Especial TRT-MG
Prova discursiva da FCC: o que saber sobre questões, bancas, grades
de respostas etc.
Olá, candidatos!
Mais uma vez digo que é um prazer escrever sobre as discursivas da Fundação Carlos
Chagas (FCC).
Como muitos já sabem, a FCC é uma das bancas mais rígidas e competentes que temos
quando o assunto é prova discursiva. É lógico que um erro ou outro uma banca pode cometer,
mas vale ressaltar que a banca, em geral, trabalha muito bem.
Minha proposta com este texto, porém, não é rasgar elogios à FCC.
A proposta é levar a você informações importantes sobre a prova discursiva; sobre a
percepção minha e da minha equipe, que também está sob a coordenação do prof. Décio
Terror, sobre a composição da discursiva.
O que vamos fazer é colocar um pouco da nossa experiência à disposição de vocês para
que o conhecimento do conteúdo não esteja à mercê de riscos estruturais discursivos.
Esclareço que este material serve para qualquer concurso da FCC e tomarei como
paradigma o edital TRT-MG (2015) para as seguintes áreas:
•
Redação para técnico judiciário – administrativo
•
Estudos de caso para oficial de Justiça
•
Estudos de caso para analista judiciário – judiciário
•
Estudos de caso para analista judiciário – apoio: administrativo
Desejo, já nas primeiras linhas, boa leitura e sucesso no concurso!
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A REDAÇÃO – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
O que esperar do tema?
Se a prova objetiva dos técnicos tende a ser mais simples do que a prova dos analistas,
a notícia da discursiva é outra: a redação costuma ser muito mais complicada do que o estudo
de caso.
Para o tema da redação, ou a banca optará por assunto bem atual ou optará por
assuntos de cunho reflexivo ou filosófico.
Sobre atualidades, recomenda-se ler bastante sobre os seguintes assuntos:
 Terceirização de serviços.
 Regulamentação dos direitos trabalhistas das empregadas domésticas.
 O extremismo na sociedade atual (no campo religioso, na política etc.).
 A moralidade e a ética na política.
Mas há forte tendência de os temas versarem sobre aspectos de cunho filosófico, porque
esta tem sido a preferência da FCC em praticamente todos os concursos da banca. Portanto,
merecem atenção assuntos como os seguintes:
 As demandas plurais da sociedade, multiculturalismo, pluralismo social, cultural,
religioso, político etc.
 A coletividade das massas sociais x a singularidade que a compõe (o respeito à
diversidade, aos direitos privados, às ideias pessoais, às identidades).
 Os limites da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão.
 Os deslocamentos humanos (migrações, turismo, mobilidade urbana).
 O papel da arte na contemporaneidade.
 A influência das novas tecnologias no comportamento social.
Estar em dia com os acontecimentos no Brasil e no mundo é importante. Mas muito mais
importante é começar a ter intimidade com os assuntos acima, porque são os que a banca
repete em seus concursos, em meio a “roupagens temáticas” diversas.
Não adianta pensar em desistir do concurso. Correr de nossas “boas ambições”, em
razão do primeiro obstáculo que nos é imposto, é admitir a pior das derrotas: a perda do
concurso para nós mesmos.
Busque informação antes de julgar que algo é impossível!
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Essa “gente” que escreve para você, por exemplo, nasceu de um berço muito pobre,
originário de uma comunidade com escassez de recursos: falta de água, luz etc. E isso não faz
parte de um passado muito remoto, a considerar os meus 30 + 8 aninhos.
Pense nessa pequena biografia e pense na sua também. Desenhe seu bonequinho de
barro ou de cera e imagine-se transformado daqui a alguns meses ou anos. Sua biografia
precisa ter o peso da sua mão. Deixe o destino cuidar do imutável na vida e deixe a opinião
alheia continuar cumprindo o seu papel que é falar dos outros e de você. Historicamente
sabemos que isso não muda. Há colunistas sociais para ricos e por que não para médios e
pobres! Rsrsr.
