PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
Obras da coleção do Museo Nacional
Centro de Arte Reina Sofía
Poéticas, fatos,
lugares e
cronologias
PICASSO
1910
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Picasso define, em Cadaqués, o Cubismo
hermético concebido como pintura pura.
A arte acadêmica ainda orienta as criações
poéticas, porém já mostra sinais de
esgotamento. Discussões sobre a necessidade
de renovação das artes surgem em textos
de revistas e em exposições.
Ramón Gómez de la Serna publica o Manifesto
futurista aos espanhóis, de Filippo Tomaso
Marinetti, na revista Prometeo.
É criada a “Residencia de Estudiantes”,
de Madri, vinculada à Institución Libre de
Enseñanza, que, de 1910 a 1939, foi um dos
principais núcleos de modernização científica
e de cultura da Espanha. Ali se encontraram,
na década de 1920, Federico García Lorca,
Salvador Dalí, Luis Buñuel, Emilio Prados, José
Moreno Villa e outros.
2
PICASSO
1911
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Picasso e Braque passam a utilizar
signos da escrita em suas pinturas.
Joaquim Sunyer expõe em
Barcelona as primeiras manifestações
plásticas do Novecentismo.
Escritos teóricos e críticos
de Eugeni d’Ors sobre o Novecentismo.
O governo monárquico inicia reformas
institucionais regeneracionistas.
3
PICASSO
1912
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Ao chegar da Europa, Oswald de Andrade
traz a notícia das vanguardas,
como as sugeridas pelo Manifesto Futurista
do poeta italiano Marinetti.
Picasso e Braqueiniciama era do collage,
trabalhando com papéis colados.
Ramón Gómez de la Serna inicia suas célebres
tertúlias no Café Pombo de Madri.
Juan Gris expõe pela primeiravez no Salão dos
Independentes de Paris.
A Catalunha, depois do triunfo dos partidos
nacionalistas catalães nas eleições municipais,
começa a desenvolver um governo autônomo
e instituições próprias.
A Galeria Dalmau, em Barcelona,
inaugura a Exposição de Arte Cubista.
Torres García é incumbido de realiza
os murais no Palau de la Mancomunitat
de Catalunya e institui outra fórmula
plástica para o Novecentismo.
4
PICASSO
1913
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Picasso produz obras, como Mulher de camisa,
que ultrapassam a estética cubista
e prenunciam o Surrealismo.
A exposição do pintor moderno e renomado
internacionalmente Lasar Segall, em Campinas,
passa despercebida do público e da crítica
brasileira. Segundo Paulo Mendes de Almeida,
a “crítica indígena” reconhece que há algo
diferente em sua pintura, mas age de modo
condescendente e tolerante.
Pablo Gargallo produz seu Retrato de Picasso.
5
PICASSO
1914
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Em 28 de julho, estoura a Primeira Guerra Mundial.
Picasso produz em Avignon sua primeira obra
neoclássica e continua coma experiência cubista.
Juan Gris produz sua versão do collage cubista.
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PICASSO
1915
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Picasso começa a fazer desenhos em “estilo
ingresco”, fundando o Classicismo moderno,
ao mesmo tempo em que redefine o Cubismo
e continua produzindo obras que prenunciam
o Surrealismo.
Juan Gris retoma a pintura cubista
após sua experiência com o collage.
Pablo Gargallo direciona o sentido
de sua obra para a modernidade.
O Cubismo é apresentado em Madri, graças
a Ramón Gómez de la Serna e à exposição
Os pintores íntegros. São expostas obras de
Diego Rivera e de María Blanchard.
É inaugurado o Salão de Arte Moderna em
Madri, ainda com um caráter conservador.
7
PICASSO
1916
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Kahnweiler afirma que neste ano Juan Gris
inicia uma nova etapa do Cubismo.
María Blanchard assume
a criação de um novo Cubismo.
Expande-se pela Europa a ideia de
“retorno à ordem” das primeiras vanguardas.
Robert e Sonia Delaunay,
Albert Gleizes e outros artistas modernos
europeus se refugiam na Espanha,
especialmente em Barcelona, e influenciam o
despertar da Arte Nuevo.
Joaquim Sunyer inicia a segunda etapa de sua
poética mediterrânea e novecentista.
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PICASSO
1917
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Exposição de Anita Malfatti. O escritor
Monteiro Lobato escreve o artigo Paranoia
ou Mistificação? – acirrada crítica às inovações
trazidas por Anita, fato que provoca polêmica
no ambiente cultural nacional, envolvendo os
principais artistas do movimento modernista.
Grande crise geral do Sistema
da Restauração na Espanha. Problemas
militares, autonomistas, trabalhistas,
parlamentares e terroristas (“pistoleirismo”).
Picasso começa a trabalhar com os ballets
russos de Sergei Diáguilev.
Oswald de Andrade conhece Mário de Andrade
e juntos defendem Anita Malfatti das críticas
feitas por Monteiro Lobato.
Picasso visita a Espanha e pinta seus
primeiros retratos de Olga. Desenvolve-se
na sua pintura o “novo Classicismo”.
Forma-se o primeiro grupo modernista com
Mário de Andrade, Guilherme de Almeida,
Ribeiro Couto, Di Cavalcanti e Anita Malfatti.
Juan Gris elabora um novo cânone da pintura
cubista e um novo conceito de “pintura pura”.
Joaquín Torres García abandona o Novecentismo
e inicia sua fase vanguardista, a denominada
“arte-evolução”.
Barradas funda em Barcelona o Vibracionismo,
síntese dos primeiros “ismos”.
Joan Miró assimila os primeiros “ismos” em sua
pintura, sempre em nota vernacular.
Começa a relação profissional
e pessoal entre Juan Gris e María Blanchard.
É realizada em Barcelona
a Exposição da arte francesa.
9
PICASSO
1918
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Em 11 de novembro, termina
a Primeira Guerra Mundial.
Joan Miró inicia uma fase chamada
“detalhista”, que contém um dos primeiros
aportes europeus ao Realismo Mágico.
Rafael Barradas muda-se para Madri e desenvolve
a segunda etapa do Vibracionismo.
No fim do ano, um grupo de jovens poetas
funda em Madri o Ultraísmo, movimento
síntese das primeiras vanguardas, ao qual irá
se juntar, nas artes plásticas, Rafael Barradas.
Vázquez Díaz, modernizando sua linguagem
plástica, expõe em Madri e converte-se em
uma das primeiras referências da Arte Nuevo.
