HUMANO-PÓS-HUMANO
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Fundação Biblioteca Nacional
Humano-pós-humano / Suzete Venturelli, organizadora. - Brasília:
Universidade de Brasília, Programa de Pós-Graduação do
Instituto de Artes, 2005.
80 p.: il.
ISBN 85-89698-09-2
1. Arte contemporânea I.Venturelli, Suzete.
HUMANO
PÓS
HUMANO
Centro Cultural Banco do Brasil
HUMANO-PÓS-HUMANO
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O Centro Cultural Banco do Brasil tem o prazer de
apresentar a mostra Humano-pós-Humano, que
reúne pesquisadores de arte da Universidade de
Brasília, do Espaço Cultural 508 Sul e da Faculdade de
Artes Dulcina de Moraes, cuja produção aborda as
fronteiras do corpo, enfatizando a discussão sobre
conceito, obra e suporte no olhar contemporâneo.
Ao sintetizar processos de representação, apresentação e simulação do humano, sempre estimulados
pela incorporação de tecnologias e pela interdisciplinaridade, os artistas da capital apresentam
trabalhos realizados em técnicas tradicionais, como a
pintura, a escultura e a fotografia, e em mídias
contemporâneas, como o vídeo e o computador. O
resultado, que pressupõe os paradoxos culturais da
pós-modernidade, traduz-se em poéticas visuais
diferenciadas, que convidam o espectador a refletir
sobre a arte, a ética e as relações humanas, tal como
se apresentam em nosso tempo.
Essa contribuição de artistas da cidade ao panorama
da arte contemporânea brasileira afirma a estatura da
produção local que o Centro Cultural Banco do Brasil
divulga ao público de Brasília, entre as significativas
produções de arte e cultura da atualidade.
Centro Cultural Banco do Brasil
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HUMANO-PÓS-HUMANO
sumário
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apresentação
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curadoria
15
museografia
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programa educativo
21
crítica de arte
22
Sem título > Miguel Simão
24
Transposições no Huysmans > Nelson Maravalhas
26
Língua > Pedro Alvim
28
Animais mortos nas estradas > Illana Koling
30
Todas as cidades > Sílvio Zamboni
32
Ponto cílios > Bia Medeiros e Corpos Informáticos
34
Série vermelha > Terezinha Losada
36
Cerrado > Cíntia Falkenbach
38
Pisces Notius > Elder Rocha
40
Instrumentos para aferir vulnerabilidades: órbitas keplerianas > Gê Orthof
42
S.Q.S. 105 > Vicente Martinez
44
Educação de Lúcifer > Sérgio Rizo
46
Backlight caboclo > Elyeser Szturm
48
Homenagem à rosácea > Lygia Saboia
50
Simulacro do corpo > Clarissa Borges
52
Homem na janela, mulher no fogão e velho > Luiza Venturelli
54
Sem título > Andréa Campos de Sá e Walter Menon
56
Eco-urbe 1 > Maria Luiza Fragoso
58
Lição de anatomia > Miguel Ferreira
60
Contato > Mario Maciel, Rafael Galvão, Ricardo Queiroz e Suzete Venturelli
62
Corpo > Alexandre Félix
Bipedes > Alexandre Luz, Roni Ribeiro e William Kosmo
Proestéticos > Eduardo Lopes
String > Rafael Carlucci
64
ROHL robô > Geovany Borges, Christus Nóbrega, Leandro Lima, Heijy Inuzuka
66
Problemarket.com > Davide Grassi
68
versão em inglês
78
créditos
TÉRREO
Sílvio Zamboni
Illana Koling
Sérgio Rizo
Pedro Alvim
Bia Medeiros e
Corpos Informáticos
Nelson Maravalhas
HUMANO-PÓS-HUMANO
8
Gê Orthof
Elder Rocha
Terezinha Losada
Vicente Martinez
Miguel Simão
Cíntia Falkenbach
SUBSOLO
Luiza Venturelli
Andréa Campos de Sá
Walter Menon
Clarissa Borges
Maria Luiza Fragoso
Geovany Borges
Christus Nóbrega
Leandro Lima
Heijy Inuzuka
Elyeser Szturm
Roni Ribeiro
Alexandre Luz
William Kosmo
Suzete Venturelli
Mario Maciel
Rafael Galvão
Ricardo Queiroz
Rafael Carlucci
Miguel Ferreira
Eduardo Lopes
Alexandre Félix
Lygia Saboia
HUMANO-PÓS-HUMANO
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obras inéditas, que foram realizadas
especialmente para o tema, reunindo um
grupo de artistas do Distrito Federal que
são também pesquisadores e professores. A seleção desses artistas
pesquisadores corresponde ao significado da arte como pesquisa, pensamento
e conhecimento.
Situando a arte como pesquisa, inventando e podendo hibridizar diferentes
processos de criação, o artista se
tornou ainda mais suscetível às metamorfoses do humano, seu corpo, sua
mente e seu espaço construído.
O conceito pós-humano aqui significa
identificar uma era exacerbada pelo
desenvolvimento tecnológico que, para
alguns autores, passou a fazer parte da
evolução da espécie se tornando,
portanto, a tecnologia algo irremediavelmente necessário para a democratização da educação, da cultura e,
de certo modo, indispensável para a
condição humana e a sobrevivência de
todas as espécies do planeta.
As artes visuais, musicais, cênicas,
entre outras, não são somente coisas
estéticas, são escolas da vida onde se
aprende a ver o outro, a si mesmo
enquanto são construídos os novos
conceitos de humanidade.
APRESENTAÇÃO
Humano-pós-Humano apresenta
HUMANO-PÓS-HUMANO
12
A imagem realística do corpo humano, no início de século 20, foi questionada em
função das invenções da fotografia e do cinema. O artista livre da função de
representação da realidade encontrou outros caminhos que o aproximaram de
questões filosóficas, científicas, tecnológicas, perceptivas, psicológicas, cognitivas,
sociais, emocionais, cotidianas, políticas, ecológicas, midiáticas, entre outras.
O diálogo da arte com a imagem do corpo persiste na maioria dos movimentos artísticos,
como podemos observar na história da arte, ora remodelado, imaginado, relacionado
com o corpo do espectador, ou mesmo, com o próprio corpo do artista nos diferentes
aspectos multissensoriais.
A exposição é temática e, portanto, as imagens apresentadas independem do suporte
utilizado. Nesse sentido, alguns dos artistas selecionados usam técnicas tradicionais
como a pintura, a escultura, a fotografia enquanto outros utilizam suportes e meios
mais contemporâneos como o vídeo e o computador.
A exposição faz, de certo modo, uma comparação dos trabalhos realizados nesse
início do século com as imagens produzidas no início do século passado, cujo momento
também passava por mudanças revolucionárias no contexto social e tecnológico,
apresentando o imaginário cultural de uma era onde a informação passou a ser um dos
aspectos fundamentais, inclusive para a arte.
Um outro aspecto importante é que a museografia da exposição, proposta por Elisa
Martinez, doutora e professora da linha de pesquisa teoria e história da arte do
mestrado em arte, do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília, foi
elaborada em função de aproximações conceituais que se estabeleceram entre os
artistas participantes.
Foram selecionados artistas já consagrados e, outros, estudantes de arte da
Universidade de Brasília, Faculdade Dulcina e Espaço Cultural 508 Sul, que representam
uma parte importante do ensino e pesquisa artística em Brasília. A organização da
exposição foi realizada por professores e colaboradores do Departamento de Artes
Visuais do Instituto de Artes da Universidade de Brasília.
Nesse sentido, a crítica e análise dos trabalhos dos artistas foram de Grace Maria
Machado de Freitas, doutora e professora da linha de pesquisa em teoria e história da
arte da pós-graduação em Arte da Universidade de Brasília. É uma das primeiras
teóricas a elaborar textos críticos sobre a produção artística da cidade, procurando
sempre, em suas reflexões estéticas, mostrar ou detectar os rumos pelos quais se
enveredam as produções contemporâneas locais. Seus textos consideram, além da
história da arte, aspectos oriundos da psicanálise e da semiótica como fundamentos
para interpretar as poéticas visuais que analisa.
CURADORIA
A exposição de arte Humano-pós-Humano busca mostrar como as revoluções
e os novos paradigmas ético-estéticos nos campos do engineering biológico, da
informática, da robótica, da filosofia, da arte se refletem no imaginário artístico. Ou
seja, como os artistas contemporâneos da cidade imaginam, atualmente, o humano na
representação, apresentação e simulação do corpo, do pensamento, da ação, da
sensibilidade, do ambiente em que vive, e da relação que se estabeleceu entre razão
e emoção, objetividade e subjetividade.
O material impresso, registro em vídeo e fotografia, coordenado por Mario Maciel,
arquiteto, mestre em arte, professor da Secretaria de Educação do Distrito Federal e
do Departamento de Artes Visuais, da Universidade de Brasília, se fixou nas relações
existentes na transição entre o humano e o pós-humano, conceitos compreendidos
nas discussões teóricas e também nas reflexões artísticas sobre o tema.
A produção de montagem foi realizada pelo artista e professor Miguel Simão, chefe do
Departamento de Artes Visuais. O projeto educativo foi coordenado Terezinha Losada,
doutora e professora da licenciatura e bacharelado em artes plásticas, atuando também
no Departamento de Artes Visuais. Sua proposta ampliou a discussão inicial do tema
da exposição Humano-pós-humano, trazendo os prefixos pré e anti, entre outros,
como subsídio para ampliar novas discussões, no contexto interdisciplinar, pelos
professores de arte do ensino fundamental e médio das escolas de Brasília.
HUMANO-PÓS-HUMANO
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Os artistas foram selecionados em função do tema pois já se destacavam, para a
curadoria, por recorrerem a alguns conceitos relativos ao tema Humano-pós-humano,
no desenvolvimento de seus trabalhos. Assim, Elder Rocha, Nelson Maravalhas,
Sergio Rizzo, Pedro Alvim, Illana Koning e Terezinha Losada se caracterizam por
apresentar nas suas obras os aspectos humanos mais psicológicos. A escultura de
Miguel Simão valoriza o humano, seu corpo e sexualidade. Miguel Ferreira realiza
experimentações que estabelecem diferenças entre o humano, o mecânico e o
cibernéico. Vicente Martinez mostra como o humano tem necessidade de se apropriar
de espaços para modificá-lo e reinventá-lo. A gravadora Cinthia Falkenbach apresenta
imagens do cotidiano humano local. Os artistas Andréa de Sá e Walter Menon, Clarissa
Borges, Luiza Venturelli e Sílvio Zamboni têm em comum a fotografia como técnica,
entretanto apresentam diferentes preocupações como a relação entre a arte e o seu
meio ambiente, a modificação do corpo pela ciência e a tecnologia e a influência dos
meios tecnológico na veiculação da imagem do corpo. Elyeser Szturm, Geraldo Orthof,
Bia Medeiros, grupo Corpos Informáticos, Lygia Sabóia, Maria Luiza Fragoso, Mario
Maciel, Ricardo Queiroz, Rafael Galvão e Suzete Venturelli apresentam obras que
questionam o uso da tecnologia ora criticando ora apresentando idéias utópicas sobre
a era da informação, da cibernética e da globalização que modificaram o humano e sua
sociedade como jamais visto anteriormente. Foram selecionados, ainda, trabalhos
realizados por alunos do Espaço Cultural 508 Sul e alunos da disciplina animação da
Universidade de Brasília. A exposição se caracteriza, também, por apresentar obras
inéditas de todos os artistas. A exposição contou ainda com a participação dos
produtores culturais Henrique Oswaldo e Guilherme Reis.
Para que a exposição proporcionasse ao público um maior contato com os artistas foi
organizado um programa de visitas guiadas com cada um dos artistas em diferentes
momentos, na qual cada um mostra mais profundamente sua trajetória na arte. O
lançamento do catálogo, previsto para após a abertura da exposição, foi assim pensado
para que fosse possível registrar as obras já expostas no espaço. Assim a memória
da exposição se torna mais fiel ao momento do seu acontecimento, marcando uma
história da arte local. O lançamento coincide com uma mesa redonda composta com os
artista participantes da exposição e coordenadores do Centro Cultural Banco do Brasil.
Suzete Venturelli
Curadora
A instalação de uma exposição temática, como é
Humano-pós-humano, oferece-nos uma série de opções
museográficas a serem consideradas, que têm origem na
pergunta: como dar visibilidade a cada um e a todos ao mesmo
tempo? A resposta materializada na expografia do evento, poderia
ter sido precavida e, com esta finalidade, construiríamos nichos
para resguardar autonomias e prevenir contaminações.
Poderíamos também ter considerado que a heterogeneidade do
conjunto seja um campo no qual devem ser introduzidas algumas
marcas para que o visitante seja orientado para uma leitura
correta e impossibilitado de dispersar-se. Se acaso fosse essa
a nossa perspectiva, estaríamos construindo uma nova
modalidade de procedimento curatorial e o conjunto de obras
expostas em vez de proporcionar uma configuração porosa, a
ser penetrada por variados procedimentos de codificação
interpretativa, seria organizado de um modo excessivamente
coercitivo.
Desde o início, pareceu-nos possível a construção de uma rede
de relações espaciais na Galeria 1 do CCBB que não se
sobrepusessem com demasiada autoridade sobre a concepção
da curadoria primordial com a qual buscamos construir um
espaço aberto à leitura fluida e não-linear. Em nosso entendimento,
a exposição não tem subtítulo. Humano-pós-humano é uma
reiteração da humanidade em duas instâncias, uma de origem e
outra de qualificação, por meio do juízo artístico, das obras
expostas. Vemos na circularidade grafada do título um eco da
circularidade de cada um dos dois ambientes da galeria
interligados. Assim, a partícula articuladora – pós – localizada
entre humano e humano implica no retorno a uma condição
inexorável. Essa articulação, em nossa perspectiva, não poderia
ser segmentada em individualidades ou autorias, sob a forma de
territórios compartimentalizados nos quais a visão dos espaços
entre as obras perderia sentido.
O resultado pode parecer extremamente formalista, na medida
em que evitamos o uso de adornos pedagógicos. Entretanto, a
opção por uma conversa transparente entre as obras e – por
que não? – com seus respectivos autores tem o objetivo de
proporcionar uma experiência de visitação tão pedagógica
quanto uma exposição temática pode proporcionar. Deste modo,
as obras são distribuídas nas galerias para facilitar a
compreensão de proximidades e confrontos entre modos de
abordagem do tema central e sua complexidade, tendo em
consideração as diferentes qualidades plásticas que têm origem
em diferentes meios e processos artísticos. Trata-se de valorizar,
antes de outros processos perceptivos, o olhar. Por esta razão,
MUSEOGRAFIA
O arquitexto e o intra-humano: reflexões
sobre a museografia
o percurso sensível e cognitivo do visitante tem seus pilares no
olhar que é surpreendido a cada aproximação a uma obra e a
correspondente localização no espaço do percurso deste, que
se expande e sobrepõe, como uma malha de coordenadas, no
espaço da galeria e seus ambientes.
HUMANO-PÓS-HUMANO
16
Nesse percurso do olhar, as obras estão relacionadas em suas
qualidades perceptíveis: possuem matérias e configurações.
Poderíamos, a partir desta constatação, ter agrupado as obras
segundo suas semelhanças processuais ou figurativas. No
primeiro caso, dividiríamos o grupo em dois conforme o grau de
adesão, maior ou menor, de cada artista ao uso de tecnologias
digitais. A outra opção seria considerar a distinção de dois grupos
segundo o grau de maior ou menor iconicidade. Poderíamos
ainda ter optado por uma separação segundo o uso de
variedades cromáticas: obras monocrômicas com áreas brancas,
obras de aparência predominantemente monocromática e obras
policromáticas. Talvez, neste caso, o resultado pudesse ter sido
divertido e produzido certa lógica organizacional. Entretanto, a
previsibilidade que reduz a percepção a um jogo quantificador
de áreas e intensidades cromáticas foi descartada. Caso o tematítulo da exposição tivesse sido tomado de modo literal, haveria
a possibilidade de dividir o conjunto de obras em grupos segundo
seu grau de aderência ao humano, cuja figuratividade fosse
restrita à anatomia do corpo do homo sapiens. Daí talvez fosse
possível criar uma taxionomia das configurações do humano
nas artes visuais.
De certo modo, não ortodoxo, esta também pode ser uma
avaliação do conjunto exposto, caso tenhamos a preocupação
de estabelecer uma regra de precedência para a relação formaconteúdo na exposição. O tema proposto aos artistas gerou um
repertório de possibilidades de interpretação dado ao tema pelos
expositores, visível na variedade de técnicas e estilos
empregados. Por essa razão, evitaremos qualquer tipo de segmentação com a distribuição das obras no espaço que pudesse
conduzir à sobrevalorização de uma categoria particular: técnica,
autoria, tamanho, uso ou não de figuras, uso da linguagem verbal,
modo de interação com o público, procedência geográfica dos
autores, cronologia, entre tantas outras.
Um hábito nos faz ler Humano e pós-Humano como dois termos
antitéticos, mas não consideramos que esta seja a relação
proposta pela exposição. A articulação – pós – localiza-se no
espaço entre humanos. Consequentemente, se o conjunto de
obras contém a totalidade da relação proposta pelo tema-título
distribuída em um espaço expositivo, cada elemento-obra é um
órgão que contribui para a unidade do texto-exposição. Esse
texto-organismo resulta, portanto, das relações intra-humanas
que se produzem no campo das artes visuais.
A percepção do texto-corpo que é a exposição montada com
uma seleção e uma combinação de procedimentos expográficos,
requer o reconhecimento de sua polifonia interna. De fato, um
critério relacional poderia ter sido sobreposto com tal veemência
– lançando mão de recursos cenográficos que nos fariam perder
as obras de vista, como se estas não fossem suficientemente
significativas – que sobrepusesse uma voz única – autoritária –
por meio da qual a heterogeneidade do conjunto seria apaziguada.
Assim, as peculiaridades nos modos de revelar, em cada obra
exposta, um fazer enunciativo seriam encobertas por uma
monofonia artificial, que pode ser uma solução para modular a
experiência perceptiva diante de um conjunto de obras variado.
E, ainda que os aspectos de seqüencialidade e sucessão tenham
sido previstos no projeto museográfico que realizamos, não há
intenção de progressividade, em sentido utópico, ou de
valorização de uma construção narrativa em que seriam opostas
as ações mais humanas às mais pós-humanas como se estas
possuíssem uma missão arqui-humana. Portanto, a configuração
final do projeto museográfico surge do desafio de realizar
escolhas que potencializem as limitações do espaço expositivo
para abrigar todas as obras expostas como se todas estas
tivessem, em um uma espécie de acordo pré-nupcial, sido
executadas especialmente para compartilhar o mesmo local.
Nosso trabalho consistiu em adequar um elenco de possibilidades
expográficas sensíveis aos sinais de realização das obras na
medida em que estes eram disponibilizados pelos artistas.
Pretende-se, portanto, compartilhar com o visitante esse
processo de configuração do conjunto: em que medida cada
trabalho ocorre em relação ao tema-título, ao espaço-galeria e
às demais obras. No organismo, sinais de disritmia são
diagnosticados em seus componentes como manifestações de
integridade não corrompida por uma unidade monocórdia. É
preciso, finalmente, lembrar que a existência de uma situação
de exposição não é capaz de mascarar as temporalidades
específicas de cada processo artístico. E, assim como um
organismo, identificar e compreender as interações entre o
funcionamento de seus órgãos será, para todos os envolvidos,
uma grande oportunidade de construção de situações de
interação, humana.
Elisa de Souza Martinez
museografia
Elisa Martinez – doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo. Participou de congressos e eventos, tais como: 27º Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação; 13º. Encontro nacional da Anpap; 9º Colóquio do Centro de
Pesquisas Sociossemióticas; 8ème Congrès de l’Association Internationale de Sémiotique,
Lyon; Les Signes du Monde, Lyon, entre outros.
Segundo a Teoria da Informação, as coisas muito familiares, ou sobre as quais nada
sabemos, deixam de ser percebidas por nós devido à absoluta falta de interesse. É
característica da arte tanto a criação do novo, quanto à re-contextualização dos
aspectos mais triviais da vida. Por essa razão, sua apreensão e interpretação são por
vezes tão difíceis. Portanto, a principal tarefa das visitas guiadas a exposições é
estimular a capacidade interpretativa dos alunos, ampliando os limites de suas
referências culturais.
Venho desenvolvendo pesquisas no sentido de levantar instrumentos teóricos e
abordagens didáticas que permitam estimular a interpretação da imagem no ensino de
arte. A estratégia que tenho adotado é muito simples. Ao invés de fornecer aos alunos
as interpretações realizadas pelos teóricos, trabalho inicialmente apenas com os
conceitos estruturais de seu discurso. Familiarizado com tais conceitos, o aluno é
convidado a identificar sua manifestação ou não em diferentes obras, por meio de
sucessivas análises comparativas. Ao longo desse processo, são introduzidos os
textos interpretativos dos críticos e historiadores da arte.
É claro que autores marcadamente estruturalistas favorecem esse tipo de abordagem.