Enfim, ponha alma no seu projeto, no seu sonho e na sua necessidade de provar para si
o quanto é forte e determinado.
Além do mais, obstáculos sempre estiveram presentes nos concursos.
Acredito que temas como os citados aparecerão não só no TRT-MG mas também nos
demais TRTs, TREs ou TRFs em que a FCC propuser redação.
Minha crença nessa proposta se baseia em duas posições simples: boa parte da nossa
imprensa semanal perdeu o viés informativo. Vejam que há muita preocupação de revistas e
jornais voltarem praticamente todas as suas crônicas e reportagens para uma discussão
política sem fim, digo, partidária mesmo, e isso gera ônus à linguagem porque, se o assunto
não muda, o vocabulário e a morfossintaxe do texto tendem a ficar repetitivos também (é uma
pena!). E a banca logicamente quer selecionar bons redatores.
O outro motivo da minha aposta eu já reiterei e reitero: tais assuntos estão entre as
preferências da FCC.
Então, consulte nosso “oráculo” da internet. Jogue palavras-chave dos assuntos
sugeridos na busca dos “Googles da vida” e leia o que aparecer sobre eles.
Autores maravilhosos como Bauman, Stuart Hall, Lyotard, Adorno, Guatarri e Baudrillhar
são muito bem-vindos, caso você queira abrir o “leque da aventura” em busca de
conhecimento genuíno. Estes mestres irão mudar sua vida, se houver tempo e paciência para
compreendê-los e tê-los.
O que esperar da correção?
Rígida, rígida e rígida. Como a correção é dividida em três partes (Conteúdo, Estrutura e
Expressão), contei três vezes a rigidez.
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Algumas dicas ajudam você a reduzir riscos:
 Seja objetivo. Foque sua introdução no tema.
 Se o tema for polêmico e a banca lhe pedir um posicionamento em face dele, jamais
coloque seu ponto de vista pessoal a favor disso. Pense antes no seguinte: qual
posicionamento me ajudaria a ter mais argumentos racionais e provas (exemplos,
fatos históricos etc.) para compor uma redação mais científica e menos emotiva?
 Capriche na legibilidade. Você poderá usar letra de forma, se quiser. O único
problema é grafar de forma ilegível.
 Crie uma estrutura lógica e coesa para o seu texto. Evite ir e voltar com determinado
assunto. Por exemplo: se você quer falar de vantagens das redes sociais e quer falar
também das desvantagens, esgote as vantagens e depois fale das desvantagens. Há
candidatos que abordariam as vantagens e as desvantagens no mesmo parágrafo,
depois voltariam às vantagens..., ou seja, fazem aquela “bagunça” discursiva.
Exemplo:
TRE-RR/2015
Viram o nosso exemplo de 2015? Esse é o nível dos temas da FCC. Observando-o, veja
como você, na condição de escritor, se sente diante dele.
Trata-se de um bom exercício para examinar o quanto você precisa estudar redação e ler
sobre os assuntos que citamos. E, como eu disse, nada de olhar para os obstáculos com o
olhar enviesado da preguiça e de hominídeo. Seja homem, seja mulher!
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O Estudo de Caso – Analista Judiciário – Administrativo
O que esperar do tema?
Primeiramente cabe explicar o que é estudo de caso. Esse exercício discursivo nada mais
é do que uma proposta que nasce de uma história fictícia (inventada) para, em seguida, se
apresentarem os questionamentos ou os assuntos sobre os quais você irá escrever.
Os candidatos da área administrativa são os segundos na ordem do sofrimento, depois
dos técnicos.
Por quê?
Os assuntos propostos pela banca são difíceis? Representam raridades, “cantos de livro”?
Resposta: não! Não há uma linha de assunto eleita para a escolha da banca. Mas
sabemos que são, em sua maioria, até simples. Mas o problema é o trabalho que eles dão.
