ANAIS DA 11ª JORNADA ACADÊMICA DE ODONTOLOGIA UFPI
ISSN 2318-616X
FÓRUM CIENTÍFICO – PRÓTESE – Acadêmico – Pesquisa Concluída
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PRECISÃO DA TÉCNICA DE MOLDAGEM DE TRANSFERÊNCIA DE IMPLANTES
MÚLTIPLOS COM ALGINATO E SILICONA DE ADIÇÃO
Ana Cláudia de Castro Furtado Ribeiro*; Vítor Rodrigues Mendes; Lorenna Bastos Lima Verde
Nogueira; Thalisson Saymo de Oliveira Silva; Carmem Dolores Vilarinho Soares de Moura;
Valdimar da Silva Valente
INTRODUÇÃO
O sucesso dos tratamentos reabilitadores com próteses implantossuportadas está condicionado
à adaptação das próteses aos pilares, propiciando distribuição de forças aos implantes sem
gerar tensões ou compressões nocivas, evitando a perda óssea periimplantar e o fracasso do
processo de osseointegração1,2,3,4. A passividade é a qualidade ou condição de inatividade
assumida pelos dentes e pela prótese quando o implante está no lugar e não está sob pressão,
de forma que quando a prótese se encaixa uniformemente com todos os pilares, a passividade é
alcançada5. Apesar de desempenhar um papel importante na longevidade da prótese implantosuportada, o ajuste passivo absoluto parece inatingível1 devido ao número de variáveis
envolvidas no processo de confecção da prótese, que inclui a tolerância entre os componentes
dos sistemas de implantes; manipulação indevida dos materiais de moldagem e vazamento e
conseqüente imprecisão das mesmas; as propriedades da liga metálica do implante, bem como
da habilidade do profissional4.Independente da técnica utilizada, o fundamental é que a
moldagem de transferência permita a replicação de forma precisa da posição do implante
mestre, e que reproduza o mais fielmente possível essa condição clínica para que seja obtida
uma adaptação exata e passiva da supra-estrutura2,3,6.
OBJETIVOS
Comparar a precisão de dois materiais de moldagem (hidrocolóide irreversível e silicona de
adição) por meio de modelos de gesso obtidos a partir de moldagem de transferência com
transferentes quadrados variando a técnica de esplintagem.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foi utilizado um modelo mestre em resina termopolimerizável incolor simulando um arco inferior
com quatro análogos de pilares cônicos, fixados na região intermentoniana, eqüidistantes e
paralelos entre si. A partir desse modelo mestre, o experimento será delineado em função dos
grupos: Grupo 1) 10 modelos de gesso obtidos em moldes de hidrocolóide irreversível utilizandose a técnica de transferência com moldeira aberta, transferentes quadrados e unidos com fio
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dental e resina acrílica; Grupo 2) 10 modelos de gesso obtidos em moldes de hidrocolóide
irreversível utilizando-se a técnica de transferência com moldeira aberta, transferentes
quadrados e unidos com pino para troquelpindex e resina acrílica; Grupo 3) 10 modelos de
gesso obtidos em moldes de silicona de adição utilizando-se a técnica de transferência com
moldeira aberta, transferentes quadrados e unidos com fio dental e resina acrílica; Grupo 4) 10
modelos de gesso obtidos em moldes de silicona de adição utilizando-se a técnica de
transferência com moldeira aberta, transferentes quadrados e unidos com pino para troquel e
resina acrílica. Para obtenção dos modelos de gesso se fará conexão dos análogos nos
transferentes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1 – Valores médios de desadaptação cervical dos pilares (mm).
Modelo Mestre Técnica de Moldagem Fio e Alginato Técnica de Moldagem Pino e Alginato
Técnica de Moldagem Fio e Silicona
Técnica de Moldagem Pino e Silicona
Pilar1 0,016 0,022 0,022 0,022 0,025
Pilar2 0,021 0,023 0,025 0,020 0,023
Pilar3 0,021 0,023 0,027 0,030 0,026
Pilar4 0,016 0,018 0,022 0,019 0,023
Média (d.p)
0,019 (0,00)a
(0,007)b
0,024
(0,002)a
0,023
(0,002)c
0,024
0,021
(0,002)a
p-value 0,015
a,b,c Letras iguais na mesma linha significa diferença significativa pelo post-hoc Tuckey após
ANOVA (p=0,024).
Gráfico 1 – Valores médios de desadaptação cervical dos pilares (mm).
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Comparando os dois materiais de moldagem utilizados na técnica da esplintagem com fio dental
e resina autopolimerizável,o alginato obteve melhores resultados (0,021µm) quando comparado
com a silicona de adição (0,023µm). Porém, devido a dificuldade da técnica do fio unido com
resina acrílica autopolimerizável foi pensada uma nova técnica que tivesse maior facilidade e
economia de tempo, unindo os transferentes com pino para troquel e resina acrílica.
As moldagens de transferência utilizando a técnica com esplintagem como fio dental e resina
acrílica produziram uma menor discrepância marginal independentemente do material utilizado7.
