COLÉGIO BATISTA
DEPARTAMENTO DE ENSINO
SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
PROJETO: “CONSTRUINDO LIMITES”
4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
ANO LETIVO 2010
INTRODUÇÃO:
“No jardim do aprendizado, as
sementes plantadas hoje
produzirão a colheita de amanhã.”
Francis Bacon
Esse kit foi elaborado de forma coletiva na
primeira reunião de pais do Projeto
“Construindo Limites” realizado pelo Colégio
Batista de Porto Alegre em 08/04/2010.
Nosso objetivo era reunir o maior número
possível de idéias e sugestões de intervenção
nas situações mais comuns de indisciplina,
vivenciadas em casa e na sala de aula com
as crianças da atualidade.
Que esse material possa servir de auxílio a
todos os pais e familiares que, como a grande
maioria dos adultos de nosso tempo,
possuem dúvidas em relação à aplicação
correta de estratégias disciplinares.
Todos os casos descritos a seguir são
fictícios e as opiniões inseridas relatam a
posição da maioria dos pais presentes no
encontro.
I.
SUMÁRIO:
I.
II.
III.
IV.
V.
VI.
VII.
VIII.
IX.
X.
XI.
XII.
O Brigão ..........................................
A Super-Protegida ..........................
O Repetidor de Palavrões................
A Dependente Escolar.....................
A Inventora ......................................
O Apaixonado ..................................
A Desorganizada .............................
O Mau-Perdedor ..............................
A Sensível........................................
O Perseguidor .................................
Mensagem de Ânimo ......................
Espaço para Anotações .................
O BRIGÃO
Cristian é um menino de 9 anos que
constantemente se envolve em conflitos com outras
crianças, na escola e no prédio onde mora. Quer
controlar a tudo e a todos, o que acaba gerando
várias desavenças entre a própria família: o pai acha
normal, pois “filho homem tem que ter
personalidade, tem que se impor”. Já a mãe teme os
riscos que as atitudes de Cristian representam até
para sua própria integridade, além das constantes
críticas que recebe dos outros familiares quanto ao
comportamento do menino. A mãe coloca o filho de
castigo, mas o pai chega do trabalho e, penalizado,
libera a criança da punição. Como resolver este
problema ?
1. O pai não deve desautorizar a mãe;
2. O casal deve entrar num acordo quanto à
educação do filho e manter as combinações;
3. Ambos devem conversar com a criança a
respeito de sua postura inadequada;
4. Personalidade não é sinônimo de autoridade: não
é porque uma criança grita que conseguirá o que
quer. É necessário conversar bastante e explicar
para o filho o que sua atitude tem representado.
II. A SUPER-PROTEGIDA
Duda é uma menina de 6 anos, fruto de uma
gestação de risco. Desde bebê seus pais procuraram
satisfazer todos os seus desejos, o que acabou
deixando-a no controle familiar. Se queria alguma
coisa – brinquedo, doces, objetos de uso pessoal –
bastava chorar que conseguia. Enquanto Duda era
pequenininha todos achavam seu comportamento
normal. “Ela tem personalidade forte!” “Ela é muito
inteligente!” “Ela sabe que é uma princesinha!”.
Atualmente, porém, as atitudes da menina vêm
causando certa apreensão aos pais, que já não saem
tanto com a filha, pois ela sempre teima em querer os
brinquedos dos outros, em coordenar os joguinhos,
em chamar a atenção, e, caso não consiga seu
intento, chora e grita, bate pé e apronta o maior
escândalo. Como resolver este problema ?
1.
2.
3.
4.
Conversar/explicar à criança a situação;
Não ceder diante das pressões;
Deixar chorar, caso seja necessário;
Assumir o papel de pais e educadores, sem
ignorar que esse tipo de chantagem emocional
poderá ter sérias e graves consequências mais
tarde.
III.
O REPETIDOR DE PALAVRÕES
Gilberto tem 7 anos e vive proferindo palavrões.
