Paulo Homem de Mello Bianchi
O
papel
da
emergência
de
ondas
foliculares
na
sincronização da estimulação ovariana para fertilização in
vitro
Dissertação apresentada à Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Programa de Obstetrícia e Ginecologia
Orientador: Prof. Dr. Paulo César Serafini
São Paulo
2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Preparada pela Biblioteca da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
reprodução autorizada pelo autor
Bianchi, Paulo Homem de Mello
O papel da emergência de ondas foliculares na sincronização da estimulação
ovariana para fertilização in vitro / Paulo Homem de Mello Bianchi. -- São
Paulo, 2013.
Dissertação(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Programa de Obstetrícia e Ginecologia.
Orientador: Paulo César Serafini.
Descritores: 1.Fertilização in vitro 2.Indução da ovulação 3.Ovário/fisiologia
4.Fase lútea 5. Ensaio clínico aleatório controlado
USP/FM/DBD-277/13
Dedico este estudo a meus pais, Rogério e Marília, médicos,
meus primeiros e maiores Professores.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ...
Ao Professor Dr. Edmund Chada Baracat pela oportunidade de
desenvolver esta pesquisa e pelo incentivo e apoio, principalmente nos momentos
mais críticos.
Ao Professor Dr. Paulo Serafini pela paciência e apoio, dentro e fora da
instituição, mas, sobretudo por ter me inoculado com o “vírus” da curiosidade
científica, fruto de seu próprio exemplo.
Ao Professor Dr. Pietro Sampaio Baruselli pela grande contribuição que
deu a este estudo, sempre disponível para discutirmos as correlações entre animais e
humanos, o que enriqueceu sobremaneira a discussão. Agradeço também pelo
acolhimento que me deu junto ao Departamento de Reprodução Animal da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.
À Srta. Lais Mendes Vieira, doutoranda da Disciplina de Reprodução
Animal da FMVZ USP, por toda a ajuda com a análise dos dados.
À Srta. Gabriela Romanenghi Fanti Carvalho Araujo Gouveia,
embriologista do CRH HCFMUSP, pela contribuição e dedicação a esta pesquisa.
À enfermeira Josy, às auxiliares de enfermagem Aurea, Regina e Andréia,
bem como a Sra. Eunice Del Gaudio pela dedicação as pacientes e a ajuda na coleta
dos materiais.
À meus amigos, os Drs. Pedro Monteleone, Rodrigo Rodrigues, Dani
Ejzemberg, Gustavo Kroger, Oscar Duarte, Lucas Yamakami, Eduardo
Myiadahira, Renato Tomioka, Marcos Shiroma, Fernanda Imperial, Tatiane
Medeiros e Gustavo Teles, médicos do CRH HCFMUSP, pela colaboração,
paciência e compreensão.
Ao meu grande amigo, o Dr André Monteiro da Rocha, por todos os
ensinamentos e por ter me apresentado o conceito das ondas foliculares e me
instigado a esta pesquisa.
Ao laboratório Merck-Serono, na pessoa da Srta Gracy Ferreira, pela
doação da medicação utilizada na pesquisa.
Aos meus pais Rogério e Marília, minhas irmãs Ana Maria e Beatriz e à
minha esposa Luciana por todo o apoio, compreensão e paciência. Agradeço
também por serem meus revisores mais críticos.
Por fim, agradeço a todas as pacientes que se dispuseram a participar deste
estudo, na esperança de contribuir para o desenvolvimento científico, não para
benefício próprio, mas para que o conhecimento gerado pudesse ajudar outras
pessoas.
SUMÁRIO
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Lista de Abreviaturas
Lista de Símbolos
Lista de Siglas
Resumo
Summary
1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................
01
2 OBJETIVOS ...............................................................................................
10
2.1 Geral ..........................................................................................................
11
2.2 Específicos ...............................................................................................
11
3 CASUÍSTICA E MÉTODOS ....................................................................
12
3.1 Casuística ..................................................................................................
13
3.2 Métodos ....................................................................................................
14
3.2.1 Alocação .................................................................................................
14
3.2.2 Estimulação ovariana .............................................................................
16
3.2.2.1 Grupo Controle ....................................................................................
16
3.2.2.2 Grupos Experimentais ..........................................................................
17
3.2.3 Coleta dos oócitos e fertilização in vitro ................................................
18
3.2.4 Classificação embrionária e vitrificação .................................................
19
3.2.5 Preparação do útero para transferência de embriões vitrificados,
aquecimento embrionário e transferência uterina ..............................
20
3.2.6 Determinações hormonais ................................................................
21
3.2.7 Cálculo amostral ..............................................................................
22
3.2.8 Análise Estatística ............................................................................
22
4 RESULTADOS ...........................................................................................
24
4.1 Características basais dos grupos ...............................................................
25
4.2 Efeito das intervenções (aspiração do folículo dominante ou aplicação de
hCG) nos grupos experimentais ................................................................
27
4.3 Desempenho dos protocolos e dinâmica folicular durante a estimulação
ovariana ...................................................................................................
31
4.4 Desempenho laboratorial ............................................................................
40
4.5 Avaliação da influência do corpo lúteo sobre o desempenho laboratorial..
41
5 DISCUSSÃO ...............................................................................................
43
6 CONCLUSÕES ...........................................................................................
54
REFERÊNCIAS .............................................................................................
56
APÊNDICES
APÊNDICE 1 – Carta da Comissão de Ética para Análise de Projetos de
Pesquisa
APÊNDICE 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Desenvolvimento dos folículos antrais de acordo com a
“Teoria
do
Momento
Oportuno”
em
um
intervalo
interovulatório. OV: ovulação. M: menstruação .....................
Figura 2
04
Dinâmica folicular humana segundo a teoria das ondas
foliculares. 0: dia da ovulação; A: Mulheres com duas ondas
foliculares; B: mulheres com três ondas foliculares ...............
Figura 3
06
Fluxograma de randomização em bloco para os grupos
controle, experimental 1 e 2 de pacientes que preencheram
os critérios de inclusão...........................................................
Figura 4
15
Variação da quantidade de folículos com diâmetro menor a
10mm nos grupos experimentais, antes e depois das
intervenções. (A) Grupo “hCG” (média ± erro padrão); (B)
Grupo “aspiração” (média ± erro padrão) ...............................
Figura 5
29
Variação dos níveis séricos de estradiol e de progesterona
durante a estimulação ovariana de acordo com o grupo. (A)
Estradiol (média ± erro padrão); (B) Progesterona (média ±
erro padrão) .............................................................................
Figura 6
Variação dos níveis séricos médios de progesterona e de
hCG no grupo “hCG” .............................................................
Figura 7
35
Velocidade de crescimento do maior folículo durante a
estimulação ovariana ...............................................................
Figura 8
34
36
Relação entre a velocidade média de crescimento do maior
folículo e a dose total de FSH recombinação utilizada
durante o estímulo ...................................................................
Figura 9
37
Variação da quantidade de folículos pequenos, médios e
grandes nos grupos ao longo da estimulação ovariana (média
± erro padrão) ..........................................................................
39
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Características basais dos grupos com variáveis quantitativas e
qualitativas ...................................................................................
Tabela 2
26
Efeito das intervenções (aspiração do dominante ou aplicação
do hCG) na quantidade de folículos com diâmetro <10mm e
nos níveis séricos de FSH, LH, estradiol e progesterona ...........
Tabela 3
28
Momento da intervenção, quantidade de folículos com diâmetro
<10mm e diâmetro médio destes folículos no início da onda
folicular em cada grupo experimental .......................................
31
Tabela 4
Características da estimulação ovariana .....................................
32
Tabela 5
Quantidade de visitas para controle do tratamento após o início
da gonadotrofina exógena até o término da estimulação
ovariana .......................................................................................
33
Tabela 6
Resultados laboratoriais ..............................................................
40
Tabela 7
Comparação entre o lado do corpo lúteo/folículo dominante
aspirado e o lado contralateral .....................................................
42
LISTA DE ABREVIATURAS
FIV
fertilização in vitro
FSH
hormônio folículo estimulante
hCG
gonadotrofina coriônica humana
OMS
Organização Mundial da Saúde
GnRH
hormônio liberador de gonadotrofina
LH
hormônio luteinizante
ICSI
Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide
ACO
contraceptivo hormonal oral
OV
ovulação
M
menstruação
LISTA DE SÍMBOLOS
g
grama
IU
unidade internacional
kg
quilograma
L
litro
m2
metro quadrado
mg
miligrama
mL
mililitro
mm
milímetro
mUI
miliunidade internacional
g
micrograma
ng
nanograma
pg
picograma
marca registrada
%
porcento
/
por
>
maior
maior ou igual
<
menor
≤
menor ou igual
x
vezes
±
mais ou menos
LISTA DE SIGLAS
CAPPesq
Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa
CRH-HCFMUSP
Centro de Reprodução Humana Governador Mário Covas da
Divisão de Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
FMUSP
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
HC
Hospital das Clínicas
RESUMO
Bianchi PHM. O papel da emergência de ondas foliculares na sincronização de
estimulação ovariana para fertilização in vitro [Dissertação]. São Paulo: Faculdade
de Medicina, Universidade de São Paulo; 2013.
INTRODUÇÃO: A estimulação ovariana, parte fundamental dos tratamentos de
fertilização in vitro, baseia-se no conhecimento da fisiologia deste órgão.
Recentemente um novo modelo de foliculogênese, a teoria das ondas foliculares, foi
descrito em humanos. A sincronização do início da estimulação com o surgimento de
uma onda folicular melhora o desempenho dos tratamentos em animais. Os
protocolos de estimulação ovariana para fertilização in vitro humana não são
sincronizados com o início de uma onda folicular. O presente estudo tem como
objetivos avaliar duas estratégias de controle da emergência de uma onda folicular
(aspiração do folículo dominante e indução da ovulação mediada pelo hCG) e
descrever a estimulação ovariana sincronizada com o início de uma onda.
MÉTODOS: Participaram deste estudo controlado pacientes com indicação de
fertilização in vitro (fatores tubário e/ou masculino de infertilidade), randomizadas
em três grupos: controle, “hCG” e “aspiração”. No grupo controle (n=6), a aplicação
do FSH recombinante (150UI/d) teve início no terceiro dia do ciclo menstrual,
seguindo o protocolo flexível do antagonista do GnRH. Nos grupos experimentais
foram realizadas ultrassonografias transvaginais seriadas até a identificação de um
folículo dominante ≥ 15mm. Neste momento, no grupo “hCG” (n=5) foi aplicada
dose de 250μg de hCG recombinante e, após dois dias , retomado o seguimento
ultrassonográfico seriado. No grupo “aspiração” (n=5) o folículo dominante e os
subordinados >10mm foram aspirados e o seguimento ultrassonográfico seriado foi
retomado após um dia depois. Quando foi detectada o aumento do número de
folículos <10mm, caracterizando a emergência de uma onda folicular, iniciou-se a
estimulação ovariana nos grupos experimentais seguindo o mesmo protocolo do
grupo controle. Os embriões produzidos foram criopreservados para transferência
posterior devido a assincronia endometrial. RESULTADOS: As duas intervenções
resultaram na emergência de ondas foliculares em todas as mulheres, um dia após a
aspiração do folículo dominante e dois dias após a aplicação do hCG. A dose total de
gonadotrofinas utilizada, o tempo de estimulação, a variação dos níveis séricos de
estradiol, a variação do número de folículos pequenos, médios e grandes durante o
tratamento, o número de oócitos obtidos, a taxa de fertilização e o número de
embriões de morfologia adequada e inadequada foram semelhantes nos três grupos.
A velocidade de crescimento do maior folículo foi menor nos grupos experimentais
até o 5o dia do estímulo, aumentando a partir daí. Os níveis séricos de progesterona
foram maiores nos grupos experimentais a partir do quinto dia do estímulo até o final
do tratamento. Não houve influência mecânica da presença do corpo lúteo na
dinâmica folicular e nos desempenho laboratorial dos oócitos ipsilaterais. Oito
pacientes realizaram transferências embrionárias e três apresentaram resultado
positivo do βhCG, todas dos grupos experimentais. CONCLUSÕES: As intervenções
propostas são capazes de desencadear a emergência de uma onda folicular,
permitindo a sincronização do estímulo ovariano com a emergência de uma onda. O
estímulo ovariano sincronizado com a emergência de uma onda folicular resultou na
produção de embriões viáveis.
