Introdução ao séc. XX* (1)
•
No século XX, a história das relações internacionais
revelou quatro tendências principais:
1. Entre 1900 e 2000 assistiu-se a uma era em que o
crescimento do comércio e da finança criaram uma
economia verdadeiramente global.
De outro modo, os avanços nas comunicações e nos
transportes reduziram as limites de tempo e
espaço.
(*) Best, Antony et al. (2008 [2004]). International history of the twentieth century and beyond. New York: Routledge.
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1
Introdução ao séc. XX* (2)
Mais: o contacto estreito e independência entre
comunidades políticas levou à formação
permanente de instituições
intergovernamentais e de um número crescente
de instituições não-governamentais.
2. O século XX também foi moldado por
confrontações e inovações ideológicas: desde
o utopia progressista do comunismo até às visões
aparentemente nostálgicas do islão político.
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2
Introdução ao séc. XX* (3)
3. Outra tendência relevante foi a da perda da
supremacia da Europa no século XX, que era a
potência hegemónica no início da centúria. A
Europa foi postergada pelos Estados Unidos e a
União Soviética depois da 2ª Guerra Mundial.
No mundo bipolar que se seguiu às duas Guerras
Mundiais, assistiu-se a uma luta titânica entre duas
grandes potências (E.U.A. e Rússia) em que cada
uma dispunha de potencial bélico suficiente para
acabar com a vida humana.
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3
Introdução ao séc. XX* (4)
Por outro lado, em África e na Ásia haverá uma
proliferação de novos estados, que adquiriram
soberania com a desintegração dos impérios
coloniais europeus.
4. O século XX testemunhou igualmente uma
tendência muito frequente para os estados se
envolverem em conflitos providos pela ideologia,
nacionalismo, progressos tecnológicos e da
administração institucional.
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4
Introdução ao séc. XX* (5)
Nenhum século anterior poderá reclamar uma cifra
maior de mortes violentas que o vigésimo. Nesta
época ,as vidas foram dissipadas na guerra mas
também em actos bárbaros de violência estatal
organizada.
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5
Introdução ao séc. XX* (6)
• Normalmente situa-se o começo efectivo do século
XX não em 1900, mas em 1914, quando despoleta a
Primeira Guerra Mundial que destrói o Concerto da
Europa (sistema de regulação dos negócios
estrangeiros pelas grandes potências no século XIX).
• O século (nos seus temas principais) também não terá
acabado no ano 2000, mas em 1991, com a
resolução da Guerra Fria.
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6
A bomba nuclear: Hiroxima e
Nagasáqui, 1945
Fonte: britannica
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7
A Queda do Liberalismo**(1)
• Segundo Hobsbawm, de todos os factos que
marcaram a Era da Catástrofe, o que mais marcou os
sobreviventes do século XIX foi a derrocada dos
valores e instituições da civilização liberal cujo
progresso o seu século tomara como certo.
• Esses valores escoravam-se numa desconfiança da
ditadura e do governo absoluto e a anuência a um
governo constitucional com os respectivos
executivos e assembleias representativas livremente
eleitos.
(**) Hobsbawm, Eric (1996). A Era dos Extremos. Breve história do século XX: 19141991. Lisboa: Editorial Presença.
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8
A Queda do Liberalismo**(2)
• Tais instituições salvaguardavam a lei e um
conjunto de direitos e liberdades dos cidadãos
(liberdade de expressão, publicação e reunião).
• «O Estado e a sociedade deviam ser enformados
pelos valores da razão, do debate público, da
educação, da ciência e da capacidade de melhoria
(embora não necessariamente da perfeição) da
condição humana.» [Hobsbawm]
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9
A Queda do Liberalismo**(3)
• Parecia um dado assegurado que tais progressos
iriam campear durante todo o século. Os últimos
países autocráticos da Europa, a Rússia e a Turquia
já haviam feito concessões no sentido de um
governo constitucional.
• As instituições da democracia liberal tinham
progredido politicamente e a eclosão da Primeira
Guerra Mundial, aparentemente acelerou o processo.
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10
A Queda do Liberalismo**(4)
• Com excepção da Rússia soviética, todos os Regimes
que assomaram da Primeira Guerra Mundial, novos e
velhos, eram essencialmente regimes parlamentares
representativos eleitos (até a Turquia).
• No mundo, a tendência liberal replicava-se, ainda
que, nessa época, dos cerca de 65 estados
independentes, um terço da população mundial
vivesse sob domínio colonial.
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11
A Queda do Liberalismo**(5)
• Todavia, os 20 anos entre a dita Marcha sobre Roma
de Mussolini e o auge do sucesso das potências do
Eixo na Segunda Guerra Mundial [2ª GM]
testemunharam o célere eclipsar das instituições
políticas liberais.
• Entre 1918-20, assembleias legislativas foram
dissolvidas ou tornaram-se estéreis em dois Estados
Europeus, nos anos 20 em seis, nos anos 30 em
nove, ao passo que a ocupação alemã derrubava o
poder institucional em outros cinco durante a 2ª GM.
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12
A Queda do Liberalismo**(6)
• Os únicos países europeus cujas instituições
democráticas funcionaram sem percalços de maior
foram a Grã-Bretanha, a Finlândia (minimamente), o
Estado livre Irlandês, a Suécia e a Suíça.
• No Japão, a um regime liberal moderado, sucedeu um
nacionalista-militarista em 1930-31. A Turquia assistiu a
emergência do regime do «modernizador militar
progressista Kemal Ataturk» no começo dos anos 20.
[Hobsbawm].
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13
A Queda do Liberalismo**(7)
• O Canadá, os E.U.A., a Austrália e Nova Zelândia
eram países consistentemente democráticos nesta
altura.
• Até 1945 e ao irromper da Guerra Fria, a ameaça às
instituições liberais vinha exclusivamente da direita
política, de acordo com Hobsbawm, historiador
marxista.
• A Rússia soviética (a partir de 1922 U.R.S.S.) estava
isolada e depois da ascensão de Estaline não queria
nem estava habilitada a propagar o comunismo.
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14
A Queda do Liberalismo**(8)
• Depois da 1ª GM, os movimentos sociais-democratas
(marxistas) serviram mais de forças sustentadoras
do Estado que forças sediciosas e não se duvidava
do seu compromisso com a democracia, diz este
historiador britânico.
• Contudo, o medo da revolução social e do papel dos
comunistas na sua prossecução era bastante realista
«como provou a segunda onda de revolução durante
e após a Segunda Guerra Mundial.» [Hobsbawm]
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15
A Queda do Liberalismo**(9)
• Porém, nos vinte anos de depauperação do
liberalismo este regime não foi fortemente abalado
pela esquerda na Europa Ocidental.
• O perigo vinha essencialmente da direita
extremista, que ameaçava ideologicamente a
civilização liberal. Contudo, nem todos os movimentos
que eliminavam os regimes liberais eram fascistas.
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16
A Queda do Liberalismo**(10)
• O fascismo na sua forma original italiana e posteriormente
na variante nacional-socialista alemã inspirou outras
forças anti-liberais, apoiou-as e granjeou à direita um
«sentimento de confiança histórica. Nos anos 30 parecia a
onda do futuro» [Hobsbawm]
• As forças que derrubavam os regimes liberaisdemocráticos pugnavam contra a revolução social e uma
subversão contra a velha ordem social prevalecente em
1917-20 estava no seu âmago. Todos estes movimentos
eram autoritários e hostis às instituições políticas liberais.
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17
A Queda do Liberalismo**(11)
• O estado da sociedade parecia beneficiar os militares
e promover a polícia, ou outros grupos de homens
que pudessem intimidar a rebelião social. Estes
grupos foram muitas vezes o sustentáculo para a
direita extremista chegar ao poder.