No entanto, todo texto crítico tem os seus critérios, mesmo que elaborados
desconstrutivamente. É certo, também, que o orgulho dos alunos ao verem que suas
interpretações não diferem muito das dos autores é de certa forma induzido. Mas,
parafraseando as considerações de Gombrich sobre a arte, deve-se considerar que
a crítica também se desenvolve a partir de “predecessores e modelos”.
Tenho trabalhado de modo conjugado com dois tipos de textos. O caráter estrutural
das teorias da linguagem fornece conceitos-chave que permitem analisar toda sorte
de imagem, tal como elas são percebidas pelo aluno no presente. Os conceitos da
história da arte, por outro lado, informam sobre as contingências de produção da
obra. No primeiro caso, é estimulado o olhar sincrônico, tendo como eixo o alunoreceptor. No segundo, via o olhar diacrônico, é analisado o contexto do artista-emissor.
A elaboração do programa educativo da exposição Humano-pós-humano exigiu o
enfrentamento de várias dificuldades para a elaboração de suas referências teóricas.
Em primeiro lugar, o grande número de artistas, apresentando trabalhos em várias
técnicas: gravura, desenho, pintura, escultura, instalação, performance, fotografia,
vídeo, web arte, animação eletrônica. Somava-se ainda o caráter inédito das obras a
PROGRAMA EDUCATIVO
A apreciação das obras de arte por meio de visitas a museus e galerias tornouse um componente requisitado no ensino de arte atual. Esse contato com a arte e os
bens culturais é importante porque permite o desenvolvimento do senso estético e
crítico do aluno, como também sua capacidade comunicativa. Sabe-se, hoje, que para
interpretar ou produzir “textos” - seja na linguagem verbal, visual, ou qualquer outra o estudante precisa ter acesso a diferentes códigos de representação, construindo
um repertório de possibilidades sintáticas e semânticas da linguagem.
serem expostas, muitas ainda em fase de preparação durante o período de treinamento
dos monitores e, por fim, a escassez de referências críticas sobre os artistas. Quanto
a essa última questão foi muito importante a visita durante nosso trabalho de planejamento
da curadora Suzete Venturelli e da crítica de arte Grace de Freitas, além dos
depoimentos dos artistas.
Com essas colaborações, decidi articular as referências sobre as obras juntamente
com os alunos-monitores, a partir de suas próprias interpretações. Dois conjuntos de
conceitos estruturantes foram utilizados nesse processo: a classificação das funções
da linguagem de Jakobson e um jogo de categorias elaboradas sobre do eixo temático
da exposição, qual seja, o humano e sua virtual superação (pós-humano) no mundo
contemporâneo, mediado pelas tecnologias. Na classificação de Jakobson, o sentido
ou função da mensagem é identificado observando-se o modo como são enfatizados
os diversos elementos constitutivos do processo comunicativo: emissor, receptor,
referencial, código, canal e a própria mensagem. Tendo em vista que toda obra de arte
enfatiza a função poética, ou seja, o modo como a mensagem é elaborada, então, as
demais categorias funcionam como chaves conceituais que permitem investigar como
o discurso poético de cada artista se articula.
HUMANO-PÓS-HUMANO
18
Ao destacar a importância do canal no processo comunicativo, Jakobson foi um dos
primeiros teóricos a discutir como os diferentes suportes ou meios de comunicação
afetam a qualidade das mensagens. Decerto, McLuhan, seu contemporâneo, explorou
esse aspecto com maior profundidade, antevendo, apenas a partir do advento da
televisão, como as mídias se tornariam extensões de nosso corpo e palco da experiência
humana. Sem dúvida, a diversidade das mídias é a característica mais evidente da
exposição Humano-pós-humano. Nela estão envolvidas as técnicas artísticas
tradicionais, a produção tecnológica de imagens e, também, a apropriação de objetos
do cotidiano, aspecto marcante nas instalações apresentadas. Entretanto, não pretendia
segregar os trabalhos como sendo vinculado aos conceitos de “humano” ou “póshumano” exclusivamente pelo critério da função fática de Jakobson, que trata dos
suportes e canais. Assim, a partir das demais categorias teóricas de Jakobson, foram
analisadas outras dimensões das obras, alinhavando relações entre elas.
Em relação ao código, discutiu-se as remissões que cada obra fazia a outros artistas
e tendências, do presente e do passado. A ênfase no emissor é identificada pela
marca subjetiva ou pelo caráter confessional, de registro das experiências pessoais
do artista, traço que se torna visível particularmente nos trabalhos fotográficos da
exposição. Já o pólo do receptor permite a análise do tipo de relação com o público que
a arte estabelece. A interação direta com o espectador, tornando-o co-autor das
obras, é uma aspiração da arte perseguida desde as vanguardas.
As novas tecnologias potencializam essa interlocução, redimensionando os conceitos
de tempo e espaço, conforme sinalizam as propostas de arte eletrônica e web arte
apresentadas na exposição. Mas essa interação também ocorre de modo indireto, via
contemplação, quando a obra instiga o receptor devido seu caráter lúdico, enigmático,
dramático, insólito, lógico, erótico, lírico etc. Por fim, a função referencial investiga os
possíveis nexos entre arte e realidade, nesse caso, o humano e o pós-humano. Para
abordar esse eixo temático, proposto pela curadora, foram articuladas quatro categorias
que visavam discutir os limites do conceito de humano, sintetizados como: o pré-
humano, o humano, o pós-humano e o anti-humano. Evidentemente, toda obra artística
é uma manifestação humana. No entanto, buscou-se com esses conceitos investigar
que tipo de relação referencial cada artista estabelecia com seu mundo, particularmente
sobre a representação do “corpo” e do “território”, conceitos fixados por Grace de
Freitas. O pré-humano diz respeito ao “estado de natureza”, citado por Rosseau.
Àquilo que os humanos guardam em comum com os animais, seus instintos, a fisicalidade
do corpo e a interação com o ambiente natural, sem territórios. O humano é o universo
da cultura. Não se refere à natureza, mas ao mundo criado pela inventividade humana.
Desde seus primórdios, a humanidade é definida pela sua habilidade instrumental de
produzir ferramentas (tecnologias) e a capacidade simbólica de representar sua
experiência por meio da linguagem.
O pós-humano é a maximização da inventividade humana, qual seja, poder criar ou
destruir sua própria natureza. Derivada do superdesenvolvimento da tecnologia e da
linguagem (informação) esta nova dimensão ou estágio da humanidade é marcado
pelas pesquisas atômicas, genéticas, a expansão da robótica, da inteligência artificial
e dos ambientes virtuais de interação.
O anti-humano é, portanto, a baliza desse poder inventivo do ser humano. É o terreno
da política e da ética. Posto que tudo pode com nossa ilimitada inteligência, então,
devemos perguntar: o que queremos? Sabemos que não cabe a arte definir o verdadeiro
ou falso - tarefa da ciência. Nem tampouco o certo ou errado - tarefa da ética. Porém,
na sua perspectiva poética, a arte sempre mediou todos esses campos, conforme
sinalizam o tema e as obras da presente exposição.
A partir da estrutura eminentemente sintática dos conceitos de Jakobson e do caráter
mais semântico dos conceitos apresentados acima, eu e meus alunos-monitores
passamos a discutir as obras da exposição. Por meio desse exercício crítico, cheio de
improvisações, construímos fichas sobre as diversas obras, descrevendo suas
características particulares e seus nexos com outros trabalhos. Essas fichas continuam
sendo alimentadas pelos monitores com novos dados colhidos com os artistas, com o
público e seus próprios insights interpretativos, informações que são discutidas em
nossas reuniões de avaliação.
Buscando garantir esse mesmo processo com os alunos que visitariam a exposição,
nenhum dos conceitos foi ilustrado com as obras dos artistas no material gráfico do
programa educativo. Ao contrário, o folder foi produzido como um álbum de figurinhas,
cabendo ao visitante destacar e colar as imagens que ele próprio relacionasse com
cada conceito.
Em suma, relacionando as características sintáticas das obras a essa malha de
possibilidades semânticas, o programa educativo visa estimular os visitantes a
construírem suas próprias interpretações sobre a arte e sobre o mundo contemporâneo.
Terezinha Losada
Coordenadora do programa educativo
HUMANO-PÓS-HUMANO
20
Embora não se trate de uma mostra de arte coletiva, há pelo menos duas práticas
comuns que a nutrem: a convivência profissional diuturna com a arte e o exercício
continuado de seu ensino, posto que são obras de artistas-professores, alunos ou
graduados que estão aqui apresentadas. Numa relação dinâmica, a sistematização do
pensamento alimenta a ação que, por sua vez, fornece os dados para o estudo e a
reflexão, engendrando uma articulação de conceitos que permitirá o registro da experiência
humana ligado ao questionamento da arte e de suas próprias condições de
produção.Para isso, práticas diferentes e, ao mesmo tempo, convergentes, (evidentes
em um percurso dentro do Departamento de Artes Visuais, onde se frequenta tanto
ateliês com “cheiro de terebentina” quanto laboratórios “inodoros” de arte computacional
e salas de aula teórica), sinalizam que não há um estilo nas tentativas de construir um
universo estético, mas uma necessidade formal própria na fabricação de novas
realidades, pela expressão do gesto artístico de cada um. Nessa exposição,
independentemente das obras apresentadas demonstrarem um alinhamento a linguagens
e suportes tradicionais, como o desenho, a pintura, a gravura ou a escultura, ou aquelas,
produtos de instalação ou performance, ou ainda, aquelas que são frutos da tecnociência,
em obras interativas, elas são as expressões de modo real, poético, virtual e muitas
vezes, visionário que fabricam novas realidades e se propõem à troca de experiência
estética, idéias e reflexões com o público.
Grace Maria Machado de Freitas - doutora em Artes pela
Universidade de São Paulo, pós-doutora pela Ecole des
Hautes Etudes en Sciences Sociales, EHESS, França. Exdiretora do Instituto de Artes, atua como professora no
Departamento de Artes Visuais da UnB.
Assim, o observador poderá percorrer um desenho nessa mostra Humano-Pós Humano,
em duas linhas que se complementam e se entrelaçam, esboçando tantas outras que
podem delas derivar, traçando, principalmente, a corporiedade e a territorialidade, o
corpo inscrito em uma superfície e em um espaço-tempo determinados. Nesse traçado,
são as obras que colocam questões - respondidas por elas mesmas -, pelas idéias
singulares e diversas com as quais são criadas. Em suas matérias e formas, elas
informam. Por um lado, mostram e apontam para a necessidade de compreender o que
acontece com o corpo humano – e seu potencial pós-humano –, estilhaçado pela
globalização ou desumanizado pelo recurso à bio-tecnologia-, à sua redefinição,
fragmentação, animalização, maquinização, sensorialidade, sexualidade, dissolução e
morte. Por outro lado, o território onde esse corpo se inscreve, move, habita, contata e
penetra os espaços da paisagem, real ou imaginária, do urbano ou arquitetônico ou
mesmo o da subjetividade, ou até aos territórios que se estendem pela amplitude virtual
ou por um continuum cósmico. Esse é o desenho de algumas das linhas discursivas
expostas à percepção desejante, capazes de inovar a nossa faculdade de imaginar os
múltiplos modos de vivenciar o encontro com uma experiência estética que cria novas
emoções e sentidos através das obras que estes artistas oferecem à Brasília.
Grace Maria Machado de Freitas
crítica de arte
CRÍTICA DE ARTE
Esta exposição aproxima o universo da arte de algumas das reflexões que se
imagina serem mais pertinentes aos campos das ciências e das tecnologias. Não fosse
a arte capaz de penetrar e ultrapassar barreiras, avançar, infiltrar-se e subverter as
destinações mais insondáveis de outros campos do conhecimento, quando não aqueles
provocados por ela própria – conforme vem demonstrando ao longo de sua história –, a
sua capacidade de se antecipar, espacializando e tornando visíveis elaborações fulcrais
para a humanidade, só posteriormente concretizadas, já tornaria essa questão de
pertinência por sí só, inadequada. Trata-se aqui, no Centro Cultural Banco do Brasil, de
provocar, através da experiência estética instaurada pela produção artística – material
e imaterial –, ora apresentada, diferentes modos de se perceber a contemporaneidade
e o papel do indivíduo com relação a questões específicas da arte e da vida atuais, ricas
de reflexão e prazer. É com esse propósito que o Instituto de Artes da Universidade de
Brasília reúne artistas de diferentes formações em torno de técnicas e linguagens
autônomas, para expor suas idéias sobre temas que atravessam, inquietam e perturbam
a vida no século 21.
CORPO
HUMANO-PÓS-HUMANO
22
–
Miguel Simão
Sem Título
pedra granitada em talha direta
Miguel Simão trabalha materiais tradicionais da escultura como a pedra, o barro, a
madeira e o ferro, além da espuma e outros elementos, tais como suas próprias
ferramentas, em construções metalinguísticas. Forjando e cinzelando esse material,
percorreu questões pertinentes à modernidade, modelando uma linguagem sustentada
em contrastes – duro/macio, cheio/vazio, peso/leveza, quietude/movimento -, traduzidas
em dimensões ora quase monumentais, ora em pequena escala, demonstrando uma
visão das qualidades estruturais da escultura e de seus pressupostos. De imersões
em viés, no surrealismo e no minimal art, retirou algumas das questões que sustentam
seu trabalho escultórico. Colunas e a série Sapatos, nas quais evidencia
representações fálicas e fetichistas, resultaram em propostas com as quais o escultor
reflete sobre sua criação. Para esta exposição o artista elaborou uma escultura em
pedra granitada – que guarda surpresas de sua própria conformação, descobertas
durante o processo de seu ato escultórico - , homenageando, em parte, o Balzac, de
Rodin, em seu volume brutal. Em sua configuração externa, estabelece tensões entre
superfícies lisas, acolhedoras ao tato e ásperas, ao mesmo tempo em que sobrepõe
à forma geométrica uma forma orgânica, estabelecendo uma relação em seu
funcionamento. Contornando e tocando o seu volume fechado e encurvado, o
espectador descobre um pequeno volume produzido pela própria escavação na pedra,
de outra coloração e brilho na parte frontal e lisa da escultura, cujo aspecto o
compele a uma atitude de voyeur e de toque, na medida em que ela se mostra nas
entranhas do material esculpido. Quem espia, vê e toca uma forma que alude ao sexo
feminino, provocando uma outra tensão no interior da escultura, entre o brilhante e o
opaco. Pedaços fragmentados do corpo humano, masculino e feminino, um e outro
ou, um no outro, deixam-se ver, abrem e denotam a passagem de uma identidade à
uma outra, afirmando-a, negando-a, deslocando-a ou conjugando-a. Assim, essas
formas adquirem valor de metáfora que se remete à dessacralização da sexualidade,
objeto recorrente da arte atual, transferindo-se para a ordem do social, na perda de
sua estatura arquetípica. Ao espectador, provocado pela força explícita do trabalho
que o artista propõe, cabe a escolha entre a atração, a repulsa ou a inquietante
estranheza que dela transparece.
Miguel Simão – artista e professor de escultura no
Departamento de Artes Visuais da Universidade
de Brasília, foi Coordenador de Artes Plásticas da
Casa de Cultura da América Latina de Brasília.
Participou de diferentes exposições, tais como: 3
Artistas 3 Praxis, escultura, no Centro Cultural
Brasil Espanha; Coletores, no Centro Cultural do
Banco Central, entre outras.
CORPO
Nelson Maravalhas
Transposições no Huysmans O Porco Uiva para o Sol
Pintura a óleo
A pintura de Nelson Maravalhas traz um caráter de constância em toda a sua trajetória
de artista plástico: a sua expressão hipnagógica. Trata-se de visões que são
capturadas durante o estado de vigília, situado entre o sono leve e o sono profundo e
que podem ser conduzidas e elaboradas até a sua definição. Não são sonhos, conforme
o surrealismo trouxe para a pintura, abordando a emergência do inconsciente. Nesse
caso, são os efeitos físicos e sob controle que estabelecem imagens em relação
àquilo que o cérebro concebe. Dessa maneira, o artista desenvolve pinturas com as
quais estabelece uma relação particular de estranheza.
HUMANO-PÓS-HUMANO
24
Para esta mostra, Nelson Maravalhas expõe um díptico, trabalhado durante alguns
anos, onde evidencia esse caráter. Em ondas que fluem e refluem, descreve as
transposições textuais em transposições pictóricas, traduzidas em uma literalidade
cheia de dubiedades e, como em todas as traduções, comete traições – onde se lêem
substituições e deslocamentos -, para aí se inscrever e propor a sua própria poética.
De um lado do díptico, uma escritura sobre a tela pautada e previamente preparada
com tons de um velho caderno, descreve a situação de uma personagem angustiada
de um texto de 1884, de Joris-Karl Huysmans em uma narrativa de sentidos
exacerbados que, repelindo a arte contemporânea, adquire uma obra-prima que lhe
proporciona inesgotável prazer. Essa obra-prima é esta, no lugar da outra, de Nelson
Maravalhax, a pintura intitulada Um Porco Uivando para o Sol.
Essa trama simbolista, traduzida desde o holandês para o alemão e inglês é, finalmente,
o jogo de um quase palimpsesto incorporado pelo artista que a transpõe, substituindo
lugares e obra-prima em português e a seu universo pictórico, de onde pretende
devolver para o escritor um lugar que nunca teve na família – holandesa: o de pintor,
onde todos eram pintores. Do outro lado do díptico, Nelson Maravalhax assume suas
visões compartilhadas de pesadelos complicados, nos quais, sustentado em um
referencial que aborda, além do transposto A Rebors (Dorian Gray, Gustave Moreau
e Salomé), George Orwell e 1984, um século depois da data assinalada nessa pintura,
engendra um poderoso complexo de traduções: da animalidade condensada pelo
fragmento do corpo masculino, um órgão sexual assimilado ao porco, às sinalizações
de todos os outros elementos da composição – árvore e jarro, simulações do feminino,
em um lugar não-familiar -, fazem emergir um delírio de literalidades eróticas transpostas
de fantasias eruditas e sinistras visões, apontadas diretamente para o sistema nervoso
do espectador remetendo-o, conforme desejo explicitado por ambos os textos, o
literário e o pictórico, a raptos de prazer. O artista traz para o futuro a reciclagem
obsessiva do passado, em um momento aparentemente interminável de nostalgia, no
retorno a uma época de mestria: o ontem no reino imaginário do presente.
Nelson Maravalhas – PhD em Teoria e História da Arte pela University of Kent
at Canter-bury,Inglaterra. Professor do Departamento de Artes Visuais da UnB.
Como teórico de arte sua tese de doutorado intitulada Hypnagogic Imagery and
Psychotic Outsider Art – A Study of Form-Constant and Visual Properties,
focalizou a arte marginal dos psicóticos sob a óptica das imagens mentais,
particularmente das hipnagogicas. Como artista plástico participou de inúmeras
exposições, tais como Onde está você, geração 80?
TERRITÓRIO
HUMANO-PÓS-HUMANO
26
Pedro Alvim
Língua
técnica mista
O artista Pedro Alvim traz para a sua linguagem pictórica preocupações relacionadas
à sua dupla formação, em filosofia e artes plásticas, no desdobramento de sua atividade
profissional em uma prática pictórica e na teoria que lhe é concernente. Desenvolvendo
propostas que, por vezes, apontam para uma certa nostalgia de apagamento de um
passado metafórico, primitivo, estende-as em função de algumas hipóteses que se
aplicam em diferentes níveis de seu trabalho. Entretanto, isso não significa que sua
pintura, de efeito único e irredutível a outras linguagens, seja elaborada em termos da
história da arte mas, sim a partir da interioridade contida na própria disciplina. Essa
postura se evidencia em sua produção pictórica na qual o artista dispõe ao espectador
leituras plurais através de combinatórias formais e cromáticas aí instauradas. Nesta
exposição, o artista Pedro Alvim mostra uma pintura singular trazendo em sua espessura
os dois aspectos do suporte: o verso e o reverso, bem como uma tensão bi-polar entre
a posição vertical e a horizontal. Estabelecendo uma relação espaço-temporal
específica, trabalha ambas as superfícies com procedimentos inabituais. Apropriandose de trabalhos anteriores, de pequenas dimensões, acrescenta papel craft e letras,
espalha-os e os aplica em colagens sobre o suporte, sobrepondo-as à pintura feita no
fundo, resultando em camadas que mostram os vestígios daquilo que foi bloqueado e
o que transparece a partir de seu reverso. Do agenciamento, encontros e combinações
que Pedro Alvim institui em sua pintura, surgem a conjugação, a oposição e a
contradição de forças que vêm da reunião de todos esses elementos. Dessa maneira,
o artista multiplica a sua intensidade, provocada pela saturação de dispositivos ora
temáticos – natureza-morta, paisagem, figuras -, ora abstratos e caligráficos. Integrados,
contaminam-se na superfície do avesso e do direito, produzindo um terceiro aspecto
causado pela translucidez, ou seja, o atravessamento, pelo pictórico, daquilo que é
revelado pela luminosidade na espessura entre verso e reverso.
Pedro Alvin – Doutor em História da Arte pela Universidade Paris I Pantheon-Sorbonne, Paris, França. Professor do Departamento de Artes
Visuais da UnB. Tem participado de exposições e congressos na área, tais
como: Exposição Contemporânea Brasília, Galeria Arte Futura; Exposição
Millenium, Galeria Debret, Paris; Encontro da Associação Nacional de
Pesquisadores em Artes Plásticas, entre outros.