Descritores: Fertilização in vitro; Indução da ovulação; Ovário/fisiologia; Fase lútea;
Ondas foliculares; Ensaio clínico aleatório controlado
SUMMARY
Bianchi PHM. Ovarian stimulation protocols synchronized with follicular wave
emergence for in vitro fertilization [Dissertation]. São Paulo: “Faculdade de
Medicina, Universidade de São Paulo”; 2013.
INTRODUCTION: Ovarian stimulation, an important step of in vitro fertilization
treatments, relies on the understanding of ovarian physiology. Recently, a new model
of human folliculogenesis has been suggested, based on waves of coordinated
follicular development. In animal studies, it has been shown that ovarian stimulation
synchronized with the emergence of a follicular wave results in better treatment
outcomes. Ovarian stimulation protocols for in vitro fertilization in humans are not
synchronized with wave emergence. Therefore, the objectives of this study were to
investigate two strategies to control a follicular wave emergence (aspiration of the
dominant follicle and hCG mediated ovulation induction) and to describe the effects
of synchronizing the beginning of stimulation with the start of a follicular wave.
METHODS: Women with indications of in vitro fertilization due to tubal and/or
male fator infertility were invited to participate in this controlled trial. Participants
were randomized to the following groups: control, “hCG” and “aspiration”. Patients
on the control group (n=6) were submitted to the flexible GnRH antagonist protocol
starting recombinant FSH administration (150 IU/d) on the third day of the menstrual
cycle. Women on the experimental groups underwent serial transvaginal sonography
until a dominant follicle ≥15 mm was identified. In the “hCG” group (n=5) 250μg of
recombinant hCG was administered; serial transvaginal sonography was resumed
two days later. In the “aspiration” group (n=5) the dominant and subordinated
follicles larger than 10mm were aspirated; serial transvaginal sonography was
resumed one day later. When a follicular wave emergence was detected (increase in
the number of follicles <10mm), patients were submitted to an ovarian stimulation
protocol similar to the control group. Embryos were cryopreserved for future transfer
due to endometrial asynchrony. RESULTS: A follicular wave emerged one day after
the dominant follicle aspiration or two days after the administration of recombinant
hCG in all women. Total dose of gonadotropins administered, stimulation length,
variation of serum estradiol during stimulation, variation in the number of small,
medium and large follicles during stimulation, number of oocytes harvested,
fertilization rates and the number of embryos with adequate and inadequate
morphology were similar in the three groups. The largest follicle growth rate was
inferior for women in both experimental groups until day 5 of stimulation, increasing
thereafter. Serum progesterone levels were superior in both experimental groups
between the 5th day and the end of stimulation. The presence of the corpus luteum
did not influence mechanically the follicular dynamics nor the laboratory
performance of the ipsilateral oocytes. Eight patients have already been submitted to
embryo transfers; three had a positive βhCG test, all from the experimental groups.
CONCLUSIONS: Both interventions are able to induce a follicular wave emergence
allowing the synchronization of ovarian stimulation. The synchronized ovarian
stimulation resulted in the production of viable embryos.
Descriptors: Fertilization in vitro; Ovulation induction; Ovary/Physiology; Luteal
phase; Follicular waves; Randomized controlled trial
1 INTRODUÇÃO
Introdução 2
1 INTRODUÇÃO
A estimulação ovariana com gonadotrofinas exógenas é uma etapa
fundamental nos tratamentos de fertilização in vitro (FIV). A obtenção de maior
quantidade de oócitos competentes, ou seja, capazes de serem fertilizados, compensa
eventuais dificuldades laboratoriais e permite a avaliação e seleção dos embriões
com maior chance de implantação, contribuindo de forma significativa para o
aumento progressivo das taxas de gestação
(1, 2)
.
A compreensão da fisiologia ovariana e dos fenômenos envolvidos com o
desenvolvimento e maturação da unidade folículo oocitária é essencial para a
elaboração dos protocolos de estímulo ovariano.
A unidade funcional do ovário é o folículo, que é formado durante a vida fetal
a partir da migração das células germinativas primordiais (ovogônias) provenientes
do saco vitelínico. Ao chegarem às cristas genitais e após breve período de
multiplicação por mitose, as ovogônias iniciam a primeira divisão da meiose, que é
interrompida na prófase dando origem ao oócito primário. Os oócitos primários são
envolvidos por uma camada de células que dará origem a granulosa e por células que
dão origem à teca (responsáveis pela síntese dos esteroides sexuais), formando em
conjunto os folículos primordiais, que constituem a reserva folicular de cada mulher
(3, 4)
.
A ativação do folículo primordial e o seu desenvolvimento inicial ocorrem
por mecanismos ainda não completamente compreendidos. Acredita-se que este
Introdução 3
processo seja controlado por fatores autócrinos e parácrinos ovarianos
(5)
. É apenas
no estágio antral (terciário) que o folículo adquire os receptores para as
gonadotrofinas, tornando-se ao mesmo tempo sensível e dependente dos efeitos
tróficos do hormônio folículo estimulante (FSH), que controla as fases finais do
desenvolvimento folicular até o estágio pré-ovulatório (quaternário) (6).
Com o amadurecimento do eixo hipotálamo-hipófise-ovário na puberdade,
inicia-se a secreção cíclica das gonadotrofinas, que orquestram as modificações
morfológicas e funcionais cíclicas no sistema reprodutor feminino durante a
menacme. Destas, a menstruação é um evento físico marcante e, como tal, tem sido
utilizado como ponto de referência nos estudos, isto é, as observações acerca da
fisiologia reprodutiva feminina têm sido feitas no intervalo entre duas menstruações,
estabelecendo-se o ciclo menstrual que inicia no primeiro dia do sangramento
vaginal e termina no dia anterior ao próximo
(7)
.
O modelo atual de folículogênese ovariana humana baseia-se em observações
histológicas de ovários removidos cirurgicamente e em determinações hormonais
durante o ciclo menstrual (intervalo entre duas menstruações), e também é
complementado por observações realizadas em animais
(8, 9)
. De acordo com este
modelo, aparentemente os folículos primordiais são constante e aleatoriamente
ativados, e iniciam o seu desenvolvimento até o estágio terciário. Aqueles que
estiverem no estágio antral no momento em que há elevação dos níveis de FSH
desenvolvem-se, enquanto os demais sofrem atresia (Figura 1)
(5, 8, 9)
. Este ambiente
hormonal, favorável ao crescimento folicular final, ocorre apenas em um momento
durante o intervalo intermenstrual, logo após a menstruação, e, por este motivo,
Introdução 4
chamado fase folicular. Este modelo recebeu também a denominação “Teoria do
Momento Oportuno” (10).
Figura 1 - Desenvolvimento dos folículos antrais de acordo com a “Teoria do Momento Oportuno”
em um intervalo interovulatório. OV: ovulação. M: menstruação. Fonte: Baerwald et al.
(2012)(9)
A degeneração do corpo lúteo (luteólise), formado no ciclo anterior após a
ovulação do folículo dominante, se associa à redução dos níveis séricos de
progesterona e estradiol e promove a descamação endometrial. A retroalimentação
negativa que estes esteroides exercem sobre o hipotálamo e a hipófise é reduzida,
com consequente elevação do FSH que promove o crescimento de um conjunto de
folículos antrais (recrutamento) na fase folicular (6). Com a ovulação e a formação do
corpo lúteo (fase lútea), há redução dos níveis séricos de FSH e o ambiente hormonal
torna-se desfavorável à evolução dos folículos terciários (9).
Introdução 5
O desenvolvimento da ultrassonografia acrescentou uma nova dimensão ao
estudo da foliculogênese, e permitiu que fosse possível avaliar a dinâmica das
modificações morfológicas cíclicas ovarianas. Ao aplicar esta tecnologia em estudos
com animais domésticos, foi proposto um novo modelo de dinâmica folicular.
Ginther
(11)
verificou que, em equinos, os folículos desenvolvem-se em coortes que
crescem sincronicamente a intervalos regulares, que ocorrem mais de uma vez
durante o período interovulatório. A esses conjuntos ou coortes chamou de ondas
foliculares, e o início de uma onda chamou de “emergência” da onda. Tal fenômeno
vem sendo observado em diversas espécies de animais mono-ovulatórios, como os
bovinos, caprinos e, mais recentemente, nos seres humanos (12-15).
Mudando o paradigma de observação do tradicional intervalo intermenstrual
para o interovulatório, Angela Baerwald et al.
(13, 14)
avaliaram, por meio de
ultrassom transvaginal de alta definição, 50 mulheres eutróficas voluntárias.
Observaram que, entre duas ovulações consecutivas, 68% das mulheres apresentaram
duas ondas de crescimento folicular e as demais (32%), três ondas, demonstrando,
assim, que o recrutamento folicular em seres humanos também ocorre mais de uma
vez durante o ciclo (Figura 2). A primeira onda inicia-se no dia da ovulação e seus
folículos não atingem o estado pré-ovulatório, e entram em atresia (onda
anovulatória). Naquelas mulheres que apresentam duas ondas foliculares, a segunda
onda se inicia, em geral, 14 dias após a ovulação, isto é, por volta do início da
menstruação e termina quando um dos folículos atinge o estágio pré-ovulatório e se
rompe (onda ovulatória). Em mulheres com três ondas foliculares a segunda onda é
anovulatória e começa em média 12 dias após a ovulação, portanto antes do início da
menstruação. A terceira onda se inicia seis dias depois da segunda, por volta do
Introdução 6
quarto dia do ciclo menstrual, e finda/termina com a ovulação. A emergência de cada
onda é precedida pelo aumento súbito do nível sérico de FSH (pico de FSH)
(13, 15)
que permite o crescimento inicial sincrônico, com igual velocidade, dos folículos que
a compõem.
Days
Days
Figura 2 - Dinâmica folicular humana segundo a teoria das ondas foliculares. 0: dia da ovulação; A:
Mulheres com duas ondas foliculares; B: mulheres com três ondas foliculares. Fonte: de
Mello Bianchi et al. (2010)(16).
Introdução 7
A sensibilidade de cada folículo ao FSH é diferente, portanto sua
concentração sérica deve ultrapassar certo limiar (limiar estimulatório) para que um
conjunto de folículos antrais cresça de forma sincrônica. Com o crescimento, os
folículos produzem estradiol e inibina que exercem retroalimentação negativa
progressiva sobre a hipófise de modo que a concentração de FSH sérico decresça
(6, 17)
. A redução do FSH, abaixo do limiar estimulatório, está associada ao fenômeno
de seleção e dominância. Quando um folículo, chamado de dominante, continua seu
crescimento para eventualmente tornar-se ovulatório, os demais, chamados de
subordinados, param de crescer e entram em atresia. Aparentemente a dominância
depende de uma maior sensibilidade do folículo dominante a concentrações
progressivamente menores de FSH e da maior expressão de receptores para o
hormônio luteinizante (LH), de forma que, quando caem os níveis séricos de FSH os
folículos sensíveis ao LH continuam a crescer com baixas concentrações daquele
hormônio e tornam-se dominantes (6, 17, 18). Diferentemente do observado em bovinos,
em humanos a maioria das ondas foliculares anovulatórias não exibe o fenômeno de
seleção, isto é, não surge um folículo dominante (13, 14).
A estimulação ovariana com gonadotrofinas exógenas tem como objetivo
evitar o fenômeno de seleção e dominância. A manutenção dos níveis de FSH acima
do limiar estimulatório por maior tempo, permite o crescimento de alguns dos
folículos subordinados
(6)
. Os protocolos utilizados atualmente para fertilização in
vitro, apoiados na “Teoria do Momento Oportuno”, preconizam o início das
gonadotrofinas exógenas na fase folicular, no terceiro dia do ciclo menstrual. O
objetivo é aproveitar este momento favorável ao crescimento folicular, que ocorre
apenas uma vez durante o ciclo, após a menstruação.