• Todos estes movimentos se reviam no nacionalismo:
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18
A Queda do Liberalismo**(12)
• «em parte por causa do ressentimento contra
Estados estrangeiros, guerras perdidas ou impérios
insuficientes e em parte porque agitar bandeiras
nacionais era um caminho tanto para a legitimidade
como para a popularidade.» [Hobsbawm]
• Regimes Autoritários : almirante Horthy (Hungria);
marechal Mannerheim (Finlândia); marechal Pilsudski
(Polónia); o rei Alexandre (Jugoslávia); Francisco
Franco (Espanha).
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19
A Queda do Liberalismo**(13)
• Estes não tinham qualquer programa ideológico
particular, «para além do anticomunismo e dos
preconceitos tradicionais da sua classe.» [Hobsbawm]
• Um segundo tipo de direita é a dos regimes
conservadores, que não advogavam tanto a ordem
tradicional, quanto recriavam os seus princípios como
forma de resistir ao individualismo liberal e à ameaça
do trabalhismo e socialismo.
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20
A Queda do Liberalismo**(14)
• Demonstravam uma certa nostalgia de uma Idade Média e
de uma sociedade feudal idealizadas.
• A existência de classes e grupos económicos e a
perspectiva de uma luta de classes era uma carga alijada
pela aceitação voluntária de uma hierarquia social, pela
assunção de que cada classe tinha o seu papel a
desempenhar numa sociedade orgânica que integra todos.
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21
A Queda do Liberalismo**(15)
• Esta concepção da sociedade estabeleceu vários
tipos de teorias corporativistas, «que substituíam a
democracia liberal pela representação de grupos de
interesse económico e ocupacional.» [Hobsbawm]
• Esta corrente estava conexa a regimes autoritários e a
Estados fortes governados de cima, eminentemente
por burocratas e tecnocratas. Tal regime cerceava ou
abolia a democracia eleitoral.
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22
A Queda do Liberalismo**(16)
• Estes Estados corporativos prevaleciam em alguns
países católicos:
• Em Portugal (Salazar, foi o mais longevo dos chefes
de Estado de regimes anti-liberais da direita na
Europa 1927-74), mas também a Áustria desde o fim
da democracia até ao Anschluss (anexação) de Hitler
(1934-38) e em, certa medida, na Espanha de Franco.
• Nos países católicos, os fascistas podiam emergir do
catolicismo integrista (fundamentalismo católico).
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23
A Queda do Liberalismo**(17)
• O que, segundo Hobsbawm, ligava a Igreja a
regimes autocráticos e fascistas era um ódio
comum ao Iluminismo do século XVIII, à Revolução
Francesa e por tudo que dela derivava: democracia,
liberalismo e o comunismo ateu.
• Por outro lado, o antifascismo, ou a resistência
patriótica ao invasor estrangeiro «dava pela primeira
vez legitimidade ao catolicismo democrático
(democracia cristã) dentro da Igreja.»
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24
A Queda do Liberalismo**(18)
• Em 1891, através da encíclica rerum novarum, já
havia formulado uma política social onde vincava a
necessidade de dar aos trabalhadores aquilo que lhes
é de direito, mantendo simultaneamente o «carácter
sagrado da família e da propriedade privada.»
• Em Espanha, o grupo de católicos que apoiou a
República foi reduzido, o seu apoio privilegiou
sobretudo Franco. «No período em que o liberalismo
caiu, a Igreja, com raras excepções, rejubilou-se
com a sua queda.» [Hobsbawm]
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25
A Queda do Liberalismo**(19)
• O triunfo da democracia cristã na Europa e,
posteriormente, em algumas partes da América
Latina, pertence a um momento ulterior.
• O primeiro movimento fascista foi o de Benito
Mussolini. Contudo, sem o triunfo de Hitler em 1933,
o fascismo não se teria tornado um movimento
universal.
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26
A Queda do Liberalismo**(20)
• Estes movimentos, teoricamente pouco elaborados,
estavam «dedicados às insuficiências da razão e do
racionalismo e à superioridade do instinto e da
vontade.» [Hobsbawm]
• Esta corrente não é monolítica. O racismo está
ausente do fascismo italiano até 1938 e o Estado
corporativista não foi adoptado pela Alemanha Nazi.
• O fascismo, porém compartilha nacionalismo,
anticomunismo, antiliberalismo e uma preferência pela
violência de rua como política com o nacional-socialismo.
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27
A Queda do Liberalismo**(21)
• O fascismo diferenciava-se da direita reaccionária já
que ele vibrava com a mobilização das massas e
como os comunistas «mantinha-as simbolicamente
sob a forma de teatro público.» [Hobsbawm]
• Os fascistas apelavam às vitimas da sociedade e
chegavam mesmo a adoptar símbolos e nomes de
revolucionários sociais (Hitler institui o 1º de Maio
comunista como feriado em 1933).
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28
A Queda do Liberalismo**(22)
• Os fascistas, embora usassem a retórica do retorno
ao passado tradicional, não eram tradicionalistas (não
apelavam à Igreja e ao Rei), ainda que defendessem
valores tradicionais: era combatida a emancipação
da mulher e a cultura moderna.
• O passado que relevam é uma invenção e as suas
tradições eram fabricadas.
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29
A Queda do Liberalismo**(23)
• O nazismo recorria a um ramo da genética, o eugenismo
para tentar criar uma super-raça humana através da
reprodução selectiva e da eliminação dos alógenos (i.e.
aqueles que são de raça, língua, religião ou nacionalidade
diferentes.)
• Antecipando o séc. XX, o fim do século XIX viu a «xenofobia
em massa», da qual o racismo se vulgarizou:
«a protecção do indígena contra a contaminação «pelas
hordas invasoras sub-humanas [e.g. as migrações em
massa de polacos ou emigrantes nos E.U.A.]» [Hobsbawm].
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30
A Queda do Liberalismo**(24)
• O substrato desses movimentos era o ressentimento
desses sectores da sociedade que se sentiam
asfixiados pelo capitalismo infrene das grandes
empresas e o recrudescimento dos movimentos
trabalhistas.
• Estes sectores encontraram nos judeus, que estavam
presentes em quase toda a Europa, os bodes
expiatórios para o que de mais injusto e odioso havia
no mundo.
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31
A Queda do Liberalismo**(24)
• O «seu compromisso com as ideias do Iluminismo e
da Revolução Francesa que os tinham emancipado»
[Hobsbawm] podiam fazer deles símbolos «do odiado
capitalista/financeiro; do agitador revolucionário; da
corrosiva influência dos intelectuais sem raízes.
• Igualmente lhes censuravam a competição que lhes
conferia um quinhão desproporcionado dos empregos
em certas profissões. Acrescendo ainda a isto a visão
passadista de certos cristãos de que os judeus
haviam matado Jesus.
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32
A Queda do Liberalismo**(25)
• Na Europa de Leste, no século XIX, momentos de
explosão social levaram aos pogroms, que os
reaccionários do império do czar estimulavam,
principalmente depois do assassínio do czar
Alexandre II em 1881 por revolucionários sociais.
• Era um anti-semitismo de base rural e provincial
que assolava os antigos territórios dos Romanov
(Rússia) e dos Habsburgos (Áustria e Hungria).
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33
A Queda do Liberalismo**(26)
• Os novos movimentos de direita radical que instigam
sentimentos antigos de intolerância ecoavam sobretudo
nos grupos inferiores e médios das sociedades
europeias.
• Em países como os E.U.A., a Grã-Bretanha e a França, a
tradição revolucionária inibiu a emergência de
movimentos fascistas de massa relevantes.
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34
A Queda do Liberalismo**(27)
• Na Alemanha, o duplo golpe da inflação, que tornou
a moeda insignificante, e a posterior Grande
Depressão, levou a que uma parte da classe média
apoiasse estes novos partidos.
• A ascensão da direita radical após a 1ªGM foi uma
resposta ao perigo da revolução social e do jugo
operário em geral, à Revolução de Outubro,
designadamente ao leninismo. «Sem estes não teria
havido fascismo.» [Hobsbawm]
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35
A Queda do Liberalismo**(28)
• O soldado da linha da frente (frontsoldat) da 1ª GM iria
desempenhar um papel muito relevante na mitologia dos
movimentos da direita extremista (o próprio Hitler era um
deles) e prover de efectivos os primeiros esquadrões
violentos de ultranacionalistas.
