OCTÁVIO COSTA
Na presidência da Câmara,
Eduardo Cunha sairá das
sombras. Melhor assim. P32
NELSON VASCONCELOS
A onda de selfie no Brasil
se espalha na velocidade
do celular pré-pago. P13
ROGERIO STUDART
Em crises, austeridade pode
ser socialmente custosa, difícil
politicamente e inócua. P9
MARCAS NO FUTEBOL
Fornecedores de material
esportivo travam batalha
fora dos gramados. P12
INDICADORES
Brasil
Ações da PDG Realty ON
Econom ico
(em R$)
0,60
0,57
0,58
0,52
0,47
www.brasileconomico.com.br
27/1
28/1
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30/1
2/2
PUBLISHER RAMIRO ALVES . CHEFE DE REDAÇÃO OCTÁVIO COSTA . EDITORA CHEFE SONIA SOARES . TERÇA-FEIRA, 3 DE FEVEREIRO DE 2015 . ANO 6 . Nº 1.361 . R$ 3,00
Antonio Cruz/Agência Brasil
PAGAMENTO
PayPal vai
além do
limite da web
Conhecida por sua atuação
como serviço de pagamentos
na Internet, a americana fecha
parcerias com lojas físicas no
Brasil. A estratégia da empresa
é chegar aos pequenos varejistas on e off-line. P10e11
Eduardo Cunha na
abertura do ano
judiciário, no STF
Segundo escalão, só após o Carnaval
Com a vitória de Eduardo Cunha na Câmara, o governo deixou para depois do
Carnaval a distribuição de cargos no segundo escalão. O PT ficou sem postos na
mesa e também perderá a presidência das comissões mais importantes, a não ser
que haja acordo com o governo na troca por funções no Executivo. P3
Focus aponta 0,03%
para o PIB e Dilma
descarta recessão
Pesquisa divulgada pelo Banco Central mostra que as instituições financeiras reduziram
ainda mais suas projeções para o crescimento do país este ano e elevaram a previsão de inflação para 7,01%. Em mensagem ao Congresso, a presidenta diz que ajuste fiscal faz parte
do dia a dia da economia: “Não promoveremos recessão e retrocesso”, afirma. P3e6
Guerra de
civilizações
ou farsa?
O escritor suíço
Moustafa Bayoumi
prega que a ideia de
confronto entre o Islã e
o Ocidente só interessa
aos extremistas. P26e27
ENERGIA
Shoppings
podem gerar
até 9 mil MW
Essa é a estimativa da consultoria PSR para o potencial dos
geradores de centros comerciais, que o governo quer usar
como reforço. Para especialistas, isso não reduz o risco
de racionamento. P7
2 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
MOSAICO POLÍTICO
GILBERTO NASCIMENTO
[email protected]
COM LEONARDO FUHRMANN
HORA DE DIALOGAR
“
Nascemos juntos
na militância.
Como soldado ou
como general,
estamos prontos
para a guerra.
Infeliz do chefe que
tem medo de uma
estrela maior”
A
equipe de articulação política da presidenta Dilma Rousseff, comandada pelo ministro das
Relações Institucionais, Pepe Vargas, sabe que terá de mudar sua relação com o deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), eleito presidente da Câmara. Mas existe uma expectativa que, com o
cargo na mão, ele também não aja com a mesma contundência do ano passado, quando derrotou o
governo diversas vezes a partir da formação do blocão. Oficialmente, Cunha fala em independência em
relação ao Executivo, mas sem ser oposição ao governo. A vitória entre os deputados consolida de vez a
ascendência do peemedebista perante os colegas, já demonstrada em outros momentos. Caberá a ele e
Vargas construírem uma pauta capaz de superar as turbulências econômicas e políticas do ano.
Marcelo Brandt/CDep
Se o governo ainda pode contar com seu poder de negociação
para conter o ímpeto de Cunha, a
preocupação dos deputados com
atuação em direitos humanos é
ainda maior. Ligado à bancada
evangélica e eleito graças ao apoio
de outros grupos de interesse
atuantes no Congresso, como os
ruralistas, Cunha é visto como um
retrocesso nos temas sociais. Assim como ele, outros aliados a seu
grupo que ascenderam com a vitória também causam preocupação.
Um exemplo é o primeiro secretário, Beto Mansur (PRB-SP), controlador de um grupo de comunicação no litoral paulista e incluído
na “lista suja do trabalho escravo”. Além de uma atuação firme
no colégio de líderes, os parlamentares mais ligados às minorias sabem que precisarão contar com
uma forte mobilização social para
conseguir colocar seus projetos
na pauta do plenário.
Fernando Haddad
Jose Cruz/ABr
PSDB quer candidato forte
Tucanos paulistas defendem que o partido lance um nome de peso para
a eleição na Capital em 2016. Lembram que os adversários lançarão
nomes fortes: Fernando Haddad (PT), Celso Russomanno (PRB), Marta
Suplicy e Paulo Skaf (esses dois ainda sem partidos definidos).
Propõem o lançamento, então, do senador Aloysio Nunes. Serra estaria
descartado. Por enquanto, sonham com a candidatura o vereador
Andrea Matarazzo e dois herdeiros do governador Mário Covas (morto
em 2001): seu neto Bruno Covas e o filho, Mário Covas Neto.
Ciro Gomes vai morar em São Paulo
Roosewelt Pinheiro/ABr
Petista critica o PT Llicitação para a comunicação
O ex-deputado petista Candido
Vaccarezza, líder na gestão Lula,
disse que seu partido ficará fora da
Mesa e das comissões “por
incompetência da articulação
política do governo e do próprio PT
na Câmara”. Para ele, o pior “é que
informaram à bancada que Arlindo
poderia ganhar no primeiro turno”.
Prefeito de São Paulo, ao
dar posse a Eduardo Suplicy
e Alexandre Padilha como
secretários municipais
A Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo abriu
concorrência para a contratação de cinco empresas de assessoria de
imprensa. A licitação, na categoria técnica e preço, foi publicada no
Diário Oficial de sábado. Uma delas atenderá a própria Secretaria de
Comunicação e os gabinetes do prefeito, Fernando Haddad (PT), e da
vice, Nádia Campeão (PCdoB). As demais devem atender as secretarias
de Saúde, Educação, Transportes e Coordenação das Subprefeituras. Os
contratos terão validade de 12 meses. Outros secretários municipais
também esperam pela contratação de empresas para atendê-los.
FALE CONOSCO
O ex-ministro e ex-governador
do Ceará Ciro Gomes mudou-se
de Fortaleza para São Paulo.
Comunicou a amigos que irá
trabalhar na Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN). Diz
que irá sempre ao Ceará para
manter contatos com
integrantes de seu partido, o
Pros. Deixou claro que não
abandonará a política e quer
participar, mesmo de longe, da
eleição municipal em seu
Estado, no próximo ano.
Colaborou Patrycia Monteiro Rizzotto
E-mail: [email protected] Cartas para a redação: Rua dos Inválidos, 198, 1º andar,
CEP 20231-048, Lapa, Rio de Janeiro (RJ). As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura.
Em razão de espaço ou clareza, Brasil Econômico reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br
Lazer ainda é o
campeão nas telas
dos smartphones
Rodar pelas
estradas do Brasil
requer coragem
Resultados devem
pesar no salário de
cargos políticos?
O celular caminha para ser o
grande canal de resolução de
transações no dia a dia. No Brasil,
porém, o aparelho ainda é usado
para lazer e informação,
principalmente via redes sociais.
Para mudar o comportamento do
usuário, planos de dados têm que
ser mais acessíveis e as empresas
que querem ampliar fatia desta
área devem focar na segurança.
O exame toxicológico para
caminhoneiros já deveria ser
obrigatório há muito tempo. Mas
isso levanta outras questões
relacionadas à classe. Estradas
sem infraestrutura, número de
assaltos e a quantidade de horas
extras praticadas mostram a sua
dura condição de trabalho, que
deveria ser acompanhada e
fiscalizada com mais cuidado.
Os salários dos políticos
deveriam estar de acordo com a
sua produção. Afinal, são
funcionários como todos e cuja
remuneração sai dos nossos
bolsos. Seus rendimentos
deveriam estar atrelados a
projetos relevantes, conduta e
beneficiamento da população.
Vários índices poderiam ser
criados para acabar com regalias.
Thiago Veloso
Augusto Peixoto
Carlos Toledo
Rio de Janeiro, RJ
São Paulo, SP
Belo Horizonte, MG
INDICADORES
Bovespa fechou o primeiro pregão de fevereiro no azul, guiada pelo
aumento das ações da Petrobras e Vale. O Ibovespa encerrou o dia em alta
de 1,58%, a 47.650 pontos. O volume financeiro somou R$ 5,57 bilhões.
TAXAS DE CÂMBIO
▲ Dólar comercial (R$ / US$)
COMPRA
VENDA
2,7142
2,7152
▲ Euro (R$ / E)
3,0785
3,0819
JUROS
■ Selic (ao ano)
META
EFETIVA
12,25%
12,15%
BOLSAS
▲ Bovespa - São Paulo
▲ Dow Jones - Nova York
▲ FTSE 100 - Londres
VAR. %
ÍNDICES
1,58
47.650,73
1,14
17.361,04
0,49
6.782,55
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 3
▲
BRASIL
Divulgação
LAVA JATO
Ministro do STF diz que está curioso
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse ontem, no
Supremo Tribunal Federal (STF), que a estratégia adotada para
avançar em investigações, como a Lava Jato, tem tido bons
resultados e deve ser mantida. O ministro do STF Marco Aurélio Mello
também comentou a Lava Jato. “Eu diria que todos nós estamos
curiosos para saber o que há dentro desse embrulho”, disse.
Editor: Paulo Henrique de Noronha
Ueslei Marcelino/Reuters
[email protected]
Apesar de encontrar
a base fragmentada
no Congresso,
Mercadante afirmou
que o governo
conta com o princípio
da “independência
com harmonia”
entre os Poderes
Cunha comemora a vitória com aliados: blocos precisam de tempo para conhecer as comissões. “Não há razão nenhuma para decidir já”
Vitória de Cunha adia
distribuição de cargos
Com o PMDB na presidência da Câmara, o governo deixa a partilha de postos de segundo
escalão para depois do carnaval. PT ficou sem cargos na mesa e deve tentar acordos
Edla Lula
[email protected]
Brasília
Com o PMDB de Eduardo Cunha ditando as regras na Câmara, o governo deixou para depois do carnaval
a distribuição de cargos no segundo escalão. Esse será também o prazo para a definição dos cargos das
comissões permanentes na Câmara dos Deputados. Após a derrota
sofrida na eleição para presidente
da Casa, o PT ficou sem postos na
mesa e também perderá a presidência das comissões mais importantes, a não ser que haja acordo com o
governo na troca por cargos no segundo escalão.
Com 267 votos, Cunha derrotou
no domingo, com folga de dez votos além do necessário para ganhar
em primeiro turno, o candidato governista Arlindo Chinaglia (PTSP), que recebeu 136 votos, com a
traição de 44 deputados que compunham o bloco que o apoiou.
Segundo as regras previstas na
Constituição, o bloco aglutinado
por Cunha ficou também com o direito a escolha de nove comissões
permanentes da Casa. Como terá
direito de fazer as primeiras três escolhas, provavelmente ficará com
as cobiçadas comissões de Constituição e Justiça e de Finanças e Tributação.
Mas Cunha já avisou que a decisão só sairá depois do carnaval “para dar tempo dos blocos se decidirem” em relação à escolha de comissões. “É o inicio da legislatura,
é normal dar este tempo para que
os parlamentares possam conhecer as comissões. Não há razão nenhuma para decidir já”, justificou
o deputado.
“A partir deste momento começam as negociações com os partidos para definir o segundo escalão,
buscando combinar o critério técnico da competência e o critério político do apoio parlamentar no Congresso Nacional”, avisou o ministro chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, após levar ao Congresso a
mensagem presidencial para a
abertura da sessão legislativa.
Mercante representou a presidenta Dilma Rousseff na sessão, na
qual foi lida mensagem com uma
pesada agenda que o governo apresentará ao Legislativo. Entre as propostas estão o ajuste fiscal, que inclui o corte antecipado de um terço
das despesas discricionárias dos
ministérios e mais o contingenciamento que virá tão logo o Congresso aprove o orçamento, e a minirreforma previdenciária, que traz correções em regras previdenciárias e
trabalhistas.
Ontem, boa parte
dos parlamentares
do bloco de Eduardo
Cunha já recolhiam,
junto com a oposição,
assinaturas para a
criação de uma nova
CPMI para investigar
a Petrobras
Apesar de encontrar a base fragmentada no Congresso, Mercadante afirmou que o governo conta
com o princípio da “independência
comharmonia” entreosPoderespara ver a agenda aprovada nas duas
casas. “Eduardo Cunha já disse que
quer preservar a independência do
Legislativo, masnão será uma presidência de oposição. Tenho absoluta
convicção que será assim”, afirmou o ministro. “Temos medidas
econômicas fundamentais para o
Brasil preservar emprego e recuperar a economia”, completou.
Tanto no discurso, quanto depois, falando a jornalistas, Eduardo Cunha voltou a garantir que não
fará oposição ao governo. “Vamos
ter que ter um reposicionamento
institucional, com independência,
mas com harmonia”, disse Cunha.
Ontem, boa parte dos parlamentares do bloco de Eduardo Cunha já
recolhiam, junto com a oposição,
assinaturas para a criação de uma
nova Comissão Parlamentar Mista
de Inquérito (CPMI) para investigar a Petrobras.
Em mensagem,
Dilma pede apoio
do Congresso
Em mensagem enviada ao
Congresso Nacional na
abertura do ano legislativo, a
presidenta Dilma Rousseff
pediu o apoio dos
parlamentares para aprovação
da proposta que dá
continuidade à política de
valorização do salário mínimo.
Segundo ela, o salário mínimo
é um instrumento fundamental
no processo de redução das
desigualdades no Brasil.
“A redução das
desigualdades, a eliminação da
pobreza e a ampliação dos
direitos sociais são marcas
fundamentais do meu governo,
às quais jamais poderemos
renunciar. Ajustes fazem parte
do dia a dia da política
econômica, bem como do
cotidiano de empresas e
pessoas, ajustes nunca são o
fim em si mesmos, são medidas
necessárias para atingir um
objetivo de médio prazo, que,
em nosso caso, permanece o
mesmo: crescimento
econômico com inclusão
social. Não promoveremos
recessão, nem retrocesso”,
disse a presidenta, na
mensagem.
O texto enviado pela
presidenta aos parlamentares
foi entregue ontem pelo
ministro-chefe da Casa Civil,
Aloizio Mercadante. ABr
4 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
▲
BRASIL
Picciani assume Alerj pela 5ª vez
com discurso de corte de gastos
Presidente do PMDB fluminense se comprometeu a colocar em discussão CPI sobre repasses da Petrobras ao Rio
Bruno de Lima
Eduardo Miranda
[email protected]
Nonato Viegas
[email protected]
Cumpriu-se o roteiro esperado na
Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro (Alerj). Com o apoio de 20
dos 21 partidos, com exceção do
Psol, o deputado estadual Jorge
Picciani foi eleito pela quinta vez
presidente da Casa. Presidente regional do PMDB, Picciani obteve
65 votos dos 70 parlamentares.
Durante a votação, a deputada
Rosângela Zeidan (PT) justificou
seu voto, lembrando da tentativa
frustrada de formação de uma chapa alternativa à de Picciani. “Nenhum nome da esquerda, dos antigos da Casa, se apresentou para
concorrer ou viabilizar um bloco”, disse a parlamentar, referindo-se a líderes como Marcelo Freixo (Psol).
Mais tarde, Zeidan explicou a
saída do Psol da frente. “O Psol votou ‘não’ hoje, mas quando teve a
oportunidade de lançar o nome de
Marcelo Freixo, que foi muito bem
votado, tem experiência e vários
mandatos, ele não aceitou. Ele alega que não quis por conta do PR.
Mas isso não é justificativa”.
Em resposta, Freixo disse, após
a votação, que a crítica da deputada era uma forma de ela justificar
o próprio voto em Picciani. Apesar do “não” coletivo da bancada
de cinco deputados, o Psol continuará na presidência da Comissão
de Direitos humanos, onde Freixo
se notabilizou. “Se Picciani mantiver sua palavra, o partido permanece. Ele e a sociedade entendem
que fizemos um bom trabalho na
comissão”.
No discurso de posse do cargo,
Picciani prometeu independência
do Executivo, cujo governador,
Luiz Fernando Pezão, também é
do PMDB. “Não farei defesa do governo. No momento em que achar
que devo fazê-lo, descerei (para o
plenário) e o farei como deputado. Não como presidente”, afirmou, logo após a confirmação do
seu nome como líder da Casa.
A independência, entretanto,
será posta à prova hoje, quando pelo menos três CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) serão apresentadas. Uma delas, que já conta
com 19 assinaturas e é incômoda
ao governo e ao seu principal aliado, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), se propõe a investi-
Jorge Picciani: “A indústria do petróleo é fundamental para a vida do Rio de Janeiro, assim como a questão hídrica é para a vida”
“
Não farei defesa
do governo. No
momento em
que achar que
devo fazê-lo,
descerei (para o
plenário) e o farei
como deputado. Não
como presidente
Jorge Picciani
Presidente da Alerj
gar a privatização do Maracanã.
As demais CPIs tratarão da crise hídrica e da interrupção dos repasses da Petrobras ao estado. O
Dia/Brasil Econômico apurou que
esta última não encontrará resistência na Alerj, já que interessa,
principalmente, ao governador
Pezão, que ameaçou cortar os incentivos fiscais da Petrobras. “A indústria do petróleo é fundamental
para a vida do Rio de Janeiro, assim como a questão hídrica é para
a vida”, argumentou Picciani.
Depois de enfrentar um de
seus piores momentos e ser vandalizado nas manifestações de junho de 2013, o Palácio Tiradentes,
sede da Alerj, voltará a ter suas
portas e janelas livres de tapumes,
conforme anunciou ontem, em
seu discurso, o novo presidente.
Além disso, Picciani se comprometeu a cortar pelo menos R$ 18
milhões, com duas medidas que
afetarão deputados e servidores
da Casa. A primeira delas, é a redução de selos de Correios de três mil
para mil por parlamentar. A segunda medida, relacionado aos servidores e comissionados, propõe a
redução para um salário-mínimo
o complemento que cada um recebe para ter os filhos estudando.
“A Assembleia não tem problemas com o seu custeio, nem com
os seus investimentos. Mas tem
que ter cautela com os gastos, porque a queda de arrecadação pode
nos fazer ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Em momentos de crise, aperta-se o cinturão”, afirmou
Picciani, justificando as medidas
anunciadas.
No fim do discurso, Picciani
agradeceu ao antigo presidente da
Alerj, deputado Paulo Melo
(PMDB). Nos últimos meses, Melo
se colocou como um dos principais oponentes a Picciani. Primeiro, contra o movimento “Aezão”,
que propôs o voto casado em Aécio Neves para presidente e Pezão
para governador. Depois, numa
disputa pela indicação do partido
para presidir o Legislativo local.
Derrotado, Melo tentará uma vaga no Tribunal de Contas do Estado do Rio. Mas o presidente regional do PMDB já tem seu próprio indicado, o deputado estadual Domingos Brazão.
Depois de ser
vandalizado nas
manifestações de
junho de 2013,
o Palácio Tiradentes,
sede da Alerj,
voltará a ter suas
portas e janelas
livres de tapumes
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 5
Dado Galdieri/Bloomberg
CONSTRUÇÃO CIVIL
Setor perde 0,51% dos postos de trabalho
O nível de emprego na construção civil brasileira caiu 0,51%, em
2014, depois de altas de 3,02% (2012) e 1,54%(2013). Foram fechados
18 mil postos de trabalho com carteira assinada e a base de
empregados atingiu 3,285 milhões em dezembro, segundo pesquisa
do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo
(SindusCon-SP) e da Fundação Getulio Vargas (FGV). ABr
Piervi Fonseca
Patrícia Büll
[email protected]
São Paulo
Depois do vice-presidente da República, Michel Temer, e do ministro do Planejamento, Nelson
Barbosa, ontem foi a vez do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
Armando Monteiro, se reunir
com empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo (Fiesp). Monteiro defendeu o Plano Nacional das Exportações como forma de retomar o desenvolvimento do setor
produtivo brasileiro.
“Discutimos aqui temas de
uma agenda que devolva a competitividade da indústria brasileira e
isso passa necessariamente pelas
exportações. Neste momento, é
importante a criação do Plano Nacional das Exportações e a Fiesp
tem papel fundamental, pois reflete o setor privado. As exportações
são o caminho para a manutenção
ou retomada da atividade econômica”, disse.
