); Hipertensãoarterial na infância-Salgado CM et alii ! Tabela 1 -Investigação da hipertensãoarterial na infância e adolescênciapropostapela atualizaçãode 1996da SegundaForçaTarefaAmericana Fase1 Fase2 -sintomatologia específica da hipertensão (cefaléia, vômitos, escotomas, etc,); -doenças .., -uso renais e urológicas atuais ou pregressas (ex. -"' lDlecçoes unnanas ) ; de medicações (vasoconstritor nasal ou oral, corti- Hemogramacompleto Uroanálisee urocultura '" ' ' " d " UréIa, creatlmna,eIetro' I ItOS, c álCIO e acI o unco GI ' ' d " Icemla e Jejum Perfillipídico USGrenal Ecocardiograma D~~Ae uretrocistografiamiccional , Cmtllografiarenal(come semcaptopnl) Dosagemde remna ' ' ét' come semd lur ICOde aIça Aldosteronasérica Catecolaminasemurinade 24 horas Esteróidesséricose urinários Fase3 I ! Arteriografiarenale dosagemdereninaemveia renal j Cintilografia I " com I Cateco ' ammas Biópsia renal em meta-iodo-benzil-guanidine , vela (MIBG) cava , j cóides, anticoncepcionais); -sintomas sugestivos de causa endócrina (ex, perda de peso, sudorese, taquicardia, palpitação, febre, câimbras e fraqueza muscular); Fonte:National HighBloodPressure Education program Working Groupon Hypertension ContraiinChildren andAdolescents 11, -história familiar de hipertensão essenciale suascomplicações, ou doença genética associada à hipertensão secundária (ex, doença policística, etc.), " tensão secundária, lesões em órgãos-alvo e fatores de risco associados cardiovascular, 60% a 80%para dos doença casos com hipertensão Aproximadamente arterial secundária Também muito importante é o exame físico, Algumas das alterações que são citadas abaixo podem auxiliar no diagnóstico de hipertensão secundária: são causados por doenças do parênquima renal. Elevações severas da pressão arterial, independentemente da idade, merecem investigação mais agressiva, A hipertensão arte- -medida da pressão arterial em membro superior e inferior e a palpação cuidadosa de pulsos em quatro extremidades, auxiliando o diagnóstico de coarctação da aorta; " -achados sugestivos de genitália ambígua lembram hiperplasia congênita de supra-renal; , . f" . d d é' ( -SlDalS ISICOSsugestivos e oenças gen tlcas ex,: neurofibromasemanchascafé-com-leitenaneurofibromatose); -sinais sugestivos de causa endócrina -obesidade centraI, fáscies de lua cheia, estrias, hirsutismo, aumento da tireóide, etc.; rialleve, ao contrário, usualmente não está associada com doença secundária. Os programas de rastreamento para detecção de causas secundárias de hipertensão arterial em adolescentes demonstram um baixo índice de diagnóstico, Po~anto, se te~ propo~to que, para adolescentes a~s~ntomátlcos, com hlpertensao leve, somente estudos I!:tlDlmos são necessários (fase 1), Deve ser lembrado que o ecocardiogramaé mais sensível que o eletrocardiograma para detectar precocemente hipertrofia ventricular esquerda secundária à hipertensão, A segunda e a terceira fase da investigação são mais agressivas e realizadas nas crianças com níveis de pressão -sinais de doença renal ou renovascular -massa renal ou rins aumentados de volume, edema, sopro abdominal, arterial mais elevados, com menor idade (no primeiro ano de vida toda hipertensão arterial é potencialmente secundá- Outra parte importante do exame físico, que deve ser realizada por observador experiente, é o exame de fundo de olho, o qual propicia a visão direta dos vasos sangüíneos retinianos e eventuais efeitos da angiqpatia hipertensiva. ria), ou que apresentemlesão em órgão-alvo na avaliação da fase 1 (ex, hipertrofia ventricular esquerda), Os exames devem ser realizados conforme a clínica de cada paciente. Por exemplo, em paciente com história de hipertensão em picos, acompanhada de palpitação, taquicardia e sudorese, A atualização de 1996 da Força Tarefa propõe a investigação da hipertensão arterial em fases (Tabela 1), A primeira fase deve serrealizada em toda criança hipertensa, Com ela avaliam-se algumas das principais causasde hiper- deve-secomeçar pela dosagemdê catecolaminas; enquanto que outro paciente, com história de infecção urinária de repetição, inicia-se com a cintilografia renal e uretrocistografia miccional (cicatriz renal? Refluxo vésico-ureteral?). i .1 ~ Hipertensão arterial na infância -Salgado CM et alii A doençarenovascularé umadasmaiscomunse importantescausasdehipertensãoarterialsecundárianainfância. É umadoençagrave,masapresentamelhoraoucuracomo tratamento.Aproximadamente5% a 25%dascriançascom hipertensãosecundáriatêmdoençarenovascular. Classicamente,criançasjovens com elevaçõesseverasda pressão arterial são as mais propensasa ter doençarenovascular. Nestespacientes,sãoencontradosaltos níveis de renina circulante ou emveiasrenais. A displasia fibromuscular é a causamais comum de hipertensão renovascularna infância. a diagnósticode hipertensãorenovascularé a parte mais problemáticada investigação,pois requermétodos invasivosparaconfirmaçãodiagnóstica-arteriografia renal com coleta de renina em veia renal. Outros métodos menosinvasivostêmsurgidocomoalternativaparaidentificar doençada arteria renal em adultos,como a ultrasonografiarenalcom doppler,a angiorressonância nuclear magnéticae a tomografiahelicoidal,Em crianças,particularmente nos lactentes em que os vasos são pequenos, existempoucosdadosde literatura comprovandoa verdadeirautilidadedestesestudos, Acintilografiarenal (DMSA, DTPA e MAG3), come semadiçãodeinibidoresdaenzima de conversãoda angiotensina(ECA), pareceser útil, mas .A ., " 6 12' , .m estudos..-" recentessugeremquena mfanclasuasensIbIlIdade e esp~c.1ficldade sao lImItadas' ..~sslm, a ~rande,duvlda do clImco permanece: quando solIcItar artenografia renal 1 . f A '? Sh h ., .-' na mve,stlgaçãoda hlpertensao artena na m, ancla, a -e dadpun et al..-sugeremque esta deve ser realIzada em toda criança com hipertensãogravee que não tenhao controle, ..-39 efetIvo da hlpertensao ~om uma só droga. Tyagi et aI, relataram resultadosexcelentesem 35 criançassubmetidasa angioplastiapercutânea,comcurada hipertensãoarterialem um terçoe melhoraemoutrametade40.Reestenoseocorreu em 25% dos casos,mas estes eramnasuamaioriapacientescomaortoarterite(doençade Takayasu). Jornal de Pediatria -Vol.79, Supl.l ,2003 8121 alcoólicas,apráticadeexercíciosfísicoscomregularidade, e a nãoutilizaçãode drogasque elevama pressãoarterial. As razõesque tomam as modificaçõesdo estilo de vida úteissão: -baixo custoe risco mínimo; -redução da pressãoarterial; , , .. -aumento da eficaclado tratamentomedlcamentoso; e -redução do risco cardiovascular, Nos pacientesque têm pressãoarterial normalalta ou limítrofe (pressãoarterial sistólica ou diastólica entre o percenti190e 95), o tratamentoconsisteemmudançasde estilo de vida e monitorização periódica da pressão arteria16. Com a reduçãoda ingestãodo sal da dieta, além da reduçãoda pressãoarterial,algunsestudosdemonstraram tambémbenefíciosna mortalidadepor acidentevascular encefálicoe naregressãodahipertrofia ventricularesquerda,A restriçãosalinapodeaindareduziraexcreçãourinária de cálcio,contribuindoparaaprevençãodaosteoporoseem