Introdução 8
Os
tratamentos
de
reprodução
assistida
em
animais
domésticos,
fundamentados na teoria das ondas foliculares, têm como objetivo a produção de
uma quantidade maior de animais com alto valor, principalmente em bovinos
(18)
Foi
constatado que o início da estimulação em sincronia com o início de uma onda
folicular produz resultados melhores, com incremento na quantidade e qualidade dos
oócitos obtidos
(19, 20)
. Como a primeira onda folicular emerge no dia da ovulação,
uma opção é detectar a ovulação e iniciar a estimulação ovariana neste dia
(20)
.
Entretanto, a monitorização com intuito de detectar a emergência natural de uma
onda é muito trabalhosa e onerosa quando se lida com rebanhos, por isto são
utilizados métodos para controlar a emergência e sincronizar a estimulação ovariana
(21)
. Sabe-se que a eliminação do folículo dominante provoca o surgimento de uma
onda, portanto os dois métodos mais comumente utilizados em reprodução animal
assistida, para controlar a emergência de ondas foliculares, são a aspiração do
folículo dominante ou a aplicação de doses altas de estradiol e progesterona por curto
período em qualquer momento do ciclo estral, o que provoca atresia do folículo
dominante e o surgimento de nova coorte folicular (21-23).
Aplicando o conhecimento das ondas foliculares aos protocolos atuais de
estimulação ovariana em humanos, que tem início com administração de drogas entre
o segundo e o terceiro dia do ciclo menstrual, nota-se que em grande parte das vezes
o início do tratamento não ocorre em sincronia com a emergência de uma nova onda
folicular. Tal fato pode justificar certa assimetria de crescimento folicular,
comumente observada em estimulação ovariana para a FIV (16).
Introdução 9
O surgimento teoria sobre a foliculogênese
(13)
permite o desenvolvimento de
novos protocolos de estimulação ovariana, com melhorias potenciais no resultado
dos tratamentos de reprodução humana assistida
(16)
. Baerwald et al.(24) avaliaram o
desempenho da estimulação ovariana sincronizada com a emergência de uma onda
folicular e observaram benefícios para as más respondedoras à estimulação prévia.
Entretanto, no estudo de Baerwald et al.(24) não houve tentativa de controle da
emergência da onda; a sincronização fundamentou-se nos resultados do estudo
anterior dos mesmos autores
(13)
, pressupondo a emergência natural de uma onda
folicular por volta do primeiro dia do ciclo menstrual.
No presente estudo propôs-se controlar a emergência de ondas foliculares
através da aspiração do folículo dominante ou da indução da ovulação com
gonadotrofina coriônica humana - hCG. Buscou-se avaliar a eficácia dessas duas
intervenções e, ainda, descrever a estimulação ovariana sincronizada com a onda
folicular por elas desencadeada, comparando a dinâmica folicular e os resultados
desse tratamento com os de protocolo convencionalmente utilizado.
2 OBJETIVOS
Objetivos 11
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
Desenvolver protocolo de estimulação ovariana humana fundamentado no
conceito de ondas foliculares.
2.2 Específicos
1. Verificar se a aplicação de gonadotrofina coriônica humana (hCG)
recombinante quando o folículo dominante apresentar diâmetro 15mm é
capaz de desencadear a ovulação e induzir a emergência de uma nova onda
folicular;
2. Verificar se a aspiração do folículo dominante é capaz de induzir a
emergência de uma nova onda folicular;
3. Descrever a dinâmica de desenvolvimento folicular, a duração da
estimulação ovariana, a dose total de gonadotrofinas empregada, os níveis
séricos de estradiol e de progesterona, a velocidade de crescimento
folicular, o número de oócitos maduros obtidos e a qualidade embrionária
em mulheres que realizaram estimulação ovariana baseada no conceito de
ondas foliculares comparado a pacientes que receberam para estimulação
ovariana, o protocolo flexível do antagonista do GnRH, fundamentado na
teoria de crescimento folicular único durante o ciclo.
3 CASUÍSTICA E MÉTODOS
Casuística e Métodos 13
3 CASUÍSTICA E MÉTODOS
3.1 Casuística
Foram convidadas a participar do estudo mulheres com infertilidade conjugal,
que foram acompanhadas no Centro de Reprodução Humana Governador Mário
Covas da Divisão de Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (CRH-HCFMUSP).
Critérios de inclusão:
a) idade 35 anos;
b) índice de massa corpórea (IMC) entre 19kg/m2 e 30kg/m2;
c) fator tubário ou masculino de infertilidade com indicação de fertilização in
vitro;
d) útero normal de acordo com ultrassonografia e/ou histeroscopia recentes
(menos que 6 meses, anteriores ao tratamento);
e) dosagens séricas de FSH no segundo ou terceiro dia do ciclo menstrual
10mUI/mL e de estradiol 80pg/mL;
f) contagem de folículos antrais à ultrassonografia transvaginal nos primeiros
cinco dias do ciclo menstrual entre 10 e 25;
g) parceiro com pelo menos 5 milhões de espermatozoides móveis ao
espermograma e com morfologia estrita, de acordo com critérios da
Organização Mundial da Saúde (OMS) (25), >1%;
Casuística e Métodos 14
Critérios de não inclusão:
a) fator ovulatório de infertilidade;
b) não identificação de um ou ambos os ovários à ultrassonografia
transvaginal;
c) endocrinopatias não tratadas;
d) tabagismo;
e) uso de drogas recreativas;
f) endometriose estágios III e IV;
g) fator masculino grave.
Este estudo teve a aprovação da Comissão de Ética para Análise de Projetos
de Pesquisa (CAPPesq) do Hospital da Clinicas da Faculdade de Medicina da USP
sob o protocolo de número 1099/09 (Apêndice 1). Foi também registrado no Clinical
Trials como estudo prospectivo randomizado sob o número: NCT 01668056.
Após detalhado esclarecimento sobre a pesquisa, incluindo seus riscos e
possíveis benefícios, as mulheres foram incluídas no estudo mediante assinatura de
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 2).
3.2 Métodos
3.2.1 Alocação
As mulheres que preencheram os critérios de inclusão foram separadas em
três grupos (controle, experimental 1 e experimental 2) por sequência numérica
Casuística e Métodos 15
aleatória gerada por computador. O pesquisador principal (PHMB) não teve acesso à
lista de randomização. A alocação das pacientes foi feita pela enfermeira responsável
pelo CRH-HCFMUSP de acordo com a sequência numérica. O pesquisador e as
participantes trabalharam “às cegas” quando a alocação não foi possível por causa do
caráter das intervenções e do seguimento.
Figura 3 – Fluxograma de randomização em bloco para os grupos controle, experimental 1 e 2 de
pacientes que preencheram os critérios de inclusão
Casuística e Métodos 16
3.2.2 Estimulação ovariana
3.2.2.1 Grupo Controle
As pacientes alocadas no grupo controle (n=6) realizaram tratamento de
fertilização in vitro com o protocolo do antagonista do GnRH de forma flexível.
Quando necessário, para programar o início do tratamento de forma a evitar que
algum procedimento (aspiração folicular ou transferência embrionária) ocorresse no
final de semana, algumas pacientes utilizaram contraceptivo hormonal oral (0,03mg
de etinil estradiol e 0,15mg de levonorgestrel), de acordo com as normas
assistenciais do CRH-HCFMUSP. No segundo dia do ciclo menstrual seguinte
realizaram ultrassom transvaginal e dosagens séricas de FSH, LH, estradiol e
progesterona. Quando a ecografia demonstrou espessura endometrial 5mm e não
foram identificados cistos ovarianos >10mm, a estimulação ovariana teve início no
terceiro dia do ciclo menstrual. Foi empregado o FSH recombinante (FSHr) (alfa
folitrofina - Gonal F , Merck-Serono, São Paulo, Brasil) em dose diária de 150UI
administrada por via subcutânea (Figura 3).
O desenvolvimento e crescimento foliculares bem como o desenvolvimento
endometrial foram monitorizados por ultrassonografia transvaginal e dosagens
sanguíneas de estradiol e progesterona em visitas realizadas cinco dias após o início
da aplicação da medicação e a cada dois dias a partir deste momento, até atingir os
critérios para aplicação do hCG recombinante A dose inicial de FSHr foi aumentada
em 75UI ao dia se no quinto dia do estímulo a quantidade de folículos fosse <4 ou se
o maior folículo tivesse diâmetro <10mm. Reduções na dose inicial de FSHr da
ordem de 75UI ao dia foram efetuadas se no quinto dia de estímulo houvesse mais do
Casuística e Métodos 17
que 15 folículos em crescimento. Quando o maior folículo atingiu 13-14mm de
diâmetro foi iniciada a administração diária do antagonista do hormônio liberador de
gonadotrofinas (GnRHa; acetato de cetrorelix, Cetrotide , Merck-Serono, São Paulo,
Brasil) na dose de 0,25mg por via subcutânea diariamente pela manhã, até a
aplicação do hCGr. Quando pelo menos dois folículos atingiram diâmetro 18mm,
250 g de hCG recombinante (choriogonadotrofina alfa, Ovidrel , Merck-Serono,
São Paulo, Brasil) foram administrados por via subcutânea e 35-36 horas depois os
oócitos foram coletados, como detalhado nos subtópicos abaixo. No dia da
administração do hCG os níveis séricos de estradiol e progesterona foram
mensurados também (26).
3.2.2.2 Grupos Experimentais
As pacientes dos grupos experimentais 1 e 2 foram submetidas à
ultrassonografia transvaginal a partir décimo dia de um ciclo menstrual espontâneo.
Quando necessário, para programar o início do tratamento de forma a evitar que
algum procedimento (aspiração folicular ou transferência embrionária) ocorresse no
final de semana, algumas pacientes dos grupos experimentais 1 e 2 também
utilizaram contraceptivo hormonal oral (0,03mg de etinil estradiol e 0,15mg de
levonorgestrel) no mês anterior ao tratamento.
As diferenças entre os dois grupos ocorreram, quando foi identificado um
folículo dominante, com diâmetro 15mm. As pacientes do grupo experimental 1
(denominado
“hCG”;
n=5)
receberam
250 g
de
hCGr
recombinante
(choriogonadotrofina alfa, Ovidrel , Merck-Serono, São Paulo, Brasil) e depois de
Casuística e Métodos 18
dois dias submeteram-se a ultrassom transvaginal e determinação sérica de
progesterona, estradiol e βhCG para verificar se houve ovulação (definida por
redução do diâmetro do folículo dominante e ou aumento do volume de líquido livre
no recesso peritoneal retrouterino). No grupo experimental 2 (denominado
”aspiração”; n=5), o diâmetro do folículo dominante ≥15mm e os subordinados
diâmetro ≥15mm e >10mm, respectivamente, foram aspirados por punção vaginal
guiada por ultrassom e sob sedação. As pacientes de ambos os grupos submeteram-se
às ultrassonografias transvaginais diárias a partir do segundo dia após a
administração de hCG ou do primeiro dia após a aspiração folicular, até que um novo
conjunto de folículos com diâmetro <10mm fosse identificado, caracterizando a
emergência de uma nova onda folicular de acordo com os critérios de Baerwald et
al.(14). Níveis séricos de FSH, LH, estradiol e progesterona foram mensurados e foi
iniciada a estimulação ovariana como descrita acima para o grupo controle (Figura
3).
3.2.3 Coleta dos oócitos e fertilização in vitro
A coleta dos oócitos foi realizada 35-36 horas após a administração do hCGr
mediante punção vaginal guiada por ultrassom. Este procedimento foi realizado em
ambiente
cirúrgico.
As
pacientes
receberam
sedação,
oxigênio-terapia,
monitoramento eletrônico dos sinais vitais e assistência por anestesista durante todo
o procedimento que durou aproximadamente de 10 a 30 minutos. Após o
procedimento, as pacientes recuperaram-se em ambiente pós-operatório durante o
período de cerca de 60-120 minutos.
Casuística e Métodos 19
A identificação dos oócitos, preparação e manuseio dos gametas, injeção
intracitoplasmática de um único espermatozoide no óvulo (ICSI), o meio de cultura
para FIV e o manuseio dos embriões foram realizados conforme descrito
previamente
(26)
. Os oócitos são considerados maduros quando completaram a
primeira divisão da meiose (extrusão do primeiro corpúsculo polar) e estão na
metáfase da segunda divisão (metáfase II ou MII), aptos para a fertilização.