O ministro também defendeu
um câmbio que não seja valorizado artificialmente. “O câmbio
não pode ser visto apenas como
um instrumento de combate à inflação”, afirmou Monteiro. Segundo ele, a manutenção de uma valorização cambial por longos períodos pode trazer desequilíbrios relativos ao setor produtivo. “É preciso que ele proporcione condições de competitividade sem artificialismo”, afirmou.
Embora a questão hídrica não
tenha sido tratada especificamente,o ministro declarou que o tema
é motivo de preocupação e de discussão para que o ministério consiga minimizar possíveis impactos
negativos no setor produtivo.
Mais cedo, na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Monteiro defendeu a
retomada de uma agenda de reformas no país, especialmente no âmbito microeconômico, para melhorar o ambiente de negócios interno. Monteiro defendeu também a
redefinição da política comercial
brasileira com o estreitamento
das relações com os Estados Unidos e uma maior aproximação
com os países da Aliança do Pacífico, como Chile, Colômbia, México e Peru, mas sem reduzir o papel
estratégico do Mercosul.
“O ímpeto de reformas no país
tem arrefecido na última década,
especialmente em função de um
período extraordinariamente benigno, quando as commodities do
agronegócio experimentaram
uma elevação de preço por largo
período de tempo, enquanto os
preços dos bens industriais no
mundo foram reduzidos. As coisas, no entanto, mudaram.”
Monteiro destacou ainda que
as matérias-primas e as commodities perderam valor e, em 2014,
Ministro defendeu a reaproximação com os Estados Unidos como parte da estratégia para retomar as exportações
Monteiro: exportação
para retomar produção
Em reunião com mais de 200 empresários, ministro do Desenvolvimento defendeu o
Plano Nacional das Exportações como caminho para manutenção da atividade econômica
“
O câmbio não pode
ser visto apenas
como um instrumento
de combate à
inflação. (...)É preciso
que ele proporcione
condições de
competitividade
sem artificialismo”
Armando Monteiro
Ministro do MDIC
houve um déficit em transações
correntes que alcançou mais de
4% do Produto Interno Bruto
(PIB), equivalente a U$ 91 bilhões.
“É necessário criar mecanismos
de financiamento de seguros e garantias para reforçar uma política
exportadora”, afirmou.
Na avaliação de Monteiro, é
necessário realizar reformas para simplificar e desburocratizar
os ambientes tributário e regulatório. Essas são bandeiras defendidas pela FecomercioSP, que
propõe algumas medidas para reduzir a complexidade do sistema tributário.
Índice PMI indica primeira
Retomada da indústria
A reunião de ontem em São Paulo coincidiu com a divulgação de
que o setor industrial brasileiro
iniciou 2015 com sinais de melhora, ao crescer em janeiro a um ritmo mais forte. Segundo o Índice
de Gerentes de Compras (PMI,
na sigla em inglês) divulgado ontem, os volumes de produção e
novos pedidos aumentaram simultaneamente pela primeira
vez em dez meses.
O PMI apurado pelo Markit passou de 50,2 em dezembro para
50,7 em janeiro, nível mais alto
desde que atingiu 50,8 em janeiro
de 2014. Foi o segundo mês seguido que o índice ficou acima da marca de 50, que separa crescimento
de contração. O resultado disso foi
o aumento da produção em janeiro, interrompendo quatro meses
de contração com a taxa de crescimento mais forte desde dezembro
de 2013. Por outro lado, a balança
comercial brasileira registrou
mais um mês de déficit, de US$
3,174 bilhões em janeiro. “Embora tenhamos déficit, vale lembrar
que esse resultado é menor do que
o verificado em janeiro de 2014.
Não foram apenas as exportações
que diminuíram, as importações
também”, disse Monteiro.
O PMI atingiu 50,7 em
janeiro, nível mais alto
desde janeiro de 2014.
Os volumes de
produção e novos
pedidos aumentaram
simultaneamente
pela primeira vez
em dez meses
6 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
▲
BRASIL
Projeções de IPCA acima de 7%
Focus mostra que economistas do mercado financeiro veem, pela primeira vez, este percentual de elevação de
preços em 2015, enquanto reduzem a estimativa para a expansão do PIB, este ano, de 0,13% para apenas 0,03%
Pela primeira vez, economistas de
instituições financeiras estão estimando a inflação acima de 7% este ano, de acordo com a Pesquisa
Focus do Banco Central (BC).
Além da quinta elevação seguida
na taxa de projeção da inflação, os
especialistas passaram a ver a economia estagnada em 2015, ao mesmo tempo em que deixaram inalterada a perspectiva para a Selic ao
fim de 2015.
O relatório divulgado ontem
pela autoridade monetária mostrou que a estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto em
2015 caiu a apenas 0,03%, contra
0,13% no levantamento anterior,
quinta vez seguida de deterioração da projeção.
Para 2016, a projeção também
foi reduzida, a 1,50%, 0,04 ponto
percentual a menos do que no levantamento anterior. Em relação
a 2014, os economistas consultados mantiveram a perspectiva de
expansão de 0,10%.
Já a estimativa para a alta do IPCA em 2015 chegou a 7,01%, contra 6,99% na pesquisa anterior,
depois que o BC avaliou que os
avanços no combate à inflação ainda não foram suficientes.
A meta oficial é de 4,5%,
com margem de dois pontos percentuais para mais e para menos. A última vez que a inflação
oficial brasileira ficou acima de
7% foi em 2004, quando o IPCA
subiu 7,60%.
Na semana passada, o BC elevou com força sua estimativa da al-
ta dos preços administrados em
2015, para 9,3%, através da ata do
Comitê de Política Monetária (Copom), embora considere que o cenário de convergência da inflação
para o centro da meta em 2016 se
fortaleceu.
A alta dos preços administrados é uma das maiores fontes de
pressão neste ano e, no Focus, a estimativa subiu a 9%, contra
8,70% anteriormente.
Para o final de 2016, a projeção
para o IPCA foi mantida em
5,60%, com avanço de 5,80% dos
administrados.
Apesquisa mostrou que os agentes consultados não mudaram a
perspectiva para a Selic neste ano e
mantêm a projeção de nova elevação de 0,25 ponto percentual em
março, com a taxa básica de juros
encerrando 2015 a 12,50%.
Em janeiro, a autoridade monetária manteve o ritmo e elevou a
Selic em 0,50 ponto percentual, a
12,25% ao ano e, de modo geral,
após a ata parte dos especialistas
ainda acredita que a entidade monetária deixou a porta aberta sobre seus próximos passos na condução da política monetária.
Para o fim de 2016, a perspectiva da Selic no Focus também não
mudou, permanecendo em
11,50%.
Já o Top-5 de médio prazo,
com os economistas que mais
acertam as projeções, continua
vendo a Selic a 13% ao fim deste
ano e a 11,75% no fim de 2016.
Gastos com educação
A inflação referente aos gastos escolares aumentou o dobro da variação geral de preços, informou a
Fundação Getulio Vargas (FGV).
Apesar disso, a taxa registrada em
EXPECTATIVA X INFLAÇÃO REAL (IPCA)
janeiro foi menor que a do mesmo
mês em 2014.
Enquanto o Índice de Preços ao
Consumidor (IPC) fechou o mês
passado com variação de 1,51%,
gastos com material escolar, livro,
transporte, cursos e lanchonetes
chegaram a 3,73%. Em janeiro de
2014, o indicador somou 3,80%.
A maior inflação foi registrada
nos cursos formais, que incluem
os ensinos fundamental, médio e
elementar, com 6,29% em janeiro. A alta foi menor que a registrada no ano anterior, de 6,62%.
Os cursos não formais, de inglês e informática, também tiveram inflação menor, caindo de
2,82%, em janeiro do ano passado, para 1,79% no primeiro mês
deste ano. Com agências
7,01
Expectativa de mercado
para o IPCA (%)
6,75
6,41
6,00
Inflação segundo
o IPCA (%)
5,59
JAN/
2014
6,38
6,31
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
JAN/
2015
Fontes: IBGE/IPCA e Banco Central
*Projeções das últimas pesquisas de cada mês
A inflação referente aos
gastos escolares foi o
dobro da variação
geral de preços,
segundo a FGV.
Gastos com materiais,
livros, transporte,
cursos e lanchonetes
subiram 3,73%
Feriados vão gerar perdas de R$ 15 bi ao varejo
Queda do movimento nas
lojas e custos com diária
de funcionários afetam
lucratividade, diz CNC
Aline Salgado
[email protected]
Os dez feriados integrais em dias
de semana, além do meio expediente da Quarta-feira de Cinzas, levarão o comércio brasileiro a amargar uma perda de R$
15,5 bilhões no faturamento,
num ano de desaceleração da
economia, juros altos e perda do
poder de compra dos consumidores com o aumento da energia elé-
trica e da gasolina. Os cálculos
são da Confederação Nacional do
Comércio (CNC), que reduziu de
3% para 2,4% a estimativa de
crescimento da receita nominal
do setor para este ano — o mesmo percentual que o varejo alcançou no acumulado de janeiro a
novembro de 2014, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).
Economista da CNC, Fabio Bentes explica que cada feriado implica em uma perda de 10,1% no faturamento médio mensal dos empresários. Em dias normais, o peso
médio mensal da folha de pagamento do varejo em relação à receita fica em 9,3%.
DADOS
2,4%
É a estimativa de crescimento da
receita nominal do varejo para este
ano, segundo projeção da
Confederação Nacional do
Comércio (CNC).
17,3%
É o impacto médio sobre o
faturamento mensal que os
segmentos de vestuário, calçados
e acessórios, além de artigos de
informática, têm com os feriados.
“O pagamento dobrado com as
diárias dos funcionários e o vazamento de receitas do comércio para o setor de serviços estão por
trás dessa perda de lucratividade
do varejo”, diz Bentes, salientando que os cálculos consideraram
feriados nacionais e estaduais.
“Em casos pontuais, como shoppings, lojistas acabam se beneficiando, em parte, do movimento
do feriado pela busca das pessoas
por lazer. Mas, em geral, famílias
deixam de consumir bens e até
comprar alimentos em supermercados, para se alimentar em restaurantes”, acrescenta o economista.
O prejuízo, no entanto, pode
ser ainda maior, dependendo da
região do país e da atividade. A
CNC calcula que São Paulo e Santa Catarina, onde o salário médio do pessoal ocupado no comércio é superior à média nacional — R$ 1.490 em dezembro de
2014 —, tendem a apresentar as
maiores perdas relativas na lucratividade mensal.
Entre as atividades, o segmento de vestuário, calçados e acessórios deixa de lucrar 17,3% em feriados, assim como o setor de informática. Já nas livrarias e papelarias, a perda é de 15%. Nessas
áreas, a relação funcionários por
estabelecimento ou folha de pagamento por faturamento é maior, o
que gera mais pressão nos custos.
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 7
Divulgação
COMBUSTÍVEL
Etanol na gasolina deve passar para 27%
O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e representantes do setor
sucroalcoleiro acertaram ontem proposta para elevar de 25% para
27% a adição de etanol anidro na gasolina comum, segundo a
presidenta da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), Elizabeth
Farina. A mudança passaria a valer a partir de 15 de fevereiro, mas a
proposta precisa ser aprovada pela presidenta Dilma Rousseff. ABr
Shoppings podem gerar
até 9 mil MW, diz PSR
Governo quer usar geradores de centros comerciais como reforço no horário de maior
consumo. Para especialistas, medida é correta, mas não reduz risco de racionamento
ANA reduz
vazão de
barragem do
Paraíba do Sul
Corte temporário do
limite mínimo de saída
de água de Santa
Cecília valerá até dia 28
Bruno de Lima
Nicola Pamplona
[email protected]
Os segmentos comercial e de serviços podem contribuir com uma
potência de cerca de 9 mil megawatts (MW) para ajudar o governo
a enfrentar o alto consumo de
energia no horário de pico da tarde. A avaliação é do consultor Mario Veiga, da PSR, e considera consultas feitas a vendedores de geradores no país. A estratégia de apelar para estabelecimentos comerciais para evitar novos apagões foi
anunciada no domingo pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo
Braga. Ontem, em evento na Coppe/UFRJ, especialistas consideraram a ação correta, mas insuficiente para garantir o abastecimento
no segundo semestre, caso a estiagem se mantenha.
“A única medida que pode nos
fazer chegar com tranquilidade
até o fim do ano é a redução da demanda”, afirmou Veiga, em entrevista após o seminário “Crise hídrica e geração de energia elétrica”, no Rio. Ele ponderou, no entanto, que o uso da capacidade instalada nos setores comercial e de
serviços é importante para garantir o atendimento à ponta durante
o verão. Normalmente, esses geradores são ligados no fim da tarde,
quando ocorre a chamada “ponta
burocrática”, quando o custo da
energia é mais alto para grandes
consumidores.
Nos últimos anos, porém, o horário de pico se deslocou para o início da tarde, devido ao uso intensivo de aparelhos de ar condicionado. No último dia 19, o Operador
Nacional do Sistema Elétrico
(ONS) foi obrigado a acionar um
mecanismo de redução preventiva no consumo por volta das
14h50 porque não havia energia suficiente para atender a demanda.
Segundo Veiga, a manutenção dos
altos preços na “ponta burocrática” é uma das distorções do modelo atual do setor elétrico. “Mas a
questão tem tantas implicações
que não poderia ser alterada de
uma hora para a outra”, admite.
“Essa medida é um esparadrapo, já devia ter sido tomada há
muito tempo”, comentou o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa.
“A medida imediata e de curto prazo é política de economia de energia. Já passou da hora”, afirmou.
Veiga, da PSR: “A única medida que pode nos fazer chegar até o fim do ano é redução da demanda”
Os especialistas esperam que, a
partir do dia 18, já com uma ideia
de como será a hidrologia de fevereiro, o governo finalmente decida por medidas de incentivo à economia. Em seu pronunciamento
no domingo, Braga afirmou que
novas alternativas serão estudadas em reunião no dia 12.
“É uma situação triste, pois há
tantas coisas que poderiam ser feitas lá atrás. Agora, o governo começa a tomar medidas desespera-
Entre as ações em
estudo pelo governo,
estão mecanismos para
acelerar a contratação
direta pelas
distribuidoras de
energia de fontes
alternativas como
solar, eólica e biomassa
das”, lamentou Roberto D’Araújo, do Instituto Ilumina, outro defensor de medidas imediatas de racionalização do consumo. Ontem, os reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste estavam com 16,78%
de sua capacidade de armazenamento de energia.
Entre as medidas em estudo, estão mecanismos para acelerar a
contratação direta pelas distribuidoras de energia de fontes alternativas como solar, eólica e biomassa, conectadas diretamente nas redes das concessionárias de distribuição, a chamada “geração distribuída”. O pacote deve ser apresentado à presidente Dilma Rousseff
no próximo dia 12. Apesar dessas
medidas, uma outra fonte do governo assegura que “racionamento de energia não está na agenda”.
A ideia seria desvincular o repasse dos custos da geração distribuída do chamado Valor de Referência (VR), tido como baixo, para
estimular as distribuidoras a realizarem chamada pública para adquirir diretamente energia da “geração distribuída”. Com Reuters
NÚMEROS
9 mil
Capacidade, em MW, disponível em
geradores instalados em shopping
centers e grandes
estabelecimentos comerciais,
segundo estimativa da PSR
16,78%
Nível dos reservatórios das usinas
hidrelétricas das regiões Sudeste
e Centro-Oeste no dia 1º de
fevereiro, segundo dados do ONS
A Agência Nacional de Águas
(ANA) determinou a redução
temporária do limite mínimo
de vazão de água da barragem
de Santa Cecília, no Rio Paraíba do Sul, que abastece a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, de 190 metros cúbicos
por segundo (m³/s) para
140m³/s. A redução da vazão
valerá até o dia 28 deste mês.
Segundo a ANA, a ação visa
preservar os estoques de água
disponíveis no reservatório
equivalente da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, composto pelos reservatórios de Paraibuna, Santa Branca, Jaguari
e Funil, em face da atual desfavorável situação hidrometeorológica pela qual passa a bacia.
A decisão de reduzir a vazão da
barragem de Santa Cecília será
acompanhada ainda de avaliações periódicas dos impactos
que a medida poderá ocasionarmos diversos usos da água feitas pela própria agência, pelo
Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS) e pelo Governo
do Rio de Janeiro.
A ANA decidiu ainda prorrogar até o próximo dia 28 a redução da saída de água dos reservatórios de Sobradinho e Xingó, no Rio São Francisco, de
1.300m³/s por segundo para
1.100m³/s, em virtude da seca
que atinge a região. De acordo
com resolução publicada ontem no Diário Oficial da União,
a medida, que vem sendo adotada desde abril de 2013, considera a importância dos reservatórios de Sobradinho, Itaparica (Luiz Gonzaga), Apolônio Sales (Moxotó), Complexo de Paulo Afonso e Xingó, para a produção de energia do Sistema Nordeste e para o atendimento dos
usos múltiplos da Bacia do São
Francisco.
Ainda conforme a resolução, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) estará sujeita à fiscalização da
ANA e deverá apresentar documentos relativos à operação
dos reservatórios. A empresa
também deverá dar publicidade às informações técnicas
aos usuários da bacia e ao Comitê de Bacia durante o período de vazões defluentes mínimas reduzidas.ABr
8 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
▲
BRASIL
Balança começa
2015 com déficit
de US$ 3,174 bi
BALANÇA COMERCIAL
EM 12 MESES
(Média diária, em US$ milhões FOB)
1.023
US$ 3,174
[email protected]
Brasília
A balança comercial brasileira encerrou o primeiro mês do ano com
déficit de US$ 3,174 bilhões. O desempenho de janeiro é consequência de resultados ruins nas exportações, que caíram 10,4% em relação ao mesmo mês de 2014, mas
ainda piores nas importações, que
decresceram 12%. Isto mostra que
o país está encontrando dificuldades para colocar os seus produtos
no mercado externo ao mesmo
tempo em que se arrefece a demanda interna, dado o baixo ritmo da atividade econômica. Diante dos resultados apresentados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, analistas dizem que, para
os empresários, não há para onde
correr em 2015: na melhor das hipóteses, o Brasil terá um “superávit negativo” no ano.
“Infelizmente, era previsível
que houvesse um déficit em janeiro. Mas eu não esperava que o re-
Diante dos resultados
analistas dizem que,
para os empresários,
não há para onde
correr em 2015:
na melhor das
hipóteses, o Brasil
terá um “superávit
negativo” no ano
sultado fosse tão ruim. E, com os
aumentos de impostos que estão
ocorrendo, a tendência é que a demanda continue a cair. Acho que
podemos ter um superávit, mas
gerado por uma aceleração no ritmo de queda das importações ainda maior do que a das vendas”,
afirmou o presidente da Associação do Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro.
Segundo ele, do lado das exportações, a queda em valores das
commodities piorou o resultado.
“Nos preços do minério de ferro,
houve retração de 48,9% em janeiro ante o mesmo mês do ano passado e no petróleo, de 45,6%. E a
queda nas vendas dos demais produtos básicos é muito forte. Somente as carnes estão resistindo;
tudo mais está caindo”, lamentou.
Ao mesmo tempo, os manufaturados enfrentam problemas de
mercado. “O maior (problema) é a
Argentina. Mas as vendas estão
caindo também para os demais países da América do Sul. O que sobra
são os Estados Unidos, mas nos
afastamos desse país e agora a concorrência é grande: o mundo todo
está querendo se voltar para lá,
por conta da recuperação da economia americana”, acrescentou.
Na opinião do consultor e exsecretário de Comércio Exterior,
Welber Barral, a tendência é que a
balança comercial mantenha-se
nos próximos meses com desempenho semelhante ao verificado
em janeiro. “Esse resultado mostra uma tendência em relação ao
restante do ano, que é de tanto as
exportações como as importações
se manterem em queda”, previu.
