s 100 Anos a projectar o futuro Portugal 1905 | 2005 Jorge Fernandes Alves s 2005 > 100 anos a projectar o futuro Portugal 1905 | 2005 edição Siemens, SA Rua Irmãos Siemens, 1 2720-093 Amadora – Portugal tel.: +351 214 178 225 | fax: +351 214 178 051 e-mail: [email protected] | www.siemens100anos.com coordenação Siemens Corporate and Marketing Communications tel.: +351 214 178 225 | e-mail: [email protected] | [email protected] autor Jorge Fernandes Alves investigação e recolha de documentação Edmundo Lassberg revisão Benedita Rolo fotografias Arquivo Fotográfico da Siemens; Arquivo da Câmara Municipal da Marinha Grande (pag. 50); Diário de Notícias – Centro de Documentação e Informação (pag. 63, 66, 73, 86, 101); Eduardo Cunha (pag. 147); Plano Focal - Fotografia Publicitária, Lda. Fotografias gentilmente cedidas pelo Metropolitano de Lisboa (pag. 64) e pela Autoeuropa (pag. 102). design gráfico 2&3D Design e Produção, Lda. www.2e3d.com pré-impressão DPI-G – Design, Produção Gráfica e Imagem, Lda. impressão Norprint – Artes Gráficas, SA isbn 972-797-116-4 depósito legal execução do projecto Medialivros – Actividades Editoriais, SA Campo de Santa Clara, 160 C/D 1100-475 Lisboa tel.: +351 218 855 030 | fax: +351 218 885 167 e-mail: [email protected] | www.edicoesinapa.pt coordenação da execução do projecto Vasco Ramirez Pessanha distribuição Medialivros – Actividades Editoriais, SA tel.: +351 218 855 440 FOTO CAPA: TORRE VASCO DA GAMA - EXPO’98. A SIEMENS PARTICIPOU NA CONSTRUÇÃO DESTE EVENTO ASSEGU- RANDO O FORNECIMENTO DA REDE GLOBAL DE TELECOMUNICAÇÕES, GALERIAS TÉCNICAS SUBTERRÂNEAS, ILUMINAÇÃO EXTERIOR E INTERIOR, EQUIPAMENTOS PARA PAVILHÕES E SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO. Índice #4 Nota de abertura #6 Depoimentos # 20 No dia-a-dia com... a Siemens # 28 O universo Siemens 1847 | A criação da Telegraphen Bau-Anstalt Siemens & Halske 1890-1918 | Reorganização e crescimento 1919-1945 | O relançamento 1945-1980 | Siemens AG Pós-1980 | Desenvolvimento sustentado # 46 A Siemens em Portugal 1876-1904 | As primeiras referências 1905-1921 | O arranque oficial com as primeiras instalações 1922-1930 | A criação da Siemens, Lda. Companhia de Electricidade 1931-1949 | A afirmação: contribuição para a electrificação do país 1950-1963 | O relançamento da electrificação e o desenvolvimento industrial 1964-1973 | A produção industrial 1974-1984 | Siemens, S.A.R.L.: investir em condições adversas 1985-1994 | A modernização na Europa: investir nas novas tecnologias 1995-2005 | Rumo à excelência e à inovação, sob o signo da digitalização, do software e da alta tecnologia # 148 A modernização do tecido económico e empresarial # 162 Os desafios do futuro # 176 Administradores-delegado do Grupo Siemens em Portugal Corpos Sociais da Siemens, S.A.R.L. e Siemens, S.A., 1967-2005 # 177 Historial Siemens Nota d e a b e r t u r a SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 4 5 # Depoimentos O bem-estar material na sociedade de hoje está em grande medida ligado à energia eléctrica, a nossa qualidade de vida é actualmente inimaginável sem a electricidade. A energia eléctrica é uma componente estrutural do progresso técnico e do desenvolvimento social, e as suas aplicações estendem-se por todos os sectores de actividade. E, contudo, o uso desta forma de energia é relativamente recente numa perspectiva histórica, tendo começado há pouco mais de um século. A Siemens está na origem dessa evolução e desde muito cedo acompanhou Portugal nos seus primeiros passos na era moderna. É motivo de orgulho para a nossa empresa poder festejar os 100 anos de presença oficial em Portugal, principalmente porque nos encontramos cheios de saúde e com muitos projectos para o futuro. A presença da Siemens em Portugal caracterizou-se ao longo destes 100 anos por um elevado grau de profissionalismo nos campos da engenharia eléctrica e electrónica e por uma preocupação constante pelos valores éticos, sociais e humanos da nossa sociedade. A compreensão profunda dos aspectos essenciais do país aliados à realidade europeia e global em que nos inserimos permitiu-nos criar condições únicas que se reflectiram num empenho de longo prazo, que a nossa empresa sempre demonstrou em Portugal. Investimos consequentemente, mesmo nas condições mais adversas, em projectos que muito têm contribuído para a modernização deste país. A Siemens em Portugal, com os seus dirigentes e colaboradores, soube evoluir da maneira certa e apropriada em cada momento da nossa história, tornando-se hoje, com 100 anos, numa das empresas mais modernas nos seus campos de actividade. Reconhecida nos mercados nacional e internacional, com grandes investimentos nas ciências do conhecimento e na investigação e desenvolvimento em alta-tecnologia, possui uma das mais avançadas redes de inovação onde alia o trabalho de mais de mil engenheiros portugueses com algumas dezenas de universidades e instituições nacionais e estrangeiras, na descoberta de novos produtos e soluções que nos continuarão a ajudar no aumento do bem-estar económico e social de amanhã. Pelo trabalho profícuo dos que nos antecederam, aos que incansavelmente hoje connosco colaboram, para que os próximos possam continuar este percurso exemplar da Siemens em Portugal, a todos, o nosso reconhecimento e os nossos Muitos Parabéns por estes magníficos 100 anos. Carlos de Melo Ribeiro Presidente do Grupo em Portugal Administrador-Delegado da Siemens, S.A. D epoim en tos SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 6 7 # Depoimentos A celebração de um centenário é sempre um momento de orgulho para qualquer empresa e a Siemens Portugal junta-se agora ao pequeno grupo de privilegiados. Ao longo dos últimos 100 anos, temos servido o país, desempenhando um papel fundamental na modernização das suas infra-estruturas vitais e melhorando a vida das pessoas. Após a abertura das nossas delegações em Lisboa e no Porto, em 1905, o nosso trabalho em todo o país abrange obras desde a construção da central eléctrica, no Porto, em 1913, e do primeiro metropolitano em Lisboa, em 1955, até à instalação da primeira central telefónica digital, em 1987, e ao fornecimento de equipamento para nove estádios do Campeonato Europeu de Futebol, em 2004. Em todas as nossas contribuições para o país, temo-nos orientado pelo compromisso de fornecer as tecnologias mais inovadoras do mundo, de forma a responder a toda e cada necessidade dos clientes, construir uma presença local sólida e permanente e apoiar a sociedade em geral, como cidadão empresarial de valor e correcto. Estamos particularmente satisfeitos e gratos pelo facto de a Siemens Portugal ter sido tão bem sucedida na sua contribuição para um verdadeiro valor acrescentado para a Siemens AG, ao longo de todos estes anos. E com os esforços mais recentes da empresa no sentido de estabelecer centros globais de competência e inovação, com uma abordagem mais sistemática ao desenvolvimento de novas ideias, estamos confiantes de que o futuro trará um valor ainda maior – para Portugal e para as nossas operações a nível global. O nosso agradecimento particular aos muitos clientes leais que construíram e apoiaram a nossa empresa ao longo destas décadas. E o nosso bem haja também a todos os nossos colegas da Siemens Portugal que tornaram possível a celebração deste aniversário tão especial. Heinrich v. Pierer Presidente do Conselho da Siemens AG SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 8 Os 100 anos de presença da Siemens em Portugal são um caso ímpar de actividade continuada de uma grande empresa europeia no tecido industrial português, em diversas áreas. A associação da Siemens à economia portuguesa, coincidindo praticamente com todo o século XX, concretizou-se através de múltiplos empreendimentos que serviram, muitas vezes, de focos de inovação e de catalizadores de novas competências para Portugal, ajudando a desenvolver segmentos importantes e competitivos da base produtiva do país. Ao longo destes 100 anos, a Siemens desenvolveu-se e tornou-se numa empresa global e, ao mesmo tempo, foi adequando a sua actuação em Portugal aos desafios crescentes dessa evolução, permitindo e viabilizando actividades competitivas que utilizam recursos naturais de forma eficiente. O exemplo de anos recentes, com a aposta deliberada e bem-sucedida de desenvolvimento em Portugal de projectos de elevado valor acrescentado, incluindo centros de excelência da Siemens, assentes em recursos humanos altamente qualificados e visando o mercado global, é merecedor de referência particular. E dá testemunho de como é possível, em Portugal, criar parcerias virtuosas que abram caminhos de esperança para a modernização da economia portuguesa, dentro de sãos princípios de responsabilidade social. Jorge Sampaio Presidente da República Portuguesa 9 # Depoimentos Portugal pode tornar-se um dos países mais competitivos e atractivos para produzir e investir no espaço europeu. Esta ambição só é realizável através de uma grande convergência de esforços do Estado, das empresas e dos trabalhadores. Portugal precisa de um Estado que seja um aliado das boas empresas e lhes crie as melhores condições para que possam produzir com eficiência. Precisa de empresas que apostem permanentemente na inovação e na melhoria da produtividade e se afirmem crescentemente no mercado global. E tem trabalhadores que já demonstraram ser capazes de fazer tão bem como os melhores. O bom investimento directo estrangeiro tem aqui um papel crucial. Por isso o governo a que tive a honra de presidir criou os instrumentos necessários à sua captação eficaz. Por isso estabelecemos com as empresas que apostaram em Portugal verdadeiras parcerias em que todos podem sair a ganhar. O caso da Siemens tem sido exemplar a este propósito. Esta empresa não se limitou a consolidar nos últimos anos a bem-sucedida presença centenária em Portugal. Investiu em novos projectos e na inovação. Apostou nos recursos humanos portugueses e na sua qualificação. Demonstrou, na prática, que é possível desenvolver em Portugal projectos altamente competitivos e ganhadores. Por isso, quero felicitar vivamente a Siemens por apostar e vencer em Portugal há 100 anos. Felicitar os que conduziram a presença da empresa no nosso país, com especial destaque para Melo Ribeiro e Volker Müller, que protagonizaram os notáveis passos dos anos mais recentes. E deixar uma palavra muito especial para todos os colaboradores da Siemens em Portugal, que têm sabido demonstrar a sua capacidade de criar e produzir num ambiente fortemente competitivo. Este é também um bom exemplo para a Europa, que enfrenta hoje um grande desafio à sua capacidade de afirmação na economia global. Bem hajam pelo vosso contributo a Portugal e à Europa. José Manuel Durão Barroso Presidente da Comissão Europeia SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 10 As celebrações são sinónimo de sucesso, de vitória, de história. E a celebração do centenário da Siemens em Portugal representa tudo isso, constituindo certamente um grande motivo de orgulho para o país. O momento aqui assinalado é um reflexo simbólico do que tem sido a extensa colaboração da Siemens para o nosso desenvolvimento. O longo percurso trilhado pela empresa desde os primeiros tempos até à actualidade demonstra o rigor e a competência que têm marcado a sua presença entre nós. A evidência dos valores e do mérito da Siemens está patente no sucesso conquistado através da aposta na investigação e inovação, no conhecimento, mas também na responsabilidade social da empresa, aliás, pioneira na criação de fundos de pensões para os seus trabalhadores ou na instituição de um regime mínimo de horas de trabalho, ainda no século XIX. A gratidão dos portugueses pelo papel que tem desempenhado parece estar retribuído nesta persistência da Siemens em trabalhar com os nossos cidadãos, com o nosso país, e no nosso território, um reconhecimento que ganha outra relevância quando no mundo globalizado de hoje outros valores têm falado mais alto no comportamento económico-social das grandes corporações transnacionais. A Siemens, actualmente com quase meio milhão de trabalhadores em todo o mundo, é um exemplar notável do espírito empreendedor germânico, que tem deixado o seu nome associado ao bem-estar e ao desenvolvimento da qualidade de vida das sociedades contemporâneas. De meados de Oitocentos até ao século XXI, o mundo evoluiu com a Siemens, e assim tem procurado fazer Portugal, desde que, há mais de 120 anos, se entregaram os primeiros fornos para a emblemática indústria vidreira da Marinha Grande. Desde então, a Siemens tem estado associada a muitos dos mais importantes empreendimentos conduzidos em Portugal. Do desenvolvimento da rede eléctrica ao fornecimento de tecnologia inovadora para os Aeroportos de Macau e do Funchal, ou para a Barragem de Cahora-Bassa, à construção da primeira central pública digital, à fábrica de semicondutores ou à implementação da rede telemóvel. Mas também na rede hospitalar, no Metro de Lisboa, na Expo’98 ou, mais recentemente, no Euro-2004, a Siemens tem oferecido o seu contributo com a qualidade a que sempre nos habituou. O que desejo à Siemens é que, não só se mantenha com o mesmo espírito que tem presidido ao seu crescimento desde o primeiro minuto, mas também que se mantenha entre nós, se possível por outros 100 anos, e sobretudo que sirva de exemplo internacional e possa também, no domínio da responsabilidade das empresas, marcar as suas congéneres com a sua influência tão frequentemente determinante. António Guterres Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados 11 # Depoimentos 100 anos da presença da Siemens em Portugal marcam uma efeméride que deve ser assinalada. Por se tratar de uma empresa, sempre renovada e em progresso, que tem estado intimamente associada ao evoluir da vida portuguesa, desde os anos finais da Monarquia, a I República, a longa Ditadura e, depois do 25 de Abril, a II República. Começou, em 1905, como Companhia Portuguesa de Electricidade Siemens-Schuckert werke, Lda., com actividade em Lisboa e no Porto. Empresa portuguesa ligada à Alemanha, donde lhe vinha o know-how e o capital, atravessou as vicissitudes de duas guerras mundiais, nada fáceis, dada a participação de Portugal na I Guerra, ao lado dos Aliados, e a posição firmemente antinazi do povo português, apesar do neutralismo oficial do ditador Salazar, amigo e homólogo de Franco, Mussolini e de Hitler. A fundação da Siemens, Lda. como companhia de electricidade fornecedora de equipamentos para centrais de produção data de 1922, no imediato pós - I Guerra, os anos “loucos”, também em Portugal, do jazz-band e do primeiro modernismo. Tomei contacto com a empresa, circunstancialmente, pelo facto de uma amiga minha, Stella Correia Ribeiro, mulher de Fernando Piteira Santos, grande resistente, ser funcionária da Siemens, nos tempos conturbados da luta contra Salazar, no fim dos anos cinquenta princípios de sessenta. A Stella fazia-me o elogio do seu posto de trabalho – um “havre” de pluralismo e de respeito pelos outros, naqueles tempos difíceis – em que ela, o marido e eu próprio fomos, após Beja, presos pela PIDE. Muito mais tarde, após a Revolução dos Cravos (Abril de 1974), tomei contacto directo com a Siemens, através do seu director, Wolfgang Georg Bühler, nos tempos também difíceis, embora muito menos duros, do chamado “Verão quente”. Portugal tinha – como ainda hoje tem – excelentes relações com a Alemanha Federal, cujos governos de Willy Brandt e Helmut Schmidt e, depois, de Helmut Kohl tanto nos ajudaram. Ora como houve perturbações laborais e ameaças na empresa – onde em 1977 chegou a rebentar uma bomba – bateram-me várias vezes à porta, nas diferentes qualidades de ministro dos Negócios Estrangeiros, de secretário geral do PS, de primeiro-ministro (1974-1978) e, sobretudo, de amigo da Alemanha. Sempre os tranquilizei quanto ao futuro e aos grandes investimentos realizados pela Siemens em Portugal. Com a entrada de Portugal na então CEE, hoje União Europeia (1985), tudo se facilitou e normalizou. A Siemens conquistou o seu lugar em Portugal, por direito próprio. Julgo que está satisfeita por não se ter deixado atemorizar no “Verão quente”, como sucedeu então com alguns empresários portugueses. É uma empresa de excelência e próspera. Muito respeitada. Espero que se sinta bem num país amigo da Alemanha, parceiro da União e aliado na NATO, como é Portugal. Que os próximos anos lhe tragam ainda mais prosperidade, progresso e paz, intensificando a boa cooperação luso--alemã, são os votos sinceros do vosso admirador, Mário Soares Presidente da República Portuguesa de 1986 a 1996 SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 12 Os 100 anos da presença da Siemens em Portugal são a oportunidade não só para assinalar um caso de grande sucesso empresarial, mas também para reconhecer o valioso contributo da empresa para o desenvolvimento e a modernização do país. Não apenas pela dimensão da produção que realiza, o número de empregos que cria ou o volume das exportações por que é responsável, mas muito especialmente pelo exemplo que difunde na sociedade portuguesa em matéria de inovação, competitividade e criação de valor. O sucesso da aposta da Siemens na investigação e desenvolvimento, na ligação às universidades, na qualificação dos recursos humanos e na procura permanente da excelência na sua actividade, tem actuado como um estímulo positivo para a classe empresarial portuguesa e constituído uma força impulsionadora da alteração da estrutura produtiva nacional, no sentido do reforço das componentes tecnologicamente mais avançadas. A presença centenária em Portugal e em permanente crescendo de uma empresa de dimensão mundial como a Siemens deve ser tomada como um indicador das potencialidades de progresso latentes na sociedade portuguesa, susceptíveis de serem mobilizadas para enfrentar os desafios da mudança e alcançar patamares de desenvolvimento ao nível de países mais avançados da Europa. Aníbal Cavaco Silva Primeiro-Ministro de Portugal de 1985 a 1995 13 # Depoimentos É com enorme prazer que incluo o meu testemunho no “Livro de Honra” do Centenário da Siemens em Portugal, uma das empresas mais emblemáticas do mundo. É exactamente pelo facto da Siemens ser uma empresa tão reputada que a sua presença em Portugal, agora já centenária, é tão importante, pois demonstra que o nosso país tem condições de atracção de investimento altamente competitivas, nomeadamente graças à qualificação e flexibilidade da nossa força de trabalho e à nossa posição estratégica para exportação em determinadas zonas do mundo. Só assim se consegue explicar que, num contexto de reestruturação estratégica do grupo em todo o mundo a Siemens tenha reforçado as suas actividades de investigação & desenvolvimento, em Portugal. Nesse âmbito destaco que a Siemens é actualmente responsável pela maior infra-estrutura laboratorial de hardware de todo o país. Com a intervenção de excelência em múltiplas áreas, desde os serviços de saúde à energia, passando pelos transportes e pelas telecomunicações, a Siemens, mais do que um empresa, é um verdadeiro parceiro estratégico de Portugal. Ademais, como prova da sua contínua aposta no nosso país, a Siemens inicia agora a implementação de um Cluster nacional de empresas, institutos e universidades ligados à pesquisa, que passa também pela instalação de actividades de I&D directamente nos Campus Universitários. Não tenho a menor dúvida que esta iniciativa irá trazer muitos e bons frutos para o desenvolvimento sustentado de Portugal como para a melhoria dos resultados do grupo. Por fim e desejando pelo menos mais 100 anos de actividade no nosso país, deixem-me citar Werner von Siemens: “não venderei o futuro por um lucro a curto prazo”, para realçar a importância do contributo da Siemens para o afirmar de Portugal como um país inovador. Álvaro Barreto Ministro das Actividades Económicas e do Trabalho de 2004 a 2005 SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 14 O papel da inovação no desenvolvimento de um país é hoje um facto que ninguém contesta. Pessoas, empresas e países estão, em pleno século XXI, envolvidos num processo de inovação contínuo e exigente que traz novas soluções de produtos, serviços ou simplesmente processos para a rotina dos dias. O que é uma excelente mudança de paradigma: a inovação deixou de ser excepção para passar a ser regra. Como em todas as revoluções, trata-se de uma mudança estrutural em que os melhores, mais aptos e também mais perseverantes sairão vencedores. Estes são adjectivos que assentam de forma ímpar na atitude assumida pela Siemens no mercado português. A sua condição de multinacional não a impediu de observar, detectar e potenciar as especificidades de Portugal, onde soube construir um território próprio alicerçado nas estruturas residentes ou no desenvolvimento de novas plataformas. Sempre em parceria com as entidades nacionais e com uma estratégia convictamente sedimentada na inovação. Procurar um olhar novo sobre velhos problemas, acreditar numa abordagem diferente a novos desafios ou mesmo projectar soluções para situações que apenas o futuro concretizará é a missão de todos aqueles cujo trabalho assenta raízes na inovação. Um trabalho silencioso na maior parte dos dias, porque os sucessos acontecem na sucessão de pequenos passos, de pequenas vitórias, de grande dedicação. Que um dia culmina em grandes passos capazes de mudar a vida de todos nós. É essa história de inovação, já longa de 100 anos, que este livro retrata. Nas suas páginas, vamos encontrar um roteiro histórico da Siemens no nosso país, mas também uma parte significativa da nossa história de desenvolvimento e inovação à qual a multinacional trouxe contributos importantes. É por isso com o maior orgulho que a Portugal Telecom, enquanto maior empresa portuguesa, associa o seu nome a este percurso pela história económica, social e tecnológica do nosso país, guiada por um pioneiro da inovação de seu nome Siemens. O sector das comunicações tem conhecido um dinamismo extraordinário. Da digitalização da rede fixa ao lançamento da 3ª Geração Móvel, os desafios sucedem-se a um ritmo diário e cada vez mais exigente. PT e Siemens têm sido parceiras em múltiplas iniciativas visando encontrar as melhores respostas a estes desafios e procurando contribuir para o desenvolvimento do país. Temos um passado que nos orgulhamos e estamos a trabalhar para que o futuro seja ainda melhor. Miguel Horta e Costa Presidente da Comissão Executiva da PT 15 # Depoimentos Há uma quase contemporaneidade entre o estabelecimento da Siemens em Portugal e o nascimento do negócio eléctrico nacional. Entre 1900 e 1909 são outorgadas concessões para as primeiras dezenas de redes de distribuição de electricidade. Em 1905 a Siemens chega ao país. Os caminhos que, desde então, as empresas eléctricas e a Siemens abriram, no seu longuíssimo percurso até aos dias de hoje, confluíram muitas vezes. Frutuosamente. Com mais intensidade nas décadas–EDP, as últimas três, a Siemens está directamente ligada a algumas das realizações mais importantes no sector eléctrico português. Encontra-se a marca da Siemens na última grande realização do grupo EDP, a internacionalmente premiada central de ciclo combinado a gás do Ribatejo. Como se encontra em subestações das redes de transmissão e distribuição de energia, em sistemas de automatização, em centros de gestão e controlo, em comandos e telecomandos de centrais, nas redes de telecomunicações privativas ou que se oferecem ao público através da ONI e, mais recentemente, nos sistemas de suporte ao trading de energia. Deste modo, pragmático e eficaz, a Siemens tem contribuído para a nossa continuada modernidade. A sua permanente pulsão inovadora – na produção de conceitos e, principalmente, de realizações de engenharia – tem proporcionado, tanto ao sector eléctrico como, inquestionavelmente, a outros do tecido económico português, a possibilidade de acompanhar o passo do progresso internacional. E isto porque, sendo a Siemens mundial, é também marcadamente portuguesa. Traz-nos o contributo do mundo mas, simultaneamente, desenvolve capacidades portuguesas. Gera com elas soluções de excelência e oferece-as, com inusitada frequência, a esse mesmo mundo. Cresce connosco e faz-nos crescer, a nós e ao país. No parque do campus empresarial da Siemens, em Carnaxide, crescem algumas árvores plantadas por antigas figuras de referência da EDP. A existência, perene, dessas árvores simboliza com extrema felicidade a relação que durante estes anos a EDP e a Siemens foram mantendo. Utilizando os elementos vitais que o país português oferece, elas cooperam para o seu desenvolvimento e, desenvolvendo-o tornam-se, elas próprias, maiores e melhores. Nos próximos 100 anos, espera-se, continuará a ser assim. João Talone Presidente Executivo da EDP SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 16 O statement que a Siemens incluiu no seu relatório e contas de 2003 para Portugal reflecte bem a imagem que criou com o seu percurso ao longo destes 100 anos no mercado português: “Com uma Gestão Corporativa transparente, parcerias de Excelência, uma administração financeira sólida e um leque de negócios diversificado, continuamos empenhados em acrescentar valor estratégico a Portugal”. Ao estar integrada entre os mais prestigiosos grupos europeus, a Siemens contribui para acrescentar valor estratégico a Portugal em várias vertentes. Pelo dinamismo da sua gestão, por se ter posicionado como uma empresa tecnológica de excelência, apostando fortemente na componente I&D, é das poucas entidades que se pode orgulhar de atrair investimento estrangeiro para Portugal. Foi também das primeiras empresas a ter à frente um CEO português, igualmente razão de orgulho nacional. Remontam à década de 80 os primeiros passos dados naquela área, na altura com grande vantagem competitiva no seio do grupo alemão. Portugal tinha mão-de-obra barata e com qualidade (engenheiros de telecomunicações). Com a adesão de Portugal à Comunidade Europeia esta vantagem competitiva começou a reduzir-se. Mas através da contínua aposta em produtos inovadores de elevada qualidade, a filial portuguesa tem conseguido demonstrar à casa-mãe que o nosso país permite um leque diversificado de vantagens competitivas. Ao posicionar-se como uma empresa de alta tecnologia, tem investido em áreas estratégicas como o desenvolvimento de software para redes ópticas, Internet e redes de telecomunicações. Com o aperfeiçoamento destas competências veio mais tarde a criar em Portugal um centro de formação internacional de reconhecida qualidade, ao ponto de ter sido fundado um pólo tecnológico na Alemanha com professores portugueses a reportar directamente ao centro de formação nacional. Muito interessante também o novo centro multimédia. O seu esforço de inovação e excelência deu também a oportunidade aos seus parceiros de estabelecerem uma relação de confiança e sucesso. O grupo Banco Espírito Santo, congratula-se por ter sido pioneiro no estabelecimento de parcerias de longa data, em várias áreas, com a Siemens. Juntos construímos os alicerces de parceiras bem-sucedidas, juntos enfrentámos novos desafios, como o euro (a primeira conta aberta em euros por uma grande empresa multinacional no BES foi a Siemens, em Maio de 1998), juntos modernizámos sistemas, nomeadamente o Electronic Data Interchange. No novo mundo globalizado, foi com a Siemens Portugal que o BES abriu o seu primeiro balcão virtual “Easy BES”, o qual oferece condições especiais e inovadoras aos colaboradores das empresas nossas clientes. Ainda, na sua área de medical solutions (soluções globais para hospitais, para melhoria da qualidade dos serviços de gestão e controlo de custos), apresenta grande potencial. Nesta matéria, temos o prazer de referir o protocolo celebrado entre a Siemens e a Espírito Santo Saúde, que tem como objectivo, nomeadamente, concorrer às parcerias público-privadas. Assim, é com optimismo que projectamos o futuro das nossas relações sempre reforçadas ao longo destes anos. Ricardo Espírito Santo Salgado Presidente da Comissão Executiva do Banco Espírito Santo 17 # Depoimentos Tenho acompanhado o percurso da Siemens em Portugal desde o início da minha carreira bancária, no final da década de sessenta. Na altura, o Banco Português do Atlântico, graças à visão de Artur Cupertino de Miranda e ao dinamismo do Dr. Vasco Vieira de Almeida, conquistou uma importante quota de mercado como banco das empresas multinacionais que actuavam em Portugal. Era uma tarefa exigente porque estavam habituadas a trabalhar em mercados financeiros mais evoluídos, não sendo fácil responder às suas expectativas dado que as normas legais e a prática de redesconto do Banco de Portugal limitavam fortemente a acção dos bancos comerciais. Era o tempo da bizarra figura dos aceites bancários descontados, os ABD, em que o Banco simultaneamente aceitava e descontava o papel comercial... Por isso, as conversas com o recém-chegado Sr. Wolfgang Bühler não eram fáceis e os pedidos de contra-garantias ou cartas de conforto da casa-mãe faziam perigar a pretendida fidelização de um cliente importante como era a Siemens. A capacidade da Siemens se adaptar ao mercado português, de incorporar a inovação tecnológica e de investir fortemente em I&D sempre foram aspectos salientes do percurso da empresa que, no governo, no BESCL e finalmente na Caixa Geral de Depósitos, fui conhecendo e admirando. Como exemplo de integração, recordo o cuidado do Sr. Bühler em preservar um dos nossos tradicionais moinhos quando construiu a sede da empresa em Alfragide. A presença do Prof. Alfredo de Sousa na Administração da Siemens foi também um factor apreciado, apesar de não ser um negociador benevolente. Tal como a escolha de um CEO português desde de 1995 mais consolidou a excelente relação com Portugal, como empresa dinâmica, criadora de valor e com elevados padrões de responsabilidade corporativa. Emílio Rui Vilar Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 18 Estive durante um quarto de século à frente da Siemens em Portugal. De 1970 a 1995 e mais cinco anos como vice-presidente do Conselho de Administração. Entrei na Siemens em 1950 e em 2000 conclui um serviço de 50 anos. Um feito raro hoje em dia. Antes das tarefas em Portugal já tinha tido o prazer de estar a trabalhar durante nove anos no Brasil. Os últimos cinco anos no Brasil chefiei a filial de Belo Horizonte que considerei a minha escola de empresário. Sem ligação telefónica nem telex tinha de tomar decisões sozinho. Ao chegar em 1970 a Portugal ainda encontrei o país na forma “da velha Senhora”. Para falar com membros do governo tinha de fazer uma verdadeira “gincana” entre secretárias, chefes de gabinete até chegar à autoridade pretendida. A Siemens em 1970 era constituída pela Siemens Companhia de Electricidade, a Motra embrionariamente com a Fábrica de Electrónica do Sabugo e a Fábrica de Relés em Évora. Contámos com cerca de 800 colaboradores. Já em 1971 admitimos a milésima colaboradora na electrónica do Sabugo. Em 1974 assistimos à Revolta dos Capitães, em 1976 as empresas do grupo Siemens em Portugal estavam totalmente falidas. O novo sistema político trouxe à Siemens um acesso mais fácil às autoridades. Em 1977 explodiu uma bomba no edifício da sede da Siemens na Almirante Reis. Era uma lembrança do movimento da Bader – Meinhof na Alemanha. Mas a vida continuou e neste mesmo ano podíamos comunicar aos nossos accionistas que todas as unidades voltaram a trabalhar com lucro. Isto por força própria sem ajuda do Estado português. Em 1989 a sede mudava para o complexo de “Dois Moinhos”, que brincalhões na Alemanha baptizaram de “Bühler Höhe” (Monte Bühler). Passaram rápido estes 25 anos, e tive a felicidade de deixar ao meu sucessor, com a ajuda de uma grande equipa e do meu colega na Administração e da Direcção, Eng. João de Araújo Franco, um grupo Siemens com boa penetração no mercado. Herdei um volume de encomendas de DM 37, 5 Mio e deixei o livro cheio com DM 1400 Mio. Isto foi possível através de penetração em três segmentos do mercado nacional:a comutação digital; a participação na renaissance da CP; as termoelectricas da nova geração, os ciclos combinados. Os colaboradores tinham ultrapassado a casa dos 5000. Confesso que gostei destes 25 anos, ganhei muitos amigos e não queria ter esquecido a experiência vivida nos anos 1974-1976. Ao meu sucessor e à Siemens desejo uma continuação cheia de sucesso. Bem haja Wolfgang Georg Bühler Administrador-Delegado da Siemens, S.A. de 1970 a 1995 100 Anos em Por tugal 19 # Depoimentos SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 20 21 # No dia-a-dia com a SIEMENS OCEANÁRIO – EXPO’98. A SIEMENS PARTICIPOU NA CONSTRUÇÃO DO EVENTO ASSEGURANDO O FORNECIMENTO DA REDE GLOBAL DE TELECOMUNICAÇÕES, GALERIAS TÉCNICAS SUBTERRÂNEAS, ILUMINAÇÃO EXTERIOR E INTERIOR, EQUIPAMENTOS PARA PAVILHÕES E SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO. > No dia-a-dia com... a SIEMENS SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 22 Completam-se 100 anos sobre a presença da Siemens em Portugal (1905-2005). Os efeitos da tecnologia tornam-se imperceptíveis no decorrer dos dias, naturalizam-se no uso quotidiano, por efeitos de habituação dos consumidores. Mas todos reconhecemos facilmente que o bem-estar material na sociedade de hoje está, em grande medida, ao alcance de um interruptor: a qualidade de vida é, ac- Nos extremos do centenário, a enquadrar a digressão tualmente, inimaginável sem a electricidade. A ener- histórica da empresa no nosso país, verifica-se a afir- gia eléctrica configura-se como uma componente es- mação de duas vagas de inovação industrial – a da trutural do progresso técnico e do desenvolvimento electricidade, no início, e a das tecnologias da infor- social e as suas aplicações alargam-se a todos os sec- mação e comunicação na actualidade. tores de actividade. E, contudo, a fruição desta forma Acompanhar essa trajectória secular é o objectivo de energia é relativamente recente na perspectiva destas páginas. Isso significa identificar o papel activo histórica, verificando-se há pouco mais de um século. e crescente de um parceiro de qualidade no processo Mas, desde então, quase nada de inovador surge sem de electrificação em Portugal e no aproveitamento que a electricidade esteja subentendida, enquanto das suas aplicações, reconhecendo as peculiaridades base de sustentação e dado adquirido. de ordem empresarial, nomeadamente a decisiva Por detrás do gesto simples de accionar o botão, transferência de tecnologia, através de uma acção esconde-se a complexidade de um sistema discreto comercial e industrial. que só uma tecnologia sofisticada pode sustentar. Produzir, transportar e distribuir electricidade para que os consumidores a utilizem ao serviço da ilumina- A Siemens, com os seus equipamentos e know-how, ajudou o país a dotar-se de uma plataforma energética, base do desenvolvimento das tecnologias de informação que hoje sobressai e no qual tem uma intervenção significativa. ção, do aquecimento, da comunicação ou como força motriz de diversos equipamentos só está ao alcance de grandes organizações empresariais, capazes de mobilizarem para esse efeito os factores necessários. Mas, para que estas empresas possam equipar os sistemas produtores e distribuidores e para que os consumidores possam usar a energia em diversas aplicações, são necessários os fornecedores de tecnologia, ou seja, os operadores que, dominando a interacção TELÉGRAFO DE PONTEIRO, PONTO DE PARTIDA PARA A AVENTURA EMPRESARIAL DE WERNER VON SIEMENS, EM 1847. 