Essa constatação confirma que independente do material, a técnica do fio dental com alginato e
do fio dental com silicona de adição obtiveram diferenças estatisticamente insignificantes, assim
como a técnica do pino para troquel com alginato e do pino para troquel com silicona de adição
tiveram resultados semelhantes.Portanto, independente do material e da técnica de esplintagem
utilizados, os resultados obtidos nos quatro grupos viabilizam a utilização clínica de qualquer um,
ficando a critério do profissional a escolha de qual técnica e material utilizar.
CONCLUSÃO
Com base em observações descritas, conclui-se:
•
A técnica de moldagem com união dos transferentes por fio dental e resina acrílica foi a
mais precisa, independente do material utilizado.
•
A Utilização de pinos para troquél para união dos transferentes na moldagem de
componentes para implantes mostrou-se clinicamente eficaz, apesar de ter diferença
estatisticamente significantes das demais.
•
O alginato de presa tardia pode ser utilizado para moldagem de transferência utilizando
os transferentes unidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Wee AG.Comparison of impression materials for direct multi-implant impressions. J
Prosthet Dent 2000; 83 (3): 323-31.
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Lee SJ, Cho SB.Accuracy of five implant impression technique: effect of splinting
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Rashidan N. et al. Accuracy of Implant Impressions with Different Impression Coping
Types and Shapes.Clinical Implant Dentistry and Related Research 2012; 14 (2): 218-25.
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Aguilar ML et al. Analysis of three-dimensional distortion of two impression materials in
the transfer of dental implants. J Prosthet Dent 2010; 103 (4): 202-209.
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Wöstman B, Rehmann P, Balkenhol M. Influence of impression Technique and Material
on the Accuracy of Multiple Implant Impressions. Int J Prosthodont 2008; 21 (4): 299-301.
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Yamamato E, Marotti J,Campos TT, Tortamano Neto P. Accuracyof Four
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J Oral MaxillofacImplants2010; 25 (6): 1115-24.
Descritores: Adaptação marginal. Técnica de moldagem odontológica.Implantes dentários.
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FÓRUM CINETÍFICO – ESTOMATOLOGIA – Acadêmico – Projeto de Pesquisa
1. OSTEONECROSE EM MAXILARES POR BISFOSFONATOS EM PACIENTES COM
CÂNCER: UM ESTUDO RETROSPECTIVO
Natália Silva Andrade*; Isaac Luís Veloso dos Santos; Moema Modesto Fonseca Rocha; Ana
Luísa Rios Barbosa de Almeida; Simone Souza Lobão Veras Barros
INTRODUÇÃO
Os bisfosfonatos (BFs) são um grupo de substâncias farmacológicas que reduzem a capacidade
dos osteoclastos de reabsorção óssea (ARANTES; SILVA; LAZARETTI-CASTRO, 2010). Estes
fármacos vêm sendo utilizados desde 1960, para o tratamento de metástases ósseas, câncer de
pulmão, mieloma múltiplo, doença de Paget, controle de doenças do metabolismo do cálcio
como a osteoporose, entre outros (SCARPA, et. al., 2010; BROZOSKI, et. al., 2012). Ao inibir a
reabsorção óssea, essas drogas prejudicam a circulação intraóssea, levando a
hipovascularização, que pode contribuir para o desenvolvimento de necrose (SCARPA, et. al.,
2010). A osteonecrose em maxilares induzida por bisfosfonatos (ONMB) foi inicialmente
abordada na literatura em 2003 por Migliorati, Marx, Wang e Carter e Goss, os quais reportaram
casos de pacientes com extensas lesões osteolíticas semelhante à osteomielite nos ossos
maxilares, cuja origem foi atribuída à terapia com altas doses de BFs (SANTOS; OLIVEIRA;
FÉLIX, 2011; PASSERI; BÉRTOLO; ABUABARA, 2011). Segundo Santos, et al. (2008), são
fatores de risco para ONMB: extração dentária concomitante à terapia com pamidronato/
zolendronato, idade do paciente e tempo de diagnóstico da doença. A American Association of
Oral and Maxillofacial Surgeons (AAOMS, 2007) definiu as três características para associar
essa patologia aos BFs: paciente está sendo ou foi submetido à terapia com estes fármacos;
exposição necrótica óssea nos maxilares persistindo por mais de oito semanas e nenhuma
história de irradiação sobre o sítio anatômico (SOUZA; JARDIM JR., 2008).
OBJETIVO
A proposta deste estudo consiste em avaliar retrospectivamente prontuários de pacientes com
câncer que desenvolveram osteonecrose em maxilares induzida pelo uso de bisfosfonatos em
um hospital referência no tratamento oncológico de Teresina - PI.
