DISPOSITIVOS MÓVEIS DENTRO DA ESCOLA: POSSIBILIDADES
DE APRENDIZAGEM QUE SE ABREM TAMBÉM PARA ALUNOS
SURDOS
Reinaldo de Jesus da Silva1 (UEMA)
Maria Nilza Oliveira Quixaba2 (UFMA)
Maria Eugênia R. Araujo3 (UFMA)
Maira Teresa G. Rocha4 (UFMA)
Resumo:
Os dispositivos móveis têm sido frequentemente utilizados na educação,
tanto como suporte de pesquisa, para acessar conteúdos nas diversas áreas
do conhecimento, quanto para o estabelecimento da comunicação entre
alunos, professores e tutores, em diferentes modalidades educativas, sejam
elas à distância ou não. Os alunos surdos também têm se beneficiado desses
dispositivos móveis. Vários aplicativos têm surgido, entre eles: Rybená,
ProDeaf, Hand Talk, Mapp4All, Acesso TV INES, o LVI-LIBRAS. Esses
aplicativos facilitam a mobilidade, comunicação e educação de alunos
surdos, permitindo, acessibilidade de informações pela comodidade que
estes recursos oferecem.
Palavras-chave: dispositivo móvel, educação, surdos.
Abstract:
Mobile devices have often been used in education, both as research support
to access content in different areas of knowledge, and for the
establishment of communication between students, teachers and tutors in
different educational methods, whether or not the distance. The deaf
students have also benefited from these mobile devices, several
applications have emerged, among them: Rybená, ProDeaf, Hand Talk,
Mapp4All, Access TV INES, the LVI-POUNDS. These applications facilitate
mobility, communication and education of deaf students. Allowing
accessibility of information resources for the convenience they offer.
Keywords: mobile, education, deaf.
1
Reinaldo Silva. Mestre (Prof. Doutorando pela UFRGS)
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
[email protected]
2
Nilza Quixaba, Mestre (Prof.ª Doutoranda pela UFRGS)
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
[email protected]
Departamento de Letras/DELER/NUPETS
3
Maria Araujo, Mestre (Profª Doutorando pela UFRGS)
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Departamento de Administração
4
Maira Rocha, Mestre (Profª Doutoranda pela UFRGS)
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Dept. Linguagens e Códigos
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Introdução
Os surdos até pouco tempo dependiam, única e exclusivamente, do TDD
(telecommunications device for the deaf), para se comunicar. Ressalta-se que TDD
ou TS foi o primeiro aparelho que permitiu as pessoas surdas ou com deficiência
auditiva se comunicar via telefone. O usuário escreve usando o teclado do aparelho
que é similar a uma máquina de datilografia. Para que a comunicação telefônica
aconteça, são necessários dois TDDs, a não ser que a chamada seja realizada por
meio do Serviço de Intermediação Surdo/Ouvinte.
A comunicação acontece de duas formas: a primeira consiste em conectar-se
o receptor telefônico nos acopladores acústicos do TS; na segunda forma, conectase o TS diretamente a uma linha telefônica analógica. Na conexão direta, o TDD
toca sinalizando com uma luz na tela, indicando texto no aparelho. Esta
tecnologia, além das suas limitações (só envia mensagem de texto), não era
democratizada pelo seu alto custo.
É certo que os telefones celulares, smartphones e palmtops ainda não são
acessíveis a todos os surdos, contudo uma significativa parcela já pode acessá-los.
Há bem pouco tempo, eles não podiam contar com os benefícios da tecnologia,
principalmente móvel.
A utilização de dispositivos móveis na educação tem servido de suporte
tecnológico para se repassar conteúdo e manter a comunicação entre discentes e
professores. Este uso tem sido objeto de pesquisa e discussão em diversos países
como: Paquistão, Brasil, Inglaterra e Estados Unidos.
De acordo com a Cartilha de Segurança para a Internet 5, pessoas que fazem
uso de tablets, smartphone, celular e outras tecnologias móveis têm o hábito de
levá-los ao trabalho, restaurante, cinema, metrô, bem como para escola. Esses
5
A Cartilha de segurança para internet: Fascículo – Disposítivos móveis contém orientações relevantes sobre dispositivos
móveis e pode ser acessada no endereço: http://cartilha.cert.br/fasciculos/dispositivos-moveis/fasciculo-dispositivosmoveis.pdf
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aparelhos permitem ao usuário armazenar informações pessoais,
de trabalho e
escolares. Também permitem busca de novidades tecnológicas, novos recursos ou
modelos de opções de uso; permitem, ainda, ao usuário manter-se conectado à
internet, na qual pode publicar informações e recebê-las em tempo real ou não.
