CIDADE HABITÁVEL HABITABILIDADE URBANA OU URBANIDADE HABITÁVEL janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 1 CIDADE janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita HABITÁVEL 2 INTRODUÇÃO O tema da habitabilidade da cidade é hoje muito importante porque vivemos maioritariamente em cidades e desejamos a melhor qualidade de vida para o ambiente urbano citadino. Não é possível encontrar ideias e soluções óptimas e definitivas para a qualidade de vida urbana face às múltiplas contradições e limitações (ecológicas, sociais, económicas) que estão a surgir na cidade. As cidades necessitam tanto de nova dinâmica como de melhor qualidade de vida e esta deve ser feita no sentido de uma maior habitabilidade generalizada. janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 3 INTRODUÇÃO – a inabitabilidade É mais fácil entender o que se pretende com a habitabilidade pela expressão comum sobre uma cidade inabitável. As referências usadas são geralmente de natureza: Ambiental: poluição do ar e do solo; escassez de água potável; ausências de espaços e elementos naturais; ruído; etc.. Social: exclusão social; insegurança pública (impunidade; marginalidade social, etc.); perda de referências; falta de empregos e de trabalho; envelhecimento sócio demográfico; apatia social; etc.. Urbanística: casas vazias; falta de pequeno comércio; equipamentos e serviços colectivos deficientes; espaço público abandonado, desorientador e desconfortável; desconfiança na gestão da cidade; etc.. janeiro 2008 Montparnasse (Detalhe) – Andreas Gursky 1993 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 4 INTRODUÇÃO - O âmbito físico Importa clarificar de início, o objecto de estudo. Iremos considerar apenas a cidade tradicional e suas extensões homogéneas. Excluímos os núcleos urbanos de menor escala e a urbanização difusa. A cidade actual, considerada no seu perímetro urbano, pode ser avaliada em termos da habitabilidade das suas grandes áreas urbanas. No LNEC foi experimentada a análise à qualidade habitacional de áreas residenciais, com base em critérios de qualidade e suportada por um corpo teórico. Passar desta escala física para as grandes áreas urbanas é o desafio que iremos tentar. janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 5 INTRODUÇÃO - O âmbito físico Nas grandes áreas urbanas podem-se verificar, em plenitude, todas as dimensões físicas, sociais, ambientais, económicas e culturais do fenómeno citadino. A análise deve incidir sobre as condições de habitabilidade das grandes áreas urbanas que constituem as grandes cidades. Estas grandes áreas são também interessantes porque podem equivaler ás cidades pequenas e médias. janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 6 INTRODUÇÃO – A habitabilidade Defendemos o conceito de habitabilidade face a outros conceitos definidores de uma qualidade abrangente que circulam no discurso técnico recente: • • • • • Humanização; Sustentabilidade; qualidade de vida urbana; a plena e positiva realização pessoal e comunitária; cidadania plena. O conceito de habitabilidade privilegia uma abordagem mais disciplinar da arquitectura e urbanismo e é um conceito amplo e rico desenvolvido nos estudos sobre habitação do LNEC. janeiro 2008 Nesta habitabilidade convergem : - os conceitos e instrumentos analíticos para a micro escala urbana, designamos de Qualidade Arquitectónica Residencial (QUAR), do alojamento ao bairro; - os estudos de socioecologia residencial visando a satisfação dos habitantes; - os temas de política sociourbanística como a coesão, a solidariedade, a governância. A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 7 INTRODUÇÃO – A habitabilidade janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 8 INTRODUÇÃO – A qualidade habitacional a nível urbano Temos desenvolvido uma perspectiva multidimensional e multidisciplinar da qualidade habitacional entendendo-a no seu sentido amplo, condicente com a complexidade do objecto analisado