• «Esses Rambos da época eram recrutas naturais da direita
radical.» [Hobsbawm]
• Por outro lado, havia um ressentimento pelos tratados de
paz de 1918-20, para muitos lesivos para a Alemanha
(derrotada da guerra) e para a Itália (vencedora da guerra).
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36
A Queda do Liberalismo**(29)
• Por outro lado, o que ofereceu uma oportunidade para
o fascismo crescer foi o colapso dos velhos regimes
e com eles das velhas classes dominantes e da sua
máquina de poder.
• Em países em que o regime liberal manteve a sua
sanidade (e.g. Grã-Bretanha), não houve precisão do
fascismo.
• Com todo o tumulto social que se abateu sob a Europa
«as elites governantes desamparadas se sentiam
tentadas a recorrer aos ultra-radicais.» [Hobsbawm]
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37
A Queda do Liberalismo**(30)
• Tal como fizeram os liberais italianos com os fascistas de
Mussolini em 1920-22 e os conservadores alemães com
os nacionais-socialistas de Hitler em 1932-33.
• Porém, em nenhum dos dois Estados o fascismo
alcançou o poder de forma constitucional. Uma vez no
poder, o fascismo «tomava posse completamente onde
podia» [Hobsbawm].
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38
A Queda do Liberalismo**(31)
• A transferência total de poder ou a eliminação dos
seus contendores, afastou os escolhos políticos
internos e abriu o caminho para uma ditadura de um
supremo líder populista (Duce, Fuhrer).
• O nazismo teve mérito de debelar os efeitos da
Grande Depressão mais eficazmente do que
qualquer outro governo. O nazismo, ao contrário do
fascismo italiano, conseguiu uma evidente
dinamização do seu sistema industrial.
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GAT: 1º ano - IPCA
39
A Queda do Liberalismo**(31)
• Embora não tivesse a eficiência no planeamento
técnico-científico arrojado a longo prazo como tinham
as democracias ocidentais.
• O nazismo serviu de reacção às convulsões da Grande
Depressão e à inércia dos governos da República de
Weimar em os enfrentar.
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40
A Queda do Liberalismo**(32)
• O fascismo italiano, ao produzir um governo mais
centralizado e robusto «continuou o processo de
unificação italiana do século XIX», «sendo o único
regime a suprimir a Máfia siciliana e a Camorra
napolitana.» [Hobsbawm].
• Contudo, o fascismo italiano tem no seu pioneirismo,
mais do que nas suas realizações, o seu significado
histórico. Mussolini influenciou Hitler.
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História Geral da Civilização
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41
A marcha sobre Roma
Fonte: wikipédia
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42
O comunismo e a União Soviética*** (1)
• Enquanto as democracias liberais foram sendo postas na
defensiva no período entre guerras, aparecem outras forças
com o vigor da novidade, «já que a experiência não lhes
revelou ainda as insuficiências ou os defeitos.» [Rémond]
• A Revolução de Outubro de 1917 marca o início de uma
corrente histórica cujas consequências ainda são visíveis
nos dias de hoje.
• Segundo Rémond, a revolução soviética é análoga à
francesa.
(***) Rémond, René (1994). Introdução à História do Nosso Tempo: do Antigo Regime aos Nossos Dias. Lisboa:
Gradiva.
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43
O comunismo e a União Soviética*** (2)
• Ambas as revoluções modificaram os respectivos
países, transformando as suas estruturas e fundaram
uma nova ordem política e social.
• As duas revoluções, Russa e Francesa, superaram o
estrito âmbito nacional, acrescentando a um
significado nacional uma dimensão internacional.
• Tal como a Revolução Francesa a partir de 1792,
também a revolução soviética foi votada ao
ostracismo pela Europa civilizada.
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44
O comunismo e a União Soviética*** (3)
• Contudo, também como a Revolução Francesa que
havia granjeado manifestações de apreço em todos
os países da Europa, a revolução divide os países
estrangeiros:
Exerce uma influência duradoura em importantes
partes das suas populações e nelas recruta adeptos.
• A Revolução de 1917, anunciava-se já havia muito
tempo:
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História Geral da Civilização
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45
O comunismo e a União Soviética*** (4)
A instabilidade era grande, o regime havia sido
atingido por muitas «forças de desagregação,
oposições políticas, forças sociais, partidos socialistas
minorias alógenas resistindo à política de
russificação.» [Rémond]
• As reformas levadas a cabo pelo czar tinham sido
contra-producentes. Os reveses militares da guerra
russo-japonesa, em 1904-1905, tinham debilitado o
regime. Uma primeira revolução (1905) havia
terminado subitamente sem lograr renovar o império.
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46
O comunismo e a União Soviética*** (5)
• Depois de 1914, a continuação da guerra cedo
reactivou o mal-estar e a desafeição ao regime:
Os desaires, as provações infligidas ao povo russo,
superiores às suportadas por outros países,
contribuíram para o período turbulento que termina
com a abdicação do czar, em Março de 1917.
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GAT: 1º ano - IPCA
47
O comunismo e a União Soviética*** (6)
• Estabelece-se, então, «uma república de facto, um
governo provisório da burguesia liberal constitucional.
Mas este regime será apenas de transição: não possui
autoridade, carece de apoios, não tem pessoal habilitado
para enfrentar uma situação excepcional» [Rémond]
• O governo pretende manter os seus compromissos com
a guerra (1ªGM), mas o povo anseia a paz: o povo
esperava que à queda do czar se seguisse o adeus às
armas. O poder muda sucessivamente de mãos: dos
liberais para os democratas e destes para os socialistas.
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GAT: 1º ano - IPCA
48
O comunismo e a União Soviética*** (7)
• Os bolcheviques (facção dissidente do Partido
Operário Social-Democrata Russo que defende a
ditadura do proletariado) mantêm uma oposição
irredutível e escoram-se num poder de facto: os
sovietes (conselho de operários)
• Os bolcheviques, em Outubro, despoletaram uma
terceira revolução, a decisiva, e tomaram
pacificamente o poder.
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História Geral da Civilização
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49
O comunismo e a União Soviética*** (7)
•
Distinguem-se 3 fases da revolução soviética:
1. A do comunismo de guerra, vai da revolução de
Outubro a 1921;
2. A da NEP (Nova Política Económica) decorre
entre 1922 e 1927-28.
3. A fase dominada pela personalidade de José
Estaline e pela edificação do socialismo num só
país, finda em 1939.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
50
O comunismo e a União Soviética*** (8)
• A fase do comunismo de guerra é dominada pela guerra
interna e externa.
• Em 1918, pelo Tratado de Brest-Litowsk, o Conselho dos
Comissários do Povo decide fazer a paz com os Alemães a
despeito da alta factura a pagar.
• Em casa sobrevém a guerra civil que antagoniza exército
vermelho (bolcheviques, com programa revolucionário e
defendendo a luta clandestina) e exército branco
(mencheviques: defendiam a actuação dentro da legalidade
participando em eleições para órgãos representativos).
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História Geral da Civilização
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51
O comunismo e a União Soviética*** (9)
• A guerra civil é simultaneamente uma guerra
estrangeira: as nacionalidades alógenas aproveitam
a oportunidade para se libertarem da tutela de
Moscovo; os exércitos brancos têm o apoio das
Grandes Potências: Grã-Bretanha, França e Japão.
• Trotsky organiza o exército vermelho para repelir o
inimigo externo e eliminar o interno. Estabelece-se um
regime de direcção autoritária que inflige uma
coacção económica:
05-11-2015
História Geral da Civilização
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52
O comunismo e a União Soviética*** (10)
«requisitam-se produtos nos campos, destacamentos
de operários armados vão para os campos e
apoderam-se das colheitas que os camponeses
recusam entregar.» [Rémond] – é a ditadura do
proletariado.