CORPO
HUMANO-PÓS-HUMANO
28
Illana Koling
Animais Mortos nas Estradas
técnica mista
A artista Illana Koling fez a sua escolha pela linguagem da pintura e nela faz
transparecer a sua passagem através de questões básicas colocadas pela
modernidade. Absorvendo uma ampla escala cromática, trabalhou conceitos da
abstração e da figuração, plano e espaço, colagem e montagem, assim como
experimentou na vídeoarte, novas formas de expressão. Rebatendo sua paleta,
encontrou na monocromia e na oposição do preto e do branco um meio de enfatizar as
suas representações. Para essas, os fatores que suscitam seu interesse são das
mais variadas origens – a subcultura, a cultura trivial, a ecologia, o reino animal- ou os
modelos da história da arte. Sua pintura se torna ao mesmo tempo, expressão de uma
reflexão que aborda uma temática de amplo espectro e a crítica da análise de suas
possibilidades artísticas e sociais. Animais Mortos na Estrada é parte de uma série
desenvolvida pela artista. Nesta exposição Illana Koling mostra um tríptico e uma
pintura com relevo, com os quais elabora o seu pensamento pictórico com relação ao
espetáculo macabro vivenciado em suas freqüentes viagens pelo Centro-Oeste. Com
a polarização do preto e do branco constrói uma narrativa dramática subjetivando sua
reação diante de tal massacre que é, ao mesmo tempo, freqüente e indiferente para
os viajantes. Durante um lapso de tempo, a artista flagrou animais atropelados, em
imagens de vídeo e fotografia, trabalhando-os em linguagens diversas. Essas pinturas
mostram em seqüência, pontos cegos - produtos tanto da intensa luminosidade da
região quanto da própria cegueira dos passantes -, trabalhados em relevos brancos
que emergem em respingos diagonais de restos e sangue, margeados por tom negro
em movimentos ondulantes, pastosos e eloqüentes. A pintura lateral, sobre a superfície
em preto, traz um relevo de pêlo sintético, junto ao branco da sinalização rodoviária na
representação, reforçando a idéia da extinção da fauna produzida pela industrialização
e pelo progresso. Dessa maneira, a artista Illana Koling demonstra que a abstração,
longe de seu uso corrente ou autoreferencial, pode fazer valer, em sua articulação
quase monocromática, discursos outros, que só a arte pode provocar.
Illana Koling – bacharel em Artes Plásticas pelo
Departamento de Artes Visuais da Universidade de
Brasília. Atualmente trabalha em Paris, França.
TERRITÓRIO
Sílvio Zamboni
Todas as Cidades
instalação, fotografia digital
Sílvio Zamboni instaura uma reflexão sobre a arquitetura de cidades
brasileiras, que funcionam como cenas da história, memória ou utopia, cidades essas
que são simulacros recorrentes de uma iconografia barroca ou imperial. Essa iconografia
é trabalhada em ângulos fragmentários e luz criteriosa em imagens digitais captadas
pelo artista que, como um flâneur, passeia, registra e sublinha com sua ótica, a marca
da passagem do humano, sua linguagem arquitetônica e restos de vida em espaços
artificialmente construídos.
O seu foco é a sua relação com a cidade e a maneira pela qual se deixa afetar, ora pela
configuração de edificações, ora por traços e ações que a presença humana provoca,
atraindo o visor da sua câmera. Nesta instalação, convida o espectador para que, a
partir da imagem iluminada em backlight de um Marco Zero, Km 0, para “Todas as
Cidades”, participe de seu olhar, sob pontos de vista diversificados - do chão, rodapé,
soleiras, portas e janelas, muros e calçadas até cumeeiras e torres - e estabeleça
seu próprio percurso.
HUMANO-PÓS-HUMANO
30
Nesse retalho de cidade espetáculo que é extraído pelo olhar do artista, emerge a
questão de sua visibilidade e figuração nos detalhes, recortados de seu espaço e
tempo, sempre apreendidos do lado externo, da rua, lugar do passante. Imagens de
memórias vivas atravessam muros e pedras, como os musgos e vegetações que
crescem através de suas fendas e fissuras, insinuam-se pelo braço apoiado na
janela, pelo exercício de ofícios banais, pelo transformador da rede elétrica que acende
e ilumina os lapsos e ofuscam os esquecimentos.
Cidade como realidade, imagem e símbolo para seus habitantes e para os passageiros,
depositária de uma memória ou de uma utopia, presentes no imaginário brasileiro, é o
que o artista Sílvio Zamboni coloca como reflexão para os passantes que viagem pela
sua instalação.
Sílvio Zamboni – doutor pela Escola de Comunicação e Artes da USP. Professor do Departamento
de Artes Visuais da UnB. Foi presidente da Associação Nacional de Artistas Plásticos. Publicou
os livros A Pesquisa em Arte - Um Paralelo Entre Arte e Ciência; Poesia Visual e Pirenópolis:
Pedras Janelas Quintais. Expôs em eventos, tais como Maior ou Igual a 4D, no Centro Cultural
Banco do Brasil; Foto Arte, em Brasília, entre outros. Ex-presidente da Associação Nacional de
Pesquisadores em Artes Plásticas.
CORPO
Corpos Informáticos
Ponto Cílios
Vídeoarte (performance em telepresença)
O objeto focado pela pesquisa da artista Bia Medeiros é o corpo. Junto aos
sucessivos grupos por ela constituídos, sempre preservando o núcleo original, situao no universo de uma comunicação efetiva, principalmente em performance,
possibilitada tanto pela telepresença quanto na produção de performances para vídeo,
além da prática de outras linguagens da arte propiciadas pela tecnologia, como a
vídeoarte, a vídeo instalação e a fotografia, assim como a exploração da Internet como
campo artístico.
Como grupo “Corpos Informáticos” atua na expansão da noção de subjetividade – o
nós -, tornando-a interdependente, abrindo-se tanto à participação do público quanto
à sua inserção em outros grupos, principalmente quando se trata de performance em
telepresença. Nesta mostra, o espectador poderá experimentar a representação de
uma de suas propostas, intitulada Ponto Cílios, através do vídeoarte realizado a partir
dessa performance. O ambiente fechado de uma sala que se prolonga em um jardim,
previamente determinado em um software de sala, com endereço e tela com janelas,
transforma-se em um ambiente planetário, onde convidados on-line são instados a
co- participar da ação proposta, marcada para acontecer a tal dia e a tal hora,
levando-se em conta o fuso horário.
HUMANO-PÓS-HUMANO
32
Uma outra dimensão, de tempo-espaço-movimento e sensações interativas, decorre
daí, com fronteiras difíceis de se estabelecer, às vezes, ilimitadas. Uma ação se inicia.
O corpo de uma performer é desenhado em relevo, com linhas configuradas por cílios
recortados em papel, sobrepostos à sua pele em vários sentidos, investindo-lhe de
um caráter de animalidade.
A partir de seus movimentos ondulantes, retorcidos e contorcidos, faz-se contaminar
por um tornar-se animal com pele, pêlos, couraça e instinto, identificando-se com as
forças telúricas desse reino. Diálogos de sons e imagens são enviados e recebidos.
Cada participante produz a sua própria poética e tem controle sobre a sua própria tela.
Então, a partir daí, quem sabe o rumo das naus errantes?
Bia Medeiros – doutora pela Universidade Paris I - Pantheon-Sorbonne, Paris,
França. Realizou pós-doutorado no College International de Philosophie, CIPH,
França. Professora do Departamento de Artes Visuais da UnB. Pesquisadora
do CNPq. Publicou o livro Aisthesis: estética, educação e comunidades. Tem
participado de exposições e congressos, tais como: II e V Bienal do Mercosul;
Cinético_Digital no Itaú Cultural; Maior ou Igual a 4D, entre outros. Foi
premiada no Salão Piracicaba, prêmio aquisição; bolsa Virtuose do Ministério
da Cultura. Ex-presidente da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes
Plásticas. É coordenadora do grupo Corpos Informáticos.
TERRITÓRIO
Terezinha Losada
Série Vermelha
lápis de cera sobre papel
A artista Terezinha Losada explora os espaços de Brasília e os submete
a um tratamento pictórico sobre superfícies diversas. Suas pinturas sobre tela ou
cartão, em cores contrastantes ou na utilização de gamas que vão dos brancos aos
cinzas, trazem a relação que se estabelece entre o habitante da cidade, o espaço
urbano, vias, tesourinhas e eixos e a arquitetura de morar, seus interiores, cantos e
ambientes. Constrói suas pinturas com a cor, em gestos largos que reorganizam a
superfície, ora em contrastes, ora harmonizando as tonalidades, reproduzindo ruídos
e velocidade em frações de tempo e em recortes de espaço.
A série de desenhos, em contraste com suas pinturas, trazem um grafismo com traço
contínuo, quase que riscado com uma só respiração, imprimindo o percurso de sua
mão livre que se deixa perceber ora com precisão, ora transmitindo a sensação de
titubeante ou indecisa sobre a direção a seguir pela qual o espectador percebe que
nada ali vai ao acaso.
HUMANO-PÓS-HUMANO
34
Em seu rastro, tratando-se de transmitir um efeito, marcar um contorno, revelar um
sentido ou modelo de uma operação, a linha, trabalhada em giz branco sobre suporte
vermelho, ilumina os efeitos distorcidos ou anamórficos de detalhes fora de escala,
retirados de algum tratado de uma geometria empírica e pessoal, incorporada pela
experiência de conviver no espaço arquitetônico e urbanístico brasiliense. Contornos
são delimitados, contingenciando o espaço interno da superfície, desenhados sob o
reflexo da luz artificial.
Para essa série, essas fotografias, produtos da mão e da percepção da artista,
Terezinha Losada afirma: “neste trabalho apresento a luz, reduzida a elemento gráfico,
como único habitante de uma ilusória arquitetura de interiores”, colocando o espectador
diante da ambigüidade da proposta apresentada.
Terezinha Losada – doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicação e Artes de São Paulo e Roehampton
University em Londres, Inglaterra. Publicou o livro O artífice, o artista e o cientista: uma análise sobre a
arte e o artista de vanguarda. É professora do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília.
Atua em projetos educativos para exposições de arte e tem participado de eventos e congressos, tais como:
Congressos anuais da Associação Brasileira de Artes Plásticas; exposição Como vai você geração 80,
realizada no Parque Laje, Rio de Janeiro; Living e Via BsB, em Brasília, entre outros.
TERRITÓRIO
Cíntia Falkenbach
Cerrado
gravura em metal, água-forte e ponta seca
O ato de incidir em superfícies é a prática artística ancestral que sobrevive na
história da humanidade e, contemporaneamente, o fato de conviver com impressões
geradas por alta tecnologia ou suportes outros que não o papel, não significa que a
gravura, tal como surgiu, tenha perdido espaço. Ao contrário, a sua produção,
sobretudo no Brasil, vem aumentando e se disseminando. Cíntia Falkenbach é gravadora
e trabalha com esse legado - em xilogravura e em metal - com a percepção da
importância de se olhar, na atualidade das produções artísticas, a representação do
elemento não atual, onde muitas temporalidades se juntam, anacronicamente.
Nesse sentido, demonstra, também, que não somente a gravura seja sobrevivente
nessa história, mas que a representação da paisagem, gênero da história da arte,
séculos após a sua invenção é um objeto a ser usufruído, tanto pelo artista, quanto
pelo espectador. Da mesma maneira, como motivo para a arte, a natureza é fonte
inesgotável e, quando tomada como tema, pode responder a nossas próprias
necessidades para estabelecer uma relação com ela e conosco mesmos. Para esta
mostra, a gravadora Cíntia Falkenbach expõe uma série de gravuras em ponta seca e
água tinta, onde explora e perscruta a natureza do cerrado. Nessas, a artista trabalha
a matriz de metal, in loco, elaborando um continuo espacial com unidade orgânica
própria, retirando da paisagem seus elementos constitutivos: documenta-os,
descrevendo-os e retratando-os.
HUMANO-PÓS-HUMANO
36
Vistas em plongé mostram a vegetação espinhosa que ela traduz de maneira cortante
em seu traço, relevos e pedras que adquirem um valor de massa suavizada, bem
como vestígios do humano que se deixam entrever em construções, ao longe. A
artista reproduz uma visão que carrega a memória de um lugar e de um momento
ainda pouco domesticado pelas atividades invasoras de empreendimentos turísticos
trazendo, com a força sutil de suas gravuras, a beleza da paisagem onde ela se
inscreve, inscrevendo-nos.
Cintia Falkenbach – mestre em Arte pela Universidade de Brasília é professora do Departamento de Artes
Visuais onde leciona as disciplinas de Introdução à Gravura e Calcogravura. Tem trabalhado com
documentação artística do cerrado há vários anos, além de desenvolver pesquisa em questões ligadas à
memória, à imagem, à escrita e ao livro no âmbito da História da Gravura. Participou do Encontro
Internacional da Associação Nacional de Artistas Plásticos, Impressões Brasilienses, na Aliança Francesa
de Brasília e Galeria Arte em Papel, entre outros eventos.
TERRITÓRIO
Elder Rocha
Pisces Notius
pintura-instalação
Elder Rocha constrói seu caminho nas artes plásticas - na pintura, mais
especificamente -, sem temer os desafios aos quais se propõe, enfrenta e domina.
Dialoga com o passado e com a contemporaneidade, experimenta e se arrisca em seu
território pictórico, na concepção de uma obra pessoal.
Utiliza-se de múltiplos suportes e de uma ampla escala cromática para elaborar
combinatórias que são expandidas em séries. Estabelece sentidos, sempre
polivalentes, na provocação que produz para o encontro que marca com o espectador
e suas propostas pictóricas, através de um apelo ao olho, à imaginação e à memória.
Pisces Notius é o título instigante que o artista dá a este seu trabalho, nesta mostra.
Trata-se do nome de uma constelação, obtida de um antigo livro de astronomia.
Reunindo materiais heterodoxos, trabalha com objetos apropriados de um universo
que se relaciona a seu interesse pictural, tais como tacos de madeira, bonequinhos de
borracha, bolhas de acrílico, retalhos de tecido xadrez ou listrado, pintados a óleo e
silicone, remetendo-se a propostas legada pela pintura modernista. Com esses
elementos, transformados pelo seu gesto, o artista formata um grupo estelar em
figuração e movimento nada convencionais, apresentando um espectro de luz e brilho
espaciais, em oposição às superfícies opacas, construindo uma materialidade pictórica.
HUMANO-PÓS-HUMANO
38
A partir daí, o espectador é acolhido em um território ambíguo, pleno de paradoxos, no
deciframento de códigos opostos e articulados que vão desde uma situação terrena,
doméstica, evocada pelos tacos e retalhos de tecidos – piso e toalha de mesa xadrez,
com manchas abstratas -, até a memória infantil guardada nos brinquedinhos nada
inocentes, à contemplação das galáxias e corpos celestes que se abrem à imensidão
de significados que só a obra de arte pode engendrar: “Ora, direis, ouvir estrelas!”.
Elder Rocha - mestre em pintura pelo Chelsea College of Art and Design, Londres.
Professor do Departamento de Artes Visuais da UnB. Tem realizado várias exposições
individuais e coletivas, destacando as seguintes: Heterodoxia, MUMA, Curitiba; Salão
Nacional de Arte de Goiás; 5º Prêmio Flamboyant, sendo um dos cinco artistas premiados;
9º Salão da Bahia MAM/BA; Rio Arte Contemporânea MAM/RJ; Des(re)conhecer ECCO
Brasília, Gentil Reversão CCBB / Brasília, Prêmio Brasília de Artes Visuais, Fundação
Cultural do Distrito Federal, entre outras.
CORPO
HUMANO-PÓS-HUMANO
40
Gê Orthof
Instrumentos para aferir vulnerabilidades: órbitas keplerianas
Instalação
Por meio de instalações e de ações performáticas, o artista Gê Orthof
vem propondo diálogos nos quais o espectador é instado a entrar em um universo
sensorial e conceitual onde ele se percebe capturado, em dificuldade para sair. No
entanto, se ele fica de fora, só olhando, curioso, a diversidade de dispositivos
agenciados, poderá admirar o mero aspecto do trabalho mas, imprevisivelmente, será
seduzido por armadilhas. Tratando temas tão diversos quanto os da vida contemporânea
- sociedade, utopia e barbárie, ética e estética, público e privado, vida/arte/arte/vida,
o artista Gê Orthof cria narrativas que contêm, ardilosamente, elementos de contos
infantis, tais como o maravilhoso, as astúcias, os assombros e encantamentos. Essas
assumem tal poder de envolvimento que, para o fruidor, torna-se impossível vivenciálas sem incorporar alguns códigos de valores constantes e de valores variáveis que
são trabalhados em suas instalações, dissimulados por estratégias lúdicas.
Instrumentos Para Aferir Vulnerabilidades: Órbitas Keplerianas é a obra exposta nesta
mostra. Trata-se da configuração de valores que delimitam três espaços: um é
preenchido por pratos trancados com cadeados, outro por caixa com invólucro
retangular de acrílico contendo elementos coloridos, um livro e cartões com anotações,
um outro, ainda, circunscrito por um carrinho de mão com caixas, livro, bolsa, fones e
objetos-escultura de metal e borracha, ganchos, luvas, além de uma roupa de pele de
cordeiro espetada por pequenos tubos, recheada de calombos coloridos acrescida
de um órgão sexual, metade anéis de cascavel, metade pênis, exposto. A pluralidade
de signos que aí entram em jogo funciona tanto entre eles mesmos quanto no
relacionamento que aí se dá, quando entram em rotação pela performance, in progress,
que o artista desenvolve ao longo desta temporada. Investido de seu parangolé singular,
Gê Orthof assume o aferimento de vulnerabilidades para sí próprio e para o público,
circulando com o carrinho, tocando o espectador com as pontas de seus instrumentos
escultóricos - extensões do próprio corpo -, tensos e moles, para depois, deitado
dentro da caixa, mostrar-se ouvindo, lendo, escrevendo ou desenhando com sua
respiração. Dos movimentos e deslocamentos dos instrumentos, variações e
remanejamentos se produzem. Na associação que o artista propõe de dois pensadores,
Kepler e Freud, que instituíram cortes radicais no pensamento referente à crença na
solidez inabalável seja da física ou do humano. Nessa instalação, por meio tanto de
sua performance hiperbólica ou elíptica, quanto pelo livro que lê – A Vida Amorosa de
Rodolfo Valentino –, assim como o fone com sua própria fala, barrada para outros que
só ele ouve, Gê Orthof enreda o espectador em um mundo de fantasias, sexuais ou
não, que podem conduzí-lo à múltiplas sensações. Dos valores constantes aos
variáveis, em função de novas combinatórias, Gê Orthof instaura uma experiência
estética que pode levar o espectador à descobertas e gozos através daquilo de
vulnerável que o artista apresenta e da vulnerabilidade do público que o profana em
sua intimidade, olhando-o e sendo olhado.
Geraldo Orthof – Doutorado em Visual Arts & Art Education in College Teaching pela Columbia University, New York, EUA.
Realizou Pós-Doutorado na Tufts Uniuversity, School of The Museum of Fine Arts, TUFTS/SMFA, Estados Unidos. Professor
do Departamento de Artes Visuais da UnB. Principais prêmios: Prêmio Ibero-Americano à Excelência Educativa, indicação,
Consejo Iberoamericano en Honor a la Calidad Educativa, Peru; bolsa de Viagem ao Exterior, CAPES; Cinco Melhores
Exposições do Ano, curadoria, Jornal Correio Braziliense; Visiting artist/ scholar award, Penn State University, EUA, entre
outros. Participou da exposição Gentil Reversão, Centro Cultural Banco do Brasil, entre outras.
TERRITÓRIO
HUMANO-PÓS-HUMANO
42
Vicente Martinez
S.Q.S. 105
Instalação
Algumas idéias circulam na obra do artista Vicente Martinez de um modo
quase intermitente, mesmo na diversidade de sua concretização. Trata-se de sua
relação com a sociedade, a autonomia da arte e a autoridade, desenvolvida durante o
período da ditadura, quando, junto ao grupo ex-cultura, fazia intervenções na cidade
de Brasília e seus monumentos, ou elaborava desenhos com forte cromatismos, em
figuração narrativa de proximidade com a pop art , expressando seu mundo de
subversão ou êxtase. Dialogando com outros movimentos modernos, sua pesquisa o
conduz a um trabalho no qual, assumindo questões apropriadas do minimal art,
estabelece outras relações com o espaço, a luminosidade e a experiência aí vivenciada
pelo espectador, extraindo da linha, articulada pelas possibilidades da película de fita
durex, um amplo repertório de propostas in situ.
Assumindo o ready-made com a película-tubo-de-tinta, o artista se insere no território
da liberdade aí implícito, filiando-se às propriedades pictóricas, conceituadas dentro
das propostas duchampianas. Sua instalação, SQS 105, reúne várias questões que
sintetizam o percurso feito pelo artista, que se classifica de moderno. Trabalhado na
horizontalidade, um xadrez em paviflex se sobrepõe, através de descontinuidade, a
um subsolo semi-aberto, sinalizando para um jogo de exposição e ocultação - aquilo
que é mostrado e aquilo que se esconde -, cabendo ao espectador optar pela
visibilidade ou pela evidência sensível. Sobre o tabuleiro, Vicente Martinez agencia as
suas peças: balões de cores primárias e secundárias, como o ready-made tubo de
tinta em formas orgânicas e sensoriais, um livro, Cem anos de solidão, movimentado
por um ventilador, neons coloridos e spots que iluminam e colorem o solo e o subsolo,
cacos de pratos, um prato com pigmentos e joguinhos de montar.