Seja na escola, na rua, em casa ou na companhia
de amigos, vira e mexe ...... ZAP ! O menino acaba
dizendo uma palavra cabeluda ! A professora já
conversou com a mãe, mas esta diz que não sabe o
que fazer, que em casa o comportamento do filho é
igual, que ele repete tudo o que houve dos adultos –
inclusive dos pais – e que já explicaram a Gilberto
que determinada linguagem não deve ser utilizada
em público. Nenhum de seus esforços, porém, deu
resultado. Como resolver este problema ?
1. Os pais devem evitar a utilização de palavrões
em casa, pois são os modelos dos filhos;
2. Cuidado com a programação da TV, músicas e
influência da mídia na rotina da criança;
3. Conversar e esclarecer as dúvidas dos filhos,
além de estimulá-los à leitura e ampliação
saudável do vocabulário.
IV. A DEPENDENTE ESCOLAR
V. A INVENTORA
Luciane tem 8 anos e, segundo a mãe e a
professora, seu rendimento escolar está caindo dia
após dia. Ela era uma excelente aluna, mas agora
não consegue nem ao menos fazer as atividades do
tema de casa sozinha. Exige a presença constante
da mãe e, na maioria das vezes, pede que ela
própria realize os cálculos, a construção de frases,
as pesquisas virtuais. A mudança começou a
acontecer quando seu irmãozinho nasceu. O pai já
tentou intervir através de castigos e palmadas, mas
nenhum resultado positivo foi obtido. Como resolver
esta questão ?
Miriam tem 9 anos e adora inventar histórias. Sua
criatividade sempre foi muito boa, mas de uns
tempos para cá ela passou a inventar também
histórias relacionadas ao seu dia-a-dia. Já fantasiou
que estava sendo seguida por um adulto, já fez
relatos sobre objetos seus que teriam “sumido” na
escola, e também criou situações desagradáveis a
respeito de conflitos com colegas que nunca teriam
acontecido de fato. Os pais estão preocupados, pois
já não sabem mais o que é verdade e o que é
mentira nos relatos da filha. Como resolver esta
questão ?
1. Acompanhar a realização das tarefas de casa,
mas jamais fazê-las pela criança;
2. Estabelecer um momento “especial” para atenção
ao filho mais velho, onde o pai ou a mãe possam
dedicar-se
integralmente
ao
seu
acompanhamento e à realização de atividades
agradáveis.
3. Deixar
que
a
criança
assuma
as
responsabilidades pelos seus atos – se não
realizou as tarefas, que sofra as sanções
escolares específicas.
1. Procurar ilustrar os males que a mentira traz com
exemplos práticos;
2. Restabelecer a verdade dos fatos;
3. Reforçar a manutenção de um compromisso de
verdade;
4. A chave para qualquer dificuldade na educação
dos filhos é o diálogo. Quanto tempo do nosso
dia estamos dedicando à essa tarefa ?
VI. O APAIXONADO
Robson tem 8 anos e ultimamente desviou a
própria atenção dos estudos para o namoro. Se
autodefine como “apaixonado” por uma colega de
escola, quer que os pais comprem presentes em
datas especiais (Páscoa, Dia dos Namorados),
escreve bilhetes para a menina e comenta com seus
colegas que estão namorando e vão se beijar. Os
pais da menina já compareceram à escola para
reclamar de uma possível “perseguição” a filha e
exigem que esta situação seja resolvida no menor
prazo possível. Questionada em reunião com o
SOE, a mãe relata que não vê problema algum e
que isso demonstra apenas que o menino é
saudável. O pai afirma que ele assiste TV
normalmente e que a família não faz nenhuma
restrição em relação às informações que a criança
recebe sobre sexualidade. Como resolver esta
situação ?
1. Conversar sobre as responsabilidades do namoro com a
criança. Muitas vezes eles falam sem ter noção do que
essa atitude representa;
2. Evitar proibições, dialogar sempre. Só assim manteremos
proximidade com as crianças;
3. Manter atenção redobrada à programação que estão
assistindo. A influência é muito grande !
4. Solicitar uma oficina ou trabalho específico do SOE com a
turma.
VII. A DESORGANIZADA
Denise completou 8 anos e está no 3º ano.