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PICASSO
1919
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Josep de Togores começa a definir sua versão
própria do Realismo Mágico e escreve artigos
teóricos sobre a arte moderna.
Barradas inicia sua fase cubista,
que dará lugar ao Planismo.
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PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1920
ESPANHA BRASIL
Juan Gris começa a desenvolver o conceito de
“rimas plásticas”, que trará a público em 1923.
Acentuam-se as preocupações de artistas
e intelectuais pelo contexto social, a discussão
sobre as vanguardas europeias e o trânsito de
artistas entre a Europa e o Brasil.
Pablo Gargallo passa a utilizar o chumbo e cria
sua linguagem de formas côncavas.
Oswald de Andrade e Menotti del Picchia
fundam a revista Papel e Tinta.
José Gutiérrez Solana publica seu livro
A Espanha Negra. Acentua-se e desenvolve-se
sua poética de realismo sórdido e inquietante,
com um substrato expressionista.
Graça Aranha publica Estética da vida.
Victor Brecheret expõe as maquetes
do Monumento às Bandeiras.
Exposição de Anita Malfatti e John Graz.
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PICASSO
1921
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
É publicada a revista ULTRA,
melhor órgão de difusão do Ultraísmo, profusamente ilustrada por Rafael Barradas.
Oswald de Andrade publica Meu poeta futurista
e Mário de Andrade responde com Futurista?!.
Mário publica o artigo Mestres do passado.
Daniel Vázquez Díaz define sua
fórmula novecentista e se converte em um
pintor extremamente influente nos círculos
madrilenos e do País Basco.
Em fins deste ano, no salão do mecenas Paulo Prado, nasce a ideia da organização de um
festival de artes com duração de uma semana,
inspirado na Semaine de Fêtes de Deauville.
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PICASSO
1922
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
A Semana de Arte Moderna de São Paulo
é organizada com o apoio financeiro das
famílias mais abastadas da cidade. Realizada
por um grupo de intelectuais, reunidos em
torno de Paulo Prado, a Semana apresenta
ao ambiente cultural os pressupostos da arte
moderna. Nessa tarefa, conta com o auxílio
dos escritores Manuel Bandeira, Ribeiro Couto
e Graça Aranha. Durante três dias – 13, 15 e 17
de fevereiro – artistas plásticos, compositores,
músicos e poetas de vanguarda comparecem
ao Theatro Municipal para conferências,
recitais, exposição de pinturas e esculturas,
e para diversas outras manifestações assinaladas por uma característica comum: o rompimento radical com os padrões de uma arte
chamada “acadêmica”.
Benito Mussolini chega ao poder na Itália.
Dalí hospeda-se, em setembro, na Residencia
de Estudiantes de Madri, onde conhece
Federico García Lorca e Luis Buñuel. O jovem
artista também ingressa na Real Academia de
Bellas Artes de San Fernando.
Muitos dos jovens artistas espanhóis que
configuraram a Arte Nuevo dirigem-se a Paris.
Josep de Togores assina um contrato
com D. H. Kahnweiler.
Manuel Ángeles Ortiz começa
a trabalhar com Picasso, utilizando as formas
clássicas e cubistas, ao mesmo tempo.
José Ortega y Gasset funda
a Revista de Occidente.
Encerra-se o Ultraísmo e começa na Espanha
o impacto do chamado “retorno à ordem”.
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PICASSO
1923
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Olívia Guedes Penteado traz de Paris obras
de Pablo Picasso, Tsuguharu Foujita, Fernand
Léger e Marie Laurencin. A mecenas passa
a ocupar posição central no ambiente cultural
de São Paulo.
Ocorre na Espanha a ditadura do general
Primo de Rivera. A Catalunha perde seus
direitos de autonomia. O general oscila entre
o autoritarismo e o encontro com o fascismo.
Picasso inicia uma nova etapa de sua obra
e começa a se afastar do Classicismo moderno.
Juan Gris realiza, na Galerie Simon, uma
influente exposição em que o Cubismo se
converte em lirismo e em relações plásticas.
Acontece a “grande transformação”
de Miró, marco crucial da arte moderna,
o que fará Picasso “acordar” de seu
período classicista.
O jovem Dalí, que tinha apenas 19 anos,
imita o Cubismo, a pintura metafísica,
a pintura de Juan Gris, a de Sunyer, e o
Vibracionismo de Barradas, alterando as
propostas originais.
Dalí começa a leitura de Freud, então muito
comentado na Residencia de Estudiantes.
15
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1924
ESPANHA BRASIL
A “caravana modernista” (Mário de Andrade,
Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Olívia
Guedes e Gofredo Telles) realiza excursão
ao carnaval do Rio de Janeiro e às cidades
históricas mineiras, acompanhada pelo poeta
franco-suíço Blaise Cendrars.
Picasso trabalha na Mercure e inicia uma nova
etapa em sua obra, com desenvolvimentos
líricos próximos ao onírico.
Picasso inicia uma complexa série de
naturezas-mortas, que se estenderá até 1925
– obras que marcam o final de sua experiência
cubista e sua abertura às propostas próximas
ao Surrealismo.
Em 18 de março, Oswald de Andrade lança
o Manifesto Pau-Brasil, no qual exalta uma
arte não contaminada por regras
preestabelecidas, basicamente primitivista
e associada ao Surrealismo, particularmente
no desejo de revelar o primitivo do ser humano.
Visa também a uma arte ligada à síntese
existente no Cubismo e no Expressionismo.
Juan Gris apresenta sua conhecida conferência
Das possibilidades da pintura. André Breton
publica o primeiro Manifesto do Surrealismo.
O jovem Dalí começa a imitar
o Classicismo picassiano, primeiro para
alcançar uma nova objetividade e depois para
dar-lhe uma nota freudiana.
Aurelio Arteta é nomeado diretor do Museo
de Arte Moderno de Bilbao. Paulatinamente
sua pintura passa a assimilar modelos do
Novecento italiano.
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PICASSO
1925
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
O palacete de Dona Olívia, projetado por Ramos
de Azevedo com decoração rococó, recebe
como anexo o Salão Modernista, um ambiente
especial também chamado de “A Galeria de
Arte Moderna”, criado por Lasar Segall.
Alfred H. Barr Jr. situa neste ano o início do
Cubismo curvilinear de Picasso.
Joan Miró começa a reveladora série
denominada “pinturas oníricas”, à qual dará
continuidade, transformando-a com paisagens
e retratos imaginários, até 1929.