Para Barral, o mais preocupante
do ladodas exportações é que a queda nas vendas de produtos manufaturados supera a de básicos. “Mesmo com o dólar em um patamar
mais favorável para os empresários
brasileiros, os manufaturados caíram 14,6% em janeiro em relação
ao mesmo mês do ano passado enquanto os básicos caíram 11%”, ressaltou. “A queda nos preços das
commodities fez com que as exportações para a China caíssem 35%, a
Para Welber Barral,
o mais preocupante
do lado das
exportações
brasileiras é
que a queda nas
vendas de produtos
manufaturados
supera a de básicos
bilhões
903,1
905,8
Importações
Desempenho reflete resultado ruim de exportações, de -10,4% em
relação a 2014. Importações fracas mostram baixa atividade interna
Mariana Mainenti
JAN/2015
Saldo negativo
no mês
Exportações
803,7
769,7
652,6
Saldos
FEV/ MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN/
2014
2015
Exportações por fator agregado (%)
(Janeiro de 2015/fevereiro de 2014)
PRINCIPAIS QUEDAS
PRINCIPAIS ALTAS
Manufaturados
Automóveis de passageiros
Açúcar refinado
-58
56,1
Óleos combustíveis
Óxidos e hidróxidos de alumínio
-49,6
crise argentina derrubou em 25%
nossas vendas de manufaturados
para o Mercosul. E até mesmo para
os Estados Unidos, cuja economia
está se recuperando, exportamos
-3% em janeiro. Isso mostra a falta
de competitividade dos nossos produtos”, acrescentou.
Para Barral, os sinais de enfraquecimento da economia interna
também são evidentes. Do lado
das importações, acrescentou, a
queda é generalizada. “Caem
mais os bens de consumo, mas cai
tudo: petróleo, automóveis e também bens de capital, mostrando
que os empresários estão reduzindo os investimentos”, destacou.
Segundo o secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho, a expectativa do governo é de que a balança comercial encerre 2015 com
saldo positivo. “Os fatores que podem afetar positivamente a balança são o câmbio num patamar acima do registrado nos últimos anos
e o crescimento da economia norte-americana”, considerou.
46,0
Motores e geradores
Tubos flexíveis de ferro/aço
24,7
-38,8
Hidrocarbonetos
Aviões
-33,2
15,9
Tubos de ferro fundido
-30,6
Laminados planos
0,3
Básicos
Minério de ferro
Trigo em grão
2.280
-49,5
Carne bovina
Minério de cobre
253,6
-25,5
Carne suína
Algodão em bruto
-16,5
Farelo de soja
-13,8
Carne de frango
110,1
Café em grão
68,8
Fumo em folhas
-8,6
32,4
Quedas nas importações (%)
Combustíveis e
lubrificantes
Bens de consumo
-28,4%
Bens de capital
-8,0%
-14,2%
Matérias-primas
e intermediários
-7,0%
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 9
RELATÓRIO D.C.
ROGERIO STUDART
[email protected]
PRESENTE GREGO
Editoria de Arte
A
vitória da Coalização Radical de Esquerda na Grécia não me
parece ser uma revolta contra a austeridade germânica. É, sim,
o reconhecimento, na prática, que políticas de austeridade,
quando aplicadas em crises com as características da que vive a
economia global, podem ser socialmente custosas, politicamente
difíceis e tecnicamente inócuas. Esta é uma lição que já deveria ter
sido aprendida em crises do passado. Ainda está em tempo.
Em qualquer momento, gastar
bem e de forma eficiente é um
princípio básico da boa administração pública — e não creio que
haja economista que discorde disto. Mas quando se fala em política de ajuste, o objetivo básico
não é simplesmente gastar menos ou melhor, mas sim reduzir,
ou pelo menos estabilizar, o endividamento público. Para todo governo, de qualquer matiz política, são óbvias as vantagens do
equilíbrio fiscal no longo prazo.
Afinal, um dívida pública em ascensão acaba por empenhar a capacidade de implementar políticas públicas e de realizar investimentos. Por fim, quanto maior o
descontrole fiscal, maior a chance da dívida acabar por gerar um
aumento das taxas de juros pagas
na rolagem sobre a dívida pública — o que também eleva o peso
financeiro para o setor produtivo
produzir, investir e empregar.
Perdem todos, mas especialmente a maioria.
Ninguém que pensa ou implementa política econômica pode,
em sã consciência, ser contra o
equilíbrio fiscal como meta. Os
gregos são exceção a esta regra?
Não creio, mesmo que parte da
imprensa internacional se esforce em mostrar que a origem da
crise grega se associa a um suposto desdém dos governos locais à este principio básico da administração fiscal — pela prolongada negligência em relação à
evasão de impostos no país e por
um sistema de aposentadoria
exorbitantemente generoso. De
acordo com esta visão, com esta
combinação explosiva de irresponsabilidade fiscal, não precisaria muito para desequilibrar
as contas públicas e levar o país
ao caos financeiro.
Sim, é verdade que antes da crise a situação fiscal da Grécia estava longe da ideal, e que ajustes
eram necessários. Mas também é
fato de que o que fez o barco virar
foram, inicialmente, três recessões, quase consecutivas, entre
2007 e 2009. Com a retração da
base tributária e a rigidez dos gastos públicos, o déficit saltou rapidamente de cerca de 6% do PIB
em 2006 para quase 15% em
2009, enquanto a dívida pública
crescia de cerca de € 225 bilhões
(103% do PIB) para € 301 bilhões
(126% do PIB). A partir daí, e já
oficialmente “em nome da austeridade”, a Grécia entrou numa rota de rápida deterioração. Se a
ideia por detrás dos 13 programas
de ajuste iniciados desde 2010 era
reduzir a dívida, o resultado foi,
no mínimo, questionável: ao longo destes tenebrosos anos, somente em 2012 o déficit ficou inferior
a 10% (8,8%), enquanto que a dívida alcançou recentemente €
323 bilhões (175% do PIB). Isto se
deveu, em grande medida, a dois
fatores: o efeito profundamente
recessivo do ajuste — que foi o
principal responsável por quatro
anos de retração econômica a partir de 2010; e o aumento do custo
médio de rolagem da dívida em
mãos privadas.
O leitor poderia imaginar
que, por detrás desta loucura,
não tenha havido método. Mas
de fato, houve. Isto porque o que
os subsequentes pacotes de ajuda organizados pela Comissão Europeia (CE), o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) representaram em realidade um exitoso
“mecanismo de saída” para o setor financeiro privado internacional — especialmente dos bancos
e investidores alemães, franceses e italianos que tinham seus
balanços super expostos à dívida
grega. De fato, em 2011, um ano
depois do primeiro pacote de ajuda orquestrado pelo FMI e pela
comunidade europeia, 36% desta exposição já tinha sido transferida para o Banco Central Europeu (15%), a União Europeia
(15%) e o Fundo Monetário Internacional (6%); e agora, 62% da
montanha de dívida grega está
no balanço dos contribuintes europeus — e não por coincidência
os maiores credores são os governos da Alemanha (€56 bi), a Franca (€42 bi) e a Itália (€37 bi).
Na época em que se discutia o
primeiro programa de ajuste na
Grécia, aqui em Washington eu escutei que os gregos tinham de estar preparados para “cortar na carne” para que os programas dessem certo. A este comentário minha primeira pergunta era: Isto
vai dar certo? (Coisa que eu sempre duvidei). A segunda era, para
mim, a mais importante: A carne
de quem? Até agora, foram os trabalhadores gregos e a classe média naquele país que tiveram de arcar com um crescimento de de-
Até agora, foram os
trabalhadores gregos
e a classe média
naquele país que
tiveram de arcar
com um crescimento
de desemprego
total, que se
encontra em 27%
semprego total, que se encontra
em 27%; e com enormes dificuldades em pagar suas contas. Mas são
especialmente os jovens gregos,
que encaram um desemprego superior a 50%, que estão vendo as
consequências do “corte na carne”. Neste grupo, pequenos empresários e as mulheres são os
mais afetados. E ainda há um quarto grupo de vítimas (ainda potenciais): os contribuintes europeus,
que estão, com razão, preocupados com o fato de que seus governos terão de arcar com a possível
moratória grega.
Não há respostas claras para como sair deste buraco que se tornou a crise grega, mas o novo governo está claramente indicando
que quer uma reestruturação da
dívida e outras condições de ajuste e prazo. Quer um espaço para
respirar e enfrentar a espiral de recessão econômica e deterioração
fiscal que estes anos de ajuste ineficaz têm imposto ao país. Frente às
loucuras que foram cometidas, falsamente, em nome da austeridade, e face ao enorme sofrimento
por que tem passado a maioria dos
gregos, o que o novo governo está
propondo não parece um sacrilégio, nem tampouco “um presente
de grego”. Parece, sim, mas como
uma oportunidade de reflexão para os que ainda acham que podem
vencer crises como a que passa a
Grécia com receitas que já fracassaram tantas vezes.
Coluna publicada às terças-feiras
*Rogerio Studart, Professor da UFRJ
e Ex-Diretor do Banco Mundial e do BID.
As opiniões aqui expressas são pessoais.
10 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
▲
EMPRESAS
Editora: Flavia Galembeck
Murillo Constantino
[email protected]
Rumo às lojas físicas
Parceria com redes de restaurantes e cafés inicia avanço da PayPal no Brasil para além das fronteiras da internet
Rodrigo Carro
[email protected]
Conhecida por sua atuação como
serviço de pagamentos na Internet, a americana PayPal avança
agora rumo às lojas físicas no Brasil. Por meio de parcerias com
duas redes de restaurantes
(L'Entrecôte de Paris e Le Vin) e
uma de cafés (Suplicy), o usuário
que tem conta no PayPal pode pagar suas despesas sem uso de cartão ou dinheiro, apenas com uma
confirmação via dispositivo móvel. O objetivo é ganhar espaço como meio de pagamento entre os
pequenos varejistas, tanto no mercado online como no off-line.
Com escritório aberto no Brasil há três anos, a empresa tem
“
As grandes operadoras
costumam pagar
o lojista num prazo
D+30 (trinta dias
após a operação).
Com o PayPal, esse
prazo fica, na média,
em D+3 (três dias
após a operação)”
Rodrigo Ferreira
Gerente geral do
L'Entrecôte de Paris
mais de 2,8 milhões de usuários
ativos no país. O total representa 51% da operação da PayPal na
América Latina. Bem posicionada no varejo online brasileiro, a
empresa contabiliza mais de 90
mil sites que utilizam seu serviço. Já no universo físico, a estratégia inicial foi mais cautelosa: a
parceria com a rede Suplicy Cafés Especiais foi iniciada, ainda
como projeto-piloto, em outubro de 2013. As operações com
L'Entrecôte de Paris e Le Vin tiveram início em novembro do
ano passado.
Do ponto de vista dos lojistas e donos de outros estabelecimentos comerciais, a entrada
em cena do PayPal é uma alternativa aos prazos praticados pe-
las operadoras de cartões de
crédito e débito. “As grandes
operadoras costumam pagar o
lojista num prazo D+30 (trinta
dias após a operação)”, conta
Rodrigo Ferreira, gerente geral
do L'Entrecôte de Paris. “Com
o PayPal, esse prazo fica, na média, em D+3 (três dias após a
operação)”. Toda essa diferença em termos de prazo tem um
custo, lembra Ferreira. Segundo o executivo, a taxa praticada
pelas operadoras de crédito gira em torno de 2% da compra,
enquanto o PayPal pratica um
percentual de aproximadamente 3%. “Apostei na PayPal pela
questão tecnológica mas também por uma questão de negócio”, diz o gerente geral. “Nos-
“
O mercado físico
é muito capilarizado.
Por isso fechamos
parceria com a empresa
líder em menus digitais.
É uma forma de
viabilizar a parte
operacional sem nenhum
esforço de integração”
Thiago Chueiri
Gerente sênior de Vendas
do PayPal para o Brasil
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 11
Divulgação
INTERNET
Amazon vai divulgar receita com a nuvem
A Amazon.com pretende divulgar a receita obtida com seus negócios
na nuvem e isso está pressionando os concorrentes a fazerem
o mesmo. No próximo relatório trimestral de lucros, ela deve separar
o Amazon Web Services em uma categoria própria para mostrar
aos investidores que ela é líder do mercado na nuvem. Desde junho
do ano passado, a Oracle divulga a receita obtida na nuvem. Bloomberg
Thiago
Chueiri: foco
também no
pequeno
varejo
Mitsubishi Corporation do Brasil S/A
Cisão está
prevista para
ocorrer este ano
Gigante do ramo de comércio
eletrônico, a eBay prepara para
este ano a cisão do PayPal,
unidade de negócios
responsável por 41% da receita
total da companhia em 2013. A
separação pode liberar o
PayPal para parcerias com
outras empresas de
e-commerce e para conquistar
mercado de companhias como
a Stripe, apoiada por vários
fundadores do PayPal, e a
Apple, que revelou seu projeto
para pagamentos móveis no
ano passado.
A cisão evidencia a
desaceleração pela qual as
plataformas de marketplace
vêm passado, o que — para
alguns investidores — as torna
menos interessantes quando
analisadas separadamente. A
PayPal foi fundada no final de
1990, abriu capital em 2002 e
foi adquirida pela eBay logo
depois por US $ 1,5 bilhão. A
eBay vem analisando a
possibilidade de transformar a
PayPal numa empresa
individual desde 2008, quando
a companhia tomou a decisão
de vender o Skype. A pressão
pelo desmembramento de
ativos como forma de criar
valor cresceu nos Estados
Unidos a partir das cisões da
B/E Aerospace Inc e da JDS
Uniphase Corp, entre outras
companhias. Com agências
so desafio é reduzir a taxa
com a PayPal.”
A opção por estabelecimentos que fazem parte de redes
foi uma forma de simplificar a
expansão e garantir escala nas
transações. “O mercado físico
é muito capilarizado”, justifica Thiago Chueiri, que é gerente sênior de Vendas do PayPal
para o Brasil. “Por isso fechamos parceria com a empresa líder em menus digitais. É uma
forma de viabilizar a parte operacional sem nenhum esforço
de integração.”
Nesse caso, o parceiro escolhido foi a brasileira Tagme,
que fornece um aplicativo de
menu digital para mais de 200
restaurantes no país. Diretor
comercial e cofundador da empresa, João Paulo Alves explica
que, o sistema de pagamento
móvel funciona por meio de microgeolocalização: o cliente
baixa um aplicativo que identifica quando o cliente entra
num restaurante cadastrado.
Como já acontece em redes sociais, o usuário faz um checkin confirmando sua presença
no local. Na hora da conta, recebe uma mensagem no celular ou tablet com o valor a ser
pago. E precisa apenas dar seu
OK para que a despesa seja debitada em sua conta no PayPal.
No aplicativo para pagamentos
em lojas físicas, cada conta é associada à foto do usuário. Isso
praticamente impede que outra pessoa use o serviço no lugar do usuário cadastrado. “O
PayPal só libera o pagamento
se o cliente cadastrar uma foto”, explica Alves, da Tagme.
Criada há 17 anos, a PayPal
realiza transações em 203 países e 26 moedas. No ano passado, movimentou US$ 228 bilhões, sendo que 20% desse total (US$ 46 bilhões) vieram de
operações efetuadas a partir de
dispositivos móveis. A expansão dos pagamentos via dispositivos móveis foi vertiginosa: na
comparação entre 2013 e 2014,
o crescimento foi de 68%. “Em
2015, muito do nosso foco no
Brasil está em expandir a atuação no pequeno varejo, tanto
online como off-line”, afirma o
gerente sênior Thiago Chueiri.
No ano passado,
a PayPal
movimentou
US$ 228 bilhões,
sendo que 20%
desse total
(US$ 46 bilhões)
vieram de operações
efetuadas a partir
de dispositivos
móveis.
CNPJ nº 61.090.619/0001-29 - NIRE n° 35300019032
Ata da Assembleia Geral Extraordinária
Realizada em 05/01/2015.
Data: 05/01/2015, Hora: 9h00 e Local: na sede social ,
Avenida Paulista, n° 1.294, 23º andar, nesta Capital.
Presença: Acionistas representando a totalidade do Capital
Social, conforme assinaturas no Livro de Presença de Acionistas.
Mesa: Sr. Aiichiro Matsunaga, Presidente da Mesa e Sra. Emi
Fujio Hirata, Secretária. Publicações: Dispensada nos termos
da Lei. Deliberações: a) Indicar para a posição de Diretor
Gerente da sociedade o Sr.Takeshi Horikomi japonês, portador
do passaporte nº. TZ0850324, com endereço na 320W 38th
Street, Apto 2508, New York, NY 10018, Estados Unidos da
América. Lavrou-se a ata. a) Aiichiro Matsunaga, Presidente
da Mesa; Emi Fujio Hirata, Secretária; Mitsubishi Corporation,
p.p. Mário Massanori Iwamizu, Mitsubishi International
Corporation, p.p. Mário Massanori Iwamizu. São Paulo/SP, 05/
01/2015. a) Emi Fujio Hirata – Secretária. b) Mario Massanori
Iwamizu – OAB/SP n° 19.298. Jucesp nº 56.438/15-1 em 30/
01/2015. Flavia Regina Britto - Secretária Geral.
Pretty Face Boutique Cabeleireiro Ltda.-ME
CNPJ/MF nº 27.053.016/0001-19 - NIRE nº 33.2.0150083-1
Reunião de Sócios. São convocados os senhores sócios, em especial a sócia
Rosilda Lima da Silva, brasileira, natural do Estado do Rio de Janeiro, casada
pelo regime da Comunhão Parcial de Bens, empresária, residente e domiciliada na
Estrada Mentor Couto, nº 251, Casa 06, Engenho Pequeno, em São Gonçalo, RJ,
Cep 24417-000, portadora da carteira de identidade nº 06493291-6, expedida pelo
Instituto Félix Pacheco, inscrita no CPF sob o nº 825.189.637-15, a comparecer em
Reunião que realizar-se-á no dia 16/02/2015 às 09:00 horas, na Rua MariaAngélica,
nº 171, Loja 111, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ, CEP 22470-201, para deliberarem sobre
a seguinte ordem do dia: 1) Deliberar sobre a exclusão por justa causa (artigo 1.085
do Código Civil) da sociedade da sócia Rosilda Lima da Silva, assegurada a referida
sócia o exercício de seu direito de defesa. Rio de Janeiro, 02 de fevereiro de 2015.
Ass: Sônia Maria de Barros Gomes, sócia e administradora.
THUNNUS PARTICIPAÇÕES S.A.
CNPJ/MF nº 20.023.328/0001-30 - NIRE 3530046426-5
ATA DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA
REALIZADA EM 19 DE DEZEMBRO DE 2014
1. DATA, HORA E LOCAL: Aos 19 dias do mês de dezembro do ano de 2014, às 14h, na sede
social da Companhia, localizada na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Rua
Iguatemi, nº 151, 23º andar, Itaim Bibi, CEP 01451-011. 2. CONVOCAÇÃO E PRESENÇA:
Dispensada a convocação, nos termos do artigo 124, §4º da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro
de 1976 (“Lei das S.A.”), em decorrência da presença de acionista representando a
totalidade do capital social da Companhia, conforme abaixo indicado. 3. MESA:
Presidente: Eduardo Silveira Mufarej; Secretário: Paulo Henrique Altero Merotti.
4. ORDEM DO DIA: Deliberar sobre o aumento do capital social da Companhia, mediante
capitalização de crédito detido pelo acionista Bijupirá Fundo de Investimento em
Participações, inscrito no CNPJ/MF sob o nº 11.590.051/0001-37 (“Bijupirá FIP”), no valor
de R$180.000,00 (cento e oitenta mil reais), decorrente de Adiantamento para Futuro
Aumento de Capital Social (“AFAC”), devidamente reconhecido e registrado na escrituração
contábil da Companhia. 5. DELIBERAÇÕES: Após leitura, análise e discussão do item
constante da ordem do dia, o acionista detentor da totalidade das ações de emissão da
Companhia deliberou, sem ressalvas: (i) Aprovar o aumento do capital social da Companhia,
dos atuais R$608.150.500,00 (seiscentos e oito milhões, cento e cinquenta mil e quinhentos
reais) para R$608.330.500,00 (seiscentos e oito milhões, trezentos e trinta mil e quinhentos
reais), um aumento, portanto, no valor de R$180.000,00 (cento e oitenta mil reais), por meio
da emissão de 180.000 (cento e oitenta mil) ações ordinárias, nominativas e sem valor
nominal, ao preço de emissão de R$1,00 (um real) por ação, fixado de acordo com os critérios
do Artigo 170, §1º, I da Lei das S.A., todas subscritas e integralizadas pelo acionista Bijupirá
FIP, mediante a capitalização do crédito de AFAC, conforme boletim de subscrição que
integra a presente ata como Anexo I; (ii) Em decorrência do aumento de capital ora
aprovado, o caput do Artigo 5º do Estatuto Social da Companhia passará a vigorar com a
seguinte nova redação: “Artigo 5º - O capital social da Companhia é de R$608.330.500,00
(seiscentos e oito milhões, trezentos e trinta mil e quinhentos reais), dividido em
608.330.500 (seiscentos e oito milhões, trezentos e trinta mil e quinhentos) ações, todas
ordinárias, nominativas e sem valor nominal.” 6. ENCERRAMENTO, LAVRATURA E
APROVAÇÃO DA ATA: Nada mais havendo a ser tratado, foi a presente ata lavrada, lida,
aprovada e assinada acionista detentor da totalidade das ações de emissão da Companhia.