Além disso, oferecem outras funções como: tirar fotos, acessar e-mails, ler notícias
ou fazer algum comentário em redes sociais, conectando-se com outras pessoas.
Eles apresentam funcionalidade similares aos computadores pessoais, os quais
também podem apresentar riscos, como: vazamento de informações; maior
possibilidade de perda e furto; invasão de privacidade; instalação de aplicativos
maliciosos entre outros transtornos (Cartilha de segurança para internet, 2013).
Essas informações são úteis e devem ser consideradas, para se evitar transtornos
futuros e fazer bom uso desses aparelhos em ambientes educacionais.
A usabilidade de um dispositivo móvel pode ser compreendida como utilidade
de abrangência social que um dispositivo móvel possui com uso específico ou não,
que se utiliza de sistema computacional. E deve-se considerar diversos fatores que
interagem no manuseio deste. Entre os já mencionados, citam-se fatores que
envolvem o humano-computador, o psicológico, o desenho do objeto, a ergonomia,
sistema
que
utiliza
e
o
social.
Questões
como
confiabilidade,
custo,
compatibilidade, utilidade, e melhorias na comunicação e , em trabalhos, também
são relevantes, além da necessidade que o usuário tem em ampliar ou não o uso
desses dispositivos.
Mediante estes pressupostos,
objetiva-se
neste estudo discutir sobre os
dispositivos móveis, fundamentalmente como possibilidade de aplicabilidade na
educação, bem como os aplicativos específicos existentes, que podem potencializar
o ensino e a aprendizagem de alunos com surdez.
Para tanto, utilizaram-se os fundamentos da pesquisa qualitativa e
bibliográfica como procedimentos metodológicos e como pressupostos teóricos os
estudos de Marçal, Andrade e Rios (2005); Ribeiro, Leite e Sousa (2010); Corradi
(2007); entre outros.
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O estudo encontra-se organizado nos seguintes tópicos: Dispositivos Móveis e
Educação de Surdos e Algumas Considerações.
Dispositivos Móveis e Educação de Surdos
Os dispositivos móveis tendem a mudar a forma com que as pessoas
trabalham, se divertem e estudam. A cada dia, mais pessoas aderem a esta
inovação. É crescente o número de aplicativos que podem ser acessados nestes
aparelhos inteligentes.
Os tablets e os celulares têm permitido que estudantes tenham acesso a
conteúdos acadêmicos nos lugares mais diferenciados possíveis. Eles têm a cada dia
servido para dá suporte ao processo de ensino e aprendizagem de alunos com ou
sem deficiência. Essa nova alternativa de comunicabilidade tem proporcionado ao
aluno surdo maior independência e autonomia comunicacional e, com isso, maiores
condições de estudo.
Todavia deve-se alertar para que estes mecanismos inteligentes devam ser
usados de maneira inteligente também, no processo de ensino e aprendizagem. Ter
os aparelhos e os aplicativos adequados e internet veloz não é garantia de que os
surdos
tenham
aprendizagem,
faz-se
necessário
uma
sistematização
e
acompanhamento deste processo, caso contrário, nada valerá para o âmbito
educacional.
É certo que, nos dias atuais, é quase impossível viver sem as novas
tecnologias de informação e de comunicação. A comodidade que elas proporcionam
tende a colaborar com as diversas formas de vida da humanidade. O homem cria
para saciar suas necessidades,
seja ela básica ou não. Os dispositivos móveis
vieram coadunar com essa necessidade de ter a chance de colocar, na palma da
mão, o mundo. Entretanto, mesmo nessas ferramentas inteligentes como Apple,
iPhone, iPad, Android e o Blackberry, os usuários não estão isentos dos riscos de
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violações, perda de dados pessoais, roubos ou clonagem. Os celulares e os tablets
oferecem maior comodidade, mas estão suscetíveis
às alterações da dinâmica
social.