desde o alojamento ao bairro: • • • • -Nas dimensões físicas, as disciplinas arquitectónicourbanísticas; -Nas sociais, com uma abordagem integradora das ciências humanas, a ecologia e a sustentabilidade sociais; -Nas ambientais, as da segurança e as da ecologia e conforto ambientais; -Nas económicas, as da sustentabilidade económica. janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 9 INTRODUÇÃO – A qualidade habitacional a nível urbano Em conclusão: Há no LNEC um vasto conjunto de estudos sobre a qualidade residencial que, pela sua metodologia e conhecimentos codificados, pode contribuir para a definição de • qualidade urbana, ou seja, • habitabilidade citadina, ou • Cidade Habitável. janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 10 INTRODUÇÃO – A formulação exigencial da qualidade da habitação Foi estudada e aplicada aos edifícios e conjuntos habitacionais a formulação exigencial de apoio á regulamentação e á normativa da construção e micro desenho urbano. Expressa-se por exigências humanas e ambientais espaciais e por especificações para os elementos construtivos dos espaços habitacionais. Em sintonia com outras similares e contemporâneas ( ISO, CIB e ECE/HBPEurope). janeiro 2008 EXIGÊNCIAS DE SEGURANÇA • Estrutural • Incêndio • Intrusão • Uso normal EXIGÊNCIAS DE HABITABILIDADE (estrito senso) • Estanquidade • Salubridade/higiene • Conforto térmico • Conforto acústico • Conforto visual • Conforto táctil e mecânico • • EXIGÊNCIAS DE USO EXIGÊNCIAS DE ECONOMIA/DURABILIDADE • EXIGÊNCIAS DE ASPECTO A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 11 INTRODUÇÃO – A formulação da qualidade do espaço público Esta formulação exigencial foi desenvolvida primeiro para os espaços interiores e depois foi alargada para os espaços exteriores porque: Surgem novos objectivos a qualificar, por ex.º na Segurança ganha relevo a agressão pessoal e o atropelamento; Muitos dos seus factores expressam-se de modo diferente, por ex.º no Conforto Térmico. janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 12 INTRODUÇÃO – A formulação da qualidade do espaço público Seguidamente no LNEC foi definida a qualidade habitacional dos espaços exteriores da vizinhança próxima aos conjuntos residenciais. Foram elaboradas recomendações técnicas e empreendidos estudos específicos por ex.º sobre a relação entre forma urbana e conforto térmico no espaço público. janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 13 INTRODUÇÃO – janeiro 2008 A formulação da qualidade do espaço público A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 14 INTRODUÇÃO – Avaliação da satisfação dos moradores As especificações referidas não eram suficientes para captar a satisfação do morador, a ampla qualidade habitacional e, portanto, mais insuficientes eram ainda para captar a sua satisfação quanto á qualidade de vida urbana das áreas residenciais. Impunha-se recuperar em geral: A investigação e trabalhos de campo do LNEC em sociologia e sócio ecologia da habitação. Nomeadamente: - Estudos de avaliação da satisfação nos bairros de “habitação apoiada” permitiram entender as atitudes e motivações e aperfeiçoar os conceitos e factores de natureza arquitectónica e urbanística. - Estudos e trabalhos de campo interdisciplinares de Avaliação Pós Ocupação (APO) consolidaram esta visão mais integrada e urbana. janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 15 INTRODUÇÃO – A Qualidade Arquitectónica Residencial (QUAR) Objectivos de RELAÇÃO e de CONTACTO Factores: Acessibilidade; Comunicabilidade; Espaciosidade Havia que introduzir na abordagem arquitectónica e urbanística novos conceitos e factores de Qualidade Arquitectónica Residencial (QUAR) mais qualitativos e com um leque de objectivos muito mais alargado. Objectivos de CARACTERIZAÇÃO e de ADEQUAÇÃO Factores: Espaciosidade; Capacidade; Funcionalidade Complementam as especificações técnicas mais objectivas já referidas. Objectivo de CONFORTO Factores: Agradabilidade (inclui o conforto ambiental); Durabilidade; Segurança Têm uma formulação objectiva e abarcam não só os edifícios mas também a pequena escala urbana residencial. Objectivos de INTERACÇÃO SOCIAL e de EXPRESSÃO INDIVIDUAL Factores: Convivialidade; Privacidade Os QUAR são 15 factores agrupados em seis grandes objectivos mais abrangentes. janeiro 2008 Objectivos de PARTICIPAÇÃO, IDENTIFICAÇÃO E REGULAÇÃO Factores: Adaptabilidade; Apropriação Objectivos de ASPECTO e de COERÊNCIA ESPACIAL E AMBIENTAL Factores : Atractividade; Domesticidade; Integração A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 16 INTRODUÇÃO – Aplicação dos factores QUAR à escala urbana Estes factores foram estudados e aplicados desde os alojamentos aos conjunto residenciais, portanto até à escala micro urbana e sempre em ambientes essencialmente residenciais. A nossa proposta é indagar se estes factores , depois de alargados e renovados nos seus conteúdos, podem ser aplicados também a: • • zonas urbanas caracterizadamente habitacionais e mistas; zonas de centralidade urbana com outras actividades e com outras residencialidades (hotelaria, lares, residências estudantis, etc.). janeiro 2008 Objectivos de RELAÇÃO e de CONTACTO Factores: Acessibilidade; Comunicabilidade; Espaciosidade Objectivos de CARACTERIZAÇÃO e de ADEQUAÇÃO Factores: Espaciosidade; Capacidade; Funcionalidade Objectivo de CONFORTO Factores: Agradabilidade (inclui o conforto ambiental); Durabilidade; Segurança Objectivos de INTERACÇÃO SOCIAL e de EXPRESSÃO INDIVIDUAL Factores: Convivialidade; Privacidade Objectivos de PARTICIPAÇÃO, IDENTIFICAÇÃO E REGULAÇÃO Factores: Adaptabilidade; Apropriação Objectivos de ASPECTO e de COERÊNCIA ESPACIAL E AMBIENTAL Factores : Atractividade; Domesticidade; Integração A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 17 INTRODUÇÃO – Aplicação dos factores QUAR à escala urbana janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 18 INTRODUÇÃO – Outros estudos habitacionais à escala urbana Estas preocupações de qualificação da habitabilidade á escala urbana foram complementadas com outros estudos de carácter mais técnico-político e processual sobre: - a gestão dos conjuntos residenciais com metodologias de cidadania participativa; - a sustentabilidade ambiental e social da habitação à escala urbana, - os novos perfis sociológicos dos agregados familiares; - a humanização do espaço habitacional em várias escalas físicas. Correspondem a um olhar de nova modernidade pouco contemplado nos anteriores conceitos e factores. janeiro 2008 “Os homens reunem-se na cidade e a identidade desta depende dessa coexistência” A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita Bachelard in “Poética do Espaço” 19 INTRODUÇÃO – Propõe-se, em resumo, que Para estudar e promover a habitabilidade da cidade deve-se explorar e aplicar as qualidades físicas, ambientais e sociais estudadas para a qualidade habitacional no sentido amplo, micro urbanístico e multidimensional, sem prejuízo de aproveitar os estudos sobre a qualidade macro urbana (morfologias, actividades, tráfego e transportes, grandes equipamentos, etc.) a rever face às exigências (sociais, ambientais, de trabalho, etc.) da nova/futura modernidade. janeiro 2008 Trata-se de reunir, rever e ampliar conceitos e factores estudados no LNEC tão diversos como: Indicadores e standards quantitativos (áreas, dimensões, índices, etc.); Especificações de habitabilidade funcional e técnica (segurança, conforto, uso, etc.); Factores de Qualidade Arquitectónica (QUAR) Factores de qualidade arquitectónica e urbanística do espaço público; Recomendações resultantes de análises á satisfação dos moradores e de estudos sociodemográficos; Recomendações e especificações sobre sustentabilidade ambiental e económica na construção e espaço público; Recomendações ligadas á gestão dos bairros e á sustentabilidade social. Finalmente, conceitos e recomendações sobre a humaniz/ habitabilidade citadinas