Desde que iniciou na escola, os pais vivem sendo
chamados pelo Departamento Pedagógico para
conversarem a respeito da postura da menina em
sala de aula: ela dificilmente para sentada, mantém
o material desorganizado, o que contribui para que
perca folhinhas de atividades, lápis, caneta... Denise
também enfrenta dificuldades para permanecer na
fila ou sentar na rodinha inicial, pois sempre lembra
de alguma coisa que esqueceu de fazer e usa isso
como justificativa para sair do lugar. Como possui
rapidez de raciocínio e tem muita pressa em
terminar as atividades, a professora percebe que a
menina não está “dando o seu melhor”. Sua
agitação constante também influencia no rendimento
de seus colegas, que acabam perdendo a
concentração durante a realização das atividades.
Os pais afirmam que em casa ela mantém a atitude
imediatista e apressada, além de ter o sono muito
agitado, porém conseguem lidar tranquilamente com
a situação. Como resolver esta situação ?
1. Conversar bastante, procurando mostrar onde o(a) filho
está se prejudicando;
2. Mostrar com exemplos práticos o quanto é importante
estudar;
3. Procurar restabelecer uma rotina de organização em
casa: horário para estudar, para fazer o tema, para
arrumar seus pertences, para brincar...
4. Dedicar mais tempo para o convívio com a criança.
VIII. O MAU-PERDEDOR
Brian não admite perder. Apesar de estar com
apenas 7 anos, ele não hesita em gritar, chorar ou
partir para a agressão física quando seu time ou
equipe perdem alguma atividade –seja na sala de
aula ou fora dela. Já arranjou inimizades na escola
por causa do futebol, já perdeu grande pontuação
na expressão escrita por abandonar o “Jogo da
Rima” na metade da prova, apenas porque seu
grupo não sabia uma resposta. Os pais admitem
que o criaram para ser um vencedor, mas Brian está
ultrapassando os limites do “lúdico” para invadir o
terreno do “físico”. Como resolver esta questão ?
1. Fazer o filho compreender que nem sempre podemos ser
os primeiros, pois a realidade não é um brinquedo ou fazde-conta;
2. Explicar que o uso de violência para resolver os
problemas é atitude de quem não possui inteligência;
3. Mostrar as consequências de agir de forma intempestiva
(exemplos diários na mídia) – o maior prejudicado será
ele próprio;
4. Manter constante diálogo a respeito com a criança;
5. Aplicar algumas sanções para o mau comportamento:
bloqueio do vídeo-game por determinado período, “corte”
na mesada, alterações na programação habitual –
sempre explicando o porquê das punições.
IX. A SENSÍVEL
Ana Paula sempre foi uma menina muito
sensível. Quaisquer alterações em sua rotina já
provocavam nela algum tipo de reação – desde uma
simples carinha triste, passando pelo “ficar de mal”
até chegar nas lágrimas. A mãe sempre procurou
intervir rapidamente, de forma a não causar à filha
desconforto maior. Atualmente, em seus 10 anos de
idade, Ana percebeu que suas táticas não estavam
mais funcionando com os pais. Foi a partir daí que
resolver incluir como manifestações de insatisfação
alguns sintomas físicos: dores de barriga, dores de
cabeça, enjôos, problemas estomacais, dores
musculares. Sempre que a situação foge de seu
controle, ela apela para o lado da saúde: “estou me
sentindo mal”; “não consigo fazer o tema porque
estou com muita dor de cabeça”, etc. Como resolver
esta situação ?
1. Exames médicos preventivos para um correto
diagnóstico;
2. Caso comprovado que as causas não são físicas, mas
sim emocionais, uma avaliação psicológica pode ser útil;
3. O caminho do diálogo deve sempre estar aberto com os
pais, para que a criança se sinta segura para relatar suas
reais dificuldades;
4. É fundamental que pai e mãe, mesmo separados,
mantenham a mesma postura educativa com o filho.