Com relação aos aplicativos criados, que beneficiam diretamente as pessoas
com necessidades
especiais, em particular às pessoas surdas, citam-se os
seguintes: Rybená, ProDeaf, Hand Talk, Mapp4All, acesso TV INES, o LVI-LIBRAS,
os quais podem ser acessados via smartphones, iphone e tablets. Considerando as
possibilidades de aplicabilidade dessas ferramentas na educação de pessoas surdas,
escolheu-se analisar a funcionalidade e navegabilidade desses dispositivos.
Quanto à funcionalidade, o Rybená tem a capacidade de traduzir textos do
português para a Língua Brasileira de Sinais-LIBRAS; faz também a conversão
português escrito para o português falado. A solução Rybená Web é uma tecnologia
nacional que oferece a possibilidade de compreensão de textos que podem ser
acessados de forma livre na web, isto é, textos sem acesso restrito.
Segundo os desenvolvedores do Rybená – Instituto Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento em Tecnologia de Software-ICTS, o Rybená
foi criado para
atender aos anseios das pessoas que têm algum tipo de deficiência e foi
reestruturado recentemente, com a intenção de facilitar o manuseio, conforme se
pode observar na figura 1.
FIGURA 1: INTERFACE DO SITE INSTITUTO CTS PARA ACESSO AO RYBENÁ
Fonte: http://www.grupoicts.com.br/?pg=publicacoes&codigo=7
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A funcionalidade do Rybená em celular ainda apresenta algumas limitações.
Consegue-se entrar no site normalmente, mas a visibilidade fica comprometida,
bem como a funcionalidade para interpretação dos vocábulos para LIBRAS.
Acredita-se que, com alguns ajustes, essa tecnologia pode contribuir para
facilitação da aprendizagem.
Em notebooks e netbooks, constata-se que é bem funcional e intuitivo. Nesses
aparelhos, inicia-se acionando o conversor para LIBRAS, clica-se no item, digita-se
a sua busca, do lado direito da tela no site do Instituto CTS, no ícone com a
configuração mãos abertas, evidenciando movimento circular, indicando o sinal
LIBRAS na cor azul.
Na sequência, seleciona-se o texto que deve ser traduzido, daí obtém-se a
tradução em LIBRAS. Para cegos, funciona clicando no ícone em que aparece a
boca lembrando a emissão de som; seleciona-se o texto e a tradução é feita
oralmente. O conversor, tanto para LIBRAS, quanto para o português oral, é
executado por meio de um avatar feminino, como pode ser visto nas figuras 2 e 3.
FIGURA 2: TELA RYBENÁ TRADUÇÃO PARA LIBRAS
Fonte: http://www.grupoicts.com.br/?pg=principal
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FIGURA 3: TELA RYBENÁ TRADUÇÃO ORAL LÍNGUA PORTUGUESA PARA CEGOS
Fonte: http://www.grupoicts.com.br/?pg=principal
De acordo com o ICTS, o player Rybená tem a capacidade de converter
qualquer página da internet em HTML ou texto escrito em português, para a
LIBRAS, permitindo tornar os sites acessíveis aos surdos.
Corradi (2007), em seu estudo “Ambientes Informacionais Digitais e Usuários
Surdos: questões de acessibilidade”, observou que existem algumas limitações no
Rybená quanto ao funcionamento, como: “a tradução ocorre na sequência de
português sinalizado, obedecendo a uma estrutura linguística diferenciada da
LIBRAS em sua gramática própria” (CORRADI, 2007, p. 98).
Entende-se que a conversão do português escrito para a LIBRAS via sistema
computacional automático ainda vem se aperfeiçoando e, mediante ao que se tem
visto, a cada dia novos esforços estão sendo empreendidos para aperfeiçoá-los.
No que se refere à navegabilidade, o site pode ser comandado pelo usuário
por meio das ferramentas disponibilizadas diretamente no sistema. O usuário pode
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selecionar as opções: traduzir, parar tradução, aumentar velocidade de tradução e
diminuir velocidade de tradução.
Logo abaixo da tela da sinalizante, há um espaço para legenda, onde são
apresentadas as palavras de acordo com a sinalização executada, o que facilita
aprender o vocabulário, porém a fonte da letra na legenda não pode ser ampliada.
Quanto ao tamanho da tela, ela não pode ser ajustada para ampliar o campo
de visão para aquelas pessoas que têm surdez e comprometimentos visuais, ainda
que a tela possa ser movimentada livremente no limite da interface do site.