idosos. Dessa forma, a restrição de sal na dieta é uma medida recomendadanão apenaspara hipertensos,mas paraa populaçãode modo geral, ., tTa1 onentaçao - deveob~e . t lvar mgesao emtomo de 100 . Eq Id Ia ' (6 g d e sa1 = 1 co lh er d e c h a, ' ) D o pon to d e VI. sta rático, deve-se evitar a ingestão de alimentos processados d t' 1 t t ' m us na men e, aIscomO enlatadoscon , servas,embutidos ~ defumados. Deve-se ainda orientar os pacientes a utilizad 1 d I' t 1, " rem o mlmmo e sa no preparo os a lmen os, a em de d al " d t " .evItar o uso e s elro a mesa, uran e as relelçoes, a uso de substitutos de sal contendo cloreto de potássio em substituiçãoaocloretode sódiopodeserrecomendadoaos pacientes,emboraalguns tenhama palatabilidadecomo fator limitante,'Para que o efeito hipotensormáximo da restriçãosalinase manifeste,é necessárioum intervalo de pelo menos~semanas1, A d re uçao de peso tem-semostrado efilcaz para trat a- ,,_. a objetIvo do tratamentoe reduzIr a pressaoartenal par~ abaixo.do per~entil 9? e prevenir as compli~açõ~s tardl.asda~lpertensaoar!enal. a trata~e~to deve IncluIr medIdasnaofarmacológlcase farmacologlcas. mento da hipertensãoarterial em criança e adolescente obeso,As recomendações genéricasparaareduçãodo peso d d d ' ' corporal compreenem letas e programas e atIvIdade física, Para a manutençãodo peso desejávelem longo prazo, é necessáriaadequaçãodietética individualizada, com particular atençãoaos aspectossocioeconômicose culturaiseàmotivaçãodospacientes.Entretanto,aredução Tratamentonãofarmacológico a tratamentonão medicamentosotem como principal objetivo diminuir a morbidadee a mortalidadecardiovasculares,por meio de modificaçõesdo estilo de vida, que favoreçama reduçãoda pressãoarterial. Está indicadoa todosos hipertensose aosindivíduos mesmoque normotensos, masde alto risco cardiovascular, Dentreessasmodificações,asquecomprovadamente reduzem a pressãoarterial são a prevençãoda obesidade,a redução da ingestãodo sal e do consumo de bebidas de pesonestafaixa etária,como em adultos,é um objetivo extremamentedifícil de alcançar. a exercíciofísico aeróbicoauxilia na reduçãode peso e nos níveisde pressãosistólicae diastólica. Em relaçãoà prática desportiva,duranteos exercícios, os vasossangüíneosdos músculose da pele se dilatam, resultandoem reduçãoda resistênciavascularperiférica, Porém,devido ao aumentodo débito cardíaco,a pressão sistólicatenderiaa aumentar;entretanto,emalgunsindivíduos,a vasodilataçãopode levar à manutençãoou até à diminuiçãoda pressãoarterial. T ratamento , , --~ . S122 Jornal de Pediatria -Vol,79, Supl,!, 2003 Hipertensão arterial na infância -Salgado CM et alii A hipertensão arterial é a alteração cardiovascular mais comum em atletas. A hipertensão não aumenta o risco de morte súbita, entretanto, existem relatos de acidentes vas~ culares cerebrais durante exercícios que podem ser causados pela hipertensão arterial, Por este motivo, a Academia Americana de Pediatria, em 1997, publicou um guia para normatização das atividades esportivas em crianças e adolescentes com hipertensã06, As recomendações são as se- trolada, associada a eventos cardíacos em adultos, tem levado à recomendaçãopara abandonaro seuuso. Contudo, Blaszak et aI. demonstraram que a queda da pressão arterial pode ser controlada com diminuição da dose inicial e monitorização cuidadosa43, Entretanto, com a disponibilidade de outros medicamentos, o uso da nifedipina está diminuindo, inclusive o seu uso nas crises hipertensivas, lnibidores da ECA: apesarde ter sido utilizado