Os oócitos provenientes de cada ovário foram separados em placas de cultivo
diferentes e identificados para posterior avaliação da influência da presença do corpo
lúteo na qualidade dos óvulos/embriões obtidos neste ovário.
3.2.4 Classificação embrionária e vitrificação
A classificação embrionária foi realizada no terceiro dia de desenvolvimento
in vitro, conforme normas internacionalmente estabelecidas
(27)
. Os critérios
avaliados foram: o número de células, a regularidade dos blastômeros, a
fragmentação e a presença/ausência de multinucleação. Embriões com excelente
morfologia são aqueles que apresentam oito células simétricas, com menos de 10%
de fragmentação e ausência de blastômeros multinucleados. Embriões de morfologia
inadequada, nesta fase, são aqueles com atraso de desenvolvimento (seis células ou
menos), irregularidade celular, mais de 25% de fragmentação ou blastômeros
multinucleados (27).
A estimulação ovariana nos grupos experimentais produz assincronia entre o
desenvolvimento oocitário e o endometrial, pois é feita na fase lútea, o que poderia
interferir negativamente com as taxas de gravidez. Para eliminar tal efeito todos os
Casuística e Métodos 20
embriões, tanto no grupo controle como nos experimentais, foram vitrificados no
terceiro dia de desenvolvimento para transferência após preparo uterino, como
descrito abaixo. Atualmente a criopreservação de embriões seguindo a técnica de
vitrificação possibilita maiores taxas de sobrevida após aquecimento
(28)
e taxas de
gravidez expressivas, em torno de 30%
(29)
para transferências de embriões no
terceiro dia de desenvolvimento e até 85%
(30)
para blastocistos, comparáveis ou até
superiores às taxas obtidas com embriões “a fresco”. A criopreservação/aquecimento
de embriões seguiu as determinações do fabricante do kit (Irvine Scientific).
3.2.5 Preparação do útero para transferência de embriões vitrificados, aquecimento
embrionário e transferência uterina
No ciclo menstrual que se seguiu à aspiração folicular para coleta de oócitos,
as pacientes dos três grupos não sofreram qualquer tipo de tratamento/intervenção
hormonal. No segundo ou terceiro dia do ciclo menstrual seguinte, voltaram a
realizar ultrassom transvaginal e dosagens séricas de estradiol, progesterona e
prolactina. Quando a ecografia demonstrou espessura endometrial
5mm e não
foram identificados cistos ovarianos com diâmetro >15mm iniciou-se a
administração diária de valerato de estradiol na dose de 4mg por via oral (2mg a cada
12 horas). O desenvolvimento endometrial foi monitorizado por meio de ultrassom
seriado, de acordo com o protocolo assistencial do Centro de Reprodução Humana da
Disciplina de Ginecologia do HCFMUSP. Quando a espessura endometrial atingiu
8mm ou mais, após pelo menos 14 dias de estrogenioterapia, as pacientes receberam
também 200mg de progesterona natural micronizada, por via vaginal, de 8 em 8
horas e a transferência embrionária ocorreu 4 dias depois.
Casuística e Métodos 21
No dia da transferência, os embriões foram aquecidos, reclassificados e sua
viabilidade avaliada
(31)
. Dois embriões foram transferidos para cada paciente por
meio de cateter de Sydney (K-jets 7019-SIVF; Cook OB/GYN, Indianapolis, EUA).
Os eventuais embriões excedentes permaneceram vitrificados.
A ocorrência de gestação foi avaliada 12 dias após a transferência
embrionária por dosagem sérica da fração beta do hCG. Quando o resultado do teste
foi positivo, a ultrassonografia transvaginal foi realizada 14 dias depois, para
avaliação da quantidade e da posição dos sacos gestacionais, bem como a presença
de batimentos cardíacos embrionários. No caso de insucesso do tratamento, as
pacientes foram submetidas à transferência dos eventuais embriões excedentes
vitrificados como descrito acima. Quando não havia mais nenhum embrião
vitrificado, as pacientes saíram do estudo e foram encaminhadas para realização da
fertilização in vitro, conforme protocolo convencional utilizado no CRH-HCFMUSP,
de acordo com o estabelecido no Termo de Consentimento Esclarecido (Apêndice 1).
3.2.6 Determinações hormonais
As determinações séricas de FSH, LH, estradiol, progesterona, e da fração
beta do hCG foram realizadas pelo Laboratório Central do HCFMUSP utilizando a
técnica imunofluorométrica automatizada (AutoDELFIA) de acordo com as
instruções do fabricante do kit.
Casuística e Métodos 22
3.2.7 Cálculo amostral
Por se tratar de estudo inédito sem referências ou dados prévios que permitam
o cálculo do tamanho amostral, o mesmo foi um piloto com cinco pacientes em cada
grupo experimental e seis pacientes no grupo controle. Os dados gerados
possibilitarão calcular o tamanho da amostra com maior precisão em estudos futuros.
3.2.8 Análise Estatística
As variáveis quantitativas transversais (características basais e desempenho
dos protocolos) foram descritas com o uso de medidas resumo (média e desvio
padrão) para cada grupo. O teste de Kruskal-Wallis foi utilizado para comparar os
três grupos e o teste de Mann-Whitney para comparações apenas entre dois grupos
(32)
. As medidas qualitativas também foram descritas segundo grupos; foi verificada a
existência de associação entre os grupos com o teste da razão de verossimilhanças ou
o teste exato de Fisher (32).
As medidas de avaliação da dinâmica folicular (velocidade de crescimento,
tamanho dos folículos, níveis de estradiol e de progesterona) foram descritas com uso
de medidas resumo (médias e desvio padrão) em cada um dos grupos e momentos de
avaliação. As comparações entre os grupos e os momentos foram feitas por análises
de variância (ANOVA) com medidas repetidas e dois fatores
(33)
. Os parâmetros que
apresentaram diferenças na comparação entre os grupos e momentos dois a dois
foram então avaliados pelas comparações múltiplas de Tukey
(33)
, ou pelas
comparações múltiplas de Bonferroni (33). Os resultados foram ilustrados com uso de
gráficos de perfis médios com os respectivos erros padrões.
Casuística e Métodos 23
As medidas de avaliação dos folículos nos dois grupos experimentais foram
descritas segundo os grupos e o momento da intervenção, e segundo os grupos e o
lado do corpo lúteo. As variáveis foram, então, comparadas com a aplicação da
ANOVA com dois fatores e medidas repetidas.
Os testes foram realizados com nível de significância de 5%.
4 RESULTADOS
Resultados 25
4 RESULTADOS
4.1 Características basais dos grupos
A idade das mulheres e de seus parceiros, características do ciclo menstrual
(intervalo intermenstrual e duração do fluxo), tempo de infertilidade, medidas de
reserva folicular ovariana (FSH e estradiol do terceiro dia do ciclo menstrual e a
contagem de folículos antrais), características seminais (concentração e motilidade
espermáticas e a proporção de espermatozoides de morfologia normal segundo os
critérios da OMS
(25)
), fatores de infertilidade, a proporção de casais com
infertilidade primária e secundária, bem como a proporção de mulheres que usaram
anticoncepcional hormonal oral (ACO) antes do tratamento, o tempo de uso do ACO
e o intervalo entre o térmico do ACO e o início do estímulo ovariano estão
apresentados na Tabela 1 (variáveis quantitativas e qualitativas).
Resultados 26
Tabela 1 – Características basais dos grupos com variáveis quantitativas e
qualitativas.
Grupo
Controle
média ± dp
“hCG”
média ± dp
”aspiração”
média ± dp
p
Idade da mulher (anos)
29 ± 2,1
33 ± 2,2
31 ± 3,1
0,039*
Idade do homem (anos)
30,8 ± 3,4
40 ± 8,5
30 ± 4,7
0,089
VARIÁVEL
Quantitativas
Tempo de infertilidade (meses)
74 ± 28,8
91,2 ± 52
62,4 ± 27,4
0,628
Intervalo intermenstrual (dias)
29,3 ± 2,9
27,4 ± 3,7
28,8 ± 1,1
0,923
4,7 ± 1
4,6 ± 1,1
4,6 ± 0,5
0,963
Fluxo menstrual (dias)
FSH D3 (mUI/mL)
Estradiol D3 (pg/mL)
5,7 ± 1
5,5 ± 2,3
6,2 ± 0,4
0,847
34,2 ± 15,1
34,4 ± 16,2
34,2 ± 6,1
0,985
Contagem de folículos antrais
14,2 ± 6,5
12,6 ±3,2
12,6 ± 2,6
0,986
Concentração espermática (milhões/mL)
64,4 ± 33,2
99,8 ± 153,9
61,2 ± 61,7
0,833
Motilidade espermática progressiva (%)
44,3 ± 29
12,6 ± 11,3
33,2 ± 31,5
0,143
Espermatozóides normais (%)
2,2 ± 3,4
1 ± 1,7
2,2 ± 1,3
0,203
Tempo de uso de ACO (dias)
17,8 ± 2,2
20 ± 3,5
26 ± 12,3
0,327
Intervalo ACO – menstruação (dias)
4,2 ± 0,4
3,33 ± 1,2
3,6 ± 0,6
0,264
Intervalo ACO – início do estímulo (dias)
7,2 ± 0,4
17,6 ± 2,8
17 ± 1,7
0,016**
dp = desvio padrão; p = Teste de Kruskal–Wallis para comparação das médias entre os três grupos; * = média de idade maior no grupo
“hCG”; ** = intervalo ACO – início do estimulo menos no grupo controle
Controle
“hCG”
”aspiração”
(%)
(%)
(%)
Proporção de casais com infertilidade primária
50
60
100
Proporção
infertilidade
50
40
0
Proporção de casais com fator tubário de
50
20
40
16,7
40
20
33,3
40
40
83,3
60
60
16,7
40
40
VARIÁVEL
p
Qualitativa
de
casais
com
0,09
secundária
infertilidade
Proporção de casais com fator masculino de
0,845
infertilidade
Proporção de casais com fator tubário e
masculino de infertilidade
Proporção de mulheres que usaram ACO antes
do estímulo
Proporção de mulheres que não usaram ACO
0,604
antes do estímulo
p = Razão de verossimilhanças para comparação das diferenças de proporções; ACO = anticoncepcional hormonal oral
Houve diferença significativa entre as médias de idade das mulheres, e as
mais altas foram do grupo “hCG” (33±2,2 anos) do que nos outros grupos. Também
Resultados 27
foi estatisticamente significante a diferença entre o término do ACO e o início do
estímulo ovariano, que foi menor no grupo controle (7,2±0,4 dias).
Os grupos foram semelhantes quanto: as medidas de reserva folicular
ovariana, as características do ciclo menstrual, a distribuição dos fatores de
infertilidade (tubário, masculino e tubário associado a masculino), e, o intervalo entre
o término do ACO e o início da menstruação.
Houve diferença, porém, estatisticamente não significativa: entre as médias
de idade dos parceiros - maior no grupo “hCG” do que nos outros dois; o tempo de
infertilidade - maior no grupo “hCG”; e, a concentração espermática - maior no
grupo “hCG”; a proporção de espermatozoides com motilidade progressiva - maior
no grupo controle; a proporção de casais com infertilidade primária e secundária em
cada grupo, bem como a proporção de pacientes que usaram ACO antes do
tratamento - maior no grupo controle; e, o tempo de uso de ACO - maior no grupo
”aspiração”.
4.2 Efeito das intervenções (aspiração do folículo dominante ou aplicação de
hCG) nos grupos experimentais
A Tabela 2 apresenta a quantidade de folículos com diâmetro <10mm, os
níveis séricos de FSH, LH, estradiol e progesterona no dia das intervenções e na
primeira avaliação, realizada no dia seguinte à aspiração do folículo dominante e dos
subordinados com diâmetro >10mm (grupo ”aspiração”) ou dois dias após a
aplicação de hCG (grupo “hCG”).