São Paulo, 19 de dezembro de 2014. Assinaturas: Mesa: Eduardo Silveira Mufarej Presidente; Paulo Henrique Altero Merotti - Secretário. Acionista: Bijupirá Fundo de
Investimento em Participações (por Fernando Shayer e Miguel Gomes Ferreira). A presente é
cópia fiel da ata lavrada em livro próprio. São Paulo, 19 de dezembro de 2014. MESA: Paulo
Henrique Altero Merotti - Secretário. JUCESP nº 34.554/15-4 em 22/01/2015. Flávia Regina
Britto - Secretária Geral em Exercício.
12 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
▲
EMPRESAS
Gabriela Murno
[email protected]
A bola ainda rola devagar nos gramados do país, mas o futebol já está travando alguns batalhas fora
das quatro linhas, com alguns dos
principais times brasileiros anunciando a troca de seus fornecedores de material esportivo. De retorno à série A, a Ponte Preta anunciou contrato com a Adidas; a Lupo Sport, marca esportiva da Lupo, é a nova fornecedora do Figueirense; e Cruzeiro trocou a Olympikus pela Penalty.
Mas as substituições não param por aí. A recém-chegada ao
Brasil Under Armour também movimenta o mercado. Após assinar
acordo milionário com o São Paulo no fim do ano passado — o time
troca de uniformes em maio, no
Campeonato Brasileiro —, a empresa americana tem mostrado interesse pelo Internacional, já tendo até se reunido com a direção
do clube, e feito com que a Nike
pensasse em antecipar a renovação do contrato, que vai até meados de 2016, com o time do Rio
Grande do Sul .
Os investimentos, dizem os especialistas ouvidos pelo Brasil Econômico, são cada vez maiores — o
São Paulo receberá R$ 135 milhões
pelos cinco anos de contrato com
a Under Armour; o Flamengo fechou contrato com a Adidas, em
2012, de R$ 380 milhões por dez
anos; e recentemente o Corinthians renovou com a Nike garantindo cerca de R$ 40 milhões
anuais até o fim do contrato em
2025. No entanto, não se sabe ao
certo quanto o mercado de forne-
Fornecedores de
material esportivo
travam batalha
fora dos gramados
Troca-troca no mundo da bola já agita 2015, com a chegada de novas
marcas, e outras atrás de novos times e da renovação de contratos
cimento de material esportivo movimenta no país. “O fornecimento de material é a maior caixa preta do marketing esportivo brasileiro”, diz o sócio-diretor da Pluri
Consultoria, Fernando Ferreira.
Segundo o responsável pela
área de Esportes da BDO Brazil, Pedro Daniel, esse mercado cresceu
no país nos últimos dez anos, e a
tendência é que a valorização continue e, consequentemente, o trocatroca de fornecedores também. Para ele, o valor agregado gerado por
esses contratos é bem maior do
que o conseguido com um patrocínio comum aos times, em que só é
colocada a marca no uniforme.
“A cada dia surgem novos produtos de times que essas empre-
Segundo especialistas
ouvidos pelo Brasil
Econômico, os acordos
envolvem cifras cada
vez maiores. No
entanto, ainda não
é possível calcular
quanto esse mercado
movimenta no total
sas podem explorar para expor
sua marca. Mais do que apenas estampar seu nome, elas apresentam seus produtos”, ressalta ele.
O professor de Gestão de Marcas da ESPM Rio, Antônio Carlos
Morim concorda, e reforça que é
muito difícil esse formato de contrato dar errado. “Um patrocinador ‘comum’ tem que valorar seu
retorno de acordo com o desempenho do time. Quando falamos de
produtos, o torcedor é o públicoalvo, então muitas vezes, independente do momento, o retorno é garantido. Até porque a produção é
muito bem pensada”, diz ele. “Claro que o volume vendido é maior
com novas contratações e quando
o clube está bem, mas, na minha
opinião, quase não tem como dar
errado”, completa.
Nos gramados brasileiros, a
Umbro — adquirida pela americana Iconix Brand Group em 2013 —
fornece material esportivo para
cinco (Vasco, Atlético-PR, Grêmio, Chapecoense e Joinville),
dos 20 clubes da elite do futebol nacional, o mesmo número da rival
Adidas (com Flamengo, Fluminense, Palmeiras, Ponte Preta e Sport)
e um a menos que a Nike (com Corinthians, Santos, Internacional e
Coritiba). Ainda vemos Puma
(Atlético-MG e Goiás), Fila (Avaí),
Penalty (Cruzeiro), Under Armour (São Paulo a partir de maio),
e Lupo Sport (Figueirense).
Para Morim, a chegada da Under Armour não esgota o mercado, mas sim reforça que ainda há
espaço para novas entrantes. “O
Brasil tem uma grande fatia de
mercado ainda com muito potencial para esse tipo de consumo.
Ele poderia ser, por exemplo,
mais levado e mais bem explorado em outros esportes, como
acontece em países como os Estados Unidos. Ainda estamos muito
atrás”, explica ele.
Ferreira ressalta, no entanto,
que o jogo muda, quando falamos
de médios e pequenos clubes, que
têm encontrado dificuldade para
conseguir materiais de qualidade,
com condições contratuais que valorizem os times. “O mercado ainda tem alguns entraves que precisam ser resolvidos e fazem com que
as empresas avaliem que médios e
pequenos podem não dar o retorno
que anseiam, como problemas de
distribuição, preço das camisas oficiais e a pirataria”, destaca.
OS TIMES DE CADA FORNECEDOR NA SÉRIE A
ADIDAS
PUMA
NIKE
FILA
4
5
2
Flamengo
Fluminense
Palmeiras
Ponte Preta
Sport
1
Atlético-MG
Goiás
Corinthians
Santos
Internacional
Coritiba
Avaí
UMBRO
LUPO
SPORT
5
Vasco
Atlético Paranaense
Chapecoense
Joinville
Grêmio
*A partir de maio; até lá, o São Paulo permanece com a Penalty
PENALTY
UNDER
ARMOUR*
1
São Paulo
1
Figueirense
1
Cruzeiro
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 13
TECNOLOGIA
NELSON VASCONCELOS
[email protected]
Fotos Reprodução
SELFIE É COISA SÉRIA
C
Editoria de Arte (sobre foto de divulgação)
omo vimos ontem aqui no BE, a Samsung
acaba de lançar uma linha de smartphones
de primeira. São os Galaxy A3, A5 e A7,
com preços variando entre R$ 1.199 e R$ 2.099.
Coisa fina mesmo, de que vamos falar qualquer
hora dessas, a ver se funciona mesmo.
Por sinal, achei interessante saber que o brasileiro
troca de celular, em média, a cada 13 meses. De
acordo com o Roberto Soboll,
diretor de produtos da Samsung,
tudo indica que vamos
continuar nessa média. O
brasileiro, pelo jeito, está
investindo bastante em
celular, porque esse tempo
de vida útil me parece
muito curto. Culpa não só
do hardware, que vai
perdendo o viço, mas
principalmente do software, que vai exigindo mais
e mais do aparelho. Bom... É esse jogo que mantém
viva a indústria de tecnologia.
Mas estava falando do novo Galaxy, cuja câmera
frontal tem nada menos que 5MP e é sob medida,
portanto, para o tal selfie. E justamente o que me
chamou atenção na apresentação do smartphone
para a imprensa foi o estudo sobre selfie
encomendado pela Samsung à consultoria
Antennas Business Insight, focada no mercado
mobile. A pesquisa mostrou que essa febre de
exibicionismo aparentemente tão bobo deveria ser
levada a sério pelas empresas. Não foi à toa que
‘selfie’ foi considerada a palavra de 2013, de acordo
com o dicionário ‘Oxford’. Desde então, vimos até o
Barack Obama fazendo graça em selfie...
Um dado interessante descoberto pela pesquisa,
por exemplo, é que 51% dos entrevistados só usam
o celular para fazer selfies. Estranho? Claro que
não, considerando que 75,85% do nosso mercado
ainda é de contas pré-pagas, como informou a
Anatel. Isso significa uso limitado para voz e
intenso para o compartilhamento de ‘conteúdo
próprio’ nas redes sociais, sobretudo em
ambientes com wi-fi. Outro ponto: 12% fazem
alguma selfie todos os dias. E por que digo que
selfie é coisa séria? Porque é um campo vasto a ser
explorado pelo marketing. Ou não?
A festa dos nerds
já está rolando
Vai de hoje até o próximo dia 8, no
São Paulo Expo (o velho Centro de
Exposição Imigrantes), a Campus
Party Brasil. Festa de gente grande,
sempre conectada ao futuro.
O programa merece consideração.
Entre os dez palcos, desfilarão
nomes como o neurocientista
Miguel Nicolelis, o professor de
Stanford que revolucionou a banda
larga, John Cioff, o “Zuckerberg
italiano”, Matteo Achilli,
o pesquisador da NASA Matthew
Reyes, Ime Archibong, do Facebook
e o criador do primeiro mp3,
Nathan Schulhof, entre outros.
O bom é que grande parte das
600 horas de programação estará
online, em campuse.ro.
Google Earth Pro
agora é gratuito
O Google Earth Pro, que custava
US$ 400 por ano, agora é gratuito.
É uma linda brincadeira,
principalmente com a criançada,
que certamente tem muito a
aprender sobre nosso planetinha.
Para usar o serviço completo,
basta baixar o software em
www.google.com/earth/download/
gep/agree.html.
CENSURA SÉCULO XXI
■ Graças a ‘amigos’ sem noção do
Facebook, já vi muita maldade
publicada na minha timeline. Já vi
crianças, animais, mulheres e
homens apanhando ou, mesmo,
morrendo. A publicação de
inúmeras atrocidades é livre. Mas
nu, nu artístico, não pode. Nem
seios aqui, bundinha ali, nada
disso. O responsável pela
publicação é punido com
advertência, suspensão ou até a
expulsão da rede social. E nem
estou falando de pornografia.
E Google, então? Você vai lá,
pesquisa e encontra as maiores
aberrações da Humanidade.
Muitas delas, em vídeo. E tudo
bem. Mas, quando um site de
notícias publica a bunda da Paolla
Oliveira (que sim, é notícia!), o
Google vai e adverte o editor do
tal site, dizendo que está
contrariando as normas da casa.
Resumo da história: a polícia de
bons costumes e a censura estão
mais do que ativas.
Onde será que isso vai parar?
Pau de selfie está
na mira da polícia
E por falar em selfie: o tal do
pau de selfie — que, dizem, foi
inventado pelo compositor Falcão —
está sendo proibido em estádios de
futebol. O problema, para variar, é
que sempre tem alguém que pode
aproveitar o acessório como uma
arma de guerra. Ah, a humanidade...
Coluna publicada às terças-feiras
14 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
Principais feitos tecnológicos do Pré-Sal
1. PRIMEIRA BOIA DE SUSTENTAÇÃO DE RISERS (BSR).
2. PRIMEIRO RISER RÍGIDO DESACOPLADO E EM CATENÁRIA
LIVRE, CHAMADO DE STEEL CATENARY RISER (SCR).
3. MAIS PROFUNDO STEEL LAZY WAVE RISER (SLWR).
4. MAIS PROFUNDO RISER FLEXÍVEL.
5. PRIMEIRA APLICAÇÃO DE RISERS FLEXÍVEIS COM
MONITORAMENTO INTEGRADO.
6. RECORDE DE
PROFUNDIDADE
DE LÂMINA D’ÁGUA
(2.103 m) PARA
PERFURAÇÃO DE UM
POÇO SUBMARINO
COM A TÉCNICA DE
PRESSURIZED MUD
CAP DRILLING (PMCD)
COM SONDA DE
POSICIONAMENTO
DINÂMICO.
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 15
7. PRIMEIRO USO
INTENSIVO DE
COMPLETAÇÃO
INTELIGENTE EM
ÁGUAS ULTRAPROFUNDAS,
EM POÇOS
SATÉLITES.
8. PRIMEIRA SEPARAÇÃO DE CO2 ASSOCIADO AO GÁS
NATURAL EM ÁGUAS ULTRA-PROFUNDAS - 2.220 m - COM
INJEÇÃO DE CO2 EM RESERVATÓRIOS DE PRODUÇÃO.
9. MAIS PROFUNDO POÇO
SUBMARINO DE INJEÇÃO
DE GÁS COM CO2 - 2.220 m
DE LÂMINA D’ÁGUA.
10. PRIMEIRO USO DO MÉTODO
ALTERNADO DE INJEÇÃO
DE ÁGUA E GÁS EM ÁGUA
ULTRA-PROFUNDA - 2.200 m.
16 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
Petrobras
recebe o prêmio
Offshore
Technology
Conference
2015
MAIOR PRÊMIO DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO
E GÁS OFFSHORE MUNDIAL
Em maio de 2015, em Houston (EUA), a Petrobras receberá pela terceira vez o
prêmio OTC Distinguished Achievement Award for Companies, Organizations, and
Institutions em reconhecimento ao conjunto de tecnologias desenvolvidas para
a produção da camada Pré-Sal. Esse prêmio é o maior reconhecimento que uma
empresa de petróleo pode receber na qualidade de operadora offshore. Em 1992,
a Petrobras recebeu o prêmio por conquistas técnicas notáveis relacionadas ao
desenvolvimento de sistemas de produção em águas profundas relativas ao campo
de Marlim e, em 2001, por avanços nas tecnologias e na economicidade de projetos
de águas profundas, no desenvolvimento do campo de Roncador.
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 17
Em carta comunicando a premiação à Petrobras, o Presidente da Offshore
Technology Conference (OTC), Edward G. Stokes, destacou: “Este prêmio é um
reconhecimento das conquistas notáveis, significativas e únicas alcançadas
pela Petrobras, e das grandes contribuições para a nossa indústria (óleo e gás
offshore). O comitê de seleção (da OTC) ficou extremamente impressionado
com esta nomeação. As conquistas que a Petrobras fez na perfuração e produção
desses reservatórios desafiadores são de classe mundial. A indústria aprendeu
muito a partir das informações compartilhadas pela Petrobras sobre o Pré-Sal
nos artigos e sessões apresentados na OTC. Nós todos nos beneficiamos do
seu sucesso.”
PRODUÇÃO NO PRÉ-SAL
O recente recorde de produção de óleo na camada Pré-Sal, de 713 mil barris diários
de petróleo, obtido em 21/12/2014, demonstra a robustez das tecnologias aplicadas.
18 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
E$PORTE CLUBE
CHICO SILVA
[email protected]
BANDEIRA PRETA
Fotos Divulgação
E
m 2016 a cena ao lado
completará 30 anos. Foi a
última vez que dois pilotos
brasileiros fizeram uma dobradinha
em um GP Brasil de F-1. A vitória foi do
tricampeão Nelson Piquet, com o
futuro tri Ayrton Senna em segundo,
no extinto autódromo de
Jacarepaguá, no Rio. Uma época de
ouro que parece ter ficado num
passado distante. O esporte a motor
no Brasil vive uma agonia sem fim.
Semana passada sofreu mais um
duro golpe. O país que organizou uma
Copa e se prepara para receber uma
Olimpíada, viu uma prova de Fórmula
Indy ser cancelada a pouco mais de
um mês de sua realização. Um
vexame que envolve o falido governo
do Distrito Federal, onde a corrida
seria realizada, e a Rede
Bandeirantes, sua organizadora e
fiadora. Band e GDF se preparam
agora para uma batalha nos tribunais.
O pedido de cancelamento veio do
Ministério Público do DF, que
questionou os valores e termos do
contrato. A Terracap, autarquia que
realizava os pagamentos para
reforma do autódromo Nelson Piquet,
apoio ao evento e compra de mídia,
informa ter repassado R$ 17,5 milhões
ao grupo Bandeirantes. Alegando que
apenas cumpriu uma determinação
do MP, o governo pretende ser
ressarcido desse valor. Procurada
pela coluna, a Band, que corre o risco
de pagar uma milionária multa de R$
70 milhões pela não realização da
prova à Indy Car, não se manifestou.
Com apenas uma categoria atrativa, a
Stock Car, poucos patrocinadores de
peso, os maiores são Itaipava e Nova
Schin, e circuitos cada vez mais
obsoletos, ou até mesmo derrubados,
caso do velho Jacarepaguá,
que deu lugar ao Parque Olímpico,
o país de Emerson, Piquet
e Senna não sai mais da marcha ré.
Ingresso barato x
novos tempos
Em conversa com a coluna, Dênio
Cidreira, executivo da Odebrecht e
do Consórcio Maracanã, afirmou
que para se pagar cada jogo no
estádio deveria ter renda mínima
bruta de cerca de R$ 300 mil. Das 74
partidas disputadas ali em 2014, 52
registraram rendas acima desse
valor. Sem ingresso tabelado, desejo
da Federação do Rio, o Flamengo foi
o clube que mais vezes ultrapassou
a linha de corte dos R$ 300 mil.
ESPN vence batalha
das hashtags no SB
ESPN e Esporte Interativo travaram
no Twitter uma batalha tão acirrada
quanto New England Patriots e
Seattle Seahawks pelo título do
Super Bowl 49. A vantagem ficou
com a ESPN, que com a hashtag
#espntemsuperbowl49, deixou a
concorrente, recentemente
adquirida pelo grupo Turner, na
rabeira. A hashtag do canal do
grupo Disney terminou a noite na
liderança dos trending topics Brasil.
Número da semana
INVESTCRAQUE
Zico,
maior ídolo da história do Flamengo
Ninguém fez mais gols e conquistou
mais títulos com a camisa do Flamengo do
que Arthur Antunes Coimbra. Ou Zico,
como ficou mundialmente conhecido pelas
jogadas e golaços que fez com a camisa
rubro-negra e da Seleção Brasileira. Só
faltou para ele um título mundial com a
canarinho, algo que passou bem perto na
Copa de 82, quando era o maestro do
time que encantou o mundo. Depois de
encerrar a carreira no Brasil, se tornou
um Deus no Japão, onde pendurou as
chuteiras no Kashima Antlers. Esse ano
Zico será o principal comentarista das
transmissões da Champions League pelo
Esporte Interativo. O Galinho tem
70% do patrimônio investido em
imóveis. O restante investe em
seu clube, o CFZ, e em
aplicações bancárias.
R$ 15 mi
Esse é o valor da premiação total da
nova edição da Copa do Nordeste,
também conhecida como Lampions
League. O torneio começa essa
semana e terá pela primeira vez a
participação de times do Maranhão e
do Piauí. A Copa do Nordeste está se
firmando como a principal
competição regional do país.
Coluna publicada às terças-feiras
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 19
Akio Kon/Bloomberg
▲
EMPRESAS
TECNOLOGIA
Sony investe em sensores de imagem
Divulgação
A Sony vai investir US$ 892,4 milhões para elevar sua capacidade
de produção de 60 mil sensores de imagem ao mês para 80 mil
unidades mensais, até junho do ano que vem, em suas três fábricas
no Japão. A empresa aumenta o foco no negócio, que está
se tornando um dos mais fortes da empresa, que sofre em meio
às dificuldades dos segmentos de TV e de operações móveis. Reuters
Segundo comunicado da Lafarge, a venda de ativos das duas companhias no Brasil incluiria três fábricas, duas estações de moagem e uma usina de concreto
CRH compra ativos da Holcim
e da Lafarge por US$7,4 bilhões
Com aquisição, grupo se torna o terceiro maior fornecedor de construção do mundo e líder na Europa
O grupo irlandês de materiais de
construção CRH acertou pagar ¤
6,5 bilhões (US$ 7,4 bilhões) pelos ativos que Lafarge e Holcim
precisavam vender para garantir
a aprovação regulamentar para
sua planejada fusão.
O CRH, principal produtor de
asfalto para estradas nos Estados
Unidos, informou ontem que o
acordo expandirá seu alcance global, fazendo da companhia a
maior fornecedora de construção
na Europa Central e Oriental e a
terceira maior do mundo.
A empresa vai financiar a compra, que irá duplicar sua exposição aos mercados emergentes,
com ¤ 2 bilhões em dinheiro, nova dívida e uma colocação de
ações de 9,99%, segundo comunicado divulgado.
“Estamos adquirindo uma carteira de ativos de qualidade que
complementa as nossas posições
existentes a um valor atrativo e no
ponto certo do ciclo (econômico)”, disse o presidente-executivo do CRH, Albert Manifold.