• Em 1921, os exércitos brancos estão exangues e a
guerra está quase ganha, os aliados desistem da
luta e a União Soviética impõe aos vizinhos o seu
reconhecimento e a delimitação das fronteiras.
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53
O comunismo e a União Soviética*** (11)
• A NEP inicia um momento de apaziguamento e
liberalização em tudo diverso do anterior. A fome
havia causado milhões de vítimas durante a guerras
internas e externas. Era imperioso fazer uma pausa
na revolução.
• Por outro lado, a produção era quase nula. A
economia estava desarticulada e a coacção era
incapaz de a reactivar. É hora de liberalizar: é
preciso estimular a iniciativa e reavivar a confiança.
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54
O comunismo e a União Soviética*** (12)
• Julgava-se que a Rússia ainda não estava pronta
para criar uma sociedade sem classes no imediato.
• Regressa-se à liberdade económica fazendo
coexistir dois sectores: um do Estado e outro
privado (o comércio interno, o artesanato). Recorre-se
também aos capitalistas e técnicos estrangeiros.
• Os efeitos da liberalização são notórios: a produção
recupera o desemprego diminui. A condição
camponesa melhora.
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55
O comunismo e a União Soviética*** (13)
• Sobre as cinzas da sociedade pretérita edifica-se uma
classe nova. Uma burguesia de comerciantes, de
artesãos, de proprietários: os NEPmen (homens da
NEP).
• Os kulaks, grandes ou médios proprietários
abonados, são quem mais beneficia com a destruição
da antiga ordem social.
• Lenine morre em 1924 e trava-se uma competição
pela sua sucessão. Perfilam-se dois candidatos:
Trotsky e Estaline.
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56
O comunismo e a União Soviética*** (13)
• Trotsky dos dois era o mais reputado, era um símbolo
da revolução, parecia destinado a ser o sucessor de
Lenine. Conhecia o estrangeiro e era o criador do
exército vermelho, o cérebro por detrás da vitória.
• «A seu lado Estaline fazia fraca figura. Nunca saíra da
Rússia senão para breves viagens, só sabia russo,
tinha subido no interior do partido. Mas tinha a seu
favor o controle do aparelho, trunfo capital.» [Rémond]
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57
O comunismo e a União Soviética*** (14)
• Trotsky, mais voltado para o exterior, almejava a
revolução permanente e universal. Defende que a
presente situação apresentava uma oportunidade que
os comunistas deviam explorar de imediato para
exportarem a revolução ao mundo inteiro.
• Na Europa, sobretudo na Alemanha e na China,
parecia-lhe que a situação estava madura e passível
de aproveitamento político. O comunismo cingido à
Rússia estaria «condenado ao estrangulamento.»
[Rémond]
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58
O comunismo e a União Soviética*** (15)
• Estaline é o oposto: calculista, realista, prudente.
Prefere realizar gradualmente a construção do
comunismo, consolidando-o na Rússia, para depois,
quando a situação o aconselhar, exportar a doutrina.
• Em 1927, Trotsky fica isolado e é derrotado, sendo
levado ao exílio dois anos mais tarde. Trotsky é ainda
um escolho para Estaline até ao dia em que este
último o manda assassinar no México em 1940.
• De 1927-28 até à sua morte em 1953, Estaline
assume o poder absoluto na União Soviética.
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59
O comunismo e a União Soviética*** (16)
• A terceira fase da revolução vai de 1928 a 1939: do
derrube de Trotsky ao Pacto Germano-Soviético. No
que concerne às estruturas económicas e sociais,
caracteriza-se pelo estabelecimento do socialismo.
• Politicamente, neste período, há lugar à «instauração
de um poder de Estado concentrado, praticamente
absoluto, totalitário» [Rémond]
• A construção do socialismo (aplicar uma doutrina e
tornar a União Soviética uma grande potência) pela
colectivização dos campos e pelos planos quinquenais.
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60
O comunismo e a União Soviética*** (17)
• Os três planos quinquenais têm um desiderato comum:
dotar a Rússia de uma poderosa indústria pesada.
Consubstanciam a opção pela indústria pesada de
equipamento a despeito da indústria ligeira de consumo.
• Pretende-se garantir a segurança e a independência
da União Soviética.
• Esta planificação é inteiramente original. Ainda
nenhum país havia feito a experiência de uma direcção
autoritária da economia, nem a definição de objectivos a
médio prazo.
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61
O comunismo e a União Soviética*** (18)
• «A mística do plano exalta o domínio do homem sobre
a Natureza, sobre a matéria, sobre a energia», as
potencialidades do homem soviético.
• Por outro lado, assiste-se à colectivização dos
campos. Em 1929-30, Estaline desencadeia um
operação de deskulakização. Aos kulaks são-lhes
confiscadas as propriedades e são sujeitos ao
trabalho assalariado ou colectivo.
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62
O comunismo e a União Soviética*** (19)
• Em toda a Rússia, os camponeses são instados a
integrar a colectividade kolkhoziana (kholkoz:
cooperativa agrícola de produção). As sovkhozes
(herdades do estado) são criadas mas constituem
uma excepção.
• A operação levada a cabo com grande violência leva
a que muitos camponeses prefiram abater o seu gado
a entregá-lo á colectividade. Consequentemente, os
rendimentos provenientes do trabalho da terra
diminuem num momento inicial.
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63
O comunismo e a União Soviética*** (20)
• A colectivização triunfa, é o fim da NEP.
• No que é atinente à defesa, o regime de Estaline, para
assegurar a segurança da União Soviética, amplia o
exército vermelho.
• «Prezam-se de novo os valores militares e patrióticos
(…) o patriotismo é reabilitado (…) a disciplina é
restabelecida, reaparecem as hierarquias militares
(…) e os valores familiares» [Rémond], ainda que de
forma condicional.
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64
O comunismo e a União Soviética*** (21)
• Estaline, senhor absoluto da União Soviética, não
detém qualquer cargo no aparelho de Estado, tendo
somente a função de secretário-geral do partido.
Só com a guerra tomará a seu cargo funções
governamentais.
• Porém, ele é plenipotenciário porque o Estado é
dominado pelo partido. Na União Soviética, o
Estado é dominado pelo proletariado de quem o
Partido Comunista é a vanguarda.
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65
O comunismo e a União Soviética*** (22)
• O Estado não é, em princípio, unitário, mas sim
federativo, a sua denominação é disso indicativa:
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
• Considera-se que a União federa repúblicas que
beneficiam do direito de optarem pela secessão da
União se tal decidirem. Cada república tem o seu
governo, a sua personalidade e autonomia a nível
cultural e linguístico.
• Com isto se pretendia solucionar o problema das
nacionalidades.
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GAT: 1º ano - IPCA
66
O comunismo e a União Soviética*** (23)
• Sobreposta a estas repúblicas munidas de instituições
próprias, a União prevalece com as suas instituições
comuns.
• O Soviete Supremo associa as duas câmaras (o
Conselho da União, onde a população da U.R.S.S.
está representada respeitando a proporcionalidade
demográfica) e o Conselho das Nacionalidades, onde
as nacionalidades estão representadas em igualdade.
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GAT: 1º ano - IPCA
67
O comunismo e a União Soviética*** (24)
• «Esta aparência de federação é equilibrada pelo peso
dominante da República da Rússia, que detém a
maioria nas instâncias federativas.»
• «Sobretudo o Partido Comunista conserva uma
coesão extremamente rígida. A sua hierarquia
paralela assegura um controle que previne qualquer
veleidade de sucessão.» [Rémond]
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O comunismo e a União Soviética*** (25)
• Prevalece uma democracia e uma descentralização de
fachada. É o partido o detentor do poder.
• Ele é pouco numeroso, disciplinado, constituído por
uma elite, à qual se acede por recomendação e que
frequentemente é alvo de depurações «destinadas a
conservar-lhe o dinamismo e pureza.» [Rémond]
• A partir de 1934, a URSS entra num «período de terror
crónico» [Rémond], caracterizado por uma sucessão de
processos, por purgas generalizadas e pela
implementação de um poder cada vez mais concentrado.