23 # No dia-a-dia com a SIEMENS Tanto nos domínios de alta complexidade como nas soluções mais simples dos electrodomésticos, a Siemens tem uma forte penetração no mercado global, e em Portugal marca presença oficial como empresa desde 1905, primeiro através de representação comercial e desde a década de 60 assegurando instalações industriais . Não surpreende, assim, que os portugueses se sintam acompanhados com múltiplas soluções de marca Siemens, umas mais visíveis, outras com maior discrição, umas tradicionais, outras recentes e inovadoras. No emergir de algumas dessas evidências, ressaltam desde logo as telecomunicações, campo historicamente ligado às origens do grupo empresarial (criado GIGASET E450 - PRIMEIRO TELEFONE SEM FIOS DA SIEMENS RESISTENTE AO CHOQUE, PÓ E SALPICOS com a invenção do telégrafo de ponteiro por Werner von Siemens, em 1847). O gesto, actualmente rotineiro, de ligar o telemóvel inscreve-se numa longa ciência/técnica, se debruçam sobre a produção inte- e incisiva cadeia de investigação que a Siemens tem grada de componentes para os circuitos da energia, desenvolvido na área da informação e comunicação, encontrando soluções eléctricas e electrónicas para partilhando hoje a construção das redes móveis com as disponibilizar no mercado. a oferta dos seus equipamentos e soluções, desde o Um dos maiores fornecedores dessa tecnologia apre- telemóvel em si às centrais que sustentam a comuni- senta-se através do nome Siemens, operando tanto a cação, passando pelas diversas aplicações para ope- montante como a jusante do ponto de encontro entre radores móveis e redes empresariais. a indústria e o público que o interruptor representa. Marca de referência mundial, a Siemens, de origem alemã, traz consigo a espessura de uma história de mais de 150 anos a garantir fiabilidade e inovação em equipamentos eléctricos e electrónicos. A investigação assegura à Siemens, em Portugal, centros de competência com capacidade de fornecimento de tecnologia de ponta a nível mundial. PORMENOR DO LABORATÓRIO MULTIMÉDIA. Pode dizer-se que “nada do que é eléctrico lhe é estranho”, pois a Siemens tem acompanhado ou antecipado os principais desenvolvimentos inerentes à trajectória da electricidade, desde as primeiras descobertas científicas à sua aplicação prática, criando, na sequência, produtos diversificados, contribuindo dessa forma para a melhoria dos padrões de vida no quotidiano da população. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 24 CENTRO CULTURAL DE BELÉM – A MANUTENÇÃO DO CCB É DA RESPONSABILIDADE DA SIEMENS. É a continuidade de uma longa aposta da Siemens Siemens, também presente nos componentes eléc- na rede fixa e móvel, a qual remonta aos primórdios tricos dos comboios pendulares ao serviço da CP, do telefone e tem acompanhado a sua progressiva nas composições do Metropolitano de Lisboa ou nos modernização, com destaque para o processo de di- eléctricos articulados da Carris. O mesmo se verifica gitalização da rede telefónica, no qual tem sido um em relação a sistemas de sinalização e segurança in- parceiro determinante. dispensáveis à gestão do trânsito ferroviário ou ao Falemos de transportes. Nas aplicações eléctricas re- sistema de gestão no domínio da bilhética. Se tra- lativas a este domínio, a Siemens tem um considerá- balharmos num escritório ou numa fábrica, as pro- vel impacte no mercado. Poderemos recordar o facto babilidades de utilizarmos “tecnologia Siemens” são de ter sido Werner von Siemens o primeiro a fazer elevadas: instalações eléctricas, ar condicionado, deslocar um pequeno comboio sobre carris com trac- telecomunicações de vário tipo, estruturas informá- ção eléctrica, no longínquo ano de 1881. ticas, incluindo computadores, sistemas de organi- Muitos dos antigos eléctricos de transporte urbano, zação e informação de dados, segurança das instala- alguns dos quais ainda circulam em linhas restritas, ções. A área das soluções industriais é também muito tinham motores Siemens, quando não eram de sua vasta, incluindo equipamentos integrados para vários concepção total. Aos transportes ferroviários, a Sie- sectores de actividade, ferramentas, sistemas de con- mens fornecia as suas locomotivas de tracção eléctri- trolo e automação, instalação de infra-estruturas de ca, algumas a circularem ainda. Actualmente, viajar vários tipos. O mesmo acontece quando usufruímos nos comboios suburbanos da linha de Sintra ou nos dos equipamentos sociais, como nove dos dez novos circuitos suburbanos do Porto é utilizar a tecnologia estádios de futebol ligados ao Euro-2004, o Centro 25 # No dia-a-dia com a SIEMENS Cultural de Belém ou alguns dos mais emblemáticos edifícios da EXPO’98. Poderemos mesmo, eventualmente, estar perante soluções “chave na mão”: da concepção e execução de total responsabilidade da Siemens. Se, nos caminhos da vida, precisarmos de tratamento clínico sofisticado, as soluções de electromedicina da Siemens são usadas em múltiplas unidades hospitalares, nas funções de diagnóstico, de terapia ou de suporte de vida. Assim, para além da informatização e sistemas de gestão, a Siemens, com uma histórica contribuição no domínio do raio-X, tem proporcionado o apetrechamento de equipamentos inovadores, tais como os relativos à ressonância magnética, os SISTEMA BIOGRAPH, EQUIPAMENTO DE IMAGEM MOLECULAR. TAC, a ecografia, os sistemas de ventilação e monitorização, entre outros. çamos que a montante das várias aplicações está a A integração de soluções é uma das apostas mais recentes da Siemens, gradualmente adoptada pelos principais hospitais e clínicas portuguesas, em função de uma racionalidade digital. produção e distribuição da energia. A Siemens tem capacidade para instalar os vários tipos de centrais de produção de energia, da tecnologia mais recente, bem como todos os equipamentos de transformação de potência. Está presente, desde os primórdios da electricidade, em muitas das centrais portuguesas e suas redes. Entretanto, ganharam relevo as recentes participações na construção dos grandes projectos “chave na mão” das centrais de ciclo combinado da Tapada do Outeiro e do Ribatejo. Das mais variadas Já não se imagina uma estrutura hospitalar moder- formas, a Siemens tem contribuído para que, ao ligar- na sem este tipo de serviços indispensáveis ao salva- mos o interruptor, a lâmpada acenda ou a máquina mento de vidas! funcione. Entremos no espaço doméstico: não será difícil descobrir evidências da tecnologia Siemens acessível a todos. Desde logo, na instalação eléctrica, onde provavelmente se encontrarão componentes Osram (uma empresa Siemens), desde as lâmpadas a outros acessórios. Nos equipamentos domésticos, as possibilidades multiplicam-se, dada a larga gama de produtos que, soltos ou integrados, preenchem a cozinha, a lavandaria ou asseguram a temperatura do ar. Se a casa estiver apetrechada com sistemas de segurança e alarme, é provável que os equipamentos sejam Siemens. Longe de esgotarmos a multiplicidade de referências tecnológicas oferecidas pela Siemens, não esque- DRESSMAN, UMA APLICAÇÃO DOMÉSTICA – ROBÔ DE ENGOMAR CAMISAS. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 26 CENTRAL TERMOELECTRICA DE CICLO COMBINADO DO RIBATEJO, NO CARREGADO. O universo Siemens constitui uma presença afirmativa, assente num percurso consolidado, passando pelos equipamentos, pelos serviços ou pelas soluções integradas e inovadoras, assegurando à sua tecnologia o reconhecimento de uma parceria de qualidade, fiável na senda do paradigma da produção em série e atenta aos padrões de flexibilidade e às rupturas tecnológicas que marcam a actual sociedade da informação e comunicação. Na altura em que se assinala uma presença de 100 anos em Portugal, o grupo Siemens, através da Siemens, S.A. e suas associadas, revela-se profundamente enraizado no tecido económico e social português. Apresenta elevados níveis de investimento financeiro e de capital humano e dedica uma atenção particular à investigação em alta tecnologia. 27 # No dia-a-dia com a SIEMENS Está presente em áreas-chave de desenvolvimento e infra-estruturação, através da acção dos seus operating groups, tendo assegurada a sua presença nos principais projectos de modernização com uma capacidade única de oferta de soluções e serviços integradores. Mais do que isso, a Siemens é hoje a principal exportadora de software em Portugal, além de colocar no mercado externo outros equipamentos e soluções. Desenvolve práticas de responsabilidade social e de cidadania corporativa, nomeadamente através do seu compromisso ambiental, tendo sido a primeira empresa portuguesa a obter a certificação de qualidade para unidades industriais. Posiciona-se, pois, como um protagonista activo na “rede global de Tendo partido da posição de uma pequena subsidiária para colocação de produtos da Siemens no mercado português, beneficiando da sinergia com o grupo, a Siemens S.A., pelo seu papel de produtor, investigador e exportador de soluções de alta tecnologia, configura-se hoje, ela própria, como um operador global. inovação” da Siemens no mundo. ARMAZÉM AUTOMÁTICO LACTOGAL – SISTEMAS LOGÍSTICOS INTEGRADOS PELA SIEMENS. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 28 29 # O universo SIEMENS WERNER VON SIEMENS E A PERSPECTIVA DE DOIS EQUIPAMENTOS ESTRUTURANTES PARA O UNIVERSO SIEMENS: TELÉGRAFO DE PONTEIRO (1847) E DÍNAMO (1866). > O unive r s o SIEMENS SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 30 Sob o lema “Global network of innovation”, o grupo Siemens, de origem alemã, representa um universo empresarial com mais de 430 mil colaboradores e está presente em 190 países, incluindo Portugal. colaboradores nesta área, em todo o mundo (cerca de metade fora da Alemanha), centrados essencialmente nas tecnologias de informação, comunicação e automação. As soluções desenvolvidas traduzem-se num grande número de invenções: mais de 8 mil em 2004, tendo sido requerida patente para dois terços, o que dá a impressionante média de cerca de 20 inovações/dia. As 48 mil patentes registadas em todo o mundo sugerem a dimensão do efeito de inovação protagonizado pela Siemens e revelam a sua capaci- Disponibiliza produtos para todo o mundo, num leque alargado de soluções nas áreas da engenharia eléctrica, electrónica e alta tecnologia, atingindo dade competitiva neste domínio. Como se chegou aqui, na genealogia empresarial do ser e do fazer? uma facturação anual próxima dos 80 mil milhões de euros. Aplicando verbas consideráveis na Investigação & Desenvolvimento, a Siemens ocupa mais de 50 mil 1847 > A criação da Telegraphen Bau-Anstalt Siemens & Halske Tudo começou com o estabelecimento, em 1 de Outubro de 1847, de uma pequena oficina, sob a firma PRIMEIRA OFICINA DA SIEMENS & HALSKE, EM BERLIM. comercial Telegraphen Bau-Anstalt Siemens & Halske. Werner von Siemens (1816-1892) incorporava então o exército prussiano, afecto a um grupo de invenções técnicas que discutia a dimensão militar das comunicações telegráficas. Dos estudos realizados na condição de militar, retirou os conhecimentos necessários para apurar um telégrafo de ponteiro, o que fez em 1846, aperfeiçoando o modelo de Weathstone. O respectivo mecanismo foi inserido numa caixa de madeira envernizada e latão, seguindo o modelo de uma caixa de charutos. Verificada a sua funcionalidade, Werner Siemens avançou para a respectiva produção industrial, com um engenheiro de precisão (Johann Halske), assegurando o registo de patente. A primeira encomenda foi a da linha de telegrafia eléctrica de Berlim a Frankfurt, a primeira instalada na Europa continental. 31 # O universo SIEMENS isolamento de gutta-percha para os fios condutores de electricidade, uma campainha eléctrica de alarme para o caminho-de-ferro. Em 1850, abria uma delegação em Londres, que passou a constituir uma plataforma para contactos internacionais. Entre 1853-1855, num processo acelerado pela eclosão da guerra da Crimeia, a Siemens & Halske instalou a rede telegráfica do Império Russo, 10 mil km de fio ligando a Finlândia à TELÉGRAFO DE PONTEIRO. Crimeia, além das estações respectivas. Seguiu-se o contrato para a respectiva manutenção, originando uma empresa subsidiária na Rússia. Nesses tempos heróicos dos primórdios da electricidade, a prima- O sucesso ficou simbolizado pela transmissão ime- zia assegurava-se com novas invenções, sublinhava diata para Frankfurt da notícia da eleição do rei Fre- Werner Siemens. Em 1854, anunciava os circuitos derico Guilherme IV como imperador alemão, em 28 telegráficos de duplo sentido. Em 1856, inventava a de Março de 1849. Embora rejeitasse a nomeação, armadura em H para o magneto a usar no telégra- ficando o império adiado, o rei aprovou o novo meio fo, cuja patente registava como gerador eléctrico. de comunicação. Com novas encomendas, Werner Em 1858, a subsidiária de Londres tornava-se autó- von Siemens desligou-se do exército e entregou-se noma, sob a firma Siemens, Halske & Co., incluindo por completo à sua empresa. uma participação da Newall & Co., uma empresa in- Entretanto, a empresa criava novas aplicações: um glesa de cabos submarinos, nova área de exploração. aparelho na área da neuroterapia, um processo de Em 1863, implantaram uma fábrica própria de cabos EQUIPA DE MONTAGEM DE UM CABO TELEGRÁFICO SUBMARINO. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 32 como gerador de corrente. Representava um salto revolucionário, abrindo perspectivas à produção contínua de uma energia até então submetida ao processo de pilhas, que se revelava susceptível de distribuição em larga escala e de inúmeras aplicações. Era o culminar de uma procura que outros investigadores do sector perseguiam. Em 1872, Hefner-Alteneck, engenheiro-chefe da Siemens, envolveu o dínamo numa armadura em forma de tambor, isolando-o, transformando-o numa máquina que se podia movimentar. Em Junho de 1872 DÍNAMO ELECTROMAGNÉTICO DESENVOLVIDO POR WERNER VON SIEMENS (1866). era vendido o primeiro exemplar, e em 1873 era exibido na Exposição Universal de Viena. Em 1875, já a Siemens & Halske articulava vários tipos de dínamo e a comercialização crescia: venderam-se 91 no ano submarinos em Wolwich, junto ao Tamisa, adquirin- de 1877, e 271 e 351, respectivamente, nos anos se- do depois uma mina de cobre no Cáucaso (1864). guintes. Duas operações das empresas Siemens tornaram-se emblemáticas neste contexto. Uma foi a linha telegráfica indo-europeia, com ligação Londres-Calcutá, objectivo imperial dos ingleses: iniciada em 1868, em três secções diferentes, foi concluída em 1870, ele- O princípio fundamental para a geração de electricidade estava descoberto. vando a reputação internacional da Siemens. Outra foi o lançamento de um novo cabo submarino directo da Irlanda aos Estados Unidos (1874-1875). Em me- Outras aplicações surgiriam, originando novos cam- nor escala, a Siemens continuou depois este tipo de pos de negócio: a iluminação, os motores eléctricos instalações (60 mil km de cabo até 1914). para usos industriais e domésticos, e as centrais de Paralelamente, corriam outros desenvolvimentos na produção. Sublinhe-se que a primeira central hidro- electricidade. eléctrica do mundo, criada na margem do rio Wey (Inglaterra), em 1881, foi equipada com um dínamo Siemens. Mas a Siemens & Halske rapidamente apre- Em 1866, o próprio Werner von Siemens anunciava um modelo de dínamo electro-magnético, na sequência dos estudos sobre o seu magneto em H. sentava outras aplicações, evidenciando o seu papel de construtor da engenharia eléctrica: • 1878, Hefner-Alteneck criava a lâmpada de arco diferencial; • 1879, a Siemens fazia circular sobre carris circulares de 300 metros um pequeno veículo, capaz de transportar passageiros, tendo como elemento propulsor a ligação a cabos eléctricos; pela mesma altura, asse- Registou a respectiva patente na Alemanha e Ingla- gurava a iluminação eléctrica de uma rua em Berlim; terra e apresentou-o na Exposição Universal de Paris, • 1880, a empresa instalava o seu primeiro elevador em 1867. O princípio do dínamo ou gerador era o eléctrico, em Manheim; de transformar energia mecânica em energia eléctri- • 1882, construía o seu primeiro tramway, insta- ca. Depois de aperfeiçoado, o dínamo era um equi- lando-o em Lichterfelde, num percurso de 2,5 km, pamento reversível, pois funcionava como motor e atingindo a velocidade de 20 km/hora; electrificava 33 # O universo SIEMENS uma locomotiva em serviço nas minas de carvão (Saxónia); e instalava a primeira fábrica de lâmpadas na Alemanha com filamento de carbono (em 1905, desenvolveria o filamento de tântalo); • 1885, erguia a sua primeira central produtora de energia eléctrica a carvão. Nas telecomunicações também havia desenvolvimentos: emergia o telefone, a rivalizar com o telégrafo. Mas a Siemens & Halske estava atenta aos desenvolvimentos tecnológicos no mundo, produzindo telefones desde 1877. Em 1881, instalava a primeira ligação em Berlim e, em 1884, adquiria licença a Edison e registava a patente na Alemanha para o cabo coaxial a usar nas linhas telefónicas. Abria-se uma nova área de aplicações com largos horizontes. LOCOMOTIVA MOVIDA A ELECTRICIDADE. PRIMEIRO ELÉCTRICO A CIRCULAR EM CARRIS (1879). SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 34 gava as suas operações às várias nações danubianas do Império Austríaco. WERNER VON SIEMENS. Preocupado com a formação científica na electricidade, foi um dos fundadores da Sociedade de Engenharia Eléctrica, organismo que lutou pela introdução A Siemens participou na tecnologia do telefone, construindo os seus próprios aparelhos e procedendo às primeiras instalações, trazendo a inovação para uma área em que já ocupava um lugar de topo, através do telégrafo. desta área nas universidades. A reputação nacional e internacional de Werner von Siemens, pelo seu papel na promoção da electricidade, mereceu-lhe a nobilitação (passou a usar o elemento von). Ao nível empresarial, Werner von Siemens deixava, ao partir, uma matriz fundamental para o desenvolvimento do grupo Siemens: • a assunção de um papel visionário para a empresa, mediadora entre a ciência e o público, vocacionando-a para a produção a partir do conhecimento de última vaga, de forma a que o consumidor usufruísse Fiel à dimensão internacional dos negócios da elec- rapidamente das vantagens do progresso; tricidade, Werner von Siemens estabelecia novas • a definição de um espírito de iniciativa de nível empresas subsidiárias no estrangeiro, com destaque internacional, alargando desde o início a sua ac- para a de Viena de Áustria, em 1879. Quatro anos de- ção ao estrangeiro e envolvendo-se em operações pois, esta unidade garantia produção própria e alar- transnacionais. GRAVURA CONDENSANDO IMAGENS DO UNIVERSO INDUSTRIAL DA SIEMENS NOS FINAIS DO SÉCULO XIX. 35 # O universo SIEMENS INTERIOR DE UMA FÁBRICA DA SIEMENS. 1890-1918 > Reorganização e crescimento Nos finais do século XIX, os programas de electrificação do governo alemão criaram um maior mercado para equipamentos eléctricos. Mas a Siemens também mostrava o seu potencial noutras áreas no mercado externo: em Maio de 1896, concluía a linha do metro, em Budapeste, Hungria, a primeira do continente europeu. No ano seguinte, organizava a produção de carros eléctricos para os transportes urbanos. No campo da electromedicina, a Siemens acompanhava as descobertas relativas ao raio-X e desenvolvia os seus primeiros aparelhos em 1895. Entretanto, a proliferação de empresas no sector eléctrico e o exacerbar da concorrência, numa conjuntura de recessão internacional, promoviam fenómenos de concentração. Neste quadro, a Siemens & Halske procedeu a uma reorganização interna, assumindo, em 1897, o estatuto de sociedade anónima, superando a fase de empresa familiar. Concentrou geograficamente a organização, construindo um complexo, situado entre Spandau e Charlottenburg, agregando as áreas de produção, serviços, blocos de Locomotivas de alta velocidade, com tracção eléctrica, passaram a ser também uma oferta da Siemens para os sistemas ferroviários. apartamentos e infra-estruturas sociais, que ficou conhecido como Siemensstadt. Em 1903, adquiriu a Schuckert, empresa de instalações eléctricas, em Nuremberga. Passando a Siemens-Schuckert Werke GmbH, esta ficou com a produção de equipamentos de iluminação, geradores, motores e transformadores, aplicações SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 36 TRAMWAY (ELECTRICO) EM CIRCULAÇÃO. industriais e domésticas (caso de um aspirador pelo vácuo, em 1906). Em 1908, a Siemens-Schuckert adquiriu uma fábrica de automóveis, designada Protos, inserindo-se nesta área de produção (nos anos 20, esta produção cessou e a marca Protos foi usada em aplicações de âmbito doméstico). O crescimento fez-se também com a instalação de novas unidades industriais ou delegações comerciais no exterior. Em 1913, a Siemens & Halske estabelecia uma joint-venture com a AEG, criando a Telefunken para o campo da rádio, então em afirmação. Em vésperas da Primeira Guerra Mundial, a Siemens tinha 168 estabelecimentos subsidiários no estrangeiro, instalados em 49 países. FÁBRICA DE AUTOMÓVEIS PROTOS, NOS INÍCIOS DO SÉCULO XX, ADQUIRIDA PELA SIEMENS. 37 # O universo SIEMENS diagnóstico e terapêutica no campo da radiologia, equipamentos determinantes na modernização dos serviços de saúde; em 1927, deu-se a aquisição da fábrica de turbinas Müllheim; em 1928, em sociedade com a AEG, surgiu a Klangfilm GmbH, para equipamentos de som, rádio e cinema. No pós-guerra, rapidamente a tecnologia Siemens foi solicitada pelo mercado externo. Até da União Soviética chegou, em 1919, o contrato para a construção da grande central hidroeléctrica de Dneprostroi, tanto mais interessante quanto Lenine confidenciava que o comunismo era “poder soviético mais electrificação”. LÂMPADA INCANDESCENTE. Em 1920, chegava o contrato para a electrificação da Irlanda, com base na hidroelectricidade. Em 1923, a Siemens estabelecia uma parceria no Japão para a produção local de equipamentos eléctricos (Fusi 1919-1945 > O relançamento Denki Seizo KK). E, em 1924, assinava um acordo com a Westinghouse (Pittsburgh, USA) para a troca A Grande Guerra traduziu-se para a Siemens em elevados prejuízos, nomeadamente pela perda das delegações estrangeiras e de patentes. As preocupações imediatas traduziram-se em consolidar as empresas alemãs do grupo e concentrar todo o esforço na engenharia eléctrica. Prosseguiu a política mútua de patentes. Eis apenas alguns exemplos. Na área da produção de energia, os equipamentos ganhavam dimensão, ajustando-se a empreendimentos cada vez mais gigantescos, em resposta à massificação dos consumos. A tecnologia Siemens intensificou-se nos transportes: as locomotivas de investigação, centrada sobre temas como os materiais aplicados, a electroacústica, os ultra-sons ou o campo óptico, abrindo para o efeito um laboratório sofisticado (1920). Em 1919, foi criada uma joint--venture, com outras companhias produtoras, para a produção de lâmpadas com filamento de tungsténio que deu origem à Osram GmbH (Osmium + Wolfram> Osram). E os anos seguintes são de constituição ou aquisição de outras empresas, algumas em associação, vocacionadas para diferentes áreas. Sublinhem-se algumas das novas entidades: em 1925, surge a parceria com a Reiniger-Veifa, vocacionada para aparelhos de CENTRAL ELÉCTRICA. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 38 PUBLICIDADE A MÁQUINA DE LAVAR (1928) E MÁQUINA DE COSTURA (1937). Siemens E 44 tornaram-se um símbolo de qualidade e velocidade, enquanto os sistemas de sinalização eléctrica se vulgarizavam nas redes ferroviárias. Surge também a sinalização eléctrica para as ruas urbanas com grande trânsito automóvel (primeira instalação em 1926, na Potsdamer Platz, Berlim). A Siemens apresentou equipamentos para embarcações marítimas e aviões: o piloto automático na aviação, garantia de maior segurança, é comercializado com base numa patente adquirida a Johann Boykov. Nas telecomunicações, os cabos coaxiais, podendo transmitir simultaneamente 200 chamadas telefónicas e um canal de televisão, são comercializados a partir de 1934. Num sinal dos novos padrões de consumo, a expressão mais popular da actividade da Siemens chegou com os electrodomésticos. Equipamentos fabricados em série e a preço acessível passam a inundar os lares, à medida que as casas têm acesso à electricidade, facilitando a vida doméstica, a emancipação feminina e a higiene familiar. O aspirador Protos, apresentado em 1924, tornou-se um ícone dos anos 20, ao 39 # O universo SIEMENS mecanizar a tarefa da limpeza, sendo acompanhado Perante a concorrência, a Siemens desenvolveu ac- por outros electrodomésticos: fogão, máquinas de tos de qualificação dos produtos e respectiva infor- lavar roupa, máquinas de lavar louça, ferros de en- mação, criando um departamento para a literatura gomar, máquinas de costura, numa diversidade de técnica que passou a acompanhar os equipamentos, contributos para facilitar e diminuir a lida da dona de operação indispensável para normalizar a indicação casa, deixando mais tempo livre para o usufruto do de procedimentos à multiplicidade de representantes lazer, como ouvir música em gira-discos ou na rádio, e consumidores. A marca Siemens afirma aqui toda a ver cinema ou televisão, áreas em que a tecnologia sua importância, exprimindo a síntese de um conjun- Siemens também se aplica. Inicialmente vistos como to de características que o público reconhece como produtos de luxo para grupos de elite ou empresas, positivas, transformando-se, só por si, num guia para tais como hotéis ou restaurantes, os electrodomés- o consumidor. ticos rapidamente se transformaram em utilitários Em vésperas da Segunda Guerra Mundial, o grupo para as classes médias. Siemens acolhia 26 mil empregados. Apresentava uma grande dispersão geográfica nesta segunda fase de internacionalização: 200 subsidiá- A publicidade desempenhou um papel decisivo, estimulando a procura, valorizando-se a forma e a acutilância da mensagem integradora do consumidor em novos estatutos sociais. rias, das quais 109 na Europa, 13 em África, 27 na América do Sul e Central, 33 na Ásia, 10 na Austrália e 3 nos Estados Unidos. No decurso da guerra, vastas áreas do Siemensstadt ficaram em ruínas por acção dos bombardeamentos das forças aliadas. Retiradas estratégicas de alguns sectores de produção para fora da área de Berlim ajudaram a minorar as perdas. Mas no final do conflito, o grupo Siemens estava reduzido a um quinto dos seus activos iniciais. SIEMENSTADT: O COMPLEXO FABRIL EM BERLIM (QUADRO A ÓLEO). SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 40 1945-1980 > Siemens AG 1945: instalações e arquivos destruídos, perdas de Mas só nos anos 50 se verificou a recuperação, com patentes e direitos de comercialização. A história o contributo do Plano Marshall, dispositivo dinami- repetia-se, era preciso arrancar quase de novo. Al- zador da economia e da cooperação europeia. A re- gumas unidades faziam, no imediato, reparações, construção trouxe novas encomendas para o sistema inventários, produziam equipamentos simples para ferroviário, para as telecomunicações e para o forne- tempos de dificuldades, como panelas ou fritadeiras cimento de equipamentos industriais. A economia eléctricas. Por outro lado, a Alemanha era território social de mercado adoptada pelo governo federal, ocupado. Era preciso encontrar novos espaços para visando a prosperidade para todos e baseada na li- as instalações industriais, a decidir no decorrer da vre-concorrência, fez o resto: a década de 1950 ficou evolução política e dos movimentos de ocupação. conhecida como o “milagre alemão”, dado o nível O caminho foi a deslocação para Oeste, em sintonia de crescimento atingido. As melhorias de condições com a criação da República Federal da Alemanha: de vida encarregaram-se de estimular a procura de em 1949, a sede da Siemens & Halske era instalada electrodomésticos. A tecnologia Siemens voltou a em Munique e a da Siemens-Schuckert Werke em ser solicitada do estrangeiro para grandes projectos Erlangen. energéticos (central eléctrica na Argentina, rede de telecomunicações na Arábia Saudita). Retomaram-se contactos anteriores com parceiros nos Estados Uni- Em 1946, chegaram as primeiras encomendas públicas do pós-guerra para o caminho-de-ferro. dos e Japão. Com a assinatura, em 1957, do Tratado de Roma, chegava o Mercado Comum, de que a Alemanha Federal era um parceiro fundador. Em 1949, a Siemens tinha adquirido uma empresa falida, a Zuse KG, fundada por Konrad Zuse, inven ASSINATURA DO TRATADO DE ROMA (FOTO ARQUIVO DN). 41 # O universo SIEMENS tor do computador (1941). Em 1954, a Siemens decidia entrar no campo da informação tecnológica, produzindo os seus próprios computadores. Em 1956, testava o seu primeiro protótipo, o Siemens 2002, iniciando a produção em série no final desse ano, quebrando assim um exclusivo mundial. Entretanto, a crescente complexidade das relações económicas, em que todos os dias se pedem novas soluções e se procuram novos tipos de respostas, aconselhou formas de gestão diferentes das tradicionais, levando a que o grupo Siemens recriasse a sua própria configuração, de forma a torná-la mais ágil e flexível. Decidiu-se, então, pela existência de uma só companhia, enquanto centro de racionalidade e de gestão de recursos e capacidades, pondo termo a companhias autónomas. COMPLEXO SISTEMA DE ILUMINAÇÃO. Assim, desde 1966, as três empresas do grupo – Siemens & Halske AG, Siemens-Schuckert Werke AG e Siemens Reiniger Werke AG – deram lugar a uma só – a Siemens AG. A Siemens AG, enquanto centro de decisão, promoveu uma nova estrutura organizacional do grupo em 1970, baseada em seis grupos ou áreas de negócio (componentes, sistemas de dados, energia, instalações eléctricas, engenharia médica e telecomunicações) no campo da engenharia eléctrica e electrónica, mas com mais capacidade para eliminar desfasamentos e optimizar sinergias entre as unidades produtivas e comerciais do grupo. A Siemens AG chamou a si a responsabilidade pelas “core activities”, antes repartidas pelas várias empresas, com relativa independência entre si. Neste sentido, os objectivos explicitados para a reorganização eram vários: continuar a assegurar o sucesso perante as novas condições de mercado, ganhar maior capacidade de acção e de reacção, obter mais capacidade estratégica e flexibilidade no planeamento das políticas comerciais e promover maior responsabilidade empresarial, eliminando “gaps” entre as várias unidades de produção e os objectivos globais. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 42 Pós 1980 > Desenvolvimento sustentado equipamento electrónico. E sublinhe-se que, independentemente dos progressos norte-americanos neste domínio, a Siemens atingira, já em 1953, ní- Os princípios deste processo de reestruturação man- veis elevados de pureza da sílica, indispensáveis para tiveram-se dinâmicos até 1989, altura em que se ve- os circuitos integrados, registando a patente para o rificou um novo reajustamento, de forma a conside- método de tratamento dos cristais. Estas aquisições rar em cada unidade de negócio entidades de menor foram fundamentais para o domínio da microelectró- dimensão, no sentido de capacitar a empresa para nica pela Siemens, cujos objectivos ganharam nitidez respostas rápidas e eficazes à mudança tecnológica com o desenvolvimento do então designado “Mega e às necessidades de um mercado que, cada dia, se Projecto”, estabelecido em 1983, visando a produção afasta mais do modelo de Ford e da produção em sé- de chips de memória, assumindo a Siemens a alta rie, os quais são substituídos por soluções flexíveis, tecnologia como finalidade empresarial, em aliança com produtos de grande especialização. O programa com outros parceiros (a Siemens Nixdorf Informa- interno top (time-optimized processes), lançado a ní- tions-Systeme AG foi criada em 1990, a que outras vel de todo o grupo em 1993, concretiza aplicações parcerias se seguiram) ou através da incorporação de no sentido de atingir objectivos de produtividade, outras empresas em várias partes do mundo. inovação, crescimento e promoção de cultura cor- A convergência entre informação e comunicação ori- porativa. O novo quadro de acção empresarial exigiu ginou produtos com múltiplas funções integradas, ainda o lançamento de novas estratégias que passam emergindo o campo multimédia, no qual a Siemens pela criação de redes e pelo lançamento de parcerias tem apostado cada vez mais, sem esquecer as suas fortes e eficazes para operar num mercado global, tal produções tradicionais e respectiva adaptação tecno- como se reconheceu através de novas reformulações lógica aos novos tempos. Esse universo multimédia organizacionais em 1997. implicou o ajustamento ao nível das telecomunicações, tendo levado à procura de novos materiais, de novas propriedades. O satélite de comunicações, a fi- Subjacente a estas alterações, a microelectrónica revelava-se como o novo “cacho de inovações” que arrastaria consigo um novo ciclo longo de crescimento económico, afirmando-se como a nova dimensão da tecnologia. Desde a década de 1960 que se sentia uma revolução nos equipamentos electrónicos e nas fórmulas da sua produção: as tendências mais notórias eram a progressiva redução de volume, a multiplicação de funções integradas e a redução dos consumos de energia, características que se têm aprofundado nos últimos anos, permitindo a massificação. Graças aos semicondutores de sílica, a miniaturização tornou-se um processo irreversível, passando a integrar todo o bra óptica, a rede digital, a rede móvel e as suas múltiplas aplicações fazem parte das inovações que avas- SOLUÇÃO COM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA EDIFÍCIOS. 43 # O universo SIEMENS salam o mundo actual, criando uma nova economia, cuja inovação tecnológica avança tão rapidamente que se esgota em curtos ciclos de cinco anos. Nesta vaga avassaladora de inovações que percorre o mundo da microelectrónica, assinala-se, por exemplo, a produção, pela Siemens, do primeiro semicondutor para infravermelhos, em 1996, que teve inúmeras PLATAFORMA INTEGRADA PARA INDÚSTRIA. utilizações. Se as telecomunicações se revelam actualmente como o sector de maior crescimento, as áreas da produção tradicional também incorporam a microelectrónica, surgindo novas plataformas tecnológicas na energia, nas máquinas-ferramentas, nos transportes, na electromedicina, com o mundo da comunicação e informação a tornar-se estruturante nestes domínios, exigindo apostas crescentes no software. Daí que o grupo Siemens canalize mais de 55% dos seus investimentos em I&D (5,1 mil milhões de euros em 2004) nas tecnologias de informação e comunicação e de automação e controlo. VELARO – COMBOIO ALTA VELOCIDADE. Comboios de alta velocidade, equipamentos de segurança e de comunicações que já estão a moldar a cidade do futuro, a produção de energia por células de combustível ou a nova geração de equipamentos médicos de diagnóstico são exemplos de campos de aplicações que incorporam já as novas dimensões tecnológicas e fazem parte de um quotidiano em que a Siemens tem desempenhado um papel determinante na sua modelação. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 44 Como prova deste envolvimento à escala internacional, destaque para um conjunto de trabalhos cuja dimensão e impacte projectam a empresa como referência na construção e implementação de soluções integradas. Para os Jogos Olímpicos de Atenas, realizados em 2004, a Siemens concebeu e implementou soluções em diversos sectores-chave para o sucesso do evento, com particular destaque para o sistema de segurança, um dos maiores e mais exigentes do mundo, que ligou em rede a polícia, os bombeiros e diversos ministérios gregos. A participação da Siemens nos Jogos Olímpicos de 2004 abrangeu ainda a instalação do Call Center para informação e coordenação do corpo de voluntários, a expansão da rede de telecomunicações nacional e o fornecimento de equipamento hospitalar e de material rolante para o metropolitano de Atenas. Na área da construção e automação de edifícios, a empresa participou em mais de 20 projectos para os estádios que acolheram as provas. As autoridades do novo aeroporto de Banguecoque, estrutura que anualmente movimenta cerca de 45 milhões de pessoas e três milhões de toneladas de carga, solicitaram à Siemens uma solução para a distribuição de energia para toda a infra-estrutura, SISTEMA DE SAÚDE INTEGRADO. AEROPORTO DE BANGUECOQUE – PROJECTO COM PARTICIPAÇÃO SIEMENS. assim como um sistema de gestão de informação e de controlo. Foi criada uma equipa de trabalho que avaliou, criou e instalou um conjunto de plataformas integradas que oferecem um conjunto de mais--valias operacionais – em particular na rapidez e eficiência no manuseamento de carga – que superaram as expectativas dos responsáveis tailandeses. Criar um hospital digital, visão preconizada pela empresa prestadora de cuidados de saúde norte-americana Scott & White’s para a unidade hospitalar que inaugurará em 2006, foi mais um desafio à capacidade de inovação tecnológica e de integração da Siemens. Além do fornecimento de soluções de imagiologia e diagnóstico médico, passando pela integração de plataformas IT e de gestão de voz, dados e vídeo, até à implementação de um sistema de chamada de 45 # O universo SIEMENS KLAUS KLEINFELD, EM PORTUGAL, NO SEU PRIMEIRO EVENTO OFICIAL ENQUANTO CEO DA SIEMENS AG NA CONFERÊNCIA DE LISBOA (ABRIL 2005). pessoal médico, a Siemens concebeu e instalou toda da Siemens Portugal na forte dinâmica de inovação a tecnologia de controlo do edifício e os sistemas de e constante procura da excelência que caracteriza o distribuição de energia. Como resultado, são espera- grupo, Klaus Kleinfeld, o novo CEO, escolheu Portugal dos elevados níveis de desempenho clínico, opera- para o seu primeiro evento oficial, que teve lugar na cional e financeiro. Alargando o seu leque de com- apresentação de resultados semi-anual da Siemens petências técnicas e a sua capacidade de adaptação AG em Abril de 2005, evento que se inseriu nas co- a novos modelos de negócio, a Siemens instalou no memorações dos 100 anos de presença em território novo circuito de Fórmula 1 do Bahrein um sistema in- nacional. tegrado que inclui o controlo das provas, a segurança Com um espectro alargado de produção, uma forte do recinto, a partilha de dados e a infra-estrutura de carteira de patentes e uma larga presença em todo o telecomunicações. mundo, não só comercial como industrial e em I&D, Apesar do forte cariz internacional dos seus negócios, captando localmente inteligência através de uma po- a Siemens orgulha-se de ser um parceiro de desenvol- lítica de recrutamento de quadros fora da Alemanha, vimento privilegiado dos 190 países nos quais está a Siemens é reconhecida como líder mundial entre as representada. Como reconhecimento do contributo empresas de engenharia electrónica. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 46 47 # A SIEMENS em Portugal INSTALAÇÕES DA SIEMENS, EM ALFRAGIDE, EXEMPLAR NAS OPÇÕES MODULARES DE CONSTRUÇÃO. > A SIEMENS e m Por tu ga l SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 48 Com uma presença oficial em Portugal que perfaz 100 anos (1905-2005), ao nível da sua instalação empresarial, a Siemens, S.A. protagoniza operações comerciais, industriais e de serviços nas áreas da engenharia eléctrica e electrónica, beneficiando das sinergias resultantes da sua integração num operador global, o que lhe permite oferecer um leque de negócios diversificado e posicionar-se activamente no mercado mundial. Traço fundamental da presença centenária da Siemens em Portugal tem sido o elevado volume de investimento realizado em projectos de grande impacte no tecido industrial, na inovação e desenvolvimento do país. CHIP DE MEMÓRIA PRODUZIDO NA INFINEON, EM VILA DO CONDE. 49 # A SIEMENS em Portugal Considerando o impacte do conjunto de investimen- estratégica que a sua acção empresarial assume para tos que a Siemens trouxe para Portugal, que ultra- a economia portuguesa. passaram os 1000 milhões de euros, verificamos que As páginas seguintes procuram circunscrever a tra- estes originam actualmente um volume de negócios jectória centenária da Siemens em Portugal, assina- de 1754 milhões de euros, 60% dos quais referentes lando os marcos fundamentais da sua implantação, a exportações, ou seja, 1037 milhões de euros, em- desde a instalação como delegação comercial à sua pregando directamente cerca de 8 mil colaboradores. relevância crescente na economia nacional, tanto no É revelador tanto do seu posicionamento afirmativo domínio da criação de trabalho e riqueza como no da no interior do grupo global como da importância transferência de tecnologia. COM A PARTICIPAÇÃO EM NOVE DOS DEZ ESTÁDIOS CONSTRUÍDOS PARA O EURO 2004, A SIEMENS REVELOU A CAPACIDADE DE APRESENTAR SOLUÇÕES INTEGRADAS E TECNOLOGICAMENTE INOVADORAS. NA FOTO: ESTÁDIO DO DRAGÃO (PORTO). SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 50 1876 - 1904 > As primeiras referências O FORNECIMENTO DE UM FORNO CONTÍNUO À INDÚSTRIA VIDREIRA DA MARINHA GRANDE, EM 1876, REPRESENTA O INÍCIO DA RELAÇÃO DA SIEMENS COM PORTUGAL. NA FOTO: VISTA PARCIAL DA AV. D. DINIS E JARDIM MUNICIPAL “26 MARÇO”, ACTUAL JARDIM MUNICIPAL LUÍS CAMÕES (POSTAL DO ARQUIVO DA CÂMARA MUNICIPAL DA MARINHA GRANDE). 51 # A SIEMENS em Portugal No século XIX, a situação periférica de Portugal face hoje conhecido e admirado pela sua obra de fotógra- ao processo de industrialização não foi favorável a fo, Biel tinha na difusão da electricidade uma parte uma presença significativa dos produtos Siemens em substancial da sua actividade. Com largos anúncios Portugal, tanto mais que a procura de soluções tecno- na imprensa, especialmente em O Comércio do Porto lógicas era modesta. Ilustrado, Biel declarava possuir nos seus depósitos do Porto dínamos e lâmpadas de arco voltaico, sistema Schuckert, bem como lâmpadas de incandes- Em todo o caso, data de 1876 uma primeira referência aos irmãos Siemens, com o fornecimento de um forno contínuo com regeneração de calor para a indústria vidreira na Marinha Grande, permitindo assim a instalação da produção em série numa zona de indústria tradicional. Foi a primeira grande inovação da Siemens em Portugal, que ajudou a transformar a indústria da Marinha Grande num caso de sucesso nas exportações cência de Siemens e Edison e outro material eléctrico para instalações rápidas em fábricas. A lista inserta nos anúncios revelava as instalações eléctricas, sustentadas em dínamos, realizadas por si em Portugal, sendo essa lista iniciada pela tanoaria e moagem de H. Andresen a que se seguiram várias fábricas espalhadas pelo país, estações ferroviárias (Sta. Apolónia e Entroncamento), Companhia de Luz Eléctrica do Porto, Empresa de Luz Eléctrica de Vila Real, 14 chalés no Estoril, Palácio da Bolsa (Porto), entre outros casos. Entretanto, impôs-se a instalação das primeiras centrais termoeléctricas, a que se seguiriam as hidroeléctricas. portuguesas. Nos últimos anos do século XIX, porém, verifica- A adopção do carro eléctrico como transporte urba- ram-se instalações eléctricas em unidades indus- no no Porto (1895) e em Lisboa (1901) são exem- triais e em algumas áreas urbanas, o que propiciou plos da gradual apetência pela electricidade como a oferta de produtos Siemens, em concorrência com solução energética e da consequente emergência outros produtores internacionais. Numa fase inicial, de um mercado para os produtos indispensáveis à os produtos chegavam através da figura tradicional sua produção, transporte e aplicação. Motores Sie- do comissionista ou representante. Destacou-se nes- mens foram implantados, em carruagens dos car- se papel um cidadão alemão, residente no Porto, de ros americanos (tracção animal) da Carris do Porto, seu nome Emílio Biel, pelo menos desde 1885. Ainda permitindo a sua reconversão em carros eléctricos. A SIEMENS DEU IMPORTANTE CONTRIBUTO NA OPÇÃO PELA VIAÇÃO ELÉCTRICA NOS TRANSPORTES PÚBLICOS DE LISBOA E PORTO. NA FOTO: TRAMWAY (ELÉCTRICO) DA COMPANHIA CARRIS DE FERRO DO PORTO. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 52 1905 - 1921 > O arranque oficial com as primeiras instalações A TRADIÇÃO E A MODERNIDADE CRUZAM-SE SOBRE A PONTE DE D. LUÍS I, NO PORTO: O CARRO DE BOIS E O ELÉCTRICO. 53 # A SIEMENS em Portugal ORÇAMENTO DA SIEMENS PARA UM CLIENTE DO PORTO (1914). ASPECTO DA SALA DAS MÁQUINAS DA CENTRAL TERMOELECTRICA DE MASSARELOS (PORTO, 1913). Neste contexto de electrificação vai-se verificar a ins- com uma acção promissora nas vésperas da Primeira talação da primeira sucursal portuguesa da Siemens- Guerra Mundial, dado um conjunto de iniciativas locais -Schuckert, constituindo-se, em 24 de Novembro de que então começavam a ocorrer em Portugal. 1905, a então designada Companhia Portuguesa de Electricidade Siemens-Schuckert Werke, Lda., com um escritório em Lisboa e representação no Porto. Durante 10 anos, desde 1895, os negócios da Siemens para Portugal tinham uma organização comum com a sucursal de Madrid – a Siemens-Schuckert Indústria Eléctrica S.A., que, com alguma produção própria, se encarregava de assegurar os fornecimentos solicitados. Rapidamente se chegou à conclusão que o mer- Assim, em 1913, a Siemens fornecia os equipamentos para a Central Hidroeléctrica de Santa Rita, em Fafe: alternador, quadro de distribuição e posto de alta tensão. cado português tinha características próprias. Ainda que com uma actividade inicialmente limitada, E, no mesmo ano, assegurava um contrato para o for- a sucursal da Siemens, através da oferta de produtos necimento de seis máquinas de vapor, com geradores e serviços disponibilizados directamente no merca- tipo volante, para a central termoeléctrica de Massa- do, contribuiu para difundir e desenvolver a electri- relos, a construir pela Companhia Carris do Porto, em ficação em Portugal. Pelos seus catálogos, podemos substituição da sua obsoleta Central da Arrábida. vislumbrar a oferta então verificada: lâmpadas, su- Este relativo crescimento dos negócios foi interrompi- portes, lustres, armaduras, interruptores e comuta- do devido à deflagração da Primeira Guerra Mundial dores, tomadas de corrente e fichas, corta-circuitos e e a posterior entrada de Portugal no conflito, ao lado fusíveis, isoladores, caixas de derivação, fios, cabos, dos Aliados. Em 1916, em face da situação de guer- tubos, terminais. Tudo o que fazia falta para a insta- ra, o Estado português expropriou as actividades de lação eléctrica. súbditos e empresas alemãs, processo que também Equipamentos e soluções técnicas da Siemens vão in- envolveu a Siemens. corporar, na sua implantação crescente, alguns complexos de produção e distribuição de electricidade, SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 54 1922 - 1930 > A criação da Siemens, Lda. Companhia de Electricidade CENTRAL TELEFÓNICA, EM CASTELO BRANCO. 55 # A SIEMENS em Portugal INSTALAÇÕES DA SIEMENS NO PORTO, RUA DAS CARMELITAS. LICENÇA PARA INSTALAÇÃO ELÉCTRICA EM LISBOA (1922). A Siemens só voltou a estar representada directa- centrais, veio conferir algum relevo às actividades mente em Portugal no pós-guerra. Para o efeito, foi da Siemens em Portugal, permitindo-lhe negociar criada, por registo notarial de 15 de Julho de 1922, a instalação de alguns equipamentos significativos: a Siemens, Lda. – Companhia de Electricidade, com • 1926, uma central hidráulica para a Companhia de sede em Lisboa, na Rua da Prata, n.o 108, 2.o andar, Fiação e Tecidos de Fafe, assegurando a electrificação mantendo uma delegação técnica no Porto (Rua dos total da fábrica; Carmelitas, n. 12). O capital da sociedade, no mon- • 1930, entregava às Companhias Reunidas de Gás e tante de cem mil escudos, era distribuído em duas Electricidade o cabo eléctrico de 30 kV, para a central o quotas iguais pela Siemens & Halske AG e Siemens- Tejo – Sacavém, destinado à ligação a Santarém; -Schukert Werke GmbH, sendo registado como objec- • nesse ano, contratava com os Serviços Municipali- to social da firma a “representação de casas comerciais zados da Póvoa de Varzim a instalação de uma central estrangeiras, especialmente no ramo de indústrias eléctrica, com quatro motores a gás pobre e alterna- eléctricas e artigos de electricidade”. Foram então dores de 150 kWA, quadro de distribuição e rede sub- procuradores e ficaram como administradores os en- terrânea de cabos armados. genheiros Friedrich Marcuse e Edward von Almen. E novos negócios se vislumbravam, à medida que a O surto electrificador das décadas de 1920/1930, electrificação prosseguia... ainda muito atomizado e sustentado em pequenas SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 56 1931 - 1949 > A afirmação: contribuição para a electrificação do país INSTALAÇÕES DA SIEMENS EM LISBOA, NA RUA AUGUSTA (1934). 57 # A SIEMENS em Portugal ENCONTRO DOS COLABORADORES SIEMENS NO BUÇACO. O desanuviar do horizonte comercial e a elevação dos montantes contratuais aconselharam alterações formais na sociedade. Por escritura de 16 de Junho de 1931, o capital social subiu a um milhão de escudos: a Siemens-Schuckert Werke subscrevia 720 contos, LINHAS DE TELECOMUNICAÇÕES NO PORTINHO, SETÚBAL. Entretanto, o recurso crescente à tecnologia Siemens no processo de electrificação em Portugal era uma realidade. a Siemens & Halske 240 contos, entrando mais oito sócios, em nome individual, com uma quota de cin- Em 1932, a Siemens procedia à instalação, na central co mil escudos cada. Era a forma de perfazer os dez do Lindoso (Electra del Lima), de um alternador trifá- sócios, requisito necessário para a transformação em sico de 17,5 MVA, 6000 V, acoplado com uma turbi- sociedade anónima. Surgia, assim, a Siemens – Com- na hidráulica, conjunto que constituiu o maior grupo panhia de Electricidade, S.A.R.L. alternador em Portugal até 1939. Ainda em 1932, A transformação societária era um exemplo da im- forneceu à Hidroeléctrica do Varosa dois transforma- portância crescente da Siemens em Portugal e da dores e uma bateria de condensadores com apare- atenção com que os headquarters passavam a olhar lhagem de corte e medida; um alternador trifásico à a sua sucursal. A dignificação das instalações, com central de Nisa (Hidroeléctrica do Alto Alentejo); um a transferência da sede, em 1934, para um primeiro grupo electrogéneo Diesel à fábrica Júdice Fialho & andar da Rua Augusta, deixando para trás as instala- Ca, em Portimão. No ano seguinte, a Siemens encar- ções mais modestas da Rua da Prata, confirmava esse regava-se da electrificação do concelho de Almada, reconhecimento. Este período correspondia à apre- fornecendo uma central Diesel, linhas de distribui- sentação de catálogos de electrodomésticos simples: ção, subestações e redes em diversas freguesias. esquentadores de água, chaleiras, leiteiras, máquinas para chá e para café, panelas, ferros de engomar, caldeiras, botijas, fogões para sala. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 58 As operações de fornecimento de equipamentos para a produção e transporte de electricidade sucediam-se. Estava, afinal, quase tudo por fazer na electrificação nacional, num círculo vicioso que se revelava difícil de ultrapassar: não havia oferta de energia suficiente porque não havia consumidores, por sua vez os consumidores não surgiam porque o fornecimento era caro e irregular. Faltava criar o mercado da electricidade, ou seja, produzir energia em abundância e criar condições para o seu consumo, gerando os grandes consumidores (as indústrias), tornando a energia popular junto dos potenciais consumidores domésticos, através do seu barateamento, e dando a conhecer as virtualidades da passou a presidir à Junta de Electrificação Nacional. A procura portuguesa de equipamentos de produção e transporte de electricidade, no período entre as duas guerras mundiais, situava-se, pois, a um nível restrito. utensilagem eléctrica. “As nossas centrais, ao presente, são apenas uma imagem microscópica de grandes centrais eléctricas”, dizia Ferreira Dias, o grande militante da electricidade em Portugal, que, desde 1936, Mas os fornecimentos da Siemens intensificavam-se no decorrer da década de 30... EM CIMA: PUBLICAÇÃO DA SIEMENS – REGULAMENTO OFICIAL PARA INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS. EM BAIXO: OFICINA DA SIEMENS EM LISBOA. 59 # A SIEMENS em Portugal ASPECTO DA FÁBRICA DE CIMENTOS TEJO, PARA A QUAL A SIEMENS FORNECEU VÁRIOS EQUIPAMENTOS. Em 1934/1936, apetrechava a Sociedade de Fiação Entretanto, esta dinâmica acabou por ser interrompi- e Penteação de Lãs, na Covilhã, com um alternador da com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, apesar trifásico acoplado a uma turbina hidráulica para a da neutralidade portuguesa. A própria Siemens, na sua central de Pedra da Figueira, mais um conjun- origem, foi obrigada a direccionar a sua acção para o to idêntico para a central de Covão do Ferro, além esforço de guerra que envolvia a Alemanha, deixan- de uma subestação de transformação em Unhais da do de ter as condições necessárias para novos forne- Serra. Pela mesma altura, implantava uma central cimentos. Diesel para a unidade de fosfatos da CUF. Entregava, Em 1945, na sequência dos resultados da Segunda em 1936, um posto de transformação à Fábrica de Guerra Mundial, o Estado português voltou a con- Papel de Matrena (Tomar). Ainda no mesmo ano, for- fiscar alguns bens a empresas alemãs, processo a necia um complexo quadro de distribuição à Compa- que a Siemens não escapou (esses bens só foram nhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, destinados devolvidos em 1959). No entanto, a actividade da às instalações do Barreiro. A fábrica Cimentos Tejo empresa não foi interrompida, mantendo-se as con- (posto de transformação, transformadores, bateria dições institucionais para o exercício da actividade. de condensadores), Empresa Luz Eléctrica da Guar- Mas novos fornecimentos de referência só ocorreram da (central hidroeléctrica, subestação e remodelação em 1947, ou seja, nove anos depois dos efectuados da rede), Ministério da Marinha (subestações para as para o Alfeite, com a Siemens a fornecer um posto de instalações do Alfeite e de Monsanto), são os clientes transformação e a instalação eléctrica completa para da lista das operações mais significativas da altura. a Companhia Portuguesa de Trefilaria, em Sacavém. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 60 1950 - 1963 > O relançamento da electrificação e desenvolvimento industrial ANÚNCIO DO ASPIRADOR “PROTOS”, DA SIEMENS, COM A POPULAR ACTRIZ BEATRIZ COSTA. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS ANOS 50 REPRESENTANDO A ACTIVIDADE DA SIEMENS EM PORTUGAL, REVELANDO O ENORME SALTO QUANTITATIVO NO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. A conjuntura económica do pós-Segunda Guerra hidroeléctrica para o problema energético em Portu- Mundial tornou-se mais aliciante para os operadores gal, por outro criava-se espaço para as “indústrias de do sector da electricidade em Portugal, na medida base”, nas quais se incluíam as indústrias químicas, em que a electrificação era já inevitável: que se responsabilizariam por elevados consumos de energia (casos das fábricas de Estarreja, Alferrarede, “Na vida actual das nações e dos indivíduos a energia eléctrica é fundamental. Quase todo o trabalho exige electricidade”. Canas de Senhorim, entre outras). Era uma forma de fazer arrancar o mercado da energia... Electricidade e indústria funcionavam, então, como as faces de uma só moeda. Os usos domésticos da electricidade eram ainda muito limitados e o seu incremento não era estimulado. Argumentava-se com algumas razões: não se produzia energia suficiente para a procura esperada, a aparelhagem eléc- Assim se exprimia Ezequiel de Campos, na sua cru- trica era, na grande maioria, de origem estrangeira e zada pela electrificação em Portugal, argumentando as condições de importação eram quase proibitivas, que “na vida social e doméstica a electricidade tem as redes não se encontravam preparadas para fortes uma faina contínua e muito complexa: da ilumina- subidas de carga. ção urbana até ao fogão de cozinha, ao aquecimento Em 1950, encontravam-se em exploração no territó- da casa... e ao aparelho de rádio”. Na linha de com- rio continental apenas 21 aproveitamentos hidroelé- bate ao atraso energético e industrial, pontificavam ctricos, uma pequena fracção dos 74 considerados então as iniciativas do secretário de Estado da In- em projecto para o plano nacional de electrificação, dústria, Eng. Ferreira Dias. Através das leis relativas embora oito estivessem já em construção (casos de à electrificação (1944), ao fomento e reorganização Castelo do Bode, Pracana ou Belver). A concretiza- industrial (1945), criaram-se duas vias convergentes, ção surgiu lentamente, só se tornando visível a partir que se revelaram determinantes para permitir algu- de 1953, com a implementação dos “planos de fo- ma modernização. Por um lado, definia-se a opção mento”. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 62 PORMENOR DO INTERIOR DE UMA OFICINA DA SIEMENS EM PORTUGAL (ANOS 50). No que se refere ao comércio de equipamentos as importações da Alemanha, permitindo à Siemens eléctricos, a política proteccionista do Estado Novo colocar mais equipamento em Portugal. apoiava as empresas nacionais através de medidas alfandegárias. Não havia uma situação de livre comércio: as importações eram sujeitas a processos de contingentação desde os anos 30, com o argumento do equilíbrio da balança de pagamentos e da auto-suficiência, sendo sujeitas a complexas autorizações e imposições fiscais. Neste contexto, para o caso dos produtos de origem alemã, é indispensável referir o acordo de comércio entre Portugal e a Alemanha Federal, assinado em 24 de Agosto de 1950, que passou a regular as trocas entre os dois países, estabelecendo quotas relativas às licenças de importação e exportação, renováveis anualmente através de uma Comissão Delegada para o Comércio Externo. Nas listas anexas das mercadorias abrangidas, podem observar-se os montantes para o “material electrotécnico”. Embora os valores dos contingentes sejam baixos para a importação de vários tipos de equipamento eléctrico, a verdade é que ampliavam PUBLICIDADE A EQUIPAMENTOS ELÉCTRICOS DE VENTILAÇÃO. 63 # A SIEMENS em Portugal > O incremento comercial do Coura, do Cávado, da Serra da Estrela, do Alto Alentejo, Companhia Eléctrica das Beiras, União Eléctrica A Siemens, a par de outros agentes económicos, Portuguesa, Chenop). E casos para a instalação com- aproveitou estas oportunidades de mercado. pleta da central, incluindo a implantação de turbinas, alternadores e transformadores (central da Bouça, Hidroeléctrica do Zêzere). Anote-se ainda que, a partir Pelos anos 50/60, multiplicaram--se os fornecimentos Siemens em diversas áreas e lugares do continente, ilhas e ultramar. de 1965, a Siemens começou a participar no colossal projecto hidroeléctrico de Cahora-Bassa, desenvolvido pelos portugueses na então província ultramarina de Moçambique, cujo equipamento tornou -se numa referência tecnológica para a Siemens AG. Numa outra linha, a Siemens ampliou o fornecimento de equipamentos para várias unidades fabris ou institucionais que solicitavam subestações, centrais pró- De entre os contratos mais relevantes, registam-se os prias, transformadores, rectificadores ou sistemas de equipamentos para centrais geradoras de electricida- electrificação: são algumas dezenas de empresas no- de. Há casos de renovação ou ampliação de capacida- vas ou em renovação que procuram articular a produ- de, através da instalação de subestações, transforma- ção própria com a da rede nacional ou solicitam ainda dores ou sistemas de corte e medida (Hidroeléctricas instalações complexas, cuja enumeração seria longa. BARRAGEM HIDROELÉCTRICA DE CAHORA-BASSA, EM MOÇAMBIQUE. A SIEMENS PORTUGAL PARTICIPOU NESTE COLOSSAL PROJECTO CUJO EQUIPAMENTO SE TORNOU NUMA REFERÊNCIA TECNOLÓGICA PARA A SIEMENS AG (FOTO ARQUIVO DN). SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 64 A SIEMENS PARTICIPOU NO ARRANQUE DO METROPOLITANO DE LISBOA, COM O FORNECIMENTO DE CARRUAGENS E OUTROS EQUIPAMENTOS. Numa nova linha negocial, referenciem-se os trans- a ampliação da rede de telecomunicações (centrais portes ferroviários, cujo processo de electrificação Telex em Lisboa e Porto, cabo coaxial Porto-Braga, Se- então se iniciava. Entre 1952-1968, integrada num túbal-Évora, Marateca-Alcácer-do-Sal), bem como na consórcio, a Siemens participou na electrificação das participação da instalação de centrais para comuni- Linhas do Norte e de Sintra, fornecendo catenária, cações com o ultramar. A construção hoteleira, deri- equipamento para automotoras e locomotivas eléc- vada do boom turístico, favoreceu o crescente forne- tricas, aparelhagem de telecomando, sinalização e cimento de equipamentos electroacústicos e antenas medida. colectivas, bem como dispositivos de segurança contra roubo e incêndio. Para além disso, múltiplas empresas, bancos e entidades públicas recorriam à Em 1955, era a vez de fornecer ao Metropolitano de Lisboa, recém-instalado, várias encomendas: 24 carruagens automotoras; 12 postos de transformação; iluminação de estações e rede de telecomunicações. tecnologia Siemens para instalações de telex, para circuitos internos de televisão, sistemas de telecheque ou redes telefónicas privadas. Finalmente, em função da vulgarização da electricidade e da consagração dos electrodomésticos por evolução de padrões de consumo e poder de compra, fenómenos acompanhados pela publicidade televisiva e por práticas de venda a prestações, as vendas de aparelhagem para uso doméstico da Siemens apresentavam resultados crescentes, não obstante a forte concorrência que se vivia neste domínio: televisões, Em 1960, reforçava essa colaboração, assegurando a máquinas de lavar roupa e máquinas de lavar louça ampliação da frota com mais 14 carruagens automo- eram os produtos em ascensão. toras. Os anos 50/60 configuraram-se como um tempo de Um outro campo de negócio emergia, no final da dé- crescimento económico em Portugal, revelando um cada de 60, a partir dos contratos com os CTT para surto de industrialização marcante na história do 65 # A SIEMENS em Portugal SEDE DOS CTT, EM ÉVORA. EM BAIXO: NOVA SEDE DA SIEMENS, EM LISBOA, AVENIDA ALMIRANTE REIS (1962). país, ajudando a ultrapassar a fase da economia restritiva e de auto-suficiência em que estava mergulhado. A electrificação representava uma das bases estruturais para se implantar o progresso técnico. Neste contexto, através dos seus fornecimentos, a Siemens deu um importante contributo para a modernização tecnológica de Portugal. A importância crescente do movimento comercial da Siemens era tão notório que levou a nova transferência de sede. Desde 1962, esta ficou instalada num prédio da Avenida Almirante Reis, n.o 65, edifício com nove andares, onde se distribuíam os diversos departamentos da empresa, entretanto organizados. Mas a acção empresarial da Siemens em Portugal, por esta altura, já não se ficava pela simples colocação de produtos importados e serviços de manutenção, tendo começado a implantar as primeiras unidades de produção industrial. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 66 1964 - 1973 > A produção industrial INAUGURAÇÃO DA PONTE SOBRE O TEJO, COM A PRESENÇA DO ENTÃO PRESIDENTE DO CONSELHO DE MINISTROS, OLIVEIRA SALAZAR (FOTO ARQUIVO DN). 67 # A SIEMENS em Portugal MONTAGEM DE MATRIZES PARA MEMÓRIAS DE COMPUTADOR NA DIVISÃO ELECTRÓNICA, NA FÁBRICA DO SABUGO. A década de 1960, em Portugal, representa uma a assumir também alguma produção industrial, para conjuntura paradoxal, com sinais de forte arcaísmo deste modo ultrapassar as limitações das quotas (guerra colonial, emigração massiva), em paralelo de importação, na medida em que, aproveitando com a industrialização e abertura à Europa, através mão-de-obra disponível e alguma matéria-prima in- da integração na EFTA (1960). terna, podia conferir o estatuto de nacional à sua produção. Deste contexto decorriam posições favoráveis ao investimento estrangeiro, num quadro económico em que a exportação se configurava como o objectivo principal, em detrimento da anterior política de auto-suficiência, fixada na substituição de importações. Essa possibilidade começou a ganhar forma com a colaboração prestada à ENAE – Empresa Nacional de Aparelhagem Eléctrica. Criada em 1933, a ENAE produzia lâmpadas de incandescência (Lumiar) e passou, depois de um acordo de assistência técnica com a Osram (uma subsidiária alemã da Siemens), a produzir também lâmpadas fluorescentes desta marca. Em 1955, a ENAE, sob licença da Siemens, produzia também motores eléctricos e transformadores de potência, de reduzidas dimensões. A possibilidade de incrementar este tipo de produção para o mercado interno levou a ENAE a criar uma nova sociedade. Para esse efeito, em 1960, constituiu a Motra – Equipamentos Equilibrar a balança de pagamentos era indispensá- Eléctricos, S.A.R.L., que ainda funcionou, nos primei- vel, devido às despesas originadas com o esforço de ros tempos, nas antigas instalações da ENAE. guerra. Emergiram, então, unidades industriais vo- Em 1962, a Motra passou para o controlo da Siemens, cacionadas para a exportação, casos da construção que, no ano seguinte, reorganizou a sua produção e naval, celulose e indústria electrónica. deu início a uma outra construção fabril de raiz, junto Neste contexto, o mercado português apresenta- à estação do caminho-de-ferro, no Sabugo. A 3 de va-se favorável ao sector da electricidade, dado o Dezembro de 1964, verificou-se a inauguração das crescimento económico e os sinais que apontavam novas instalações da empresa, que funcionava como para a elevação dos padrões de consumo. Esta con- associada do grupo para a produção de transforma- juntura não terá sido alheia à decisão de se conferir dores, motores, electrobombas e ferramentas eléctri- um novo perfil à Siemens em Portugal, com a pro- cas. Com cerca de 300 empregados, alguns deles com moção de algum investimento, passando a sucursal estágio na Alemanha, a nova unidade, mais conheci- SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 68 TRANSFORMADOR SIEMENS NO MOMENTO EM QUE ATRAVESSA A PONTE SOBRE O TEJO. da como Fábrica do Sabugo, foi projectada com au- pela qual a Siemens – Companhia de Electricidade, tomação da maior parte do seu equipamento e com S.A.R.L. definia como objecto social “o fabrico, aqui- métodos modernos de organização de trabalho, con- sição, reparação e venda de máquinas, aparelhos, ar- figurando-se, ao tempo, como exemplar. A Siemens tigos e respectivas peças e acessórios, especialmente – Companhia de Electricidade, S.A.R.L., enquanto os pertencentes ao ramo electrotécnico e electróni- distribuidora em Portugal de todos os produtos das co, podendo abranger também a comparticipação várias fábricas do grupo mundial Siemens, assumiu a em outras empresas, bem como dedicar-se, se assim distribuição dos produtos respectivos. for decidido pela assembleia geral, a qualquer outra espécie de operações ou actividades comerciais”. A produção, no Sabugo, de equipamentos de grandes dimensões, sob licença da TU – Transformatorem Union, tornou-se uma imagem de referência, com os respectivos transformadores a serem solicitados para várias instalações eléctricas, caso de Cahora-Bassa, Moçambique. Entretanto, a capacidade industrial ampliava-se, com o grupo Siemens a instalar em Portugal produções no domínio da microelectrónica. Em 1969, foi criada, na Fábrica do Sabugo, uma linha de produção de matrizes para memórias de computadores, a que se seguiu outra de circuitos integrados híbridos (1972), componentes para amplificadores a utilizar em cabos coaxiais de forma a permitir 10 800 conversações telefónicas simultâneas (uma revolução nas telecomunicações, tendo a Siemens instalado esse sistema, em primeiro lugar, na Suécia). Estas novas produções deram origem a uma unidade funcional – a Divisão Electrónica, mais tarde autonomizada em unidade fabril própria. Eram actividades inteiramente direc- A incursão da Siemens na produção industrial em Por- cionadas para a exportação, destino no qual também tugal viera para ficar, consignando-se esse objectivo se incluíram, a partir de 1969, os motores e transfor- na alteração estatutária, realizada em Abril de 1966, madores. 69 # A SIEMENS em Portugal Em 1971, a Siemens implantou uma nova fábrica para a produção de relés (material de telecomunicações), na periferia de Évora, cuja produção se destinava também à exportação. aquisição, em 1973, da Indelma – Indústrias ElectroMecânicas, S.A.R.L., fábrica de cablagens para a indústria automóvel, constituída desde 1968 e situada no Seixal, que a Siemens reorganizou, assegurando ainda uma segunda linha de produção de quadros eléctricos. O crescimento no volume de negócios tinha correspondência no número de trabalhadores: em 1973, o volume total era já de 2200 colaboradores. Pela sua implantação geográfica, esta unidade revestia-se de um importante significado simbólico, levando para a ruralidade uma unidade de produção moderna, com importantes reflexos no mercado de trabalho local. Segundo os dados da empresa, em finais de 1971, a Siemens empregava 1304 trabalhadores em Portugal, dos quais 435 em Évora e 475 no Sabugo, com os restantes ocupados nos departamentos comerciais, administrativos e serviços da unidade distribuidora. Era um contributo assinalável para a criação de postos de trabalho, numa altura em que a sociedade portuguesa revelava um bloqueamento neste domí- A Siemens participou, assim, activamente no movimento para a implantação da indústria electromecânica e electrónica em Portugal, que, então, se tornara uma aposta política com o objectivo de criar emprego, aumentar e diversificar a produção nacional. nio, evidenciado na emigração maciça (centenas de milhar de portugueses partiam então todos os anos A progressiva modernização da sociedade portugue- para alguns países europeus). Muitos acabaram por sa, embora lenta, assegurava algum mercado aos permanecer em Portugal graças às iniciativas indus- diversos produtos eléctricos. A Siemens, S.A.R.L. ex- triais da Siemens, algumas delas em zonas mais de- perimentou um crescente movimento comercial na primidas. década de 70, embora não tão linear como se previa A aposta industrial e exportadora alargou-se com a inicialmente INTERIOR DA FÁBRICA DE ÉVORA. QUADRO ELÉCTRICO PRODUZIDO NA INDELMA. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 70 1974 - 1984 > Siemens, S.A.R.L.: investir em condições adversas IMAGEM DE LISBOA DOS ANOS 70 SENDO VISÍVEL A PUBLICIDADE AO TELEVISOR SIEMENS, DESIGNADO DE “ESTORIL”. 71 # A SIEMENS em Portugal Na sequência das alterações observadas no grupo 65% do valor de vendas, fazendo assim diminuir as Siemens, na Alemanha (criação da Siemens AG como importações. centro de decisão e reorganização do grupo por áreas de negócio), também na Siemens portuguesa se verificou uma reorganização, partindo da sua hierarquização em quatro níveis funcionais: departamentos, divisões, sectores e grupos. Definiram-se então quatro departamentos, que passaram a chamar a si a gestão da respectiva área de negócio e revelam a amplitude da acção então desenvolvida no mercado português: • Electromedicina (que recebeu os direitos de representação da anterior Siemens Electromédica, S.A.R.L., filial da Siemens Reiniger); Era uma preocupação da Siemens garantir o reconhecimento oficial das suas produções como “produto nacional”, o que oficialmente dependia dos níveis de incorporação de matéria de origem portuguesa no produto final. • Telecomunicações; • Energia e Indústria; • Electrodomésticos. Por outro lado, privilegiava a exportação, para a qual A estrutura orgânica era completada pelo Departa- os componentes de microelectrónica contribuíam mento da Administração, pela Delegação Técnica do quase a 100%, embora o incremento de produção Porto, pela Fábrica do Sabugo e pela Fábrica de Évora. nacional em televisores tenha permitido à Siemens A empresa alterou ainda a sua designação oficial para escoar alguma produção para empresas do sector uma referência mais sintética – Siemens, S.A.R.L., e que operavam em Portugal. aumentou o seu capital social para 90 mil contos (va- As perturbações derivadas do ciclo de radicalismo lores da época), em função dos investimentos fabris político que se seguiu à revolução do 25 de Abril fize- realizados (1972). ram-se sentir a todos os níveis e a elas a Siemens não Para além da função distribuidora, como represen- conseguiu escapar, embora as empresas de capital tante do grupo global, a Siemens, S.A.R.L. adoptava estrangeiro não tenham sido objecto de nacionaliza- uma política industrial com duas perspectivas. Por ção ou de intervenção estatal como o foram os prin- um lado, incorporava crescentemente matéria nacio- cipais grupos económicos nacionais. As perturbações nal na sua produção, o que, em 1972, já representava fizeram-se sentir ao nível de agitação operária em LINHA DE FABRICO DE TRANSFORMADORES DA FÁBRICA MOTRA, SABUGO. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 72 IMAGEM DO CERCO AO QUARTEL DO CARMO, NO DIA 25 DE ABRIL DE 1974. algumas das unidades fabris, por parte de sectores pessoal e sucessivos prejuízos nos resultados anuais. mais radicais, tendo-se verificado um episódio violen- Era um período conturbado e pouco simpático aos to, já em 1977, com o rebentamento de uma bomba olhos do empresariado. nas instalações da sede, na Avenida Almirante Reis e, no mesmo ano, o roubo dos salários dos trabalhadores da Idelma pelas FP 25 de Abril. Mas, ao nível económico, os anos de 1974/1975 representaram uma quebra no valor das encomendas, surgindo uma significativa subida nas despesas com pessoal (85% de 1973 para 1974), derivada de ajustamentos salariais, numa conjuntura que experimentou ainda o disparo da inflação. A recessão internacional também se Mas a Siemens, numa atitude distinta de outras empresas estrangeiras e nacionais, teve uma atitude de persistência e fez tudo para continuar em Portugal. fez sentir a vários níveis, dificultando a colocação da produção industrial. Tudo isso implicou reduções de Com efeito, a decisão da Siemens AG, enquanto principal accionista da Siemens portuguesa, foi a de continuar a operar em Portugal. SEDE DA SIEMENS, NA AVENIDA ALMIRANTE REIS EM LISBOA, APÓS REBENTAMENTO DE UMA BOMBA, EM 1977. Apesar da nova conjuntura, a Siemens em Portugal continuou a realizar importantes investimentos nas suas unidades fabris, deslocalizando mesmo para aqui novas produções que, em face do declínio das produções anteriores, permitissem manter os numerosos postos de trabalho que mantinha. 73 # A SIEMENS em Portugal Note-se que, pela mesma altura, a então República te segundo as regras da economia de mercado. Um Federal da Alemanha apoiava os esforços portugue- não menos importante contributo para a recuperação ses para a consolidação da democracia. das empresas foi o reajuste do pessoal aos níveis de Entretanto, com as alterações estruturais verificadas ocupação possíveis. Confiantes no futuro da econo- na política económica portuguesa, por via das nacio- mia do país, lançámos durante 1977 três novas linhas nalizações, as novas empresas públicas daí resultan- de fabricação nacional: disjuntores W de 6 a 25 Amp.; tes passaram a ser os principais clientes da Siemens. aspiradores de pó domésticos de 800 Watt; quadros O pedido formal de adesão de Portugal à Comunida- eléctricos 8 BD de gavetas extraíveis de média ten- de Económica Europeia, em 1977, desanuviou o hori- são” (Relatório de 1977). zonte em favor da economia de mercado. Clarificadas As novas produções reflectiam o empenho da empre- as regras do jogo, esbatida a conflitualidade política sa em substituir as que estavam em declínio, sendo e social, a actividade económica voltou a entrar nos distribuídas pelas três unidades fabris: Évora, Sabu- trilhos, após três anos de indecisões e de retracção. go, Indelma. Com a gradual normalização política e social, os indicadores económicos do grupo Siemens retomaram a tendência ascendente: “Podemos dizer que o ano de 1977 se revelou como ano de viragem, principalmente no que diz respeito a resultados. Para esta situação contribuiu fortemente a decisão dos accionistas de compensar em grande parte os prejuízos ocorridos durante os anos de 1974 a 1976. Ao mesmo tempo pudemos actuar novamen- SEDE DO EDIFÍCIO DA COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA (FOTO ARQUIVO DN). Desenvolveram-se esforços para maior produtividade: racionalização, aumento de capacidade de produção, prémios de mérito e de produtividade para o pessoal. UMA LINHA DE PRODUÇÃO DE ASPIRADORES FOI IMPLANTADA NA FÁBRICA DO SABUGO, EM 1977. As exportações, em 1977 (512 mil contos), supera- lares, lançando-se ainda o fabrico de peças plásticas vam de novo as importações (470 mil contos). Em de alta precisão. Na Fábrica do Sabugo, passaram a termos de conquista de novos mercados, as exporta- satisfazer-se encomendas de transformadores até po- ções de transformadores para o Kuweit e de quadros tências de 120 MVA e 220 kV. E na Indelma, no Sei- eléctricos para os estaleiros de Asry, no Bahrain, tor- xal, a diminuição das cablagens para automóveis foi naram-se uma referência para a economia portugue- compensada por uma linha de cablagens para elec- sa. O número de postos de trabalho voltou a crescer trodomésticos. Os aspiradores fabricados no Sabugo (12%, logo em 1978). Surgem novas produções: a também começaram a ser exportados, para além da fábrica de Évora viu a família de disjuntores W am- sua circulação no mercado interno. pliada pela linha de interruptores uni, bi e tetrapo- O Departamento Administrativo foi ajustado para 75 # A SIEMENS em Portugal ASPECTO GERAL DA FÁBRICA DE RELÉS, EM ÉVORA. responder ao crescimento comercial, no sentido da modernização de procedimentos e da informatização: gestão de stocks e facturação, contabilidade de clientes e controlo de créditos, sistema para o movimento de letras, sistema salarial e dados de pessoal, listas de preços, foram as primeiras rotinas criadas (1978). Foi criado um centro de processamentos de dados próprio, dispensando-se a prestação de serviços externos afins. Em Maio de 1978, foi solicitado ao Ministério das Finanças que a Siemens S.A.R.L. e associadas fossem consideradas como uma organização única, sob o ponto de vista fiscal. A economia portuguesa, a partir de 1979, voltou a atingir o equilíbrio na balança de pagamentos, em função das exportações, das remessas de emigrantes e do turismo. Verificou-se o relançamento do investimento, o crescimento do PIB e do emprego, ampliando-se o consumo em geral. Preparar a adesão à CEE passou a ser o lema da acção governamental e dos agentes económico A Siemens participou dessa retoma, demonstrando confiança nos rumos da economia portuguesa. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 76 Em 1979, a sua carteira de encomendas crescia em mentação de computadores de processo em sistemas 44%, em termos nominais (23% em termos reais), o de controlo e comando. Deu-se início a um Plano nível de exportação ampliava-se (28% da facturação); Director de Informática e Organização, primeiro pas- o investimento nas várias unidades subiu 127%, ele- so para um processo de actualização permanente. Em vando-se em 38% as despesas com pessoal (salários e 1984, eram introduzidos nos serviços os terminais formação profissional). Em 1981, face à contínua ex- Siemens MTS 2000, com extensão da rede a todos pansão, a administração planeou uma nova localiza- os departamentos para acesso aos ficheiros centrais. ção para as instalações de Lisboa: adquiriu, em 1981, E, no ano seguinte, era instalado o computador de um terreno na periferia, em Alfragide, desenvolven- grande porte Siemens 788, na altura um dos maiores do um projecto de implantação, conhecido como o existentes no país, para assegurar a ligação da rede projecto “Dois Moinhos”, dado existirem dois velhos nacional Siemens com a rede internacional do grupo, exemplares no respectivo logradouro. sendo instalado um software de encomendas em te- Nesse ano, foi criada a Divisão de Exportação, para leprocessamento. coordenar o sector. Foi ainda organizado um Grupo Depois desta perspectiva geral, façamos uma breve de Regulação e Automatização de Processos Indus- incursão pela dinâmica empresarial do período (1974- triais para encontrar as respostas a encomendas rela- -1984), tendo em conta os diversos departamentos. tivas a automatizações de linhas de fabrico e à imple- FOTO TIRADA NO TERRENO ONDE SE CONSTRUIU A NOVA SEDE DA SIEMENS. FICOU CONHECIDO COMO PROJECTO “DOIS MOINHOS”. DA ESQUERDA PARA A DIREITA: PROF. ALFREDO ANTÓNIO DE SOUSA, SR WOLFGANG GEORG BÜHLER E MEMBROS DA ADMINISTRAÇÃO DA SIEMENS. 77 # A SIEMENS em Portugal Áreas de negócio > 1974 - 1984 > Telecomunicações > Energia e Indústria > Electromedicina > Electrodomésticos SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 78 CENTRAL DE TELEX INSTALADA NOS CTT. > Telecomunicações incluindo no posterior processo de instalação da televisão nas ilhas. A partir de 1979, a gradual reconver- Nas décadas de 1970/1980, a tecnologia Siemens são dos emissores para a transmissão a cores ampliou foi objecto de uma procura significativa para o do- essa colaboração. Também emissores de rádio foram mínio das telecomunicações em Portugal. A elevada solicitados, nomeadamente pela Rádio Renascença. concepção técnica dos seus equipamentos e soluções Equipamentos de sinalização para estações ferroviá- assegurava-lhe uma posição qualificada no mercado. rias, incluindo mesas de comando do sistema de si- Os CTT/TLP contrataram a instalação de cabos coa- nais e agulhas, com operação através de computador, xiais subterrâneos, bem como a implementação de foi outra oferta que serviu à modernização das redes sistemas de comutação Telex e Gentex (1973). Neste da CP. A automatização da bilhética foi, desde 1980, domínio, destacava-se o Teleprinter 1000, com im- assegurada pela Siemens em serviços dos transpor- pressão silenciosa, que se tornou num longo êxito de tes públicos das principais cidades. vendas, ao suscitar o interesse de muitas empresas e Telecopiadoras e terminais impressores tiveram uma entidades. aplicação crescente. Em Novembro de 1981, a Fábri- Instalações telefónicas automáticas privadas, redes ca de Évora (já com 1346 trabalhadores) passou a de telex, sistemas de alarme contra incêndio e rou- produzir o teleimpressor T1000, para o qual se verifi- bo, instalações de correio pneumático, aparelhagem cava uma nova encomenda de 10 mil unidades para electroacústica, sistemas de televisão em circuito os CTT. Esta nova produção ajudou a minorar a crise fechado, antenas colectivas, aparelhos de medida dos relés, então em fase de menor procura em face para telecomunicações tornaram-se fornecimentos da recessão mundial. Em 1982, o T1000 era conver- habituais da Siemens para bancos, hotéis, empresas tido à versão militar T1000Z, modelo aprovado pela diversas e entidades públicas. NATO, para equipar todos os ramos das Forças Arma- Equipamentos de sincronização para gravação, mon- das Portuguesas. tagem e emissão, antenas de emissão e válvulas O contrato para a instalação, em Cabo Verde, de uma especiais tornaram a RTP uma cliente da Siemens, rede de telecomunicações (sistemas de comutação 79 # A SIEMENS em Portugal FÁBRICA DE CENTRAIS DE TELEFONES ELECTRÓNICAS DIGITAIS. TELEIMPRESSOR T1000 PRODUZIDO EM ÉVORA. telefónica e telegráfica, rede de cabos, centrais e terminais) foi sucesso expressivo (1982). Nesta altura, penetrou no mercado o microcomputador Siemens SMP, que foi logo adoptado por várias empresas. Se a isso associarmos o êxito crescente dos sistemas de segurança (alarmes), bem como o da linha de centrais telefónicas de pequena capacidade e equipamentos adjacentes, justifica-se o lema que o Departamento apresentava numa feira desse ano: “Duas palavras inseparáveis: Comunicações e Siemens”. Em 1984, concretizou-se o início da produção, na Fábrica de Aparelhos Domésticos do Sabugo, do telefone electrónico M 111 P e de centrais telefónicas digitais EMS, modelo avançado que já assegurava a transmissão de dados. Com estas produções, “a Siemens passou a ocupar definitivamente o lugar de grande fabricante nacional de equipamento de telecomunicações”, diz-se no Relatório de 1984. Além disso, adquiriu uma posição de 20% no capital social da Cabelte – Cabos Eléctricos e Telefónicos, S.A.R.L. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 80 > Energia e Indústria Expansão moderada no domínio dos fornecimentos a indústrias e grande diversificação de actividades, eis a tendência desta área de negócio nos anos 70. Acentuou-se, por parte da Siemens, a aceitação de projectos complexos, na base de parcerias com empresas exteriores ao grupo, através da formalização de consórcios. Assim, a colaboração entre a Siemens e a Sepsa permitiu construir o primeiro grande alternador Siemens em Portugal, destinado à Empresa Insular de Electricidade, para a central de Ponta Delgada. Um projecto para o fornecimento de carruagens para o Metropolitano de Lisboa foi levado a cabo em colaboração com a Sorefame. Com a Somec e outros ampliaram-se estações para o Metropolitano de Lisboa, enquanto, com a Lusotecna e outros, se desenvolveram projectos para o crescimento do mesmo Metropolitano. Em consórcio com a KWU, a Siemens assegurou o fornecimento de dois grupos turbo alternadores e condensadores para o Barreiro (1974). A construção “chave na mão” da central termoeléctrica da Vitória, na ilha CENTRAL TERMOELECTRICA DA VITÓRIA, MADEIRA: UM PROJECTO “CHAVE NA MÃO”. 81 # A SIEMENS em Portugal da Madeira, foi uma encomenda, em 1976, para outro consórcio liderado pela Siemens. Postos monoblocos urbanos, instalações eléctricas, subestações, convectores para redes habitacionais tornaram-se fornecimentos habituais, para lá dos transformadores, condensadores e outros equipamentos afins para as centrais de produção eléctrica. Mas surgiam aplicações mais específicas: protecção contra descargas atmosféricas na Base Aérea de Beja, equipamento para estações elevatórias da Empresa Pública Águas de Lisboa, motores e quadros de comando para o primeiro petroleiro construído na Setenave (1974). Complexos industriais e a central CENTRAL TÉRMICA DE SINES – MESA E PAINÉIS DE COMANDO. da EDP em Sines foram também equipados com soluções Siemens, nomeadamente na gestão da energia, comandos dos accionamentos, motores de alta tensão, quadros eléctricos de média e baixa tensão e transformadores (1975). A partir de 1977, registou-se no Departamento de Energia e Indústria uma aceleração nas encomendas. O incremento na exportação de transformadores para vários países (Camarões, Islândia, Dinamarca, Angola, Macau) passou a representar uma componente importante desta área, que passou a contar com a oferta do novo Transformador GEAFOL, encapsulado em resina sintética, incombustível e resistente à humidade, produzido desde 1981. Sistemas de comando com computadores de processo passaram a ser uma linha muito requisitada: Quimigal, Siderurgia Nacional, EDP foram algumas empresas que contratualizaram fornecimentos deste tipo, embora a actividade do departamento fosse diversificada, incluindo equipamento eléctrico para o terminal de contentores de Alcântara ou os electrofiltros para a central de Sines (1984). CENTRAL TÉRMICA DE SINES – FASE DE CONSTRUÇÃO. TOMÓGRAFO SIRETOM (1974). > Electromedicina dor de imagem e circuito fechado de televisão, foi fornecido ao IPO-Lisboa. O mesmo tipo de equipamento A radiologia é uma especialidade com longa tradição seguia, entretanto, para o IPO-Porto. Referencial no no grupo Siemens. Mas, nos anos 70, surgiu equipa- campo do diagnóstico, o Vidoson, para controlo do mento inovador neste domínio que agregava a técni- desenvolvimento fetal a partir de ultra-sons, passou ca TV de filmagem ou vídeo-tape. Tanto no diagnósti- a ser muito solicitado, sendo instalado o primeiro na co como na terapia, a tecnologia médica da Siemens Maternidade Alfredo da Costa, em 1973. O campo da ganhava espaço, à medida que as instituições clíni- estomotalogia dos hospitais civis foi enriquecido com cas e hospitalares se modernizavam. aparelhos radiológicos do tipo Orthopantomographo A partir de 1972, depois de assumir a responsabili- e Orthoceph para tomografias panorâmicas dos ma- dade da distribuição em electromedicina, a Siemens, xilares. S.A.R.L. forneceu à rede hospitalar portuguesa equi- Em 1974/1975, o Hospital Egas Moniz, em Lisboa, pamento deste tipo para exames em gastroentero- instalou uma unidade radiológica concebida para logia, cardiologia, ortopedia e neurologia. Um equi- neuro-radiologia, pneumoencefalografia, angiogra- pamento de radiodiagnóstico – o Sireskop 2, para o fia cerebral e mielografia. estudo do tubo digestivo, equipado com intensifica- 83 # A SIEMENS em Portugal Em 1975, instalava-se em Aveiro, pela primeira vez em Portugal, uma unidade de radio-diagnóstico da mama, destinado a exames cancerígenos. A sua eficiência garantiu novas encomendas para outras unidades hospitalares e clínicas. SIRETOM 2000. PRIMEIRA UNIDADE DE TOMOGRAFIA COMPUTORIZADA PARA A EXTREMIDADE ENCEFÁLICA MONTADO EM LISBOA. Diversos equipamentos de radiologia passaram a incorporar os hospitais civis de Lisboa, em 1976. “O predomínio da Siemens, no campo dos intensificadores cirúrgicos, foi confirmado neste período, graças às qualidades da aparelhagem e à eficiência do nosso Serviço Técnico. Podemos com orgulho afirmar que a nossa firma é pioneira, em Portugal, no campo dos sistemas de intensificadores com televisão em circuito fechado”, registava-se no relatório anual (1976). No ano seguinte, apresentava-se aos potenciais clientes a Unidade de Tomografia Computorizada como a SIROMA M1 – ESTÚDIO 3000. CONSULTÓRIO DE ESTOMATOLOGIA. grande novidade tecnológica da altura, que viria a suscitar o maior interesse. O escasso apetrechamento das unidades de saúde no domínio da electromedicina permitia uma actividade crescente da Siemens mas de monitorização em cuidados intensivos. para colocação dos vários tipos de equipamentos. O Em 1984, verificou-se a instalação do complexo de valor total das encomendas cresceu, em 1978, 40% a radiologia do novo Hospital Universitário de Coimbra. preços constantes, de tal forma que os serviços técni- Iniciou-se, neste ano, com a colocação no mercado cos tiveram de pedir auxílio a colegas italianos e pro- do equipamento de angiografia digital (Digitron 2), mover a formação de novos técnicos portugueses. uma técnica de diagnóstico nas afecções vasculares Em 1979, instalou-se a primeira unidade de Tomo- e cardiovasculares: a primeira instalação ocorreu no grafia Computorizada para a extremidade encefálica Centro Médico de Diagnóstico – Porto, a que logo ou- na Clínica de Todos os Santos, observando-se ain- tros se seguiram em diversas unidades (Hospital de da outras encomendas. Esse ano ficou registado na Santa Cruz, IPO-Porto e Hospital da Marinha). memória dos funcionários do departamento como o A tecnologia médica da Siemens global assegura- ano da “tomografia computorizada”. Num balanço de va uma contínua inovação: o formato evoluído de 1981, verificava-se que a Siemens tinha colocado cin- pacemaker que concebeu e colocou no mercado co tomógrafos dos oito então existentes no país. tornou-se uma referência exemplar. Os campos da Em 1980, instalava-se no Hospital de Santa Cruz ventilação assistida, da monitorização, da estoma- a primeira unidade de hemodinâmica do país, so- tologia eram outras áreas em que a Siemens mar- bressaindo os equipamentos Angioskop e um Gera- cava posição a nível mundial. Em Portugal, como dor Pandoros Optimatic. Em 1981, introduziam-se noutros países, a tecnologia Siemens revelou-se no mercado novos equipamentos: ultra-sonografia, decisiva para a qualificação dos cuidados de saú- equipamentos da linha de medicina nuclear e siste- de e para sustentar a modernização do sistema. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 84 PUBLICIDADE A ELECTRODOMÉSTICOS SIEMENS NA CIDADE DE LISBOA. > Electrodomésticos Os anos 70, com a alteração dos padrões de consumo, foram favoráveis ao comércio de electrodomésticos. Curiosamente, os relatórios da Siemens atribuem esse crescimento ao 13.o mês dos funcionários públicos, garantido, a partir de Dezembro de 1972, o incremento significativo na venda destes produtos: “este facto e atrasos de fornecimento por parte das nossas fábricas provocaram esgotamento de stock em algumas posições da nossa gama”, dizia-se no Relatório de 1972. Uma das formas para a Siemens reforçar a sua intervenção no mercado foi criar centros de assistência técnica, organizando uma frota automóvel para deslocações de operários especializados em reparações e assistência, em apoio da rede de revendedores. Desenvolveu também diversas promoções, com recurso à publicidade, nomeadamente na criação de modelos de receptores dedicados a grandes clubes desportivos. 85 # A SIEMENS em Portugal TELEVISOR E VENTILADOR DE MARCA SIEMENS. O VENTILADOR “JEITOSO” TORNOU-SE MUITO POPULAR NOS ANOS 80. Mas a qualidade Siemens vinha ao de cima no merca- emissões de TV a cores tivera um grande impacte nos do. Foi o que ocorreu quando apresentou a sua má- níveis de vendas de receptores Siemens. Entretanto, quina de lavar roupa «Intervall Automatic», dotada de o know-how adquirido levou à introdução de outro um sistema de hidroextracção inovador, que garan- produto – o sistema de infravermelho de comando tia uma centrifugação com maior uniformidade. De à distância. resto, a Siemens apresentava, na altura, 12 modelos Em 1981, iniciou-se a produção, no Sabugo, de ter- de máquinas de lavar, oferecendo ainda diversos pro- moventiladores, colocados tanto no mercado interno gramas de fogões eléctricos e de fogões mistos (gás como na exportação. e electricidade). Outra novidade era a produção de mesas de cozinha encastradas (em colaboração com a Fábrica Portugal), para fornecimento nacional e no estrangeiro. Em 1976, iniciaram-se os procedimentos para o fabrico de aspiradores de pó na Fábrica do Sabugo, colocados no mercado no ano seguinte. Em 1979, face ao anúncio da transmissão televisiva a cores a iniciar em 1980 e às dificuldades de importação de receptores, a Siemens passou a produzi-los na sua fábrica de electrodomésticos do Sabugo, com base num acordo com a Blaupunkt. O início das FROTA DOS SERVIÇOS TÉCNICOS SIEMENS DA DELEGAÇÃO DE FARO. O ventilador foi objecto de uma campanha publicitária, muito popular, passando a ser conhecido como o “jeitoso da Siemens” e a fazer parte dos electrodomésticos comuns na casa dos portugueses. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 86 1985 - 1994 > A modernização na Europa: investir nas novas tecnologias ASSINATURA DO TRATADO DE ADESÃO À COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA, EM 12 DE JUNHO 1985, PELO ENTÃO PRIMEIRO-MINISTRO, MÁRIO SOARES (FOTO ARQUIVO DN). 87 # A SIEMENS em Portugal PRIMEIRA CENTRAL PÚBLICA DIGITAL, INSTALAÇÃO EWSD (1987). A adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia teve o seu momento simbólico na assinatura do respectivo tratado em 1985. A inserção no mercado comunitário arrastou níveis de crescimento económico apreciáveis, pelo efeito dos fluxos monetários derivados das ajudas à pré-adesão, destinadas à criação de infra-estruturas e modernização do tecido económico, e pelo investimento público e pri- Neste período de transição económica, a dinâmica evidenciada pela Siemens deveu-se muito à sua elevada capacidade de engenharia e ao incremento da oferta de soluções em serviço completo. vado que essas ajudas exigiam como contrapartida. Acrescia ainda a atracção significativa de capital estrangeiro influenciado pelo facto do diferencial das taxas de juro reais ser ainda bastante elevado em Portugal na comparação com o praticado na zona CEE. Ao nível do investimento privado, vivia-se uma certa animação empresarial, dado o clima de preparação para 1993, altura da plena integração no mercado comunitário. A Siemens, S.A.R.L., de forma distinta nas várias áreas de negócio, beneficiou desse crescimento, para o qual também se preparou, tanto mais que a integração representava a participação no mesmo espaço económico e político dos accionistas, retirando Portugal definitivamente de uma situação periférica à economia europeia. Mais do que ao fornecimento de equipamentos a Siemens tem capacidade de responder à procura dos clientes com um projecto do tipo “chave na mão”, procurando para isso as sinergias necessárias, dentro e fora do grupo, apostando nas novas tecnologias emergentes em vários sectores (energia, comutação telefónica, electromedicina...), como veremos nas páginas seguintes. Ao nível interno, ganha relevo a conclusão, em 1986, dos projectos de arquitectura “Dois Moinhos” para a nova sede a construir em Alfragide, englobando escritórios, oficinas e centros de estudo e preparação, incluindo uma escola de técnicas digitais aplicadas em telecomunicações e automação industrial. O projecto desenvolveu o conceito de escritório moderno, com pavimento elevado modular, comando das luzes com infravermelhos, iluminação específica para salas com terminais vídeo e outras características. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 88 de Corroios. As primeiras centrais de comutação digital a sair de Corroios foram instaladas na rede dos MAQUETE DA SEDE SIEMENS. ex-CTT/TLP em 1998, para substituir o equipamento analógico em funcionamento. Em Dezembro de 1988 foi estabelecido um novo acordo entre os accionistas da Emptel – Empresa As obras iniciaram-se em Julho de 1987, a inaugura- de Equipamentos de Telecomunicações, S.A., pelo ção das instalações verificou-se em 1989, com toda qual a nova distribuição no capital social, entretan- a dignidade institucional. No campo negocial, con- to aumentado para 600 mil contos, passou a ser a cluiu-se, ainda em 1986, a contratualização de um seguinte: Siemens 51%; IPE 33,27%; Centrel 15,73%. dos mais estruturantes projectos da economia portu- O centro de desenvolvimento de software começou guesa – a digitalização da rede de telecomunicações, por executar trabalhos para a Siemens AG (Alema- para o qual a Siemens participou com o fornecimen- nha), para aplicações a nível mundial. to das centrais digitais EWSD e no âmbito da qual se Em 1988, a Siemens conferiu maior dimensão às ac- criou a Emptel, empresa mista (com 27% de capital tividades de formação profissional, criando o Centro subscrito pela Siemens). No contexto do contrato de de Formação Electrónica Industrial da Siemens, em digitalização firmado com o Estado português atra- conjunto com o INETI – Instituto Nacional de Enge- vés dos ex-CTT/TLP, foi criada de raiz em Corroios nharia e Tecnologia Industrial, agregando depois uma fábrica de produção de sistemas de comutação outras empresas do sector. Esse centro foi o embrião digital EWSD. Foi também criada ao abrigo deste da posterior Associação Nacional de Formação Elec- contrato uma área de adaptação e configuração lo- trónica Industrial (1990), constituindo hoje em dia cal de software para o sistema produzido na Fábrica a ATEC – Associação da Formação para a Indústria. FACHADA DA SEDE EM ALFRAGIDE (1989). 89 # A SIEMENS em Portugal A SIEMENS TEM DESENVOLVIDO UMA IMPORTANTE ACÇÃO NO CAMPO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL, PROMOVENDO A CRIAÇÃO DA ANFEI – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FORMAÇÃO ELECTRÓNICA INDUSTRIAL (ACTUAL ATEC). Ao longo dos anos, largas dezenas de jovens têm realizado na ATEC a sua formação em Electrónica Industrial e outros cursos afins às áreas de negócio das empresas associadas. Ao nível das outras unidades fabris do grupo, importa salientar que, em 1987, a empresa Motra foi integrada na Siemens, S.A., deixou de existir em termos jurí- accionistas; a Idelma, S.A. passou de 235 mil para 1.550 mil contos, dos quais 900 mil contos também por entrada dos accionistas. As restantes unidades fabris continuaram o seu processo de consolidação, aumentando a produção e admitindo mais pessoal – integrou-se, nesse ano, o 5000o colaborador da Siemens em Portugal. dicos, mas continuou a desenvolver a sua actividade, passando a ser designada como “fábrica de transformadores”. Entretanto, a Indelma, com sucesso no for- Assim, em 1991, iniciaram-se operações de renova- necimento de cablagens para automóveis, e a Fábrica ção nas fábricas do grupo, através de elevados inves- de Évora continuaram a sua expansão, consolidando timentos, para responder à expansão dos negócios e a vertente produtiva do grupo Siemens. Nesta última garantir condições de qualidade e produtividade. Na iniciou-se o fabrico de “indicadores de ângulo”, pro- Indelma (Fábrica do Seixal), com o negócio de cabla- duto de alta precisão para ser utilizado no comando gens em crescimento, as ampliações realizadas exi- de máquinas e no posicionamento de flaps e lemes giram um investimento na ordem de 1.7 milhões de de direcção de aviões, o que permitiu alargar o núme- contos. Entretanto, as actividades de quadros eléctri- ro de trabalhadores para 1400. Aliás, o volume total cos e disjuntores foram integradas na Siemens, S.A., de colaboradores do grupo Siemens em Portugal, no passando a Indelma a consagrar-se exclusivamente ano de 1988, era já de 4174, incluindo os integrados às cablagens. Nesta circunstância, foi organizada a na Emptel. Siemens – Fábrica do Seixal, designada como Fábri- Em 1989, verificaram-se aumentos de capital: a Sie- ca de Disjuntores e Quadros Eléctricos, que englobou mens, S.A. passou de 1.700 mil para 4 milhões de também a produção de ferramentas e moldes de alta contos, dos quais 675 mil contos por entrada dos precisão, com aplicação de um sistema CAD/CAM, VISITA AO LOCAL DURANTE A CONSTRUÇÃO DA CENTRAL TERMOELECTRICA DE CICLO COMBINADO DA TAPADA DO OUTEIRO. ENG. JOÃO FRANCO, ENG. MANUEL MOURA E MEMBROS DA DIRECÇÃO. para fazer a ligação entre computador, frezadoras e máquinas de erosão. Na Fábrica de Relés, em Évora, foi incrementada a automatização de montagem e ensaio de relés e a racionalização dos processos de fabrico, com investimentos na ordem de um milhão A Siemens viria a ser a primeira empresa a ter as unidades industriais certificadas em Portugal. de contos. Também na Fábrica de Transformadores (Sabugo), entretanto com posições consolidadas em alguns mercados externos, se procedeu ao aumento Os inícios da década de 90 foram, em termos nacio- da área fabril e a vários investimentos. nais, marcados por projectos de grande dimensão A certificação de qualidade passou a ser um objecti- que se cruzaram com as áreas de actividade da Sie- vo para as várias unidades do grupo, solicitada jun- mens. Por um lado, a liberalização do mercado das to do Instituto Português de Qualidade desde 1991. telecomunicações fez aparecer novos operadores pri- Aplicou-se a norma NP EN 29001, que cobre todas as vados para a Rede Móvel Digital Pan-Europeia (GSM), actividades que influenciam a qualidade do produto, em cujo equipamento a Siemens assumiu um papel desde a concepção, desenvolvimento e serviço pós- fundamental. Por outro, em 1991, foi assinado en- -venda. tre a EDP e o consórcio Turbogás, integrado pela Siemens, o acordo intercalar para a obtenção de licença de construção e exploração da Central Termoeléctrica de Ciclo Combinado da Tapada do Outeiro com a EDP, em que o combustível de base é o gás natural, mas a BANDEIRA DA CERTIFICAÇÃO EN 29001. instalação está prevista para poder queimar gasóleo, em situações de emergência. Esta central, que veio substituir uma anterior a carvão, decorreu da decisão política relativa à adopção do gás natural como energia alternativa para Portugal, cujo projecto, para ser viável, carecia de um grande consumidor/cliente. Dado o período recessivo que então se vivia, a EDP, em nome do Estado, lançou um concurso internacional em regime de projecto financing para construção, exploração, manutenção e comercialização desta central, com capacidade de 1200 MV, cuja produção representaria cerca de 20% da energia eléctrica então instalada em Portugal. 91 # A SIEMENS em Portugal Finalmente, assinale-se a participação em consórcios para contratos nos transportes públicos (duas encomendas para a CP, uma de 40 comboios suburbanos para a linha de Sintra, outra de 30 locomotivas eléctricas; desenvolvimento do protótipo para as novas carruagens do Metropolitano). A depressão internacional de 1993 trouxe alguns A Siemens, S.A.R.L. tornou-se a maior empresa nacional exportadora de software, acrescendo à exportação dos produtos de engenharia e de formação profissional. problemas. A Siemens sentiu dificuldades nas exportações, face a quebras de actividade nos países receptores dos seus produtos, com descidas bruscas A partir de 1994, projectos de cablagens para novos na venda de transformadores e cablagens, o que im- modelos de veículos da Renault e da Autoeuropa vie- plicou dispensas de pessoal no Sabugo e na Indelma, ram lançar novos desafios e animar a actividade da além de reflexos nos resultados. Indelma. Paralelamente, surgiram importantes en- Entretanto, a Siemens AG adquiria mais 47,5% das ac- comendas no domínio dos transportes públicos: a ções da Emptel e passava a deter a totalidade do seu ca- concretização do pedido de 8 e 9 composições para o pital social. Em Setembro de 1993, realizou-se a fusão Metropolitano, de acordo com os dois modelos expe- da Emptel com a Siemens, S.A., mediante a transferên- rimentais anteriormente desenvolvidos em consórcio cia de todo o seu património, operando-se, em confor- com a Sorefame; a encomenda de 10 eléctricos arti- midade, o aumento de capital da Siemens, S.A. para culados, de piso rebaixado, para a Companhia Carris 8,6 milhões de contos. Com a integração, a nova uni- de Lisboa. dade passou a ser considerada como Departamento. UNIDADE QUÁDRUPLA ELÉCTRICA SIEMENS DA LINHA DE SINTRA. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 92 dinamizador de um empresa que, nos anos 70, apresentava ainda dimensões modestas, se bem que em crescimento, para se situar agora no cimo da indústria eléctrica e electrónica em Portugal, tendo conseguido encontrar as fórmulas adequadas para se associar ao processo de modernização português, através de várias conjunturas. EM CIMA: EDIFÍCIO DAS NOVAS INSTALAÇÕES DA DELEGAÇÃO DA SIEMENS NO PORTO, PERAFITA (MATOSINHOS). EM BAIXO: CARTAZ ALUSIVO AO MOVIMENTO “TOP”, FOMENTANDO A OPTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE TRABALHO. Em 19 de Maio de 1994, concretizou-se a inauguração das novas instalações para a Delegação Técnica do Porto em Perafita, Matosinhos, que passou a usufruir de melhores condições logísticas para o dinâmico papel que sempre assumiu na comercialização, instalação e assistência nas várias áreas de produtos Siemens, agrupando-se, desde então, num só complexo todos os serviços administrativos, comerciais e técnicos da delegação. A Siemens, S.A., em sinergia com a Siemens AG, apresentava, nos anos 90, uma crescente penetração no mercado global, o que implicava assegurar, desde logo, níveis de competitividade e de qualidade muito elevados. De entre as medidas para se atingir esse objectivo, deve sublinhar-se, a exemplo do que acontecia no grupo e suas subsidiárias a nível mundial, a adopção do programa “TOP” (Time Optmized Processes), implementado desde 1994, visando sustentar a optimização de processos de trabalho e de interligação entre as várias unidades. Em 31 de Março de 1995, Wolfgang Georg Bühler deixava as funções de administrador-delegado que exerceu ininterruptamente durante 25 anos. Subiu a vice-presidente do Conselho de Administração. Foi o A atribuição da administração-executiva, pela primeira vez na história da empresa, a um português, Carlos de Melo Ribeiro, que exerce essas funções depois de um longo percurso como quadro do grupo, permitiu estabelecer novas perspectivas para o posicionamento da Siemens em Portugal. O salto qualitativo vislumbra-se desde logo na aposta de captar para Portugal, no âmbito do investimento internacional do grupo, alguns centros de alta tecnologia e transformá-los em pólos de excelência mundial. Veremos essa mutação empresarial no capítulo seguinte. Por agora, lancemos um olhar de maior pormenor sobre a acção das diversas áreas de negócio neste período (1986-1994). 93 # A SIEMENS em Portugal Áreas de negócio > 1985 - 1994 > Telecomunicações > Energia e Indústria > Electromedicina > Electrodomésticos > Material de série > Engenharia SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 94 > Telecomunicações O sistema de comutação digital EWSD, que permite a aplicação de diversos sistemas de comunicação, foi apresentado ao público pela Siemens, em 1986, para divulgação da sua tecnologia, em consonância com a participação no concurso para fornecimento de centrais digitais que decorria no âmbito da reconversão da rede pública de telecomunicações: “O ano de 1986 decorreu sob o signo RDIS/ISDN. No domínio privado como no público este tema esteve sempre presente. Com efeito é neste ano que se fazem as primeiras propostas de Hicom para o Banco Nacional Ultramarino e para os CTT – Picoas. E é a 22.12.86 que finalmente se assina o contrato para o fornecimento das Centrais Públicas Digitais EWSD aos CTT/TLP”, assim se afirma no relatório anual da empresa. Segundo o contrato assinado com a empresa pública CTT/TLP, a Siemens forneceria as primeiras quatro centrais, totalmente importadas, para entrada em funcionamento em 1987, assumindo-se assim como o primeiro fornecedor de centrais de comutação digital em Portugal. Paralelamente as- PRIMEIRA CENTRAL PÚBLICA DIGITAL, INSTALAÇÃO EWSD (1987). sinava-se, como contrapartida, um contrato de transferência de tecnologia, pelo qual a Siemens, em conjunto com o IPE – Instituto de Participações do Estado e a Centrel, criava uma nova empresa de capitais mistos – a Emptel, para posterior produção em Portugal do equipamento digital, incluindo as restantes centrais EWSD. Através da Emptel, a Siemens, como vencedora do concurso, deveria fabricar em Portugal, até 1991, um total de 215 mil linhas. As primeiras centrais digitais contratadas foram instaladas em Carnide e Aveiro, em 1987, e a Siemens recebeu nova encomenda para a produção de mais 160 mil linhas, a que se seguiram contratos relativos a outros tipos de equipamentos para os repartidores principais das centrais de comutação. Os sucessivos contratos com a Portugal Telecom para o fornecimento de equipamento (2,5 milhões de linhas EWSD entregues até 1996), a adaptação do software para as versões RDIS portuguesas, produção de telecomandos de infravermelhos para a Siemens AG foram algumas das encomendas que sustentaram a actividade inicial da Emptel. As redes digitais tornavam-se determinantes na área de negócio das telecomunicações, incluindo soluções internas para as redes privadas das empresas, a que se ajustava as centrais Hicom, primeiro sistema capaz de ser integrado na rede digital em instalação (o modelo Hicom Trading 300 tornou-se muito solicitado para serviços bancários). Entretanto, a Siemens, para além de continuar os fornecimentos de equipamentos e soluções de telecomunicações a redes privadas, enfrentava novos desafios. Em 1988, dava como operacional o projecto de informatização da CP, incluindo venda e reserva de lugares, controlo do material circulante e informação ao público, que se revelou fundamental na modernização do transporte ferroviário em Portugal. Também a área de fornecimento e implantação de computadores passou a revelar grande dinamismo, nelas se incluindo impressoras laser de alta qualida- 95 # A SIEMENS em Portugal Público Móvel Digital Pan-Europeu a concretizar no biénio 1991-1992, de forma a permitir a utilização do mesmo equipamento terminal telemóvel em toda a Europa. EQUIPAMENTOS TELEFÓNICOS: EM CIMA: TELEFONE SEM FIOS; EM BAIXO: TELEMÓVEL DOS ANOS 80. de e elevada tiragem, como a colocada nos serviços de Totobola e Totoloto na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (1988). Com a fusão entre a Siemens e a Nixdorf (1990), a colocação de computadores experimentou grande incremento. Os aparelhos de telefone Siemens foram adoptados em 1990, pela primeira vez, pela Portugal Telecom (com uma primeira encomenda de 125 mil unidades), que se decidiu ainda pela aquisição de centrais A Siemens participou, pois, activamente na instalação da rede GSM que veio a ser designada de TMN, para a qual forneceu não só equipamentos como também os serviços de instalação e manutenção contribuindo para que a nova rede TMN se configurasse, na altura, como uma das mais avançadas do mundo. telefónicas (Saturno 12) para aluguer a utentes. Também de Países de Língua Oficial Portuguesa che- Para além disso, a Siemens colocou no mercado os garam encomendas de centrais telefónicas e equipa- seus próprios aparelhos de telemóveis para uso indi- mentos afins. vidual. Em 1988, por incumbência dos CTT/TLP, a Siemens O Departamento de Telecomunicações foi objecto de instalou os primeiros equipamentos do “serviço mó- uma reestruturação, em 1992, sendo reestruturado vel terrestre”, desenvolvendo a fase de ensaio para em quatro divisões, que nos fornecem uma ideia das o novo serviço telemóvel na área da Grande Lisboa. várias áreas de actividade: sistemas privados, redes A instalação da rede seria cumprida em quatro anos públicas, transmissão, componentes. Esta divisão de- para as principais zonas do país. Em 1990, assinou partamental ajudou a dinamizar ainda mais a acção o contrato com a Portugal Telecom para o forneci- da empresa no mercado. mento de equipamentos e instalação do Serviço Em 1993, a Siemens duplicava as quotas de mercado nos sistemas privados, estabelecendo ainda, numa acção pioneira, as primeiras ligações RDIS (Proleite e Ford Wolkswagen), a que muitas outras se seguiram. Para esse efeito, contribuiu a oferta no mercado de alguns produtos novos de transmissão digital. No campo da transmissão, a Siemens assinou contratos com a Portugal Telecom para novas ligações em feixes hertzianos digitais e para a ampliação da rede de fibra óptica. Em 1995, foi assinalada simbolicamente a entrada em serviço da linha digital 2.000.000 fornecida pela Siemens à central de Leça da Palmeira, da Portugal Telecom, o que fornece uma ideia do trabalho continuado da Siemens neste domínio. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 96 POSTO DE COMANDO CENTRALIZADO USANDO UM MONITOR EM TÉCNICA COROS 2000 E SIMATIC S5. > Energia e indústria plementado por formação profissional proporcionada pela própria empresa. Por essas razões, a Siemens A aceleração da aplicação das novas tecnologias no prestou particular atenção, em 1986, à divulgação domínio da energia e indústria foi a linha dominante dos equipamentos Simatic – autómatos programá- das características dos negócios realizados a partir da veis, em relação aos quais se realizaram cursos bási- década de 80, conforme se regista em relatório anual cos de utilização e programação destinados a clientes. da Siemens (1986): Assim, ao lado dos equipamentos já tradicionais, “A utilização de modernas tecnologias que fazem tais como subestações, transformadores ou quadros recurso aos microprocessadores, aos autómatos pro- eléctricos, multiplicaram-se as soluções de nova tec- gramáveis e aos computadores apoiados em software nologia que foram instaladas em múltiplas unidades adequado, tem vindo a tomar progressivamente uma industriais: maior importância em todos os fornecimentos, com • Sistemas de comando, controlo e gestão de energia especial incidência nos que estão em causa sistemas para grandes edifícios; de comando, de vigilância e alarme, de controlo ou • Registadores cronológicos de acontecimentos; de gestão de processos e instalações industriais e de • Sistemas de regulação de velocidade. distribuição de energia. Esta evolução que se faz em Uma das instalações mais significativas desta divisão detrimento das tecnologias electromecânicas clássi- de vendas foi relativa ao ar condicionado do novo edi- cas caracteriza uma verdadeira e radical revolução fício da Caixa Geral de Depósitos, com equipamento tecnológica realizada com enorme rapidez e a um e sistema de controlo, assente em software em gran- ritmo de inovação muito superior ao que se verificou de parte produzido por técnicos portugueses. No ano nas tecnologias convencionais.” seguinte, o mesmo cliente adjudicava à Siemens o Esta situação tinha óbvias repercussões no departa- sistema de iluminação integrado em tecto. mento respectivo, implicando a contratação de co- Outro tipo de equipamento que passou a ter uma laboradores relacionados com as novas tecnologias, importância significativa nesta área da energia e in- com grau de formação escolar elevado, a ser com- dústria foi a da venda e instalação de grupos turboalternadores. Registe-se, em 1986, a entrega à Celbi de 97 # A SIEMENS em Portugal um grupo para fornecimento de vapor de processo e E ainda, numa dinâmica de modernização dos trans- de energia eléctrica. Várias outras empresas recorre- portes públicos, desenvolveu a produção do protóti- ram depois ao mesmo tipo de equipamentos, como po de novas composições para o Metropolitano de a Portucel-Cacia e a Papéis Inapa (1988). Também Lisboa. importa sublinhar o fornecimento de celas de baixa Os inícios dos anos 90 trouxeram retracção ao sector e média tensão para diversas centrais, caso das cen- energético e industrial, com particular incidência em trais de Sines e do Pego–EDP e da Central de Coloane, 1993, concretizando-se essencialmente encomendas em Macau (1990). anteriores: operações habituais com a EDP (transfor- De entre as encomendas recebidas nesta área, mere- madores e sistemas de comando), Somincor (amplia- ce destaque a de 42 unidades quádruplas eléctricas ções do sistema de comandos nas minas Neves-Cor- para a linha de Sintra da CP, com motores de tracção vo), Inapa, Cimpor, Portucel. trifásicos assíncronos, nas quais, em consórcio com Em 1991 foi assinado entre a EDP e o consórcio Tur- a Sorefame, a Siemens assegurou o fornecimento bogás, integrado pela Siemens, o acordo para a cons- de todo o equipamento eléctrico (as primeiras auto- trução e exploração da central termoeléctrica de ciclo motoras começaram a circular em Setembro 1992). combinado da Tapada do Outeiro. PERSPECTIVA DA CENTRAL TERMOELECTRICA DE CICLO COMBINADO DA TAPADA DO OUTEIRO. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 98 O principal núcleo de projectos de engenharia do ano foi o Aeroporto de Macau, com equipamentos de média e baixa tensão, o Building Management System (BMS) e o sistema de gestão de energia. Em 1994, o Departamento de Energia e Indústria passou a oferecer ao mercado mais dois produtos inovadores: transformadores de distribuição herméticos, com enchimento integral de óleo; unidades inteligentes para protecção e comando de motores (Simocode). EM CIMA: AEROPORTO DE MACAU. EM BAIXO: SISTEMA DE COMANDO DE PC’S INDUSTRIAIS SICOMP E AUTÓMATOS SIMATIC DA CIMPOR. 99 # A SIEMENS em Portugal EQUIPAMENTO DE TOMOGRAFIA AXIAL COMPUTORIZADA SOMATOM AR.T. > Electromedicina Em 1993, a Siemens foi solicitada a equipar na área de electromedicina o Hospital Prof. Dr. Fernando da A Siemens continuou, ao longo dos anos 80, a man- Fonseca, na Amadora-Sintra, em áreas diversas: ra- ter a liderança em Portugal na implementação da tec- diologia convencional, radiologia de intervenção e nologia de radiodiagnóstico e de angiografia digital, angiografia universal, Tomografia Axial Computoriza- nas sucessivas gerações de equipamentos. da (TAC). A conceber e a instalar a nova Unidade de Em 1986, divulgou em Portugal a tecnologia da lito- Intervenção Cardiológica no Hospital de Santa Maria trícia (trituração de cálculos na bexiga) e da resso- e uma segunda sala de hemodinâmica no Hospital de nância magnética: logo no ano seguinte, o primeiro Santa Cruz. A instalação de TAC na Madeira (Clínica Lithostar em Portugal era instalado na Clínica S. Louis de Santa Catarina) e ainda nas Caldas da Rainha e em e o primeiro Magneton M5 na clínica Dr. Idálio de Oli- Castelo Branco foram outras solicitações, tal como a veira. Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Mato- Entretanto, a modernização do funcionamento de sinhos (1994). diversas unidades hospitalares (Hospitais de Almada, Vila Real, Vila Nova de Gaia, Coimbra, Castelo Branco, IPO–Porto, entre outros) teve o contributo da Siemens no fornecimento de equipamento, em particular do sistema de tomografia axial computorizada (Somaton AR.T) ou da ressonância magnética (Magnetom 63-SP). Em 1992, novos equipamentos foram introduzidos em Portugal, com a entrega de várias encomendas de radioterapia ao Instituto Português de Oncologia de Coimbra: acelerador linear, sistema de pla- Ao longo do tempo, a Siemens continuou a contribuir para a verdadeira revolução que ocorre na saúde, dada a crescente utilização de equipamentos radiológicos e a necessária preparação dos recursos humanos a eles afecta. neamento tridimensional, sistema de simulação, todos instalados em rede. Equipamentos idênticos foram instalados no Hospital de Santa Maria: aqui Neste contexto, novas áreas de saber – as ciências todo o equipamento de radioterapia foi concebido, imagéticas, terapêuticas bio-radiológicas e electro- construído e fornecido pela Siemens, em projecto fisiológicas exigiram uma colaboração íntima entre “chave na mão”, que incluiu as próprias instalações. serviços de saúde e indústria. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 100 Na transição das décadas 1980/1990, assinalaram-se transformações no mercado de electrodomésticos, nomeadamente com o aparecimento das grandes superfícies comerciais como canal de distribuição, exigindo adaptações comerciais (incluindo as designadas “linhas brancas”) e de marketing, dado o canal tradicional estar sustentado em lojistas. Uma maior agressividade comercial e o lançamento de algumas campanhas promocionais fizeram alcançar sucessos ao nível de máquinas de lavar, televisores e vídeogravadores. A melhoria da cobertura nacional da assistência técnica foi outro factor de apoio às vendas. A presença em salões de exposição tornou-se uma preocupação da Siemens, S.A. ELECTRODOMÉSTICOS SIEMENS. No contexto de agressividade concorrencial dos finais do século XX, a Siemens, segundo a doutrina expressa nos relatórios anuais, procurava diferenciar-se da tendência polarizadora para os baixos preços pratica- > Electrodomésticos dos pelos lojistas, insistindo comercialmente na polarização do conteúdo de valor, defendendo o conceito de vendas de qualidade. Nesse sentido desenvolveu Com o fim das restrições para a importação de tanto acções junto dos revendedores, como lançou electrodomésticos, a gama Siemens continuou a produtos inovadores, de que foi exemplo a máqui- aumentar as suas vendas, para a qual contribuiu o na de lavar louça SN 29, adaptada a carga comple- aumento do consumo privado. O marketing também ta ou meia carga, e a electrónica de consumo (das ajudou, verificando-se campanhas publicitárias de antenas parabólicas à escova de dentes multiactiva). vários tipos. Em 1986, o Departamento de Electro- A introdução da informática doméstica está também domésticos promoveu uma ampla divulgação dos a fazer o seu caminho, desde a introdução do “Faz fogões microondas, instalando mesmo uma cozinha tudo” (1995), centro multimédia que reúne num só experimental na sede para demonstrações. Veio a ser aparelho o receptor de TV, computador, fax, telefone um êxito o modelo “microonda plus”, com grelhador de mãos-livres, atendedor de chamadas e multileitor. infravermelho e forno. E fez uma ampla divulgação Na abordagem a este mercado complexo, em que da assistência técnica pós-venda disponibilizada pela os revendedores tradicionais se declararam em cri- firma. se face à emergência das grandes superfícies, a Siemens procurou desenvolver o conceito de clienteling, O design das cozinhas Siemens, com electrodomésticos de integrar, bem como o de alguns modelos de televisor tornaram-se uma referência de qualidade no mercado . numa busca de qualificação que acompanha o cliente e o apoia nos processos de decisão, ajudando a situá-lo nos “grupos de pertença”. Por outro lado, a área dos electrodomésticos teve um papel determinante na constituição da Associação de Agentes Autorizados, e definiu a linha de produtos “Extraklasse” a ser comercializada em exclusivo pelos associados. 101 # A SIEMENS em Portugal > Material de série Em 1993, verificou-se o lançamento de um novo produto com êxito: o Instabus EIB, um sistema descen- Em Abril de 1985 verificou-se a criação de uma nova tralizado de gestão de energia, em que todos os com- secção para vários tipos de material de série, nomea- ponentes da instalação eléctrica comunicam entre si, damente o material de distribuição eléctrica – calhas, sem necessidade de central de controlo, pois a gestão armaduras de baixa luminância (VDU – Visual Display é efectuada com o auxílio de um PC portátil. O siste- United), caixas de alimentação, circuitos de energia, ma, que passou a equipar as instalações da Siemens, comunicação e transmissão de dados – com elabora- foi depois implementado em múltiplos edifícios. ção de catálogo. Em 1987, novos artigos foram lançados no mercado: painéis de energia solar, aparelhagem de corte e protecção Simicont, arrancadores electrónicos “Sikostar”. Uma outra área de negócio implementado, no âmbito de construção de escritórios modernos, contemplava o Pavimento Elevado Modular (PEM), os tectos integrados com iluminação anti-reflexo e comandos infravermelho de todos os circuitos de electricidade. Este tipo de oferta permitiu à Siemens apresentar-se A aplicação do material de baixa tensão e projectos de iluminação multiplicaram-se. Registe-se o fornecimento de armaduras para a Ponte 25 de Abril e para diversos túneis da ilha da Madeira em 1994. como partner para arquitectos e projectistas em fase de planeamento de escritórios modernos. PONTE 25 DE ABRIL, SOBRE RIO TEJO, E PANORÂMICA DE LISBOA (FOTO EDUARDO TOMÉ, ARQUIVO DN). SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 102 > Engenharia Em 1991, uma das obras significativas do Departamento de Engenharia consistiu na renovação e adap- O Departamento de Engenharia foi criado em 1987 tação dos sistemas de sinalização ferroviária das es- para responder à procura de serviços de apoio téc- tações do Areeiro, Campolide e Rossio (CP). De igual nico completos e de qualidade. Este departamento modo se deve sublinhar a aplicação de instalações de recuperou as anteriores actividades de projecto nas despoluição na Siderurgia Nacional e em várias fases diferentes áreas de acção, nomeadamente nas áreas de fabrico das cimenteiras nacionais. de análise de processos, elaboração e manutenção de software, projecto, montagens e manutenção, incluindo assistência técnica permanente. A aplicação de automação de processos, utilizando autómatos Simatic e computadores foram as ocupações principais, com as indústrias alimentar (Unicer) e de derivados de madeira a surgirem logo como os principais clientes na fase inicial. Em 1987 a produção de software ultrapassou pela primeira vez os 50% do total de horas na divisão dos projectos. Os sistemas de gestão de energia, aplicados em edifícios inteligentes, foram uma das ofertas integradas, com o objectivo de melhorar o conforto dos utentes: a sua primeira aplicação decorreu em 1988, no Hotel Quin- Em 1993, um dos sucessos do Departamento de Engenharia foi o contrato, em consórcio com a Thyssen, para a manutenção das instalações eléctricas da Fábrica Autoeuropa, o primeiro contrato para a manutenção integral de uma unidade fabril, abrindo a porta a outros contratos. ta do Lago (Algarve). Entre os projectos adjudicados em 1990, vários de Seguiu-se o da manutenção das instalações eléctricas montagem e assistência, merece menção especial o da TAP, no Aeroporto de Lisboa (na altura, o maior conseguido para o sistema de comando e controlo de contrato de outsourcing em Portugal), em consórcio processo para as novas instalações das Pirites Alen- com a Manindústria, Lda. tejanas (Aljustrel), que surgia na sequência de for- Em 1994, o Departamento de Engenharia passou a necimentos anteriores da Siemens a outro complexo ser responsável por toda a comercialização de enge- mineiro (Neves-Corvo). nharia e sistemas referentes à indústria e tecnologia ASPECTO DE UMA LINHA DE PRODUÇÃO DA AUTOEUROPA. 103 # A SIEMENS em Portugal > SNI – Siemens Nixdorf A área de computadores ganhou um relevo crescente como negócio, sobretudo desde que se verificou, a HOSPITAL DE LEIRIA: UM PROJECTO “CHAVE NA MÃO” IMPLANTADO PELA SIEMENS. nível do grupo global, a fusão entre a Siemens e a Nixdorf (1990), o que permitiu assegurar uma oferta variada, de diversas gamas, e seguir a filosofia de de edifícios. Coube-lhe, assim, tratar de projectos como o do teleférico do Bom Jesus, em Braga, a análise da rede eléctrica da Siderurgia Nacional (Maia), turbina e rede eléctrica da Alcântara (Santa Iria de Azóia), accionamento da máquina de tiragem de pasta de papel (Portucel – Setúbal), sistemas de iluminação e gestão de energia dos aeroportos de Macau e Ponta Delgada. Também a tecnologia de edifícios “sistemas abertos”. Oficialmente a partir de 1994, a Siemens, S.A. passou, assim, a ter a representação do maior fabricante europeu de sistemas de informação. hospitalares teve desenvolvimento, com instalações em hospitais de Fafe, Lamego, S. João, Prelada e Santa Cruz. Mas a implicação mais importante terá sido o projecto “chave na mão” dos sistemas eléctricos do Hospital de Leiria, dada a sua dimensão, o elevado grau de automação e de inovação, incluindo as instalações de transformação, produção e segurança, distribuição de energia, comunicações, rede informática, electroacústica e sistemas audiovisuais, controlo centralizado e gestão de energia, iluminação interior e exterior, comando e sinalização de heliporto. Também os transportes ferroviários estiveram em evidência, com a Siemens envolvida na modernização da rede ferroviária. Ao consórcio liderado pela Siemens foi adjudicada pela CP a catenária da linha da Beira Alta na extensão de 250 km, depois da entrega, no ano anterior, das últimas 10 locomotivas LE5600, de uma encomenda de 30, para tracção de composi- Neste contexto, foi constituída pela SNI (Siemens Nixdorf Informationssystheme) uma equipa de mais de 60 profissionais altamente qualificados, de forma a assegurar o início das suas actividades em Portugal. Oferecendo soluções integradas, nomeadamente na interligação de telecomunicações, redes e tecnologias de informação, a divisão SNI estruturou-se de forma a responder às necessidades do cliente em diferentes áreas, como o front office no mercado financeiro e segurador, o back office e os postos de venda para médias e grandes superfícies comerciais ou os sistemas de gestão centralizada nas cadeias de lojas. A par da oferta de soluções informáticas, de igual modo se passou a assegurar a comercialização dos computadores pessoais SNI, dos notebooks aos towers de elevada potência. ções ou mercadorias. A encomenda de 10 eléctricos novos, de piso rebaixado, com interior climatizado e com novo design, pela Siemens à Companhia Carris também merece ser sublinhada pela renovação do transporte eléctrico que significava numa altura de preocupação ecológica: desde 1927 que não eram encomendados novos carros eléctricos. De igual modo, o Metropolitano de Lisboa, em face da expansão da sua rede, encomendou mais 9 unidades ML-90 (de um total de 17). LOGÓTIPO DA SIEMENS NIXDORF. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 104 1995 - 2005 > Rumo à excelência e à inovação, sob o signo da digitalização, do software e da alta tecnologia CONDENSADORES DE TÂNTALO, UMA PRODUÇÃO DA EPCOS. 105 # A SIEMENS em Portugal Tornou-se consensual chamar “nova economia” às transformações emergentes nas duas décadas finais Ambicionou assumir, em paralelo, a articulação indispensável entre a sua presença e centro de decisão local e o agir global, de forma a criar uma presença portuguesa activa e reconhecida na rede global de inovação que o grupo actualmente configura. do século XX sustentadas nas tecnologias da informação, configurando um novo paradigma. Como sublinha o reputado sociólogo Manuel Castells, “é a ligação histórica entre informação/conhecimento (a base da economia), o seu alcance global e a sua organização em rede que cria um novo sistema económico distinto”. As ondas de choque das tecnologias de informação induziram, pois, fortes transformações nos mercados, nos modelos de produção e nas estruturas organizacionais a que muitas empresas têm vindo a adaptar-se, contornando as suas tradições fordistas. A Siemens, S.A., integrada num grupo que, desde as origens, se revelou fortemente internacionalizado e inovador, incorporou os sentidos e as directrizes das reestruturações verificadas ao nível do grupo global. A partir de uma nova sensibilidade de gestão e de uma forte capacidade de afirmação, a nova administração, liderada por Carlos de Melo Ribeiro, pretendia, em curto prazo, ultrapassar definitivamente a aposta nas produções de mão-de-obra intensiva, típica das indústrias de componentes electrónicos dos anos 60/70, para, sem descontinuar a actividade tradicional, passar a apostar na alta tecnologia e nos domínios da informação, sustentados em trabalho altamente qualificado, com o objectivo de atingir produções de alto valor acrescentado. Perante a globalização, os baixos custos do factor trabalho deixaram de ser uma vantagem competitiva, para só se poder ter em conta a competência e a capacidade específica como mais-valia na concorrência internacional. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 106 Criaram-se externalidades positivas, à medida que difundem inovação e induzem competitividade a montante e jusante dos seus círculos de acção. Este efeito tornou-se evidente na interacção da Siemens, S.A. com as universidades e centros de investigação nacionais, na promoção da formação profissional em alta tecnologia que a empresa assegura, na criação de elevado volume de emprego tecnológico e na difusão de equipamentos de nova geração aos mais diversos MEGASTORE SIEMENS INAUGURADA EM 2005. níveis das suas áreas de negócio. Este posicionamento foi facilitado pelo quadro de transformações de gestão que os headquarters, ao longo dos últimos anos, promoveram no grupo glo- Digitalização, telecomunicações, semicondutores e software foram as novas apostas de alta tecnologia para dar sustentabilidade à presença da Siemens, S.A. em Portugal e no mundo. bal. Essas transformações tiveram repercussões em todos os pólos regionais, nomeadamente: • Concederam larga autonomia de gestão aos seus múltiplos pólos regionais, que assim podem estabelecer objectivos próprios e assumir decisões no sentido localmente mais adequado; • Implementaram a estruturação em rede, promovendo a comunicação on-line entre todos os agrupamentos a nível global, permitindo criar interacção, conhecer no imediato as disponibilidades e necessidades do grupo em qualquer parte do mundo, estabelecer sinergias, transferir conhecimento e acelerar Considerando o efeito multiplicador que estas tecno- a tomada de decisões; logias assumem, dada a sua capacidade de penetra- • Recriaram o modelo de gestão que passou a assen- ção em toda a actividade humana, tais apostas aju- tar em operating groups, direccionados para a satis- daram a reestruturar por completo a face da Siemens fação do cliente, os quais assumem, em cada região, em Portugal. a coordenação dos processos de fornecimento, mobilizando para esse efeito os recursos mais adequados e disponíveis no interior do grupo global; A empresa passou a produzir também um efeito geralmente designado de “transbordamento tecnológico”, porque as suas opções, para além de valorizarem a empresa, se repercutem favoravelmente na sociedade. • Intensificaram e descentralizaram o investimento em I&D, criando centros de excelência nos pólos que demonstrassem essa capacidade. Por esta altura, a Siemens em Portugal apresentava cerca de cinco milhares de colaboradores, uma significativa expressão de emprego ao nível de um grupo nacional. Por todas as razões, tornava-se decisivo o estabelecimento de novas metas pela Siemens, S.A., aproveitando a vaga de reorganização e modernização. Essas metas passaram por uma redefinição geral da cultura empresarial, focalizando a importância de vectores fundamentais: 107 # A SIEMENS em Portugal “O ano de 1996 foi um ano de evolução e mudança marcado pela reorganização das nossas estruturas para melhor responderem às exigências dos tempos futuros. Reforçámos o nosso movimento top para aumentar a competitividade e criámos um centro de Business Excellence, onde coordenamos todas as acções de inovação, produtividade e qualidade como meios de alcançar a nossa meta principal: a excelência da nossa organização. Todas as nossas unidades se encontram certificadas ou na fase final do processo de certificação do Sistema de Qualidade e já iniciámos os processos de auto-avaliação segundo o modelo da EFQM (European Foundation for Quality Management). Pois estamos profundamente empenhados em colocar a nossa organização ao melhor nível mundial”, assim afirmava a administração no Relatório de 1996, numa expressão programática para o novo modelo de gestão que marcaria os anos seguintes. Atingida a fase da certificação pelo referencial ISO 9000 nas diversas unidades de produção e comércio, o objectivo da excelência tornou-se, assim, o novo CARTAZ ALUSIVO AO MOVIMENTO INTERNO “TOP+”. CERTIFICAÇÃO DO LABORATÓRIO DE ENSAIOS DE ALTA TENSÃO DA FÁBRICA DO SABUGO. leit-motiv no dia-a-dia empresarial, operacionalizando-se para o efeito apostas fortes na formação e modelos de avaliação interna e externa. A meta da excelência surgia em sintonia com a dinâmica impressa a todo o grupo global Siemens, de que o movimento top+ é expressão mundial, tendo sido implementado, num sinal de forte vitalidade, na altura em que a organização se preparava para assinalar o seu sesquicentenário, século e meio de vida após o gesto fundador de Werner von Siemens (1847-1997). O compromisso com a excelência era encarado mais como um efeito de direcção do que uma meta a alcançar, pois todos os dias se vislumbram novas exigências. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 108 Mas, enquanto factor de mobilização, ganhava ainda em consonância com o trabalho em equipa, a coo- maior significado, ancorando uma série de progra- peração criativa, a negociação aberta e transparente, mas em torno da melhoria tendo como objectivo final a satisfação do cliente. • da produtividade em todas as áreas de trabalho (fá- Deste ambiente de procura da excelência tem decor- bricas, vendas, serviços internos); rido a preocupação com a identidade corporativa, • do aumento da capacidade de inovação (novos pro- nomeadamente a definição do perfil da empresa, dos dutos e serviços desenvolvidos a partir das necessi- princípios de acção, da visão global do negócio, da dades dos clientes auscultadas pelos técnicos de ven- implementação da estratégia, de acordo com a iden- das, de forma a reduzir o ciclo time-to-market); tificação da sua missão, que é assumida, desde 1995, • da penetração em novos mercados, através da iden- pela seguinte afirmação: tificação de áreas não cobertas pela tecnologia Siemens e que se configurassem como oportunidades de negócio; • da mudança cultural, no sentido da criação de um ambiente organizacional propício para, com base em princípios de autonomia, se desenvolver a iniciativa, a criatividade, a responsabilidade dos colaboradores “Queremos ser uma parte real, reconhecida, activa e de valor acrescentado da Rede Global de Inovação da Siemens no mundo.” 