A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 20 INTRODUÇÃO – Conclusão A cidade é habitável quando nela se usufrui de qualidade de vida urbana para satisfação plena, física, mental, social e económica dos seus moradores, utilizadores e visitantes, enfim uma cidade como uma grande casa acolhedora. “A cidade, como diz Alberti, é uma casa grande” diz ARNAU, Joaquin janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 21 A CIDADE HABITÁVEL – Conjugar habitabilidade e urbanidade O desafio é identificar continuidades, sobreposições e diferenças entre os conceitos de Habitabilidade e de Urbanidade devido à evolução que um e outro têm no séc. XXI. A cidade deverá humanizar-se e naturalizar-se para se tornar sustentável, mas deve acolher a residencialidade dinâmica, breve, interactiva com a vida urbana intensa e com as actividades socioeconómicas e culturais, simbiose que esteve na origem e desenvolvimento da cidade histórica . janeiro 2008 Bairro de Alvalade, Lisboa, 1946 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 22 A CIDADE HABITÁVEL – Conjugar habitabilidade e urbanidade O séc. XX, , deu origem a um ambiente urbano residencial denso, exclusivo, repetitivo. Depois retrocedeu-se face á insatisfação generalizada daquela massificação, mas sem alterar muito o anterior paradigma. • HABITABILIDADE 100% Pede-se hoje uma alteração mais profunda do paradigma inicial incorporando: - nas zonas habitacionais a melhor urbanidade praticada; - nas zonas de centralidade urbana a melhor residencialidade praticada. Em toda a hierarquia física, da cidade aos edifícios, os factores de Habitabilidade e Urbanidade devem permanecer, embora enquanto um aumenta o outro diminui. URBANIDADE CIDADE 0% EDIFÍCIO A reabilitação e a renovação urbanas deverão ir procedendo à requalificação dos grandes conjuntos residenciais do séc. XX segundo este novo paradigma. janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 23 A CIDADE HABITÁVEL – Os factores QUAD a nível citadino Na extensão à escala urbana os 15 factores de QUAR, referidos na Introdução, a habitabilidade residencial para que foram pensados deve ser revista, sendo ampliada para a qualificação da cidade habitável nos seguintes 2 níveis: a) - O da urbanidade citadina estrito senso associando outros factores como: - Publicidade/Anonimato; - Densidade/Intensidade/Diversidade (física, social, funcional). b) - O da habitabilidade e da urbanidade em sentido lato, conjugando a Habitabilidade Citadina com a Urbanidade Residencial, que é o universo conceptual que aqui nos interessa. janeiro 2008 Objectivos de RELAÇÃO e de CONTACTO Factores: Acessibilidade; Comunicabilidade; Espaciosidade Objectivos de CARACTERIZAÇÃO e de ADEQUAÇÃO Factores: Espaciosidade; Capacidade; Funcionalidade Objectivo de CONFORTO Factores: Agradabilidade (inclui o conforto ambiental); Durabilidade; Segurança Objectivos de INTERACÇÃO SOCIAL e de EXPRESSÃO INDIVIDUAL Factores: Convivialidade; Privacidade Objectivos de PARTICIPAÇÃO, IDENTIFICAÇÃO E REGULAÇÃO Factores: Adaptabilidade; Apropriação Objectivos de ASPECTO e de COERÊNCIA ESPACIAL E AMBIENTAL Factores : Atractividade; Domesticidade; Integração A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 24 A CIDADE HABITÁVEL –A Habitabilidade Citadina Haverá Habitabilidade Citadina sempre que a cidade acolher e servir com eficiência, conforto e segurança num clima de equidade e coesão social. A cidade vai mudando de actividades quase sem ampliar a diversidade destas, ampliando sim a diversidade sociológica, sociodemográfica e de culturas urbanas. A Habitabilidade Citadina deve contemplar a riqueza destas diversidades. janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 25 A CIDADE HABITÁVEL – A Urbanidade Residencial A qualificação e humanização da cidade, deve existir em todas as dimensões, como resultado de medidas diversas, por ex.