Daniel Vázquez Díaz, com seu Realismo
depurado baseado na forma geométrica,
converte-se em referência da Arte Nuevo.
Ángel Ferrant começa a produzir sua escultura
com traços novecentistas, embora com
assimilações cubistas.
Primeira exposição da Sociedade de Artistas
Ibéricos realizada em Madri.
José Ortega y Gasset publica
A desumani-zação da arte.
Um jovem Salvador Dalí realiza sua primeira
exposição individual na galeria Dalmau.
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PICASSO
1926
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Em setembro, Joaquín Torres García instala-se
em Paris, onde viria a fazer mudanças em sua
obra, sobretudo a partir de 1928, reforçando
sua tendência estruturalista e construtiva,
concebendo os ícones como signos.
Christian Zervos funda a revista Cahiers d’Art.
O contexto cultural da chamada “Geração
de 27” se interessa pelo Cubismo tardio.
Surgem as primeiras revistas poéticas
da Geração de 27.
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PICASSO
1927
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Picasso começa a desenvolver em sua obra,
simultaneamente, a poética do telúrico (período
das Metamorfoses) e o interesse pela iconografia
da “figura monstruosa” e do Minotauro.
Julio González faz suas primeiras esculturas em
ferro, destacando suas releituras do Cubismo.
Francisco Bores e Pancho Cossío, em Paris,
criam uma nova modalidade pictórica, hoje
conhecida como “figuração lírica”, promovida
por Tériade e a revista Cahiers d’Art.
Benjamín Palencia e Moreno Villa, assíduos
visitantes da capital francesa, desenvolvem
a figuração lírica em Madri.
Dalí imita a tendência plástico-poética
de Picasso, acrescentando-lhe um
componente psicológico.
Maruja Mallo inicia sua pintura vinculada
com o Realismo Mágico, trabalhando fortes
tons vernaculares.
José Gutiérrez Solana, que por estética
e nascimento está relacionado com a Geração
de 98 e com a Geração de 14, começa a ser
assimilado, como artista independente, nos
ambientes da Arte Nuevo.
Em 11 de maio morre Juan Gris.
É traduzida ao castelhano a obra de Franz Roh
Realismo Mágico. Pós-expressionismo.
Ángeles Santos e Alfonso Ponce de León
reconduzem as relações da Arte Nuevo com
a Nova Objetividade.
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PICASSO
1928
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
O Manifesto Antropófago, escrito por Oswaldo
de Andrade, é lançado no primeiro número
da recém-fundada Revista de Antropofagia.
Em linguagem poética repleta de humor,
o Manifesto legitima o movimento
antropofágico que pretende repensar a
questão da dependência cultural no Brasil.
Pablo Picasso e Julio González passam
a trabalhar em conjunto.
Joan Miró começa a trabalhar (o que faz até
1931) com concepções alheias às belas artes,
ou “antiartísticas”.
Dalí publica Realidade e suprarrealidade em La
Gaceta Literaria, e vive seu momento radical e
“antiartístico” pelas páginas de L’Amic de les Arts.
Maruja Mallo expõe na sala da Revista de
Ocidente suas séries “Estampas” e “Verbenas”.
É realizada a exposição Jovem pintura espanhola,
no Palais de Beaux Arts de Bruxelles.
Joaquín Torres García entra em contato com Theo
van Doesburg e se envolve com a abstração
geométrica, ao mesmo tempo em que se
interessa de forma transformadora pela arte
primitiva e pré-colombiana.
Josep de Togores desenvolve sua “pintura
abstrata”, solução plástica relacionada com
o novo lirismo e com o surreal.
José Val del Omar cria um novo sentido
cinematográfico, por meio do conceito totalizador
“Picto–Lumínica–Audio–Táctil (PLAT)”,
antecipando várias de suas técnicas mais
características, como o “desbordamento
apanorâmico da imagem”, fora dos limites da
tela, e o conceito de “visão tátil”.
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PICASSO
1929
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Salvador Dalí começa a desenvolver seu próprio
sistema figurativo surrealista, baseado na
imagem dupla, a concatenação de imagens
e os princípios da “paranoia crítica”.
Salvador Dalí e Luís Buñuel produzem
Um cão andaluz.
Óscar Domínguez inicia sua produção
surrealista marcada pelo onírico e pela imagem
dupla, mas também com uma poderosa marca
da poética do telúrico.
Pablo Gargallo entra em seu segundo “Período do
Ferro” e aproxima suas produções às de Julio González.
Alberto Sánchez e Benjamín Palencia começam
a desenvolver a chamada “Escuela de Vallecas”,
dedicada à relação entre arte e natureza original.
Em Valladolid, Ángeles Santos trabalha em obras
audaciosas na poética da Nova Objetividade,
ao mesmo tempo em que produz ocasionalmente
composições surrealistas de grande formato.
Alfonso Ponce de León passa a produzir sua
pintura vinculada à Nova Objetividade.
Maruja Mallo adentra-se na poética telúrica por
meio de uma versão “negra” daquela elaborada
na Escuela de Vallecas. Produz a série “Cloacas e
Campanários”. Relaciona-se com Dalí e Rafael Alberti.
O jovem Esteban Vicente, em Paris, entra em
contato com a pintura de Bores.
André Breton publica o segundo Manifesto do
Surrealismo e coloca-o a serviço da revolução.
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PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1930
ESPANHA BRASIL
Picasso passa o verão na Vila Chêne-Roc de
Juan-les-Pins, onde faz desenhos preliminares
para as gravuras reunidas posteriormente
na Suite Vollard, ilustra as Metamorfoses de
Ovidio, que serão editadas por Albert Skira,
e produz estampas que Ambroise Vollard
reunirá em sua edição de 1931 de Obra-prima
ignorada, de Honoré de Balzac. Picasso
trabalha o desenho linear de estilo classicista
em contraposição com as linguagens adotadas
em sua pintura e escultura.
Ao longo da década, destacam-se: ações
sociopolíticas dos artistas, a busca por
espaços para exposições voltadas à arte
moderna e a formação de grupos e sindicatos.
A Exposição da Casa Modernista em São Paulo,
organizada por Gregori Warchavchik, conta
com obras de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti,
Menotti Del Picchia, Victor Brecheret, Cícero
Dias, entre outros.
Outras exposições – como a da Escola de Paris,
realizada por Géo-Charles e Vicente do Rego
Monteiro (Recife, Rio de Janeiro e São Paulo)
e o XXXVIII Salão Nacional de Belas Artes
do Rio de Janeiro – tomam conta do cenário.