Resultados 28
Tabela 2 - Efeito das intervenções (aspiração do dominante ou aplicação do hCG) na
quantidade de folículos com diâmetro <10mm e nos níveis séricos de
FSH, LH, estradiol e progesterona
“hCG”
VARIÁVEL
Quantidade de
folículos com
diâmetro <10mm
FSH
(mUI/mL)
LH
(mUI/mL)
Estradiol
(pg/mL)
Progesterona
(ng/mL)
No dia da
intervenção
”aspiração”
No dia da
intervenção
(média±dp)
Depois da
intervenção
(dois dias)
(média±dp)
(média±dp)
Depois da
intervenção
(um dia)
(média±dp)
8,8 ± 4,8
15,8 ± 7,2
11,6 ± 3,2
16,4 ± 4,2
< 0,001*
5,3 ± 1,9
8,9 ± 4,8
6,4 ± 3,2
8,4 ± 3,8
0,649
8,6 ± 6,2
19,2 ± 12,4
14,5 ± 15,9
16,6 ± 13
0,517
160 ± 120
75 ± 42
147 ± 55
103 ± 23
0,478
0,4 ± 0,3
0,7 ± 0,6
0,5 ± 0,1
0,7 ± 0,4
0,937
p
dp = desvio padrão; p = Resultados do teste ANOVA; * Aumento significativo da quantidade de folículos com diâmetro
<10mm após as intervenções; N = quantidade de folículos; FSH = hormônio folículo estimulante; LH = hormônio luteinizante
Ambas as intervenções resultaram no surgimento de um novo conjunto de
folículos com diâmetro <10mm, como observado pelo aumento significativo da
quantidade destes folículos após as intervenções em cada grupo experimental (Figura
4), caracterizando a emergência de uma onda folicular. Todas as pacientes do grupo
“hCG” apresentaram a emergência de uma onda folicular dois dias após a
intervenção. No grupo ”aspiração”, todas as pacientes apresentaram a emergência de
uma onda folicular um dia após a intervenção.
Resultados 29
20
Grupo “hCG”
*
18
15,8
16
14
12
10
Antes da intervenção
8,8
Depois da interveção
8
6
4
2
0
hCG
* p < 0,001
A
20
**
16,4
Grupo “aspiração”
15
11,6
Antes da intervenção
10
Depois da interveção
5
0
Aspiração
** p < 0,001
B
Figura 4 - Variação da quantidade de folículos com diâmetro <10mm nos grupos experimentais, antes
e depois das intervenções. (A) Grupo “hCG” (média ± erro padrão); (B) Grupo
”aspiração” (média ± erro padrão)
A quantidade de folículos com diâmetro <10mm, antes das intervenções, foi
semelhante no grupo ”aspiração” e no grupo “hCG”; o mesmo ocorreu na avaliação
após as intervenções (p=0,591; ANOVA).
Resultados 30
Observou-se aumento dos níveis séricos médios de FSH e redução dos níveis
séricos médios de estradiol, em ambos os grupos, após as intervenções. Entretanto,
tais variações hormonais não foram estatisticamente significativas (Tabela 2).
Também não houve variação hormonal significativa na comparação entre os dois
grupos experimentais, independente do momento avaliado. Os níveis séricos médios
de FSH e de estradiol foram semelhantes entre o grupo ”aspiração” e o grupo “hCG”
antes das intervenções, o mesmo foi observado após as intervenções (p=0,649 para
FSH e p=0,478 para estradiol).
Da mesma forma, a elevação dos níveis séricos médios de LH observada em
ambos os grupos não foi estatisticamente significativa (p=0,517). Cabe ressaltar, que
no dia da intervenção, uma paciente em cada grupo apresentava elevação natural dos
níveis séricos de LH, associado à presença de um folículo dominante com diâmetro
igual a 16mm (grupo ”aspiração” – no décimo primeiro dia do ciclo menstrual) e
com diâmetro igual a 19mm (grupo “hCG” – no décimo dia do ciclo menstrual).
Nestas duas pacientes os valores de LH continuaram a subir após as intervenções, o
que pode ter influenciado na média dos grupos.
Os níveis séricos médios de progesterona permaneceram estáveis e abaixo de
1ng/mL, antes e depois das intervenções, em ambos os grupos. Também não houve
diferença entre os grupos quanto aos níveis deste hormônio independentemente do
momento avaliado (Tabela 2).
Não houve diferença entre os grupos experimentais quanto ao momento da
intervenção em relação ao ciclo menstrual e quanto ao número de folículos com
diâmetro <10mm no início da onda folicular (Tabela 3). Não houve, também,
Resultados 31
diferença estatisticamente significativa entre o diâmetro médio dos folículos na
emergência da onda folicular quando comparados os grupos “hCG” (5,1±0,7mm) e
”aspiração” (5,1±0,3mm). O diâmetro médio dos folículos na emergência da onda
folicular (grupos experimentais) foi semelhante ao tamanho médio dos folículos do
grupo controle no início do estímulo (4,7±0,4mm) (p=0,54).
Tabela 3 - Momento da intervenção, quantidade de folículos com diâmetro <10mm e
diâmetro médio destes folículos no início da onda folicular em cada
grupo experimental
Grupo “hCG”
(média ± dp)
Grupo “aspiração”
(média ± dp)
p
11 ± 3,5
12 ± 1,6
0,196
Quantidade de folículos Ø< 10mm no início
da onda folicular
15,8 ± 7,2
16,4 ± 4,2
0,753
Diâmetro médio dos folículos na emergência
da onda (mm)
5,1 ± 0,7
5,1 ± 0,3
0,932
VARIÁVEL
Dia do ciclo menstrual no momento da
intervenção
dp= desvio padrão; p = teste de Mann-Whitney
4.3 Desempenho dos protocolos e dinâmica folicular durante a estimulação
ovariana
A dose total média de gonadotrofina exógena utilizada para a estimulação
ovariana foi superior nos grupos experimentais em relação ao grupo controle (Tabela
4), apesar desta diferença não ter sido estatisticamente significativa. Em
concordância, três mulheres em cada um dos grupos experimentais necessitaram de
aumento da dose diária de FSHr, enquanto nenhuma mulher do grupo controle
Resultados 32
necessitou de aumento da dose da medicação. Uma mulher do grupo controle e uma
mulher do grupo “hCG” necessitou de redução da dose diária de FSHr, enquanto
nenhuma paciente do grupo ”aspiração” apresentou redução de dose.
Tabela 4 - Características da estimulação ovariana
Grupo
VARIÁVEL
Dose total de FSH (UI)
Quantidade de dias de estímulo
Quantidade de dias de uso do
Controle
(média ± dp)
1346 ± 219
“hCG”
(média ± dp)
1755 ± 617
”aspiração”
(média ± dp)
1754 ± 332
0,195
9,3 ±1
10 ± 1,6
10,4 ± 1,1
0,352
4,5 ± 0,5
4,4 ± 0,5
5,2 ± 1,3
0,514
1359 ± 1018
1482 ± 750
1171 ± 379
0,873
0,9 ± 0,5
0,5 ± 0,2
4,6 ± 9
0,555
1,6 ± 0,3
1,6 ± 0,2
1,4 ± 0,2
0,225
p
antagonista GnRH
Estradiol ao final do estímulo
(pg/mL)
Progesterona ao final do estímulo
(ng/mL)
Velocidade média de crescimento
do maior folículo (mm/dia)
dp = desvio padrão; p= teste de Kruskal-Wallis para comparação entre os três grupos
Houve também diferença, embora estatisticamente não significante, entre a
duração do estímulo ovariano (superior em ambos os grupos experimentais), a
quantidade de dias de uso do análogo antagonista do GnRH (superior no grupo
”aspiração”) e nos níveis séricos médios de estradiol (menores no grupo ”aspiração”)
e progesterona (maiores no grupo ”aspiração”) ao final da estimulação.
A duração da estimulação ovariana variou entre as mulheres, a quantidade de
visitas para avaliação da resposta ovariana entre o início do tratamento e a
Resultados 33
determinação do momento da aspiração folicular, também foi variável. Oito
pacientes fizeram três visitas, cinco quatro visitas e três cinco visitas (Tabela 5).
Como o número de avaliações não foi uniforme, para avaliação da dinâmica ovariana
optou-se por normalizar os pontos de comparação entre os grupos em: início do
estímulo, primeiro controle (quinto dia da estimulação), segundo controle (sétimo dia
da estimulação) e dia do hCG final.
Tabela 5 - Quantidade de visitas para controle do tratamento após o início da
gonadotrofina exógena até o término da estimulação ovariana
Quantidade de visitas
Grupo
Total
Controle
“hCG”
”aspiração”
Três
4
2
2
8
Quatro
2
2
1
5
Cinco
0
1
2
3
A Figura 5 mostra a variação dos níveis séricos médios de estradiol (5A) e de
progesterona (5B) ao longo da estimulação ovariana. Em todos os grupos houve
aumento progressivo e significante dos níveis séricos de estradiol durante o estímulo
ovariano (p<0,001), sem diferenças entre os grupos quanto aos valores observados a
cada momento (p=0,776) e sua variação no tempo (p=0,923).
Resultados 34
2000
Estradiol
1800
Estradiol (pg/mL)
1600
1400
1200
Controle
1000
800
hCG
600
Aspiração
400
200
0
Início do
estímulo
Primeiro
controle
Segundo
controle
Dia do hCG
p < 0,001 (Momento); p= 0,923 (“aspiração” * “hCG” * controle) e p=0,776 (Momento*Grupo)
A
10
Progesterona
9
Progesterona (ng/dL)
8
7
6
5
Controle
4
hCG
3
Aspiração
2
1
0
Início do
estímulo
Primeiro
controle
Segundo
controle
Dia do hCG
p < 0,001 (Momento); p= 0,004 (“aspiração”e “hCG” * controle); p= 0,072 (“aspiração” * “hCG”)
B
Figura 5 - Variação dos níveis séricos de estradiol e de progesterona durante a estimulação ovariana
de acordo com o grupo. (A) Estradiol (média±erro padrão); (B) Progesterona (média±erro
padrão)
Apenas nos grupos experimentais houve aumento significativo dos níveis
séricos de progesterona durante a estimulação ovariana (p=0,004), a partir do
Resultados 35
primeiro controle (p< 0,001). No grupo “hCG”, o aumento de progesterona tendeu a
ser mais pronunciado do que no grupo ”aspiração” (p=0,072). Uma mulher do grupo
“hCG” não apresentou elevação dos níveis séricos de progesterona acima de 1ng/mL
durante toda a estimulação ovariana, enquanto todas as pacientes do grupo
”aspiração” apresentaram elevação de tal magnitude. No grupo “controle” os níveis
séricos médios de progesterona permaneceram estáveis e abaixo de 1ng/mL até o
final do tratamento.
Níveis séricos de hCG permaneceram detectáveis até o nono dia de estímulo
nas pacientes do grupo experimental 1. O período no qual os níveis séricos de
progesterona permaneceram elevados neste grupo coincidiu com o período em que os
níveis séricos de hCG permaneceram detectáveis (Figura 6).
7
90
80
6
60
4
50
3
40
hCG UI/L
Progesterona ng/mL
70
5
Progesterona
hCG
30
2
20
1
10
0
0
Início do
estímulo
Primeiro
controle
Segundo Dia do hCG
controle
Figura 6 - Variação dos níveis séricos médios de progesterona e de hCG no grupo “hCG”.
Resultados 36
A velocidade média de crescimento do maior folículo foi semelhante entre os
grupos, considerando-se todo o período do estímulo ovariano (Tabela 4). Entretanto,
ao analisar o parâmetro, em cada momento de observação, notou-se que nos grupos
experimentais o crescimento do maior folículo foi significativamente mais lento do
que no grupo “controle” até a primeira avaliação (quinto dia de estímulo ovariano)
(p=0,002) (Figura 7). A partir de então, houve aumento da velocidade de crescimento
do maior folículo nos grupos experimentais, equiparando-se ao do grupo “controle”
(p=0,282), que permaneceu estável durante todo o tratamento. Entre a segunda
avaliação (sétimo dia de estímulo) e o final do tratamento, a taxa de crescimento do
maior folículo foi significativamente maior no grupo “hCG” do que nos outros dois
grupos (p=0,02).