Produtos de uma escolha, esses objetos têm uma presença que obedece a
determinações mais imediatamente simbólicas ou convencionais, pitorescas ou alusivas.
Humor e ironia entram aí, em parceria, através de conjugações lúdicas. Se o espectador
se furta de fazer ou descobrir citações para constatar que a alegria desses achados
é fugaz e insuficiente, descobrirá que no jogo proposto, a experiência é estética e, por
isso, mais urgente e relativa do que a reavaliação de suas referências. Aqui, como o
artista propõe, é a espécie contemporânea de conversa íntima e universal que pode
ser arrematada com um xeque-mate, entre Vicente Martinez e jogadores, livres de
qualquer autoridade, nessa instalação.
Vicente Martinez – doutor em Comunicação e Semiótica
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Professor do Departamento de Artes Visuais da UnB.
Recebeu os seguintes prêmios: Menção Honrosa, V Salón
de Arte Joven, Universidade Jorge Tadeo Lozano, Cartagena
de Indias, Colombia; Premio Aquisição, 8º Salão Nacional
de Artes Plásticas / Fundação Nacional de Arte (Funarte),
Rio Janeiro, entre outros. Tem participado de exposições e
eventos, tais como: Armadilhas para poeira e luz, Centro
Universitario Maria Antonia, São Paulo; Arte Latinoamericana, Memorial da América Latina, São Paulo. É
coordenador de Artes Plásticas da Casa de Cultura da
América Latina de Brasília.
CORPO
Sérgio Rizo
Educação de Lúcifer
técnica mista
O alicerce sobre o qual o artista Sergio Rizo constrói sua carreira consiste
em um sólido aprendizado. Nesse, afirma a prática de uma linguagem tão difícil como
a da pintura, constantemente assumindo o desenho como meio de trabalhar idéias ou
como finalidade em si, incorporando conceitos que a modernidade transmite como
legado. Em imersões tanto na abstração quanto na figuração, elabora uma obra pessoal
e forte, tratando de questões singulares, atuando com os códigos da cor e da textura
em suas pinturas gestuais, ou estabelecendo imagens orgânicas, mecânicas e
anatômicas em seu trabalho mais recente.
HUMANO-PÓS-HUMANO
44
O monumental tríptico Educação de Lúcifer que o artista Sérgio Rizo expõe nesta
mostra, traz uma estrutura narrativa que pode funcionar autonomamente, em cada
unidade, ou no próprio conjunto. Esse, revela uma coreografia atormentada onde a
figura quase humana de uma espécie de anjo cibernético – um humanóide -, é apreendida
e flagrada em movimentos pesados que apontam para uma precipitação atraída pela
força da gravidade terrestre. Um estranho maquinário com mecanismos anatômicos,
como ossos de costelas e músculos, são acoplados e incorporados à figura,
homenageando Moebius, em um ambiente de limbo, lugar suspenso em um mundo sem
fronteiras ou limite, saturado em um ar enevoado, nem claro, nem escuro, nem passado,
nem presente. Colocando a estética clássica fora de si, na medida que a subverte em
tonalidades rebatidas, trabalhadas com rodo e espátula, as figuras recebem um
tratamento de contornos definidos por uma técnica particular de desenho em carvão
com cola, e todo o tríptico conduz o olhar do espectador, vertiginosamente, para baixo,
onde o ponto de fuga de uma perspectiva recompõe sua unidade, aparando a sua
própria queda.
Expressão dos baixos instintos humanos, o centauro (aqui em representação feminina),
figura uma mulher meio-animal-meio-humana que galopa com seus cabelos-crinas em
movimento e solta os demônios; uma figura em posição fetal, fracionada pelo movimento,
língua solta, prenuncia o início e o reinicio dos tempos. Depois da queda, a educação
propagada por Lúcifer é a da trajetória que se faz em vida, do humano-instinto-animal
ao humano-máquina-racional, em zig-zag, dentro e fora, no avesso e no direito, como
em uma fita do outro Moebius. Dissimulando outros nós de imagens que podem ser
desveladas no intricamento das figuras principais, uma por uma, como armadilhas e
seduções para o olhar, o artista insinua que, para o humano, sobre a terra e respirando
o ar, com seus instintos voltados para o alto e para o
baixo, para o nobre e o ignóbil, esse é o traçado que
lhe é dado a percorrer, per omnia secula seculorum.
Sérgio Rizo – doutor em História pela Universidade de
Brasília. Foi selecionado para a mostra do Salão Nacional
de 1990, em Brasília e, também, para representar o
Pratt Institute na exposição anual dos mestrandos das
universidades de New York, no mesmo ano, em New
York, USA.
CORPO
Elyeser Szturm
Backlight Caboclo
Objeto
O artista consolida uma obra instigante e singular em sua trajetória.
Sustentado por uma materialidade que não perde de vista os seus próprios horizontes,
sua paisagem natural ou construída, sua formação em filosofia e artes plásticas,
elabora uma sólida síntese para fazer aí convergir a sua poética.
Nesse sentido, intervém, retira ou se apropria de elementos da natureza e da cultura
do interior goiano, propondo novas e audaciosas relações entre eles. Intervenções
que cravam pregos em cupinzeiros, in situ, mantas de silicone que extraem formas de
uma arquitetura colonial, fogo que irrompe em duratex, fios que se destecem de telas
para se recomporem em linhas, cobertores retorcidos que se associam a cipós,
gamelas, bacias, gaiolas e outros materiais que, muitas vezes associados à linguagem
da vídeo instalação, apontam para a diversidade de meios utilizados na unidade que
seu trabalho apresenta. A obra que o artista mostra nesta exposição se alinha à sua
prática como parte integrante daquilo que ele denomina de sua poética cabocla.
HUMANO-PÓS-HUMANO
46
Trata-se da apropriação de uma caixa de secar carne de uso corrente em açougues
de cidades do interior, trabalhada com fotos coloridas de carne, focadas do lado de
fora da caixa, acrescida de um espelho na parte inferior e um cacho de lâmpadas de
fraca luminosidade dependuradas em um emaranhado de fios vindos de uma gambiarra.
Estabelecendo uma relação metonímica e metafórica nesse agenciamento, Elyeser
Szturm instaura um diálogo irônico com a tecnologia, na medida em que as fotos
trazem traços de uma possibilidade de composição computacional, através da tela
que é vista em primeiro plano e lhe confere uma textura digital.
Através das cores, dos contrastes claro-escuro e reflexos, o artista aponta para a
dramaticidade que domina esta instalação. Atravessado pelas luzes rebatidas no
espelho, um discurso sensível e emocionante extravasa pelos rasgos nas telas laterais
da caixa que deixam entrever a imagem da carne que um dia foi um animal, passou pelo
matadouro, foi retalhada e sangrou. Antes de sua decomposição, passa pelo processo
de secagem para a delícia de seus consumidores ou para o horror de seus protetores.
Reflexos dialéticos emergem com toda a força contida nessa obra, evocando o poder
de fogo que a arte possui para aqueles que nela ousam penetrar.
Elyeser Szturm – doutor em Esthétique Sciences et
Technologie des Arts, Université Paris VIII, U.P. VIII,
França. Realizou pós-doutorado na Universidade de São
Paulo, USP. Professor do Departamento de Artes Visuais
da UnB. Pesquisador do CNPq. Recebeu os seguintes
prêmios: Mérito Cultural, medalha Gustav Ritter, Prêmio
Conselho de Cultura do Estado de Goiás; Prêmio VII Salão
da Bahia, MAM Bahia; Prêmio XVI Salão Nacional de
Artes plásticas, Funarte; Rencontre de deux mondes,
Menção Especial, Espace latino-américain, Paris, entre
outros. Publicou em co-autoria com Fernando Cochiaralli
o livro Elyeser Szturm, Arte XXI.
TERRITÓRIO
Lygia Saboia
Homenagem à Rosácea
impressão em acetato
O percurso feito pela artista Lygia Saboia na arte vem de uma perspectiva
objetivada por um projeto longo e diversificado. Oriunda de um campo no qual os
números são o elemento fundante (a Economia), a passagem para o campo artístico
transformou-se no espaço onde a arte, resultado de um pensamento tão abstrato
quanto o da matemática, sintetizasse a expressão de sua experiência. Gravadora por
opção, aprofundou e dinamizou a linguagem da litogravura e da serigrafia – da matriz
a seu múltiplo -, elaborando em séries propostas nas quais, a partir da observação de
cenas, personagens, retratos antigos e situações diversas, construiu uma gramática
própria. Simultaneamente, trabalhando aquarelas na observação da paisagem do
cerrado, desenvolveu um código cromático e formal com os quais estabeleceu as
bases de sua criação.
Na junção de todos esses elementos, ou seja, números, matrizes, múltiplos, cromatismos
e impressões, a artista imergiu no universo da arte computacional, explorando padrões
e simetrias, os seus 17 tipos e suas translações, elaborando belas instalações. Nesta
mostra, Lygia Saboia expõe uma série de grandes impressões em acetato, reportandose à utilização de equações para a construção de rodôneas.
HUMANO-PÓS-HUMANO
48
Homenagem à Rosácea que se remete a Albers e a seu quadrado, apresenta um grupo
com rosáceas diferentes, equacionando mais um grupo delas para compor uma
imagem.À maneira de uma prova de estado de gravura, a artista faz e refaz a imagem
até encontrar a solução mais prazerosa. Estabelecendo relações plurais, apoiandose em um programa criado para essa finalidade, reinventa combinatórias no plano e
no espaço. Recortadas ou inscritas umas nas outras, as linhas e as cores demonstram
a lógica de seus traçados e a sua projeção na superfície.
Colocando as possibilidades que a sua razão poética pode retirar da curva Rodônea
de 12 pétalas, através de equações usadas para a sua construção, ou da curva
algébrica de alto grau, a artista instiga o espectador a penetrar no território da beleza
que o numérico pode oferecer, para seu próprio gozo mental e estético .
Lygia Saboia – doutora em Multimeios pelo Departamento de Multimeios da Unicamp. Professora do Departamento de Artes
Visuais, UnB. Participou de várias exposições e congressos na área de arte e tecnologia, tais como: Cinético_Digital, Itaú
Cultural de São Paulo; Maior ou Igual a 4D: arte computacional interativa; Congresso Internacional de Gráfica Digital
Unissinos, Porto Alegre; Congresso Internacional de Arte e Tecnologia, UnB, entre outros.
CORPO
Clarissa Borges
Simulacro do Corpo
fotografia digital manipulada
A linguagem fotográfica foi a escolha que Clarissa Borges fez em seu percurso
nas artes plásticas, seduzida por uma forma de arte mais diretamente ligada à realidade
- arte realista, por sua própria natureza -, com a qual pode perceber a complexidade
de relações que com ela se estabelecem . Utilizando-se de uma câmera digital e
programa Photoshop, desenvolve um trabalho que traz diversas questões que ora
são tratadas com ambigüidade, ora com ironia. Refiro-me a trabalhos realizados com
o corpo, sua fragmentação e sua recomposição dissimulada ou, como as vistas de
cartões postais que perdem sua característica de vistas com a interposição de barras
que as cegam.
HUMANO-PÓS-HUMANO
50
Da mesma forma, captou imagens de seu próprio corpo em performances solitárias,
vendo-se pelo visor da câmera, recortando pedaços para manipulá-los digitalmente,
construindo outras combinatórias, ou ainda, no registro de performances de outros
personagens, embaralhando pontos de vista para configurar outros, assim como, em
um questionamento sobre as convivências rotineiras de casais, utilizando-se de troca
de olhos, na crença que há no senso comum de que esta possibilidade seja inerente
a uma situação de compartilhamento de vida. Nesta exposição, mostra o resultado de
uma composição, operando a combinatória de três imagens enquadradas em conjunto,
intitulada Simulacro do Corpo, em preto e branco, imagens fragmentadas de um corpo
nu, masculino, deixa-se definir através de uma operação de montagem e colagem,
fontes do trabalho da artista.
O resultado coloca em jogo ausências que revelam a natureza da representação que
aí se torna simulacro, aparência, redução e signo, fragmentando a própria realidade
da fragmentação. Dobras, articulações, texturas de pêlos, pele e carne pertencem à
trama que informa sobre a imagem orgânica pela interferência distinta da ação de
sombras e luzes, expressando uma concepção de forma e volume que ressoam em
voláteis evocações visuais. Suprimindo a unidade do corpo e filtrando detalhes, Clarissa
Borges propicia a sua transformação, sua mutação e sua conseqüente abstração,
propondo novos sentidos para o espectador.
Clarissa Borges – mestre em Arte pelo Departamento de Artes Visuais da UnB. Professora da Faculdade de Arte Dulcina
de Moraes. Realizou mostras individuais e coletivas, tais como: Murais do corpo, na Casa da Cultura da América Latina; Com
os olhos do outro, no Espaço Cultural Contemporâneo; Simulacros do corpo, na Galeria do Teatro Dulcina; Deslocamentos
do corpo, no Itaú Cultural de Campinas e no Paço das Artes, na USP, São Paulo, entre outras.
CORPO
Luiza Venturelli
Homem na Janela, Mulher no Fogão e Velho
fotografia
A fotógrafa Luiza Venturelli vem de uma linhagem de artistas plásticas que se
deixam seduzir pelos meios de reprodutibilidade técnica. Seu olhar, forjado em ateliês
de Belas Artes, abriu–lhe possibilidades peculiares que só à uma artista, diferentemente
de uma fotógrafa documental ou de uma publicitária, são dadas a ver.
Enquadramentos de conjuntos ou detalhes, pessoas ou gestos, grandes planos ou
closes, lugares ou espaços, flagrantes ou poses, tudo pode se tornar motivo, tema ou
suporte para seu foco estético. Esse, retirado de conceitos tais como originalidade,
expressividade e singularidade, mesmo que pareçam contraditórios quando se trata
de fotografia, que tem no múltiplo a sua característica principal, podem se aplicar a seu
trabalho, porque aqui, trata-se do saber do olhar.
As três grandes fotos impressas que Luiza Venturelli mostra nesta exposição, trazem
situações, personagens, idéias e ambientes que são descritos e estimulam, no
espectador, a faculdade de imaginar os diversos modos de habitar o mundo e se
emocionar, a partir do que entra no visor de sua câmera.
HUMANO-PÓS-HUMANO
52
Essa escolha ocorre, como a fotógrafa afirma, “no fluxo dos acontecimentos, um
momento é paralisado e vem testemunhar o rigor de uma percepção e a relação de
formas na construção de um momento rico em sentidos”. Reflexos e texturas ou
claros e escuros são partes das categorias formais utilizados pela fotógrafa e dão
suporte a uma realidade tangível com a qual Luiza Venturelli decripta, com minúcia, o
gesto de uma pessoa, um hábito ou uma sensação, pintada de humanidade.
Luiza Venturelli – mestre pela Universidade Pantheon Sorbonne Paris 1, França.
Professora aposentada da Faculdade de Comunicação da UnB. Foi curadora da
mostra Anderson Schneider realizada no evento Foto Arte de Brasília. Participou
como fotógrafa convidada do livro Brasil 500 Anos.
CORPO
HUMANO-PÓS-HUMANO
54
Andréa Campos de Sá
e Walter Menon
Sem Título
fotos sobre mármore e vídeo
Os dois artistas, Andréa Campos
de Sá e Walter Menon mantêm uma
carreira solo, com propostas diferentes.
Entretanto, o interesse pelas questões
contemporâneas da arte, sua prática e
sua teoria, os leva, ocasionalmente, a
empreenderem uma forma especial de
co-autoria: engajam-se em idéias que
são estabelecidas em linhas gerais e,
sob segredo, cada um elabora a sua
parte para, in loco , completar ou
complementar a execução conjunta
daquilo que foi pensado Interrelacionando os objetos fotográficos de
Andréa com os desenhos, apropriações ou vídeos de Walter Menon,
os artistas assumem uma identidade
singular no engendramento de formas
para a construção de novos sentidos
em propostas de instalações.
Para Andréa Campos de Sá o século
19, desde a invenção da fotografia,
oferece uma plêiade de manifestações
bizarras e descobertas, à luz da
teatralidade, tais como a iconografia
fotográfica da Salpetrière, as fotos dos
espíritos - práticas com o espectro
luminoso -, na esfera natural e equivalente na esfera dos espíritos, assim
como fotografias post-mortem (copiadas com as cinzas do morto). Essas
imagens, ao mesmo tempo em que
passam uma idéia de realidade objetiva,
são realidades projetadas ou simulacros. É através dessa categoria que a
artista inventa uma posição identitária,
remetendo-se tanto às fotografias
cenográficas das histéricas, de Charcot, quanto às reflexões e fantasias
referentes aos espíritos, elaborando
auto-retratos explorados em fotos, no
campo da representação narrativa.
Inserindo-se e atravessando fronteiras,
limites e passagens entre a vida e a
morte, personifica uma freira, no
travestimento emblemático pertencente
à Terezinha de Lisieux, registrado em
fotos de sua época e divulgado pela
cultura religiosa de massas, através de
santinhos. A partir dessas propostas, o
espectador é convidado a penetrar em
um mundo de simulacro, onde é possível
distinguir a realidade da fantasia, que
oscila, ora para uma metáfora cristã,
ora para uma paródia crítica de personificações. Em algumas das instalações
feitas em co-autoria, Walter Menon
provoca um efeito de dessacralização
e de materialidade profana, na medida
em que, com a utilização de grafismos
e caligrafias, interpenetra os espaços
delimitados com figuras pertinentes a
erotismos oníricos, íncubos e súcubos,
saídos de algum bestiário humano.
Para esta instalação, Andréa Campos
de Sá e Walter Menon trabalharam um
sistema iconográfico na junção com a
fotografia do século 19, com a História
da Arte, através da pintura sacra de
repercussão no imaginário das massas,
e com o manifesto cyborg, de Donna
Haraway, de 1993. Por um lado, a artista
trabalha um sistema iconográfico
originado em uma linhagem de pinturas
que vêm desde a imagem medieval que
representa o Bom Pastor até às interpretações simbolistas e divulgação na
cultura religiosa.
Andréa Campos de Sá – mestre em Arte, área de
concentração Arte Contemporânea, pela Universidade
de Brasília. Vem atuando como artista em Brasília, onde
realizou várias exposições individuais e coletivas, tais
como: Xilogravuras, no projeto Prima Obra da Funarte;
Situações Brasília, no Centro Cultural da Caixa Econômica;
Centro Ex-Centro, no Centro Cultural Banco do Brasil,
entre outras.
No caso específico, reversão de
gênero – a pastora-freira –, cuidando
das ovelhas, em cenários indefinidos.
Produzidas pela simulação e signos,
estas fotos, tomadas com altos contrastes de luz e sombra, são impressas
sobre uma pedra lapidar – mármore
branco, oval –, conferindo brilho à
textura. Por esse meio, quase como o
que ocorre com o negativo, essas fotos
se apresentam como peças únicas,
confe-rindo-lhes um valor de aura, em
dupla sensação: mistério e estranheza.
Em uma seqüência narrativa, a personagem passeia com seu rebanho,
pelas cenas, representando uma
iconografia cristã, transparente a uma
realidade original. Ao lado, o artista
Walter Menon mostra um vídeo, onde
esquadrinha cada pedaço de seu
desenho filmado, liga e faz a síntese da
proposta, tanto a dos artistas quanto a
desta exposição, Humano-pós-humano, remetendo a imagem à seqüência
fotográfica e ao manifesto cyborg –
Lisa-Foo na frase grafada que estabelece a barra – surge como mito
precisamente onde a fronteira do
humano e animal é transgredida, onde
essas transgressões são vistas como
fusões poderosas, devendo ignorar o
Jardim do Éden: ele não é feito de lama
e não pode sonhar com o retorno ao
pó. Ao espectador, o efeito do real que
se substitui ao real e a função do efeito
de realidade simulada que essa proposta engendra.
Walter Menon - mestre em Comunicação pela
Universidade de Brasília. Recebeu o Prêmio Brasília de
Artes Plásticas, do Governo do Distrito Federal. Participa
regularmente de exposições, tais como: Situações Brasília,
no Centro Cultural da Caixa Econômica; Centro-ExCentro, no Centro Cultural Banco do Brasil, entre outras.
TERRITÓRIO
Maria Luiza Fragoso
Eco-Urbe 1
projeto multimídia para intervenção urbana
Brasil: este é o objeto amoroso sobre o qual a artista transita, coleta
experiências, vivências e sentidos com os quais elabora seu trabalho. Por rotas e
estradas, prosseguiu viagens até lá onde a sua “Tracajá” a conduziu, nos confins do
país, por vilas e vilarejos, aldeias e cidades, monitorada por satélite e extraindo imagens
digitalizadas, de ponto a ponto.