O Rybená é um importante recurso disponível para os surdos; com ele,
podem ter acesso aos conteúdos acadêmicos, textos de química, física,
matemática, língua portuguesa, filosofia e outros, por meio da língua de sinais.
Entretanto, no iPhone, quando se aplica o zoom fica inviável a visibilidade, porque
sai da tela.
Apesar de ter-se conseguido acessar a ferramenta LIBRAS do Rybená no
celular, não se conseguiu que ela executasse a tradução de forma satisfatória.
Considera-se, contudo, relevante citá-los entre os aplicativos que podem ser
utilizados por pessoas surdas.
O ProDeaf caracteriza-se como um aplicativo disponível em dispositivos
móveis. Ele já se encontra na versão para Smartphones. É um aplicativo de
dicionário e tradução para a LIBRAS. Além das funções de tradução de palavras e
pequenas frases, a plataforma permite que seja criado conteúdos em LIBRAS, bem
como acréscimos de vocabulários com novos sinais.
O ProDeaf pode ser acessado gratuitamente e os sinais são executados por um
personagem animado masculino, um avatar, como pode ser visto na figura 4.
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FIGURA 4: TELA DO PRODEAF APRESENTADO PELO PERSONAGEM ANIMADO QUE EXECUTA OS SINAIS.
Fonte: http://www.prodeaf.net/prodeaf-movel/
A tradução executada por um avatar dispensa o intérprete humano,
otimizando o tempo e espaço, pois seriam necessários outros esforços com uma
logística bem mais complexa, como: estúdio para gravação dos sinais, necessidade
de mais tempo para gravação dos sinais, bem como outros recursos que são
importantes para a realização de trabalho com esse formato.
Com esse aplicativo, é possível também digitar uma sentença em português e
acompanhar a devida tradução em LIBRAS, bem como falar uma palavra e esta ser
traduzida na sequência em língua de sinais. Quando não existe o sinal específico da
palavra digitada ou falada, o sistema apresenta a digitalização da palavra por meio
do alfabeto manual. Isso ocorre, principalmente, com sinais regionais.
Os
desenvolvedores
do
ProDeaf,
em
entrevista
ao
site
http://www.guiadascidadesdigitais.com.br/site/pagina/traduo-para-surdoschegaa-dispositivos-moveis, intitulada “Tradução para surdos chega a dispositivos
móveis”, afirmam que as principais linhas de desenvolvimento hoje é para que
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possam acrescentar a tradução reversa, de LIBRAS, para o português e que estão
fazendo experiências com interfaces de reconhecimento de gestos, feita
originalmente para games.
Acrescentam ainda que a plataforma inclui um editor de sinais, para que os
usuários acrescentem novos vocábulos. Nesse caso, a câmara captura o sinal que
pode ser registrado no banco de sinais do aplicativo.
Inicialmente, pensou-se que, ao gravar o sinal novo para o aparelho
armazenar, haveria a possibilidade de serem gravados sinais com comprometimento
na articulação e outros fatores desse tipo, podendo causar equívocos. No entanto,
após contato com um dos integrantes do grupo que faz parte do projeto Prodeaf,
no I Encontro Nacional de Professores de LIBRAS no Ensino Superior-1ENPLES,
ocorrido nos dias 16,17 e 18 de outubro deste ano, em Fortaleza/CE, ele afirmou
que existe um grupo amplo de surdos que faz a avaliação constante dos sinais
armazenados, o que torna o banco de sinais gravados mais confiáveis.
Pensou-se ainda que os sinais, para serem veiculados, disseminados, devem
estar em consonância com a comunidade surda. Caso isso não ocorra, pode-se
incentivar a criação de sinais sem critérios, fugindo do alcance desta comunidade
usuárias nativas desta língua de sinais. Considerando que os sinais surgem da
necessidade de eles se comunicarem, isto é, naturalmente, se não houver um
acompanhamento
por
essas
comunidades,
podem
surgir
sinais
criados
artificialmente por pessoas não surdas.
Mediante essa preocupação, surge uma questão: Que critérios serão utilizados
para validar esses sinais armazenados no banco de dados desses dispositivos?
Outra possibilidade disponível em dispositivos móveis para os surdos é o Hand
Talk e SLEP (Scanner Leitor Portátil). Eles se apresentam como mais uma
alternativa de acessibilidade comunicativa para os surdos, como se pode visualizar
na figura 5.