A banca compositora de temas da área administrativa pede meio milhão de “coisas” que,
aparentemente, não caberão no espaço destinado à escrita. São descrições de procedimentos
sem fim.
Então, o pessoal do TRT-MG sofrerá bastante porque o espaço máximo para a escrita é
composto de, no máximo, 20 linhas.
Vejam aí o tipo de tema que a banca costuma trazer:
TCE-GO/2014
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O que esperar da correção?
Menos rígida com a gramática e menos preocupada com a coesão textual, mas bastante
centrada em detalhes, porque a grade de respostas fornecida à banca corretora (que é
diferente da banca compositora da questão) é muito detalhada.
Então, candidato, se houver como fazer isto, esgote o assunto porque uma “coisa” esta
banca não é: favorável à concisão (economia discursiva).
O Estudo de Caso – Analista Judiciário – Judiciário
O que esperar do tema?
Antes de falar do tema, vale a pena o candidato saber sobre sua posição na linha do
sofrimento da discursiva.
Trata-se do terceiro colocado quanto à “sofrência”.
Sofrerá menos que o técnico, sofrerá menos que o analista administrativo, mas,
comparado com o oficial, sofre um pouco mais do que este.
Os temas da banca, naturalmente, voltados para o Direito, tendem a cobrar assuntos que
estão polêmicos e atuais.
Por exemplo: a questão da responsabilidade subsidiária, envolvendo a terceirização. É
preciso dominar normativos vigentes, guardar súmulas sobre o assunto e ficar atento às
novidades.
Outra área “danadinha” para aparecer é a processual, tanto a civil quanto a do trabalho.
Talvez valha a pena estabelecer tabelas sobre prazos, cabimentos etc.
Exemplo:
TRF 3/2013
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O que esperar da correção?
Bem objetiva e focada na fonte de fundamentação exigida no enunciado. Se a banca, por
exemplo, quer a análise de um determinado assunto à luz da Constituição Federal, o que você
deve fazer é compor o texto com essa base. Mas, infelizmente, muita gente se atrapalha e vai
a outra norma, apresenta nome de doutrinador, entra nas “querelas” da jurisprudência etc.
O Estudo de Caso – Oficial de Justiça
O que esperar do tema?
Se a sua prova objetiva tende a ser chatinha, se a sua área chama menos do que a do
analista judiciário, a banca lhe compensará com uma discursiva que pode ser menos
complicada, para não dizer mais fácil.
A tendência do tema é versar sobre o dia a dia do oficial de justiça e o seu papel de
“longa manus” do juiz. Os temas versam sobre o cumprimento de mandados (citações,
penhoras etc.).
São temas objetivos, com questionamentos bem simples. Pelo menos, tem sido assim
em vários concursos da banca. E acho difícil a banca compositora da prova discursiva para
oficial mudar sua forma de propor temas.
FCC/2012
O Oficial de Justiça encarregado do cumprimento de um mandado citatório vai ao
Condomínio Edilício em que reside o réu, e ao ser recebido pelo porteiro, percebe
conversa pelo interfone e desconfia haver o réu dado ordens a esse funcionário para
dizer que não se encontrava, frustrando a citação. Como cumprir o mandado? Qual a
denominação dada a essa modalidade de citação? Como será o réu, ao final,
cientificado de sua citação? Analise o caso detalhadamente (20 linhas).
O que esperar da correção?
“Light”. Essa é a definição. É lógico que sua resposta precisa ter conteúdo correto. Mas
não estranhe se tiver que expor o conteúdo de uma das demandas em uma só linha. A grade
de resposta dos examinadores tende a ser bem objetiva e concisa, por assim dizer.
***
Bom, é esse o recado deste nosso encontro! Espero que eu tenha jogado um pouco de
luz na discursiva para você!
Professora Júnia Andrade
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