Desse percurso, resultou um banco de imagens, sempre em expansão e mapas
registrados em global position system (GPS). A artista trabalha então, com duas
perspectivas diferentes: a sua própria, pelo visor da câmera, e o olho do satélite, que
penetra na profundidade do campo escaneado. Dessa maneira, captura e se apropria
de imagens com as quais estabelece um “diário de bordo”, transpõe realidades,
instituindo sua materialidade artística.
HUMANO-PÓS-HUMANO
56
Para esta mostra Maria Luiza Fragoso propõe ao espectador um jogo que, abstraído
de sua finalidade e de seu sentido lógico, transforma-se em uma descoberta prazerosa
sobre a multiplicidade de discursos brasileiros. Trata-se de um acoplamento de vistas
aéreas de satélites e vistas de aparelhamentos urbanos, tais como mercado, ponto de
taxi, padaria, farol ou outros, sobrepostas ao desenho gráfico dos mapas, sobre
painéis transparentes, permitindo a visualização de cada uma das camadas.
Subvertendo a ordem, a artista expõe imagens reais de duas cidades – Brasília e
Morro de São Paulo –, que são opostas desde a topologia – planalto e relevo -, até às
suas funções, senão em seus traçados e origens.
Seguir o roteiro mapeado, parar em cada ponto, ao acaso, descobrir afinidades e
contradições, abrir caminhos, contornar obstáculos e tornar as imagens oferecidas
pontos de partida para uma viagem de onde se retira o contexto original para se
avistar outros tantos, na percepção, na reflexão e na imaginação. Até lá, no território
dos confins onde a arte, através do olhar com o qual a artista conduz o espectador
pode seguir e ir além.
Maria Luiza Fragoso – doutora em Multimeios pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Professora do Departamento de Artes Visuais da UnB. Organizou o Livro Maior ou igual a 4D: arte
computacional no Brasil. Participou de eventos e exposições, tais como: Emoção Art.Ficial 2.0:
divergências tecnológicas; Cinético_Digital, no Itaú Cultura de São Paulo; Accessibility and Mobility:
Two Paradigms of Web-based Contemporay Artistic Environments, Medi@terra 2000, Atenas; XII
Encontro Nacional da ANPAP, Brasília, entre outros.
CORPO
Miguel Ferreira
Lição de Anatomia
objeto cinético
Um artista que experimenta as possibilidades de várias linguagens: de uma
banda de rock’n’roll, onde exercita as potências vibratórias de sonoridades à criação
de esculturas pós-cinéticas e outros experimentos. Na associação de inventos
escultóricos com imagens eletrônicas em movimento, afirma uma inserção singular
nessa vertente da arte contemporânea. Refletindo sobre a questão-objeto desta
exposição, Humano-pós-humano, criou um conjunto de nove esferas de acrílico
transparente, intitulado Lição de Anatomia.
Produzidas com um mecanismo simples em seu interior, entram em circulação, quando
acionadas. Transitando pelo espaço, absorvem e refletem luzes, cores estridentes,
formas e espectadores que aí se tornam anamórficos, direcionadas pelo contra-peso
que as conduzem, sem rumo. Tomando como ponto de partida o pré-humano para
essa criação, o artista trabalha com a forma esférica como forma básica, primordial.
HUMANO-PÓS-HUMANO
58
Do humano, pensa em uma representação pictórica, contida no título, em referência a
Rembrandt, com a qual Miguel Ferreira traça um paralelo bem-humorado com a sua
proposta, tanto nas expressões de espanto e surpresa assumidas pelos personagens
da pintura em relação aos espectadores dessa lição, quanto com a própria dissecação
que ali ocorre, relacionando-a ao funcionamento do mecanismo transparente de suas
esferas, deixando-se ver, diferenciando-as, escultura e pintura, naquilo que elas
contêm de vida e movimento.
Evidenciando o pós-humano, é na junção de todos os elementos que as compõem,
seja pela superfície fechada ou pelas suas entranhas, que uma outra esfera se forma
e se remete ao saber e ao talento. Nessa, o espectador poderá perceber o meio pelo
qual o raio de ação ou influência desta “lição de anatomia” poderá agir, produzindo
efeitos com raios indeterminados, tendo por centro o olhar.
Miguel Ferreira – bacharel em Artes Plásticas pelo
Departamento de Artes Visuais da Universidade de
Brasília. Recebeu o 7° prêmio de Arte Contemporânea do
Iate Clube de Brasília e o Prêmio de Linguagem Visual:
incentivo à produção artística, da Casa de Cultura da
América Latina de Brasília. Participou de exposições
individuais e coletivas, tais como: Rebeldes e Submissas,
na Galeria Referência, Brasília; Mirações, ocorrida no
Centro Cultural Brasil Espanha de Brasília; entre outras.
CORPO
Mario Maciel, Rafael Galvão, Ricardo Queiroz e Suzete Venturelli
Contato
arte computacional
O trabalho Contato realizado pelos pesquisadores Mario Maciel, Rafael Galvão,
Ricardo Queiroz e Suzete Venturelli reúne conhecimentos que envolvem áreas de arte
e tecnologia, a partir de uma das linhas de pesquisa do Laboratório de Pesquisa em
Arte e Realidade Virtual, do Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da
Universidade de Brasília, que desenvolve a criação de interfaces naturais entre humanos
e máquinas, ou seja, interfaces que possibilitem a interação e a imersão com mundos
e ambientes virtuais através, por exemplo, de voz e de gestos.
Mario Maciel tem trabalhado com linguagens de programação para desenvolver
espaços ilusórios a partir da tecnologia de realidade virtual. Sua poética tem origem
nas histórias em quadrinhos, nos desenhos animados e, principalmente, na arquitetura
dos jogos eletrônicos. Os temas propostos geralmente propagam a idéia da não
competição e sim da colaboração entre indivíduos.
Ricardo Queiroz tem doutorado em engenharia e atualmente tem se interessado pela
arte computacional, enquanto pesquisa e desenvolve, com o engenheiro Rafael Galvão,
interfaces visuais de interação como dispositivos de captura de imagem tais como
câmeras digitais.
HUMANO-PÓS-HUMANO
60
A poética da instalação Contato, apresentada nesta exposição, traz a idéia de fusão
entre o real e o virtual no contato estabelecido entre a imagem tridimensional virtual e
o gesto feito pelo interator que é percebido por uma câmera digital onde a informação
é convertida em sinais que provocam rotação e deslocamentos numa animação de
partículas e água projetadas numa tela. Suzete Venturelli
Mario Maciel – arquiteto pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mestre em Arte
pelo Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília. É professor da Secretaria
de Educação do Distrito Federal e do Departamento de Artes Visuais da UnB. Tem participado
de vários congressos e exposições de arte e tecnologia nacionais e internacionais, tais como:
Emoção Art.Ficial 2.0: divergências tecnológicas e Cinético_Digital, organizadas pelo Itaú
Cultural de São Paulo; Corpos Virtuais: exposição de Arte e Tecnologia, no Museu da Telemar,
Rio de Janeiro, entre outros.
Ricardo Lopes de Queiroz – Ph.D pela University of Texas, Arlington, Estados Unidos da
América. É professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UnB, onde realiza pesquisas
com processamento de sinais, imagens e vídeo, imageamento a cores, compressão de imagens
e vídeo.
Rafael Galvão – é bacharel em Engenharia Elétrica pela Faculdade de Tecnologia da
Universidade de Brasília.
Suzete Venturelli – doutora em Artes e Ciências de da Arte, pela Universidade Paris I,
Pantheon-Sorbonne, Paris, França. Atua como professora do Departamento de Artes Visuais
da UnB. Pesquisadora nível 1C pelo CNPq. Escreveu o livro Arte: espaço_tempo_imagem.
Em co-autoria com Diana Domingues, organizou o livro Criação e poéticas digitais. Com
Monica Tavares foi curadora da exposição Cinético_Digital, realizada no Itaú Cultural de São
Paulo. Participou da exposição Corpos Virtuais: Arte e Tecnologia, no Museu da Telemar,
Rio de Janeiro, entre outros. Prêmio destaque no Festival MAD03, para arte digital interativa,
Madri, Espanha. Suzete Venturelli é pioneira em arte e tecnologia e atualmente coordena o
Laboratório de Pesquisa em Arte e Realidade Virtual, do Departamento de Artes Visuais do
Instituto de Artes da Universidade de Brasília
CORPO
animações
Alexandre Félix - Corpo
Alexandre Luz, Roni Ribeiro e William Kosmo - Bipedes
Eduardo Lopes – Proestéticos
Rafael Carlucci - String
Individualmente ou em grupo estudantes de arte, sejam do Departamento
de Artes Visuais ou do Espaço Cultural 508 Sul, se aproximam do universo da informática
para a realização de suas propostas artísticas. Alunos de Suzete Venturelli, do
Instituto de Artes e de Mário Maciel, da Secretaria da Educação do Distrito Federal,
desenvolvem trabalhos orientados para linguagens com as quais podem situar suas
experiências em relação a questões que permeiam a contemporaneidade. Dessas
linguagens, a apropriação dos meios eletrônicos será utilizada tanto para propor um
passeio no espaço cibernético quanto para a descoberta de imagens da realidade
virtual, tratando da inserção tanto deles próprios quanto a do usuário no incessante
fluxo de informações digitais que se apresentam a nossos olhos, abrindo um vasto
campo de possibilidades. Nesta mostra, o espectador poderá se inteirar dos resultados
das pesquisas já desenvolvidas.
Alexandre Félix produziu um auto-retrato montado em várias animações combinadas
entre si, com o olho em dígitos que se ampliam e caem em imagens mínimas, autoreferenciais, corpos sem órgãos, fragmentados.
HUMANO-PÓS-HUMANO
62
Eduardo Lopes mostra Proestético que é uma animação elaborada a partir de fotos
que representam a imagem de corpos se deformando enquanto ganham a aparência
de outros estranhos e distorcidos corpos virtuais.
Rafael Carlucci remonta numéricamente uma animação cujo ponto de partida é uma
imagem pornô capturada na rede Internet.
Roni Ribeiro, Alexandre Luz e William Kosmo realizaram uma animação interativa.
Subjetiva na forma na qual grupos humanos são observados a partir de um modelo
algorítmico que simula movimentos, produzindo perturbações no comportamento de
grupos humanos, reações e condutas “inteligentes” de corpos que nunca se esbarram.
É um trabalho onde o espectador é partícipe da interatividade, logo, poderá usufruir de
um universo virtual estabelecido pela tecnologia digital que provoca tanto a ilusão de
uma permanência temporal quanto da velocidade e compressão do tempo, ampliando
a percepção estética, projetando-o em uma situação nova na qual autores e coautores partilham do mesmo espaço em tempo real. Mario Maciel
Alexandre Félix - graduando em licenciatura no Departamento de Ciência da Computação
da Universidade de Brasília.
Alexandre Luz - estudante de Artes Plásticas na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes.
Roni Ribeiro e William Kosmo são estudantes de desenho no Espaço Cultural 508 Sul.
Eduardo Lopes - bacharel em Artes Plásticas, pelo Departamento de Artes Visuais da UnB.
Rafael Carlucci - cursa Artes Plásticas no Departamento de Artes Visuais da UnB. Participou
da exposição Cinético_Digital, Itaú Cultural de São Paulo.
CORPO
Geovany Borges, Christus Nóbrega, Leandro Lima, Heijy Inuzuka
ROHL: o robô
Arte e mecatrônica
Rohl é um robô foi projetado para ser autônomo como as máquinas que respondem
de forma inteligente a estímulos externos, por exemplo, aqueles provocados pela
presença de humanos. Rohl é, no contexto da exposição Humano-pós-humano, uma
dessas referências onde podemos vislumbrar a aproximação de nossa espécie com
máquinas inteligentes e, naturalmente, mais humanizadas.
A performance de Rohl e do humano Christus Nóbrega, durante a abertura da exposição,
buscou contestar as insistentes reações de medo e aversão das pessoas, transmitidas
pelas histórias narradas na ficção científica cinematográficas, que se originaram na
literatura, em relação aos robôs inteligentes. Ao contrário, Rohl quando sente a
presença de humanos, se afasta e grita com medo: Help me! Aqui é a máquina que tem
medo da espécie humana. Rohl é um robô sensível a luz, ele consegue ver, não como
um humano, pois sua visão é de síntese. Mario Maciel
HUMANO-PÓS-HUMANO
64
Geovany Araujo Borges – doutor em robótica pela Université Montpellier II, Montpellier,
França. Atua como professor da Universidade de Brasília, no curso de Mecatrônica.
Seus interesses de pesquisa estão relacionados à robótica móvel, visão computacional,
filtragem estocástica e identificação de sistemas. Recebeu o prêmio de melhor tese
defendida no período pela instituição Club EEA, na França.
Christus Nóbrega – bacharel em Design pela Universidade Federal da Paraíba. Atualmente
é mestrando em Arte, linha de pesquisa Arte e Tecnologia, pela Universidade de Brasília.
Foi professor da Universidade Federal da Paraíba no curso de Design, Arte e Mídia.
Recebeu o primeiro lugar na premiação anual do Museu da Casa Brasileira para
desenvolver um robô afetivo, em pesquisa arte e robótica.
Leandro Lima e Heijy Inuzuka são alunos da Faculdade de Tecnologia da Universidade
de Brasília. Desenvolvem pesquisa no curso de Mecatrônica do Departamento de
Engenharia Elétrica criando robôs autônomos.
TERRITÓRIO
HUMANO-PÓS-HUMANO
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Davide Grassi
Problemarket.com
Performance-web-art
O artista Davide Grassi realizou uma performance onde critica a facilidade
com que surgem e desaparecem empresas multinacionais ancoradas na rede mundial
de computadores. Essas pseudo-empresas estendem seus domínios pela
cibersociedade. Pessoas conectadas, em tempo real, repassam milhões de euros e
dólares em informações e produtos de consumo com garantia de uma vida melhor. A
Problemarket é uma empresa, por exemplo, que compra e vende problemas na bolsa
de valores. Isto é, se você tem um problema venda-o. O público assiste a apresentação
imaginando que tudo que é dito e mostrado pode estar realmente acontecendo. Davide
Grassi, vestindo um elegante terno de Georgio Armani, intercala imagens de vídeo
onde aparece com personalidades da atualidade como George Bush e o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Representando fielmente esse papel de um bem sucedido
empresário, ele denuncia, através de mentiras, o poder da mídia digital em modificar
imagens reais, criando uma falsa realidade. O resultado é um grande poder de
persuasão, pois ao final de cada apresentação geralmente sempre tem alguém que
pergunta se essa empresa de comércio de
problemas existe mesmo. Mario Maciel
Davide Grassi, desde 1995 tem vivido e trabalhado
em Ljubljana, Slovenia, onde tem colaborado
com artistas e instituições de arte. Seu trabalho
tem enorme conotação social e se caracteriza
por uma aproximação inter-media. É autor de
videos, performances, instalações, documentarios e outros trabalhos conhecidos por new
media. Davide Grassi tem exposto seu trabalho em festivais e exposições como a Manifesta 4,
Frankfurt, Germany; ZKM – Zentrums für Kunst und Medien-technologie, Karlsruhe, Germany;
ARCO - the International Fair of Contemporary Art, Madrid, Spain; ISEA 2002 – 11th Interna-tional
Symposium of Electronic Art, Nagoya, Japan; the Biennial of Buenos Aires, Museo Nacional de
Bellas Artes, Buenos Aires, Argentina; Art.ficial Emotion 2.0 – Technological Divergences, Itaú
Cultural, Sao Paulo, Brazil; Bell Gallery, List Art Center, Brown University, Providence, U.S.A.;
IASPIS, Stockholm, Sweden; Moderna galerija – the Slovene Museum of Contemporary Arts,
Ljubljana, Slovenia; MNAC – National Museum of Contemporary Art, Bucharest, Romania. More:
http://www.aksioma.org/facts.html
ENGLISH VERSION
The Centro Cultural Banco do Brasil is pleased to present
the Humano-pós-humano exhibition. It brings together
art researchers from the Universidade de Brasilia, Espaço
Cultural 508 Sul as well as the Faculdade de Artes Dulcina
de Moraes, whose works deal with the body’s limits,
emphasizing the discussion about the concept and
support, which characterize the contemporary view.
In synthesizing the processes of representation,
presentation and simulation of the human being, always
stimulated by the incorporation of technologies and by
interdisciplinarity, Brasilia´s artists present works created
in traditional technics, such as painting, sculpture and
photography, as well as in contemporary media, such as
video and the computer. The result, which presupposes
cultural paradoxes of post-modernity, translates itself into
varied visual poems, which invite the spectator to reflect
about art, ethics as well as human relations, as they are
presented in our time.
This contribution from Brasilia´s artists to the panorama
of Brazilian contemporary art affirms the quality of local
production which the Centro Cultural Banco do Brasil
presents to the public of Brasília, among significant art
and cultural productions of present.
Centro Cultural Banco do Brasil
about what it means to be a human being from Brasília, a
Brazilian, within an Earthly identity, presently living in a
globalized, with multiple references, computerized and
turned to a complex society by conflicts as well as political,
economical and social differences, where the individual
faces with surprise the recent ascension which he or she
has got from the right to have a notion of humanity and
finds him/herself surrounded at the same time by the
individualization, objectivity and subjectivity.
Seing art as research, inventing and having the possibility
of hybridizing different processes of creation, the artist
became even more susceptible to the metamorphosis of
the human being, his body, his mind, his set space. The
post human concept has been used to identify an era
overfilled with technological development which became
part of our species evolution for some authors, thus
transforming technology into something irreparably
necessary to the democratization of education and culture
as well as something somehow indispensable for the
reflection on the human condition and the survival of all the
planet’s species.
The visual, musical, scenic, literary arts are not only
esthetic things, they are schools of life where one learns
to see others, himself as well as the imersion of the concept
of humanity.
Humano-pós-humano in
contemporary philosophy
Humano-pós-humano
HUMANO-PÓS-HUMANO
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The Humano-pós-humano exibition presents unseen
works, specially created for the suggested theme. This
exibition brings together for the first time at CCBB a group
of artists from the city of Brasília who are art researchers,
doctors and masters, professors from the Departamento
de Artes Visuais of the Universidade de Brasília. Other
selected artists are students, ex-students as well as
probable future art students. Artist professors and students
from the Faculdade de Artes Dulcina de Moraes and
Espaço Cultural da 508 Sul were also selected. The
selection of artist researchers corresponds to a thread of
the artistic curator which presents art as research, thought
and knowledge. The curator defends the idea that
university teaching causes nearing to art, science and
technology. The university environment inserts art, together
with other areas of knowledge in the center of discussions
as well as reflections about several interests and present
matters.
Matters such as the world, Earth, life, humanity, body,
identity, among others, are natural references for the
thought, that is, references which are present even before
we become professionals. Such references have promoted
the formation of groups of interests in society which are
connected to the so called culture of humanities.
What does it mean to be human? This is the question that
scientists, philosophers as well as artists are seeking to
answer through processes of research and refleciton
which lead to discoveries, inventions and imaginable
things. These processes are, very often, even in opposition,
found in the center of passions, since they back up the
human being and give him the word. This exibition which
defends the totality of passions presents the artist’s view
In contemporary philosophy, the human being is what he
himself can and desires to become. For this reason, he is
constantly a problem to himself as well as a solution to this
problem. The human being continually projects his way of
being or living and, very often, this project becomes his
actual way of being or living. The present philosophical
thought finds support in biological theories, and viceversa, for which the human being is a self-poetic system
which continually creates and specifies its own
organization and its own limits. Many contemporary
thoughts and theories converge on the sense of improving
the understanding of our species.
In this sense, the Human/post-human art exibition attempts
to show how the revolutions and new ethic-esthetic
paradigms in the fields of biological engineering,
computing, robotics, philosophy, and art reflect themselves
in the artistic imaginary world. In other words, it attempts
to show how the city’s contemporary artists presently
imagine the human being in their representation,
presentation, interaction as well as simulation of the body,
thought, action, sensitiveness, dwelling environment, as
well as the relation which has been stablished between
reason and emotion, objectivity and subjectivity.
In the beginning of the 20th century, the realistic image of
the human body was questioned due to the invention of
photography and cinema. The artist free from the function
of representing reality as well as religious, political and
social ideological restrictions, found other ways which
drew him closer to philosophical, scientific, technological,
perceptive, psychological, cognitive, emotional, daily,
ecological, media, among other issues. On the other hand,
the diaolgue between art and the image of the human
being persists in most artistic movements, as can be
observed in art history, now remodeled, imagined, and
related to the spectator’s body, and with the artist’s own
body in multisensorial aspects. In this wise, the human
presence, at times was conserved, while in others was
celebrated, invoked, critisized as well as virtualized, in
other words, it was distributed through connections
belonging to telematic culture. Some people say that we
are, in greater or smaller levels, becoming Homus
Telematicus – telebionic creatures.
In order to show the importance of these issues, a thematic
exhibition was suggested in which each artist presents
his or her view of the theme using different material and
support. In this context, the works presented can be analyzed
without technique but, at the same time, tried to show how
much they depend on it. Some artists use plastic art
techniques such as painting, drawing and sculpture, while
others use support and more contemporary technological
means, such as photography, video and the computer,
others, still carry out a hybrid creation process of
techniques and new or more traditional technologies. We
agree with the Italian theoretician, Mario Costa¹ when he
says that every artistic vision registers itself in a necessary
order connected by intrinsic logic, to the materials and
techniques, where each technique transforms similar preexisting techniques in various ways, inserting them in a
new time-space, by which they modify themselves. In other
words, every new technique permits different procedural
ways of work, explored exhaustively by the artists. Thus, it
is emphasized that cultural messages are derived from
the techniques invented in each era.