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FIGURA 5: APRESENTAÇÃO INTERFACE DO HAND TALK
Fonte: https://itunes.apple.com/br/app/hand-talk-tradutor-portugues/id659816995?mt=8
O personagem virtual/intérprete é um tradutor dinâmico dos sinais, podendo
ser visualizado em 3D. O usuário pode escolher a posição do personagem e melhor
ângulo de visualização do sinal executado. No que se refere à interface, o
personagem virtual Hugo se apresenta com uma roupa clara da mesma cor do
fundo, bem como a cor da pele. Apesar da elegância, a visibilidade do sinal é
dificultada, por não apresentar contraste de cor entre tom de pele, roupa e fundo
da interface.
Na barra de funcionalidade, constam alguns ícones: no primeiro ícone,
aparece o histórico das palavras e frases recentes acessadas; na sequência, no
ícone “lápis”, escreve-se o texto a ser traduzido; no ícone “microfone”, grava-se a
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voz/áudio e processa-se para o item “editar”, aparecendo na tela em forma de
texto, clica-se em “enviar” e a interpretação é realizada.
Com relação ao ícone “máquina”, pode-se fotografar o sinal e enviar a foto,
no entanto, quando se enviou a foto, para testar o aplicativo, só apareceu símbolo
desconexo com a informação enviada. Ao clicar em “enviar” essas informações
passadas para texto, é feita a tradução, embora apareçam informações diferentes
da foto enviada.
Salienta-se que, no ícone “texto”, é disponibilizado um teclado
para ser
digitado o texto a ser enviado para tradução. No último item, é possível acessar os
ícones “ajustes”, “sugestões”, “facebook”, “Faq” e “Dicas”. No ícone “ajustes”,
abre-se uma tela com nome “configurações”, com opção “confirma texto falado” e
outro “confirma texto fotografado”.
No item “sugestões”, consta acesso a nome, e-mail juntamente com a tela de
acesso ao teclado para digitar palavras a ser enviadas pelo e-mail. No item
Facebook, abre-se uma página do Hand Talk no facebook, com possibilidade de
baixar o aplicativo com explicações detalhadas.
No FAQ, vêm
as explicações sobre o que é o aplicativo Hand Talk com
questões sobre ele, com suas respectivas respostas. Por exemplo: o aplicativo
traduz conteúdos de outras línguas; resposta: Ainda não! Atualmente, a tradução é
feita do português para a LIBRAS, a língua brasileira de sinais. Entende-se que o
FAQ é uma espécie de tutorial do aplicativo.
É interessante informar que, para repetir o sinal, clicam-se duas vezes no
Hugo (o intérprete virtual); para parar, clica-se uma vez na tela e ele para a
tradução. Para aumentar ou diminuir a velocidade dos sinais, clica-se em
“ajustes”, e escolhe-se a velocidade desejada, o que facilita a aprendizagem,
permitindo que os sinais sejam melhor compreendidos em uma velocidade menor.
Com essas ferramentas, é possível ter acesso a informações em LIBRAS e em
língua portuguesa, o que representa um avanço nas possibilidades de acesso a
conteúdos das diversas áreas do conhecimento.
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Outro aplicativo utilizado, frequentemente, pelos surdos, para se locomover e
se situar no espaço, é o MAPP4ALL, um aplicativo que permite ao usuário, surdo ou
não, localizar-se geograficamente no espaço. É de fácil acesso, porém, todo em
língua portuguesa. É bem legível e intuitivo, foi desenvolvido pela Fundación
Equipara e pode ser visualizado na figura 6.
FIGURA 6 : IMAGEM DO APLICATIVO MAPP4ALL PARA IOS
Fonte: https://itunes.apple.com/br/app/mapp4all/id554604550?mt=8&ls=1
No aplicativo do Instituto Nacional de Educação de surdos—INES, encontra-se
disponibilizada a TV INES, com uma programação acessível em língua de sinais e
língua portuguesa. No aplicativo da TV INES, podem ser encontrados produções com
conteúdos
desenvolvidos
por
profissionais
deste
instituto.
Levam-se
em
consideração os aspectos culturais dos surdos,visando contemplar os interesses de
diversas faixa etárias com informações, passando de entretenimento até
educação.