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O comunismo e a União Soviética*** (26)
• Segundo Rémond, não é a primeira vez que se havia
recorrido ao terror policial na União Soviética: o
comunismo de guerra tinha-se socorrido dele para
esmagar a insurreição contra-revolucionária.
• A originalidade reside agora no facto de a guerra civil
já não dilacerar o país e a repressão alvejar
essencialmente comunistas: 70% dos membros do
comité central dos primórdios da revolução vão
desaparecer.
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História Geral da Civilização
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O comunismo e a União Soviética*** (27)
• «O terror toma a forma de purgas repetidas que
depuram o partido, a administração, o exército, e que
liquidam fisicamente os protagonistas.» [Rémond]
• Paralelamente, banaliza-se o trabalho forçado e
milhões de cidadãos soviéticos são condenados aos
campos de trabalho.
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71
O comunismo e a União Soviética*** (28)
• Como resultado deste terror estabelece-se, em
benefício de Estaline, um poder altamente
concentrado «o mais temível de toda a história russa
e um dos regimes mais despóticos da história da
humanidade.» [Rémond]
• A ideologia comunista é internacionalista, a sua
acção exerceu-se em duas direcções: nas sociedades
industrializadas e, por outro lado, nos países
subdesenvolvidos e nas sociedades coloniais.
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GAT: 1º ano - IPCA
72
O comunismo e a União Soviética*** (29)
• Nas sociedades industrializadas, o comunismo
acende o rastilho da luta de classes do proletariado
contra a burguesia capitalista.
• No sentido de subverter a ordem social e tomar
posse do Estado dominado pelos ricos e destruir
«o simulacro de democracia parlamentar» [Rémond].
• Para os comunistas, a colonização representava uma
das formas de exploração do homem pelo homem,
sendo o imperialismo para Lenine o estádio supremo
do capitalismo.
05-11-2015
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73
O comunismo e a União Soviética*** (30)
• Aos líderes nacionalistas (e.g. na China existe uma
aliança entre o partido nacionalista e a União Soviética
até 1927, antes de Mao, portanto), aos defensores de
movimentos de emancipação, a União Soviética suscita
um sentimento de emulação.
• Não tanto pela sua revolução política como por ter sido o
primeiro país a libertar-se do domínio dos capitais
estrangeiros.
05-11-2015
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74
A Revolução Russa de 1917, o exército
branco: «defendam Petrogrado até ao fim!»
Fonte: spencer.lib.ku.edu/.../ColorImages/J14.jpg
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GAT: 1º ano - IPCA
75
A Era da Guerra Total** (1)
• A humanidade sobreviveu aos grandes abalos
provocados pelas duas GMs, porém os alicerces da
civilização europeia foram fortemente abalados
por estes conflitos.
• Até 1914, não tinha havido guerras mundiais.
Desde 1815, nenhuma grande potência tinha
combatido outra fora da sua região imediata, embora
houvesse escaramuças de impérios ou putativos
impérios contra inimigos mais fracos no ultramar.
05-11-2015
História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
76
A Era da Guerra Total** (2)
• Tudo isto se alterou em 1914. A 1ª GM envolveu
todas as grandes potências, bem como todos os
Estados Europeus, com excepção da Espanha, dos
Países Baixos, da Escandinávia e da Suíça.
• Tropas extra-europeias (e.g. americanos, indianos,
africanos, chineses) foram, pela primeira vez,
remetidas para lutar e operar fora das próprias
regiões.
• A guerra naval foi global na 1ª GM.
05-11-2015
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GAT: 1º ano - IPCA
77
A Era da Guerra Total** (3)
• A 2ª GM envolveu quase todos os países do mundo,
exceptuando a Irlanda, a Suécia, a Suíça, Portugal, Turquia
e Espanha e, fora da Europa, eventualmente o Afeganistão.
A América Latina teve uma participação essencialmente
nominal.
• «Em suma. 1914 inaugura a era do massacre.»
[Hobsbawm]
• A 1ª GM começou sendo eminentemente europeia: opôs
a tripla aliança da França, Grã-Bretanha e Rússia às
Potências Centrais, i.e. Alemanha e Áustria-Hungria.
05-11-2015
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GAT: 1º ano - IPCA
78
Alianças militares em 1914
Fonte: upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/...
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GAT: 1º ano - IPCA
79
A Era da Guerra Total** (4)
• A Sérvia e a Bélgica, ao serem alvo do ataque
austríaco e depois alemão, são chamadas a entrar
na guerra. A Turquia e a Bulgária juntam-se às
Potências Centrais. A Tripla Aliança é também
engrossada pela Itália, Grécia, Roménia e Portugal.
• O Japão também entrou para tomar posições alemãs
no Extremo-Oriente e no Pacífico Ocidental, mas não
extrapolou o seu âmbito regional.
05-11-2015
História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
80
A Era da Guerra Total** (5)
• O plano alemão era liquidar celeremente a França a
Ocidente, para posteriormente esmagar a Rússia a
Oriente, numa campanha relâmpago evitando a
mobilização atempada do numeroso exército russo do
czar. O plano quase que era bem sucedido.
• A Frente Ocidental tornou-se uma «máquina de
massacre sem precedentes na história da guerra»
[Hobsbawm]. A batalha de Verdun, em 1916, tragou
1 milhão de vidas.
05-11-2015
História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
81
A Era da Guerra Total** (6)
• Os franceses perderam quase 20% dos seus homens
em idade militar; os alemães 13%; os britânicos
perderam uma geração, meio milhão de homens
com menos de 30 anos.
• Os Americanos perderam 116.000 soldados, contra
1.6 Milhões de soldados franceses, quase 800.000
ingleses e 1,8 milhões de alemães.
05-11-2015
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GAT: 1º ano - IPCA
82
A Era da Guerra Total** (7)
• O facto de os eleitores de países democráticos
europeus não tolerarem uma repetição do
massacre da 1ª GM ajudou os alemães a ganharem a
2ª GM até 1940.
• A própria bomba atómica sobre Hiroxima e
Nagasáqui, em 1945, justificou-se não pela sua
inevitabilidade para ganhar a guerra, mas sim pela
necessidade de impedir mais mortes de soldados
americanos.
05-11-2015
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GAT: 1º ano - IPCA
83
A Era da Guerra Total** (8)
• Ambos os campos se procuram suplantar recorrendo à
tecnologia. Os alemães trouxeram o gás venenoso,
«bárbaro e ineficaz» [Hobsbawm] para o campo de
batalha. O seu uso para fins bélicos foi interditado pelos
governos através da Conferência de Genebra de 1925.
• Os britânicos foram os primeiros a usar (ainda que de
forma titubeante) os tanques. Ambos os lados,
ensaiaram o uso dos novos ainda frágeis aeroplanos. A
guerra aérea amadureceu na 2ª GM onde servia o
propósito de aterrorizar civis.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
84
A Era da Guerra Total** (9)
• O submarino foi a única arma tecnológica relevante
na guerra de 1914-18. Os alemães utilizaram-nos
para alvejar os navios britânicos que eram o meio
utilizado para abastecer as Ilhas Britânicas.
• Durante a 1ª GM e a 2ª GM, a Alemanha estava
mais bem apetrechada militarmente do que qualquer
dos outros contendores e só foi derrotada pela
entrada dos E.U.A. na guerra, em 1917. Este país
dispunha de recursos quase ilimitados.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
85
A Era da Guerra Total** (10)
• A Alemanha a Leste assegurou a vitória incondicional
sobre a Rússia exarada no tratado de Brest-Litowsk
(Março de 1918).
• Com a intervenção dos E.U.A. a permanência dos
alemães em guerra tornou-se inviável: as Potências
Centrais admitiram a derrota e desmoronaram-se.