Joaquín Torres García é membro fundador de
Cercle et Carré e, por outro lado, é o promotor
da primeira exposição do Grupo de Latinoamericanos de Paris, na Galerie Zak. A noção
de Arte Latino-americana moderna como um
conceito próprio de referência surge aqui.
Lúcio Costa é nomeado para a direção da Escola
Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.
Luís Buñuel e Salvador Dalí estreiamseu segundo
filme, A idade de ouro, no Studio 28 de Paris.
A escultura de Alberto Sánchez, realizada
em sintonia com as formas da paisagem
rural castelhana, enuncia uma escultura
orgânica que precede a escultura orgânica
internacional, fato que nunca é reconhecido,
pois boa parte da melhor obra de Alberto
desapareceu durante a Guerra Civil.
As paisagens de Benjamín Palencia são um dos
pontos mais altos da renovação plástica espanhola.
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PICASSO
1931
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Em 14 de abril é proclamada a Segunda
República Espanhola.
Formação do Núcleo Bernardelli no
Rio de Janeiro, um conjunto de pintores
que se opõem ao modelo de ensino da
Escola Nacional de Belas Artes, integrado por:
Ado Malagoli, Bráulio Poiava, Bustamante Sá,
Bruno Lechowski, Sigaud, Camargo Freire,
Joaquim Tenreiro, Quirino Campofiorito,
Rescála, José Gomez Correia, José Pancetti,
Milton Dacosta, Manoel Santiago, Yoshiya
Takaoka e Tamaki.
Picasso começa a trabalhar em Boisgeloup
(1931-1935), onde tem um ateliê de escultura
e produz sua obra gráfica; continua tendo
Marie-Thérèse como modelo. O Picasso da
inquietação se converte no Picasso do êxtase
amoroso. Sua amada é recriada como sujeito
da Natureza.
Julio González passa a desenvolver uma
escultura de conceito próprio sob a poética do
“desenho no espaço”. Trabalha em ferro e por
meio da técnica da soldadura autógena.
Retorno de Candido Portinari de sua viagem
de estudos à Europa (Prêmio de Viagem 1928).
A partir da década de 1940, Portinari ficaria
impressionado com Guernica (1937), de Pablo
Picasso, e seus trabalhos posteriores passariam
a receber forte influência do pintor espanhol.
O Salão Nacional de Belas Artes do Rio de
Janeiro acolhe os artistas modernos: Tarsila,
Anita, Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho,
Guignard, Ismael Nery, Cícero Dias, Vittório
Gobbis e Portinari.
23
PICASSO
1932
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Miró começa a produzir uma série de obras
próximas da poética do telúrico.
Criação da Sociedade Pró-Arte Moderna
(SPAM), um grupo de artistas de diversas áreas,
liderado por Lasar Segall, afinado com o ideário
moderno e voltado a promover a arte em
reuniões e festas. Participam da SPAM: Anita
Malfatti, Paulo Prado, Lasar Segall, Camargo
Guarnieri, Hugo Adami, Mário de Andrade,
Mina Klabin Warchavchik, Rossi Osir, Tarsila
do Amaral, John Graz, Regina Graz, Vittorio
Gobbis, Wasth Rodrigues, Olívia Guedes
Penteado, Antonio Gomide, Sérgio Milliet,
Menotti del Picchia, Paulo Mendes de Almeida,
Jenny Klabin Segall, Alice Rossi, entre outros.
Determinadas iconografias desta
série estão muito próximas da “figura
monstruosa” de Picasso.
Ángel Ferrant produz em Barcelona esculturas
radicais confeccionadas com materiais não
artísticos. É fundada em Barcelona a Amics de
l’Art Nou (ADLAN).
Surge em Santa Cruz de Tenerife a revista
Gaceta de Arte, dirigida por
Eduardo Westerdahl, defensora da
modernidade, do racionalismo arquitetônico
e introdutora do Surrealismo.
Criação do Clube dos Artistas Modernos
(CAM), um agrupamento de artistas liderados
por Flávio de Carvalho. Distanciado em relação
à SPAM, o CAM adota discurso mais autônomo
e irreverente. Participam do grupo: Emiliano
Di Cavalcanti, Antônio Gomide, Carlos Prado,
Arnaldo Barbosa, Vittorio Gobbis, entre outros.
Criação do Conselho de Orientação Artística
pela Secretaria da Educação do Estado, órgão
responsável pela instalação do Salão de Belas
Artes, que se extingue em 1934.
24
PICASSO
1933
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Triunfo da coalizão de direitas (CEDA) na Espanha.
Exposição Mês das crianças e dos loucos, no CAM.
Hitler chega ao poder na Alemanha.
Exposição de Arte Moderna da SPAM.
Picasso faz a capa da revista Minotaure
e inicia a série de obras dedicadas ao
Minotauro. Psicologicamente, o artista se
identifica com o animal mitológico.
Encenação de O bailado do deus morto,
do Teatro da Experiência, no CAM.
Carnaval na cidade de SPAM.
Conferências sobre artes plásticas e outros
temas, no CAM.
Óscar Domínguez passa a produzir uma série de
obras que unem o desejo, a natureza
e a cultura, dentro do padrão vernáculo das Ilhas
Canárias e no sistema da imagem surrealista.
Pode-se considerar que esta série de obras se
relaciona com a poética do telúrico.
Joaquín Torres García, que agora reside
em Madri, funda seu primeiro Grupo de
Arte Construtiva.
Leandre Cristòfol introduz a abstração
lírica em suas esculturas.
Manuel Ángeles Ortiz colabora com Federico
García Lorca no teatro ambulante La Barraca.
25
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1934
ESPANHA BRASIL
Greve geral revolucionária nas Astúrias.
Expedição às matas virgens de Spamolândia.
Miró inicia a série denominada “Pinturas selvagens”.
Salão Paulista de Belas Artes.
Curso Livre de Desenho na Sociedade Paulista
de Belas Artes em São Paulo.
Exposição de pintura de Flávio de Carvalho
é fechada pela polícia no CAM.
Fechamento do SPAM.
Fechamento do CAM.
26
PICASSO
1935
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Mário de Andrade escreve sobre o Grupo
Santa Helena (artistas imigrantes ou filhos
de imigrantes, vindos da classe operária
e considerados a segunda geração dos
modernistas). Integrantes: Aldo Bonadei,
Alfredo Volpi, Alfredo Rullo Rizzotti, Clóvis
Graciano, Fúlvio Pennacchi, Humberto Rosa,
Manoel Martins e Mário Zanini.