Velocidade de crescimento (mm/dia)
2,5
**
2
*
1,5
Controle
hCG
1
Aspiração
0,5
0
D0-D5
D5-D7
D7-DhCG
D0-D5 = entre o início do estímulo e o primeiro controle
D5-D7 = entre o primeiro e o segundo controle
D7-DhCG = entre o segundo controle e o término do estímulo
* p = 0,002 (Momento); p=0,008 (Momento*Grupo)
**p=0,02 a favor do grupo “hCG”
Figura 7 - Velocidade de crescimento do maior folículo durante a estimulação ovariana
Resultados 37
A velocidade de crescimento do maior folículo apresentou relação inversa
com a dose total de gonadotrofinas utilizadas para a estimulação ovariana (Figura 8)
(p=0,04).
Velocidade de crescimento do folículo com diâmetro maior = 1,967 – 0,000278 x (dose total de FSH recombinante
utilizada no estímulo)
Figura 8 - Relação entre a velocidade média de crescimento do maior folículo e a dose total de FSH
recombinante utilizada durante o estímulo
Para avaliar a variação de diâmetro dos folículos durante a estimulação, os
mesmos foram classificados em três categorias: folículos pequenos (diâmetro médio
≤12mm), médios (diâmetro médio entre 13mm e 17mm) e grandes (diâmetro médio
≥18mm).
Resultados 38
A variação da quantidade de folículos pequenos, médios e grandes ao longo
do tratamento está representada graficamente na Figura 9. Houve redução
progressiva do número de folículos pequenos (p<0,001) e aumento da quantidade de
folículos médios (p<0,001) e grandes (p<0,001) durante
a estimulação,
principalmente no término do tratamento. A quantidade de folículos pequenos,
médios e grandes foi semelhante entre os grupos a cada momento avaliado (p=0,322
para os folículos pequenos; p=0,553 para os folículos médios; p=0,416 para os
folículos grandes).
Resultados 39
Quantidade de folículos pequenos
25
20
15
Controle
hCG
10
Aspiração
5
0
Início do
estímulo
Primeiro
Controle
Segundo
Controle
Dia do hCG
Quantidade de folículos médios
p < 0,001 (Momento); p=0,263 (“controle” x ”aspiração” x “hCG”); p=0,974 (Momento x Grupo)
12
10
8
Controle
6
hCG
4
Aspiração
2
0
Início do
estímulo
Primeiro
Controle
Segundo
Controle
Dia do hCG
Quantidade de folículos grandes
p < 0,001 (Momento); p=0,641 (“controle” x ”aspiração” x “hCG”); p=0,973 (Momento x Grupo)
7
6
5
4
Controle
3
hCG
2
Aspiração
1
0
Início do
estímulo
Primeiro
Controle
Segundo
Controle
Dia do hCG
p < 0,001 (Momento); p=0,187 (“controle” x ”aspiração” x “hCG”); p=0,491 (Momento x Grupo)
Figura 9 - Variação da quantidade de folículos pequenos, médios e grandes nos grupos ao longo da
estimulação ovariana (médias±erro padrão)
Resultados 40
4.4 Desempenho laboratorial
A quantidade total média de oócitos coletados e a quantidade total média de
oócitos maduros foi semelhante nos três grupos (Tabela 6).
Tabela 6 - Resultados laboratoriais
Controle
(média ± dp)
Grupo
“hCG”
(média ± dp)
”aspiração”
(média ± dp)
p
9,3 ± 3,8
10,6 ± 1,7
10,0 ± 1,9
0,799
0,57
0,63
0,56
0,652
Taxa de aproveitamento folicular**
0,5 ± 0,6
0,8 ± 0,4
0,6 ± 0,2
0,231
Quantidade de oócitos em metáfase II
8,8 ± 3,5
8,4 ± 1,3
9,6 ± 1,9
0,727
Taxa de fertilização
0,6 ± 0,4
0,6 ± 0,1
0,8 ± 0,2
0,448
Quantidade de embriões produzidos
6,0 ± 3,1
6,8 ± 1,3
7,2 ± 1,4
0,443
Quantidade de embriões com morfologia
1,2 ± 1,2
0,4 ± 0,5
0,8 ± 0,8
0,462
1 ± 1,3
3,6 ± 2,9
2,4 ± 2,5
0,239
VARIÁVEL
Quantidade de oócitos coletados
Taxa de recuperação*
excelente
Quantidade de embriões com morfologia
inadequada
dp = desvio padrão; *Taxa de recuperação = quantidade de oócitos coletados em relação à quantidade de folículos no final do
tratamento; **Taxa de aproveitamento folicular = quantidade de oócitos coletados em relação à quantidade de folículos no
início do tratamento; p = teste de Kruskal-Wallis
A taxa de recuperação folicular foi semelhante entre os grupos. Entretanto, a
proporção de oócitos colhidos em relação à quantidade de folículos no início do
tratamento (taxa de aproveitamento dos folículos) foi maior nos grupos
experimentais, apesar desta diferença não ter sido estatisticamente significante.
A taxa média de fertilização e, consequentemente, a quantidade total média
de embriões foi semelhante entre os grupos. Com relação à classificação dos
embriões no terceiro dia de desenvolvimento in vitro, também não houve diferença
Resultados 41
estatisticamente significativa entre os grupos com relação à quantidade média de
embriões de morfologia excelente e de morfologia inadequada, mas notou-se uma
tendência a uma maior proporção de embriões de morfologia excelente no grupo
“controle” e uma maior proporção de embriões de morfologia inadequada no grupo
“hCG”.
Até o momento foram realizadas transferências embrionárias em oito das
dezesseis pacientes: quatro do grupo “hCG”, três do grupo ”aspiração” e uma do
grupo “controle”.
Ocorreram três gestações, duas resultaram em abortamento
precoce (ambas do grupo ”aspiração”) e outra está em curso, no primeiro trimestre
(grupo “hCG”). Tais resultados ainda não permitem a comparação estatística entre os
grupos.
4.5 Avaliação da influência do corpo lúteo sobre o desempenho laboratorial
Não houve diferença na quantidade média de oócitos coletados, na taxa de
aproveitamento folicular, na quantidade média de oócitos maduros, na taxa de
fertilização dos oócitos e na quantidade de embriões de morfologia inadequada
obtidos a partir de oócitos do lado do corpo lúteo/folículo dominante aspirado, em
relação ao lado contralateral (Tabela 7). Também não houve diferença destas
variáveis comparando-se os dois protocolos (“hCG” e ”aspiração”) entre si.
A análise da quantidade de embriões de morfologia excelente, gerados a
partir de oócitos provenientes do ovário com o corpo lúteo/folículo dominante
Resultados 42
aspirado,
sugeriu
menor
valor
do
que
no
lado
contralateral (p=0,05),
independentemente do grupo analisado.
Tabela 7 - Comparação entre o lado do corpo lúteo/folículo dominante aspirado e o
lado contralateral.
VARIÁVEL
Quantidade de oócitos
coletados
Quantidade de M II
Grupo “hCG”
(média ± dp)
Lado
Contralateral
CL
5±2
5 ± 1,5
Grupo “aspiração”
(média ± p)
Lado
Contralateral
Asp.
4±3
6±3
p
0,503
4 ± 1,5
5 ± 1,6
4 ± 2,5
6 ± 3,2
0,838
Aproveitamento folicular
0,8 ± 0,5
0,8 ± 0,4
0,7 ± 0,6
0,5 ± 0,3
0,744
Taxa de fertilização
0,9 ± 0,1
0,7 ± 0,1
0,9 ± 0,1
0,7 ± 0,2
0,769
0±0
0,4 ± 0,5
0,2 ± 0,4
0,6 ± 0,5
0,05
1,7 ± 1,5
1,7 ± 1,5
0,4 ± 0,5
2,2 ± 1,9
0,107
Quantidade de embriões com
morfologia excelente
Quantidade de embriões com
morfologia inadequada
p = Resultados do teste ANOVA; dp = desvio padrão; CL = corpo lúteo; Asp. = aspirado
5 DISCUSSÃO
Discussão 44
5 DISCUSSÃO
A sincronização do início da estimulação ovariana com a emergência de uma
onda folicular permite melhor aproveitamento dos folículos recrutados e a obtenção
de oócitos de melhor qualidade em animais mono-ovulatórios
(19, 20)
. Desta forma, o
controle do surgimento de uma onda folicular é etapa fundamental dos protocolos de
estimulação ovariana em animais (34-36).
Em humanos, o uso de gonadotrofinas exógenas para controle do
desenvolvimento folicular baseia-se em modelo de foliculogênese distinto, no qual o
recrutamento e desenvolvimento, até o estágio antral, ocorrem de maneira constante
ao longo de todo o ciclo reprodutivo
(9)
.
A descrição do fenômeno de ondas foliculares em mulheres permitiu a
reavaliação dos protocolos para estímulo ovariano empregados atualmente (16). Notase que, na maioria das vezes, não há sincronização do início da aplicação de
gonadotrofinas exógenas com o surgimento de uma onda folicular. Apenas em um
estudo na literatura médica (24) cita-se os efeitos desta sincronização no tratamento de
más respondedoras à estimulação prévia. Contudo, não houve tentativa do controle
da emergência da onda. O início do estímulo foi programado para o primeiro dia do
ciclo menstrual, momento no qual estima-se que ocorra a emergência natural.
Portanto, torna-se relevante a pesquisa e o desenvolvimento de novas formas de
manipulação da dinâmica folicular humana, contemplando o controle das ondas, na
tentativa de melhorar o desempenho dos tratamentos.
Discussão 45
O presente estudo é o primeiro a avaliar estratégias de controle da emergência
de ondas foliculares para sincronização da estimulação ovariana para fertilização in
vitro em seres humanos.
A aplicação do hCG visa desencadear a ovulação e com ela a emergência da
primeira onda folicular. Para tanto, é necessário que o folículo dominante apresente
receptores de LH na granulosa, o que ocorre a partir de 12mm de diâmetro médio; a
ovulação deve ocorrer aproximadamente 36-48 horas após a aplicação do hCG (37-39).
A ruptura do folículo dominante provoca redução dos níveis séricos de estradiol e
inibina, diminuindo o feedback negativo sobre o hipotálamo e a hipófise. O resultado
é a elevação dos níveis séricos de FSH e, com isto, a emergência de uma onda de
folículos antrais.
A aspiração do folículo dominante e dos subordinados é uma das estratégias
aplicadas em animais para desencadear a emergência de uma onda folicular
(40, 41)
.O
objetivo é também reduzir os níveis séricos de estradiol e inibina, produzidos,
sobretudo, pelo folículo dominante, com consequente elevação dos níveis séricos de
FSH e o surgimento de uma coorte de folículos antrais em crescimento sincrônico. A
aspiração de maiores folículos subordinados tem como objetivo sua destruição, do
contrário um deles poderia assumir a dominância, o que inibiria a emergência de uma
nova onda folicular.
O emprego do contraceptivo hormonal oral (ACO) não teve como objetivo o
controle do surgimento de uma onda folicular, mas sim a programação do início do
tratamento para datas mais adequadas. Tal estratégia é comum em centros onde não é
possível realizar procedimentos aos finais de semana, como é o caso do CRH-
Discussão 46
HCFMUSP
(42)
. Alguns estudos indicam maior necessidade de gonadotrofinas e
maior tempo de estimulação, bem como redução da taxa de implantação e de
gestação em curso, quando os ACOs são utilizados previamente à estimulação
(43)
.O
tempo entre o término do uso do ACO e o início do estímulo ovariano parece ter
influência no desempenho folicular
(44, 45)
. Evidências apontam que estimulações
ovarianas iniciadas pelo menos cinco dias após o término do ACO não são mais
prolongadas e nem consomem mais gonadotrofinas do que estimulações em ciclos
menstruais naturais, não precedidos pelo uso de ACO, ou em protocolos que utilizam
o agonista do GnRH como bloqueio hipofisário
(45, 46)
. Aparentemente há perda do
efeito supressivo sobre o eixo hipotálamo - hipófise – ovário a partir do quinto dia
após o término do ACO (44). Contudo, mantem-se a redução na taxa de implantação e
de gestação em curso
(46)
, possivelmente por causa de um efeito endometrial da
droga. No presente estudo, o intervalo entre o término do ACO e o início do
estímulo, apesar de mais curto no grupo controle, foi superior a cinco dias em todos
os grupos, possivelmente reduzindo a interferência do contraceptivo sobre a
dinâmica folicular durante a estimulação. O congelamento de todos os embriões
produzidos
para
transferência
futura,
com
intervalo
livre
de
ACO
de
aproximadamente 60 dias, possivelmente também minimizou os efeitos desta droga
na receptividade endometrial.