por mais guintes: -hipertensão arterial significante (95-990 percentil) sem lesão em 6rgão-alvo: não existe restrição para atividadesesportivas e aPA deve sermedida acada dois meses; -hipertensão arterial grave (>990 percentil ou >20% acima do percentiI95): restrição de atividades esportivas até secontrolar aPA, e não ter lesão em 6rgãos-alvo; tI t ' h, rt t 1 háb't d -a e as Jovens com Ipe ensao: es Imu ar I os e 'd d' 1 ' d d ' VI a sau ave, como evItar o uso e an rogenos e hormônio de crescimento, o fumo, a alta ingesta de s6dio e o abuso de drogas (especialmente cocaína), de duas décadas, até o ano 2000, nenhum medicamento deste grupo tinha seuuso aprovado para crianças hipertensas,O primeiro a receber aprovação do FDA foi o enalapril, que é bem tolerado, apesarde poder provocar tosse,Outros medicamentos, como ramipril, já se mostraram eficazes e estão em fase de estudo para liberação, Alguns bloqueadores do receptor da angiotensina foram aprovados para uso em adultos (losartan e irbesartan), mas nenhum destes foi b d d ' 12 em estu a o em cnanças , . As doses das medicações mais freqüentemente utilizadas para o tratamento da hipertensão arterial em crianças estão listadas na Tabela 2, assim como os seus principais efeitos colaterais, Tratamento farmacológico Ainda permanece incerto qual a idade ou o momento apropriado para o início do tratamento farmacol6gico em pacientes pediátricos com hipertensão arterial. Dados com , ., seguImentolongodecnançaseadolescentescomnscopara , " --aram o desenvolvImento de doença cardIovascular aInda nao sao d' ,. P ' -, 1 ' " d ., IspomveIs. or ISSO, nao e c aro se o mIcIo a terapIa antl,. hIperte'nsIva d gran que durante d ere , ., uçao InICIam , A a mfancIa .A ' ou adolescencIa d . d onsco quan ocompara d ' -' . d 12 a me Icaçao maIS tar e .-" d resulta em .e ocompacIentes, tr -hIpertensao,artenal ."10 rte assocIaçao entre a presença d e f atores de rt ( 1 d ' d ' d ' h, nsco pre-mo e e eva o m Ice e massa corporea, Iperart 1 f 1 d ' t ensao ena, umoee evaçao omve 1 d e LDL -co 1estero 1 tri' I ' é 'd ) t - d 1 1 " g IC n . es - e a ex ensao ., Jovens que e adultos as esoes morreram aterosc erotlcas acIdentalmente. em A aterosclerose (alteraçao patol6gIca que usualmente é tlda como problema típico do adulto) pode claramente iniciarse precocemente, na infância44, arterial secundária; -hipertensão arterial sintomática; -hipertensão arterial com lesão em 6rgão-alvo; h, rt rt ' 1 d " -Ipe ensao a ena grave: quan o os mveIs press 20 m' d t ' l 95 tes, ao -/0 aCIma o percen I ; -.-'- uma , , cnanças Indica-se a terapia farmacol6gica da hipertensão arteriaI na infância e adolescência nos seguintes casos: -hipertensão Conseqüências da hipertensão na infância Estudos de autopsIas " do Boga1usa H eart Study demons- Outra conseqüência da hipertensão arterial em pediatria é a hipertrofia ventricular esquerda (HVE). Existe uma relação direta entre pressão arterial e o tamanho do ventrí6 ' ncos que nao melhora com a terapIa nao culo esquerdo em crianças normotensas (o tamanho cardí, aumenta com o aumento dos percentls de pressão , 1) AI em artena, ' dIsso,cnançasea ., do1escentescomhIperten' aco são essencial apresentam aumento na prevalênciade geo- farmacol6gIca, Igualmente importante é o fato de que apenas algumas das drogas utilizadas foram testadas especificamente em crianças,Na maioria delas,inicia-se a terapia anti-hipertensiva em crianças com dosagens que são extrapoladas de dados farmacocinéticos obtidos de estudos em adultos41. Nos Estados