A escultura de González começa a adquirir
complexidade e variedade. Interessa-se pelos
volumes, pelas figuras de personagens dançando e,
por vezes, aproxima-se da poética do telúrico.
A obra de Cristófol se aproxima do conceito
de “objeto surrealista”, embora sempre pela
perspectiva do “poema-objeto”.
Exposição Internacional do Surrealismo em Santa
Cruz de Tenerife, Ilhas Canárias, organizada por
Óscar Domínguez e pelo grupo de intelectuais
ligados à revista Gaceta de Arte.
Mário de Andrade é nomeado diretor
do Departamento de Cultura da Prefeitura
de São Paulo.
Fundação do grupo Seibi (SEIBIKAI),
reunindo artistas japoneses ou descendentes.
José Val del Omar realiza seus primeiros
“documentários poéticos”.
Última mostra do Núcleo Bernardelli,
no Rio de Janeiro.
Jorge Oteiza viaja para a América do Sul,
expondo em Buenos Aires neste mesmo ano.
Portinari obtém menção honrosa no Instituto
Carnegie, com a obra O Café (Estados Unidos).
Criação do Instituto de Artes da Universidade
do Distrito Federal no Rio de Janeiro.
27
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1936
ESPANHA BRASIL
Projeto arquitetônico do Ministério da
Educação no Rio de Janeiro idealizado
por Le Corbusier.
Em janeiro, integrantes da ADLAN organizam
em Barcelona uma homenagem a Picasso.
Em fevereiro, triunfo eleitoral da Frente
Popular na Espanha.
A Sociedade Paulista de Belas Artes
transforma-se em Sindicato dos Artistas
Plásticos e Compositores Musicais, por força
da legislação trabalhista. O sindicato passa
a promover um salão anual de pintura e
escultura denominado Salão do Sindicato
dos Artistas Plásticos.
Picasso é nomeado diretor do Museo del Prado.
Ángel Ferrant assume, em Madri, “a escultura
como desenho no espaço”, utilizando um
conceito de Julio González que ainda não
havia sido divulgado.
Maruja Mallo produz uma série de obras
dedicadas ao mundo do trabalho, nas quais
seu sistema figurativo objetivista é superado
pelo desejo de construção das formas
e das figuras e pelo caráter simbólico das
composições.
Em 18 de julho acontece a sublevação
militar contra o governo democrático da 2a
República. Será o ponto de partida da Guerra
Civil Espanhola.
Torres García considera que o Cubismo de
Juan Gris é uma das principais referências do
Universalismo Construtivo.
É realizada a exposição Logicofobista
na livraria Catalonia, de Barcelona.
28
PICASSO
1937
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Genocídio causado pelo bombardeio da
Alemanha na vila de Guernica, cidade
emblemática da identidade basca.
I Salão da Família Artística Paulista.
Organizadores: Paulo Rossi Ossir e Waldemar
da Costa. Integrantes: Aldo Bonadei, Alfredo
Rullo Rizzoti, Alfredo Volpi, Anita Malfatti,
Arnaldo Barbosa, Bruno Giorgi, Candido
Portinari, Clóvis Graciano, Ernesto De Fiori,
Francisco Rebolo, Franco Cenni, Fúlvio
Pennacchi, Hugo Adami, Humberto Rosa,
Joaquim Figueira, Manoel Martins, Mário
Zanini, Nelson Nóbrega, Paulo Rossi Ossir,
Renée Lefévre, Scliar, Toledo Piza, Vittorio
Gobbis, Waldemar da Costa, entre outros.
Picasso cria a série de gravuras
e o poema Sonho e mentira de Franco.
Picasso produz Guernica.
Julio González produz La Montserrat,
aproximação momentânea ao Realismo
marcada pela evocação cultural da Catalunha e
pela aproximação à classe trabalhadora em luta.
Os artistas espanhóis expõem obras que
denotam o momento bélico, a destruição fascista
e o apoio ao governo legal da II República. Entre
outras obras, e junto a Guernica, de Picasso,
são expostas Fonte de Mercúrio, de Alexander
Calder, La Montserrat, de Julio González, O
agricultor catalão rebelde, de Joan Miró, e O
povo espanhol tem um caminho que conduz a
uma estrela, de Alberto Sánchez.
I Salão de Maio. Organizado pelo crítico
de arte Quirino da Silva em São Paulo.
Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos que,
entre 1937 e 1949, realiza 13 grandes mostras,
além de promover exposições menores pelos
bairros de São Paulo.
O pavilhão da Espanha na Exposição Universal
de Paris tem um caráter propagandístico,
informativo e reivindicativo da situação do país,
expondo em suas paredes cartazes, fotografias e
demais elementos artísticos e documentais que
mostram os horrores da guerra.
O Jornal Belas Artes dá cobertura aos salões
modernos de São Paulo.
O projeto de Le Corbusier é adaptado para
outra gleba de terra por Lúcio Costa e Oscar
Niemeyer.
Entre outros documentos, são expostos vários
poemas de Federico García Lorca, o que
contou com o apoio de vários intelectuais
internacionais, como Louis Aragon, Paul
Éluard, Ernst Hemingway, Octavio Paz, André
Malraux, Ilyá Ehrenburg, Waldo Frank, e outros.
Na obra de Picasso, as repercussões e
reverberações do esforço físico, criativo e
emocional desenvolvidos em Guernica se
mantiveram até finais de 1937.
29
PICASSO
1938
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
II Salão de Maio.
Começa o périplo internacional de Guernica,
com diversas apresentações em todo
o mundo, que se estenderão até 1958. Picasso
se converte no artista mais famoso do mundo
e sua obra a mais celebrada, penetrando na
consciência popular internacional de uma
maneira sem precedentes e sem comparação
na arte moderna.
A Galeria Casa e Jardim acolhe mostras
de artistas modernos em São Paulo.
Óscar Domínguez ingressa em sua “etapa cósmica”.
30
PICASSO
1939
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Miró começa a produzir As Constelações.
III Salão de Maio.
Em 1º de abril acaba a Guerra Civil Espanhola.
II Salão da Família Artística Paulista.
Em 1º de setembro começa
a Segunda Guerra Mundial.
Os artistas modernos conquistam uma Divisão
Moderna no Salão
O Museum of Modern Art (MoMA) de Nova
York realiza uma importante retrospectiva com
o título Picasso. Quarenta anos de sua arte.
Nacional do Rio de Janeiro.