Ainda segundo
o comunicado
da irlandesa,
os ativos brasileiros
combinados da
Lafarge e da Holcim
geraram em 2014,
juntamente com a
operação nas Filipinas,
receita de € 0,6 bilhão
Lafarge e Holcim anunciaram
planos de fusão no ano passado,
na esperança de reduzir custos e
combater o excesso de capacidade e fraca demanda. A nova empresa será a maior fabricante de
cimento do mundo, com US$ 44
bilhões em vendas anuais.
Ambas disseram que a venda
para o CRH assegurava que sua
fusão estava no caminho certo
para ser concluída no primeiro
semestre deste ano, com a grande maioria dos ativos que precisavam vender sendo agora detidos por compradores.
O CRH disse que estava comprando ativos principalmente na
Europa, Canadá, Brasil e Filipinas, e que o negócio impulsionaria, se concluído em meados de
2015, seu lucro recorrente em cerca de 25% no primeiro ano completo de propriedade. Cerca de ¤
90 milhões de sinergias — líquidas de custos de implantação —
também deverão ser alcançados
nos três primeiros anos pós-aquisição, acrescentou a empresa.
NÚMEROS
25%
É a estimativa de alta no lucro
recorrente, feita pela CRH, no
primeiro ano completo após a
aquisição dos ativos.
¤ 90 mi
É a projeção obtida com sinergias
— líquidas de custos de
implantação — a ser alcançada nos
três primeiros anos pós-aquisição,
acrescentou a empresa.
No Brasil, os ativos da Lafarge
e Holcim postos à venda, segundo comunicado publicado no site
da Lafarge, incluem três fábricas
integradas, sendo duas da Lafarge — Matozinhos e Arcos Jazida,
ambas em Minas Gerais — e uma
da Holcim, a Cantagalo (RJ),
além de duas estações de moagem da Lafarge, a Arcos Cidade e
a Santa Luzia (MG), que juntas
possuem capacidade total de 3.6
milhões de toneladas de cimento, e uma usina de concreto da
Holcim, em Pouso Alegre (MG).
Ainda segundo o comunicado
divulgado pela companhia irlandesa, os ativos brasileiros combinados da Lafarge e da Holcim geraram em 2014, juntamente com
a operação nas Filipinas, uma receita de € 0,6 bilhão, a segunda
maior fora da Europa. Apenas o
Canadá, com € 1 bilhão de faturamento no ano passado, registrou
receita maior fora da União Europeia. A aquisição ainda depende
de aprovação de órgãos regulatórios. Com Reuters
20 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
▲
FINANÇAS
Editora: Eliane Velloso
Murillo Constantino
[email protected]
Fundo imobiliário unifica regras
Equiparar o estrangeiro a pessoa física doméstica que investe no segmento também está na agenda da Anbima
Modernizar a resolução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
que regulamenta os fundos imobiliários, a 472 , e equiparar o estrangeiro a pessoa física doméstica
que investe no segmento são alguns dos temas que estarão na
agenda da Associação Brasileira
das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima)
este ano, segundo o diretor da instituição, Rodrigo Cesar Machado.
A pauta tributária da entidade
será apresentada para o Ministério da Fazenda e para a Receita Federal ainda no primeiro trimestre,
de acordo com o executivo, mas
observa que, como é uma questão
ampla, deve ser trabalhada durante todo o ano. O fundo imobiliário
é o único fundo financeiro que
tem uma lei específica e, em função disso, uma série de questões
tributárias foram desenvolvidas
para o segmento. “O mercado entendeu que seria importante fazer
a consolidação das regras, incluindo pontos importantes para serem discutidos com a Receita Federal”, diz, se referindo à condi-
ção fiscal que é dada para o investidor doméstico e também a questão da distribuição de dividendos.
Na primeira situação, Machado
explica que o objetivo é ampliar o
“hall” de investidores, como o estrangeiro, e, para isso, é necessário que eles tenham condição favorável para fazer o investimento.
“Pessoa física doméstica não é tri-
“
O mercado entendeu
que seria importante
fazer a consolidação
das regras,
incluindo pontos
importantes para
serem discutidos
com a Receita
Federal”
Rodrigo Cesar Machado
Diretor da Anbima
butada e estrangeiro é. Vamos esclarecer que não é uma renúncia
fiscal. O governo entendeu que seria interessante incentivar o lado
do investidor porque atrai investimento de longo prazo a custo mais
eficiente”, diz. No caso das debêntures, ele ressalta que hoje cada administrador faz de um jeito e a meta é consolidar numa única regra.
Quanto à modernização da resolução 472, Machado ressalta que o
objetivo é estabelecer uma padronização mínima, principalmente
para analistas que têm dificuldades em obter informações de fundos imobiliários para fazer comparação. “Vai ajudar no entendimento do mercado com maior transparência. Está na mão da CVM. Eles
(CVM) acham que a modernização
deve sair no fim do primeiro semestre”, diz.
Outro ponto, mas que deve ser
divulgado em breve, é a classificação dos fundos imobiliários, que
não está ligada a mesma classificação dos fundos em geral. “São regras distintas. Vai ser uma auto regulação”, diz, ressaltando que hou-
ve um alinhamento com a Bolsa para uma única classificação. “Houve todo um trabalho de analise visando uma única metodologia. Foi
feito um trabalho em conjunto
com a Bolsa e já está concluído”,
diz, acrescentando que falta apenas a parte de sistema que irá colher as informações. “Me parece
que a classificação deve sair por
agora”, afirma.
O presidente do Comitê gestor
de patrimônio da Anbima, Richard Ziliotto, que também estava presente no evento, destacou
que o investidor estrangeiro continua com apetite por Brasil. “A Europa vai mal e na América Latina,
se o Brasil estiver ruim, há raríssima exceção de um país estar bem.
O Brasil é um mercado importante e esses caras não vão entrar
quando tudo está esticado, eles
vão entrar agora. Tem muito dinheiro vindo para setor imobiliário, infraestrutura, serviços”, diz.
Ziliotto avalia ainda que no final do segundo semestre deve começar a surgir a janela de oportunidades e será possível acontecer
oferta pública inicial (IPO). “Vai
aparecer bastante coisa de investidor que comprou lá trás e vai sair
via mercado de capitais, IPO. Primeiro semestre é mais difícil, por
conta do esquema Lava Jato mas,
a partir do segundo semestre já deve começar a ver. A equipe econômica começa trazer confiança para o investidor”, diz.
“
Europa vai mal e na
América Latina, se o
Brasil estiver ruim, há
raríssima exceção. O
Brasil é um mercado
importante, esses caras
não vão entrar quando
tudo está esticado, vão
entrar agora”
Richard Ziliotto
Diretor da Anbima
Com Petrobras, Ibovespa abre fevereiro em alta
No dia, o índice cresceu
1,58%, a 47.650 pontos.
O volume financeiro
somou R$ 5,57 bilhões
A Bovespa fechou ontem o primeiro pregão de fevereiro no azul, guiada pela recuperação das ações da
Petrobras e avanço nos papéis da
Vale. Ações do setor elétrico ficaram entre as maiores alta do dia,
na véspera de reunião da Aneel
que deve votar os parâmetros do
próximo ciclo de revisão tarifária e
o orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).O Ibovespa encerrou o dia em alta de
1,58%, a 47.650 pontos. O volume
financeiro da sessão somou R$
5,57 bilhões.
Após perder mais de 6% em janeiro, o principal índice da bolsa
começou a segunda-feira volátil,
com investidores ainda reticentes
sobre o cenário macroeconômico,
enquanto portfólios de ações reforçavam ainda as preocupações com
o risco de racionamento de energia
e potenciais efeitos de desdobra-
mentos das investigações de corrupção na Petrobras.As ações da estatal chegaram a enfraquecer no final da manhã, mas firmaram-se
em alta na segunda etapa do dia,
após perdas fortes na sexta-feira.
Ações de bancos terminaram
sem uma tendência única, com
os privados Itaú Unibanco e Bradesco no azul, enquanto Banco
do Brasil caiu 2,23%, após apresentarem volatilidade ao longo
da sessão com incertezas sobre a
exposição das instituições financeiras à Petrobras.
Os papéis ON da Vale subiram
6,07% e as preferenciais ganharam 4,05%, reforçando a recuperação, depois que a mineradora propôs na sexta-feira o pagamento de
US$ 2 bilhões em remuneração mínima a acionistas em 2015, reduzindo pela metade o valor pago um
ano antes.
O BTG Pactual avaliou positivamente a decisão, citando em relatório que a preservação do balanço é
fundamental até 2016. Mas reduziu o preço-alvo para o ADR (recibo de ação nos Estados Unidos) da
mineradora para US$ 10, ante US$
12 anteriormente. Também chamou a atenção a forte alta de papéis do setor elétrico, como CPFL
Energia, Light e Copel, antes de
reunião da Aneel nesta terça-feira.
CPFL Energia ainda foi incluída
na carteira recomendada de ações
do BTG Pactual para fevereiro, apesar de os estrategistas da casa afirmarem em relatório que estão preocupados com a possibilidade de racionamento de energia no Brasil.BB
Seguridade, considerado um papel
defensivo, avançou 2,04%. Reuters
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 21
O MERCADO COMO ELE É...
LUIZ SÉRGIO GUIMARÃES
[email protected]
JURO SOBE NA CONTRAMÃO DO PIB
Editoria de Arte
O
s juros abriram a semana em alta no mercado futuro da
BM&F. Trata-se de um movimento apartado da realidade, em
que ação e pensamento não se combinam. Mas,
tecnicamente, não tem outra saída: se o dólar sobe e se as
expectativas inflacionárias persistem em deterioração, os contratos
futuros de juros sofrem correções inevitáveis, decorrentes da
retração da parcela de investidores que assume a ponta prefixada, a
que corre o risco da inflação. Mesmo as instituições que não
acreditam que o Banco Central irá ampliar a dose do seu aperto
monetário para atacar essa degradação das expectativas não podem
ir contra todo o mercado, uma vez que os contratos são ajustados
diariamente por diferença. Ou seja, o DI futuro sobe divorciado da
política monetária, das fábricas e das ruas.
O avanço dos juros foi generalizado e progressivo. Como os contratos de prazo mais distantes aceleraram com velocidade superior à
dos de curto prazo, a inclinação
negativa da curva ficou menos
acentuada — um sintoma de piora
das expectativas. Enquanto a taxa
para o fim do ano subiu 0,08 ponto (de 12,77% para 12,85%), o DI
para janeiro de 2017 teve alta de
0,13 ponto (de 12,51% para
12,64%) e o contrato para janeiro
de 2021 saltou 0,20 ponto, de
11,93% para 12,13%.
Em alta, os DIs se entregam a
uma alucinação coletiva pela simples razão de que Copom não pode subir a taxa Selic para além do
que já foi acertado. Deve fazer na
próxima reunião, marcada para o
começo de março, o ajuste derradeiro e simbólico de 0,25 ponto,
uma vez que já amplamente sinalizado, e encerrar o ciclo com taxa
de 12,5%. Não pode ir além porque o principal indicador da saúde da economia brasileira — a evolução do PIB — não para de piorar. Pela quinta semana consecutiva, as cem instituições que participam da pesquisa Focus do BC reduziram suas projeções para o
crescimento da economia este
ano. No boletim divulgado ontem, a mediana das estimativas recuou de 0,13% para 0,03%. Vai
parar por aí? Não vai.
O próprio método de cálculo
das previsões — expurga os extremos pessimistas e otimistas e
realça as convergências – induz
a um deslocamento suave dos
prognósticos. Um indicador precisa piorar acentuadamente e de
uma hora para outra para o Focus consignar alterações drásticas. Mas já há muita gente boa e
sóbria no mercado prevendo um
PIB negativo. Pode-se tomar o
exemplo do Itaú. O departamento econômico da instituição mudou ontem a projeção de crescimento para este ano, de 0,2% para -0,5%. E o banco faz questão
de frisar que à essa nova expectativa não foram agregados cálculos sobre o possível impacto recessivo de eventuais racionamen-
tos de energia elétrica e água.
Tais racionamentos poderiam diminuir o crescimento em 0,6
ponto adicional. Ou seja, o PIB
poderá este ano sofrer uma contração de 1,1%.
Diante disso, não dá para pensar em ciclo longo de aperto monetário. Nem se o IPCA se sustentar no patamar de 7% ao ano. Há
economistas que acreditam na
possibilidade de o acumulado de
doze meses do índice oficial de inflação recuar a partir do terceiro
trimestre do ano, despedindo-se
do vergonhoso nível de 7%, por
efeito da recessão econômica, a
ponto de fechar o ano ainda abaixo do teto de 6,5% da banda inflacionária. A mediana do Focus não
contempla essa perspectiva mais
otimista. Também pela quinta semana em sequência, as instituições participantes aumentaram
suas apostas de IPCA para o acumulado de 2015. A projeção subiu
de 6,99% para 7,01%, quando estava perto de 6,5% quando iniciou a escalada, no final de dezembro. Se os 7% se mostrarem incontornáveis, será melhor definir
uma meta ajustada de inflação,
mais elevada, do que aumentar a
dose do aperto.
O uso da política monetária para combater uma inflação que
não é de demanda, mas fruto de
um choque de custos, é completamente inadequado. Se for exagerada, agrava a principal fonte do
surto inflacionário, o descontrole
das finanças públicas produzido
por políticas equivocadas no passado, como a compressão de tarifas para sedar o IPCA e o incentivo à demanda por meio de gastos
públicos e crédito subsidiado.
Quando maior for o juro, maior terá de ser o ajuste fiscal para evitar
que a dívida cresça como proporção do PIB. O ministro Joaquim
Levy voltará a “enxugar gelo” – a
sua principal queixa durante os
três primeiros anos no governo
Lula: na secretária do Tesouro,
ele cortava o gasto para logo em
seguida o BC de Henrique Meirelles expandi-lo através da política
monetária.
A bola de neve da dívida opera
contra as boas intenções do gestor fiscal. O volume de pagamentos só de juros da dívida pública
pulou de R$ 185,8 bilhões em
2013 para R$ 251,1 bilhões em
2014 – um salto de 35,14% ou R$
65,3 bilhões. Ou seja, em apenas
um ano o Bolsa-juros cresceu o
equivalente a 2,6 anos de dispêndio de recursos para o Bolsa Família. A conta de juros se amplia porque a Selic sobe e porque a taxa incide sobre um montante maior. A
dívida cresce porque o Tesouro
precisa captar mais dinheiro junto ao público para financiar subsídios setoriais, desonerações, crédito farto a juro abaixo do praticado no mercado.
O juro alto também é inconveniente na atual conjuntura por
causa do estado lastimável da economia mundial. Em tese, o juro
elevado provoca recessão e desemprego empurrando as empresas ao mercado exterior. Só que,
para isso, elas precisam de um
câmbio competitivo. Mas a Selic
alta atrai investidores de fora e impede a desvalorização cambial.
Sem câmbio adequado, as empresas não conseguem competir
num mercado global onde há muita oferta e escassa demanda.
As duas principais economias
do mundo perdem ímpeto. Em relação à China, a desaceleração
não é nenhuma novidade. Os
PMIs chineses vieram aquém das
expectativas. O índice oficial da
indústria de transformação cedeu de 50,1 em dezembro para
49,8 em janeiro, quando os analistas previam alta para 50,2 pontos. Já o privado, calculado pela
Markit, caiu de 49,8 para 49,7.
Surpresa negativa mesmo foi dada pela indústria dos EUA. O índice recuou de 55,1 para 53,5, ante
expectativa de 54,5 pontos.
A decepção provocada por esses indicadores reforçou a aversão global a risco, sinônimo de
desvalorização das moedas de
países emergentes. Contra o real,
o dólar fechou em alta de 0,96%,
cotado a R$ 2,7152. Pouco adiantou a sinalização do BC de que
pretende este mês rolar praticamente todo o lote de US$ 10,44 bilhões em swaps cambiais que
vencem no dia 2 de março. Ele
pretende oferecer aos tomadores
13 mil contratos por dia, no valor
de US$ 650 milhões, para renovar os papéis antigos. A valorização de ontem do dólar foi a quarta consecutiva. Do dia 28 até ontem, já subiu 5,63%. O câmbio viveu duas fases distintas no ano.
Foram 20 dias de namoro com o
ministro Levy, do dia 7 ao 27, período durante o qual o dólar caiu
5,1%. Inaugurou-se depois uma
etapa de estranhamento.
22 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
▲
FINANÇAS
BMG lidera queixas a bancos
no segundo semestre de 2014
Instituição teve índice de queixas de 305,41 em ranking divulgado pelo Banco Central (BC); Santander ficou
em segundo lugar, com 65,36, seguido por Banrisul, com 54,76, HSBC, que somou 52,54, e Caixa, com 48,59
Mariana Pitasse
[email protected]
O banco BMG liderou o ranking
de queixas contra instituições financeiras com mais de dois milhões de clientes no segundo semestre do ano passado, segundo
levantamento divulgado ontem
pelo Banco Central (BC). Nos seis
últimos meses do ano passado, o
banco teve 694 reclamações julgadas procedentes e índice de queixas de 305,41.
Para o cálculo do índice, o BC
utiliza o número de reclamações
da instituição financeira para cada 1 milhão de clientes. Para chegar a ele, as reclamações são divididas pelo número de clientes do
banco e multiplicadas por 1 milhão. A posição da instituição financeira no ranking do BC, então,
depende do índice, mesmo que tenha sido alvo de mais reclamações
em números absolutos.
Portanto, o resultado ultrapassa bastante o índice de 65,36 alcançado pelo Santander, instituição que ficou segundo lugar entre
os mais reclamados. No total, o número de queixas do banco foi de
2.033 no mesmo período. O terceiro lugar, no semestre, ficou com o
Banrisul, com 210 queixas e índice de 54,76. Em seguida veio o HSBC com total de 534 queixas acumuladas e índice de 52,54. Já a Caixa Econômica Federal somou
3.581 queixas e índice de 48,59.
Segundo a advogada da Proteste Associação de Consumidores,
Tatiana Viola de Queiróz, os resultados registrados pelo BMG também são recorrentes no banco de
dados da instituição.
“Infelizmente essa é característica do BMG, que sempre lidera as
reclamações, principalmente porque não dá resposta ao consumidor. A instituição apresenta problemáticas complexas na relação
ao consumidor, com destaque para as transações com empréstimo
consignado. Outra queixa recorrente feita pelos clientes do banco
é o fato de a instituição não aceitar
fazer renegociações para quitar
parcelas de financiamentos à vista”, afirma a advogada.
Os principais motivos de reclamações apontados pelo levantamento, foram irregularidades relativas à confiabilidade, segurança,
sigilo ou legitimidade, com 1.915
RANKING DE RECLAMAÇÕES
DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
Bancos e financeiras com mais de dois milhões de clientes
(segundo semestre/2014, por índice de reclamações*)
BMG
B
305,41
1
Santander
S
65,36
2
Banrisul
B
3
54,76
HSBC
H
52,54
4
Caixa Econômica Federal
C
48,59
5
Bradesco
B
33,80
6
Mercantil do Brasil
M
queixas procedentes. O débito em
conta de depósito não autorizado,
com 1.806 reclamações, apareceu
em segundo lugar. “Justamente
pelo alto número de reclamações
que os bancos sempre registram,
os consumidores nutrem insegurança generalizada com relação a
confiabilidade dessas instituições. Todo mundo já teve problema pelo uma vez na vida com bancos”, afirma Tatiana Viola.
A restrição à realização de portabilidade de operação ficou terceiro lugar, com 1.660 queixas.
Por fim, a cobrança de tarifa por
serviços não contratados e insatisfação com a resposta recebida de
reclamação vieram em quarto e
quinto lugares, respectivamente,
com 838 e 679 reclamações. No total, houve mais de 16 mil queixas
procedentes no segundo semestre
do ano passado.
“Ainda temos índices bem baixos de reclamações. As pessoas,
geralmente fazem a queixa para
os próprios bancos. Para dar um
passo adiante, é preciso que se
tenha em jogo um valor considerável para renda daquele consumidor. É necessário um trabalho de conscientização da população sobre os seus direitos, só
assim encontraremos melhoras
no atual quadro de infrações das
instituições bancárias”, conclui
a advogada. Com Abr
31,86
7
Banco do Brasil
B
30,00
8
Itaú
It
29,48
9
Votorantim
V
10
1
25,25
Banco do Nordeste do Brasil S.A.
B
11
1
0,23
*Número de reclamações reguladas procedentes dividido pelo número de clientes e multiplicado por 1.000.000
Fonte: Banco Central
“
Devido ao alto número
de reclamações que os
bancos registram, os
consumidores nutrem
insegurança em relação
a confiabilidade dessas
instituições. Uma vez na
vida, todo mundo já teve
problemas com bancos”
Tatiana Viola de Queiróz
Advogada da Proteste
Itaú encabeça
lista de gestoras
de consórcio
Além das instituições
financeiras, o levantamento
do Banco Central (BC)
também apresentou
resultados do ranking de
administradoras de
consórcio que mais
receberam reclamações no
segundo semestre de 2014.