METODOLOGIA
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Trata-se de um estudo retrospectivo com base em análises documentais durante o período de
abril a junho de 2013, que está sendo realizado no Hospital São Marcos, em Teresina – PI,
referência para o tratamento de câncer no Estado. O hospital tem disponível, em base de dados
eletrônica, a evolução de todas as especialidades com características individuais e tratamentos
realizados de cada paciente. A revisão retrospectiva de prontuários eletrônicos médicos e
odontológicos de pacientes oncológicos foi utilizada para identificação de sujeitos que
desenvolveram ONMB no referido Hospital. A população de estudo é constituida de pacientes
com câncer em uso de BFs, com registro da condição disponível no prontuário eletrônico. Todas
as evoluções dos prontuários foram revisadas na íntegra à procura dos casos de ONMB. A
amostra deste estudo será formada por todos os pacientes que foram diagnosticados em alguma
evolução com ONMB. Os casos estão sendo identificados através de buscas nas bases
eletrônicas a partir dos termos: 1ª fase - osteonecrose, necrose óssea (encontrados 86
pacientes, com ONMB 4); 2ª fase - pamidronato ou aredia, zolendronato ou zometa e
alendronato (em fase de andamento). Para a coleta dos dados utilizou-se um formulário próprio,
preenchido pelos pesquisadores e contendo informações sobre as seguintes variáveis: idade,
sexo, tipo de câncer, fármaco utilizado, via de administração, tempo de uso da medicação,
região de localização da osteonecrose, tratamentos odontológicos prévios, tipo de tratamento
adotado para osteonecrose e prognóstico da lesão.
RESULTADOS PARCIAIS
Na primeira fase, após pesquisa de prontuários com os termos osteonecrose e necrose óssea,
foram identificados 86 pacientes, quatro dos quais desenvolveram efetivamente ONMB (4,65%).
Foram excluídos aqueles que desenvolveram osteonecrose apenas em outras regiões do corpo
e os quais haviam sido submetidos à radioterapia de cabeça e pescoço concomitante à terapia
com BFs. Os pacientes que apresentaram ONMB em sua maioria faziam uso de BFs
endovenosos, desenvolveram a osteonecrose na mandíbula e se submeteram a procedimentos
odontológicos cirúrgicos (exodontias).
CONSIDERAÇÕES
A ONMB tem sido relatada em vários estudos em todo o mundo, muito embora o papel definitivo
dos bisfosfonatos nessa condição não tenha sido totalmente elucidado. A alteração no
metabolismo ósseo junto a situações de injúria ou trauma cirúrgico parecem ser fatores
fundamentais no desenvolvimento de osteonecrose. A extração do dente como um evento de
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precipitação é uma observação comum também em relatos na literatura. A incidência de ONMB
é significativamente maior com preparações endovenosas de ácido zoledrônico e pamidronato,
mas alguns casos de ONMB com BFs orais também tem sido relatados. Os significativos
benefícios que estes fármacos oferecem aos pacientes ultrapassam claramente o risco de
potenciais efeitos secundários. No entanto, qualquer paciente para quem a terapia prolongada
com BFs esteja indicada, deve receber atendimento odontológico preventivo a fim de minimizar o
risco de desenvolver esta grave condição.
REFERÊNCIAS
ARANTES, H. P.; SILVA, A. G.; LAZARETTI-CASTRO, M. Bisphosphonates in the treatment of
metabolic bone diseases. Arq. Bras. Endocrinol. Metab., v. 54, n. 2, p. 206-212, 2010.
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BROZOSKI, M. A.; TRAINA, A. A.; DEBONI, M. C. Z.; MARQUES, M. M.; NACLÉRIO-HOMEM,
M. G. Osteonecrose maxilar associada ao uso de bisfosfonatos. Rev. Bras. Reumatol., v. 52, n.
2, p. 260-270, 2012.
PASSERI, L. A.; BÉRTOLO, M. B.; ABUABARA, A. Osteonecrose dos maxilares associada ao
uso de bisfosfonatos. Rev. Bras. Reumatol., v. 51, n. 4, p. 401-401, 2011.
SANTOS, P. S. S.; et. al. Osteonecrose maxilar em pacientes portadores de doenças
neoplásicas sob uso de bisfosfonatos. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., v.30, n. 6, p. 501-504,
2008.
SANTOS, P. S. S.; OLIVEIRA, M. A.; FELIX, V. B. Osteonecrose maxilofacial induzida por
bisfosfonatos em indivíduos com osteoporose. Rev. Bras. Ortop., v. 46, n. 5, p. 495-499, 2011.
SCARPA, L. C.; LEITE, L. C. M.; LACERDA, J. C. T.; ARANTES, D. C. B. Osteonecrose nos
ossos da maxila e mandíbula associada ao uso do bifosfonato de sódio. Revista Brasileira de
Pesquisa em Saúde, v. 12, n. 1, p. 86-92, 2010.
SOUSA, F. R. N.; JARDIM JR., E. G. Osteonecrose Associada com o uso dos Bifosfonatos.
Pesq. Bras. Odontoped. Clin. Integr., v. 8, n. 3, p. 375-380, set./dez., 2008.
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Descritores: osteonecrose, difosfonatos, oncologia
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