Como consequência nenhum dos velhos governos
ficou de pé no Sudeste e Centro da Europa.
• O que originou a guerra? E porque foi ela travada
como um tudo ou nada?
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
86
A Era da Guerra Total** (11)
• Esta guerra ao contrário das anteriores, que
correspondiam a objectos específicos e limitados,
travava-se por metas ilimitadas. Na época de
Impérios, que precedeu o deflagrar da 1ª GM, política
e economia tinham-se concatenado.
• Posteriormente, na 2ª GM, o mesmo objectivo de
vitória total, de rendição incondicional animava o
esforço de guerra.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
87
A Era da Guerra Total** (13)
• A rivalidade política internacional era razão do
crescimento e da competição económica entre as
Grandes Potências europeias, que não parecia ter
limites:
«a Alemanha queria uma política e posição marítima
globais como as que então ocupava a Grã-Bretanha, o
que automaticamente relegaria uma Grã-Bretanha já
em declínio para um status inferior.»
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História Geral da Civilização
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88
A Era da Guerra Total** (14)
• A França pretendia compensar a sua crescente e
irrevogável inferioridade demográfica e económica
face à Alemanha. Jogava-se o futuro da França como
grande potência.
• Depois do fim da 1ª GM, a Inglaterra jamais voltou a
ter uma economia como a que tinha anteriormente.
• Com o fim da 2ª GM, França, Grã-Bretanha e
Alemanha Federal são definitivamente relegadas para
figurantes no palco das Grandes Potências - onde a
U.R.S.S. e os E.U.A. são agora protagonistas.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
89
A Era da Guerra Total** (15)
• O desejo de vitória total, de paz punitiva, depois da
1ª GM, «arruinou as escassas possibilidades
existentes de restaurar algo que se assemelhasse a
uma Europa estável, liberal, burguesa (…)»
[Hobsbawm]
• O acordo de paz imposto pelas grandes potências que
triunfaram na 1ª GM (E.U.A., Grã-Bretanha, França e
Itália), o Tratado de Versalhes, era dominado por 5
considerações:
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História Geral da Civilização
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90
A Era da Guerra Total** (16)
1. O colapso de diversos regimes europeus e a
emergência do regime bolchevique na Rússia,
apostado em entabular uma revolução universal.
2. Havia necessidade de vigiar a Alemanha que
sozinha quase havia desbaratado toda a
coligação aliada.
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91
A Era da Guerra Total** (17)
3. O mapa da Europa deveria ser redesenhado para
enfraquecer a Alemanha e «para preencher os
grandes espaços vazios deixados na Europa e no
Médio Oriente pela derrota e colapso simultâneos dos
impérios russo, Habsburgo e otomano.» [Hobsbawm]
Na Europa reinava o princípio de reordenar o
mapa criando Estados-nação étnico-linguísticos,
respondendo à crença do direito à autodeterminação.
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A Era da Guerra Total** (18)
A tentativa foi desastrosa com repercussões ainda
nos anos 90 (a guerra nos Balcãs foi um produto do
Tratado de Versalhes). Quanto ao reordenamento do
Médio Oriente este correspondeu a reivindicações
imperialistas de britânicos e franceses.
A Palestina «onde o governo britânico, ansioso por
apoio internacional judeu durante a guerra tinha
prometido estabelecer um lar nacional para os judeus
(…) seria outra relíquia problemática e não esquecida
da 1ª GM.» [Hobsbawm]
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História Geral da Civilização
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93
A Era da Guerra Total** (19)
4. Os atritos e jogos políticos nas grandes
potências vencedoras (E.U.A., França, GrãBretanha) que suscitaram diferendos entre eles;
como a recusa do Congresso americano em
ratificar o acordo de paz.
5. A porfia das potências vitoriosas em firmar um
acordo de paz que tornasse impossível uma outra
guerra mundial revelou-se um tremendo
fracasso. Vinte anos depois o mundo estava
outra vez mergulhado no horror da guerra.
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História Geral da Civilização
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94
A Era da Guerra Total** (20)
• Pretendia-se igualmente isolar a Rússia bolchevique
criando um cordon sanitaire de Estados
anticomunistas que haviam sido em grande parte ou
integralmente ex-terras russas:
A Finlândia, três novas pequenas repúblicas bálticas
(Estónia, Letónia, e Lituânia), sem precedente
histórico; a Polónia novamente devolvida à
condição de Estado independente após 120 anos e
uma Roménia largamente ampliada.
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História Geral da Civilização
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95
A Era da Guerra Total** (21)
• A Aústria e a Hungria cindiram-se, a Sérvia foi
expandida para integrar uma nova e grande
Jugoslávia a que foi juntada a Eslovénia (ex-austríaca);
e a Croácia (ex-húngara) e o pequeno estado tribal
anteriormente independente do Montenegro.
• Formou-se uma nova Checoslováquia que com a
Jugoslávia eram «meras construções de uma
ideologia nacionalista que acreditava na força da
etnicidade e na indesejabilidade de Estados-nação
pequenos de mais.» [Hobsbawm]
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História Geral da Civilização
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96
Divisão da Europa após a 1ª GM
Fonte: http://historiablog.files.wordpress.com/2008/10/mapaguerra21.jpg
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História Geral da Civilização
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A Era da Guerra Total** (22)
• Os novos estados nacionais subtraídos à Rússia e ao
Império Habsburgo, todavia, não eram menos
multinacionais que os precedentes.
• Impôs-se à Alemanha uma paz punitiva, considerando
que este país era o único responsável pelo deflagrar da
guerra. Para enfraquecer este país, retirou-se-lhe a
Alsácia e a Lorena, que voltou à França e uma boa porção
da região leste que era teutónica foi outorgada à Polónia.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
98
A Era da Guerra Total** (23)
• Por outro lado, limitou-se o seu exército a 100 mil
homens; privou-se a Alemanha de uma marinha e de uma
força aérea eficazes impondo pagamentos de custos de
guerra (reparações) virtualmente ilimitadas. Ocupou-se
militarmente parte da Alemanha Ocidental (Renânia).
• As possessões ultramarinas alemãs foram-lhe retiradas
sendo redistribuídas principalmente entre britânicos e
franceses.
• Com excepção das cláusulas territoriais, já nada
sobejava do tratado de Versalhes nos anos 30.
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99
A Era da Guerra Total** (24)
• A constituição da Liga das Nações organismo precursor
da ONU, que visava resolver problemas que surgissem
entre países de forma pacífica e democrática redundou
num fracasso, já que os E.U.A., que estiveram na sua
origem, se recusaram depois a dela fazerem parte.
• Os E.U.A. e a Rússia revolucionária entrariam nesta
época num período de isolacionismo. De outra forma,
estando duas potências europeias postergadas (a Rússia
soviética e a Alemanha), o acordo de Versalhes não se
constituiu como base para uma paz estável.
05-11-2015
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100
A Era da Guerra Total** (25)
• A França receando um vizinho militarmente pujante,
necessitava e forcejava por ter a seu lado uma
Alemanha anémica.
• Em virtude do colapso económico vivido durante a
Grande Depressão, e a convulsão social que a
acompanhou, na Alemanha e no Japão «forças
políticas do militarismo e da extrema-direita subiram
ao Poder na Alemanha e no Japão.» [Hobsbawm]
05-11-2015
História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
101
A Era da Guerra Total** (25)
• Estas forças empenharam-se em alterar o status
quo decorrente do tratado: o confronto tornou-se
uma inevitabilidade.
• A Alemanha, o Japão e a Itália (mais tíbia) foram
quem iniciou as hostilidades que originaram a 2ª GM.