109 # A SIEMENS em Portugal PORMENOR DA PRODUÇÃO DE SEMICONDUTORES NA INFINEON TECHNOLOGIES, EM VILA DO CONDE. > Apostas na alta tecnologia e I&D zados, outros surgiram de novo como aposta na capacidade tecnológica dos portugueses. O renovado clima empresarial tem sido suportado por Assim, logo em 1996, ampliou-se e modernizou-se a uma gestão rigorosa, elevados investimentos e uma fábrica de Quadros Eléctricos de Média Tensão, em forte aposta na investigação e na qualificação. Corroios (Seixal), cuja unidade, completamente remodelada, ficou responsável pelas exportações para o mercado europeu. Criou-se um Centro de Desen- A Siemens, S.A., que historicamente começou por ser uma representante comercial da empresa alemã, conseguiu, nos últimos anos, ganhar para Portugal a implantação de novos centros de competência que vieram reforçar a sua capacidade de produção e de exportação, observando-se o reconhecimento mundial da qualidade dos seus produtos, transformando-se de facto num operador global. volvimento na Fábrica do Sabugo para transformadores a óleo, com o objectivo de a tornar centro de competência da área para toda a Europa. No contexto da reorientação estratégica da Siemens Portuguesa, com uma maior aposta na criação local de valor estratégico e reforço da respectiva componente de alta tecnologia, deu-se início ao embrião do que viria a ser o primeiro centro de I&D em Portugal nas tecnologias de telecomunicações ópticas. Arrancando em 1996 com um núcleo reduzido, menos de uma dezena de engenheiros de telecomunicações e de software, iniciou-se um ciclo de crescimento das actividades de I&D bem como dos investimentos em meios laboratoriais associados a estas actividades. Até ao final da década foram-se consolidando as competências internacionais do Centro I&D da Siemens Portuguesa com especial destaque nos sistemas óptico, redes de comutação móvel e fixa, bem como plataformas de gestão de redes. Foi também no âmbito deste ciclo Alguns desses centros de competência desenvolveram-se em sectores já existentes, entretanto optimi- de crescimento que foi criada a linha de produtos de gestão de redes – Spots. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 110 ASSINATURA DO PROTOCOLO ENTRE O GOVERNO PORTUGUÊS E A SIEMENS PARA INSTALAÇÃO DA FÁBRICA DE SEMICONDUTORES EM VILA DO CONDE – PRESENÇA DOS CHEFES DE GOVERNO DA ALEMANHA E DE PORTUGAL (DR. HELMUT KOHL E ENG. ANTÓNIO GUTERRES). Marco simbólico e decisivo da actividade empresarial de contos (300 milhões de euros), a aplicar em duas foi, no entanto, a assinatura, em 30 de Agosto, do fases, e uma criação de 750 postos de trabalho, na contrato para uma nova fábrica backend de semi- sua grande maioria engenheiros e pessoal altamente condutores em Portugal, a implantar em Vila do Con- especializado. Em Novembro de 1998, a Siemens AG de. Conseguida em concorrência apertada, perante decidiu transformar o seu grupo internacional de se- a candidatura de mais 26 países, tal só foi possível micondutores numa empresa juridicamente indepen- pelas garantias da qualificação necessária e pelos dente e autónoma, sob a denominação de Infineon estímulos e incentivos mobilizados pela administra- Technologies AG, como forma de colocar o seu capital ção. A respectiva decisão, ao nível do grupo global, em bolsa, a unidade de Vila do Conde, desde Abril de para além de ser um reconhecimento do trabalho e 1999, que foi transferida para a nova empresa interior capacidade da subsidiária portuguesa numa altura ao grupo, passando a designar-se de Infineon Tech- em que estava na moda a deslocalização para o Leste nologies – Fabrico de Semicondutores, Portugal, S.A. europeu, representou uma viragem qualitativa nos Recentemente, a sua capacidade de produção de se- investimentos da Siemens em Portugal. micondutores foi duplicada, através da implantação de um novo módulo fabril, atingindo um nível de 850 milhões de euros de exportação que absorve toda Concretizou uma aposta em sectores de alta tecnologia, com um sentido estratégico de futuro. a produção. Com a abertura deste segundo módulo aumentou-se para cerca de 1500 o número de efectivos da empresa em Vila do Conde. O investimento no primeiro módulo acabou por ascender aos 330 milhões de euros, dos quais 140 milhões de euros foram investidos entre meados de 2000 e de 2003 na modernização da fábrica. Somando aos 230 milhões Configurando-se como um projecto do maior relevo posteriormente afectos à expansão da unidade, a In- para o desenvolvimento regional e nacional, trazia fineon investiu um total da ordem dos 560 milhões um investimento inicial da ordem dos 60 milhões de euros na sua Fábrica de Vila do Conde. 111 # A SIEMENS em Portugal Primeira fábrica da Siemens no Norte de Portugal, que assim alargava a sua implantação geográfica nacional em termos de unidades produtivas, a nova fábrica foi concebida para o fabrico de memórias DRAM de 16 Mb (unidades de memória dinâmica para sistemas informáticos), a que se seguiriam memórias de 64 Mb, permitindo a evolução posterior para tecnologias sucedâneas. Actualmente, produz dispositivos de 256 Mbit em pacotes BGA. O alargamento das instalações foi iniciado no Outono de 2003, o marco “pronto a equipar” foi atingido em Abril de 2004 e a capacidade máxima de produção será alcançada em meados de 2006, permitindo então elevar a produção mundial da empresa para 600 milhões de chips por ano. INFINEON TECHNOLOGIES, EM VILA DO CONDE. EM BAIXO: PERSPECTIVA GERAL DA UNIDADE FABRIL. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 112 Se o ano de 1996 ficou marcado pelo arranque de existia a Fábrica de Relés da Siemens. Lançada a pri- projectos estruturantes, no ano seguinte surgiu outra meira pedra em 5 de Maio de 1997, o início da produ- decisão favorável à proposta da Siemens, S.A. para ção verificou-se em 1998, com impacte considerável que uma nova fábrica, destinada a condensadores de na economia regional e ligação à universidade local. tântalo, com elevados níveis de automatização, vies- Em 1999 surge a nova designação social desta fá- se para Portugal. Era mais uma unidade de alta tecno- brica, resultado da sua integração no grupo euro- logia, fruto da parceria entre a Siemens e a japonesa peu de componentes eléctricos Epcos. Após novos Matshushita, no âmbito da produção de componen- investimentos em 2000/2001 a fábrica emprega tes para a indústria de telecomunicações e electróni- actualmente em Évora mais de 500 colaboradores, ca. Representava um investimento inicial de 10 mi- sendo aí que se localiza o centro de desenvolvimen- lhõesde contos (50 milhões de euros) e a criação de to da Epcos para este tipo de tecnologia de conden- cerca de 400 postos de trabalho, essencialmente para sadores de tântalo. Exporta 100% da sua produção engenheiros. Foi implantada em Évora, zona onde já PERSPECTIVA GERAL DA FÁBRICA EPCOS, EM ÉVORA. 113 # A SIEMENS em Portugal (cerca de 1000 milhões de condensadores por ano) e o centro de desenvolvimento apoia todas as unidades de vendas da rede mundial da Epcos. Estão em curso actualmente investimentos adicionais para produção em futuro próximo de condensadores com novas tecnologias de polímeros condutores As duas fábricas vieram transformar a face industrial da Siemens em Portugal, não só ampliando a sua capacidade exportadora como elevando exponencialmente as exigências tecnológicas. EPCOS EM CIMA: ASPECTO INTERIOR EM BAIXO: INAUGURAÇÃO OFICIAL (1998), COM A PRESENÇA KLAUS ZIEGLER EM REPRESENTAÇÃO DA MATSHUSHITA, O MINISTRO ENG. PINA MOURA E DA ADMINISTRAÇÃO DA SIEMENS, S.A. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 114 -se à aquisição da Cerberus e da Landis & Staefa. No ano seguinte (2000), novas empresas eram adquiridas nos Estados Unidos: na área da tecnologia IP (InAO LADO: FAIXA-ESTANDARTE QUE REPRESENTOU A SIEMENS PORTUGAL NO CENTRO DE CONGRESSOS DE BERLIM DURANTE AS COMEMORAÇÕES DOS 150 ANOS DA SIEMENS, CRIA- DA PELO ARTISTA JOSÉ ternet Protocol), as quais deram origem à formação da Unisphere Solutions para equipamentos de nova geração, os switch-IP e os routers; e nas tecnologias das redes móveis, formando-se na sua sequência a GUIMARÃES. GARRAFA DE VINHO DO PORTO EM CIMA: D. ANTÓNIA, DATADA DE 1847, ANO DE FUNDAÇÃO DA SIEMENS NA ALEMANHA. OFERTA DA SOGRAPE À MULTINACIONAL ALEMÃ Mobisphere, para desenvolver a UMTS, a terceira ge- POR OCASIÃO DAS COMEMORAÇÕES mento do grupo passava ainda pela abertura do capi- DOS 150 ANOS DO GRUPO SIEMENS. ração de telemóveis, aquisição realizada a pensar-se na introdução dessa tecnologia em 2000. Neste contexto de forte investimento, o reposicionatal das fábricas de componentes na bolsa, como forma de encontrar parceiros para reforçar posições nos mercados. É neste contexto que a Fábrica de Semicondutores, de Vila do Conde, passa a integrar a Infineon Configurando-se globalmente como uma das empresas de maior nível exportador, a Siemens, S.A. alargava agora o espectro dos produtos destinados ao exterior, principalmente para países da Europa e África, que já iam desde os transformadores à comutação digital (hardware e software), a que acresciam agora Technologies, empresa do grupo criada para agregar o sector. Na mesma linha, a Fábrica de Relés de Évora foi adquirida pela Tyco International. Por outro lado, criou-se a joint-venture Fujitsu Siemens Computers. Eis um conjunto de operações que visavam o reforço da competitividade do grupo no mercado. componentes high-tech. Estas novas apostas eram a melhor forma de a Siemens participar festivamente das comemorações dos 150 anos da Siemens global, que ocorreram em 1997. Para o efeito realizou-se ainda uma exposição sobre a trajectória do grupo e promoveram-se encontros. Na altura, por decisão da Câmara da Amadora, a rua de entrada para a sede, em Alfragide, passou a designar-se Rua Irmãos Siemens, numa acção simbólica de reconhecimento português à acção empresarial e inovadora dos fundadores do grupo. Em Évora existe também uma rua com o nome do inventor. Essas decisões do grupo global e a respectiva aquisição de novas sinergias suportam o aprofundamento da aposta estratégica da Siemens, S.A. nas áreas das telecomunicações e serviços, através da constituição de fortes equipas operacionais e de investigação. Em 1999, a Siemens, S.A., em conjugação com a Siemens AG, lançou um novo plano estratégico que teve essencialmente em conta as iniciativas para atingir a qualidade total. Mas considerava também novas medidas de reorganização do grupo em Portugal face ao reposicionamento estratégico do grupo global. Este passara a liderar alguns segmentos de mercado a nível mundial por via de aquisições de empresas de ponta norte-americanas, em vários domínios. Na produção de energia, verificou-se a compra da Westinghouse e da Electrowatt. Na tecnologia de edifícios, procedeu- Nesse sentido se procedeu à criação de um pólo de I&D no Porto e se promoveu a cooperação com entidades de investigação e universidades, para alcançar ou consolidar posições em diversas áreas, tais como redes IP, redes móveis, fornecimento de soluções e serviços, mercado de telefones móveis, tecnologias digitais. A reestruturação do operating group informação e comunicação responde a esse ajustamento de reor- 115 # A SIEMENS em Portugal ganização dos recursos disponíveis, para assegurar respostas mais eficazes em termos de redes, sistemas e serviços, tendo em conta a convergência crescente verificada no mercado entre telecomunicações e tecnologias de informação. Aliás, os vários operating groups passaram a desenvolver a acção nacional sempre em estreita colaboração com os seus colegas a nível mundial, assegurada pela ligação em rede entre todo o grupo mundial. A administração explicava: “a Siemens é uma organização viva e, por isso, o seu desenvolvimento futuro, o reforço e a afirmação das suas áreas-chave no mercado são uma tarefa permanente que não acaba. A Siemens em Portugal seguirá atenta todas as reorga- PORMENOR DA TURBINA NA CENTRAL TERMOELECTRICA DA TAPADA DO OUTEIRO. nizações a nível mundial” (Relatório, 1999). E afirmava que as apostas estratégicas para a entrada no novo milénio apontavam para o esforço selectivo das competências nos negócios e serviços do futuro, as altas tecnologias da informação e comunicação e da indústria, por exemplo, as comunicações móveis, os produtos orientados para a Internet e a automatização de processos. Propunha uma aposta grande nos serviços, dado o potencial de crescimento e de emprego que ofereciam, estabelecendo a meta para que essa parcela atingisse metade do volume de negócios nos anos próximos. Quando em 5 de Janeiro de 2001 se inaugurava o Edifício Inovação, em Alfragide, reconhecia-se a importância de este corresponder a um pólo de 300 engenheiros de I&D dedicados aos segmentos mais Não se podem descurar, no entanto, as múltiplas contribuições, algumas delas duradouras no tempo de intervenção, que merecem ser sublinhadas noutras áreas igualmente importantes. As obras gigantescas e complexas dos novos turbo grupos para modernização das centrais que anteriormente funcionavam a carvão. Em 1999, era dada como concluída a central eléctrica a gás natural da Tapada do Outeiro, a primeira em Portugal de ciclo combinado, fechando-se uma obra fundamental na produção de energia. Ao longo do processo de implantação, tornou-se simbólica a turbina de dimensões gigantescas, com 290 toneladas e 10,5 m de comprimento, que chegou por sofisticados do mercado de software, tecnologias ópticas, mobilidade e Internet. LABORATÓRIO DE REDES ÓPTICAS. São centros de competência mundial e reflectem uma aposta importante na inteligência portuguesa, experimentando uma expansão que ocupa hoje mais de mil engenheiros e levou à criação de três laboratórios: Redes Ópticas, Multimédia e Home Entertainment. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 116 VISTA DA CENTRAL DE CICLO COMBINADO DO RIBATEJO (CARREGADO). navio a Leixões, sendo depois conduzida numa bar- além do material circulante, poder-se-ia acrescentar a caça especial Douro acima. A Siemens assegurou o modernização das infra-estruturas ferroviárias, atra- respectivo contrato de manutenção prolongada (11 vés da implantação de subestações e da instalação anos). de catenária em várias linhas da Refer. Esse papel mo- Seguiu-se-lhe, em 2001, a construção da central de dernizador continua, na medida em que a Siemens ciclo combinado do Ribatejo: de notar que até esta integra o consórcio para a instalação do Metro a Sul data se verificava a realização de contratos-programa do Tejo, para o qual desenvolveu um projecto “cha- com outros consórcios em 2000, com o término des- ve na mão” onde, para além do material circulante, é tes contratos, a Siemens participou em novos concur- ainda responsável pelo fornecimento e instalação de sos internacionais, tanto para a central ligada ao em- todas as especialidades electromecânicas. preendimento Venda Nova II, como para a construção de dois grupos reversíveis (turbina/bomba) para a central do Ribatejo, que lhe foram adjudicados; já em 2004, foram também adjudicados à Siemens o contrato para a manutenção de longa duração para os grupos 1 e 2 desta central e um novo contrato para a construção do grupo 3. Os transportes ferroviários surgiram como outra área de forte intervenção e visibilidade. A Siemens, que sempre teve um papel histórico nesta área (eléctricos no Porto e Lisboa ou a electrificação do caminho-de-ferro), contribuiu de forma determinante para a modernização deste tipo de transportes em Portugal ao longo da última década. Assegurou novas gerações de carruagens para o Metropolitano de Lisboa, para os novos eléctricos da Carris, para os comboios suburbanos do Porto e Lisboa, tendo ainda fornecido a estrutura eléctrica dos comboios de pendulação activa ao serviço da CP. Para CP 2000. 117 # A SIEMENS em Portugal Subjacente a este ciclo afirmativo está um elevado equivalente a 30 milhões de euros. As duas unidades investimento em investigação, desenvolvimento e dão, em conjunto, emprego a mais de 1 200 enge- formação, dimensões encaradas pela Siemens, S.A. nheiros e permitem exportar soluções de vanguarda como uma mais-valia para o futuro da empresa e do para todo o mundo no quadro de convergência cres- país. cente dos vários tipos de redes. Nos últimos 10 anos, os investimentos aprovados pela Siemens em Portugal ultrapassaram o valor de 1000 milhões de euros, tendo sido especialmente dirigidos para áreas de futuro, como as indústrias de alta tecnologia, a investigação e desenvolvimento, o software e os serviços. No quadro do investimento em I&D realizado pela Siemens, S.A. sublinhe-se que o mesmo quintuplicou desde o ano 2000, tendo atingido em 2004 os 55 mi- A Siemens consegue assim posicionar-se como fornecedor de tecnologia de ponta a nível mundial com a produção de 1.75 milhões de horas em I&D. lhões de euros. Como exemplos desta aposta estratégica na inovação, refira-se a inauguração, pelo Presidente da Repú- Em 2005 estreia-se o terceiro Centro de Inovação e blica – Jorge Sampaio, do Laboratório de Redes Ópti- Competência com 300 novos engenheiros de I&D. cas, em 2003, como mais um centro de competência Este laboratório – Home Entertainment Lab – produz mundial, a que se seguiu, em 2004, o Laboratório e comercializa soluções de acesso a conteúdos multi- Multimédia, direccionado para as tecnologias de in- média a partir de televisões em casa, facultando ser- formação e comunicação (Internet e UMTS ou ter- viços como o vídeo de alta definição, o vídeo/áudio ceira geração de telemóveis) com um investimento on demand, etc. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, DR. JORGE SAMPAIO, NA INAUGURAÇÃO DO LABORATÓRIO DE REDES ÓPTICAS, DA SIEMENS. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 118 > Grandes eventos Depois de uns anos antes ter contribuído com múltiplos fornecimentos para a Expo’92, em Sevilha, a Siemens, S.A. participou, quer como patrocinador, quer como fornecedor oficial, desse grande evento que foi a Expo’98. Grande acontecimento do fim do milénio em Portugal, a Expo’98, para além do significado simbólico como exposição mundial, constituiu também um complexo processo de recuperação de uma vasta área urbana e industrial degradada. Numa conjugação de vários dos seus operating groups, a Siemens participou na construção do evento e do processo de requalificação e devolução do espaço à vivência da cidade, cujo processo complexo se iniciou cerca de três anos antes do evento. A tec- A EXPO’98 E O EURO-2004 FORAM EVENTOS EM QUE A TECNOLOGIA SIEMENS SE AFIRMOU PELA SUA QUALIDADE E INOVAÇÃO, CRIANDO SOLUÇÕES INTEGRADAS. EM CIMA: PAVILHÃO MULTIUSOS, CONSTRUÍDO NO ÂMBITO DA EXPO’98. EM BAIXO: ESTÁDIO DA LUZ (LISBOA). nologia Siemens ficou assegurada para várias áreas, desde a rede global de telecomunicações, as galerias técnicas subterrâneas, à iluminação exterior, onde se sobressaíam as armaduras Sistellar, o equipamento de pavilhões, com relevo para o Pavilhão Multiusos e o edifício dos serviços administrativos da Expo’98. Prestou ainda serviços de manutenção, para a qual actuavam cerca de 500 técnicos, com serviço contínuo de 24 horas. Com exigências inesperadas, a Expo’98 suscitou respostas inovadoras que ajudaram a evidenciar a amplitude da gama de soluções Siemens, concentradas assim numa só empresa, quando habitualmente essas capacidades surgem dispersas no mercado, implicando junções complicadas. Um dos serviços de maior prestígio e eficiência foi a concepção e realização de um projecto de rede de dados, que na altura era a maior do mundo. Tendo sido subcontratada pela Portugal Telecom, serviu de referência mundial e lançou as bases para a construção em Portugal dos futuros backbones de dados em tecnologia ATM e IP. A participação na Expo’98, trazendo para a ribalta a tecnologia Siemens, era essencialmente um reflexo da presença activa da Siemens, S.A. no território nacional e das suas sinergias com o grupo global, traduzido numa acção de modernização em várias áreas. 119 # A SIEMENS em Portugal Por outro lado, a oportunidade da construção ou remodelação de infra-estruturas desportivas para o Campeonato Europeu de Futebol, Euro-2004, veio sublinhar ainda mais as capacidades multidisciplinares da Siemens na forma de conseguir sinergias em torno de um projecto específico e de desenvolver soluções integradas com as tecnologias mais avançadas, para operações distintas, tais como infra-estruturas eléctricas, distribuição de energia, comunicações, controlo de acessos e bilhética, segurança ou iluminação. Propondo soluções globais, sob a forma de projecto “chave na mão”, a Siemens, S.A. conseguiu liderar vários concursos e participar em nove dos dez estádios construídos, em várias especialidades: Algarve, Bessa, Cidade de Coimbra, D. Afonso Henriques, Dragão, Alvalade XXI, Aveiro, Braga, Luz. Sublinhe-se o Estádio do Dragão, objecto do fornecimento e montagem de todas as especialidades técnicas, incluindo segurança electrónica. Nele se utilizaram 700 mil metros de cabo eléctrico. E teve ainda o reconhecimento internacional pela eficiência energética do sistema de iluminação. O número elevado de realizações paralelas e distintas entre si mereceu a organização de uma task-force na solução de problemas diversificados. A grande visibilidade da acção da Siemens valeu-lhe desde logo o contacto dos organizadores do Mundial de Futebol de 2006, na Alemanha, e dos Jogos Olímpicos de Pequim (2008), interessados no seu know-how e realização. O Euro-2004, janela aberta para o mundo na sua expressão mediática, revelou-se para a Siemens como uma verdadeira exposição de capacidades, culminando um ciclo de afirmação. na Siemens, de forma a optimizar as sinergias entre as várias áreas de negócio. Muitas das soluções revelaram-se inovadoras e de vanguarda ao nível tecnológico. Este evento, que implicou também a instalação de um terminal provisório de passageiros para o Aeroporto da Portela (Lisboa), uma solução global, “chave na mão”, com capacidade para processar 3 mil passageiros/hora – o que duplicou a capacidade do Aeroporto de Lisboa – permitiu projectar ainda mais, para um público vasto e internacional, a capacidade de resposta, a eficiência e a fiabilidade da Siemens EM CIMA: ESTÁDIO DO DRAGÃO (PORTO). ASPECTO DA INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO DE ALVALADE (LISBOA). EM BAIXO: TERMINAL PROVISÓRIO DO AEROPORTO DE LISBOA CONSTRUÍDO POR OCASIÃO DO EURO-2004. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 120 > A responsabilidade corporativa Orienta e implica as actividades aos vários níveis, apresentando uma vertente interna, direccionada Na sua acção empresarial, a Siemens, S.A. pauta-se para os colaboradores, e outra externa, dirigida para por princípios de responsabilidade social que impreg- a comunidade. Assim, tendo em conta que a estru- nam a filosofia do grupo global, assumindo também tura organizacional da empresa assenta em diferen- como seus problemas que dizem respeito à sociedade tes áreas de negócio, todas as actividades ligadas à e ao ambiente e interiorizando essa preocupação na responsabilidade corporativa foram concentradas, de própria organização e seus procedimentos. É uma for- forma a assegurar uma maior eficácia ma solidária de contribuir para o bem-estar colectivo e para o desenvolvimento sustentável, que vai muito além dos tradicionais actos pontuais de filantropia ou de mecenato, para se configurar numa actuação sistemática e metódica, integrada nos negócios da empresa, que se pautam pelo respeito a um conjunto de valores historicamente afirmados, conforme se afirma no Relatório de 2004. Valores-chave como a integridade, a lealdade, a tolerância e o respeito pela lei são os alicerces da cultura empresarial e do código de ética que balizam o comportamento quotidiano dos mais de 400 mil colaboradores da Siemens espalhados pelo mundo, A Academia Siemens surge para coordenar a actuação de responsabilidade corporativa da Siemens em Portugal, que se divide em cinco áreas de intervenção: Cultura e Desporto, Sociedade e Voluntariado, Investigação e Desenvolvimento, Ambiente, Formação e Educação. construindo assim pontes entre culturas e continentes diferentes. Valores que começaram por ser assumidos pelo próprio fundador da Companhia, Werner No âmbito destas cinco áreas, a Academia Siemens von Siemens, no século XIX: mobiliza colaboradores e chefias para programas de “Não sacrificarei o futuro por um lucro a curto prazo”. responsabilidade social e mantém uma rede de par- Valores que foram seguidos pelos seus descendentes cerias com universidades e institutos na área especí- directos, a quem se devem variadíssimas iniciativas de fica da Investigação e Desenvolvimento. apoio à sociedade, como sejam a promoção da educação científica ou o patrocínio de actividades artísticas, uma tradição que se manteve até aos nossos dias. LOGÓTIPO ACADEMIA SIEMENS. A “Responsabilidade Social”, de que saiu o primeiro relatório anual em 2004, surge, pois, incorporada como filosofia de gestão. 121 # A SIEMENS em Portugal A preservação ambiental surge, assim, como uma das dimensões da cidadania empresarial da Siemens, considerando-se que a protecção do meio ambiente passa pela sua implementação em todas as fases da vida de um produto ou de um equipamento, desde a fase do lançamento ao da sua substituição. Essa atitude pró-activa deve traduzir-se na produção de equipamentos recicláveis, redução ou eliminação de desperdícios nas instalações, promoção de equipamentos que visam reduzir emissões poluentes (por exemplo, os catalisadores cerâmicos), utilização racional de recursos (através da optimização de processos de equipamentos, da utilização da energia solar, em que a Siemens é líder mundial, ou ainda dos sistemas de gestão da energia), reutilização de resíduos (equipamentos Siemens de reciclagem térmica de resíduos). Sublinhe-se que a Siemens, S.A. foi a primeira empre- CARTAZ ALUSIVO À ACÇÃO INTERNA DE SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL SEMANA DO AMBIENTE NA SIEMENS. sa portuguesa a garantir a validação das certificações ambientais de instalações industriais. Em suma, a Siemens procura direccionar “a sua capacidade técnica e de inovação em tecnologias e produtos para o desenvolvimento sustentável das condições de vida”, sem esquecer naturalmente a dimensão comercial, abrindo antes novas vertentes como é o caso das tecnologias ambientais. Note-se que a empresa, através do seu Departamento Central de Protecção Ambiental, tem promovido a implementação de Sistemas de Gestão Ambiental em todas as suas instalações. A Siemens foi a primeira empresa em Portugal a aderir ao Sistema de Ecogestão e Auditoria (EMAS), pertencendo, actualmente, ao grupo de empresas certificadas segundo a norma ISO 14001. RECEPÇÃO DO DIPLOMA DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL. A SIEMENS FOI A PRIMEIRA EMPRESA EM PORTUGAL A ADERIR À NORMA ISO 14001. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 122 Por outro lado, a cultura tem constituído um campo de atenção para a Siemens que, desde sempre, aliou o seu nome a múltiplas manifestações neste âmbito, apoiando a diversidade artística, a promoção de novos talentos e a inovação. Por exemplo, em 2004, a Siemens, S.A. patrocinou a Festa da Música, um dos mais expressivos acontecimentos culturais em Portugal. Apoiou as exposições, no SiemensForum de Alfragide, bem como um concerto de José Cura, através de patrocínio à Associação Portuguesa contra a Leucemia. A ACADEMIA SIEMENS APOIA A CULTURA. EM CIMA: EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA NO SIEMENS FÓRUM. EM BAIXO: CONCERTO DE JOSÉ CURA DE APOIO À ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA CONTRA A LEUCEMIA. 123 # A SIEMENS em Portugal PATROCÍNIO À EQUIPA 49ER SAILING TEAM – ACTIVIDADES DESPORTIVAS RECEBEM A ATENÇÃO E APOIO DA ACADEMIA SIEMENS. São múltiplos os apoios ao campo desportivo em Portugal nas modalidades amadoras. Recentemente patrocinou o Siemens 49er Sailing Team, que assinalou a entrada da empresa no mundo da vela em Portugal, bem como o Kiteboard Tour 2004, actividades de desporto compatíveis com o meio ambiente. Outro exemplo foi o apoio ao movimento dos Super Atletas-Paralímpicos. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 124 O campo da Educação/Formação é, naturalmente, das realizações. Por exemplo, em 2004, registam-se um dos que mais responsabiliza a empresa, uma vez as habituais acções de formação para colaboradores que a sua inserção num grupo global lhe fornece a da Siemens, a participação do Grupo Automation and consciência de que “só trabalhando numa rede global Drives nas 1.as Jornadas de Engenharia Electrotécnica, de conhecimento e aprendizagem se podem atingir a entrega de diplomas ANFEI (actual ATEC) – Novos níveis excepcionais de desempenho”. Esse objectivo Técnicos Especializados para o Norte ou ainda a parti- conduz à seguinte posição: cipação nas 4.as Jornadas de Engenharia Electrotécnica e Computadores do Instituto Superior Técnico. A Siemens, S.A. tem ainda desenvolvido regularmen- A Siemens encara como aposta estratégica a formação dos seus colaboradores e o apoio à formação dos seus clientes e parceiros, a nível nacional e internacional. te as suas três áreas específicas dedicadas à formação: • o CP – Siemens Training, integrado no Corporate Personnel e vocacionado para cursos generalistas, transversais a toda a empresa; • o ITC – International Training Center, estrutura integrada no Operating Group Siemens Information and Communications, vocacionada para cursos específicos relacionados com as telecomunicações e destina- Tornando-se impossível dar conta das inúmeras ac- dos a clientes nacionais e internacionais; tividades neste sector, sistematicamente desenvolvi- • o PT4, integrado no Operating Group Automation das ao longo dos anos, anotem-se apenas algumas and Drives e dedicado à área específica da automação, ministrando formação aos clientes e parceiros. Internamente e destinado aos gestores da empresa, a Siemens desenvolveu, em 2004 e em colaboração A ACADEMIA SIEMENS ASSUME UMA POLÍTICA FORTE NO CAMPO DA EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO. com a Alemanha, um programa de formação global e mundial designado por Management Learning. Finalmente, sublinhe-se que a Siemens é promotora da ATEC – Associação da Formação para a Indústria, em conjunto com a Autoeuropa, a Bosch e a Câmara do Comércio e Indústria Luso-Alemã. Trata-se de um projecto para o desenvolvimento da transmissão de conhecimentos e know-how a nível nacional e internacional. Neste contexto, a empresa apoia a formação de jovens pré e pós-licenciados ou no desemprego em cursos técnicos ou de vertente tecnológica com vista à sua integração no mundo empresarial, dando assim continuidade à acção da ANFEI – Associação Nacional da Formação em Electrónica Industrial, criada em 1988, em conjunto com o INETI, projecto através do qual se qualificaram já 581 jovens. As actividades de Investigação & Desenvolvimento são também uma vocação natural da Siemens, S.A., uma das empresas portuguesas com maior taxa de quadros com escolaridade superior. A cooperação da Siemens, S.A. com escolas técnicas, universidades e 125 # A SIEMENS em Portugal outras instituições educativas e científicas portuguesas é muito intensa, daí resultando uma cooperação estreita, objecto de diversos acordos, que se traduzem na promoção de workshops, de estágios curriculares e profissionais. Além disso, verifica-se o desenvolvimento de projectos comuns com as principais escolas superiores, especialmente nas áreas da engenharia, economia e gestão. pulsionar a pesquisa e o desenvolvimento da Biologia Computacional em Portugal, como área emergente Actualmente a Siemens Portugal tem parcerias com 22 universidades e/ou institutos, 5 empresas nacionais, e 17 universidades estrangeiras. com novas e importantes oportunidades de natureza científica e tecnológica que podem contribuir para o progresso económico e social. A responsabilidade corporativa abrange ainda os campos da solidariedade e do voluntariado, através do envolvimento organizado dos colaboradores da Siemens em várias acções neste âmbito, uma implicação que se tornou uma tradição na empresa. As Como exemplo podemos apontar o ISEL, FEUP, a Uni- acções de recolha de sangue, de alimentos (Banco versidade de Coimbra, Aveiro, Minho, Algarve, IST, Alimentar) ou de brinquedos para as crianças mais entre muitos outros. desfavorecidas (Fundação do Gil) são apenas algu- De realçar, em 2005, o acordo de cooperação estabe- mas das iniciativas que ocorreram em 2004, numa lecido com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensi- contribuição para a melhoria das condições de vida no Superior e com a Fundação Calouste Gulbenkian, de pessoas e instituições carenciadas. para a promoção do desenvolvimento da Biologia A Siemens, S.A. continua a aprofundar o seu compro- Computacional, nomeadamente promovendo a for- misso de integração plena na sociedade portuguesa mação avançada de recursos humanos através de e de apoio à comunidade envolvente, à luz de uma doutoramentos. Este acordo tem como objectivo im- política de responsabilidade corporativa. EM CIMA: O PROGRAMA “MÃO NA MÃO” É UM EXEMPLO DE SOLIDARIEDADE PROTAGONIZADA PELOS COLABORADORES DA SIEMENS NO ÂMBITO DA ACADEMIA SIEMENS. EM BAIXO: ASSINATURA DO ACORDO DE COOPERAÇÃO ENTRE A SIEMENS, O MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA E A FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN (2005). SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 126 > Reconhecimento internacional ca de três conceitos globais: a inovação, a orientação Enquadrando num “compromisso com a excelência uma linha de acção estratégica enquadrada no siste- operacional” os objectivos de produtividade, inova- ma mundial de gestão adoptado a nível global (Sie- ção, qualidade, penetração em novos mercados, a mens Management System) (Relatório, 2004). Siemens, S.A. via, em menos de uma década, reco- Naturalmente que, neste ciclo, ajudou o facto de a nhecido esse esforço de organização. Com efeito, comissão executiva ter trabalhado muito para a pro- em 2003, a Siemens, S.A. destacava-se mundialmen- moção de centros de excelência locais e a atracção te no grupo Siemens, quando o presidente da Sie- de investimentos elevados. Interrogado pela revista mens AG, Heinrich v. Pierer lhe atribuía o galardão Exame (Fevereiro de 2004) sobre a especificidade da “top+Regiões” destinado a premiar as companhias gestão portuguesa no contexto da cultura Siemens, o que atingissem resultados excepcionais, em função administrador-delegado explicava: do cumprimento dos objectivos do programa de ex- “A gestão da Siemens em Portugal combina a capaci- celência pelas suas associadas regionais. dade de gestão, que é hoje global, com a tradição da A administração deixa a mensagem para dar continui- gestão sólida da Alemanha, que a Siemens sempre dade à acção colectiva da empresa: “O novo sistema teve. Isso é importantíssimo para ultrapassar crises. de gestão da Siemens concretiza-se através da práti- para o cliente e a competitividade global”. Trata-se de O traço português da gestão é a flexibilidade e a sensibilização local. Em Portugal a organização é muito A SIEMENS S.A. RECEBE, EM 2003, O GALARDÃO ”TOP+REGIÕES” PELA SUA GESTÃO QUE PERMITIU OS MELHORES RESULTADOS CONSISTENTES E EXCEPCIONAIS. GALARDÃO ENTREGUE PELO CEO HEINRICH VON PIERER À ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA, CARLOS DE MELO RIBEIRO E VOLKER MUELLER. 