º da conjugação dos conceitos de mobilidade sócio urbanística e acessibilidade urbana. Os cidadãos devem desfrutar de toda a cidade e poder exercer o maior número de actividades económicas, culturais ou recreativas em boas condições ambientais (ambiente in lato senso), similares ás da Habitabilidade Residencial janeiro 2008 Para que possam viver/habitar em plenitude: • A sua casa/habitáculo; • Os seus sítios/lugares (na casa, no bairro, na cidade; • As suas residencialidades ( a sua casa na cidade, o seu hotel preferido, etc.); • O canto onde se sintam bem (em casa, no trabalho, no café, etc.); • Onde está o seu grupo (familiar, de trabalho, de amigos, etc.); • O canto onde pode, ou tem de, estar sozinho (o lar, o hospital, a prisão). A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 26 A CIDADE HABITÁVEL – A Urbanidade Residencial Esta preocupação de aprofundar a Habitabilidade tem prosseguido no LNEC. Um estudo recente, de síntese, reuniu as principais contribuições teóricas e teórico-práticas, numa ampla perspectiva multidisciplinar sobre “Habitação Humanizada”. O título é um pouco enganador porque o que está ali em causa é uma preocupação de humanização e de habitabilidade amplas, visando também a concepção e requalificação da cidade. janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 27 A CIDADE HABITÁVEL – Objectivos e estratégias Estamos no início de um longo processo de estudo. Deve-se dar prioridade ao aproveitamento: - de todos os estudos e reflexões teóricas que, num amplo espectro disciplinar, produziram dezenas de conceitos e factores qualificadores úteis para um sistema global de conteúdos compatíveis e contribuintes do objectivo da Cidade Habitável - e que se aprofundem todos estes conceitos. janeiro 2008 IINVESTIGAÇÃO LNEC PLANEAM.º PROJECTO A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita NOVO ESTUDO COMUNIDADES UNIVERSIDADES 28 A CIDADE HABITÁVEL – Sistema conceptual e operacional Esta reflexão é individual e condicionada por uma visão em Arquitectura/Urbanismo, mas é também resultante de estudos multidisciplinares de colegas do LNEC. Para o avanço dos estudos sobre a “Cidade Habitável” há que trabalhar com um vasto conjunto de conceitos e factores qualificadores só operacional se agrupados nos seguintes três subsistemas: janeiro 2008 Que dão enquadramento A - contextual geral; B - contextual aos aspectos conceptuais e de conteúdo; C - técnico-político como suporte ao projecto. O alargamento destes estudos a nível multidisciplinar e interdisciplinar, criam o corpo de doutrina de suporte ao desenho da Cidade Habitável. A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 29 A CIDADE HABITÁVEL – A-Enquadramento contextual Este subsistema de conceitos e factores deve ainda ser dividido, para maior clareza, em dois novos subsistemas: A1 – o das dimensões Social e Política; A2 – o das dimensões de Imagem e de Território. A1 – Subsistema das dimensões Social e Política Visa dar conteúdo às noções abrangentes de Cidadania e de Sustentabilidade. A Cidadania visa o pleno exercício dos direitos e concretamente a Inclusão Social e é suportada pela Sustentabilidade Social. janeiro 2008 São factores de suporte a estes objectivos a história partilhada e as referências comuns que propiciam identidades necessárias à apropriação da cidade, condição para a participação democrática e consequente intervenção dos cidadãos. Uma cidade é habitável se for socialmente acolhedora, tolerante, apoiante e, portanto, aberta e fomentadora de integração e mobilidade sociais em ambiente de sociabilidade e convivialidade, factores urbanos correspondentes á familiaridade residencial nos conjuntos habitacionais. A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 30 A CIDADE HABITÁVEL – A-Enquadramento contextual Subconjunto das dimensões Social e Política que suportam o enquadramento contextual geral da intervenção Urbanística Identidade História Permanências Sustentabilidade social Dinâmicas próprias HABITABILIADADE URBANIDADE Apropriação Participação Intervenção Governância Cidadania Imagem Inclusão Diversidade social