Ocupando o primeiro lugar,
a Itaú Administradora de
Consórcios apareceu com
índice de 1.081,82, resultado
do cálculo realizado
a partir das 310
reclamações procedentes.
Com igual metodologia do
levantamento feito para
instituições financeiras, o
índice representa o número
de reclamações da para cada
1 milhão de clientes. Para
chegar a ele, as reclamações
são divididas pelo número de
clientes e multiplicadas
por 1 milhão.
Em seguida, aparece a
Suzuki Motos
Administradora de Consórcio
com índice de 221,29 e 5
reclamações procedentes.
Em terceiro lugar, Itaú
Unibanco Veículos
Administradora de
Consórcios aparece com
índice de 218,07 e 25 queixas.
Já Confev Administradora de
Consórcios ocupa o quarto
lugar e Caixa Consórcios o
quinto. O primeira teve 3
queixas mas índice de 210,40.
A Caixa, por sua vez,
acumulou 15 reclamações
e teve índice de 103,94.
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 23
Pine tem exposição à Lava Jato
Banco informa ao mercado que tem 3% da carteira emprestada a empreiteiras investigadas pela operação
O Banco Pine informou ontem ao
mercado que cerca de 3% da sua
carteira de crédito, que estão classificados no setor de infraestrutura, estão relacionados a empresas
investigadas pela Operação Lava
Jato, que investiga indícios de corrupção na Petrobras.
Em fato relevante, o banco
acrescentou que operações junto
às maiores empresas do setor de
açúcar e etanol respondem por
14% de sua carteira de crédito,
com empresas de construção civil
respondendo por outros 12 %.
Segundo a agência Bloomberg, a exposição a estes setores
estaria prejudicando a capacidade do banco de se financiar no
mercado de bonds. Os custos de
captação do banco mais que dobraram em relação aqueles de
mercados emergentes depois que
a Moody’s Investors Service reduziu seu rating para um nível abaixo do grau especulativo.
A 13%, os bonds do Pine hoje
são considerados na categoria conhecida como “distressed”. A
preocupação é de que a inadimplência poderá subir e reduzir gradualmente seu capital, segundo a
Fator Corretora.
“Construtoras e as empresas
de etanol estão enfrentando dificuldades grandes, e as coisas não
devem melhorar muito no curto
prazo”, disse Samuel Torres, analista da Fator. “Nós estimamos
provisões mais elevadas e que custos de captação deverão subir para o Pine”, acrescentou.
Na sexta-feira passada o Pine
disse à agência Bloomberg que o
banco reitera sua política conservadora na administração de sua
carteira de crédito, e que a maior
parte dos empréstimos concedidos ao setor de construção se refere a desenvolvedores de projetos
residenciais e comerciais. As notas subordinadas do Pine tiveram
um declínio de US$ 0,038, para
US$ 0,9195. Os bonds caíram US$
0,083 em janeiro, pior desempenho para um único mês desde sua
emissão em 2010. Juntos, os setores de construção, açúcar e álcool
responderam por 26% dos empréstimos do banco em setembro,
maior fatia no Brasil, segundo a
Moody’s. Esse percentual se compara com 14,5% no BicBanco, e a
menos de 6,5% no Banco Daycoval. Com agências
Títulos do Tesouro
dos EUA perdem
atratividade
Maior volatilidade dos
Treasuries preocupa
economistas e
operadores do mercado
Negociar títulos do Tesouro americano está ficando cada vez
mais difícil. Durante décadas, o
mercado de dívida do governo
dos EUA, de US$ 12,5 trilhões,
era conhecido por sua “profundidade”, termo empregado por
Wall Street para descrever a capacidade que um mercado tem para processar grandes transações
sem modificar muito os preços.
Mas, nos últimos tempos, essa resiliência tem praticamente desaparecido — e isso é um grande
motivo de preocupação.
A menor profundidade acarretou uma volatilidade maior. Portanto, os títulos do Tesouro — o
ativo visto como refúgio do mundo durante épocas de agitação —
poderiam estar vulneráveis a
mais perturbações.
Os títulos do Tesouro,
os ativos vistos como
refúgio do mundo,
estariam vulneráveis
a mais perturbações,
ainda mais com
a perspectiva
de alta dos juros
pelo Federal Reserve
Quanta profundidade o mercado perdeu? Há um ano, era
possível negociar cerca de US$
280 milhões em títulos do Tesouro sem causar uma mudança nos
preços, segundo o JPMorgan
Chase. Agora, essa cifra é de US$
80 milhões.
“É algo com que todos nós temos que lidar”, disse James Sarni, gerente de recursos da Payden Rygel, que administra US$
85 bilhões, em Los Angeles.
“Existe a possibilidade de que
queiramos sair em um momento
em que não possamos”.
A redução da profundidade do
mercado e o rápido aumento da
volatilidade vieram à tona em 15
de outubro, quando os yields dos
títulos do Tesouro sofreram as
maiores flutuações em um quarto
de século sem notícias concretas.
Desde então, a possibilidade
de negociar títulos do Tesouro de
forma rápida e fácil tem dado
poucos sinais de melhoria. O JPMorgan, um dos 22 operadores
primários que negociam com o
Fed, estima que o número de notas com vencimento em dez
anos disponíveis para compra ou
venda em qualquer momento
sem alterar os preços tenha caído mais de 70% nos últimos doze meses.
A mudança reflete as consequências indesejadas das novas
regulamentações financeiras,
que reduziram a disposição dos
operadores de bonds em facilitar
as operações, e das compras de
dívida feitas pelo Fed para reforçar a economia. Bloomberg
PARABÉNS, PETROBRAS, POR CONQUISTAR
NOVAMENTE O MAIOR PRÊMIO DE TECNOLOGIA
DA INDÚSTRIA OFFSHORE MUNDIAL
O IBP parabeniza a Petrobras por mais essa conquista histórica: o prêmio
OTC 2015 Distinguished Achievement Awards for Companies, da Offshore
Technology Conference. Já tendo recebido o mesmo prêmio em 1992 e em
2001 por outras conquistas tecnológicas relevantes e de impacto mundial,
esse feito de agora se deve à excelência obtida no desenvolvimento e
aplicação de soluções tecnológicas inovadoras na exploração e produção
em águas ultraprofundas do pré-sal, que resultaram na produção de
700 mil barris diários de petróleo em apenas oito anos de operação.
Esse prêmio, a ser entregue no dia 3 de maio, em Houston, é mais um
reconhecimento internacional à competência técnica da Petrobras e de
seus parceiros, que contribuíram para mais essa extraordinária conquista!
24 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
▲
FINANÇAS
ABERTURA DE CAPITAL
Maestro Frotas pede registro na CVM
A empresa paulista Maestro Frotas solicitou registro de companhia
aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Criada em 2007, é
especializada no serviço de terceirização e gestão de frota para
empresas de diferentes portes. No primeiro semestre do ano passado,
a empresa teve prejuízo de R$ 1,47 milhão, após registrar receita líquida
de R$ 22,45 milhões, queda de 20,9% na comparação anual. Reuters
Léa De Luca
Anbima
quer mais
estrangeiros
em debênture
[email protected]
São Paulo
O setor financeiro quer mais investidores estrangeiros comprando
papéis de dívida privada de renda
fixa, como as debêntures. O objetivo é fomentar um mercado de longo prazo para esses papéis. A informação foi dada ontem por Denise
Pavarina, presidente da Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais
(Anbima), em encontro com jornalistas. Diversificar a base de investidores é um dos quatro pontos
principais da “agenda” para o
mercado de capitais que a Anbima
vai entregar em breve à nova equipe econômica. Além dos estrangeiros, Denise defende também a
maior participação dos fundos de
previdência abertos e fechados.
Segundo dados da Anbima, de
2012 até hoje, foram autorizadas
emissões de R$ 9,826 bilhões pelo
artigo 2o. da Lei 12.431 (que trata
da emissão das debêntures incentivadas para projetos de infraestrutura), voltadas para investidores
residentes; e de R$ 5,033 bilhões
pelo artigo 1o. (emissões voltadas
a não-residentes). O baixo interesse dos estrangeiros — apesar da
isenção de IR — pode estar relacionado a baixa taxa de retorno dos
investimentos, à pouca oferta de
papéis, e à falta de um mercado secundário de debêntures no Brasil.
Os outros pontos da agenda
são ajustes tributários, buscando
simetria e simplicidade e mirando o alongamento de prazos; e
iniciativas de aprofundamento
da liquidez. “Em relação à Lei
12.431, queremos a permissão para incluir outros setores — e que
o sistema de aprovação seja mais
ágil”, disse Denise.
A presidente da Anbima afirmou ainda que o alongamento dos
instrumentos de financiamento é
fundamental para o país. “Independentemente do ambiente macroeconômico, trabalhamos para criar
uma sociedade investidora”, disse,
acrescentando que há um longo caminho à frente. “Somente aqui no
Brasil existe a ‘santíssima trindade’ adorada por todo investidor:
aplicações com juros altos, prazos
curtos e risco baixo, todos reunidos em um só produto”, disse.
A executiva reconhece que
2014 foi um ano atípico, com Copa
do Mundo e eleições, mas comemora alguns avanços, como a extensão do prazo para debêntures
de infraestrutura para 30 anos.
Para o segmento de fundos, especificamente, a Anbima continua defendendo o fim do comecotas — o sistema antecipa o pagamento do Imposto de Renda dos
cotistas duas vezes por ano. Isso
muitas vezes assusta e confunde o
investidor, prejudicando a comparação dos rendimentos dos fundos
com outros investimentos. “Não
Objetivo é fomentar um mercado de longo
prazo para estes papéis, ampliando
o funding privado para projetos
de infraestrutura. Segundo a entidade,
fundos de pensão também estão na mira
Fotos Murillo Constantino
“
Somente aqui no Brasil
existe a ‘santíssima
trindade’ adorada por
todo investidor:
aplicações com juros
altos, prazos curtos e
risco baixo, todos
reunidos em um só
produto”
Denise Pavarina
Presidente da Anbima
“
O fim do come-cotas
não seria uma renúncia
fiscal, apenas
deixaríamos de pagar
antecipadamente o
Imposto de Renda que é
cobrado duas vezes
por ano dos cotistas
dos fundos”
Carlos Massaru
Vice-presidente da Anbima
seria uma renúncia fiscal, apenas
deixaríamos de pagar antecipadamente”, explica Carlos Massaru,
vice-presidente da Anbima.
Vital Menezes, diretor da Anbima e chefe da área de gestão de recursos do JP Morgan no Brasil,
lembra contudo que a pauta da redução de impostos vai na direção
oposta aos esforços arrecadatórios do governo neste ano de ajuste fiscal. Mas admite que as debêntures de longo prazo são um caso à
parte e que poderiam ser beneficiadas. No entanto, para ele o problema é que as empresas estão em
“stand by” nesse momento, tanto
em relação a emissões externas
quanto a novas emissões aqui. Por
essa razão é que os fundos de investimento nesses papéis não decolam. “Não existe papel suficiente”, diz, acrescentando que para
ganhar escala, esses fundos teriam que ter uma estrutura semelhante a dos private equity — ou
seja, captar recursos e depois aplicar nos papéis — o que seria inviável no varejo. Os poucos fundos
desse tipo que existem são pequenos, o maior tem R$ 300 milhões
aplicados em quatro papeis.
Massaru, que dirige a gestora
do Banco do Brasil, a BB DTVM,
também considera a aprovação
dos ETF de renda fixa uma alavanca para o segmento. Os ETF, ou exchange traded funds, são fundos
que replicam índices — no caso,
os brasileiros replicariam o IMA,
da Anbima. A regulamentação está nas mãos do Tesouro Nacional
e, para Massaru, sua criação ajudaria nos objetivos do governo em
ampliar a negociação dos papéis.
Sobre a nova classificação dos
fundos, os executivos da Anbima
informaram que deve sair do forno em breve — vai simplificar a estrutura hoje existente, por um lado, mas vai ao mesmo tempo dar
uma visão mais precisa do risco
de cada produto. “A classificação
de hoje tem uma estrutura vertical, vamos criar estruturas horizontais”, informou Massaru.
Denise falou também do conceito de “suitability” — que significa vender (ou recomendar) ao investidor apenas produtos adequados a seu perfil. Para ele, essa é “a
nova fronteira” do mercado de
fundos no Brasil. “Isso já é feito
com investidores de altíssima renda, mas quando chegar ao varejo
as alternativas de investimento
vão crescer”, diz.
Outro ponto no qual Massaru e
Menezes insistem é a importância
de ampliar aplicações de fundos
de investimento brasileiros no exterior. A partir de julho, será possível criar carteiras para investir até
100% dos recursos lá fora.
Colaborou Alessandra Taraborelil
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 25
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FINANÇAS
ALTICE
Controladores informam compra de ações
A Altice, empresa francesa que fechou acordo com a Oi para compra
dos ativos da Portugal Telecom, informou ontem ao mercado que
seus controladores Patrick Drahi, Dexter Goei e Patrice Giami
fecharam acordo com a Carlyle Cable Investments SC para adquirir
4,4 milhões de ações ordinárias da Altice de sua propriedade,
equivalente a 1,8% do capital ordinário da empresa francesa.
Jason Alden/Bloomberg
Moody’s é alvo de investigação
da Justiça dos Estados Unidos
Autoridades analisam os
critérios da agência para
avaliar ativos hipotecários
que derreteram em 2008
Segundo Benoit Couere, BCE “fará mais” caso o QE do BCE não traga a inflação para a meta
BCE fará mais
se compras de
títulos não for
suficiente
Autoridade monetária tomará as medidas
necessárias para atingir meta de inflação
O Banco Central Europeu (BCE)
vai reavaliar seu programa de
compra de títulos antes que ele
termine em 2016 e se necessário
fará mais para elevar a inflação
na direção da meta do banco, disse ontem o membro da Comissão
Executiva do BCE Benoit Coeure.
“Pretendemos comprar títulos até setembro de 2016, o que dá
19 meses”, disse Coeure a repórteres no intervalo de conferência
em Budapeste. “Também dissemos que isso será feito até que vejamos uma convergência sustentável na direção de nosso definição de estabilidade de preços”.
“Sim, é um programa ilimitado. Ele será reavaliado quando chegarmos mais perto de setembro de
2016 e, se esse objetivo de alcançar convergência sustentada na direção de 2% no médio prazo não
for alcançada, faremos mais”.
O BCE anunciou no último dia
22 o programa de compra de € 60
bilhões em ativos por mês para
reanimar a economia e evitar que
os preços ao consumidor caiam.
“Não esperamos um impacto
imediato. É por isso que pretende-
mos fazê-lo ao longo de 19 meses", disse Coeure, acrescentando que a efetividade do programa
também depende de reformas estruturais nos países da UE.
Ewald Nowotny, outra autoridade do BCE, também disse que
levará tempo para ver qual o impacto das compras de ativos.
“Começaremos esse novo programa em 1º de março, e é muito
difícil prever, mas acho que até o
verão (no hemisfério norte) deveremos ter as primeiras indicações, porque as primeiras coisas a
O BCE não disse muito
sobre a mecânica
da flexibilização;
de 2010 a 2012,
quando comprava
dívida soberana, a
instituição entrava
no mercado sem
anúncio prévio
se avaliar serão o volume de títulos ofertados ao BCE pelos bancos
ou por outros investidores”, disse
ele a repórteres na conferência.
Economistas comentam, entretanto, que o BCE ainda terá
que dar explicações sobre vários
aspectos do programa que não ficaram claros.
“O BCE teve que apresentar
muitos detalhes desde o princípio, porque sem isso não teriam
sido críveis”, disse Johannes Gareis, economista da Natixis em
Frankfurt. “De certo modo, o
que está faltando é a letra miúda,
que poderia ter um grande impacto na implementação”.
Em relação a composição de
ativos, por exemplo, foi estabelecido que entre os gastos mensais
do BCE estarão os programas existentes de compras de bonds com
garantias hipotecárias e títulos garantidos por ativos (ABS). Em relação às compras adicionadas, o
presidente do BCE, Mario Draghi,
disse que 12% delas serão dívidas
emitidas por instituições e agências da União Europeia, e o restante será bonds de governos.
A questão é: quanto dinheiro o
BCE pretende gastar em cada tipo
de ativo?
Draghi também disse que as
autoridades comprarão bonds
com vencimento de dois a 30
anos, sem especificar um alvo
médio que possa afetar as curvas de yields e os custos de tomar empréstimos.
O BCE não disse muito sobre a
mecânica da flexibilização. De
2010 a 2012, quando o banco comprava dívida soberana no Programa de Mercados de Títulos de Dívida (SMP), que era muito menor
e agora está parado, a instituição
entrava no mercado sem anúncio
prévio. As compras de ABS e títulos com garantias hipotecárias
são realizadas por gerentes de ativos externos. Bloomberg
O Departamento de Justiça dos
Estados Unidos abriu uma investigação sobre a atuação da
Moody's Investors Service no período que antecedeu a crise de
2008, afirmaram ontem fontes
próximas ao caso.
A Justiça dos EUA estaria investigando a agência de classificação de risco por ter concedido
ratings positivos a ativos baseados em hipotecas. A investigação, entretanto, estaria em uma
fase inicial, e não necessariamente acabaria em uma acusação.
Segundo essas fontes, as autoridades americanas estão colhendo
depoimentos de executivos que
comandavam a agência no período entre 2004 e 2007. Os agentes
investigam se houve um afrouxamento dos critérios de avaliação
de ativos estruturados em financiamentos hipotecários.
A Standard & Poor's também é
alvo de investigações, e deve
anunciar nesta semana um acordo com o Departamento de Estado dos EUA de US$ 1,37 bilhão para encerrar o caso.
As investigações afetaram o
desempenho das ações da Moody’s em Wall Street, que fecharam ontem em queda de 6,4%,
com a pior cotação desde junho
de 2014. Bloomberg
COMPANHIA ACQUA
CNPJ/MF nº 14.496.195/0001-17 - NIRE 35.300.414.624
ATA DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA
REALIZADA EM 19 DE DEZEMBRO DE 2014
1. DATA, HORA E LOCAL: Aos 19 dias do mês de dezembro do ano de 2014, às 14h, na
sede social da Companhia, localizada na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Rua
Iguatemi, nº 151, 23º andar, Itaim Bibi, CEP 01451-011. 2. CONVOCAÇÃO E PRESENÇA:
Dispensada a convocação, nos termos do artigo 124, §4º da Lei nº 6.404, de 15 de
dezembro de 1976 (“Lei das S.A.”), em decorrência da presença de acionista representando
a totalidade do capital social da Companhia, conforme abaixo indicado. 3. MESA:
Presidente: Fernando Shayer; Secretário: Paulo Henrique Altero Merotti. 4. ORDEM DO
DIA: Deliberar sobre o aumento do capital social da Companhia, mediante capitalização de
crédito detido pelo acionista Acqua Fundo de Investimento em Participações, inscrito no
CNPJ/MF sob o nº 11.589.893/0001-79 (“Acqua FIP”), no valor de R$270.000,00 (duzentos
e setenta mil reais), decorrente de Adiantamento para Futuro Aumento de Capital Social
(“AFAC”), devidamente reconhecido e registrado na escrituração contábil da Companhia.
5. DELIBERAÇÕES: Após leitura, análise e discussão do item constante da ordem do dia, o
acionista detentor da totalidade das ações de emissão da Companhia deliberou, sem
ressalvas: (i) Aprovar o aumento do capital social da Companhia, dos atuais
R$242.800.000,00 (duzentos e quarenta e dois milhões e oitocentos mil reais) para
R$243.070.000,00 (duzentos e quarenta e três milhões e setenta mil reais), um aumento,
portanto, no valor de R$270.000,00 (duzentos e setenta mil reais), por meio da emissão de
270.000 (duzentas e setenta mil) ações preferenciais, nominativas e sem valor nominal, ao
preço de emissão de R$1,00 (um real) por ação, fixado de acordo com os critérios do Artigo
170, §1º, I da Lei das S.A., todas subscritas e integralizadas pelo acionista Acqua FIP,
mediante a capitalização do crédito de AFAC, conforme boletim de subscrição que integra
a presente ata como Anexo I; (ii) Em decorrência do aumento de capital ora aprovado, o
caput do Artigo 4º do Estatuto Social da Companhia passará a vigorar com a seguinte nova
redação: “Artigo 4º - O capital social é de R$243.070.000,00 (duzentos e quarenta e três
milhões e setenta mil reais), dividido em (i) 241.535.000 (duzentas e quarenta e um milhões,
quinhentas e trinta e cinco mil) ações ordinárias, nominativas e sem valor nominal; e
(ii) 3.020.000 (três milhões e vinte mil) ações preferenciais, nominativas e sem valor nominal.”