Os três grupos do estudo foram semelhantes em relação à maioria das
características basais como padrão do ciclo menstrual, medidas de reserva ovariana,
idade do parceiro, qualidade seminal, tempo e fatores de infertilidade. A escolha de
critérios de inclusão e de exclusão rigorosos, e a distribuição aleatória dos indivíduos
nos grupos contribuíram de forma significativa para esta semelhança. O pesquisador
Discussão 47
principal não teve acesso à lista de números aleatórios usados para a alocação das
pacientes, protegendo a sequência de randomização e minimizando o viés de
alocação. Por outro lado, por causa das características da estimulação ovariana e à
exigência que o pesquisador principal participasse de todas as avaliações das
pacientes, não foi possível fazer o cegamento, nem do pesquisador nem das
participantes da pesquisa, em relação ao protocolo adotado.
Houve diferença significativa entre a idade das mulheres, com maior média
observada no grupo “hCG” (33 anos). A idade da mulher é a variável de maior valor
prognóstico isolado em tratamentos de fertilização in vitro
(47, 48)
, contudo o
desempenho do tratamento é relativamente estável até os 35 anos, piorando
progressivamente a partir de então. Como os critérios de inclusão estabeleceram
limite de idade para as mulheres participantes do estudo, a diferença encontrada não
apresenta significado clínico relevante, pois nenhuma paciente apresentava idade
superior a 35 anos.
As duas intervenções foram capazes de desencadear a emergência de uma
onda folicular nos prazos previamente estimados (dois dias após a aplicação do hCG
recombinante e um dia após a aspiração do folículo dominante), conforme
anteriormente considerado
(16)
. Todas as pacientes do grupo “hCG” apresentaram
também sinais ultrassonográficos de ovulação dois dias após a intervenção (redução
do diâmetro do folículo dominante e/ou aumento do volume de líquido livre na
pelve). Apesar de ter havido diferenças entre os níveis séricos médios de FSH e
estradiol antes e depois das intervenções, concordantes com o mecanismo que
promove a emergência de uma onda folicular discutido acima, estas não foram
Discussão 48
estatisticamente significantes, o que pode ser atribuído à quantidade reduzida de
participantes em cada grupo.
A estimulação ovariana resultou na redução progressiva da quantidade de
folículos pequenos e no aumento progressivo da quantidade de folículos médios e
grandes de forma similar nos três grupos. Em concordância, o nível sérico médio de
estradiol, que é dependente da quantidade de folículos em crescimento, aumentou de
forma semelhante nos três grupos. Foram encontradas diferenças no nível sérico
médio de progesterona, que foi superior nos grupos experimentais do que no
controle, o que indica atividade lútea durante a estimulação ovariana. Tal observação
era esperada no grupo “hCG” por causa do desencadeamento da ovulação e formação
do corpo lúteo. Porém, no grupo ”aspiração” também houve luteinização do folículo
dominante aspirado, com menor elevação da progesterona se comparado ao grupo
“hCG”, mas, ainda assim, com níveis superiores a 1ng/mL até o final do tratamento.
Portanto, em ambos os grupos experimentais, o desenvolvimento folicular/oocitário
pode ter sofrido influência da progesterona.
O desempenho médio final dos três protocolos de estimulação ovariana foi
estatisticamente semelhante. Contudo, a quantidade reduzida de participantes do
estudo pode ter minimizado o efeito das diferenças entre os grupos. As possíveis
diferenças na dose total de gonadotrofinas utilizadas na estimulação, na duração do
tratamento, na taxa de aproveitamento folicular e na qualidade embrionária no
terceiro dia de cultivo, pela maior relevância clínica, são discutidas abaixo.
A dose de FSHr utilizada e a duração da estimulação podem ser maiores
quando se utilizam hCG e/ou aspiração do folículo dominante para controlar a
Discussão 49
emergência de uma onda folicular, diferentemente do esperado segundo os estudos
em animais
(19, 20, 49)
. Houve inclusive necessidade de aumento da dose diária de
FSHr em três pacientes de cada um dos grupos experimentais, enquanto nenhuma
mulher do grupo controle necessitou de aumento da dose da medicação durante o
tratamento.
O ajuste da dose de medicação em algumas mulheres dos grupos “hCG” e
“aspiração” possivelmente tem relação com a diferença na velocidade de crescimento
folicular observada. Apesar da velocidade de crescimento médio do maior folículo
ter sido semelhante entre os três grupos ao longo do tratamento, foi
significativamente menor entre o início e o quinto dia da estimulação nos grupos
experimentais comparados ao controle. Tal fenômeno motivou o aumento da dose
diária de FSHr em algumas pacientes e prolongou a duração do estímulo em outras,
apesar de não ter havido diferença estatística entre os três grupos. No grupo controle
a velocidade de crescimento do maior folículo foi estável durante toda a estimulação,
não havendo necessidade de incremento da dose diária para nenhuma paciente.
A diferença na taxa de crescimento folicular no início do tratamento não pode
ser atribuída às discordâncias quanto ao diâmetro dos folículos, visto que no início da
estimulação o diâmetro médio foi semelhante nos três grupos. A presença do corpo
lúteo não parece ter influenciado mecanicamente o crescimento dos folículos do
ovário em que este se encontrava. Contudo, o corpo lúteo pode ter exercido
influência hormonal na taxa de crescimento dos folículos de ambos os ovários nas
mulheres dos grupos experimentais. Corrobora para esta hipótese o estudo de vonWolff et al.(50) em que a estimulação ovariana foi iniciada na fase lútea para
Discussão 50
preservação da fertilidade de mulheres com câncer, sem a preocupação com a
sincronização da emergência de uma onda folicular. Os autores referem que também
foram necessárias maiores quantidades de gonadotrofina exógena e um maior tempo
de tratamento até a aspiração folicular quando comparado ao estímulo iniciado na
fase folicular do ciclo menstrual. Por outro lado, a influência lútea não justifica as
maiores necessidades de FSHr observados por Baerwald et al.(24) em mulheres
submetidas à estimulação ovariana sincronizada com a emergência de uma onda na
fase folicular do ciclo menstrual.
Outra explicação possível para a diferença observada entre os grupos na
velocidade de crescimento do maior folículo é que no grupo controle os folículos
estariam em estágio mais avançado de desenvolvimento no início do tratamento e,
portanto, mais sensíveis aos efeitos do estímulo com FSHr. Pressupõe-se que a
emergência da onda folicular no grupo controle tenha ocorrido alguns dias antes da
aplicação do FSHr, estimulada pelo FSH endógeno. Contribui para esta hipótese o
estudo de Cédrin-Drunerin et al.(44) que verificaram o desbloqueio do eixo
hipotálamo – hipófise – ovariano cinco dias após o término da ingestão de
contraceptivo hormonal oral. De fato, no grupo controle do presente estudo a
menstruação ocorreu em média quatro dias após a suspensão do contraceptivo,
indicando redução dos níveis séricos dos esteroides que compõem a droga.
Consequentemente, deve ter havido redução do feedback negativo sobre o eixo e
possivelmente elevação dos níveis séricos de FSH, provocando a emergência de uma
onda folicular por volta de quatro a cinco dias após o término do ACO. Como a
estimulação ovariana iniciou-se três dias após o começo da menstruação, portanto,
possivelmente dois a três dias após a emergência da onda folicular, os folículos já
Discussão 51
haviam se desenvolvido naturalmente por alguns dias e podem ter se tornado mais
sensíveis aos efeitos tróficos do FSHr. Em síntese, no grupo controle esta fase inicial
de crescimento folicular mais lento, observada nos grupos experimentais, teria
ocorrido anteriormente ao início do tratamento, sob o controle das gonadotrofinas
endógenas, ao passo que nos grupos experimentais ocorreu durante o estímulo
ovariano e foi perceptível na primeira visita de controle.
A aceleração do crescimento folicular que se observou nos grupos
experimentais a partir do quinto dia da estimulação, não parece ter tido relação com o
aumento da dose diária de FSHr, sugerindo uma característica do estímulo em
sincronia com o início de uma onda folicular. Uma das possíveis explicações para o
aumento mais pronunciado na velocidade no grupo “hCG”, a partir do sétimo dia da
estimulação, é o efeito trófico deste hormônio sobre os folículos. A gonadotrofina
coriônica humana, que auta nos receptores de hormônio luteinizante (LH), é capaz de
manter o crescimento de folículos a partir de 10mm de diâmetro
(51-54)
. Como os
níveis séricos desta gonadotrofina permaneceram detectáveis até o nono dia da
estimulação e porque houve um aumento progressivo na quantidade de folículos
médios ao longo do tratamento, possivelmente a partir do sétimo dia de estímulo, o
hCG passou a promover o crescimento folicular em sincronia com o FSHr.
Deve-se ter cautela, entretanto, com relação às inferências realizadas nos
parágrafos acima, pois a velocidade de crescimento do maior folículo pode não
representar a velocidade de crescimento de todos os folículos da coorte em
desenvolvimento.
Discussão 52
Quanto ao desempenho laboratorial, apesar de não ter havido diferença
estatisticamente significante, a quantidade de oócitos coletados e a taxa média de
aproveitamento folicular podem ser maiores quando existe sincronia entre o início do
tratamento e a emergência de uma onda folicular. Este dado estaria de acordo com o
esperado a partir do modelo animal
(20)
. Inclusive, no estudo realizado em humanos
por Baerwald et al.(24), os autores observaram aumento da quantidade de oócitos
coletados em pacientes más respondedoras, quando o estímulo ovariano foi
sincronizado com o surgimento de uma onda folicular.
Por outro lado, a quantidade média de embriões de morfologia inadequada
parece ter sido maior nos grupos experimentais (maior no grupo “hCG”), mas não
houve significância estatística. Este dado está em desacordo com o observado em
animais quando o estímulo é sincronizado com a emergência de uma onda folicular
(20)
. Tal efeito possivelmente não teria relação com o uso do hCG, pois no estudo de
Motta et al.(55) a morfologia embrionária foi superior quando o hCG foi utilizado no
primeiro dia da estimulação ovariana, na fase folicular do ciclo menstrual.
A morfologia embrionária pode também ter sido influenciada por variações
quanto a qualidade seminal. Deve-se também considerar que o desenvolvimento
folicular, sob efeito da progesterona, possa ter algum impacto na qualidade oocitária.
Em bovinos, a adição de progesterona exógena a protocolos de estimulação ovariana
sincronizados com a emergência da primeira onda folicular está associada a embriões
de melhor qualidade morfológica
(56)
. No entanto, algumas diferenças entre as
espécies devem ser salientadas. O folículo ovulatório em bovinos desenvolve-se
naturalmente em ambiente rico em progesterona; em humanos o ambiente hormonal
Discussão 53
em que o folículo ovulatório é exposto naturalmente é pobre em progesterona (fase
folicular do ciclo menstrual). Além disso, na reprodução assistida de animais são
utilizadas amostras de sêmen com alto potencial reprodutivo, minimizando esta
interferência sobre a morfologia embrionária. Em humanos, não raro são detectadas
alterações seminais nos casais que necessitam de tratamentos de reprodução
assistida, de forma isolada ou associada a outros fatores.
A avaliação da influência da presença do corpo lúteo/folículo aspirado na
dinâmica folicular e no desempenho laboratorial dos oócitos e embriões ipsilaterais
foi outra contribuição original deste estudo. As observações sugerem que o corpo
lúteo não exerce efeito mecânico sobre o desenvolvimento dos folículos adjacentes,
porém pode haver um efeito parácrino sobre a qualidade oocitária.
A necessidade de criopreservação embrionária por falta de sincronia entre o
estágio de desenvolvimento endometrial e os embriões nos grupos experimentais
pode influenciar nas taxas de sucesso deste tratamento em centros nos quais o
programa de criopreservação é menos eficaz do que a transferência de embriões a
fresco, limitando sua aplicação a locais com protocolos adequados de congelamento
embrionário.