Adolf Hitler foi o grande dínamo da guerra,
malgrado os esforços da maioria para a evitar.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
102
A primeira guerra mundial
Fonte:http://www.memo.fr/Media/Ypres_masques_gaz.jpg
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
103
A Era da Guerra Total** (26)
• Se na Alemanha, que saiu derrotada da guerra, todo o
espectro político (de comunistas a nacionaissocialistas) condenou o Tratado de Versalhes como
iníquo. Também a Itália e o Japão, que saíram
vencedores da 1ª GM, manifestaram insatisfação:
«os japoneses com um realismo de certa forma maior
que os italianos, cujos apetites imperiais excediam
em muitíssimo o poder independente do seu Estado
para as satisfazer.» [Hobsbawm]
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GAT: 1º ano - IPCA
104
A Era da Guerra Total** (27)
• A Itália embora tivesse integrado no seu seio territórios
dos Alpes, do Adriático e até do mar Egeu; viu indeferida
a recompensa que lhe havia sido prometida pelos aliados
aquando da sua entrada a seu lado na 1ª GM em 1915. O
fascismo soube exponenciar essa insatisfação.
• O Japão, nesta época, era a grande potência militar do
Extremo-Oriente. A industrialização nipónica progredia
rapidamente. Assim, os japoneses procuravam
incrementar o seu quinhão no Extremo-Oriente.
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GAT: 1º ano - IPCA
105
A Era da Guerra Total** (28)
• O Japão, sendo uma ilha carente de recursos naturais
indispensáveis à actividade industrial, estava
dependente das importações intermitentes da
marinha estrangeira. As suas exportações, por seu
turno, estavam à mercê do mercado dos E.U.A.
• Havia, assim, a tentação de criar um império territorial
na vizinhança, ou seja na China, «que encurtasse as
linhas de comunicação japonesas tornando-as assim
menos vulneráveis.» [Hobsbawm]
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106
A Era da Guerra Total** (29)
• Assim, foi a agressão destas potências
insatisfeitas, unidas por diversos tratados desde
meados da década de trinta, que esteve na origem do
conflito:
«Os marcos milenários na estrada para a guerra
foram a invasão da Manchúria pelo Japão em 1931; a
invasão da Etiópia pelos italianos em 1935; a
intervenção alemã e italiana na Guerra Civil
Espanhola em 1936-39(…);»
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107
A Era da Guerra Total** (30)
«(…) a invasão alemã da Áustria no início de 1938; a
mutilação posterior da Checoslováquia em Março de
1939 (seguida da ocupação italiana da Albânia); e as
exigências alemãs à Polónia que levaram de facto
ao início da guerra.» [Hobsbawm]
• O Japão se pudesse, decerto teria preferido erigir o
seu império asiático oriental evitando o deflagrar de
uma guerra mundial.
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108
Período Entre-Guerras: as anexações
alemãs (1933-1940)
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109
A Era da Guerra Total** (31)
• A Alemanha, por sua vez, necessitava de uma guerra
ofensiva rápida, uma vez que a conjugação dos
recursos dos seus adversários seria muito superior
aos seus.
• O Japão só em 1941 iniciou as hostilidades contra
a Grã-Bretanha e os EUA, mas não contra a URSS.
Contudo, os recursos americanos eram-lhe
largamente superiores.
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110
A Era da Guerra Total** (32)
• A 2ª GM, começa em 1939, como um conflito
exclusivamente europeu (ocidental). O primeiro acto
vê a Alemanha atacar e derrotar a Polónia, que foi
rapidamente dividida com a, então, neutral URSS.
• Em 1940, a Alemanha subjuga de seguida e sem
grande esforço a Noruega, Dinamarca, Países
Baixos, Bélgica e França, ocupando os quatro
primeiros países e dividindo a França:
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111
Avanço das forças do eixo 1939-40
Fonte: http://clioemquestao.files.wordpress.com
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A Era da Guerra Total** (33)
• «numa zona directamente ocupada pelos franceses e
administrada pelos alemães vitoriosos e num estado
satélite francês [governado por reaccionários
franceses e com capital nas termas provincianas de
Vichy]». [Hobsbawm]
• Neste momento, só a Grã-Bretanha, sob a égide de
Winston Churchill, permaneceu em guerra com os
alemães, recusando-se a negociar com Hitler.
Paralelamente, a Itália toma o partido dos alemães.
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113
A Era da Guerra Total** (34)
• Estava-se num impasse, ainda que a Alemanha não
conseguisse invadir a Grã-Bretanha, devido ao
impedimento que constituía o mar e a Real Força
Aérea, o inverso também era verdadeiro.
• No Leste da Europa, a URSS, por acordo com Hitler,
ocupou as áreas europeias do império czarista
perdidas em 1918 – de acordo com o Tratado
Germano-Soviético de 1939.
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114
A Era da Guerra Total** (35)
• A difusão da guerra aos Balcãs por iniciativa
britânica, levou à conquista de toda a península pelos
Alemães, incluindo as ilhas gregas.
• O cenário de guerra alastrou-se ainda a África onde
a Itália esteve na iminência de ser expulsa do
continente pelos britânicos, que conduziam as suas
operações a partir da sua base principal no Egipto. A
Alemanha socorrer a sua aliada em apuros.
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GAT: 1º ano - IPCA
115
A Era da Guerra Total** (36)
• O Africa Korps alemão, chefiado pelo grande general
alemão Erwin Rommel, fez perigar toda a posição
britânica no Médio Oriente.
• Em Junho de 1941, Hitler invade a Rússia,
envolvendo, assim, a Alemanha numa guerra em duas
frentes. Este passo imponderado justifica-se pelo
desejo de Hitler de formar um vasto império oriental,
próspero em recursos e trabalho escravo.
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A Era da Guerra Total** (37)
• Depois de rápidos avanços iniciais que levam os
exércitos alemães às imediações de Moscovo. A
marcha dos exércitos germânicos foi travada e
obrigada a render-se em Estalinegrado (Verão de
1942-Março de 1943).
• A partir de 1943, era certo para os contendores que a
derrota da Alemanha seria apenas uma questão de
tempo.
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GAT: 1º ano - IPCA
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2ª GM: Frente Russa: 1941-1942
Fonte: wikipédia
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A Era da Guerra Total** (38)
• A guerra havia-se tornado global. Primeiro «pelas
agitações anti-imperialistas entre os súbditos e
dependentes da Grã-Bretanha.» [Hobsbawm]
• Depois pela amplidão do poder das potências do Eixo
(Japão, Itália, Alemanha) no Sudeste Asiático, que
suscitou represálias económicas dos EUA sobre o
Japão, cujo comércio e suprimento estava
dependente das ligações marítimas.
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GAT: 1º ano - IPCA
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A Era da Guerra Total** (39)
• O ataque japonês a Pearl Harbor tornou a guerra
global:
«Dentro de poucos meses, os japoneses tinham
tomado todo o Sudeste Asiático, continental e
insular, ameaçando invadir a Índia a partir da Birmânia
a ocidente e o vazio Norte da Austrália a partir da
Nova Guiné.» [Hobsbawm]
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GAT: 1º ano - IPCA
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2ª GM: Áreas sob domínio japonês
Fonte: http://media.maps.com
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GAT: 1º ano - IPCA
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A Era da Guerra Total** (40)
• A opinião pública americana via no Pacífico, ao contrário
da Europa, uma zona de acção normal para os Estados
Unidos, o isolacionismo americano pretendia somente
se eximir dos assuntos europeus.
• Contudo o que constitui para Hobsbawm um enigma é:
«por que razão Hitler, já inteiramente esgotado na Rússia
declarou gratuitamente guerra aos EUA, dando assim
ao governo de Roosevelt a oportunidade de entrar no
conflito europeu ao lado da Grã-Bretanha sem enfrentar
esmagadora resistência política dentro do seu país?»
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GAT: 1º ano - IPCA
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A Era da Guerra Total** (41)
• Como havia a percepção entre a Administração
americana que o Japão constituía uma ameaça
menos séria e candente que a Alemanha, à posição
global dos EUA, concentraram-se os recursos
consentaneamente.
• Hitler, como havia feito com os soviéticos,
subestimou a capacidade económica e
tecnológica, bem como de acção dos EUA, uma
vez que duvidava da idoneidade das democracias
liberais.