6. ENCERRAMENTO, LAVRATURA E APROVAÇÃO DA ATA: Nada mais havendo a ser
tratado, foi a presente ata lavrada, lida, aprovada e assinada acionista detentor da totalidade
das ações de emissão da Companhia. São Paulo, 19 de dezembro de 2014. Assinaturas:
Mesa: Fernando Shayer - Presidente; Paulo Henrique Altero Merotti - Secretário. Acionista:
Acqua Fundo de Investimento em Participações (por José Carlos Reis de Magalhães Neto e
Fernando Shayer). A presente é cópia fiel da ata lavrada em livro próprio. São Paulo,
19 de dezembro de 2014. MESA: Paulo Henrique Altero Merotti - Secretário. JUCESP nº
34.553/15-0 em 22/01/2015. Flávia Regina Britto - Secretária Geral em Exercício.
26 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
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MUNDO
Editora: Florência Costa
[email protected]
‘ENTREVISTA MOUSTAFA BAYOUMI, professor do Brooklin College, da City University, em Nova York, e autor do livro ‘Ser Jovem e Árabe na América’
Shobhan Saxena
Especial para o Brasil Econômico
O discurso sobre o “Choque de
Civilizações” e a ideia de que o
Ocidente seria símbolo da
liberdade e o Islã seria sinônimo
de fundamentalismo parece ter
se fortalecido após o ataque
terrorista, reivindicado pela
al-Qaeda do Iêmen, ao jornal
satírico francês “Charlie
Hebdo” no dia 7 de janeiro.
Como o senhor vê este debate?
Todos os sinais apontam para a
direção errada, infelizmente. A
ideia de que o Ocidente e a civilização Islâmica travam um confronto é errada e perigosa, mas
também é muito útil para muçulmanos fundamentalistas e para
a direita europeia. Um depende
do outro. A direita no Ocidente
tem muito a ganhar politicamente ao fazer campanha sobre a
ideia de que os muçulmanos representam uma ameaça ao modo de vida europeu ou americano. Muçulmanos extremistas
projetam repetidamente a ideia
de que o Ocidente é, na sua raiz,
oposto a tudo que seja muçulmano. Mas tudo isso é ficção. Os
muçulmanos tem sido parte da
cultura ocidental por muito tempo. E o Ocidente frequentemente superestima sua noção de liberdade. Dias depois do imenso
protesto pela liberdade de expressão em Paris, autoridades
francesas prenderam 54 pessoas
pelo crime de discurso ofensivo,
por exemplo. O confronto de civilizações reduz todo mundo a
uma identidade única. Eu estou
totalmente confortável em ser
muçulmano e ao mesmo tempo
um cidadão do Ocidente, entre
outras coisas. Se há mesmo um
confronto de civilizações, eu deveria estar vivendo uma guerra
civil dentro de mim. E eu não estou. O mesmo pode ser dito sobre milhões de outras pessoas.
O sr. acha que os países
ocidentais tiveram sucesso
em se tornarem sociedades
verdadeiramente
multi-culturais,
multi-religiosos, ou falharam
na sua ideia de secularismo?
Um dia perguntaram ao líder pacifista indiano Mahatma Gandhi o que ele achava da civilização ocidental. Ele respondeu:
‘Eu acho que seria uma boa
ideia’. O mesmo pode ser dito sobre o secularismo. É um projeto
incompleto na melhor das hipóteses. Aqui nos Estados Unidos
o presidente ainda tem de ser
visto como membro ativo da
igreja cristã para ser eleito. Barack Obama teve de provar que
era cristão e não um ‘muçulma-
no secreto’ em 2008, por exemplo. John McCain, seu oponente, descreveu os EUA como uma
‘nação cristã’. Crenças cristãs
ainda são normativas nos EUA e
pesquisas mostram que dois terços do público americano querem que o presidente tenha fortes crenças religiosas. A Europa
pode observar menos essa exigência, mas a cristandade é também normativa. As férias são estabelecidas em torno de práticas cristãs, por exemplo. Mesmo na França secular o Estado
paga salários de muitos professores em escolas privadas religiosas. Lá, existem cerca de 9 mil
escolas católicas privadas, 700
judias, e quatro escolas privadas
muçulmanas. Separar religião
de política é um objetivo que vale a pena, mas em muitos países
ocidentais a prática dominante
e as crenças da herança do Cristianismo não só são deixadas intocadas mas também são assumidas como normais. Eu digo isso como alguém que nasceu na
Suíça e viveu como adulto no Canadá, nos EUA, na Alemanha e
na França. Nós simplesmente temos que aprender como viver
juntos e isso significa engajar a
cultura e a religião de cada um
com curiosidade e respeito. Isso
‘ESTOU
TOTALMENTE
CONFORTÁVEL
EM SER
MUÇULMANO
E OCIDENTAL’
Em 2008, Moustafa Bayoumi lançou o livro “How it
Feel to be a Problem? Being Young and Arab in America” (“Como é ser um problema? Ser jovem e árabe na
América”, da Editora Penguin, e premiado com o
“American Book Award” na categoria de obra de nãoficção. Professor de Língua Inglesa no Brooklyn College, da City University de Nova York, Bayoumi conta no livro a experiência de sete jovens árabe-americanos no pós 11 de setembro de 2001 nos EUA. Ele rejeita a teoria do “Choque de Civilização”, afirmando
que a ideia de que o Ocidente e a civilização Islâmica
travam um confronto é perigosa e útil para muçulmanos extremistas e para a direita europeia, que se alimentam uns dos outros. Nascido na Suíça, com pais
egípcios, ele cresceu no Canadá, viveu na Alemanha
e na França. Hoje está radicado nos EUA
“
Muçulmanos
extremistas projetam a
ideia de que o Ocidente
é oposto a tudo que seja
muçulmano. Mas isso é
ficção. Os muçulmanos
tem sido parte da
cultura ocidental por
muito tempo”
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 27
IRÃ
Concurso de charges sobre Holocausto
Duas organizações iranianas anunciaram que farão um concurso
internacional de charges cujo tema será o Holocausto. O concurso
será um protesto contra as sátiras feitas pelo jornal francês “Charlie
Hebdo”, que publicou imagens do profeta Maomé, segundo o jornal
“Tehran Times”. A Casa Cartoon do Irã e o Centro Cultural
Sarcheshmeh oferecerão ao vencedor US$ 12 mil. Redação
Neville Elder/Divulgação
é necessário e tem o potencial
de criar uma sociedade mais
igual e forte.
Há setores que argumentam que
o Islã e os valores modernos
como democracia e liberdade de
expressão são incompatíveis. O
sr. acha que esta visão se tornou
normal e aceitável nas
sociedades ocidentais?
A lógica cultural desta guerra
global ao terror criou, paradoxalmente, uma situação onde o Islã
é ainda menos compreendido e
mais estereotipado do que antes. Isto é o que acontece ideologicamente em tempos de guerra. As pessoas conhecem o Islã
apenas como um inimigo. É quase como se o Islã tivesse sido fundado no dia 11 de setembro de
2001. Muitos países com maioria ou com populações muçulmanas muito grandes são democracias funcionais. Indonésia,
Malásia, Índia, e Turquia vêm
imediatamente à mente. Muitos
grandes países considerados democracias não funcionam exatamente como democracias. Os
EUA têm uma grande porção de
nepotismo e corrupção frequentemente chamados de lobbies
corporativos. Estes argumentos
sobre o Islã e a democracia são
simplistas, tanto com relação ao
Islã quanto à democracia, mas
eles se tornaram comuns.
O crescimento de grupos
como o Pegida (Europeus
Patrióticos contra a Islamização
do Ocidente, na sigla em
alemão), na Alemanha,
alimentam a Islamofobia
na Europa, com pouco sendo
feito para investigar isso.
O que isto significa para os
muçulmanos que vivem
nos países ocidentais?
Os muçulmanos na Europa Ocidental vão sofrer. Muitos são
imigrantes. São economicamente e politicamente fracos. Suas
vulnerabilidades tornam fácil
para eles se transformarem em
bode expiatório, são alvos do
ódio e do oportunismo político.
Na verdade, o que às vezes alimenta a Islamofobia é a ansiedade distorcida sobre outros males
sociais como por exemplo a lenta desintegração de determinados esquemas de bem-estar social na Alemanha.
O primeiro-ministro britânico,
David Cameron, disse que os
muçulmanos têm
“responsabilidade social” em
checar e controlar a ascensão do
extremismo islâmico. Como o
sr. vê este tipo de afirmação?
Isso não leva a atitudes como a
de julgar que o conjunto de
“
O secularismo é um
projeto incompleto.
Nos EUA, o presidente
ainda tem de ser cristão
para ser eleito; em
2008 Obama teve que
provar ser cristão
e que não era um
‘muçulmano secreto’”
muçulmanos no mundo seria
responsável pelos crimes de
poucos extremistas?
Cada muçulmano individualmente é responsável pelas
ações de cada um das outras
pessoas muçulmanas do mundo? Claro que não. Mas David
Cameron é responsável pelas
políticas externa e doméstica
da Grã-Bretanha, não por ser
britânico, branco ou cristão,
mas porque ele é o primeiro-ministro do país. Este tipo de afirmação é uma tática usada pela
classe política para distrair a
opinião pública. É um tipo de
declaração usada para fugir de
suas responsabilidades em alimentar conflitos no mundo.
No mundo ocidental parece
haver pouca percepção de que
as políticas externas de seus
países mudam e as guerras no
exterior podem estar
alimentando o extremismo
islâmico. Depois do ataque de
Paris, o Ocidente sinalizou a
intensificação de suas
campanhas militares em
lugares como o Iêmen. Estamos
presos num ciclo vicioso do
terror e guerras do qual não se
pode escapar?
Só ficaremos presos neste ciclo
vicioso se quisermos. Temos de
persuadir nossos líderes da
ideia de que nossos problemas
são resolvidos com violência cada vez maior. No lugar de perguntar se o Islã produz a violência, nós deveríamos perguntar
se a guerra ao terror provoca
mais violência e terrorismo. Se
a resposta for sim, e é claro que
é, uma ação racional seria repensar esta estratégia que leva
à derrota.
Salman Rushdie diz que
‘houve uma mutação no
coração do Islã’, referindo-se
basicamente ao crescimento do
Islã radical nas últimas duas
décadas. Há um debate
no mundo muçulmano sobre
a ‘reforma’ do Islã?
Há muitos debates em todo o
mundo muçulmano. E este é precisamente o ponto. O Islã não é
como o Catolicismo, que tem
uma autoridade central. O Islã
tem uma história unificadora e
os muçulmanos em todo o mundo vão reconhecer similaridades em suas práticas e crenças,
mas o Islã é também diferente
em cada lugar. Há uma velha
tendência de pensar que todos
os muçulmanos estão reduzidos
somente às suas religiões. O estudo sério das sociedades ocidentais abraça teorias complexas da história, da economia, da
linguagem, da sociologia, etc.
Mas quando nós falamos de sociedades muçulmanas, nós focamos exclusivamente no Islã. Para entender o crescimento do Islã radical nós precisamos focar
na história, na economia, na língua, na sociologia etc, e não simplesmente culpar o ‘Islã’.
Há apenas poucos anos atrás
parecia que o mundo árabe
passava por uma mudança
revolucionária. Hoje, essa
perspectiva parece perdida.
O que aconteceu de errado na
Primavera Árabe?
Mudanças verdadeiramente revolucionárias frequentemente
acontecem em uma geração
ou mais. A Primavera Árabe
ainda está na sua infância. A situação hoje é desoladora, já
que o autoritarismo retornou
com vingança em muitas partes da região. As coisas vão provavelmente ficar piores antes
de poderem melhorar. Mas
não devemos perder as esperanças. A busca pela justiça é
universal e atemporal.
*Shobhan Saxena é correspondente
do “The Times of India” e do “Economic
Times” no Brasil.
[email protected]
28 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
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MUNDO
DALAI LAMA
China não quer Obama e Dalai juntos
O presidente dos Estados Unidos,
Barack Obama, apresentou ontem um agressivo orçamento de 4
trilhões de dólares para o ano fiscal de 2016, que proclama a vitória sobre a Era da recessão, baseando-se amplamente em aumento
de impostos para ricos e corporações para bancar gastos com educação e construção de infraestrutura. Seu orçamento pretende taxar em 14% os lucros acumulados
de empresas norte-americanas fora do país, calculados em cerca de
US$ 2 trilhões. A Casa Branca
quer arrecadar cerca de US$ 238
bilhões com esta proposta que
atingiria principalmente os setores farmacêuticos e de tecnologia.
Mas o orçamento, segundo o
jornal “The New York Times”, baseia-se em “dois empurrões presidenciais” que têm pouquíssimas
chances de serem aprovados no
Congresso, hoje dominado pelos
Republicanos: grandes aumentos
de impostos para empresas multinacionais e para os americanos endinheirados, e a lei de imigração
que iria impulsionar a economia
com milhões de novos trabalhadores legalizados. O orçamento abre
uma batalha com os republicanos
sobre os programas para aumentar a renda da classe média .
O orçamento prevê um déficit
de US$ 474 bilhões, o equivalente
a 2,5% do PIB do país, e projeta
que vai se estabilizar nessa taxa ao
longo de um período de dez anos.
A peça orçamentária de Obama incorpora propostas feitas no seu recente discurso do Estado da União
e ajuda a destacar as prioridades
dos democratas para o último ano
de seu mandato e o início da campanha presidencial de 2016.
Trata-se de um documento político e também de um roteiro fiscal.
Os republicanos disseram ver espaço para um compromisso em áreas
como a reforma tributária e infraestrutura, mas muitos dos programas de Obama, estabelecidos nas
semanas antes do lançamento do
orçamento, provocam alvoroço.
Jonathan Ernst/Reuters
A China alertou aos EUA ontem que se opõe a qualquer país
encontrar o Dalai Lama “de qualquer forma”, após a Casa Branca ter
informado que o presidente Barack Obama poderá participar, na
quinta-feira, em Washington, de um evento com o líder espiritual
tibetano, que Pequim considera um separatista. O evento será uma
discussão sobre a importância da liberdade religiosa. Reuters
Orçamento de
Obama indica
o fim da crise
Proposta, de US$ 4 tri, quer taxar ricos
e empresas para bancar infraestrutura
“Quando ele dedica seu tempo
e energia para falar sobre as novas
políticas de gastos e impostos progressivos a que os republicanos
universalmente se opõem, ele sinaliza ao Congresso que está mais
uma vez buscando brigar em vez
de legislar”, disse Keith Hennessey, ex-assessor econômico do
presidente republicano George
W. Bush.
No entanto, os democratas consideraram o orçamento como
uma afirmação das prioridades do
presidente e uma oportunidade
para demonstrar que são o partido
que representa a classe média."(O
orçamento) proporciona uma
oportunidade para contrapor a
sua visão de ajudar a classe média
à abordagem do Congresso repu-
blicano, de exacerbar a desigualdade, ignorando a classe média e
aumentando ainda mais os encargos daqueles que pretendem se inserir nela”, disse Neera Tanden,
presidente do Centro para o Progresso Americano, que tem laços
estreitos com a Casa Branca.
O orçamento alcança cerca de
US$ 1,8 trilhão em redução do déficit ao longo dos próximos dez anos
por meio da reforma da saúde, impostos e imigração, mas a previsão
parte do pressuposto de que os republicanos vão apoiar os programas de Obama, o que é improvável. Os republicanos bloquearam a
legislação de reforma da imigração na Câmara dos Deputados,
por exemplo, e o orçamento prevê
a passagem de leis como essa.
Pontos centrais do
orçamento têm poucas
chances de serem
aprovados no
Congresso: grandes
aumentos de impostos
para multinacionais e
para os mais ricos, e a
lei de imigração
O governo prevê a continuação da queda do desemprego,
com uma estimativa de taxa de
5,4% em 2015 (atualmente está
em 5,6 por cento). Além disso,
propõe uma nova série de obras
de infraestrutura, aumento de
6% em pesquisa e desenvolvimento. O orçamento dedica US$
14 bilhões de dólares ao fortalecimento das defesas de cibersegurança, após uma série de invasões de grande impacto por parte
de hackers.
Na política externa, o orçamento custeia os esforços para
derrotar os militantes do Estado
Islâmico e apoiar aliados europeus contra a agressão russa, informou a Casa Branca. Redação,
com Reuters
Grécia sinaliza plano para negociar dívida
Osborne, ministro
britânico, disse que
impasse é ameaça à
economia global
O ministro das Finanças da GrãBretanha, George Osborne, alertou ontem, após encontrar com
o seu homólogo grego, Yanis Varoufakis, que “o impasse entre a
Grécia e a zona euro é a principal ameaça à economia global”.
Durante o encontro, Varoufakis,
que representa o governo de extrema esquerda do primeiro-mi-
nistro Alexis Tsipras, apresentou uma proposta para acabar
com o confronto que trava com
os seus credores.
A ideia apresentada pela Grécia é de trocar a dívida por novos
títulos ligados ao crescimento do
país, pela execução de um excedente orçamental permanente e
também tornando sonegadores
de impostos ricos em alvos, informou o jornal “Financial Times”.
Osborne pediu a Varoufakis
que “aja de forma responsável”
nas negociações com os parceiros
europeus. Mas o ministro britâni-
co destacou que também é importante “que a zona do euro tenha
um plano melhor para gerar empregos e crescimento” e que é preciso garantir que o Reino Unido e
o resto da Europa devem escolher
“a competência e não o caos”.
O Reino Unido não pertence à
zona do euro, mas trata-se de uma
praça financeira estratégica no
contexto econômico europeu. Por
isso, Londres foi incluída na primeira viagem internacional de Varoufakis para negociar a dívida pública da Grécia. Varoufakis explicou ao “Financial Times” que a
Grécia não pretende eliminar o débito externo de € 315 bilhões, mas
solicitar um “menu de swaps de dívidas”, incluindo dois novos tipos
de títulos. O primeiro tipo seria indexado ao crescimento econômico nominal e substituiria empréstimos de resgate europeus. O segundo, batizado de “títulos perpétuos”, substituiria os que a Grécia
teria no Banco Central Europeu. O
“swapt da dívida” seria, segundo
Varoufakis, uma forma de “engenharia inteligente do débito”.
O 1º ministro Alexis Tsipras
disse que seu governo fará uso to-
tal do mandato que possui para
negociar com os parceiros europeus, e descartou pedir ajuda à
Rússia. “Estamos em negociações com nossos parceiros na Europa e aqueles que nos emprestaram. Temos obrigações com
eles”, afirmou Tsipras em Nicósia, no Chipre, em sua primeira
viagem internacional. Tsipras discutiu com o presidente do Chipre, Nicos Anastasiades, a necessidade de uma posição coordenada por uma “ponte de paz e cooperação entre Europa e Rússia”.
Redação, com Agências
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 29
Afolabi Sotunde/Reuters
NIGÉRIA
Mulher-bomba tenta matar presidente
Denis Charlet/AFP
O presidente Goodluck Jonathan escapou ontem de um atentado a
bomba de duas mulheres suicidas ao deixar um comício em Gombe,
no nordeste do país, onde a ameaça do grupo Boko Haram é cada vez
mais presente a apenas 15 dias para as eleições presidenciais. As
mulheres-bombas detonaram os explosivos no estacionamento de
um estádio onde Jonathan realizara um comício. Reuters
Kiev e separatistas
recrutam soldados e
tensões se agravam
Partes prometem trazer
mais 150 mil para o
combate, e OTAN cogita
enviar armas à Ucrânia
Strauss-Kahn (centro) deixa o Tribunal de Lille após a primeira sessão do julgamento do caso ‘Carlton’
Ex-diretor do FMI vai à
julgamento por orgias
Dominique Strauss-Kahn poderá ser condenado a até 10 anos de prisão pela
suposta organização de festas com prostitutas na França e nos Estados Unidos
O ex-diretor do Fundo Monetário
Internacional Dominique StraussKahn começou a ser julgado ontem no Tribunal de Lille,norte da
França, por proxenetismo, tipificação para a administração de
prostituição, com procura de
clientes e facilitação da atividade.
Este é um caso sem precedentes
na França, onde a legislação rigorosa impede os holofotes sobre a
vida pessoal dos políticos. Mais do
que isso, funcionará como um teste sobre a “mente aberta” dos franceses com relação às inclinações
sexuais de seus políticos, e pode
revelar uma austeridade incomum para um país que sempre ridicularizou o “puritanismo” dos
vizinhos anglo-saxões.