Another aspect refers to the possible comparison that the
exhibition may provoke among the thoughts produced at
present in the artistic field as well as the questions raised
by the artists in the beginning of the 20th century, a moment
of revolutionary changes as well, in a social and
technological context.
Finally, the exhibition made it possible for research
professors, of the Departament of Visual Arts, of the
University of Brasília to apply their knowledge at the Centro
Cultural Banco do Brasil, a top spot in the city, evaluating,
in a way, the variety of theories about expography, art
criticism, visual programming, cultural production, among
other interesting topics involved in artistic research
presentation.
Thus, the expography proposed by Elisa Martinez, a Phd.
and professor of the line of research, Theory and History
of Art, Master of art, of the Department of Visual Arts of
the University of Brasília, was elaborated as a result of
concept approximations established among artists. In a
similar line of research, the criticism and analysis of the
artists works were carried out by Grace Maria Machado
de Freitas, a Phd. and lecturer of Theory and History of
Art. One of the first theoreticians to elaborate critical texts
about the city´s artistic production, she tried, in her critical
reflections, to show and detect the paths through which
local contemporary productions are validated. Her texts
consider, apart from the History of Art, aspects originating
from psychoanalysis as a basis for interpreting visual
poems which analyse. The visual programming and
architechural project, coordenated by Mario Maciel,
master of Arts, professor of the Secretariat of Education
of the Federal District as well as the Department of Visual
Arts, based themselves on the existing transition
relationship between the human and the post-human,
concepts that are part of the theoretical discussions and
in artistic reflections. The stage production was done by
the artist and professor, Miguel Simão, head of the Visual
Arts Department. The educative project was coordinated
by Terezinha Losada, Phd and professor of the Undergraduate course in Plastic Arts, also active in the Visual
Arts Department. His proposal widened the initial
discussion of the exhibition theme, introducing prefixes
such as pre and anti-human, among others, as a subsidy
to widen new connections with other areas of knowledge,
that can be imagined in the learning of art through didatic
material produced exclusively for distribution to teachers
and pupils of schools in Brasília during the event.
The artists were chosen according to the themes, as they
had already been selected by the curator, for representing
some concepts related to human/post-human themes, in
developing their works. This way, some artists are
interested in the possibility of creation originating from
individual experience, interior, personal, subjective and
in the tradition of plastic arts. As a characteristic we
highlight the multiplicity of attitudes and approaches, such
as consequences resulting from the liberty to search for
ideas everywhere. Their works carry different meanings
and for that reason can be seen as if representing
something, like the expression of gestures, the body,
scenery or other realities. The use of images and media
serves as a paradigm of the eclectic nature of some works
which have photography as a common technique. Moreover,
they present different concerns such as the relationship
between art and its environment, the modification of the
body by science and technology and the influence of
technological means in transmitting the body´s image.
Some artists, still present works that question the use of
technology, at times criticizing, while others presenting
utopic ideas about the era of information, cybernetics,
globalization, which have modified the human and its
society as never seen previously. Some works refer to
kinetic and cybernetic stetic models, that generate
interactive systems which provided a kind of stetic
communication between the public and the computer
program (software). A kind of game which is given by the
instalation of works involving machine systems, projections and other means.
On similar lines, i.e. a post-human context, an art and
robotics research was selected to be carried out at the
opening ceremony of the exhibition a performance
involving the human and the machine, which questions
possible relations that can originate from this exposure,
such as sentiments of tranquility, fear, anger, joy. Works
done by students of the Espaço Cultural 508 Sul were also
selected, and the animation subject, of the Visual Arts
department, of the University of Brasília. They are
examples of artistic works which reflect the post-human
concept according to the close relationship established
between art and technology in the processing of
information using computer tools. These works possess
the necessary potential to seek a symbiose between rational
thought and stetic creation, as they approximate art of
technology. Consequentely, in relating with the technoscience world, serve as stetic elements practically
excluded from the field of plastic arts in general, for being
considered incoherent, and is similar to those related or
generated from mathematical thoughts, science or
Engineering.
In order for the exhibition to permit a greater contact
between the public and the artists, a programme of guided
visits with each of the artists, at different momments, was
organized, in which each one would show in more depth
his or her trajectory in art. A trajectory that passes through
the learning institutions of different countries and Brazilian
universities, that permit the qualification of artists, teachers
doctors of art, participants in this local event
The launching of the catalogue after the opening of the
exhibition was planned that way in order for the registration
of the works on display to be made possible. This way the
memory of the exhibition will be faithful to the momment of
its occurance, registering a history of local art. The
launching coincides with a roundtable meeting comprising
of participants of the exhibition as well as the coordinators
of the Centro Cultural Banco do Brasil.
Suzete Venturelli
Curator
¹
COSTA, Mario. Por uma estética das redes. In: Parente,
André (org.). Tramas da rede. Porto Alegre: Editora
Sulina, 2005
Humano-pós-humano: educative program
The appreciation of art works through visits to museums
and galeries became a demanding component in present
art teaching. This contact with art and cultural goods is
important because it allows the development of the
student´s esthetic critical sense, as well as his/her
capacity to communicate. Nowadays it is known that in
order to understand or produce “texts” – being either verbal,
visual or in any other languange – the student needs to
have access to different codes of representation, thus
building up a repertoire of language syntactic and
semantic possibilities.
According to the Information Theory, very familiar things,
or things which we do not know anything about, are not
realized by us due to our absolute lack of interest. The
creation of the new, as a recontextualization of the most
trivial aspects of life, is an art characteristic. For this
reason, capturing and understanding it is often very
difficult. Therefore, the main duty of those who guide
students in exhibition visits is to stimulate their capacity to
understand, amplifying the limits of their cultural
references.
I have been doing researches which the aim of listing
theoretical tools and didactic approaches that allow the
stimulation to understand image in art teaching. The
strategy which I have adopted is very simple. Instead of
providing the students with interpretation done by scholars,
I first work only with the structural concepts of their
discourse. Once familiar with these concepts, the student
is invited to identify the scholars’ opinion or no opinion
about different works through successive comparative
analyses. Along with this process, texts are introduced
bringing the interpretation of these critics and historians
or art.
Obviously authors who are remarkably structuralist make
favourable this kind of approach. However, every critical
text has its criteria, even if it is written in a unconstructive
way. It is also certain that the pride of the students when
they see that their interpretation does not differ very much
from that of the authors is somehow induced. However,
paraphrasing Gombrich’s considerations about art, one
must consider that the criticism is also developed from
“predecessors and models”.
I have worked with two kinds of texts. The structural
character of the language theories provide key concepts
which allow us to analyse all sorts of images as they are
realized by the student at present. The concepts of art
history, on the other hand, inform us about the
contingencies of the work production. In the first case, the
synchronic view is stimulated, having as its core the
student-receptor. In the second, we saw the diachronic
view which the context of the artist-sender is analysed.
The elaboration of the educative program of the Humanpost-human exhibition forced me to face several difficulties
to set its theoretical references. First, there are a great
number of artists presenting works in several techniques:
picture, drawing, painting, sculpture, installation,
performance, photography, vídeo, web art, eletronic
animation. Added to this there is yet the fact that the works
to be presented are unseen, and many are still being
prepared as the instructors are being trained. Finally,
there are few critical references about the artists. As for
this later issue, the visit of curator Suzete Venturelli and
the art critic Grace de Freitas, as well as the artists
statements during the planning of our work was very
important. After this cooperation I decided to design the
references about the works together with the studentsinstructors from their own interpretation. Two groups of
structuring concepts were used in this process:
Jakobson’s classification of functions of language and a
set of elaborated categories about the thematic mainline
of the exhibition which is the human being and his virtual
overcoming (post-human) in the contemporary world
mediated by the technologies.
In Jakobson’s classification, the sense or function of the
message is identified through the observation of the way
the several constitutive elements of the communicative
processes are emphasized: sender, receptor, referral,
code, channel and the message itself. Considering that
the art work emphasizes the poetic function, in other words,
the way the message is elaborated, so, the other
categories function as conceptual keys which allow the
investigation of how the poetic discourse of each artist is
developed. By pointing out the importance of the channel
in the communicative process, Jakobson was one of the
first scholars to discuss how the different supports or
means of communication affect the quality of the
messages. For sure, McLuhan, his contemporary, dealt
with this aspect more deeply, foreseeing, from simply the
advent of the television, how the media would become an
extension of our bodies as well as the stage of human
experience. Undoubtedly, the diversity of the media is a
more evident characteristic of the human-post-human
exhibition. In it, traditional artistic techniques, technological production of images as well as the appropriation
of daily objects, remarkable aspect in the art installations
presented, are involved. However, there was no intention
to segregate the works as being connected to the concepts
of “human” or “post-human” exclusively by Jakobson’s
criterion of factic function, which deals with the supports
and channels. This compared to other Jakobson’s
theoretical categories and other dimensions of the works
were analysed in relation to each other.
In relation to the code, the remissions that each work made
to other artists and trends, present and past, have been
discussed. The emphasis on the sender is identified by
the subjective mark or the confessional aspect of
registering the artists personal experience, a characteristic which becomes very visible particularly in the
photographic works of the exhibition.
The receptor pole itself allows the analysis of the kind of
relation art has established with the public. The direct
interaction with the spectator, transforming him/her into
a co-author of the works is an aspiration pursued by art
since early times. The new technologies potentialize this
conversation, redimensioning the concepts of time and
space, as highlighted by the proposals of eletronic and
web art presented in the exhibition. However, this
interaction also happens in an indirect way, via contemplation, when the work induces the receptor due to its
ludic, enigmatic, dramatic, logic, erotic and lyric aspects.
Finally, the referral function investigates the possible
sense existing between art and reality, in this case, the
human and the post-human. In order to deal with this
thematic mainstream, suggested by the curator, four
categories were developed which aimed at discussing
the limits of the human concept, synthetized as: pre-human,
human, post-human and anti-human.
HUMANO-PÓS-HUMANO
70
Evidently, all artistic work is a human manifestation.
However, it was sought by these concepts to investigate
what kind of referral relation each artist was stablishing
with his/her world, specially about his/her representation
of the “body” and “territory”, concepts defined by Grace
Machado de Freitas.
The pre-human concept is concerning the “state of nature”
quoted by Rosseau, what human beings have in common
with animals, their instinct, body physical abilities and
interaction with the natural environment, without territories.
The human is the universe of culture. That does not refer
to nature, but to the world created by human inventiveness.
Since early times, humanity has been defined by its
instrumental ability to produce tools (technologies) as
well as the symbolic capacity of representing its experience
through language.
The post-human is the maximization of human inventiveness, which is, the ability to create or destroy its own
nature. Derived from the superdevelopment of technology
and language (information) this new dimension or stage
of humanity is marked by atomic researches, genetics,
the expansion of robotics, artificial intelligence as well as
virtual environments of interaction.
The anti-human is therefore the mark of this inventive
power of the human being. It is the ground of politics and
ethics. Considering that we can do everything with our
unlimited intelligence, then we should ask: what do we
want? We know that it is not up to art to define what is true
or false – the task of science. Neither what is right or
wrong – the task of ethics. Nevertheless, in its poetic
perspective, art has always mediated all these fields as
highlighted by the theme and works of the present
exhibition. From the eminently syntactic structure of
Jakobson’s concept and the more semantic aspect of the
above mentioned concepts, my student-instructors and I
started discussing the works of the exhibition. By this
critical exercise, full of improvisations, we developed labels
about the art works, describing their unique characteristics and their nexus with other art works. These labels
are still been fed by the instructors with new data collected
from the artists, the public and the interpretative insights
of the instrutors themselves, information which os
discussed in our evaluation meetings.
Seeking to guarantee this same process with the students
who would visit the exhibition, none of the concepts was
illustrated with the works of the artists in the graphic
material of the educative program. On the contrary, the
folder was produced in the form of an album of stickers,
permiting the visitor to detach and stick the images that
he/she matches to each concept.
Finally, comparing the syntactic characteristics of the
works to this network of semantic possibilities, the
educative program aims at stimulating the visitors to
construct their own interpretations about art and about the
contemporary world.
Terezinha Losada
Educative Program Coordinator
This exibition draws the art universe nearer to some of the
reflections which are thought to belong more to fields of
science and technology. Had not art been able to penetrate
and surpass barriers, move foward, infiltrate itself and
subvert the most unverifiable destinations of other areas
of knowledge, not the ones provoked by art istself- as it has
been evidenced throughout art history - , the capacity it
has to antecipate itself, gaining space and making visible
grounding elaborations for humanity, which were only made
concrete after, that alone would make this issue of
belonging inadequate. In this case, at Centro Cultural
Banco do Brasil, we seek to provoke, through the esthetics
experience set by artistic production – material and nonmaterial – presented here different ways of realizing
contemporaneity as well as the role of the individual in
relation to specific matters of present art and life, rich of
reflection na pleasure. It is with this purpose that the
Instituto de Artes of the Universidade de Brasilia brings
together artists of different qualification, with autonomous
tecniques and languages, to exibit their ideas about
themes which cross, take away the peace and disturb life
in the 20th century.
Although this is not a colective art exibition, there are at
least two common practices which feed it: professional
day living with art and the continual exercise of its teaching,
since the works presented here belong to artist teachers,
students or graduate students. In a dynamic relationship,
the systematization of thought feeds the action which
provides data for study and reflection, producing an
articulation of concepts which will allow us to register
human experience connected to the questioning of art
and its own production conditions. For this, practices
which are different and convergent at the same time (
evidently seen in a walk through the Department of Visual
Arts, where one may attend studios “smelling turpentine”
as well as “inodorous” laboratories of computer art and
classrooms for theoretic classes) signalize that there is
not a style in the attempts to build an esthetic universe, but
a formal necessity of its own in the making of new realities
by the expression of the artistic gesture of each one. In
this exibition, independent on the fact that the works
presented are in line with traditional languages and
supports, such as drawing, painting, picture and
sculpture, or those, resultant from instalations or
performance, or even those which are a result from
technoscience in interactive works, they are expressions
in a real, poetic, virtual and very often visionary way which
make new realities as well as invite the public to the
exchanging of esthetic experiences, ideas and reflections.
Thus the observer will be able to go through a drawing in
this Human-post-human exibition following two lines which
complete and entwine themselves, showing many others
which may come from the two, drawing, specially, body
and territory limits, the body written in a surface and in an
established space-time. In this drawing, it is the works
that bring questions – answered by themselves- by unique
and several ideas with which they are created. In its matters
and forms, they inform. On the other hand, they demonstrate
and point out the necessity to understand what happens
with the human body – as well as the post-human potential
– broken up in pieces by globalization or dehumanized by
the possibility of using bio-technology resources,
redefinition, fragmentization, animalization, machinazation, sensority, dissolution and death. In opposition to
this, the territory where this body is written, moves, dwells,
contacts and penetrates the spaces of the scenario, either
real or imaginary, urban or arquitected or even subjective,
or as far as the territories which extend themselves through
virtual amplitude or through an endless cosmos. This is
the drawing of some of the discursive lines exposed to the
perception, willing, capable of inovating our ability to
imagine the multiple ways of living this meeting with an
esthetic experience which creates new emotions and
senses from the works which these artists offer Brasilia.
Grace Maria Machado de Freitas
art critic
The architext and the intra-human:
reflections about museography
The installation of a thematic exhibition such as the Humanpost-human, offers us a series of museographic options to
be considered, which originate from the question: how does
one give visibility to everyone at the same time? The answer
materialized in the expography of the event, could have been
avoided and , with this objective, we would create niches to
protect autonomies and prevent contamination. We should
also have considered that the dissimilarity of the set be a
field in which some brands should be introduced in order
that the visitor be guided through a correct reading, without
the possiblity of breaking up. If by chance, this was our
perspective, we would be creating a new modality of curatorial
procedure ans the set of art works displayed, instead of
providing a porous configuration, to be penetrated by various
interpretative codification procedures, would be organized
in an excessively compulsive.
Since the beginning, it seemed possible for us to build up
a network of spacial relations in Galery 1 at CCBB which did
not overlap with great authority the concept of the prime
curator with which we seek to build an open space to flowing
and non-linear reading. According to our understanding
the exhibition does not have a subtitle. Human-post-human
is a reiteration of humanity in two instances, one about its
origin and another one about its qualification, by means of
artistic judgement of the exhibited works. We see in the
written circularity of the title an echo of the circularity of each
of the two environments of the galery which are interconnected. Thus, the articulating particle – post – found between
human and human implies the return to an unyielding
condition. This articulation, in our perspective, could not be
segmented in individualities or authorships, under
compartmentalized territory form in which the vision of space
among the works would not make sense. The result may
appear extremely formalist, as we avoid the use of pedagogic
titles. Nevertheless, the option of na open dialogue among
the art works and – why not? – with its respective authors,
has the goal of offering a visiting experience as pedagogic
as that offered by a thematic exhibition. In this wise, the art
works are distributed in galleries to facilitate the
understanding of proximities and comparisons between
forms of approach of the main theme and its complexity,
taking into consideration the different plastic qualities which
originate from different means and artistic processes.
This is about valuing the look before other perseptive
processes. For this reason, the sensitive and cognitive
journey of the visitor is based upon the look that is taken by
surprise as each work is approached and the corresponding
localization in space of this journey, which expands and
overlaps itself, like a network of coordinates, in the gallery
space as well as its environment. In this journey of the look,
the art works are related according to their perceptive
qualities: they possess material and configurations. We
could have, based on this finding, grouped the art works
according to their process or figurative similarities. In the
first case, we would have divided the group into two according
to the level of adhesion, more or less, of each artist in his or
her use of digital technologies. The other option would be
to consider the distinction of two groups based on their level
of iconicity. We could also have opted for a separation
based upon the use of chromatic varieties: monochromic
works with White áreas, works for display predominantly
monochromatic and polychromatic art works. Perhaps, in
this case, the result could have been fun and produced a
certain organizational logic. Nonetheless, the predictability
which reduces perception to a mere quantifying game of
areas and chromatic intensities was discarded.
In case the title-theme of the exhibition was considered in a
literal sense, there would be the possibility of dividing the
set of art works into groups according to the level of adhesion
to the human, whose figurativeness was limited to the
anatomy of homo sapiens.
Perhaps then it would be possible of creating a taxonomy of
the configurations of the human in the visual arts. In a certain
way, non-orthodox, this can also be na e of the set displayed,
in case we are concerned about establishing a rule of
precedence for the form-content relation at the exhibition.
The theme which was proposed to the artist generated a
repertoire of possibilities of data interpretation to the theme
by the exhibitors, visible in the variety of techniques and
styles used. For this reason, we will avoid any kind of
segmentation with the distribution of the art works in the
space which could lead to an over evaluation of a particular
category: technique, authorship, size, use or not of pictures,
use of verbal language , way of intereaction with the public,
geographic origin of the authors, cronology among many
others.
A habit makes us understand the Human and post-human
like two antithetic terms, but we do not consider that this is
the relation suggested by the exhibition. The post-articulation
finds itself in the space among human beings. Consequently,
if the set of artworks has the totality of the relation proposed
by the title-theme distributed in an exhibiting space, each
element-artwork is an organ which contributes to the unity
of the text-exhibition. This text-organism results, therefore,
from the intra-human relations which are produced in the
field of visual arts.
The perception of the text-body which is the exhibiton set up
with a selection as well as a combination of expographic
procedures, demands the acknoledgement of its interanl
polyphony. In fact, a criteria of relations could have been
overlaped with such vehemence – using scenographic
resourses which would make us lose sight of the artworks,
as if these were not significant enough – one single voice
overlapped – authoritative – by means of which the
heterogeneity of the set would be pacified. Thus, the
peculiarities in the ways of reveling an enunciative making,
in each exhibited artwork, would be covered by a artificial
monophony, which may be a solution to modulate the
perceptive experience in the face of a set of varied artworks.
And even though the aspects of sequencing and succession
have been foreseen in the museographic project we made,
there is no intention of progressivity, in the utopic sense, or
of valorization of a narrative construction in which they would
be opposed to the more human than post-human actions as
if they possess an arqui-human. That way, the final
configuration of the museographic project arises from the
challenge of making choices which potentialize the
limitations of the exhibiting space to shelter all the exhibited
artwork as if all these have, in a kind of prenuptial agreement,
been created especially to share the same place.
Our work involves capacitating a team of expographic
possibilities sensitive to the creation signs of the artworks
as these were brought up by the artists. It is intended,
therefore, to share this process of configuration of the set
with the visitor: in which measure each work occurs in
relation to the title-theme, the galery-space as well as the
other artworks. In the organism, signs of disordered rythm
are identified in their components as manifestations of
integrity that is uncorrupt by a monotonous unit. Finally, it is
important to remember that the existence of an exhibition
does not mask the specific temporalities of each artistic
process. And, just like an organism, identifying and
understanding the interactions among the functioning of its
organs will be, for everyone involved, a great opportunity to
create human interaction situations.