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GAT: 1º ano - IPCA
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A Era da Guerra Total** (42)
• O Eixo atinge o zénite do seu êxito em meados de
1942 e só em 1943 o sucesso é revertido. Os aliados só
reentram na Europa em 1944. Entrementes, o exército
aliado utiliza o poder aéreo para rechaçar os nazis.
• A Ocidente, a resistência alemã mostrou-se coriácea,
mesmo depois do desembarque da Normandia em Junho
de 1944. O regime não suscitou nenhuma rebelião por
parte do povo alemão e somente os generais alemães
conspiraram, pagando com a vida, para derrubar Hitler.
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GAT: 1º ano - IPCA
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A Era da Guerra Total** (43)
• No Extremo Oriente, perante a irredutibilidade nipónica,
os EUA foram forçados a lançar as bombas atómicas
de Hiroxima e Nagasáqui. «A vitória de 1945 foi total e
a rendição incondicional.» [Hobsbawm]
• Os estados vencidos foram inteiramente ocupados
pelas potências vencedoras. Excepção feita à Itália, que
mudou de facção e de regime em 1943 e, portanto, não
foi integralmente tratada como território ocupado, mas
sim como país derrotado com governo reconhecido.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
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A Era da Guerra Total** (44)
• Nas conferências de 1943 a 1945 as potências aliadas –
EUA, Grã-Bretanha e URSS – decidiram a partilha dos
despojos da vitória. Foi igualmente estabelecida a ideia
das Nações Unidas.
• A 2ª GM, segundo Hobsbawm, era, ao contrário da 1ª
GM, uma guerra de ideologia:
• «era também uma luta de vida ou de morte para a maioria
dos países envolvidos. O preço da derrota frente ao
regime nacional-socialista alemão (…) era a escravidão e
a morte. Daí a guerra ser travada sem limites.»
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
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A Era da Guerra Total** (45)
• As mortes causadas nesta guerra cifram-se em cerca
de três a quatro vezes o número estimado para a
1ª GM: 10% a 20% da população da URSS, Polónia e
Jugoslávia; e entre 4% a 6% da população da
Alemanha, Itália, Áustria, Hungria, Japão e China.
• As baixas na Grã-Bretanha e França foram muito
inferiores às da 1ª GM, cerca de 1%, embora nos EUA
este valor seja ligeiramente superior.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
127
A Era da Guerra Total** (46)
• A guerra moderna envolve todos os cidadãos,
mobilizando a maioria. O armamento utilizado obriga a
uma reorientação de toda a economia para sua
fabricação em larguíssima escala. A guerra «produz
uma indizível destruição.» [Hobsbawm]
• Até ao século XX, as guerras raramente abrangem
toda a sociedade.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
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A Era da Guerra Total** (47)
• Porém, a partir de 1914, as guerras são
indubitavelmente conflitos de massa. Na 1ª GM, a
Grã-Bretanha mobilizou 12,5% dos seus homens para
as Forças Armadas, a Alemanha 15,4% e a França
quase 17%.
• Na 2ª GM, a percentagem de homens mobilizados foi
de cerca de 20%. Tal esforço de guerra só pode ser
apoiado por «uma economia industrializada de alta
produtividade (…) em grande parte nas mãos dos
sectores não combatentes da população.»
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
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A Era da Guerra Total** (48)
• «As economias agrárias não podem em geral mobilizar
uma proporção tão grande da sua força de trabalho.»
[Hobsbawm]. As guerras mundiais levaram a uma
revolução no emprego das mulheres fora do lar,
temporariamente na 1ª GM e constantemente na 2ªGM.
• A guerra reclamava a produção em massa.
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História Geral da Civilização
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A Era da Guerra Total** (49)
• A guerra vai ter um efeito benéfico para a tecnologia,
já que a guerra não opunha só exércitos, mas também
capacidade tecnológica para fornecer aos exércitos
armamento eficaz e outros serviços fundamentais.
• A bomba atómica surgiu do medo de que a Alemanha
pudesse aceder à física nuclear. Outras descobertas
para fins primordialmente bélicos tiveram aplicação em
época de paz: e. g. a aeronáutica e os computadores.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
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A Era da Guerra Total** (51)
• Os polacos, mas sobretudo os russos e os judeus,
não raro foram usados pelos nazis praticamente como
mão-de-obra escrava cuja vida era dispensável. A
mão-de-obra escrava chegou a perfazer um quinto da
força de trabalho na Alemanha em 1944.
• Os governos vão avocar a fabricação de material
bélico. Os executivos tinham de tomar as rédeas da
economia, sendo fundamentais para o planeamento e
logística da mesma. A guerra revolucionou a
administração.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
132
A Era da Guerra Total** (52)
• A guerra foi extremamente depredatória para os
recursos produtivos: na Rússia a agricultura foi
arruinada, bem como a industrialização tentada pelos
Planos Quinquenais.
• Contudo, as guerras vieram beneficiar a economia
americana: a sua taxa de crescimento nas duas
guerras foi excepcional, mormente na 2ª GM, em que
aumentou 10% ao ano, uma taxa nunca antes
alcançada.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
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A Era da Guerra Total** (53)
• Os EUA beneficiaram de estarem longe dos
confrontos, de serem o principal arsenal dos seus
aliados, bem como pelo potencial da sua economia
para ampliar a produção de modo mais eficiente do
que nenhuma outra.
• Como resultado da guerra, os EUA vão assumir a
hegemonia económica global durante o resto do
século XX. Em 1914, este país já era a maior economia
industrial. As guerras, ao enfraquecerem os seus
concorrentes, trouxeram benefícios à sua economia.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
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A Era da Guerra Total** (54)
• O aumento da ferocidade da guerra deve-se à
democratização mesma - já que os civis, que a
propaganda tratava de demonizar - foram tomados como
alvos a abater.
• E «à nova impessoalidade da guerra, que transformava
o matar ou o estropiar numa consequência remota de
apertar um botão ou uma alavanca. A tecnologia tornava
as suas vítimas invisíveis.» [Hobsbawm]
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
135
A Era da Guerra Total** (55)
• O mundo acostumou-se à palavra genocídio: a 1ª GM
esteve na origem da matança estimada de 1,5 arménios
pela Turquia, que foi a primeira tentativa moderna de
eliminação física de toda uma população.
• Seguidamente, na 2ª GM, calcula-se que 5 milhões de
judeus tenham sido exterminados às mãos dos nazis.
• A 1ª GM e a Revolução Russa levaram à migração de
milhões de refugiados, ou a permutas de população
entre estados. 1,3 milhões de gregos, oriundos da
Turquia, foi repatriado para a Grécia.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
136
2ª GM: mortes
Fonte: wikipédia
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GAT: 1º ano - IPCA
137
A Era da Guerra Total** (56)
• Por outro lado, como consequência da Revolução Russa,
1,5 ou talvez 2 milhões de nacionais russos fiéis ao lado
perdedor da Guerra Civil fugiram, tornando-se apátridas.
• Calcula-se que os anos de 1914-22 tenham gerado 4 a 5
milhões de refugiados e em 1945 houvessem cerca de 40,5
milhões de pessoas desenraizadas na Europa.
• Aproximadamente 13 milhões de Alemães foram expulsos
das partes da Alemanha anexadas pela Polónia, URSS e
Checoslováquia, sendo reintegrados pela Alemanha Federal.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
138
A Era da Guerra Total** (56)
• Com o fim da 2ª GM, o colapso dos impérios coloniais
tornou-se irreversível.
• Ao contrário do que aconteceu na 1ª GM, os
derrotados Japão e Alemanha reintegraram-se na
economia mundial.
• A URSS, por seu turno, alcançou o estatuto de
superpotência, mas a sua capacidade de concorrer
com os países capitalistas ocidentais era uma
quimera que cedo a desvaneceu.
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História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
139
A Segunda Guerra Mundial
Fonte: http://www.cynical-c.com/archives/bloggraphics/assault_6.jpg
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GAT: 1º ano - IPCA
140
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