Unidos, ~o~ a ~odernização ~as normas do F?od and Drug Admmlstratlon (FDA), dIve:sas dr,~g~s vem sendo atualmente estudadas na populaçao pedIatn42 ca , metria ventricular esquerda anormal, Apesar desta alteração ser aparentemente adaptativa, a hipertrofia ventricular esquerda concêntrica é um fator de risco forte e independente para mortalidade cardíaca, Felizmente, o tratamento da hipertensão arterial consegue regredir esta hipertrofia (demonstrado em estudos em adultos)45, Conclui-se que os efeitos dos vários fatores de risco, incluindo a hipertensão arterial, levando a aterosclerose coronariana e hi pertrofia ventricular esquerda iniciam-se ' na infância, Por este motivo, o pediatra deve preocupar-se Bloqueadores do canal de cálcio: muito se tem discutido sobre o uso da nifedipina de ação curta, esta sendo a primeira droga a ser largamente utilizada em crianças, principalmente por sua ação rápida, Hipotensão não con- com o diagn6stico e o tratamento da hipertensão arterial e dos outros fatores de risco cardiovasculares precocemente, na infância. Assim, teremos crianças hoje, e uma população de adultos, no futuro, mais saudáveis. Hipertensão arterial na infância -Salgado CM et alii Tabela 2 -Drogas Jornal de Pediatria -Vol.79, Supl.l ,2003 8123 antihipertensivas freqüentemente usadasem crianças5,6,12 Droga Dose Comentários Nifedipina 0,25 -0,5 mg/kg/dose, VO, cada 6 horas i freqüência cardíaca, cefaléia, vertigem Nitropussiato de sódio 0,5 -8 Ilg/kg/min IV Vasodilatador, início de efeito imediato Labetalol 1 -3 mg/kg/h IV Bloqueio alfa e beta Esmolol 50 -300 Ilg/kg/min IV Nicardipina 1-3 Ilg/kg/min IV Bloqueador do canal de cálcio, efetivo na crise hipertensiva Captopril lactentes: 0,03-2,0 mgikg/dia, cada 12 h crianças: 1,5-6,0 mg/kg/dia, VO, cada 8 h i K, .!. plaquetas, neutropenia, tosse, cautela na estenosede artéria renal, .!. TFG Enalapril O,15-? mg/kg/dia, VO, cadal2-24 h .!. TFG, i Nifedipina retard 0,25 -3 mg/kg/dia, VO, cada 12 horas i freqüência cardíaca, cefaléia, vertigem Anlodipina 0,1 -0,6 mg/kg/dose, 1 a 2 vezes/dia Bloqueador canal de cálcio, bem tolerado, efetivo em pacientes com IRC Isradipina 0,15 -0,5 mg/kg/dose, 3 a 4 vezes dia Bloqueador canal de cálcio Hidroclorotiazida 1 -3 mg/kg/dia, VO, cada 12 h Monitorizar .!. K, i Gli, i ácido úrico Furosemida 1 -12 mg/kg/dia, VO, cada 6-12 h Monitorizar.!. K, i Gli, i ácido úrico, Emergência hipertensiva Tratamento crônico K, .!. plaquetas, .!. LEU hipercalciúria Bumetanida 0,02-0,3 mgikg/dia, VO, cada 6-12 h Monitorizar.!. K, i Gli, i ácido úrico Espironolactona 1-3 mg/kg/d, VO, cada 12 h Antagonista da aldosterona Hidralazina 0,75-3,0 mg/kg/dia, VO, cada 6-8 h i freqüência cardíaca, cefaléia, síndrome lupus like (rara em pediatria) Minoxidil 0,1-1,0 mg/kg/dia, VO, cada 12 a 24 h Retenção de sal e água,hirsutismo Prazosin 0,05-0,5 mg/kg/dia, VO, cada 8 a 12 h Dar primeira dose com paciente deitado Propranolol 1 -8 mg/kg/dia, VO, cada 6 -12 h Proibido em pacientes com asma e ICC, i Gli Atenolol 1 -8 mg/kg/dia, cada 12 -24 h Broncoespasmo e bradicardia VO:viaoral, IV:intravenoso,ICC:insuficiênciacardíacacongestiva,IRC:insuficiênciarenalcrônica,TFG: taxa de filtraçãoglomerular, LEU:leucograma,K: potássio,Gli: glicosesérica, Na:sódio. Adaptadode: Kay etal.14,BartoshSM & AronsonAJ6e NehalUS & IngelfingerJR12. Referências bibliográficas 1. Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Nefrologia. III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial. 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