Os conteúdos são legendados e sinalizados, oferecendo condições de
acessibilidade comunicativa dos surdos. A programação pode ser visualizada no
site. A navegabilidade ainda é um pouco lenta, e as informações consideradas ao
vivo demoram a ser carregadas. Há algumas páginas no site que ficam com a
visibilidade comprometida, em função do tamanho da tela do dispositivo móvel.
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Ao ser acessado, são exibidas categorias que podem ser acionadas. O ícone
localiza-se em cima na barra de menu; quando se clica nele, abre-se uma janela,
para que seja selecionada uma categoria pelo usuário: aula de LIBRAS, Brasil leitor,
documentário, educação, infantil, interesse público, música, piadas, salto para o
futuro, tecnologia, via legal, visual, destaques e favoritos.
O símbolo do aplicativo pode ser visto na figura 7.
FIGURA 7: SÍMBOLO DO APLICATIVO TV INES
Fonte: https://play.google.com/store/apps/details?id=br.gov.ines.tv&hl=pt_BR
Esse aplicativo oportuniza acessar conteúdos que podem dar suporte a
disciplinas, como: geografia, história, LIBRAS, língua portuguesa, matemática,
tecnologia e outras.
O dicionário de LIBRAS é um aplicativo pago e por não ser gratuito, deteve-se
a observar as informações disponíveis nas telas de divulgação, nas quais consta uma
lista de palavras. Ao ser acionada essa lista, aparece um intérprete, sinalizando a
palavra selecionada – contendo na tela palavras escritas em português e inglês:
açúcar – sugar, avião airplane e outros. A figura 8 mostra a imagem do aplicativo.
Ele pode ser utilizado no processo de alfabetização em língua de sinais.
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FIGURA 8: DICIONÁRIO DE LIBRAS DA LINHA VERDE INTERATIVA-LVI.
Fonte:www.linhaverdeinterativa.com.br
Outro aplicativo, também pago, é o Curso de LIBRAS-língua brasileira de
sinais, o qual disponibiliza cursos de LIBRAS, cuja interface pode ser conhecida na
figura 9. Este aplicativo contém três ícones de acesso às informações. O primeiro
possui a ilustração de um dicionário, para acessar as palavras listadas em ordem
alfabética. Clica-se na palavra e abre-se uma janela com uma intérprete
executando a respectiva palavra.
Na segunda janela, constam as aulas em pasta denominada aulas que podem
ser acessadas após compra da aula. Só depois de se comprar as aulas, podem ser
instaladas. As aulas podem ser compradas separadamente. As frases com os
conteúdos de cada aula estão escritas em português.
Nesse aplicativo, ficam disponíveis alguns textos da primeira aula para
demonstração. O terceiro e último ícone denominado “compartilhar” dá acesso ao
facebook.
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FIGURA 9: INTERFACE DO APLICATIVO
Fonte: App “Curso de Libras” para iOS
Os aplicativos Rybená, ProDeaf, Hand Talk, Mapp4All, Acerp, Acesso TV INES,
o LVI-LIBRAS foram baixados por meio da Apple Store, loja de aplicativos do
sistema iOS, dos aparelhos de Smartphones da linha iPhone.
Percebe-se que os surdos têm utilizado esses aplicativos em suas pesquisas,
dentro e fora da escola. Eles divulgam nas redes sociais, demonstrando que estão
atentos aos avanços dessas tecnologias e fazendo uso do suporte de suas
necessidades, sejam elas educacionais, sejam sociais e outros.
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Algumas considerações
As tecnologias comunicacionais móveis surgem com uma nova forma de
condução de vida. “O acelerado desenvolvimento e sua difusão ocorrem de modo
impressionante quando comparados a quaisquer outras tecnologias”(RIBEIRO,
LEITE, SOUSA, 2010, p. 198).
O uso do celular aumentou com a portabilidade e o acesso via Wi Fi,
permitindo comunicabilidade em diferentes espaços como: carros, cinemas,
escolas. Esses aparelhos têm agregado ferramentas, superando as funções dos
antigos aparelhos celulares e, em algumas vezes, substituindo os computadores.
Tudo isso se tornou possível com os estudos da área da inteligência artificial.
Esses recursos já vêm superando em alguns requisitos,
que só eram vistos na
ficção. Os filmes têm explorado bem essa temática, retratando situações em que
as máquinas chegam a superar em muito as habilidades humanas. Essas máquinas
inteligentes em que só eram vistas nos filmes, hoje fazem parte do mundo real.