X. O PERSEGUIDOR
XI. MENSAGEM DE ÂNIMO
1. Ezequiel sempre foi bastante hostilizado em
casa: gozações e brincadeiras despropositais por
parte de seus primos, apelidos que ressaltavam
pontos negativos da sua aparência, críticas ao seu
desempenho escolar. Na escola sempre foi um bom
aluno, embora não alcançasse as altas expectativas
estabelecidas por seus pais. Atualmente com 8 anos
completos e frequentando regularmente o 3º ano do
Ensino Fundamental, Ezequiel está passando por
uma grave crise de relacionamento com um de seus
colegas. A professora observa diariamente o
crescimento de uma rixa pessoal entre os dois
meninos, aparentemente sem nenhuma razão de
ser. Basta o colega dar uma opinião contrária que
Ezequiel sai de seu lugar e parte para o empurrão.
No pátio foram frequentes as ocorrências
disciplinares
que,
segundo
os
monitores,
começavam do “nada”. Ezequiel grita, chuta, agride
com palavras e puxões o seu colega, que, sem
alternativa, acaba revidando e os dois são
prejudicados. Como resolver esta questão ?
1. Solicitar uma avaliação e/ou encaminhamento da escola
para um psicodiagnóstico – esse é um caso grave de
bullying e pode evoluir para conflitos mais graves;
2. Conversar bastante com a criança e procurar contribuir
para seu equilíbrio emocional;
3. Estimular a aproximação amistosa com a outra criança e
tentar acabar com a rixa.
RECADO DE UM FILHO PARA SEUS PAIS
Não tenham medo de ser firmes comigo. Eu
prefiro assim, pois sua firmeza me traz segurança.
Não me tratem com excesso de mimos. Nem
tudo o que eu peço me convém.
Não me corrijam na frente de outras pessoas.
Prestarei muito mais atenção se vocês falarem comigo
baixinho e a sós.
Não permitam que eu forme maus hábitos. Na
minha idade, eu dependo de vocês para descobrir o
que é certo ou errado.
Não façam promessas apressadas. Lembrem-se
de que me sinto mal quando as promessas não são
cumpridas.
Não me protejam das conseqüências dos meus
atos. Às vezes, preciso aprender através da dor.
Não sejam falsos nem tentem me enganar com
mentiras. A falsidade me deixa confuso, desnorteado, e
acabo perdendo a confiança em vocês.
Não me incomodem com ninharias. Se assim
agirem, terei de proteger-me, aparentando surdez.
Nunca dêem a impressão de ser perfeitos ou
infalíveis. O choque será grande quando eu descobrir
que vocês estão longe disso.
Não digam que meus temores são tolices. Eles
são terrivelmente reais para mim. Se vocês usarem de
compreensão para comigo, ficarei mais sereno e
tranquilo.
Não deixem sem resposta as minhas perguntas.
Do contrário deixarei de fazê-las e buscarei
informações em algum outro lugar.
Não julguem humilhante um pedido de desculpas.
Um perdão sincero torna-me surpreendentemente mais
caloroso para com vocês.
E não se esqueçam, jamais, que para
desabrochar e florescer, eu preciso de muita
compreensão. E, acima de tudo, de muito amor !
XII. COLABORADORES:
Pais:
Fernanda Pereira de Oliveira
Mônica Ambos da Silva Caieron
Rogério Moreira da Silveira
Sandro de Souza Caieron
Equipe Pedagógica:
Carolina H. Fraga – Pedagoga, Professora Titular
Claudia F. Souza – Orientadora Educacional
Daniela Mendes Zilz – Coordenadora Pedagógica
(Autoria Desconhecida)
Pense nisso!
Você, pai ou educador, lembre-se sempre de que
sem criança não há futuro e nem esperança de dias
melhores.
Educar e bem formar os pequeninos são fatores
fundamentais para a construção de um mundo mais
humano e mais feliz.
E educar não quer dizer superproteger nem
abafar com excesso de zelos, pois a criança é como
uma planta nos jardins do mundo. O excesso de água
pode afogá-la e a falta excessiva pode secá-la.
Pense nisso, mas pense agora!
Porto Alegre, 22 de abril de 2010.
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Kit Limite - Projeto Construindo Limites (4º Ano do Ensino