Coesão janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 31 A CIDADE HABITÁVEL – A-Enquadramento contextual A.2 – Subsistema das dimensões de Imagem e de Território De conceitos e factores que contribuem para o enquadramento urbano e contextual, prévio à intervenção disciplinar de Arquitectura e Urbanismo. A integração no Território é multidimensional (física, social, ambiental) o que lhe confere uma Imagem de referência a preservar e valorizar numa perspectiva evolutiva de desenvolvimento com sustentabilidade ambiental. janeiro 2008 A Imagem positiva desejada para a cidade deverá equilibrar a coerência física e a coesão social com a riqueza dos lugares e culturas urbanas dando identidade aos seus cidadãos, mesmo num processo evolutivo do Território. O objectivo é promover: - um suporte físico coerente e integrado no Território; - um ambiente seguro, estimulante, confortável e equipado; - uma imagem atractiva que equilibre Urbanidade com Domesticidade e Publicidade com Privacidade. A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 32 A CIDADE HABITÁVEL – A-Enquadramento contextual Subsistema de conceitos e factores associável à Habitabilidade Urbana nas dimensões de Território e de Imagem ao nível contextual geral Lugar Habitabilidade Urbanidade Ambiente (sentido lato) Imagem Publicidade Urbanidade (versus) (versus) Domesticidade Privacidade Atractividade Território janeiro 2008 Integração física (e social) Verde urbano A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita Sustentabilidade ambiental 33 A CIDADE HABITÁVEL – A-Enquadramento contextual Subconjunto das dimensões Território e Imagem que suportam o enquadramento contextual geral da intervenção Urbanística A cidade habitável Lugar Habitabilidade Urbanidade Ambiente (sentido lato) Imagem Urbanidade Publicidade (versus) (versus) Domesticidade Privacidade Atractividade Território janeiro 2008 Integração física (e social) Verde urbano A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita Sustentabilidade ambiental 34 A CIDADE HABITÁVEL – B - Enquadramento em aspectos conceptuais e de conteúdo Subsistema de conceitos e factores de apoio à intervenção disciplinar da Arquitectura e Urbanismo visando o conteúdo da habitabilidade das soluções e dos processos. Subsistema dividido, para maior clareza, em outros três: 1) - Um, de âmbito mais geral, que articula conceitos e factores: - de funcionamento da cidade: Vida Urbana; Diversidade Social; Actividades; Animação; Acessibilidades. - de suporte físico da cidade: Densidade; Espaço Público; Tipologias; Diversidade; etc.. janeiro 2008 2) - Um, mais específico, que pormenoriza objectivos: - Sociais: Bem Estar; Saúde Plena; Interacção Social; - Urbanísticos: Diversidade; Densidade Construtiva; Acessibilidade; - Combinando Requalificação e Reabilitação com Renovação e Modernização. 3) - Um, que clarifica e harmoniza noções ligadas à forma urbana visando a satisfação dos cidadãos nas actividades de trabalho, lazer e cultura, através da aplicação de noções como estrutura carácter, escala, tipologias urbanas, etc.. A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 35 A CIDADE HABITÁVEL – B - Enquadramento em aspectos conceptuais e de conteúdo Subsistema de conceitos e factores conceptuais da prática urbanística que associamos à Habitabilidade Urbana Habitabilid. Urbanidade Atractividade Cidadania Actividades Acessibilidades Estar Estar bem Relação Densidade Vida Urbana Mutações Dinamismo Fruir Saúde plena (OMS) Convivialid. Proximidade Escalas Urbanas Animação Urbana Renovação Requalificação Espaço Público Unidades Tipológicas Interacção Social Sociabilid. Diversidade Funcional Estrutura Carácter Rua, Praça, Quarteirão Mixitude Diversidade (física e Funcional) Inovação Cidade Equipada janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 36 A CIDADE HABITÁVEL – C - Enquadramento técnico político como suporte ao Projecto de Intervenção Urbanística Dá suporte ás intervenções disciplinares