A maior limitação desta pesquisa foi a quantidade reduzida de casais que
preencheram os critérios de inclusão. Isto limita a generalização dos resultados além
de poder causar distorções, dificultando a interpretação dos achados. Serão
necessários mais estudos para confirmar ou refutar as diferenças encontradas e
determinar a real aplicação destes protocolos na prática clínica.
6 CONCLUSÕES
Conclusões 55
6 CONCLUSÕES
Os resultados observados permitem as conclusões seguintes:
A aplicação de hCG recombinante quando o folículo dominante tem diâmetro
médio
15mm, em um ciclo menstrual natural, é capaz de desencadear a
ovulação e a emergência de uma onda folicular dois dias depois;
A aspiração do folículo dominante com diâmetro médio de 15mm e de seus
subordinados com mais de 10mm é capaz de desencadear a emergência de
uma onda folicular um dia depois;
É possível sincronizar o início da estimulação ovariana com a emergência de
uma onda folicular controlada com as duas intervenções propostas;
Há atividade lútea, com produção de progesterona, durante a estimulação
ovariana sincronizada com a emergência das ondas foliculares desencadeadas
pelas duas intervenções;
A estimulação ovariana sincronizada com a emergência de uma onda
folicular controlada produz embriões viáveis.
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APÊNDICES
APÊNDICE 1
CARTA DA COMISSÃO DE ÉTICA
APENDICE 2
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-HCFMUSP
MODELO DE TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
____________________________________________________________________
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL LEGAL
1. NOME: .:................................................................................................................................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ................................................................... SEXO: .M □ F □
DATA NASCIMENTO: ......../......../....................
ENDEREÇO .................................................................................................. Nº................... APTO: ....................
BAIRRO: ....................................................... CIDADE .......................................................................................
CEP:......................................... TELEFONE: DDD (............) ...............................................................................
2. RESPONSÁVEL LEGAL ....................................................................................................................
NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.) ...........................................................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE:...........................................................................SEXO: M □ F □
DATA NASCIMENTO.: ....../......./......
ENDEREÇO: ............................................................................................. Nº ................... APTO: .......................
BAIRRO: ...................................................................................... CIDADE: ........................................................
CEP: .............................................. TELEFONE: DDD (.........) .............................................................................
__________________________________________________________________________________________
DADOS SOBRE A PESQUISA
1.
TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: O
papel da emergência de ondas foliculares
na sincronização da indução de ovulação em fertilização in vitro
2.
PESQUISADOR :
Paulo Homem de Mello Bianchi
CARGO/FUNÇÃO: Médico
INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL Nº 109072
UNIDADE DO HCFMUSP: Instituto
Central – Departamento de Ginecologia
3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:
RISCO MÍNIMO
RISCO BAIXO
4. DURAÇÃO DA PESQUISA : 12
□
□
RISCO MÉDIO
X
RISCO MAIOR
□
meses
1 – Desenho do estudo e objetivo(s): o objetivo deste estudo é avaliar de forma prospectiva
se uma nova forma de estimulação da ovulação para fertilização in vitro melhora o número e
a qualidade dos óvulos obtidos, permitindo maiores chances de gravidez.
2 – Descrição dos procedimentos que serão realizados, com seus propósitos e identificação
dos que forem experimentais e não rotineiros: se a senhora decidir participar deste estudo
voluntariamente entrará em um sorteio para fazer parte de um dentre os três grupos descritos
abaixo:
Grupo 1 (tratamento rotineiro): um exame de ultra som transvaginal e dosagens hormonais
no sangue serão feitos no primeiro ou segundo dia da menstruação. Se os resultados dos
exames forem adequados começará a usar todos os dias medicações (hormônios), aplicadas
por injeções subcutâneas, para estimularmos o amadurecimento dos óvulos. Fará em media
mais 3 ou 4 exames de ultra som por via vaginal e mais 1 ou 2 exames de sangue para
controlarmos o desenvolvimento dos óvulos e doses de medicação.
Grupo 2 (experimental ou não rotineiro): o exame de ultra som transvaginal e a dosagem de
hormônios no sangue serão feitos depois de aproximadamente cinco dias após o início da
menstruação. De acordo com o resultado destes exames um hormônio será aplicado por
injeção subcutânea para estimular a ovulação. Novos exames de ultra som e dosagens de
hormônios no sangue serão feitos dois dias após a aplicação desta medicação. Quando os
resultados estiverem adequados, fará um tratamento semelhante ao do grupo 1, isto é,
começará a usar todos os dias medicações (hormônios), aplicadas por injeções subcutâneas,
para estimular o amadurecimento dos óvulos. Será feito em média, mais 3 ou 4 exames de
ultra som por via vaginal e mais 1 ou 2 exames de sangue para controlarmos o
desenvolvimento dos óvulos e as doses de medicação.
Grupo 3 (experimental ou não rotineiro): da mesma forma que as pacientes do grupo 2, a
senhora fará exame de ultra som transvaginal e dosagens de hormônios no sangue a partir do
quinto dia após o início da menstruação. De acordo com os resultados, faremos uma
aspiração folicular, isto é, a senhora tomará um tipo de anestesia leve (sedação) para não
sentir dor; uma agulha será colocada pela vagina até os ovários, para aspirarmos os folículos
(locais onde estão os óvulos dentro dos ovários). Este processo é semelhante ao de coleta dos
óvulos que é feito em todos os tratamentos de fertilização in vitro e que será feito por todas
as pacientes deste estudo que chegarem no final do tratamento, como descrito abaixo. Os
eventuais óvulos obtidos com esta primeira aspiração não serão utilizados para formar
embriões. Dois dias após a aspiração, fará exame de ultra som transvaginal e dosagens de
hormônios no sangue. Quando os resultados estiverem adequados será feito um tratamento
semelhante ao do grupo 1, isto é, começará a usar todos os dias medicações (hormônios),
aplicadas por injeções subcutâneas, para estimular o amadurecimento dos óvulos. Fará em
media mais 3 ou 4 exames de ultra som por via vaginal e mais 1 ou 2 exames de sangue para
controlarmos o desenvolvimento dos óvulos e as doses de medicação.
As etapas a seguir serão feitas por todas as pacientes, independente do grupo a que
pertencerem.
Quando detectarmos que os óvulos estão maduros faremos a coleta. A senhora tomará um
tipo de anestesia leve (sedação) para não sentir dor; uma agulha será colocada pela vagina
até os ovários para colher os óvulos. Com a coleta dos óvulos obtemos, além dos óvulos,
algumas outras células (células da granulosa) e um líquido (fluido folicular). Utilizamos
apenas os óvulos para o tratamento e normalmente jogamos fora o líquido e as outras células.
Gostaríamos de pedir sua autorização para não desprezar este material e sim congelá-lo. Ele
pode ser útil para pesquisas futuras sobre a qualidade dos folículos e dos óvulos. Por favor,
escolha uma das opções abaixo:
a) não autorizo o congelamento das células da granulosa e do fluido folicular;
b) autorizo o congelamento das células da granulosa e do fluido folicular e autorizo
também seu uso futuro em pesquisas por este mesmo documento.
No mesmo dia da coleta dos óvulos, seu parceiro colherá uma amostra de sêmen
(espermatozóides) e formaremos os embriões. Todos os embriões serão congelados;
aproximadamente dois meses depois prepararemos seu útero com hormônios usados por via
oral (boca) e vaginal (pela vagina). Em seguida, descongelaremos os embriões e os
colocaremos de volta no útero. O exame de gravidez (dosagem de hormônio no sangue) será
feito doze dias após a colocação dos embriões no útero.
Quando o resultado do teste de gravidez for negativo e não houver mais embriões
congelados, a senhora poderá fazer até mais duas tentativas de fertilização in vitro utilizando
o protocolo convencional de tratamento, respeitando sua posição na fila do Centro de
Reprodução Humana do Hospital das Clínicas da FMUSP, de acordo com as diretrizes
assistenciais vigentes atualmente no Centro.
3 – Relação dos procedimentos rotineiros e como são realizados – os ultras sons serão
realizados pela vagina, no ambulatório do Centro de Reprodução Humana do Hospital das
Clinicas pelo pesquisador principal ou por outro membro da equipe; a coleta de sangue será
feita por punção periférica da veia do antebraço; os óvulos serão colhidos por punção vaginal
guiada por ultra som sob sedação (anestesia leve) e sem dor; a transferência dos embriões ao
útero será feita com material específico colocado na cavidade do útero durante exame
vaginal, usando como guia um exame de ultra som abdominal (não há necessidade de
anestesia pois é um procedimento indolor).
4 – Descrição dos desconfortos e riscos esperados nos procedimentos dos itens 2 e 3: O ultra
som transvaginal pode causar pequeno desconforto local mas não está associada a nenhum
tipo de risco. A coleta de sangue pode provocar irritação local e raramente infecção. A
punção ovariana pode provocar dor e desconforto na parte inferior do abdome e, em alguns
casos raros, sangramento abdominal (até com necessidade de cirurgia) ou infecção
abdominal. A transferência dos embriões pode causar leve cólica no momento mas não está
associada a maiores complicações.
5 – Benefícios para o participante: As chances de gravidez por tratamento de fertilização in
vitro, utilizando os protocolos atuais de estimulação da ovulação (pacientes do grupo 1 deste
estudo), são de aproximadamente 40% para mulheres com menos de 35 anos. Acreditamos
que a utilização dos protocolos experimentais propostos neste projeto (grupos 2 e 3) aumente
a qualidade dos óvulos e, consequentemente, as chances de gravidez. Porém, somente no
final do estudo poderemos concluir se haverá benefícios com estas novas estratégias de
tratamento em fertilização in vitro que serão estudadas.
6 – Relação de procedimentos alternativos que possam ser vantajosos, pelos quais o paciente
pode optar: a paciente poderá optar por participar ou não do estudo. Se decidir participar do
estudo, os procedimentos aos quais será submetida serão decididos de forma aleatória (por
sorteio), sem possibilidade de opção por procedimentos alternativos.
7 – Garantia de acesso: em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais
responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal
investigador é o Dr Paulo Homem de Mello Bianchi, que pode ser encontrado no endereço
Rua Dr. Enéas de Carvalho Aguiar 255, Instituto Central do Hospital das Clínicas,
Departamento de Ginecologia Telefone(s) 3069-6209. Se você tiver alguma consideração
ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) – Rua Ovídio Pires de Campos, 225 – 5º andar – tel: 3069-6442 ramais 16, 17, 18 ou
20, FAX: 3069-6442 ramal 26 – E-mail: [email protected]
8 – É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e deixar de
participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu tratamento na Instituição;
9 – Direito de confidencialidade – As informações obtidas serão analisadas em conjunto
com outros pacientes, não sendo divulgado a identificação de nenhum paciente;
10 – Direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas, quando em
estudos abertos, ou de resultados que sejam do conhecimento dos pesquisadores;
11 – Despesas e compensações: não há despesas pessoais para o participante em qualquer
fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há compensação financeira
relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo
orçamento da pesquisa.
12 – Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos ou tratamentos
propostos neste estudo (nexo causal comprovado), o participante tem direito a tratamento
médico na Instituição, bem como às indenizações legalmente estabelecidas.
13 - Compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o material coletado somente para
esta pesquisa.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram
lidas para mim, descrevendo o estudo” O papel da emergência de ondas foliculares na
sincronização
da
indução
de
ovulação
em
fertilização
in
vitro”
Eu discuti com o Dr. Paulo Homem de Mello Bianchi sobre a minha decisão em participar
nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a
serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de
esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de
despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento hospitalar quando necessário.
Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento
a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de
qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste Serviço.
__________________________________
Assinatura do paciente/representante legal
Data
/
/
__
Data
/
/ __
_________________________________
Assinatura da testemunha
para casos de pacientes menores de 18 anos, analfabetos, semi-analfabetos ou portadores de
deficiência auditiva ou visual.
(Somente para o responsável do projeto)
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido
deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.
_______________________________
Assinatura do responsável pelo estudo
Data ____/_____/_________
Download

O papel da emergência de ondas foliculares na sincronização da