Nesse cenário evolutivo, ficcional e real, os dispositivos móveis têm sido um
grande aliado à educação, pela facilidade de acesso a conteúdos, de forma
imediata para diferentes tipos de estudantes, inclusive surdos.
Esses dispositivos móveis têm sido foco de interesse de pesquisas, entre elas,
importa registrar a realizada pelo do instituto
de
pesquisa
SRI
(Stanford
Research Institute), que trata sobre esses dispositivos na escola. Marçal, Andrade e
Rios (2005), no trabalho Aprendizagem Utilizando Dispositivos Móveis com Sistemas
de Realidade Virtual, mencionam que este estudo foi realizado com mais de 100
instituições de ensino nos Estados Unidos, do ano de 2000 a 2002, o qual concluiu
que os dispositivos móveis podem oferecer benefícios únicos aos alunos. Os
professores
participantes
da
pesquisa
evidenciaram
ampla
aceitação
de
computação móvel no âmbito de suas salas de aulas (MARÇAL; ANDRADE; RIOS,
2005).
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Nesse sentido, os dispositivos móveis têm sido usados para apoiar diversas
disciplinas no mundo todo, por exemplo, para o ensino de idiomas, biologia,
química e outras.
Os surdos também a cada dia vêm utilizando os aplicativos para socializar-se,
divertir-se e estudar. Esses equipamentos disponibilizam conhecimentos em
diversas áreas, na língua de sinais e na língua portuguesa, o que tem ampliado as
possibilidades de aprendizagem dos conteúdos escolares. Entre os aplicativos
acessíveis em língua de sinais e língua portuguesa, observamos que
a
funcionalidade do Rybená, ProDeaf, Hand Talk, Mapp4All, Acerp, acesso TV INES, o
LVI-LIBRAS tem auxiliado no suporte a sua aprendizagem.
Estes aplicativos são bem vindos na comunidade surda; eles são utilizados
dentro e fora da escola como instrumento de busca e pesquisa, nas diversas
disciplinas que compõem o currículo acadêmico.
Observa-se ainda que existem limitações quanto ao acesso por questões
sociais e econômicas, como: aquisição dos aparelhos celulares de alto custo, acesso
à internet entre outros. Quanto à funcionalidade, existe ainda um número limitado
de sinais nos bancos de dados, o que inviabiliza conhecer alguns sinais, devido às
diferenças regionais, principalmente. A interface com inadequações no contraste
das cores e outras limitações.
Acredita-se que, apesar de muitos alunos surdos ainda não terem acesso a
esses aplicativos por questões econômicas e estruturais, é inegável a relevância
dessas iniciativas tecnológicas. Elas têm oferecido aos alunos surdos a chance de
ter ao seu dispor recursos extremamente funcionais e inteligentes, por meio dos
aparelhos celulares com sistema operacional Android.
Tudo isso se tornou possível com os estudos da área da inteligência artificial,
que tem auxiliado na criação de novos sistemas operacionais inteligentes,
proporcionando, com isso, condições de vida mais independente e autonôma,
fundamentalmente, para aquelas pessoas que possuem limitações física, sensorial
ou intelectual, entre elas os surdos.
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Referências
CARTILHA DE SEGURANÇA PARA INTERNET: Fascículo – Disposítivos Móveis.
Disponível em:
http://cartilha.cert.br/fasciculos/dispositivos-moveis/fasciculodispositivos-moveis.pdf . Acesso em: 01 nov. 2013.
CORRADI, Juliane Adne Mesa. Ambientes informacionais digitais e usuários
surdos: questões de acessibilidade. Dissertação (Mestrado em Ciência da
Informação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista,
Marília, 2007.
GUIA DAS CIDADES DIGITAIS. Tradução para surdos chega a dispositivos móveis.
Disponível:http://www.guiadascidadesdigitais.com.br/site/pagina/traduo-parasurdos-chega-a-dispositivos-mveis. Acesso em 19 ago 2013.
INSTITUTO CTS. Rybená. Disponível em:
http://www.grupoicts.com.br/?pg=publicacoes&codigo=7 . Acesso em: 19 ago
2013.
MARÇAL, Edgar. ANDRADE, Rossana. RIOS, Riverson. Aprendizagem utilizando
dispositivos móveis com sistemas de realidade virtual. Novas Tecnologias na
Educação. CINTED-UFRGS V. 3 Nº 1, Maio, 2005. Disponível em:
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