Criação da OSIRARTE, por Paulo Rossi Osir
– oficina de azulejos artísticos em São Paulo.
Integrantes: Alfredo Volpi, César Lacanna,
Ernesto De Fiori, Franz Krajcberg, Gerda
Brentani, Hilder Weber, Mario Zanini, Virgínia
Artigas, entre outros.
31
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1940
ESPANHA BRASIL
Picasso começa uma nova etapa de sua
pintura, caracterizada pela síntese de estilo
e pelos temas da vida cotidiana.
Exposição de Arte Francesa, no Rio de Janeiro.
III Salão da Família Artística Paulista.
Dalí vai com Gala, sua mulher, aos Estados
Unidos – onde permaneceria até 1948 –
e abandona seu vínculo com a arte moderna.
32
PICASSO
1941
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Eugenio d’Ors funda a Academia
Breve de Crítica de Arte em Madri.
I Salão de Arte da Feira Nacional
de Indústrias de São Paulo.
Primeira grande retrospectiva
de Joan Miró no MoMA de Nova York.
Exposição/Concurso do Departamento
Estadual de Informação e do Patrimônio
Histórico em São Paulo.
Exposição de Ernesto De Fiori,
na Galeria Casa e Jardim.
33
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1942
ESPANHA BRASIL
Morre Julio González e Picasso produz
uma pintura em sua homenagem, com
o título Natureza morta com crânio de touro.
Extinção do Grupo Bernardelli.
Conferência O Movimento Modernista,
de Mário de Andrade, na Casa do Estudante.
A editora Dial Press de Nova York
publica A vida secreta deSalvador Dalí.
I Salão de Arte Moderna de Porto Alegre.
Edição do primeiro álbum de gravuras
de artistas modernos no Brasil.
Oscar Domínguez inicia sua fase
metafísica, depois de conhecer
o pintor italiano Giorgio de Chirico.
34
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1943
ESPANHA BRASIL
Acontece a primeira exposição
Salão dos Onze, na galeria madrilenha Biosca.
Exposição Antieixista, em São Paulo.
Exposição individual de Lasar Segall, no Museu
Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.
35
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1944
ESPANHA BRASIL
Picasso colabora na primeira
representação de sua obra dramática
em seis atos, O desejo pego pelo rabo,
na casa de Michel e Louise Leiris, em Paris.
Picasso está próximo de militantes
do Partido Comunista e de círculos
intelectuais que irão fundar o existencialismo.
Intelectuais lançam manifesto
pró-redemocratização do país.
Exposição em benefício da Royal Air Force (RAF)
realizada em Londres, com a participação
de artistas modernos brasileiros.
É publicado Universalismo Construtivo,
de Joaquín Torres García, reunindo
150 conferências proferidas após
o seu regresso ao Uruguai, em 1934.
Este livro condensa toda uma trajetória
vital e apresenta uma proposta plástica
e cultural transformadora.
No exílio, Maruja Mallo começa a trabalhar
de acordo com a regra da Proporção Áurea.
36
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1945
ESPANHA BRASIL
Em 2 de setembro, termina
a Segunda Guerra Mundial.
Criação da Seção de Arte e de Museu na
Biblioteca Municipal de São Paulo, por Sérgio
Milliet, principal incentivador do ideário
modernista brasileiro.
Oscar Domínguez é expulso
do Grupo Surrealista.
I Congresso Brasileiro de Escritores em São Paulo.
Dalí vai a Hollywood para trabalhar
com Alfred Hitchcock no filme
Quando fala o coração, realizando
as sequências oníricas.
Morte de Mário de Andrade.
Exposição de artistas plásticos, na Galeria
Itá, em homenagem a Mário de Andrade.
Maruja Mallo viaja para a Ilha de Páscoa
com Pablo Neruda e começa
a produzir suas Naturezas vivas.
Exposição póstuma de Ernesto De Fiori,
no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB)
de São Paulo.
37
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1946
ESPANHA BRASIL
Nelson Rockefeller, então presidente do
Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA),
em visita ao Brasil, reúne-se com um grupo de
intelectuais e mecenas. O objetivo é fundar um
museu de arte moderna em São Paulo.
Pablo Picasso utiliza temas mediterrâneos,
como ouriços-do-mar e peixes,
em uma série de naturezas-mortas.
Antoni Tàpies, além de suas obras
de recorte primitivista e expressionista,
começa a produzir pinturas abstratas,
caracterizadas por um interesse
fundamental pela matéria e com um uso
recorrente do collage e do grattage.
Entre os mecenas que aderem à ideia estão:
Yolanda Penteado, Francisco Matarazzo
Sobrinho (o Ciccillo) e Francisco Assis
Chateaubriand. No mesmo ano, Yolanda
e Ciccillo formam suas coleções e a do
futuro Museu de Arte Moderna de São Paulo
(MAM-SP), em excursões entre a França
e a Itália, que se encerram em 1947.
Na bagagem, trazem duas obras de Pablo
Picasso (uma pintura e uma litogravura).
Joan Miró produz suas primeiras
esculturas em bronze.
Exposição coletiva A arte da República
Espanhola, com artistas ibéricos
da Escuela de Paris, na Galeria
Nacional de Praga.
38
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1947
ESPANHA BRASIL
Antoni Tàpies conhece Joan Brossa, entrando
em contato com os artistas que irão compor
o Dau al Set.
O Museu de Arte São Paulo – MASP é fundado
pelo jornalista Francisco de Assis Chateaubriand,
proprietário dos Diários Associados.
Na formação da coleção do museu recebe apoio
do crítico de arte, marchand e antiquário italiano
Pietro Maria Bardi, diretor do museu da data de
sua fundação até 1992. Bardi e Chateaubriand
formam importante coleção de arte europeia,
da arte antiga à contemporânea. No acervo,
destacam-se obras de Rafael, Bellini, Andrea
Mantegna, Ticiano, Delacroix, Renoir, Monet,
Manet, Cézanne, Toulouse-Lautrec, Van Gogh,
Gauguin e Modigliani, entre outras.
Esteban Vicente se relaciona com os criadores
da Escola de Nova York, ao expor nas
mesmas galerias, e, por isso, se envolve no
desenvolvimento do Expressionismo Abstrato.
39
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1948
ESPANHA BRASIL
Ángel Ferrant colabora com Eugenio d’Ors
na Academia Breve e é cofundador,
com Mathias Goeritz, da Escola de Altamira.