Strauss-Kahn, ou DSK como é
chamado na Europa, pode ser
condenado a até 10 anos de regime fechado e pagamento de multa no valor de US$ 1,7 milhões
neste julgamento, que deve se estender até o fim de fevereiro. Embora tenha comparecido à primeira sessão, ele só deve testemunhar na semana que vem. Até lá,
outros réus, incluindo prostitutas, falarão ao tribunal.
Como não é ilegal pagar por sexo na França, mas é crime administrar redes de prostituição, a defesa tem alegado que o político
apenas frequentava as festas, sem
saber sobre as prostitutas. Além
disso, os advogados de todos os 14
réus envolvidos têm manifestado
abertamente a opinião de que tudo não passa de perseguição política à Strauss-Kahn. Karl Vandamme, que defende o empresário Fabrice Paszkowski, suposto co-organizador das orgias, disse ao jornal francês “Libération” que “essa acusação de proxenetismo é
uma construção jurídica para encurralar DSK”. Segundo ele, “por
causa da personalidade de um dos
acusados, o caso foi insuflado”.
Para Stephane Bonifassi, um
advogado da Lebray & Associates
de Paris, que não participa do caso, é mais provável que StraussKahn pegue uma sentença de seis
meses, se for condenado. Tudo vai
depender, porém, do assédio do
A defesa alega que
Strauss-Kahn apenas
frequentava as festas,
sem saber sobre as
prostitutas. Além
disso, advogados dos 14
réus envolvidos têm
dito que tudo não passa
de perseguição política
público. Ontem à noite, a rede de
televisão francesa “Canal+” exibiu um documentário sobre os bastidores das investigações. Além
disso, no ano passado, estreou
“Bem-vindo a Nova York”, adaptação da história de Strauss-Kahn
para os cinemas dirigida por Abel
Ferrara e com Gerard Depardieu
no papel principal, o que chamou
mais atenção para o escândalo.
O ex-funcionário do FMI se tornou mundialmente conhecido em
2012, quando foi acusado pela Justiça dos Estados Unidos por retenção ilegal e tentativa de estupro da
camareira Nafissatou Diallo, de 32
anos, no hotel Sofitel, em Nova Iorque. Embora o caso tenha sido arquivado, após um acordo confidencial entre as partes, este foi só o início do inferno astral do político
francês, que chegou a ser o favorito do Partido Socialista (PS) para
disputar as eleições presidenciais
de 2012, no lugar do vitorioso Nicolas Sarkozy. Foi nessa época que estourou o processo “Carlton”, que
trouxe à público suas “soirées libertinas”, orgias com prostitutas e
convidados que aconteciam com
frequência em hotéis de luxo nas cidades de Lille, Paris e até Washington, nos Estados Unidos.Redação,
Confiantes após as derrotas impostas nas últimas semanas ao
Exército ucraniano, os rebeldes
pró-russos anunciaram ontem
sua intenção de mobilizar 100
mil homens para a frente da batalha. Por outro lado, países da Organização para o Tratado do
Atlântico Norte (Otan) sinalizaram a intenção de enviar armamentos para as forças de Kiev,
em mais uma prova de que o processo de paz no leste da Ucrânia
está paralisado desde o fracasso
das negociações no último fim
de semana em Minsk.
“A mobilização geral acontecerá na República Popular de Donetsk em dez dias. Prevemos mobilizar até 100 mil homens”, declarou o líder da autoproclamada república de Donetsk Alexandre Zakhartchenko, citado pela
agência oficial separatista DAN.
Os rebeldes têm ameaçado estender sua ofensiva a todo o território das regiões de Donetsk e Lu-
Relatório de
especialistas
americanos incita o
governo Obama a
enviar armamento no
valor de US$ 3 bilhões,
entre os quais drones e
mísseis anti-tanques,
para as forças de Kiev
gansk, em grande parte ainda
controlado pelas autoridades de
Kiev, em caso de fracasso das negociações.
Os ucranianos nacionalistas
também têm se mobilizado: as
autoridades lançaram no fim de
janeiro uma quarta série de mobilizações para somar cerca de
50 mil combatentes. Além disso, o comando militar da Otan e
membros da administração americana estão prontos a apoiar o
envio de armas defensivas letais
para Kiev, afirmou no domingo
o jornal “New York Times”.Na
quinta-feira, o chefe da diplomacia americana, John Kerry, fará
uma visita à Ucrânia para expressar ‘firme apoio” ao governo próocidental de Kiev. Os EUA acusam a Rússia de conduzir uma
guerra na Ucrânia, mas evitaram
até hoje fornecer armas às autoridades de Kiev.
Um relatório americano independente, redigido por vários especialistas, incita os Estados Unidos a enviar armas defensivas e
equipamentos por um valor total de US$ 3 bilhões, entre os
quais drones de conhecimento e
mísseis anti-tanques, para lidar
com uma situação “crítica”.
“Outros membros da Otan devem ajudar a equipar as tropas
ucranianas com antigos equipamentos soviéticos, compatíveis
com aqueles do exército ucraniano”, acrescenta o documento.
Doze pessoas, incluindo sete
civis, morreram nas regiões de
Donetsk e Lugansk nas últimas
24 horas, após um fim de semana sangrento que registrou 50 vítimas entre soldados e civis. O
conflito no leste ucraniano já deixou mais de 5 mil mortos em nove meses. Reuters
Sergei Supinsky/AFP
com AFP e Bloomberg
Colaborou o estagiário Gabriel Vasconcelos
Conflito deve piorar após negociações frustradas, em Minsk
30 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
OPINIÃO
Editoria de Arte
Ganhar
velocidade
com freio de
mão puxado?
Carlos Rodolfo Schneider
[email protected]
oltamos a ser o país que poderia
estar crescendo muito, mas não
consegue. Durante vários anos
fomos qualificados como país
do futuro e parecia que, pouco
tempo atrás, o futuro havia chego. Contudo, não durou muito tempo.
Segundo o governo, culpa da retração internacional. Segundo a grande maioria
dos economistas e analistas, culpa nossa. Continuamos apostando num modelo esgotado e não fizemos a lição de casa. Enquanto melhoravam as nossas relações de troca, havia grandes contingentes de mão de obra a incorporar ao mercado e, ainda, havia a oportunidade de
promover o aumento de consumo de forma saudável pela expansão do crédito,
da massa salarial e das transferências de
renda, o país viveu dias de cinderela.
Mas o encanto logo se quebrou.
Será que só a China conhece a fórmula do crescimento rápido? Certamente não. Nós mesmos já navegamos
a muitos nós. Nas décadas de 1940 a
1980, segundo Yoshiaki Nakano, um
dos fundadores do Movimento Brasil
Eficiente (MBE), o Brasil foi campeão
de crescimento, a uma taxa de 7% ao
ano. Foram anos de muito investimento. Hoje o Brasil investe apenas 17% do
PIB, enquanto outros países emergentes, investindo de 25% a 30%, vêm
conseguindo crescer de 4% a 5%. A
China é um caso à parte, pois investe
mais de 40%. Se quisermos crescer 5%
ao ano, temos que investir 25% do PIB.
Investir, todavia, requer poupança.
A poupança do país é a soma do que pessoas, empresas e governo conseguem
economizar daquilo que ganham. Teoricamente, quanto mais se ganha, maior
pode ser a economia. Segundo o economista Samuel Pessoa, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Brasil, isso não
acontece porque o aumento da renda
vem sendo direcionado ao consumo. Isso contribui para que a nossa poupança
fique girando em torno dos 15% do PIB,
enquanto em países asiáticos chega a ultrapassar os 40%. Se as famílias poupam pouco, devido ao constante estímulo ao consumo, o governo, por sua
vez, é despoupador líquido, isto é, consome parte das já minguadas economias que conseguimos juntar, apesar
dos altos impostos que cobra.
V
Mais de dois terços
da poupança nacional
vem das empresas,
que, todavia, têm sua
capacidade de economizar
comprometida por uma
carga tributária opressiva
Fernando de Holanda Barbosa, pesquisador da FGV, diz que “ninguém fica rico com a poupança dos outros. O
Brasil precisa seguir o modelo asiático:
poupança elevada, educação de primeira e investimentos em infraestrutura”. Mais de dois terços da poupança
nacional vem das empresas, que, todavia, tem sua capacidade de economizar comprometida por uma carga tributária opressiva. Além do caos e dos custos provocados por leis e regras insanas, os impostos consomem 68% dos
lucros das companhias do país, contra
uma média de 47% na América Latina
e de 41% nos países desenvolvidos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT),
de 2001 a 2013, para uma variação da
inflação (IPCA) de 126,5%, a arrecadação tributária cresceu 393,5%. Mesmo assim, o governo continua não
cumprindo as metas de superávit primário. A explicação está na explosão
dos gastos públicos. De 2004 a 2013,
os impostos evoluíram a uma taxa média de 6% ao ano, mas as despesas correntes cresceram 6,3% e a economia
muito menos, 3,8%. Estudos do MBE e
de outros economistas, entre os quais
o ex-ministro Delfim Netto, concluíram que uma expansão do gasto público corrente abaixo da taxa de crescimento da economia é condição necessária para acelerar o avanço do país.
Carlos Rodolfo Schneider é empresário e coordenador do
Movimento Brasil Eficiente (MBE)
Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 31
PAULO KON
NAJARA SOARES CIOCHETTA
Economista e consultor de investimento
da LUZ Soluções Financeiras
Advogada associada ao escritório
Marins Bertoldi Advogados Associados
Fundos: é hora de buscar
melhores benchmarks
Crédito de ICMS sobre bens de
consumo para exportadoras
Muitas vezes, por conta de excelentes performances alcançadas, os gestores de fundos de investimentos são classificados
como gênios, capazes de antever grandes eventos globais e
oscilações de mercado e conquistar fortunas para si e seus investidores. No entanto, os resultados das últimas décadas indicam que a parcela mais relevante da rentabilidade de um
fundo está atrelada ao benchmark. Trata-se apenas de uma
constatação: os gestores compõem seus portfólios com base
em uma referência acordada com seus investidores.
Como se sabe o ICMS é um tributo não cumulativo em que deve-se compensar o que for devido em cada operação relativa
à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o
montante cobrado nas operações anteriores. De acordo com
a Constituição Federal, está garantido o direito das empresas
a manutenção e ao aproveitamento dos créditos de ICMS incidentes nas operações que antecedem mercadorias destinadas para o exterior, pois são albergadas pela regra da imunidade prevista no art. 155, § 2º, inciso X, do Texto Maior.
Portanto, a aversão em registrar
uma rentabilidade inferior ao indicador escolhido tende a ser superior ao
anseio por ganhos maiores.
Em geral, podemos dividir a gestão dos fundos em dois grupos: os de
gestão ativa e passiva. No Brasil, há
muita discussão sobre cada um deles. Com frequência, afirma-se que
fundos ativos são mais eficientes,
pois buscam um retorno acima dobenchmark escolhido (chamado Alfa). Porém, para atingir melhores retornos, estes fundos assumem riscos
diferentes. Muitas vezes, a busca por
oportunidades diferenciadas penaliza a liquidez dos investimentos e gera prazos de resgate longos. Por outro lado, a gestão passiva tem como
base ativos de maior liquidez que
acompanham índices de referência.
O objetivo não é superar a variação
do benchmark; é ficar o mais próximo possível.
Ocorre que com relação aos créditos provenientes das aquisições de
materiais de uso e consumo, apesar
do artigo 20 da LC 87/96 assegurar o
direito ao creditamento do imposto
cobrado nas operações anteriores, a
aplicabilidade desta regra vem sendo reiteradamente prorrogada e
atualmente, por força da redação dada pela Lei Complementar 138/10 ao
art. 33 da Lei Complementar 87/96,
tal crédito somente poderá ser apropriado a partir de janeiro de 2020.
Ao invés de atingir ou
superar um determinado
benchmark, o objetivo de
todo gestor deveria ser
proporcionar a melhor
rentabilidade possível
para o investidor
Os dois modelos atendem objetivos e perfis de investidores diferentes, mas em ambos pode-se questionar a eficiência dos benchmarks. A
maioria dos índices tidos como referência (IBrX, Ibovespa ou SMLL),
considera quesitos como nível de capitalização ou liquidez. Uma carteira
de fundo que acompanha índices
que seguem metodologias assim
mostrou nos últimos anos uma rela-
ção Risco x Retorno muito ruim.
Ao invés de atingir ou superar um
determinado benchmark, o objetivo
de todo gestor deveria ser proporcionar a melhor rentabilidade possível
para o investidor, considerando a
melhor relação Risco x Retorno. Porém, o que fazer para ter um indicador de referência que busque melhorar a relação de Risco x Retorno da
carteira?
Vários métodos foram desenvolvidos para ajudar a identificar as melhores oportunidades de acordo com
a estratégia adotada. Ao contrário de
indicadores tradicionais, que se baseiam em liquidez ou tamanho, esses métodos visam informações como valor, crescimento, dividendos e
baixa volatilidade. Ao testá-los de
forma retroativa, vê-se uma eficiência muito maior do que a dos benchmarkstradicionais.
Portanto, em um cenário no qual
a performance de um fundo de investimento depende cada vez mais da
boa gestão, a escolha de melhores
benchmarks, com maior inteligência (Smart Beta), será o segredo para
a definição de estratégias eficazes
que proporcionam bons resultados.
A possibilidade de replicar os benchmarks permitirá mais transparência na composição das carteiras, evitando riscos de gestão ativa. Além
disso, indexadores eficientes, dedicados às mais variadas estratégias,
conduzirão à maior liquidez de ativos com potencial de valorização.
Cabe a investidores de todos os tipos entender a ineficiência dos indicadores mais divulgados e exigir alternativas eficientes de investimento, que ofereçam transparência na
composição de portfólios e preços
competitivos.
Empresas exportadoras
estão buscando na Justiça
o reconhecimento do
direito a apropriação de
créditos decorrentes
da aquisição de bens de
uso e consumo
Apesar das empresas encontrarem impedimento quanto ao aproveitamento destes créditos advindos das aquisições de materiais de
uso e consumo, esta limitação temporal não pode abranger as aquisições de bens de uso e consumo
quando a mercadoria for objeto de
exportação, pois o artigo 155, § 2º,
inciso X, alínea “a”, da Constituição Federal assegura expressamente, por força da regra de imunidade,a manutenção e o aproveitamento do montante do total do imposto
cobrado nas operações e prestações
anteriores, sem qualquer limitação, até mesmo porque, do contrário, estar-se-ia “exportando” o
ICMS que incidiu nas aquisições de
bens de uso e consumo.
Esse tem sido, inclusive, o entendimento adotado por diversos
Tribunais de Justiça e de maneira
reiterada pelo Tribunal de Justiça
do Estado do Paraná (TJPR), garantindo a aplicação da Constituição
de forma incondicional, tendo em
vista a imunidade das operações
de exportação de mercadorias.
Vale destacar que a discussão possui enorme repercussão econômica
tanto que o Supremo Tribunal Federal (STF) já afetou o Recurso Extraordinário 704.815 para ser julgado sob
o rito da chamada repercussão geral.
Assim, a previsão do art. 33, I,
da LC nº 87/96, embora aplicável
às operações internas, não se aplica às operações de exportação de
mercadorias, pois estas estão sujeitas à regra do art. 155, §2º, X, “a”,
da Constituição Federal.
Utilizando essa mesma linha de
raciocínio, pode-se dizer que também é aplicável o entendimento
acima exposto em relação às vendas computadas para a Zona Franca de Manaus, por serem consideradas exportação para todos os
efeitos fiscais.
Por isso, devem receber o mesmo tratamento tributário quanto
ao creditamento do ICMS decorrente das aquisições de bens para o
uso e consumo.
Desta forma, as empresas exportadoras estão buscando judicialmente o reconhecimento do direito
a apropriação de créditos decorrentes da aquisição de bens de uso e
consumo, com base na proporção
das vendas destinadas à exportação, inclusive em relação às operações realizadas nos últimos cinco
anos, em observância ao disposto
na Constituição Federal, ganhando
com isso maior competitividade no
mercado externo.
Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas
Diretor Presidente José Mascarenhas
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32 Brasil Econômico Terça-feira, 3 de fevereiro, 2015
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PONTO FINAL
OCTÁVIO COSTA Chefe de Redação
[email protected]
Refratário a jornalistas e à luz dos
holofotes, Cunha não costuma dar
entrevistas e move dezenas de
ações contra meios de comunicação e repórteres por alegados danos morais. Isso não significa que
o deputado não mantenha contatos com a grande imprensa ou que
não saiba usar informações contra
AROEIRA
seus adversários políticos. Ao contrário, ele não só conhece o poder
da mídia, como sabe mexer os pauzinhos para publicar notícias de
seu interesse. Da mesma forma
que atua na Câmara, Cunha faz a
ponte com as redações também
sem fazer alarde. Desde que ingressou na política como presidente da
Eduardo Cunha,
desde domingo,
ocupa o segundo posto
na linha de sucessão
da presidente Dilma.
Ficará exposto
ao sol e à chuva.
Melhor assim
nham acesso ao Siafi, o sistema de
acesso às emendas. Procurei um deles, que confirmou a autenticidade,
mas explicou-me que fazia parte
da rotina dos gabinetes na Câmara
eno Senadoreceberemendasao Orçamento envolvendo obras públicas. Muitas vezes as emendas eram
encaminhadas na última hora e sequer chegavam ao conhecimento
dos parlamentares. Logo, não havia nada de anormal. A documentaçãofoipararna lata de lixoe Fernando Henrique tornou-se presidente.
Em outra ocasião, Cunha, após
muita insistência, recebeu-me para complementar informações sobre seu perfil. Foi educado, mas advertiu que a conversa era totalmente off-the-records. Não queria ver
nenhuma informação em sua boca.
Fui obrigado a aceitar a condição.
Agora, as regras do jogo certamente
vão ser diferentes. Eduardo Cunha,
desde domingo, ocupa o segundo
posto na linha de sucessão da presidente Dilma. Não deixará de agir
nos bastidores, mas ficará exposto
ao sol e à chuva. Melhor assim.
SOBE E DESCE
Antonio Cruz/ABr
O
governo e o PT ficaram impressionados com o poder de
articulação do deputado Eduardo Cunha, novo presidente da
Câmara. A ficha só caiu na manhã de domingo, quando
perceberam que algo saíra errado nas negociações realizadas pelos
ministros Aloizio Mercadante e Pepe Vargas. Concluíram que eram
mínimas as chances da candidatura do petista Arlindo Chinaglia, mas
já era tarde. A vitória de Cunha veio no primeiro turno, para decepção
da presidente Dilma Rousseff e de seus principais assessores. Não
houve surpresa, porém, para quem conhece habilidade de Cunha em
se movimentar nos bastidores. Por muitos anos, ele se esmerou em
manobrar longe do centro do palco. Com muita discrição e cautela,
transitava entre o baixo clero da Câmara, como uma espécie de
eminência parda do PMDB. Agora veio a colheita. Por sinal, generosa.
Telerj no início dos anos 90, ele
mostrou-se mestre em dar nó em
fumaça. Aparece pouco, mas joga
pesado para ocupar espaços.
Lembro-me bem do dia em que
recebi uma ligação do experiente
jornalista Tão Gomes Pinto, diretor
da revista "IstoÉ', que me pediu que
procurasse Eduardo Cunha, então
com um escritório de consultoria
na torre do Rio Sul, com vista para o
Pão de Açúcar. Corria 1994 e o político tinha uma importante denúncia em mãos. Cheguei lá e fui prontamente recebido. Cunha abriu um
envelope pardo do qual retirou folhas xerocadas e explicou-me seu
conteúdo. Tratava-se de algumas
emendas parlamentares encaminhadas pelo gabinete do senador
Fernando Henrique Cardoso (já
candidato à Presidência da República). Todas referiam-se a obras públicas de interesse de determinadas
empreiteiras. Segundo Cunha, os
documentos poderiam comprometer a candidatura de FHC. Fui enviado a Brasília para prosseguir na apuração. Na época, só deputados ti-
■ O procurador-geral da
República, Rodrigo Janot,
na abertura do ano Judiciário,
defendeu "a solidificação do
combate à corrupção como
fortalecimento das instituições
e do regime democrático".
Wilson Dias/ABr
CUNHA DÁ NÓ EM FUMAÇA
■ Com a derrota do governo na
Câmara, onde o PT não terá
cargo algum, ficaram patentes
a falta de articulação política e o
fracasso da primeira tarefa do
ministro das Relações
Institucionais, Pepe Vargas.
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