Elisa de Souza Martinez
museography
Maria Luiza Fragoso
Eco-Urbe 1
project multimedia for
urban intervention
HUMANO-PÓS-HUMANO
72
The loving object in which the artist transits is Brazil. She
elaborates works with experiences, existences and the
senses by routes and highways, she traveled up to where
her Tracajá led her, in the country boundaries, through
towns and villas, villages and cities, monitored by satellite
and extracting scanner images, of point by point. From
this route, resulted an data images bank always in
expansion and maps registered in G.P.S. The artist works
then, with two different perspectives: her own, by the
camera visor, and the satellite is eye, that penetrates in
the field scanning depth. This way she captures and
appropriates images with which she establishes a
“logbook”, transposes realities, instituting her artistic
materiality. For this exposition, Maria Luiza Fragoso
proposes to the spectator a game that, abstracted from
her purpose and her logical sense, turns into a joyful
discovery about the multiplicity of Brazilian discourses. It
is a joining satellite of aerial views and views of urban
apparatuses, such as a market, taxi point, bakery headlight or other thinks, overset on the graphic drawing of the
maps, over transparent panels, allowing the visualization
of each one of the layers. Subverting the order, the artist
exposes real images of two cities, -Brasília and Morro de
São Paulo-, which one opposites starting with their
topology, -Plateau and Relief-, even in their functions, or
else in their outline and origins. Follow the itinerary,
stopping at each point, at random, discovering affinities
and contradictions, opening pathways, contouring
obstacles and to turning the offered images into starting
points for a travels from where the original contexts are
with drawn to see so many others in the perception, in the
reflection and in the imagination. Up to that point, in the
territory of the boundaries where art, through the look with
which the artist conducts the spectator can follow and to
go beyond.
Sílvio Zamboni
All the cities
Instalation art,
digital photography
Sílvio Zamboni establishes a reflection on the architecture
of Brazilian cities, that act like history scenes, memory or
utopia, cities that are recurring simulations of a baroque
or imperial iconography. This iconography is worked in
fragmentary angles and discerning light in digital images
captivated by the artist that, like a flâneur, strolls, registers
and underlines with his optics, the mark of human passage,
his architectural language and, traces of life in artificially
built spaces. His focus is the relationship with the city and
the way which it lets affect one sometimes by the
configuration of buildings, sometimes by traces and
actions that the human presence provokes, attracting the
visor of his camera. In this installation, he invites the
spectator so that, from the illuminated image in backlight
of a Marco Zero, Km. 0, for “All the Cities”, one takes part
in his look, under diversified points of view - of the ground,
skirting board, steps doors and windows, and sidewalks
up to roofs and towers - and one established one own
route. In this piece of city-show that is extracted by the
artist’s look, emerges the question of his visibility and
figuration in the details, cut out of his space and time,
always apprehended the external side, of the street,
passer-by place. Images of live memories cross walls
and stones, like the mosses and vegetations that grow
through their rifts and fissures, they insinuate by the arm
resting in the window, by the exercise of banal crafts, by
the transformer of the electric network that lights and
illuminates the lapses and confuses the forgetfulnesses.
City as reality, image and symbol for his inhabitants and
for the passengers, trustee of a memory or of a utopia,
present in the Brazilian imaginary, is what the artist Sílvio
Zamboni places as reflection for the passers-by that travel
by his installation.
Cíntia Falkenbach
Cerrado
Engraving in metal,
water-strong and tip drought
The act of happening in surfaces is the ancestral artistic
practice that survives in humanity’s history and,
contemporarily, the fact of cohabiting with impressions
generated by high technology or supports other that not
the paper, does not mean that engraving, just as it
developed has lost space.. On the contrary, this production,
above all in Brazil, increasing and disseminating, Cíntia
Falkenberg is an engraver and works with wood carving
and engraving in metal, where she keeps the importance
of looking, at the present time of artistic productions, the
representation of the not current element, where many
times anachronically join. In this sense, not only the
engraving is surviving in this history, but the landscape
representation, art history gender, centuries after its
invention is an object to be used as much by the artist, as
by the spectator. In the same way, as motive for art, nature
is an inexhaustible source and, when taken as motive, can
answer our own needs to establish a relationship with her
and with ourselves. For this exposition, Cínthia Falkenbach
presents a series of engravings in tip drought and waterink, where she explores and examine in detail the nature
of the cerrado. The artist works the metal matrix, in loco,
elaborating one continued space with its own organic
unit, taking from the landscape its constitutive elements:
it documents them, describing them and shows them.
Bird’s eye views show the spiny vegetation that she
translates cutting in its trace, reliefs and stones that
acquire a value of softened mass, as well as human’s
vestiges that can be glimpsed in constructions, in the
distance. The artist reproduces a vision that loads the
memory of a place and of a moment still little domesticated
by the invasive activities of her enterprises bringing, with
the subtle force of their engravings, the landscape beauty
where she inscribes herself and inscribes us.
Terezinha Losada
Série Vermelha
Wax pencil over paper
The artist Terezinha Losada explores Brasília’s spaces
and submits them to a pictorial treatment over several
surfaces. Her paintings on canvas or carton paper, in
contrasting colors or in the use of gamma that go from
whites to the greys, bring the relationship that is
established between city inhabitant, the urban space,
voads, tesourinhas and axyes and the architecture of living,
its interiors, corners and environments. She builds her
paintings with color, in wide gestures that reorganize the
surface, sometimes in contrasts, sometimes harmonizing
the tonalities, reproducing noises and speed in time
fractions and in space settings. The series of drawings
on shows, in contrast with her paintings, bring a graphism
of writing words with a continuous trace, almost scratched
with one single breath, printing the passage of her free
hand that is exposed sometimes with precision, sometimes
transmitting the sensation of hesitation or undecidedness
about the direction to follow through which the spectator
receives that nothing there goes by chance. In her trace,
trying to transmit an effect, mark borders, reveal a sense
or model of an operation, the line, worked in white chalk
over a red support, illuminates the distorted or anamorphics effects of details out of scale, taken out of some
empirical and personal geometry treat, incorporated by
the experience of cohabiting in the architectural and
urbanistic space of Brasilia. Outlines are defined,
uncertain by to the internal space of the surface, drawn
under the reflex of artificial light. For this series, these
pictures, hand products and of the artist perception,
Terezinha Losada says: “In this work present the light,
reduced for graphic element, as only inhabitant of an
interiors illusory architecture”, placing the spectator in
front of the ambiguity of the presented proposal.
Elder Rocha
Pisces Notius
Painting-installation
Elder Rocha builds his way in the fine arts - in painting,
more specifically -, without fearing the challenges to which
he proposes to face and dominate. He talks with the past
and with the contemporaneous, he experiments and takes
risks in his pictorial territory, in the conception of a personal
work. He uses multiple supports and a wide chromatic
scale to elaborate combinations that are expanded in
series. He establishes senses, always polyvalent, in the
provocation that he produces for the meeting that he
arranges with the spectator and his pictorial proposals,
through an appeal to the eye, to the imagination and to the
memory. Pisces Notius is the title that the artist gives to
his own work, in this exposition. It is name of a constellation,
from an old astronomy book.. Gathering heterodox
materials, he works with objects appropriated from a
universe that is related to his pictorial interest, such as
pieces of wood, rubber dolls, bubbles of acrylic, cloth
chess or striped cut, oil and silicone painted, pointing to
proposals delegated by modernist painting. With these
elements, transformed by his gesture, the artist formats
a stellar group in figuration and movements which one not
conventional, presenting a light spectrum and space
brightness, in opposition to the opaque surfaces, building
a pictorial materiality. From there onwards, the spectator
is welcomed in an ambiguous territory that goes from a
terrestrial, domestic situation up to children’s memory
kept in toys which are anything but innocent, to the
contemplation of galaxies and celestial bodies that opened
up to an immensity of meanings that only the work of art
can produce: “Sometimes, you will say, hear stars!”.
Miguel Simão
Sem título
Stone sculpture
Miguel Simão works traditional materials of the sculpture
such as stone, mud, wood and iron, besides foam and
other elements, such as his own tools, in metalinguistic
constructions. Forging that material, he examinees
through pertinent questions modernity, modeling a
language sustained in contrasts – hard / soft, filled /
empty, weight / lightness, quietude / movement -, translated
in dimensions sometimes almost monumental, sometimes
on small scale, demonstrating a sculptured structural
qualities vision of his presuppositiens. Transversal
immersions in surrealism and in minimal art, took out
some questions. Columns and the series Shoes, in
which evidences phallus and fetishism representations,
resulted in proposals with which the sculptor reflects on
his creation. For this exposition he elaborated a sculpture
in granite stone – that holds surprise of his own
conformation, discovered during the process of his
sculptural act -, homage to Balzac and Rodin in his brutal
volume. In his external configuration, he establishes
tensions between flat surfaces pleasing to the touch and
rough one at the same time in which it his external
configuration, at the same time in which he superimposes
geometric form on organic form, establishing a relation
in his operation. Going around and touching its closed
and bent volume, the spectator discovers a small volume
produced by the excavation in the stone, of a different
coloration and shine in the frontal part of the sculpture,
whose aspect compels on to a voyeur attitude and one of
tact, in as far as she is show in the bowels of the sculpted
material. Who spies sees and touches a form that alludes
to the feminine sex, provoking another tension inside the
sculpture, between bright and opaque. Fragmented pieces
of the human, male and female body, one and another or,
one in the another appear open and denote a passage
from one identity to another, affirming it, denying it,
dislocating it or conjugating it. These forms acquire
metaphoric values which point to the dessacralisation of
sexuality, a recurring object of present-day art, transferred
to the order of the social, in the loss of its archetype
stature. To the spectator, provoked by the explicit force of
work that the artist proposes, remains the choice between
attraction, the repulsion or the disturbing strangeness
that transpires from it.
Clarissa Borges
Simulação do corpo
Manipulated digital picture
The photographic language was the choice that Clarissa
Borges made. She was seduced by an art more directly
linked to the reality - realistic art, by her own nature -, with
which the complexity of the relations that she establish
can be perceived . Using a digital camera and Photoshop
program, she develops a work that brings several
questions that one sometimes treated with ambiguity,
sometimes ironically. I refer to works accomplished with
the body, its fragmentation and its dissimulated
recomposition or, like postcards sights that lose their
characteristic of sights with the interposition of bars that
blind them. In the same way, she captured images of her
own body in sole performances, seen her self through the
camera visor, cutting out pieces to manipulates them
digitally, building other composition, or yet, in the
registration of performances by other characters, shuffling
points of view to configure others, as well as, in a
questioning of couples’ routine companies, using
exchanging of eyes, in the belief that there exists in the
common sense of which this possibility is inherent to a life
situation. In this exposition, she shows the result of a
photographic image, operating the composition of three
images, entitled Simulacro do Corpo in black and white
and fragmented images of a nude male body. They are
defined in an assembly and collage process by the artist.
The result is a game that is hidden revealing the nature
of representation, reduction and sign. Folds, articulations,
hair textures, skin and meat belong to a plot which reports
on the organic image by the distinct interference from the
shadows and lights action, expressing a conception and
volume form that resounds in volatile visual evocations.
Suppressing the unit of the body and filtering details,
Clarissa Borges propitiates her transformation, her
mutation and her consequent abstraction, proposing new
meanings for the spectator.
Bia Medeiros
e Corpos Informáticos
Ponto Cílios
video art
(Performance in telepresence)
The research goal of the artist Bia Medeiros is the body.
Close to the successive groups which she constituted,
always preserving the original nucleus, she situates it in
the universe of an effective communication, mostly in
performance, made possible as much by telepresence as
by video performance production, as well as the practice
of other art languages propitiated by technology, like video
art, video installation and the photography, as well as
Internet exploration as an artistic field. Like a group, the
Corpos Informáticos acts in the expansion of the notion of
subjectivity – the we -, turning it interdependent, opening
as much to the public’s participation as to its insert in
other groups, mostly in dealing with performance in
telepresence. In this exposition, the spectator will be able
to experience the representation of one of her proposals,
entitled Dot Cílios, through video art undertaken from this
performance. The closed environment of a room that is
prolonged in a garden, previously determined in a
software, with address and windows, is transformed into
an planetarium environment, where online guests are
urged to participated in the proposed action, set to happen
on such day and on such hour. Another time-spacemovement’s dimension and interactive sensations result
thence, with borders that are difficult to establish,
sometimes, limitless. An action starts. The body of an
actor is drawn in relief, with lines configured by eyelashes
cut out in paper, put over her skin in several directions,
giving an animality character. From waving, twisted and
contorted movements, she is contaminate by becoming
animal with skin, hair, breastplate and instinct, identifying
herself with the telluric forces of this kingdom. Sounds
and images dialogs are sent and received. Every
participant produces his own poetic and has control over
his own screen. Then, from there onwards, who knows the
direction of the wandering ships?
Nelson Maravalhas
Transposições
no Huysmans
O Porco Uiva para o Sol
Canvas
The painting of Nelson Maravalhas brings a character of
constancy in all his trajectory as a plastic artist: This
hipnagogic expression. His work is made up of visions
captured during the vigil state, situated between shallow
and deep sleep and can be followed and elaborated up tp
its definition. They are not dreams, as surrealism brought
to art, approaching the emergence of the unconscious. In
this case, they are the physical effects which one under
control that establish images in relation to what the brain
conceives. The artist created paintings with the which he
establishes a particular relation of strangeness. For this
exposition, Nelson Maravalhas presents a diptych, worked
over some years. In waves that flow and flow back, it
describes the textual transpositions in pictorial
transpositions, translated in a literality, which is dubious
and as in all translations, commits betrayals to register
and propose his own poetic. On one side of the diptych, a
text on canvas describes the situation of a distressed
character of a text of 1884, Joris-Karl Huysmans in a
narrative of exacerbated meanings which, repelling
contemporary art, acquires a masterpiece that provides
inexhaustible pleasure. This masterpiece is this one, in
place of another, of Nelson Maravalhax, the painting
entitled Um Porco Uivando para o Sol. This symbolist
plot, translated from Dutch to German and English is,
finally, the game of an almost palimpsesto incorporated
by the artist who transposes it, replacing places and
masterpiece in Portuguese and his pictorial universe,
from where he intends to return to the writer a place that
he never had in the Dutch family: that of the painter, where
all of them were painters. From other side of the dipythic,
Nelson Maravalhax takes over his shared visions of
complicated nightmares, in which, sustained in a
referencial that approaches, besides the transposed A
Rebors (Dorian Gray, Gustave Moreau and Salomé),
George Orwell and 1984, (a century after the date signed
on this canvas), creating a powerful complex of
translations: of the condensed animality by the fragment
of the male body, a sexual organ assimilated to the pig, to
the signaling of all the other elements of the composition
– tree and jar simulations of the feminine, in a not-familiar
place -, make appear a delirium of erotic literalities
transposed from erudite fantasies and sinister visions,
pointed directly at the spectator’s nervous system remitting
him, like a wish by both texts, the literary and the pictorial,
to a kidnappings of pleasure. The artist brings to the
future the obsessive recycling of the past, in an apparently
endless moment of nostalgia, in the return to a time of
master: Yesterday in the imaginary kingdom of the present.
on the contrary and in right, as in a ribbon from another
Moebius. Dissimulating other knots of images that can
be unveiled in the details of the principal illustrations, one
by one, like traps and seductions for the look, the artist
insinuates that, for the human, above the earth and
breathing air, with their instincts geared to high and low,
for the noble and the ignoble, this is the tracing that is
given him to pass through, per omnia secula seculorum.
Rafael Carlucci shows an animation String, whose
starting point is a pornography image captured from other
sites, seen by numbers. Roni Ribeiro, Alexandre Luz and
William Kosmo bring an interactive animation subjective
form in which human groups are observed as in Flock’s
biological model which simulates animal behaviors,
producing perturbations in the behavior of human groups,
reactions and intelligent conducts of bodies that never hit
each other. In all of these works, the spectator and
participant of the inter-activity can experience a virtual
universe established by digital technology that provokes
as much the erosion of a temporal permanence as
regarding speed and time compression, enlarging the
aesthetic perception, projecting it in a new situation in
which authors and co-authors share the same space in
real time.
Sérgio Rizo
Educação de Lúcifer
Mixed technique
Lygia Saboia
Homenagem
à Rosácea
Plottage
HUMANO-PÓS-HUMANO
74
The foundation on which the artist Sergio Rizo builds his
career consists of a solid learning. In this, he affirms the
practice of a language as difficult as that of painting,
constantly taking over drawing as a middle from working
ideas or as a purpose in itself, incorporating concepts
that modernity transmits as legacy. In immersions as much
in abstraction as in figuration, he elaborates a personal
and strong work, caring for singular questions, acting
with the color and textures codes in his gestual paintings,
or establishing organic, mechanical and anatomical
images in his more recent work. The monumental tripythics
Educação de Lúcifer which the artist Sérgio Rizo presents
in this exposition, brings a narrative structure that can
work autonomously, in each unit, or together. That reveals
a tormented choreography where as almost human figure
of a kind of cybernetic angel – a humanoid -, is apprehended
and caught in heavy movements which point to a
precipitation attracted by the force of terrestrial gravity. A
strange machine with anatomical mechanisms, like ribs
bones and muscles, are coupled and incorporated to the
figure, praising Moebius, in a limbo environment, a place
suspended in a world without borders or limit, saturated
in a damp air, neither clear, non obscure neither past, non
present. Putting the classical aesthetics out of itself, in
as far as it subverts in rebutted tonalities, worked with rake
and spatula, the figures receive a treatment in contours by
a particular technique of drawing in charcoal with glue,
and the whole trypythics leads the spectator’s look,
vertiginously, downwards, where the escape point of a
perspective recomposes its unit, trimming its own fall.
Expression of the low human instincts, the centaur (here
in female representation), figures a woman half-animalhalf-human that gallop with her hairs-manes in movement
and lets loose the demons; a figure in fetal position,
fractionated by the movement, tongue loose, presages
the beginning and beginning again of times. After the fall,
the education propagated by Lúcifer is that of the trajectory
that is done in life, of the human-instinct-animal to the
human-machine-rational, in zig-zag, inside and outside,
Animations
Alexandre Félix
– Corpo
Alexandre Luz,
Roni Ribeiro and
William Kosmo
– Bipedes
Eduardo Lopes
– Proestéticos
Rafael Carlucci
– String
Individually or in group, art
students from the Departamento
de Artes Visuais or from the
Centro Cultural da 508 Sul, approach the universe of
computer science to undertake their artistic proposals.
Students of Suzete Venturelli, of the Instituto de Artes and
of Mário Maciel, of the Secretaria de Educação do Distrito
Federal, develop works guided to languages with which
the can situate their experiences regarding questions
that permeate the contemporaneity. The appropriation of
the electronic media will be used as much to propose a
ride in the cybernetic space as to discovers images of
virtual reality, dealing with the insertion as much as
themselves as the user in the incessant flow of digital
information that is presented to our eyes, opening vast
fields of possibilites. In this exposition, the spectator can
enter the results of research developed by Alexandre Félix,
who produced a self-portrait in animation, with the eye in
digits which are enlarge and fall into minimum images,
self-references, bodies without organs, fragmented. In
animation, the work of Eduardo Lopes shows Protéticos,
elaborated from a photo, brings the image of perfect bodies
that become deformed and transform in to virtual bodies.
The way taken by artist Lygia
Saboia in art comes from a perspective which has been
objectified by a long and varied project. Coming from a
field in which numbers are the founding elements
(economy), the passage to the artistic field become the
space where art synthesized the expression of her
experience. Engraver by option, she dynamized litography
and silkscreen language – from the matrix to multiple -,
elaborating in series proposals in which, from the
observation of scenes, characters, old pictures and
various situations, and built her own grammar.
Simultaneously, working which watercolors in observation
of the landscape of the cerrado, she developed a chromatic
and formal code with which she established the bases of
her creation. In the junction of all of these elements, that
is numbers, matrices, multiples, chromatisms and
impressions, the artist immersed in the universe of
computational art, exploring standards and symmetries,
her 17 types and her translations, elaborating beautiful
instalations. In this exposition, Lygia Saboia presents a
series of large impressions in acetate reporting to the
use of equations to construct rodôneas. Homenagem à
Rosáceas reminds one of Joshef Albers and his square
works, presenting a group with different Rosáceas, putting
in equation one more group to compose an image. The
artist remakes the image until she finds the most joyful
solution. Establishing plural relationships, using a
software created for this purpose, she reinvents different
plans and spaces. Separated or inscribed one in another,
the lines and the colors demonstrate the logic of their
outlines and surface projection. Presenting the
possibilities that her poetic reason can take out of the
Rodônea curve of 12 petals, through equations used for
their construction, as algebraic curve of high degree, the
artist Lygia Saboia instigates the spectator to penetrate
in the territory of beauty which nunbers can offer, for your
own mental and aesthetic joy .