O MAM-SP, constituído por Ciccillo e Yolanda
Penteado, responde às expectativas de diversos
intelectuais e artistas que defendiam a formação
de um museu de arte moderna em São Paulo
já a partir dos primeiros anos da década de 1940.
Funciona, de forma provisória, nas dependências
da Metalúrgica Matarazzo, até a inauguração
oficial de sua sede no prédio dos Diários
Associados, na Rua 7 de Abril.
Pablo Palazuelo produz suas primeiras
obras abstratas, inspirando-se
nos processos da Natureza.
São fundados em Barcelona
o grupo e a revista Dau al Set.
Fundado a partir do modelo do MoMA
e concomitante ao MAM-SP, o Museu de
Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ)
é presidido pelo colecionador e industrial
Raymundo Ottoni de Castro Maya.
Jorge Oteiza funda no País Basco
o grupo dos Cinco Plásticos.
Eduardo Chillida instala-se em Paris,
onde conhece Pablo Palazuelo.
Criação do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC)
e da Cia Cinematográfica Vera Cruz, instituições
mantidas por Ciccillo e Franco Zampari.
Paulatinamente o Surrealismo tardio
vai se transformando em arte abstrata.
40
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1949
ESPANHA BRASIL
É criado em Zaragoza o grupo Pórtico.
Em 8 de março, a nova sede do MAM-SP é
inaugurada com a mostra Do figurativismo
ao abstracionismo, organizada pelo crítico
belga León Dégand. A exposição apresenta
ao público brasileiro o desenvolvimento mais
recente da arte, reunindo um conjunto de 95
obras de artistas como Hans Arp, Alexander
Calder, Robert Delaunay, Cícero Dias, Samson
Flexor, Hans Hartung, Wassily Kandinsky,
Fernand Léger, Alberto Magnelli, Joan Miró,
Francis Picabia, Pierre Soulages, Victor
Vasarely, entre outros. A mostra inaugura
também a tensão entre as linguagens
estéticas (Figuração versus Abstração).
Ángel Ferrant expõe seus “móbiles”,
peças cinéticas figurativas
realizadas em anos anteriores.
Na Espanha é despertado o interesse
pela arte abstrata lírica e informativa.
Miró alterna dois tipos de pintura, uma mais
reflexiva e outra mais gestual e impulsiva.
É publicado As esculturas de Picasso,
livro escrito por Daniel-Henry Kahnweiler
e ilustrado com fotografias de Brassaï.
41
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1950
ESPANHA BRASIL
Chillida e Palazuelo expõem no Salão
de Maio de Arte Moderna de Paris.
Francisco Bores começa a etapa
denominada “maneira branca”.
Pablo Palazuelo inicia sua releitura
do Construtivismo e começa
a se interessar pelo pitagórico e esotérico.
Manolo Millares funda em Las Palmas
de Gran Canaria o grupo canário LADAC
(Os arqueiros da arte contemporânea).
José Guerrero, já residente em Nova York,
produz suas primeiras obras abstratas,
relendo e transformando o legado
do Expressionismo Abstrato
norte-americano e motivando novas
narrativas na evolução da arte abstrata.
42
PICASSO
1951
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Picasso produz Massacre na Coreia,
como protesto contra a guerra
e a política externa neoimperialista.
A I Bienal do Museu de Arte Moderna
de São Paulo é realizada no antigo edifício
do Trianon, à Avenida Paulista, um espaço
que atinge aproximadamente 5 mil m2.
São trazidos artistas internacionais, dentre
eles: Max Bill, Pablo Picasso, Alberto
Giacometti, René Magritte e George Grosz.
É apresentada, também, a produção nacional,
representada por Lasar Segall, Candido
Portinari, Victor Brecheret, Oswaldo Goeldi,
Di Cavalcanti, entre outros. A premiação
concedida à escultura Unidade tripartida,
de Max Bill, e à tela Formas, de Ivan Serpa,
demonstra as novas tendências construtivas.
Dalí apresenta em Paris o Manifesto Místico.
Chillida produz em novembro
a primeira peça em ferro, Illarik,
definindo os parâmetros estéticos
de sua obra futura: tendência
à abstração concreta, fidelidade
à cultura vernacular e suporte filosófico.
43
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1952
ESPANHA BRASIL
Pablo Palazuelo recebe o Prêmio Kandinsky.
Tápies expõe na Bienal de Veneza.
Antonio Saura apresenta, na livraria Buchholz
de Madri, pinturas oníricas e surrealistas.
44
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1953
ESPANHA BRASIL
A II Bienal do Museu de Arte Moderna de São
Paulo é conhecida como a “Bienal da Guernica”,
por ser o evento que consegue trazer Guernica,
de Pablo Picasso, ao Brasil – um dos maiores
acontecimentos do cenário artístico nacional até
aquele momento.
A segunda edição transforma a ideia das bienais
brasileiras em algo consolidado
e reconhecido internacionalmente.
Ocorre no Parque Ibirapuera, recém-inaugurado
por ocasião das Comemorações do IV Centenário
da Cidade de São Paulo. A mostra conta também
com trabalhos de Constantin Brancusi, de Giorgio
Morandi e de obras dos futuristas italianos,
além de outros grandes nomes da arte moderna
internacional.
Eliseu Visconti, falecido em 1944, é homenageado
com uma sala especial, em que são apresentadas
37 de suas mais importantes obras.
Antoni Tàpies ingressa no informalismo
e na “arte outra”. Realiza suas primeiras
pesquisas em “arte matérica”. Obtém o Grande
Prêmio de Pintura da Bienal de São Paulo.
José Val del Omar começa a produzir
o Tríptico elementar de Espanha,
principal manifestação de sua concepção
cinematográfica particular sobre
“a fronteira entre a realidade e o mistério”.
Acontece o Congresso e Exposição
de Arte Abstrata em Santander.
Em Las Palmas de Gran Canaria, Martín
Chirino e Manolo Millares começam um intenso
período de trabalho, no qual ambos tentarão
unir o afã de vanguarda com as raízes
da cultura aborígene de sua terra natal.
Realiza-se a Semana de Arte
Abstrata de Santander.
Antonio Saura afasta-se do Surrealismo
e dá início à sua obra experimental.
James Johnson Sweeney faz a curadoria
para o Guggenheim Museum de Nova York
da mostra Jovens artistas espanhóis.
No conjunto de uma retrospectiva
sobre Picasso, e procedente de Nova York
e Milão, Guernica é exposto no Museu
de Arte Moderna de São Paulo, no momento
em que se realizava a II Bienal de Arte.