de Arquitectura e Urbanismo ao nível de Préprojecto e de Projecto, em Intervenções Urbanísticas de extensão ou de requalificação urbanas. Para este objectivo o subsistema de conceitos e factores de apoio ao processo de Projecto é dividido em cinco novos subsistemas que visam a Habitabilidade urbana: 1) - Objectivos estratégicos; 2) - A concretização programática de actividades; 3) - A qualidade técnica disciplinar em Arquitectura e Urbanismo; 4) - O suporte ao Desenho Urbano; 5) - O suporte processual. janeiro 2008 1) - O dos objectivos estratégicos pela aplicação dos seguintes objectivos, conceitos e factores: - A Sustentabilidade Ambiental nos vários níveis físicos (Verde Urbano, Desenho Bio-climático); - A Sustentabilidade Económica (Vitalidade Urbana, os 3 R’s, a Durabilidade física e funcional); - A Sustentabilidade Social (Inclusão, Programação Participada). 2) - O da Programação Realista e Evolutiva das actividades (residência, trabalho, lazer, circulação, etc.) que deverá ser cruzada com os Factores QUAR, agora à macro escala urbana, valorizando os conceitos de Neutralidade e de Flexibilidade. A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 37 A CIDADE HABITÁVEL – C - Enquadramento técnico político como suporte ao Projecto de Intervenção Urbanística 3) - O de suporte á qualidade técnica da Arquitectura e Urbanismo do Projecto de Intervenção pela aplicação da maioria dos factores QUAR à macro escala urbana com factores quantitativos complementares. Associando e revendo conceitos e factores como: Segurança e Conforto Urbanos, Acessibilidade, Desenho Inclusivo, Integração Física. janeiro 2008 4) - O de suporte ao Desenho Urbano a qualidade visual/formal da Arquitectura e Urbanismo. Trata-se de novas noções que requalificam nvos conceitos e factores QUAR: Escala (co m noções como adequação, relacionamento, etc.); Desenho e Composição Urbanos (com noções de estrutura, áreas coesas, pólos e eixos urbanos, etc.); Pormenor, nomeadamente através com noções de dedicação, equipamento, etc.). A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 38 A CIDADE HABITÁVEL – C - Enquadramento técnico político como suporte ao Projecto de Intervenção Urbanística 5) - Finalmente, o de suporte ao desenvolvimento processual da Intervenção Urbanística. Trata-se essencialmente de: - assegurar a Programação Participada; - dar o suficiente suporte ao Processo de Intervenção Urbanística; - assegurar a participação ao longo do Processo; - promover a interdisciplinaridade; - aceitar os procedimentos evolutivos; - integrar as noções de subsidiariedade e endogenia. janeiro 2008 A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 39 A CIDADE HABITÁVEL – C - Enquadramento técnico político como suporte ao Projecto de Intervenção Urbanística Subsistema de conceitos e factores de suporte ao processo do Projecto de Intervenção Urbanística visando a Habitabilidade Urbana Habitabilidad e Urbanidade Desenho Urbano Adequação Participação Sustentabilidade Económica SustentabilIdade Ambiental Outros Factores de Qualidade Arquitectónica e Urbanística Morfologias Tipologias Pormenor Processo Escala Conforto Segurança Estrutura Coesão Equipament o Preparação Evolução Integração janeiro 2008 Acessibilidade Funcionalidade Capacidade Espaciosidade A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 40 A CIDADE HABITÁVEL - Conclusão Apresentámos uma reflexão sobre o tema da Cidade Habitável que visa estimular a continuidade dos estudos até aqui desenvolvidos ao nível da habitação, agora no sentido amplo a nível multidisciplinar e macro urbano. O objectivo principal é transferir os conhecimentos e os conceitos já desenvolvidos para conceber, qualificar e avaliar as intervenções arquitectónicas e de urbanismo habitacional para a escala da cidade, com o objectivo de tornar a cidade actual mais agradável, acolhedora, sustentável, enfim mais habitável, humana. janeiro 2008 MUITO OBRIGADO MUCHAS GRACIAS A CIDADE HABITÁVEL - A. Reis Cabrita 41