Elyeser Szturm
Caboclo Backlight
Object
The artist Elyeser Szturm
consolidates a singular and
instigante work in his trajectory. Sustained by a materiality
that does not lose sight of this own horizons, his natural
or construct landscape, his formation in philosophy and
fine arts, he elaborates a solid synthesis to make his
poetics converge. In this sense, he intervenes, removes
or appropriates elements of nature and culture of the
country side of Goiás, proposing new and audacious
relationships between them. Interventions that put nails
into termite mounds, in situ, silicone blankets which extract
shapes of a colonial architecture, fire that breaks out in
duratex, threads which unsew from canvases to
recompose in lines, twisted blankets associated with
lianas, wash-basins, cages and other material that, often
associated to the language of video installation, point to
the diversity of medium used in the unit that his work
presents. His work in this exposition is in line with what
he called cabocla poetics. His work is an appropriation of
a meat drying box used in Goiás butchers, worked with
colored photos of meat, focussed outside of the box, added
to a mirror at the bottom and a bunch of lamps of weak
luminosity hanging in a tangle of wires coming from an
electric detour. Establishing a metonymical and
metaphoric relation ship in this agency, Elyeser Szturm
establishes an ironic dialog we with technology, as far as
the photos bring traces of a possibility of computational
composition, through the screen which is seen in the
foreground and gives it a checks you a digital texture.
Through the colors, the clear-dark contrasts and reflexes,
the artist points to the drama-tization that dominates this
installation. Crossed by the lights reflected in the mirror,
a sensitive touching speech overflows through the rips on
canvas side of the box that let glimpse the meat image that
one day was an animal, passed by the slaughterhouse,
was shred and bleeded. Before its decomposition, its goes
through the drying process to the delight of its consumers
or to the horror of its protectors. Dialectic reflexes emerge
with all the force contained in this work, evoking the fire
power that art has for those that dare penetrate it.
Illana Koling
Animais Mortos
nas Estradas
Mixed technique
Illana Koling made the choice of the language of painting
and through it reveals her passage through the basic
questions of modernity. Absorbing a wide chromatic she
worked concept of abstraction and figuration, plan and
space, collage and mounting, as well as vídeoarte, new
form of expression. She found in monochromic painting
her representations. The factors which raise her interest
are of a variety of sources – subculture, trivial culture,
ecology, the animal kingdom - or art history models. her
painting that the same time an expression of a reflection
about wide thematic spectrum and a criticism of the
analysis of artistic and social possibilities. Animais
Mortos na Estrada is a series of painting developed by
her. In this exhibition Illana Koling shows a triptych and
relief painting, with which she elaborates her pictorial
thought with regard to the macabre show in her travels in
Center-west Brazil. With black and white she builds a
dramatic narrative in front of such a massacre, which at
the same time, is frequent and indifferent for travelers
during a lapse of time, she caught animals run over in
video and picture images, working them several languages.
These paintings show blind spots - effects of the intense
brightness of the region and of the blindness of the
passers-by -, worked in white reliefs which emerge in
diagonal squirts of remains and blood, margined by black
tone in waving, pasty and eloquent movements. The lateral
painting, over a black surface, brings a relief of synthetic
hair, close to white road sign in the representation,
strengthening her idea of the extinction of fauna produced
by mechanized agriculture. In this way, Illana Koling
demonstrates that abstraction, far from the current use
can be used positively in can almost monochrome
articulation, other discourses, that only art can provoke.
Pedro Alvim
Língua
Mixed technique
The artist Pedro Alvin has double formation, in philosophy
and fine arts, that we unfolding in pictorial practice and
theory. He develops proposed nostalgic of a metaphoric
primitive past that apply in his different levels work.
However, this not signify his paint be elaborated in terms
of art history. That posture evidences in his pictorial
production in which disposes to the spectator plural
readings established through mixed formal and chromatic.
Pedro Alvim shows in this exposition a singular painting
with two support characteristics: verse and reverse, and
two tension between vertical and horizontal position.
Establishing a specific space-temporal relation, he works
both the surfaces with unusual procedures. Appropriating
of previous jobs, of small dimensions, adds craft paper
and words, he spreads them and applies on the support
collages, superimposing them to made background
paintings, resulting in layers to show the vestiges of that
revealed block starting from reverse. Pedro Alvim presents
in his painting conjugation, opposition and contradiction
forces. On this way, he multiplies the intensity thematic:
still life, landscape, illustrations, abstract and calligraphic.
Integrated, the painter is contaminate in both surfaces
producing a third aspect caused by translucency, in other
words, pictorial trespass, revealed by the brightness in
the thickness between verse and reverse.
Vicente Martinez
S.Q.S. 105
Instalation
Some ideas circulate in an
almost intermittent way in the
of the worked artist Vicente Martinez, even in the diversity
of its concretization. His relationship with society, the
autonomy of art and authoritarian relations developed
during the dictatorship period, when with the ex-cultura
group he did interventions in the city of Brasília and its
monuments, or elaborated drawings with strong colors,
in a figuration narrative close to pop-art, expressing his
world of subversion or ecstasy. Dialoguing with other
modern movements, his research leads him to a work in
which he takes on questions of minimal art, establishes
other space relations, brightness and the experience
lived by the spectator, extracting from the line, articulated
by the possibilities of pellicle tape, a wide repertoire of
proposals . Taking over ready-made with pellicle-tube-ofink, he inserts the territory of freedom with the pictorial
properties of Duchamp’s art. His SQS 105 installation
synthesizes several questions of the trajectory of the artist
who classifies himself as modern. Worked on the
horizontal, a chess board design overlaps a half-open
basement, signaling a game of exposition and occultation
- that which is shown and that which is hidden -, leaving
the spectator to opt by visibility or by sensitive evidence.
Over the board, Vicente Martinez agencies his pieces:
balloons of primary and secondary colors, like the readymade ink tube in organic and sensory moulds, a book,
Cem anos de solidão, whose pages are tourned over by
a fan, colored neons and spots illuminate and color the
around and basements pieces of broken plates a dish with
pigments and mounting games. The objects have a
symbolic, conventional presence, picturesque or allusive.
Humor and irony together through ludic conjugations.
The spectator will discover the aesthetics and relative
experience. In this installation, Vicente Martinez and
players are free of the any authority.
Andréa Campos de Sá
and Walter Menon
No Title
Pictures over marble
and video
HUMANO-PÓS-HUMANO
76
The two artists, Andréa Campos
de Sá and Walter Menon have
maintained a solo carreer, with
different aims. Nevertheless, the
interest on art contemporary
issues, its practice and theory, led
them, occasionally to start an
especial form of co-authorship:
they commit themselves to ideas
which are stablished in general
lines and each elaborates secretely his/her part in order
to, in loco, complete or complement the joint creation of
what was thought. Inter-relating the Andréa Campos de
Sa’s photographic objects with the Walter Menon’s
drawings, approppriations and vídeos the artists takes up
a singular identity in the creation of forms to build new
senses in the installations proposed. For Andréa Campos
de Sa, the 19th century, from the invention of photography,
offers a pleiad of bizarre manifestations and discoveries
in the light of theaterality, such as Salpetrière’s
Photographic Iconography, the pictures of the spirits –
practices with luminous spectrum -, in the natural sphere
and similar to the spirit realm, just like post-mortem
photographies (copied using the ashes of the dead).
These images are projected reality or simulacra at the
same time they sell an idea of obejective reality. It is
through this category that the artist creates an identifying
position, referring to Charcot’s scenographic photographs of the histeric, as well as the reflections and
fantasies of the spirits, making self-portraits explored by
pictures, in the field of narrative representation. Inserting
herself and crossing frontiers, limits and passages
between death and life, she personifies a nun, in the
emblematic disguising which belongs to Terezinha de
Lisieux, recorded in pictures of her time and made public
by the religious culture of the masses, through little printed
images of the saints. From these proposals, the spectator
is invited to penetrate a world of simulacrum where it is
possible to distinguish reality from fantasy, which oscilates
sometimes to a cristian methafore, sometimes to a critical
parody of personi-fications. In some installations made
with co-authorship, Walter Menon causes an effect of
desicration and profane materialization as he interpenetrates the spaces demarcated with pictures from
oneiric, incubus and succubous erotism, extracted from
some human bestiaries using graphisms and calligraphies. For this installation, Andréa Campos de Sá and
Walter Menon created an iconographic system joining
the 19th century photography, Art History, by sacred
painting of repercussion in the masses’ imaginary world,
and Cyborg manifest, by Donna Haraway, 1993. On the
other hand, the artist creates an iconographic system
originated from a line of paintings coming all the way from
medieval pictures which represent the Good Shepherd
until the symbolist interpretations and spreading in
religious culture. In this especific case, gender reversion
– the shepherd – a nun – taking care of the sheep in obscure
scenaries. Produced by simulation and signs, these
pictures, taken with high contrasts of light and shade, are
printed on a lapidated stone – white, oval marble-, giving
brilliance to the texture. By this means, almost as it happens
to the negative of the photograph, these pictures are
presented as single pieces, giving them an aura value, in
double sensation: mystery and strangeness. In a narrative
sequence, the character walks with her flock through the
scenes representing a cristian iconography, tranparent
to an original reality. Beside it, the artist Walter Menon
shows a vídeo in which he scans each piece of his recorded
drawing, connecting and synthesizing the proposal, both
the artists’ and the Human-post-human exhibition’s,
sending the image to the photographic sequence to
Cyborg manifet – in Lisa-Foo’s statement which stablishes
the boarder: it appears as a myth precisely where the
human and animal frontier is transgressed, where these
transgressions are seen as powerful fusions, ignoring
the Garden of Éden: he is not made of mud and cannot
dream of returning to dust. For the spectator the effect of
the real that is substituted with the real and the function of
the effect of a simulated reality created by this proposal.
Miguel Ferreira
Lesson of Anatomy
Kinetic object
Miguel Ferreira is an artist
who tries the possibilities of
several languages: from a
rocknroll band, where he
exercises the vibratory powers
of sonority to the creation of
post-kinetic sculptures and other experiments. Associating sculptural inventions with moving eletronic images,
he afirms a singular insertion in this slope of the
contemporary art. Refleting on the object-issue of this
exhibition, Human-post-human, he created a set of nine
transparent acrylic spheres, named Lesson of Anatomy.
They were made using a simple mechanism inside and
start to move in circles when put into action. Transiting
through space, they absolve and reflect light, strident
colors, forms and spectators which become anamorphic
then, directed by the counterweight which lead them adrift.
Taken as a beginning point, the pre-human for this creation,
the artist works with the circular form as the basic, prime
form. From the human being, he thinks about a pictorial
representation, part of the title, as referred by Rembrandt,
and with which Miguel Ferreira draws a good-humoured
parallel with his proposal, both in the expressions of
astonishment and surprise taken by the characters of the
painting in relation to the spectators of this lesson and his
own dissection that happens there, relating it to the
working of the transparent mechanism of his spheres,
allowing them to be seen, making them different, sculpture
and painting, into what they have as life and movement.
Making evident the post-human, it is in the junction of all
elements which compose them, whether the closed surface
or their entrails, that another sphere is formed and sent to
the knowledge and talent. In this one the spectator will be
able to act, producing the effect with endless rays, having
the sight as the centre.
Gê Orthof
Instrumentos para aferir
vulnerabilidades:
orbitas keplerianas
Installation
Gê Orthof through installation and performance actions
comes proposing dialogs in which the spectator is invited
to participated of a sensory and conceptual universe where
he stay captured, in difficulty leaving. However, if the
spectator stays outside, only looking curious, the diversity
of negotiated devices will be able to admire aspect of the
work but, unexpectedly he, will be seduced by traps. He
work on several themes such as contemporary life - society,
utopia and barbarism, ethics and aesthetics, public and
private, life/art/art/life-, Gê Orthof creates narratives
certfully, with elements of children, such as the wonderful,
cunning, amazement and enchantment. For spectator it
becomes impossible to not incorporate some constant
and variable codes of values that are thematised in his
installations, dissimulated by ludical strategies.
Instrumentos para Aferir Vulnerabilidades: Órbitas
Keplerianas is the work his presents in this presents
exposition. His work has three spaces: the first contains
plates locked with padlocks, the second has a rectangular
acrylic box with colored elements, and the third has a
wheelbarrow with boxes, book, purse, phons and metal
objects-sculpture, rubber, hooks, gloves, besides a lamb
skin clothes pierced by small tubes, stuffed colored sacks
with a sexual organ, half rattlesnake’s rings, half penis.
The plurality of signs used between them and in the
relations they enter at rotation by the performance
developed by the work, in progress. Invested of singular
parangolé, Gê Orthof takes up vulnerabilities for himself
and the public, circulating with the wheel barrow, touching
the spectator with the tips of his sculptural instruments extensions of the body -, tense and soft, to afterwards,
lying down inside the box, appears hearing, reading,
writing or drawing with his breath. Of the actions and
displacements, of instruments variations and modifications are produced. In his work Gê Orthof suggest an
association with Kepler and Freud who made radical
changes in thought both in physics and to modern human
science. In this installation, Gê Orthof involves the
spectator in a world of sexual fantasies and non-sexual
fantasies which lead him to multiple sensations. Gê Orthof
establishes an aesthetic experience that can lead the
spectator to discover through the which is vulnerable
presenting the public vulnerability who profane his intimacy,
looking at him and being lookedat.
Geovany Borges,
Christus Nóbrega,
Leandro Lima,
Heijy Inuzuka
Davide Grassi
Problemarket.com
The Problem Stock Exchange
Web art performance
ROHL o Robô
Arte e Mecatrônica
Rohl is a robot which was projected to be autonomous.
Machine autonomy is, very often, related to its capacity to
respond intelligently to external stimulation, for exemple
those provoked by human presence. Rohl is, in the context
of Human-post-human exhibition, the main reference that
we can see that draws us closer to the future of our species.
The performance of Rohl the robot and the human being
Christus Nobrega, during the openning of the expo sought
to contest the persistent reactions to fear and aversion of
people, transmited by narrated histories such as science
ficcion, which had their origin in literature, in relation to
the creation of intelligent robots. Rohl is a light sensitive
robot, who is able to see, not like a human, he has a
synthesis vision. When he feels human presence, he runs
away and shouts with fear: Help me! Here is a machine
that is afraid of the human species.
Rafael Galvão,
Ricardo Queiroz,
Mario Maciel,
Suzete Venturelli
Contato
Computer Art
The work Contact accomplished by the researchers Mario
Maciel, Rafael Galvão, Ricardo Queiroz and Suzete
Venturelli, congregates knowledges of art and technology.
Suzete Venturelli is a pioneering artist of the art and
technology and nowadays she is a coordinator research
of Laboratório de pesquisa em arte e realidade virtual do
Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Her
research about creation of natural interfaces humanmachine, in other words, that enables the interaction and
immersion with worlds and virtual environments, through
the voice and of gestures.
Mario Maciel, architect and master in arts, worked with
animated drawing, graphic arts and now has programming
language to develop virtual worlds and virtual reality
technology. His poetic has origin in cartoons and
electronic games. His characters, propagate the idea of
collaboration between humans and machines.
Ricardo Queiroz is PhD in engineering and artist.
Research and has developing visual interfaces of
interaction with image capture devices, like the digital
cameras.
Rafael Galvão, engineer, made the source code for
Contact installation, presented in this exhibition. The idea
is the contact established between virtual three-dimensional image and the gesture done by visitors with the
interaction realized by converted signals informations of
a digital camera.
Man at the window,
Woman by the cooker
and
Old Man
Luiza Venturelli
photography
“A problem is a challenge wrongly considered”
GK Chesterton (1874-1936). Problemarket.com is a jointstock company on which shares of several different
companies dealing with problems are floated. It is
responsible for organizing and managing the international
Problem Stock Exchange, formally created at the
beginning of 2000 and operational since November 16,
2001. More: www.problemarket.com
Davide Grassi, since 1995 has worked and lived in
Ljubljana, Slovenia, where he intensively collaborates with
several artists and institutions. His artistic work has a
strong social connotation and is characterized by an intermedia approach. He is the author of numerous videos,
performances, installations, documentaries and new
media works. He is a member of the controversial BAST
Collective and of SC-N project.
He leads Aksioma – Institute for Contemporary Arts, a
non-profit cultural institution based in Ljubljana, Slovenia,
which is interested in projects that take advantage of the
new technologies in order to investigate and discuss the
structures of modern society. It concentrates on artistic
production that explores social, political, aesthetic and
ethical concerns, and uses the Internet as a creative
laboratory for the exchange and distribution of ideas and
knowledge.
Davide Grassi has presented his work worldwide in several
exhibitions, festivals and lectures among them, Manifesta
4, Frankfurt, Germany; ZKM – Zentrums für Kunst und
Medien-technologie, Karlsruhe, Germany; ARCO - the
International Fair of Contemporary Art, Madrid, Spain;
ISEA 2002 – 11th International Symposium of Electronic
Art, Nagoya, Japan; the Biennial of Buenos Aires, Museo
Nacional de Bellas Artes, Buenos Aires, Argentina;
Art.ficial Emotion 2.0 – Technological Divergences, Itaú
Cultural, Sao Paulo, Brazil; Bell Gallery, List Art Center,
Brown University, Providence, U.S.A.; IASPIS, Stockholm,
Sweden; Moderna galerija – the Slovene Museum of
Contemporary Arts, Ljubljana, Slovenia; MNAC – National
Museum of Contemporary Art, Bucharest, Romania.
More: http://www.aksioma.org/facts.html
The photographer Luiza Venturelli comes from a line of
plastic artists who are seduced by the means of technical
reproduction. Her view, forged in Fine Arts studios gave
her peculiar possibilities which could be used only to an
artist, who is different from a documental photographer
or a publicist. Scanning in sets or details, people or
gestures, big screens or closes, places or spaces,
snapshots or poses, everything that can be a reason, theme
or support to her sthetic focus. These, taken from concepts
such as originality, expressiveness and singularity,
eventhough they may seem contradictory when we are
dealing with photograph, may be applicable to her work
because in this case it means how to look. The three great
printed pannels which Luiza Venturelli shows in this
exhibition bring situations, characters, ideas and
environments which are described and stimulate the
spectator to imagine the several ways to dwell in the world
and to be touched, from the lenghs of her camera. This
choice happens, as the photographer states, “in the flowing
of the events, a moment is frozen and testifies the rigidness
of the perception and the relation of the forms in the
construction of a rich moment of senses.” Reflections
and textures or brightness and darkness are part of the
formal categories used by the photographer and give
support to a tangible reality with which Luiza Venturelli
decode with detail the gesture of a person, a habit or a
sensation, painted as humanity.
HUMANO-PÓS-HUMANO
78
patrocínio e realização
Centro Cultural Banco do Brasil
exposição
Humano-pós-Humano
curadoria
Suzete Venturelli
crítica de arte
Grace Maria Machado de Freitas
museografia
Elisa Martinez
arquitetura e impressos
Mário Maciel
montagem
Miguel Simão
projeto educativo
Terezinha Losada
consultoria
Henrique Oswaldo
produção
Cena Promoções Culturais
secretária de produção
Cláudia Gomes
assistente de produção
Ana Carolina Viana
tradução
Stephen G. Baines
Maria Angélica Costa
Philip Maha
assessoria de imprensa
Objetosim
iluminação
Dalton Camargos
videografia
Elza Ramalho
fotografia
Elvio Gasparoto
impressão
Acqua Digital
monitores
Carolina de Andrade
Darlin Carvalho Matos
Emerson Leandro de Lima
Eva Maria Foloni Santoro
Gláucia Coelho
Hugo Cabral Carneiro
Juliana Veloso Sá
Luiza Xavier
Márcio Hofmann Mota
Pablo Maury Braz
Paula Sallas
Priscilla Marcial
Renata Barboza Lindoso
Rosângela Vieira
Vinícius Jabur
pós
visitas guiadas
GRUPO 1 > 26 de julho às 14h
Geraldo Orthof, Illana Koling,
Mario Maciel, Miguel Simão,
Nelson Maravalhas e Suzete Venturelli.
GRUPO 2 > 9 de agosto às 14h
Cintia Falkenbach, Elder Rocha,
Miguel Ferreira, Sergio Rizo,
Silvio Zamboni e Vicente Martinez,
GRUPO 3 > 23 de agosto às 14h
Bia Medeiros e Corpos Informáticos,
Clarissa Borges, Elyeser Szturm,
Pedro Alvim.
GRUPO 4 > 6 de setembro às 14h
Andréa Sá, Luiza Venturelli,
Lygia Saboia, Maria Luiza Fragoso,
Terezinha Losada e Walter Menon,
agenda arte e educação
as visitas orientadas para a
exposição são agendadas
pelos telefones
(061) 3310 7420 ou 3310 7480,
de segunda a sexta, das 10 às 18h
acesso
O CCBB disponibiliza ônibus gratuito, identificado
com a logomarca do Banco do Brasil. O transporte
funciona de terça a domingo, saindo do CCBB a
partir das 12h. O roteiro acontece de hora em hora:
CCBB – 12h às 20h
Teatro Nacional – 12h15 às 20h15
Manhattan Flat – 12h20 às 20h20
Hotel Nacional – 12h25 às 20h25
Galeria dos Estados – 12h30 às 20h30
Praça dos Três Poderes – 12h40 às 20h40.
As linhas 103 e 103-2, (Plano Piloto / Avenida das
Nações), ônibus do Transporte Coletivo de
Brasília, servem o Setor.
estacionamento
Gratuito com vigilância 24 horas.
HUMANO-PÓS-HUMANO
80
Apoio:
Universidade de Brasília
Centro Cultural Banco do Brasil, Setor de Clubes Esportivos Sul, trecho 2, conjunto 22, CEP 70200-002, Brasília, Distrito Federal, telefone (061) 3310 7087, bb.com.br/cultura
Patrocínio e Realização
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