45
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1954
ESPANHA BRASIL
Picasso inicia um intenso, decisivo e já
conclusivo diálogo com a obra de Delacroix,
Manet e Velázquez.
46
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1955
ESPANHA BRASIL
Antonio López, depois de sua viagem
para a Itália, começa a elaborar sua poética
do Realismo contemporâneo.
A III Bienal do Museu de Arte Moderna
de São Paulo traz 46 trabalhos de Sophie
Taeuber-Arp e 44 gravuras dos muralistas
mexicanos. Tem como convidado de honra
Lasar Segall, em sala especial com 18 pinturas
do período entre 1936 e 1954, e também com
13 esculturas.
Acontece em Barcelona a 3ª Bienal
Hispano-americana.
Ángel Ferrant começa a desenvolver
esculturas líricas vinculadas ao informalismo.
47
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1956
ESPANHA BRASIL
É criado em Valencia o Grupo Parpalló,
manifestação plástica da arte cinética.
Picasso retoma o tema das banhistas
na pintura e escultura.
Tàpies começa a se interessar pelo conceito de
“comunicação no muro”, pelo grafite e pela escrita.
48
PICASSO
1957
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Na IV Bienal, o rigor do júri de seleção, formado
por Lourival Gomes Machado, José Geraldo Vieira,
Lívio Abramo, Armando Ferrari e Flávio de Aquino,
exclui diversos nomes consagrados ou emergentes
da arte brasileira, o que gera grande revolta entre
os artistas.
O grande destaque é a mostra do pintor-referência
do Expressionismo Abstrato norte-americano,
Jackson Pollock. São 34 telas e 29 desenhos que
apresentam parte da obra do artista.
Jorge Oteiza é premiado na IV Bienal
de São Paulo por seu conjunto escultórico
Propósito experimental.
Antoni Tàpies promove a exposição
Arte Outra, aprofunda-se na sua relação
com a “arte matérica” e antecipa
soluções da “arte pobre”.
Esteban Vicente trabalha o collage,
mas pela perspectiva do pictórico.
É criado o grupo Equipo 57, em prol
de uma Arte Abstrata Geométrica Radical,
e é definido o conceito de interatividade
do espaço plástico.
É criado em Madri o grupo El Paso,
introdutor das premissas do Informalismo
e do Expressionismo Abstrato.
Em Barcelona acontece a exposição
A outra arte, colocando a origem
de uma nova sensibilidade na transição
da arte moderna à arte contemporânea.
49
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1958
ESPANHA BRASIL
José Guerrero, conhecedor da psicanálise,
realiza na galeria Betty Parsons uma mostra
intitulada A presença do negro.
O MAM-SP, instituição responsável pela
organização das bienais, transfere-se
para o atual Pavilhão Ciccillo Matarazzo,
no Parque Ibirapuera.
Antonio Saura produz seus primeiros
“retratos imaginários”, nos quais desenvolve
a sensibilidade expressionista e dramática,
fazendo uma releitura do informalismo,
da pintura americana, do Picasso de Guernica
e de aspectos da Espanha Negra.
Eduardo Chillida ganha o Grande Prêmio
de Escultura da Bienal de Veneza.
Jorge Oteiza escreve Lei de mudanças.
Pablo Palazuelo recebe o prêmio Carnegie.
50
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1959
ESPANHA BRASIL
Picasso reinterpreta com sua obra
a grande pintura da tradição europeia
dos séculos XVI a XIX.
A V Bienal traz como novidade,
segundo o crítico Mário Pedrosa,
a “ofensiva tachista e informal”.
Nesse momento, tambémé inaugurada uma
área para teatro, que passaa dividir o espaço
com as mostras de filmes, com as artes
plásticas e com a arquitetura.
51
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1960
ESPANHA BRASIL
O MOMA organiza a primeira exposição
dedicada à arte moderna espanhola,
Nova pintura e escultura espanhola.
O Guggenheim Museum realiza
a exposição Antes de Picasso,
depois de Miró, com a curadoria
de James Johnson Sweeney.
O grupo El Paso se dissolve.
Martín Chirino começa a utilizar
o motivo formal mais recorrente
de sua escultura abstrata: a espiral.
Jorge Oteiza publica O fim da arte
contemporânea, onde expõe as razões
pelas quais abandona a escultura.
Millares converte no centro de sua
obra a associação da serapilheira com
a mortalha, a ideia da morte material
do homem e suas reminiscências
(tumbas e sepulcros).
Antonio Saura abandona o uso exclusivo
do branco e preto na pintura a óleo
e inicia diversas séries de caráter
acumulativo e repetitivo sobre papel.
52
PICASSO
1961
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
ESPANHA BRASIL
Acontece em Valencia a exposição Arte
Normativa, do grupo Parpalló.
Na VI Bienal, a curadoria de Mário Pedrosa
agrega obras contemporâneas, tais como
a de Kurt Schwitters, com retrospectivas
históricas, como a de Alfredo Volpi.
A ampliação da participação nacional e a maior
representação de obras de caráter histórico
valem uma série de críticas ao evento.
53
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1962
ESPANHA BRASIL
Chillida produz seu primeiro
relevo em mármore.
É criada a Fundação Bienal de São Paulo,
o que marca o desligamento do MAM-SP
da organização das edições das bienais.
Dissolve-se o grupo Equipo 57.
54
PICASSO
E A MODERNIDADE
ESPANHOLA
1963
ESPANHA BRASIL
Picasso produz a série O pintor e a modelo.
Doação das coleções particulares de Yolanda
Penteado e de Ciccillo Matarazzo, além das
obras que integravam o acervo do MAM-SP,
para a Universidade de São Paulo.
O MAM-SP é extinto. A partir da luta
de alguns de seus sócios, liderados por
Arnaldo Pedroso D’Horta, a instituição
viria a se estruturar novamente em 1967.
O acervo do novo museu é criado com
a doação de obras de artistas modernos
brasileiros, da coleção de Carlos Tamagni.
Em 1969, o MAM-SP viria a promover
a mostra Panorama de Arte Atual Brasileira,
em sua sede no antigo pavilhão Bahia,
na marquise do Parque Ibirapuera,
local que ocupa até hoje.
Eduardo Chillida começa a trabalhar
o conceito de “limite” em sua obra.
A partir das coleções de Yolanda,
Ciccillo e do antigo MAM, a Universidade
cria o Museu de Arte Contemporânea
da Universidade de São Paulo MAC-USP,
atualmente com sede no Parque Ibirapuera.
55
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