127 # A SIEMENS em Portugal O PRIMEIRO-MINISTRO, ENG. JOSÉ SÓCRATES ACOMPANHADO PELO ADMINISTRADOR-DELEGADO DA SIEMENS EM PORTUGAL E DO NOVO CEO DA SIEMENS AG (KLEINFELD), POR OCASIÃO DA CONFERÊNCIA DE LISBOA (2005). flexível e a gestão coesa e profissional, com objectivos. Normalmente, uma grande empresa perde o contacto com uma realidade pequena. A Siemens tem uma tradição boa: desde a sua formação, há mais de150 anos, sempre respeitou muito as organizações locais. Como as empresas são feitas de pormenores regionais, dentro desta globalização que põe tudo igual, isso tem permitido reagir com vantagem. Em Portugal faz-se manutenção de telecomunicações fixas e móveis ao nível mais complexo de toda a Europa, incluindo o sistema da Deutsche Telekom. Salientados alguns pormenores de relevo para o período seleccionado, muitas outras acções poderiam ser sublinhadas. Por isso se justifica percorrer com mais sistematização, nas páginas seguintes, o campo de actuação das várias áreas de negócio entre 1995-2005. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 128 Áreas de negócio > 1995 - 2005 > Siemens Information and Communications > Siemens Business Services > Medical Solutions > Power > Transportation Systems > Siemens VDO Automotive > Industrial Solutions and Services > Automation and Drives > Siemens Building Technologies > Região Norte 129 # A SIEMENS em Portugal LABORATÓRIO MULTIMÉDIA. > Siemens Information and Communications (Informaçãoe Comunicações) Consequentemente, assistiu-se a um ciclo de crescimento, no âmbito do qual se atingiram marcos relevantes, nomeadamente a criação da primeira linha de produtos integralmente desenvolvida em O início das actividades de I&D nas tecnologias de te- Portugal – gestão de redes Spots, que adoptada por lecomunicações ópticas ocorreu em 1996, através da vários operadores, se expandiu progressivamente criação de um pequeno grupo de sete engenheiros a nível mundial. Para fazer face a esse crescimento, de telecomunicações e software, em linha com a es- ampliam-se as equipas dedicadas a I&D – através da tratégia da Siemens S.A. para as áreas de telecomuni- criação de um pólo de I&D no Porto. Posteriormente, cações. Numa aposta clara na criação de valor estra- já em 2001, inaugurou-se, em Alfragide, o Edifício tégico focada no domínio da alta tecnologia, deu-se Inovação, comportando um pólo de 300 engenheiros com essa criação um pequeno mas importante passo de I&D focado nos segmentos mais sofisticados do para criar as bases que sustentariam o arranque. Es- mercado de software, tecnologias de redes ópticas sas bases estão na génese da unidade operacional e mobilidade, produtos orientados para a internet. dedicada ao negócio das tecnologias de informação e Começava a revelar-se o verdadeiro potencial das ac- comunicações, criada a 1 de Outubro de 1998, mos- tividades de I&D, alavanca estratégica que permitiria trando-se decisivas para vencer os desafios futuros à Siemens portuguesa posicionar-se como empresa nesta área, em função do reforço e consolidação das líder no mercado das Tecnologias de Informação e actividades de I&D na Siemens S.A. Comunicações. Paralelamente, verifica-se uma atitude de permanente desafio às capacidades existentes, procurando a O caminho foi longo, feito de demonstração da capacidade e persistência, para ver reconhecidas, ao longo dos anos, competências em áreas de tecnologia de ponta, fundamentais para o afirmar do papel da Siemens Portuguesa no domínio das tecnologias de informação e comunicações. superação das mesmas, de forma a atingir estádios mais elevados de competência, o que permitiu concretizar realizações que constituíram marcos a nível mundial. Assim, como fornecedor oficial da Expo’98 em Lisboa, a Siemens Portugal prestou um dos serviços de maior prestígio que tornaram possível que este evento fosse um sucesso assinalável pelo mundo fora, ao conceber e realizar para a Portugal Telecom uma rede de dados, que na altura era a maior do mundo. Constituindo uma referência mundial, tal realização lançou as bases para a construção em Portugal dos futuros backbones de dados em tecnologia ATM e IP. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 130 Por essa altura, já a Siemens AG tinha reconhecido os serviços de formação em redes de comunicação como International Training Center a nível mundial. Como orientações estratégicas, apontavam-se a liderança nos mercados IP – Internet Protocol, a Mobilidade e o E-business, face a uma situação de liberalização do sector das telecomunicações, no qual o factor inovação se viria a demonstrar determinante. É assim que, num contexto de aposta estratégica inequívoca na inovação, se assiste, em 2003, à inauguração do Laboratório de Redes Ópticas, como mais um centro de competência mundial, ao qual se seguiu, em 2004, o Laboratório Multimédia, direccionado para as tecnologias de informação e comunicação (Internet, UMTS). Empregando mais de 1 200 engenheiros e realizando elevados investimentos em I&D no país, tal contributo para o desenvolvimento de Portugal não passou despercebido aos órgãos de decisão nacionais, tendo levado a que os Laboratórios EM CIMA: TELEMÓVEL SIEMENS SK65. EM BAIXO: EQUIPAMENTOS DO LABORATÓRIO MULTIMÉDIA. fossem inaugurados respectivamente pelo Presidente da República Portuguesa e pelo primeiro-ministro do 131 # A SIEMENS em Portugal governo de Portugal. A estes Laboratórios vem juntar-se já em 2005 o que constitui o terceiro centro de inovação e competência mundial, com responsabilidade pela produção e comercialização de soluções de acesso a conteúdos multimédia para ambiente doméstico – Home Entertainment Lab, englobando mais 300 de engenheiros. Neste contexto de grande dinamismo, este operating group foi nomeado, desde 2003, como centro de competência para prestação de serviços de suporte técnico a operadores da Europa e Norte de África – RNCC Europe. O Regional Network Care Center funciona nas instalações da Siemens em Alfragide e dá assistência a aproximadamente 200 clientes operadores de rede fixa e móvel, através do seu escritório central em Alfragide, Portugal e de um centro satélite em Leipzig, Alemanha. GIGASET SL500 - TOPO DE GAMA DOS TELEFONES SEM FIOS SIEMENS. Entretanto, e durante esta década e noutros domínios, verificam-se concretizações de relevo junto do mercado nacional de tecnologias de informação e comunicações: • Para o grupo Portugal Telecom torna-se fornecedor de referência da rede CATV (TV Cabo); IP backbone (PT Comunicações); rede UMTS (Core and rádio); lançamento da plataforma de Vídeo Móvel; migração da rede PSTN para rede VoIP empresarial; • Para a Vodafone Portugal, fornecedor do primeiro contrato com tecnologia Microwave bem como da plataforma / primeira solução de Vídeo Streaming; • Para a ONI, fornecedor do primeiro contrato de rede de transporte SDH; fornecimento da rede DWDM; contratos de outsourcing multi vendor; • Fornecimento da Rede Gigabit da FEUP (maior rede europeia em número de terminações de rede); • Primeira rede de transporte de 10Gb existente em Portugal fornecida à FCCN; • IPTM adjudica ao consórcio participado pela Siemens o fornecimento do sistema VTS (Sistema de Controlo de Tráfego Marítimo); • Consolidação da posição da Siemens nos Consumer Devices, área onde revelou particular dinamismo com o lançamento do primeiro terminal UMTS em Portugal e o primeiro telefone sem fios com MMS, num total de 29 novos modelos lançados durante 2004. A abertura em Lisboa da MegaStore Siemens, a primeira no mundo, com um conceito pioneiro em termos de dimensão, imagem, modelo de negócio e qualidade de serviço, é a consequência natural de uma marca que assegurou em Portugal em 2004 uma quota de mercado de cerca de 30%. Vector fundamental da estratégia para que a Siemens Information and Communications desempenhasse um papel de relevo ao nível de I&D, no mundo Siemens e no panorama nacional, o leque alargado mas criterioso de parcerias que estabeleceu ao longo dos anos com institutos de investigação, universidades e empresas nacionais e estrangeiros, permitiu-lhe criar um intrincado sistema de conhecimento onde assume um papel de liderança, reconhecido pelos seus parceiros e entidades de relevo neste âmbito a nível nacional. Assim e como resultado, realça-se a formação da Portech, plataforma para a formação de consórcios para a investigação e aplicação de tecnologias emergentes no âmbito do P.Q.E., e a atribuição, já em 2005, do primeiro projecto Europeu Marie Curie. Ainda em 2005, e visando dotar o país de um verdadeiro SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 132 MEGASTORE SIEMENS. eixo tecnológico no âmbito da I&D em telecomunica- convergência entre os vários tipos de redes neste do- ções (Minho-Aveiro-Lisboa), a Siemens Information mínio. Subjacente a estes resultados está uma aposta and Communications procede à abertura do pólo em recursos e competências nacionais, em investi- R&D em telecomunicações em Aveiro. mentos elevados em formação e nas respectivas in- A Siemens consegue assim posicionar-se como for- fra-estruturas laboratoriais de investigação e desen- necedor global de tecnologia de ponta, desenvol- volvimento, vectores assumidos como fundamentais vendo e exportando para todo o mundo soluções de na estratégia da Siemens nesta última década, fazen- vanguarda no sector das tecnologias de informação do assentar o desenvolvimento sustentado da empre- e telecomunicações, num quadro de cada vez maior sa na inovação estratégica. PORMENOR DO LABORATÓRIO MULTIMÉDIA. 133 # A SIEMENS em Portugal > Siemens Business Services (Soluções e serviços) desktop management. Este serviço é baseado na metodologia Siesequence – serviço suportado por uma plataforma tecnológica assente no mobile service Com início em 1999, a unidade Siemens Business para os técnicos de field, integrada com os sistemas Services posiciona-se como fornecedor global de so- Sap e Remedy e apoiado por uma infra-estrutura luções e serviços em tecnologias de informação e co- única no país em termos de field teams e logística. municações, integrando toda a cadeia de valor (consultoria de sistemas, concepção e implementação de soluções baseadas em TI, gestão, manutenção e operação de infra-estruturas), criando oferta para o sector público, serviços financeiros, indústria, telecomunicações, transportes e serviços de utilidade pública. Entre outros, assinalem-se projectos desenvolvidos para o Ministério das Finanças, com a adaptação de todo o sistema de informação das alfândegas que incluiu a migração para nova tecnologia dos sistemas aduaneiros de importação (DGITA/DGAIEC). O desen- A solução da Caixa Geral de Depósitos é demonstrativa da competência da Siemens, que conseguiu um tempo de implementação recorde de nove semanas para uma performance ao melhor nível mundial. volvimento de uma solução de gestão integrada de documentação e arquivo para o Banco Espírito Santo. O sistema de gestão documental, arquivo electró- Ou ainda projectos de evolução e manuten- nico e workflow para automatização dos processos ção do projecto “Nave” para os CTT, o forneci- electrónicos da Universidade Católica Portuguesa. mento de infra-estruturas para servidores à Op- A automatização dos processos para reembolso de timus. E não se poderá deixar de sublinhar a despesas de saúde a funcionários do estado pela implementação em Portugal de um projecto inter- ADSE. O contrato de manutenção envolvendo servi- nacional desenvolvido pelo grupo Siemens de mi- ços de call desk e helpdesk para uma rede de cerca gração para a plataforma Microsoft Windows 2003. de 3 000 ATM da SIBS. O outsourcing dos sistemas De entre as várias soluções apresentadas, ganham re- distribuídos no grupo Caixa Geral de Depósitos, com levo as destinadas à mobilidade, o CRM-Customer Rela- recurso ao conceito inovador de serviço helpdesk e tionship Management, os sistemas de informação ERP, bem como o outsourcing de sistemas de informação. SEDE DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS. DATA CENTER. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 134 > Medical Solutions (Saúde) áreas críticas, tais como bloco operatório e unidade de cuidados intensivos. Com esse exemplo e com as Para lá da colocação de múltiplos equipamentos de acções de divulgação em reuniões científicas, outras radiologia (TAC, eco, raios-X, mamografia, equipa- unidades de saúde começaram a prestar atenção às mentos de bloco operatório, unidades de cuidados novas gerações de equipamentos. Foi o caso do novo intensivos e recobro) em diversos hospitais e clínicas, Hospital Amato Lusitano (Castelo Branco) que esco- deve referir-se, em 1996, a instalação das primeiras lheu a Siemens para o fornecimento de um sistema unidades de ressonância magnética com magneto de imagiologia e do respectivo sistema de gestão. aberto em dois centros de Lisboa, bem como do Di- Graças a estas inovações, o equipamento médico iso- giscan 2T Plus (sistema digital para radiografias do lado começa a pertencer ao passado e o conceito de tórax) no Hospital de S. João, o primeiro instalado na solução ganha forma, permitindo ligar de imediato Península. todas as informações de dados relevantes sobre o Em 1997, verificou-se a primeira instalação nacional doente, exames, requisições, datas, resultados. de radiologia digital no novo Hospital de Viseu, que permite o acesso da imagem digital pelos vários computadores do hospital, dispensando as tradicionais películas de raios-X, sendo este hospital equipado ainda com novos sistemas de monitorização fisiológica Sirecust 9000. As novas potencialidades nas tecnologias de informação aplicadas à medicina ficaram aqui demonstradas, nomeadamente nos sistemas A Siemens para além dos equipamentos, passou a fornecer consultoria e serviços integrados, dando corpo ao conceito de “hospitais digitais”. computorizados de arquivo e distribuição de imagens e nos sistemas clínicos de gestão de dados em Este conceito de “hospital digital” tem-se difundido recentemente graças à aplicação de soluções integradas de sistemas de informação, como o PACS – Picture Archiving and Communication Systems, IMS – Ima- EQUIPAMENTO DE IMAGEM MOLECULAR - BIOGRAPH 6 ge Management Systems e CIS – Clinical Information Systems. Neste contexto, a Siemens forneceu contributos decisivos para uma série de hospitais: Ponta Delgada, Vale do Sousa, Barlavento Algarvio, Torres Novas, Vila Nova de Gaia, Braga, Viseu. Entretanto, o grupo global Siemens adquiriu novas competências para responder à questão da melhoria de cuidados de serviços a menor custo, através da compra da empresa norte-americana Shared Medical Services (2001), especializada em gestão, consultoria, definição de produtos e ferramentas na área de saúde, a que se seguiu a aquisição da Acuson (2002). Esta sinergia internacional ampliou as capacidades de produzir novas soluções e produtos. Neste contexto se inscrevem já contratos como o do complexo plano de informatização integrado das urgências do Hospital de Santa Maria, bem como o contrato para o Plano Director, compreendendo o diagnóstico e proposta de desenvolvimento do hospital, o qual se tornou pa- 135 # A SIEMENS em Portugal radigmático na sua configuração. Na mesma linha se tecnologias de tomografia por emissão de positrões e enquadram os projectos de prestação de serviços e computorizada, permitindo através de um único pro- ecocardiografia para os Hospitais de S. Francisco Xa- cedimento não invasivo recolher imagens detalhadas vier, Matosinhos e Vale do Sousa. de todo o corpo humano e a análise molecular de Entre vários projectos recentes (2004), sublinhem-se órgãos internos e tecidos vivos. Sublinhe-se, ainda, uma solução de digitalização pela imagem e optimi- a instalação do primeiro TAC Sensation 64 (64 cor- zação do workflow do serviço de radiologia dos hos- tes por rotação) em Viana do Castelo, o qual permite pitais universitários de Coimbra, a que se seguiram fazer o diagnostico vascular, nomeadamente coroná- réplicas para outras unidades (Tondela, Beja, Faro, rio, de forma não invasiva. Horta e Santiago do Cacém); sistemas de informação A tecnologia em electromedicina teve enormes pro- para cuidados críticos (blocos operatórios e cuidados gressos nos últimos anos ao integrar a dimensão digi- intensivos) para os Hospitais da Força Aérea (Lisboa), tal, o que permitiu interligar todos os sistemas depar- Angra, Litoral Alentejano e S. João (Porto), nos quais tamentais de informação clínica e de gestão, criando todo o processo documental é capturado electroni- redes de comunicação, inovando nas técnicas e na camente a partir das máquinas e validado pelos pro- forma de pensar os novos hospitais e os serviços de fissionais, tratando e disponibilizando de imediato a saúde em Portugal, contribuindo ainda para a con- informação. Um outro sistema de informação para cepção da telemedicina. Desempenhando um lugar radioterapia foi instalado no IPO–Lisboa, a que se de liderança na consultadoria desta área de negócio, seguiram os Hospitais de S. João e de Santa Maria. a Siemens, através do respectivo operating group, Entre outros equipamentos, merece ainda destaque tem-se afirmado como um parceiro de referência no a instalação no IPO–Porto de um equipamento de desenvolvimento e modernização dos serviços públi- imagem molecular, o Biograph 6, o qual combina as cos e privados de saúde. SOMATON SENSATION 64, EQUIPAMENTO DE TAC PARA DIAGNÓSTICO CORONÁRIO. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 136 > Power (Energia) A área de negócio aborda as soluções para produ- média e baixa tensão, processos de automação têm ção, transporte e distribuição de energia. Ao nível sido os equipamentos mais solicitados por empre- da produção contempla competências para aplicação sas de produção de energia, como as do grupo EDP em centrais dos vários tipos: nomeadamente hidro- ou a Electricidade da Madeira, bem como empresas eléctricas, termoeléctricas, combustíveis fósseis, eó- industriais que asseguram produções próprias ou licas e centrais eléctricas industriais Por sua vez, os interligações complexas, casos da Cimpor, Inapa, transformadores, disjuntores, operadores automáti- Caima, Petrogal, Somincor, Portucel entre outras. cos, sistemas de comando e supervisão, quadros de ASPECTO DA CENTRAL TERMOELECTRICA DO RIBATEJO. 137 # A SIEMENS em Portugal Neste campo, em que Macau também tem proporcionado aplicações Siemens, ganham relevo intervenções recentes pela complexidade e gigantismo que assumiram, algumas delas já referidas em páginas precentes: • A construção da central da Tapada do Outeiro a primeira de ciclo combinado a gás natural em Portugal, cuja entrega decorreu em 1999; • A participação na Lipor II – Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos dos Lixos do Porto; • O contrato “chave na mão” para a construção da central de ciclo combinado a gás natural do Carregado (Ribatejo); • O contrato de longa duração para a manutenção Sublinhe-se o trabalho efectuado na central termoeléctrica do Ribatejo, produzida pela Siemens em consórcio com a Koch, que foi reconhecida como uma das 12 melhores centrais de produção de energia do mundo (única na Europa), tendo sido a primeira central da EDP a entrar em serviço dentro das datas previstas contratualmente. para a central da Tapada do Outeiro e idêntico contrato para os grupos 1 e 2 da central do Ribatejo; É um exemplo sintomático das capacidades da Sie- • Central ligada ao empreendimento Venda Nova II; mens na gestão de projectos complexos. • Sistemas de contagem de gestão da energia para a Entretanto, a preparação recente para o Mibel (Mer- EDP (2004). cado Eléctrico Ibérico) tem vindo a proporcionar projectos para reforço da Rede Eléctrica Nacional (REN), através da criação de condições técnicas para o futuro tráfego fronteiriço e da modernização das estruturas existentes. O operating group tem ainda experimentado um incremento na implantação de equipamentos para energia eólica. DECISION SUPPORT SYSTEM NA EDP. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 138 > Transportation Systems (Transportes) o Metropolitano, ML99, com melhorias consideráveis para os passageiros, nomeadamente a intercirculação entre as carruagens (1999). O contrato para as A modernização dos transportes ferroviários eléctri- novas 34 UME’s – os comboios suburbanos do Porto cos tem sido o campo de acção desta unidade, ofe- (CP 2000). E, no longo curso, o fornecimento da par- recendo soluções para transportes urbanos, subur- te eléctrica dos dez comboios de pendulação activa banos e de longo curso. Os clientes de referência da entre Lisboa e Porto, que vieram aumentar a qualida- área de negócio que renovaram ou encetaram novos de e diminuir o tempo de viagem. contratos tem sido a Carris (novos eléctricos articula- Ao nível da melhoria da rede ferroviária, salientem-se dos), o Metropolitano de Lisboa (material circulante, os sucessivos contratos para subestações de tracção equipamento para estações, simuladores de condu- no âmbito da electrificação da linha de Sines e do Sul, ção) e a CP – Companhia de Caminhos de Ferro Portu- tendo assinado mais recentemente o relativo à ma- gueses (comboios para a linha de Sintra, locomotivas nutenção das respectivas subestações; os circuitos de eléctricas, comboios de pendulação activa para a li- via FTGS instalados no Eixo Ferroviário Norte-Sul e na nha do Norte com equipamentos de tracção e con- linha de Sintra a duplicação e electrificação da linha trolo Siemens, renovações de catenária em diversas do Douro, a catenária na linha da Beira Baixa, a sina- linhas, equipamentos de sinalização para vários nós lização ferroviária para a linha do Estoril. de ligação). Recentemente, em 2002, verificou-se a adjudicação Trata-se, na generalidade, de grandes projectos que do Metro Sul do Tejo ao consórcio integrado pela envolvem uma acção continuada ao longo do tempo, Siemens para uma solução “chave na mão”, incluin- com entrega ou realização de serviço faseadas. Mere- do o material circulante, o fornecimento de energia ce destaque o contrato para 38 unidades triplas para (subestações de tracção e catenária), sinalização e TRANSPORTE DO COMBINO PARA O METRO SUL DO TEJO. 139 # A SIEMENS em Portugal O MODELO DE “TRAM-TRAIN” AVANTO. sistemas de ajuda à exploração e informação de pas- de uma passagem de nível em Portugal. O contrato sageiros, telecomunicações e controlo da operação. assinado com a Portucel revestiu-se de grande impor- O ano de 2005 marcou a entrada num segmento de tância estratégica pelo reconhecimento do carácter mercado até então trabalhado por uma única empre- altamente inovador da solução instalada, que posi- sa portuguesa: foi adjudicada a primeira instalação ciona a Siemens na linha da frente para a modernização de passagens de nível da REFER (gestora da infraestrutura ferroviária em Portugal). MATERIAL CIRCULANTE PARA O TRANSPORTE FERROVIÁRIO. Contribuir para o desenvolvimento do transporte ferroviário em Portugal, desde o fornecimento de material circulante, com novas gerações de carruagens, até às infra-estruturas, sinalização e serviços de manutenção e gestão integrada tem sido o papel deste operating group, que, sendo o único em Portugal com capacidade nesta perspectiva de totalidade, se apresenta como “parceiro estratégico do país e do sector ferroviário”. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 140 > VDO Automotive Em 2005, foi criado este operating group no seio da Siemens, S.A, direccionado para o acompanhamento do mercado automóvel nas vertentes áudio e navegação, transportes e telemática, bem como spare parts e service. Assume-se, assim, uma actividade já observada antes junto de fabricantes nacionais, como a Autoeuropa, mas através da Siemens VDO Automotive. 141 # A SIEMENS em Portugal > Industrial Solutions and Services (Soluções e Serviços para a Indústria) do Metropolitano de Lisboa, a renovação da Estação da Alameda, o Sistema de Controlo e Informação de Tráfego para a Área Metropolitana de Lisboa, a realização de contratos para sistemas de supervisão e A antiga unidade de “engenharia” foi reorganizada comando com as Águas do Cávado, Águas do Douro e em 1999 em “indústria”, com duas áreas de negó- Paiva, Águas do Sotavento Algarvio, ou ainda assegu- cio: serviços e soluções. Na área das soluções indus- rado a manutenção integrada no Parque de Madeiras triais, ressalta o facto de ganhar cada vez mais relevo da Portucel-Setúbal (1998). nesta área o software de processo, nomeadamente As estruturas aeroportuárias também foram objecto para controlo de subestações, cuja colocação se tem de atenção, com a implementação do sistema de tra- aplicado não só em Portugal mas também em países tamento de bagagens para a aerogare de Lisboa ou as como a China ou o Brasil, entre outros. Centrais de soluções globais para vários aeroportos no domínio cogeração, ao nível empresarial, desde o projecto de sistemas eléctricos e electromecânicos (Lisboa, eléctrico à colocação em serviço foi outra actividade Faro e Funchal). Desenvolveram-se projectos na área muito desenvolvida neste período, a que acresceram do saneamento básico, com soluções integradas de desde 1996 os trabalhos ligados à central de ciclo automação e telegestão. Na área industrial, aplica- combinado da Tapada do Outeiro e, mais recente- ram-se sistemas de automação e controlo (Fima), e mente, à central térmica do Carregado. desenvolveram-se instalações eléctricas para a Sopor- Mas a actividade da unidade tem sido muito diversi- cel e Fábrica de Granulação de Adubos (Setúbal), não ficada, tendo assegurado, por exemplo, a criação de esquecendo as tecnologias de informações para solu- infra-estruturas para o Parque de Material e Oficinas ções relacionadas com o bug informático do milénio. TERMINAL 2 DO AEROPORTO DE LISBOA. INSTALAÇÃO, EM TEMPO RECORDE, DE UMA SOLUÇÃO CHAVE NA MÃO QUE DUPLICOU A CAPACIDADE DO AEROPORTO. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 142 SISTEMAS LOGÍSTICOS INTEGRADOS PARA A LACTOGAL (MODIVAS, VILA DO CONDE). O know-how ao nível das soluções tem sido aplicado po excelente para demonstrar a qualidade das solu- em diversas áreas, com a oferta de concepção de pla- ções oferecidas por este operating group. O terminal taformas tecnológicas e soluções integradas. provisório implantado no Aeroporto da Portela, por ocasião do campeonato europeu, em construção do Na área de tecnologias de logística, destaca-se a continuidade da modernização das infra-estruturas aeroportuárias, nomeadamente nos sistemas automáticos de tratamento de bagagens em vários aeroportos nacionais e consultoria para vários aeroportos estrangeiros (Emiratos Árabes Unidos, Espanha, Malásia, Singapura, Suíça, Itália, China e Austrália). tipo “chave na mão” tornou-se uma referência internacional. Entretanto, sistemas de segurança electrónica raios-X e detecção foram implantados nas instalações da Presidência da República, da Presidência do Conselho de Ministros e da Assembleia da República. Mais recentemente, a Compal, a Sibelco, a Cimpor recorreram também às soluções de automação Simatic, tendo-se verificado ainda a implementação de um armazém totalmente automático na Lactogal (Modivas). Instalações eléctricas em várias clínicas e hospitais, participação nas instalações eléctricas de navios-patrulha a construir nos Estaleiros Navais de Viana, participação nas subestações de Alta Tensão na Central do Carregado ou a montagem de subestações e sistemas de gestão de alimentação eléctrica para o Metro Sul do Tejo são algumas das actividades Na área de equipamentos culturais e lazer, várias ins- referenciadas em 2004. talações especiais foram asseguradas em instituições No campo da inovação saliente-se a consolidação das de Viana, Figueira da Foz e Vila Nova de Famalicão. tecnologias de Teleservice e Remote Diagnosis, área No sector ambiente, várias empresas de abasteci- na qual foi criado um Laboratório de Serviços, em mento de água ou de tratamento de resíduos tem Alfragide. solicitado a colaboração da Siemens. Sublinhe-se que a Siemens também oferece serviços, A indústria continua a ser um campo de ampla inte- nomeadamente de manutenção integrada. Neste racção, através da implantação de sistemas de apoio domínio tem contratos para a manutenção de várias à operação, redes de comunicação, sistemas de in- infra-estruturas do Parque das Nações e com várias formação ou centros de controlo, em clientes como outras empresas e instituições, tais como a TAP-Air a Soporcel, Adubos de Portugal, Cervejas Cintra, Air Portugal, Autoeuropa, Centro Cultural de Belém, Por- Liquide, Somincor, Auto-Estradas do Atlântico, Com- tucel Industrial, Hospital da Cruz Vermelha, Aeropor- pal, nova fábrica da Lactogal. to da Madeira, Edifício Galp, Fundação Calouste Gul- A Expo’98 e os estádios do Euro-2004 foram um cam- benkian, Caixa Geral de Depósitos. 143 # A SIEMENS em Portugal PORMENOR DA MÁQUINA DE CORTE DE CHAPA A LASER SIEMENS. > Automation and Drives (Automação e accionamentos) com destaque para a iluminação exterior. Desde então, tem participado em vários projectos como a monitorização e telegestão do Sistema Multimunicipal Trata-se de uma unidade de negócio, que emergiu do Abastecimento de Água ao Sotavento Algarvio; em 1996/1997, na reorganização interna de compe- desenvolveu aplicações no Aeroporto do Funchal; tências, vocacionada para o fornecimento de produ- aplicou soluções inovadoras de automação e accio- tos de automação, accionamentos, distribuição de namentos no novo terminal de contentores do porto energia em baixa tensão e tecnologia de instalações de Leixões e no terminal de contentores de Lisboa, eléctricas, mas também vocacionada para a forma- na Fábrica de Borracha da Continental Mabor ou em ção de clientes e em serviços pós-venda no âmbito de fábricas da Cimpor em Marrocos e Tunísia. Em 2001, grandes projectos relativos à modernização de infra- assegurou o fornecimento de instalações prontas a estruturas e do tecido industrial. funcionar, incluindo a automação de todos os siste- Em 1996/1997 verificou-se a afirmação no mercado mas para a Opel-Azambuja. de uma inovadora geração de aparelhagem de corte Outros projectos mais recentes têm surgido, tais e protecção em baixa tensão, a Sirius 3R, que permi- como fornecimentos para a Valorsul (sistemas de tiu assegurar uma posição de liderança na área do quadros em baixa tensão para a Central de Valoriza- controlo e distribuição de energia em baixa tensão. ção Orgânica da Amadora), Águas do Douro e Paiva A Siemens disponibilizou no mercado o sistema EIB/ (accionamentos para as estações elevatórias), para a Instabus, sistema de gestão técnica descentralizada, Barragem do Castelo do Bode (drives para a rede de aplicado aos edifícios, e ao segmento residencial, abastecimento de água à rede pública), sistemas de através do PC Touch Screen foi possível centralizar, automação para a Continental Mabor, para a Petrogal visualizar e comandar todo o edifício/habitação, in- (Sines e Perafita), para a Lactogal, ou ainda um novo clusive do exterior, por via telefónica. forno de vidro para a Saint-Gobain. Esta unidade participou activamente na Expo’98, Teve uma forte participação como coordenador do SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 144 EM CIMA: A&D MALL – SOLUÇÃO DE VENDA ON LINE DE PRODUTOS INDUSTRIAIS. EM BAIXO: MÁQUINA DE CORTE DE CHAPA A LASER SIEMENS. projecto Euro-2004, construção de infra-estruturas para instalações desportivas do Euro-2004, integrando as soluções globais para a construção dos novos estádios (infra-estruturas eléctricas, distribuição de energia, comunicações, bilhética, segurança, iluminação), criando algumas soluções técnicas que se revelaram como inovações a nível mundial. A A&D esteve presente nos estádios de Guimarães, Aveiro, Dragão, Alvalade XXI e Faro/Loulé. Como consequência surgiram novos estádios, como Penafiel, Melgaço, Águeda, entre outros. Deve salientar-se que o know-how obtido na coordenação do Euro-2004 tem sido objecto de exportação, com o operating group a ser solicitado por diferentes instâncias internacionais e a garantir contratos de consultoria para grandes eventos noutros países. Ao nível de outros projectos, salientem-se os fornecimentos dos sistemas de iluminação para o Aeroporto De salientar em 2004, o desenvolvimento do projecto e-Domus (em parceria com o operating group IC) para a PT, uma solução integrada para o sector residencial que oferece um vasto conjunto de funcionalidades (segurança, visualização remota, multimédia, videoconferência na televisão, climatização, etc.), tornando as casas mais inteligentes, interactivas, seguras, económicas e confortáveis. Francisco Sá Carneiro, para os novos túneis da Madeira. Numa perspectiva inovadora, decorre o for- Refira-se ainda a solução de venda on-line de produ- necimento de uma solução complexa de automação tos industriais – A&D Mall – que é já responsável pela para a linha de montagem de um novo veículo para comercialização de mais de 50% dos produtos deste a Autoeuropa. operating group. Como referência importante a entrada do operating group A&D na remodelação das centrais termoeléctricas dos Açores, nos campos da automação, controlo e instrumentação em parceria com fornecedores nacionais. No mercado da Madeira destaca-se uma elevada participação nos vários projectos em parceria com a Indutora. O novo conceito Totally Integrated Power (TIP), no que respeita à distribuição de energia tem sido aplicado com êxito em hotéis, hospitais, recintos desportivos, centros comerciais e outros projectos de grande dimensão. O operating group A&D foi sponsor do novo museu da Presidência da República, onde se podem ver as mais modernas tecnologias no campo da luminotecnia. 145 # A SIEMENS em Portugal > Siemens Building Technologies (Tecnologia de Edifícios) e seguros, edifícios administrativos, hospitais, hotéis e universidades. Esta empresa foi objecto de integração na Siemens, S.A., desde 1.10.2003, passando a No âmbito da incorporação, a nível mundial, da Cer- actuar como um operating group. berus e da Landis & Staefa no grupo Siemens, as Com uma importante prestação de serviços no Euro- suas representações em Portugal viveram esse tipo -2004, o grupo tem participado em variados projectos de integração, surgindo para o efeito, em 1999, mais estruturantes do país, com destaque para as soluções um departamento na Siemens vocacionado para as implementadas no Aeroporto Francisco Sá Carneiro tecnologias relacionadas com edifícios. Através da (segurança), Autoeuropa (gestão de energia) e em Cerberus Division foi reforçada a valência da segu- diversos hotéis e edifícios de escritório e centros co- rança electrónica, enquanto a Landis Division trouxe merciais. o seu contributo para mercado de controlo e gestão de energia em edifícios, bem como de produtos para AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado). Desde Outubro de 2001 que as duas antigas empresas se apresentaram no mercado como um membro integral do grupo Siemens, através da designação Siemens Building Technologies, Engenharia de Segurança e Automação, Lda. Funcionava em duas divisões, em conjugação de esforços para a apresentação de soluções integradas, de forma a fortalecer a sua presença em centros comerciais, casinos, banca INTERIOR DO CENTRO COMERCIAL DO MONTIJO. De salientar a liderança no segmento de mercado da banca, onde a liderança da Siemens foi reforçada em 2005 com a adjudicação do contrato de manutenção global dos sistemas de protecção e segurança das agências do Millennium BCP, e do contrato de upgrading das soluções contra incêndio do edifíciosede da CGD de Algorex para Sinteso. A Siemens Building Technologies dispõe hoje de um renovado e optimizado portfolio de produtos, soluções e serviços nas áreas de protecção e extinção contra incêndio e gaz, segurança electrónica de pessoas e bens, e automação e conforto de edifícios. O seu espectro de acção nas áreas de Fire Safety & Security Systems, Building Automation & HVAC Products compreende, além do fornecimento e da integração de produtos e sistemas em soluções customizadas, também a prestação de serviços de consultoria em segurança e gestão da eficiência energética, de assistência pós-venda e de manutenção de soluções. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 146 INSTALAÇÕES DA SIEMENS NO PORTO. > Região norte Meadas, Cabril, Pinheiro e Alvão), de infraestruturas de TV Cabo-Porto, da instalação de cablagens na Fa- Em 1996, foi criado o conceito de “região norte” no culdade de Engenharia da Universidade do Porto, da âmbito comercial como forma de maximizar o serviço implantação de redes de dados e voz para os hospi- prestado pela Siemens na zona norte do país, desde tais de S. João e S. Marcos, turbogrupos para várias sempre assegurado pela delegação do Porto, no sen- empresas industriais, a iluminação exterior do novo tido de, através da concertação entre as várias uni- edifício da Câmara da Maia, instalações no Hospital dades de negócio, encontrar eficaz e rapidamente as do Vale do Sousa, bem como a participação em vários soluções à medida do cliente na região. estádios do Euro-2004, entre outras actividades. Respondia-se assim, regionalmente, ao objectivo Por exemplo, toda a infra-estrutura eléctrica da Fábri- “optimização das sinergias inter-áreas de negócio”, ca de Semicondutores, em Vila do Conde, foi assegu- integrado no movimento top. Essa acção fez-se de rada pelos recursos da “região norte”. A criação, em imediato sentir ao nível dos grandes projectos no 1999, de um centro de desenvolvimento da software Norte do país, como foi o caso da central da Tapa- house no Porto para soluções TMN (Telecomunication do do Outeiro, da Lipor II – central de tratamento de Management Networks), com a criação de emprego resíduos, fornecimentos para centrais hidroeléctricas altamente especializado, ampliou a sua capacidade (central de Vila Nova), de parques eólicos (Pena Soar, de resposta. 147 # A SIEMENS em Portugal A CASA DA MÚSICA, NO PORTO, INCORPORA SOLUÇÕES SIEMENS. Mais recentemente, ganham relevo os fornecimentos importantes para o Aeroporto Sá Carneiro e para a Casa da Música, bem como a sua intensa colaboração com universidades e centros de investigação da região. Esta estrutura transversal posiciona-se como um service provider, responsável pela operacionalização na região das políticas e estratégias dos diversos operating groups da Siemens, ao mesmo tempo que desenvolve igualmente uma intensa procura de oportunidades de mercado, com base no profundo conhecimento local e empresarial que foi adquirindo no decorrer do tempo. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 148 149 # A modernização do tecido económico e empresarial SIEMENS FÓRUM, SEDE EM ALFRAGIDE. > A modernização do tecido económico e empresarial SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 150 Cem anos de uma presença activa em Portugal, qualquer fábrica do grupo implantada em Portugal disponibilizando produtos e soluções nas áreas da precisar de exportar pelo menos 80% para garantir a electricidade e da electrónica: sua viabilidade. A Siemens tem-se configurado como um parceiro activo em empreendimentos decisivos para o crescimento económico e o desenvolvimento social, acrescentando valor estratégico ao país. O Grupo Siemens tornou-se o segundo maior investidor dos últimos seis anos na área industrial, aplicando nesse período um volume de investimento de cerca de mil milhões de euros. Quer na transferência de tecnologia, quer no desen- Desse valor, 70% foi investido em alta tecnologia, volvimento de projectos produtivos para a substitui- 20% em tecnologias tradicionais e 10% em I&D, ção de importações e/ou essencialmente virados para criando-se centros de competência mundial ao nível a exportação, e mais recentemente com a criação da alta tecnologia. de pólos de inovação no âmbito das tecnologias de Operando em diversas valências – telecomunicações, informação e de comunicação, a Siemens procurou transportes, indústria, energia, serviços e soluções adaptar-se às realidades nacionais e aos diversos ti- médicas, segurança, electrodomésticos –, o grupo pos de conjuntura que tem atravessado, numa ati- Siemens tem apostado em áreas cruciais, de cuja ac- tude catalizadora de progresso, inovação e interna- ção se procurou nas páginas anteriores fixar os con- cionalização para a economia portuguesa em geral. tributos, que, pelo simbolismo, se podem assumir E, paralelamente, não esqueceu as vertentes da de- como marcos da sua trajectória empresarial. signada “cidadania empresarial”, assumindo como preocupações a defesa ambiental, o apoio à cultura, ao desporto e à solidariedade social. Divulgando produtos com elevado efeito de modernização ou gerando localmente riqueza e trabalho, a Siemens criou um enraizamento sólido em Portugal, promovendo o reforço gradual da sua presença no ajustamento à mudança dos tempos. Considerando o impacte do conjunto de investimentos atraídos pela Siemens Portugal, verifica-se que representam, segundo dados de 2004, um volume de negócios de 1.754 milhões de euros, 60% dos quais referentes a exportações, ou seja, 1.037 milhões de euros, empregando directamente cerca de 8 mil colaboradores. Os elevados níveis de exportação são indispensáveis, dada a escassez do mercado nacional para o tipo de produção da empresa. Em entrevista recente ao semanário Expresso (24.12.2004), o administrador-delegado lembrava a necessidade imperiosa de LABORATÓRIO DE REDES ÓPTICAS. PORMENOR DO LABORATÓRIO DE REDES ÓPTICAS. > A vertente específica das telecomunicações e de I&D potencialidades no domínio das telecomunicações. Entretanto, a liberalização deste segmento de mercado nacional, autorizando o aparecimento de novos O seu contributo desenvolvimentista tem sido parti- operadores, possibilitou o crescimento da actividade. cularmente notório no campo das telecomunicações Um recente e complexo conjunto de siglas – SDH, nos últimos tempos, correspondendo à verdadeira FWA, GPRS, ATM, DWDM, IP e UMTS – revela as ac- revolução que se verificou no sector. Vejamos, em re- tuas posições da Siemens no universo das telecomu- lance, uma perspectiva histórica desse papel. nicações, destinadas quer aos grandes operadores, Assim, embora historicamente a tecnologia Siemens quer aos serviços empresariais ou domésticos, de não fosse chamada a iniciar a implantação da rede forma a assegurar a comunicação pelo telefone (fixo de telecomunicações em Portugal, o seu contributo ou móvel), televisão, navegar na Internet (banda es- foi crescendo ao longo do tempo neste domínio. De- treita ou banda larga). pois de pequenas instalações telegráficas iniciais, a Esses contributos têm sido tanto mais relevantes Siemens, a partir dos anos 60, teve um papel relevan- quanto arrastaram consigo a criação de centros de te na instalação de centrais telefónicas privadas, em competência e a implantação de dois centros de terminais telefónicos, sistemas de intercomunicação, Investigação & Desenvolvimento: um para as redes instalações globais de telecomunicações, nomeada- ópticas e outro para as tecnologias de informação e mente sistemas de sonorização, redes de informação comunicação (Internet e UMTS). Actualmente está horária, sistemas de correio pneumático, aparelhos em implementação um outro centro (Home Enter- de medida de telecomunicações, antenas e sistemas tainement Solutions). de distribuição doméstica de TV e, sobretudo, na implantação da rede de telex. Nos anos 70, instalava cabos coaxiais e respectivos equipamentos de transmissão e multiplexagem. Seguiram-se emissores de televisão e antenas de emissão. Desde 1987 que essa participação se ampliou exponencialmente, através da implementação dos processos estruturantes de renovação das telecomunicações, a saber, a digitalização da rede fixa (sistema EWSD) e a implantação das estruturas para a primeira rede móvel (então para os CTT/TLP, antes da posterior fusão). A digitalização e o desenvolvimento da microelectrónica, com o aparecimento dos microprocessadores, permitindo armazenar crescentes quantidades de informação num chip de silício, criaram novas Estes centros de inovação em comunicação assumem responsabilidade mundial para toda a cadeia de valor dos produtos que são alvo de I&D, representando uma grande aposta nos recursos e competências nacionais, exigindo grandes investimentos nas respectivas infra-estruturas laboratoriais. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 152 Merece especial referência em 2003 a concretização Uma das sinergias valorizadas neste domínio é a de- do Laboratório Óptico e em 2004 o Laboratório Mul- senvolvida com o sistema científico nacional, através timédia, estruturas que passaram a acolher no total da Fundação para a Ciência e Tecnologia e as univer- mais de mil engenheiros. sidades. No quadro da parceria com as universidades, a Siemens lançou o projecto Eixo Tecnológico Braga-Aveiro-Lisboa (Universidade do Minho, Universidade Com um impacte directo e indirecto no tecido económico, estes centros são o fruto de uma estratégia adoptada na última década pela Siemens, S.A. para assentar na inovação estratégica o desenvolvimento sustentado da empresa. de Aveiro e Instituto Superior Técnico) que assenta na cooperação com a Rede de Investigação e Ensino nacional (Fundação para a Computação Científica Nacional) e no acordo celebrado com o Instituto das Telecomunicações. Este projecto visa, fundamentalmente, a criação de núcleos de I&D em parceria com as universidades, como acontece já com o laboratório de investigação avançada em fibra óptica no Campus da Universidade de Aveiro. O contributo referencial da Siemens na construção da “sociedade da informação” em Portugal é hoje um facto reconhecido por todos. A exportação de equipamentos e soluções afins para outros países, bem como a sua participação em processos de for- INAUGURAÇÃO DO LABORATÓRIO MULTIMÉDIA, PELO PRIMEIRO-MINISTRO, DR. JOSÉ MANUEL DURÃO BARROSO, EM 2004, COM ENG. JOÃO PICOITO E DR CARLOS DE MELO RIBEIRO. mação (em cooperação com a Siemens AG) e a realização de contratos de assistência, num papel activo de promover e influenciar a evolução das respectivas tecnologias, é também uma demonstração da capacidade de realização e inovação dos técnicos portugueses a quem a Siemens proporciona condições de trabalho. Os contributos da Siemens são naturalmente reconhecidos pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação (APDSI). O director-geral do operating group Siemens Informations & Comunications, grande responsável pelo seu crescimento e afirmação mundial, Eng. João Picoito, afirmava na cerimónia da entrega do Galardão de Personalidade do Ano 2004 daquela organização: “não há desenvolvimento sem inovação, não há inovação sem tecnologia, não há tecnologia sem engenheiros e não há engenheiros sem uma forte educação científica”. E considerava a cooperação entre as universidades e as empresas de tecnologia como “um factor decisivo para a fixação em Portugal de investimentos para a criação de um cluster high-tech” (Público Computadores, 29.11.2004). 153 # A modernização do tecido económico e empresarial > As empresas criadas pelo Grupo Siemens A acção empresarial da Siemens em Portugal inclui a modernização do tecido empresarial, através da instalação de fábricas ou empresas de serviços. Partindo de um posicionamento inicial de simples empresa de representação comercial do grupo em Portugal, embora com oficinas para assegurar instalações, acabamentos e reparações, a Siemens alargou a sua acção à produção industrial, assumindo a responsabilidade directa pela primeira fábrica – Fábrico do Sabugo – em 1964, quando se criaram condições favoráveis ao investimento estrangeiro. Outras se seguiram, num total de sete fábricas, ajudando a dar corpo ao sector da indústria electrónica em Portugal. Façamos, então, uma referência breve às fábricas que estão integradas na Siemens, S.A. (Fábrica de Transformadores e Fábrica de Quadros Eléctricos), bem como às empresas nas quais tem participação ou ainda às que já tiveram alguma conexão com o grupo, pois elas representam contributos fundamentais para a renovação do tecido empresarial e da estrutura industrial. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 154 auditorias por entidades sectoriais de vários países europeus e as aprovações daí decorrentes. O mercado extra-europeu, principalmente o africano e o do Médio-Oriente, também se revelou importante para o incremento exportador. Recentemente (1999), a fábrica sofreu uma profunda reestruturação (organizativa e logística) para se tornar num centro de competência para transformadores de distribuição a óleo TRANSFORMADOR FABRICADO NA FÁBRICA DO SABUGO. e para se optimizarem tempos e produção, operação que a tornou numa das fábricas mais eficientes da Siemens em “prodution Cycle Time”, sendo distinguida pelo grupo nesse domínio. Desenvolveu, então, > Fábrica de Transformadores (Sabugo) novos conceitos técnicos de bobinagem, ligações e execução em transformadores de 16 MVA. Estas práticas de racionalização e standardização, no âmbito A Fábrica de Transformadores deriva da antiga Motra do projecto “Standard 2000”, foram depois ampliadas – Equipamentos Eléctricos, S.A.R.L., criada, em 1960, a todo o espectro de produção. A Fábrica do Sabugo pela ENAE – Empresa Nacional de Aparelhagem Eléc- funcionou como centro de desenvolvimento desse trica, nas suas instalações, para dar sequência à licen- projecto, depois aplicado a outras fábricas de trans- ça obtida da Siemens no sentido de produzir motores formadores da Siemens espalhadas pelo mundo. eléctricos e transformadores de potência. Em 1962, É a única fábrica do grupo com know-how para o a Siemens assumiu o controlo da unidade, criando mercado dos transformadores especiais dos com- instalações de raiz para esse efeito, no Sabugo, que boios de alta velocidade. Procede a elevados inves- foram inauguradas em 3.12.1964, já com grandes ní- timentos para a implementação de um Laboratório veis de automação. A nova unidade, que deu ocupa- de Alta Tensão. Ao completar 40 anos de actividade, ção a 300 operários logo no arranque, alargou a sua ocupa 180 trabalhadores e posiciona-se para ser con- produção a electro bombas e ferramentas eléctricas, siderada como centro de competência mundial para para além dos produtos iniciais, material então desti- transformadores de potência até 40 MVA, o que, en- nado ao mercado interno. tre outras vantagens, lhe possibilitará dispor de uma Como já se referiu ao longo desta narrativa, outras área de I&D própria. linhas de produção se instalaram no Sabugo, nomeadamente as que corporizaram a Divisão Electrónica (matrizes para memórias, em 1969, circuitos híbridos, em 1972), produtos já destinados à exportação. Em 1977, chegou a linha de produção de aspiradores de pó eléctricos. Em 1982, passaram a produzir-se telefones electrónicos e centrais telefónicas digitais EMS. Os transformadores persistiram, no entanto, como produção principal, sendo essa actividade gradualmente qualificada e ampliada, o que permitiu a colocação deste equipamento no mercado externo, desde os anos 70, numa tendência crescente: em 1997, o seu volume de exportação já representava 85% da produção. Para este efeito, contaram as sucessivas ASPECTO DA FÁBRICA DE TRANSFORMADORES. 155 # A modernização do tecido económico e empresarial ASPECTO DA FÁBRICA DE QUADROS ELÉCTRICOS. > Fábrica de Quadros Eléctricos, em Corroios (Seixal) Em 1994/1995, para ampliar a já existente produção nacional, a Siemens AG decidiu instalar em Portugal uma Fábrica de Quadros Eléctricos de Média Tensão para o mercado europeu, com vista a concentrar 11 centros de produção em apenas 3, com estes a fornecerem os restantes países através de um esquema em rede. Para esse efeito, foi considerada a estrutura já existente, derivada da autonomização da linhas de quadros eléctricos e disjuntores da Indelma e sua integração na Siemens, S.A., ocorrida em 1992, no âmbito da qual se constituíra, também no Seixal, uma unidade de produção para o mercado nacional, entretanto certificada. Essa unidade foi, então, objecto do desenvolvimento necessário, com uma remodelação completa em 1995, passando a produzir celas para toda a Europa VISTA DE UM QUADRO ELÉCTRICO NX AIR P. em 1996. Em 1997, produzia já 608 celas de média tensão, com 70% da produção destinada ao mercado externo. Esses números cresceram rapidamente: em 1999, quando já se produziam 1200 celas, eram os objectivos, em 2004, de um programa de produ- exportadas 1100! A fábrica assumiu a responsabili- tividade (optimizar custos de produção, melhorar a dade, que coubera sempre à sede alemã, de garantir qualidade e integração do processo de prefabricação o fornecimento do produto da gama 8BK20/30. En- de peças metálicas, antes vindas do exterior), o que tretanto, novas gerações de produtos (Nxair, NxairM lhe valeu a atribuição do segundo prémio de logísti- e NxairP) têm sido transferidas para esta fábrica ca, entre 35 fábricas a nível global, por parte da área (2001), substituindo outras em fim de ciclo. Tendo de negócio (Power Transmission and Distribution) em assumido produtos high end, esta fábrica, atingiu que se insere. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 156 > Epcos Peças e componentes electrónicos Em 5 de Maio de 1997, através da Siemens Matshushita Components, S.A., foi lançada a primeira pedra da nova fábrica de condensadores electrolíticos de tântalo, componentes para integração em telefones móveis, computadores e dispositivos electrónicos para automóveis. Representa outra aposta de alta tecnologia do grupo Siemens em Portugal, representando um investimento inicial de 10 milhões de contos, num volume previsto de 740 milhões de condensadores/ ano. O início de produção verificou-se em Setembro de 1998, dando ocupação a cerca de 400 trabalhadores, na maioria engenheiros. Em 1999 surgiu a nova VISITA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, DR. JORGE SAMPAIO, À INDELMA, (1999). designação social desta fábrica, resultado da sua integração no grupo europeu de componentes electrónicos Epcos. Após novos investimentos em 2000/2001 a Epcos emprega actualmente em Évora mais de 500 > Indelma colaboradores, sendo aí que se localiza o centro de desenvolvimento da Epcos para este tipo de tecnologia A Indelma – Indústrias Electro-Mecânicas, S.A.R.L., de condensadores de tântalo. Exporta 100% da sua fábrica de cablagens para a indústria automóvel, cria- produção (cerca de 1000 milhões de condensadores da em 1968, no Seixal, foi adquirida pela Siemens por ano) e o centro de desenvolvimento apoia todas em 1973, chegando a ter 4000 trabalhadores no as unidades de vendas da rede mundial da Epcos. Es- auge da produção para exportação. As oscilações no tão em curso actualmente investimentos adicionais mercado da indústria automóvel levaram à instala- para produção em futuro próximo de condensado- ção de outras linhas de fabrico. Em 1977, surgiram res com novas tecnologias de polímeros condutores. linhas de produção de quadros eléctricos e disjuntores e, no ano seguinte, uma linha de cablagens para electrodomésticos (1978). O desenvolvimento da indústria automóvel em Portugal criou-lhe mercado, adaptando o fabrico de cablagens aos modelos da Autoeuropa (Sharan, Galaxy, Alhambra) e da Renault (Renault Mégane). Deixou de fazer parte do grupo em 2003, através da aquisição por outro grupo empresarial – Alcoa Fujikura (AFL), no âmbito da reorganização da carteira de negócios da Siemens. EPCOS, PORMENOR DA PRODUÇÃO. INFINEON TECHNOLOGIES, EM VILA DO CONDE: PANORÂMICA EXTERIOR E ACTO DE PRODUÇÃO (EM BAIXO). > Infineon Technologies (Vila do Conde) Abril de 1999, que foi transferida para a nova empresa interior ao grupo, passando a designar-se de Infineon Technologies – Fabrico de Semicondutores, Infineon Technologies é a designação actual da Fá- Portugal, S.A. Recentemente, a sua capacidade de brica de Semicondutores em Vila do Conde, insta- produção de semicondutores foi duplicada, através lada em função do esforços da nova administração da implantação de um novo módulo fabril, atingin- da Siemens, S.A. para concretizar as suas linhas de do um nível de 850 milhões de euros de exportação orientação para a produção de alta tecnologia. Como que absorve toda a produção. Com a abertura deste já foi sublinhado no capítulo anterior, esta nova fábri- segundo módulo, cuja área ascende a cerca de 7000 ca é o símbolo de um tipo de investimentos que terá m2, aumentou-se para cerca de 1500 os efectivos da grandes repercussões no futuro, dados os níveis ele- empresa em Vila do Conde. vados de tecnologia que desenvolve. Essa importância tem um alcance regional ainda maior, na medida O investimento no primeiro módulo ascendeu a 330 em que foi implantada numa zona industrial com ele- milhões de euros, dos quais 140 milhões foram in- vado potencial mas em que escasseavam instalações vestidos entre meados de 2000 e de 2003 na moder- de high-tech. Realizado o contrato de instalação em nização da fábrica. Somando aos 230 milhões poste- 30.8.1996, as obras tiveram início em 10.1.1997. riormente afectos à expansão da unidade, a Infineon Iniciou-se a instalação de equipamento em 1.9.1997, investiu um total da ordem dos 560 milhões de euros ocorrendo a inauguração em 1998. A sua capacidade na sua fábrica de Vila do Conde. de produção inicial para memórias de 16M superou todas as expectativas, permitindo antecipar em 3 meses o plano de passagem a memórias de 64M, nas quais se passou a concentrar, a partir de Setembro de 1998. Equacionou-se, a partir daí, a produção de memórias de 256 Mbits, concretizada em 1999, altura em que se planeou o avanço para 512 Mb e de 1 Gb. Dado que, em Novembro de 1998, a Siemens AG decidiu transformar o seu grupo internacional de semicondutores numa empresa juridicamente independente e autónoma, sob a denominação de Infineon Technologies AG, como forma de colocar o seu capital em bolsa, a unidade de Vila do Conde, desde SENSOR ANGULAR ELECTROMAGNÉTICO E ASPECTO DAS INSTALAÇÕES FABRIS (EM BAIXO). > Fábrica de Relés (Évora) Implementaram-se melhorias na produção dos sensores de ângulo para aviação. Introduziu-se uma Criada em 1971, a Fábrica de Relés, cuja produção nova gama de produtos: conectores para automóvel foi essencialmente destinada à exportação, foi im- (1998). plantada em Évora, arrancando com cerca de 400 Em Março de 1999 foi constituída como uma nova trabalhadores, funcionando como uma unidade ane- empresa, com capital subscrito totalmente pela Sie- xa à Siemens, S.A.R.L. A sua implantação revestiu-se mens AG, passando a funcionar como empresa juridi- de grande simbolismo na altura, na medida em que camente independente da Siemens, S.A. A partir de 1 constituía uma significativa criação de postos de de Outubro desse ano, passou a pertencer ao grupo trabalho numa zona muito marcada pelo ruralismo, Tyco International, um dos maiores grupos fornece- numa época em que os campos de Portugal se des- dores para a indústria automóvel. povoavam por via de um impressionante movimento de emigração intra-europeia. A Siemens ajudava a combater esse flagelo na sua raiz, ao criar emprego através da deslocalização para Portugal de algumas das suas produções adequadas a mercados de mão-de-obra intensiva. Em 1977, foi implementada uma nova linha, disjuntores W de 6 a 25 amperes, a que se seguiram interruptores e peças plásticas de precisão. Em 1981, iniciou a produção do teleimpressor T1000. Com mais de três décadas, esta fábrica foi objecto de largos investimentos nos últimos anos, quer para a sua preparação para novos produtos, quer para a optimização de processos de fabrico e de garantia de qualidade. Verificaram-se investimentos para redução do consumo de energia eléctrica, para controlo por vídeo das condutas de galvanoplastia para a rede geral. Instalou-se uma terceira linha de produção totalmente automatizada para aumento da fabricação do novo relé TCR destinado à indústria automóvel. 159 # A modernização do tecido económico e empresarial > Osram A Osram, uma marca tradicional da Siemens, que já teve fábrica em Portugal, assegura a produção de lâmpadas e sistemas para iluminação e suas aplicações. Tem desenvolvido novas tecnologias e soluções em lâmpadas, reforçando a presença na iluminação interior e exterior, apresentando múltiplos materiais de iluminação, acessórios electrónicos e aparelhos de iluminação: por exemplo, em 1999, surgiu a Halopin, a mais pequena lâmpada de halogéneo do mundo. Apresenta quatro grandes áreas de negócio – iluminação geral, automotive (indústria automóvel e sinalização de estradas), acessórios electrónicos e foto-óptica. Em Janeiro de 1999, a Osram e a actual Infineon Technologies AG formaram uma joint-venture na área de semi condutores opto electrónicos, a Osram Opto Semicondutors. Objectivo: desenvolver os semicondutores como fonte de luz, uma nova tecnologia com futuro. Em 2004, passou a comercializar os produtos LED, originários desta sua associada alemã e lançou lâmpadas sem chumbo para o mercado automóvel. PORMENOR DE UMA LÂMPADA DA OSRAM. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 160 ELECTRODOMÉSTICOS SIEMENS. > Bosch and Siemens Home Appliances serviços (assistência técnica e logística), nos planos de negócio, no controlo e identificação de nichos de mercado, posicionando-se como líder na gama alta e Os produtos tradicionalmente inovadores da Sie- média-alta. mens asseguram por si uma dimensão essencial do Entretanto, desenvolveu-se uma nova política comer- mercado de electrodomésticos, enquanto marca for- cial através da parceria da Siemens, S.A. e da BSH te com tradição e com a preocupação de responder (Bosch and Siemens Home Appliances), que tem per- aos novos objectivos dos utilizadores, preocupada mitido abordar diversos segmentos do mercado com com a qualidade e com o design. Mas o mercado dos a articulação de quatro marcas: Siemens, Bosch, Ba- equipamentos domésticos tem sido sujeito a grande lay e Ufesa. Esta parceria, iniciada em 1988, resultou turbulência, obrigando a repensar continuamente as de um contrato de assistência técnica com a Bosch- estratégias de marketing junto do grande público, Siemens Hausgerate GmbH, cujas marcas foram in- em torno do binómio “preço ou qualidade?”. corporadas num único serviço técnico da responsabi- Neste âmbito, a Siemens tem aprofundado a apos- lidade da Siemens, S.A. ta com a Associação dos Agentes Autori- Com sistema de qualidade, os serviços téc- zados e a comercialização de uma linha nicos, que incluem centenas de colabora- exclusiva, ao mesmo tempo que aborda dores e uma logística de meios avançados, canais de vendas não explorados, parti- garantem uma elevada eficiência e proxi- cularmente na construção civil, em que midade com o cliente de electrodomésti- se torna mais viável a oferta de produtos cos. Com uma forte imagem de marca, os encastrados, com soluções de integração electrodomésticos gozam da melhor acei- global. Nesta linha, desenvolveu uma tação junto do público, sendo de destacar grande reorganização dos serviços, em as suas soluções de integração. 1997, com melhorias na qualidade organizacional, no tratamento informático dos 161 # A modernização do tecido económico e empresarial > Fujitsu Siemens Computers informatização do sistema judicial. Ensaiou em 2004 uma nova abordagem ao mercado das tecnologias de Fundada em Outubro de 1999 como joint-venture informação, evoluindo da comercialização de produ- entre a Fujitsu Lda. e a Siemens AG, para a produ- tos simples (PC’s e servidores) para a oferta de solu- ção de uma larga gama de servidores e computado- ções mais complexas (hardware, software e serviços), res pessoais e outras soluções de informática pessoal com plataformas tecnológicas para as áreas de mobi- ou empresarial, com base em recursos conjuntos das lidade e Business Critical Computing. Merecem relevo duas empresas patrocinadoras. A sua marca tem uma os seus fornecimentos no âmbito da Sapo/ADSL, ao forte presença no mercado. A Fujitsu Siemens Com- Ministério da Educação (6000 PC’s e servidores) para puters tem sido fornecedora de projectos nacionais escolas de Lisboa e Vale do Tejo, bem como para a em programas como a “Internet na escola”, o projecto informatização de diversos hospitais. Nónio, liderado pelo Ministério da Educação, ou na EQUIPAMENTOS FUJITSU SIEMENS. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 162 163 # Os desafios do futuro > Os desafios do futuro SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 164 Fazer previsões do futuro é uma tarefa de gestão fun- Em 2001, a empresa lançou o “Pictures of the Futu- damental para qualquer organização que pretenda re”, uma revista semestral que tem como objectivo liderar no século XXI. Numa sociedade que caminha divulgar os resultados obtidos pelas suas equipas nas velozmente para a fragmentação dos modelos sociais áreas de investigação e desenvolvimento, revelando e laborais vigentes, com consequências transversais as grandes tendências tecnológicas relevantes para a à escala global, torna-se imperioso que as empresas empresa e para o mercado. O livro “Horizons 2020” é antecipem as tendências latentes destas alterações. mais um exemplo do esforço da Siemens em pensar o futuro. Esta obra antevê dois cenários sobre como será a sociedade global em 2020 e quais serão as A Siemens tem revelado uma preocupação com o futuro a diversos níveis, organizando equipas de investigação nas suas várias áreas de negócio, potenciando dessa forma o conhecimento como o recurso mais importante da empresa. principais alterações ao actual modo de vida. Neste âmbito, destaque para o patrocínio da Siemens a trabalhos recentes como o de Georg Berner – Management in 20XX – “What will be important in the future – a holistic view”. A mensagem do livro é clara e explícita: pede-se à (s) empresa (s) capacidade de adaptação perante a estagnação dos mercados tradicionais e a emergência dos mercados globais, devendo ter como preocupação central a identificação da procura, focalizada nas necessidades reais do cliente em face das mutações dos padrões de comportamento social. SISTEMA DE CONTROLE DE UMA ESTAÇÃO DE ÁGUA. As inovações tecnológicas têm o seu tempo próprio, alinhado com tendências ou correntes que vêm de trás. Georg Berner apresenta no seu livro uma longa lista dessas orientações em várias áreas, desde a social e política, passando pela economia, meio, clientes e concorrência. Sem qualquer preocupação de exaustividade, registem-se fenómenos de crescimento incontornáveis a diversos níveis: na população mundial e no seu envelhecimento, nos custos de saúde, na consciência global, no terrorismo, na crescente procura de segurança, na formação ao longo da vida e em novas formas de ensino à distância, na instabilidade da carreira profissional, na multiplicação de tarefas, na elevada mobilidade e na mudança de valores. Da mesma forma se verificarão nítidos incrementos na liberalização e na desregulação do comércio, bem como o decréscimo de importância das fronteiras e das distâncias ou da influência da política local. 165 # Os desafios do futuro baseados nos meios electrónicos e nas novas formas FOIL CHIP. de colaboração entre empresas, os serviços crescerão nas indústrias, registando-se ainda uma diminuição do ciclo de vida dos produtos e do intervalo entre as inovações. No jogo da concorrência observar-se-ão processos como a entrada em novos campos de > As múltiplas realidades do século XXI negócio em resultado da comunicação electrónica, a emergência de um mercado global de pequenas e médias empresas, guerras de preços para controlo de Nos campos de actuação da Siemens, as alterações quotas de mercado e o crescimento da importância na procura derivam, essencialmente, do domínio da da marca e da imagem. microelectrónica e suas diversas aplicações. Os seus Estas realidades futuras terão repercussões transver- efeitos serão particularmente visíveis nas novas tec- sais a todas as áreas de negócio da Siemens. A plura- nologias da informação e da comunicação, áreas que lidade de aplicação funcional dos desenvolvimentos nas últimas décadas contribuíram para alterar subs- tecnológicos, que deixarão de estar circunscritos a tancialmente as práticas de trabalho e da vida priva- uma determinada actividade, contribuirá para a re- da, dada a sua capacidade de penetração no merca- dução de custos operacionais e para uma resposta do, a eficiência, velocidade de transmissão e relativo célere às exigências dos mercados. baixo custo dos produtos em referência. A necessidade de preservação do meio ambiente terá grande importância junto da comunidade empresarial global, que se reflectirá na economia dos recursos naturais e na consequente promoção da reciclagem, regulação do fabrico de produtos intermédios e finais, utilização de energias renováveis e no uso de produtos alternativos. A Siemens Portugal preocupa-se pelo seu futuro e nesse sentido reuniu os quadros num exercício de preparação da sua visão para os próximos dez anos, identificando oportunidades de desenvolvimento em todas as suas áreas principais. Como player de referência à escala global, apresentam-se algumas ideias da visão da Siemens sobre o futuro das suas cinco principais áreas de negócio, descobrindo assim quais serão as propostas da empresa para vencer os desafios do amanhã. Por outro lado, a individualização dos estilos de vida, o aumento do consumismo, maiores exigências na qualidade e nos serviços, a Internet como a estrutura fundamental para as comunicações, melhor informação e novos critérios de aquisição serão algumas das características que apresentam forte tendência a acentuar-se do lado dos clientes. Neste quadro tendencial, a economia focalizar-se-á no incremento da produtividade, da automação e na mobilidade dos capitais, prevendo-se uma grande vulnerabilidade dos mercados de stocks face a reacções emocionais. Com o surgimento de novos modelos de comércio CIDADE DO FUTURO. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 166 ETIQUETA ELECTRÓNICA. > Tecnologias da informação e comunicação Tendências gerais como a globalização, o individualismo, a mobilidade e a auto-organização serão decisivas para o futuro das tecnologias de informação e de comunicação. A actual dinâmica dos negócios exige a disponibilidade de informação em tempo real, em qualquer lugar e em qualquer altura, e com continuamente e a encontrarem novas soluções para as necessidades que se avizinham. Com a sociedade já quase totalmente interligada (através de rede fixa, móvel ou cabo), o negócio da conectividade deixará de ter alto valor acrescentado, pelo que, no caso particular dos operadores de telecomunicações crescerá através da criação de novas necessidades nos mais diversos campos: entretenimento e serviços de utilidade doméstica, entre outros. garantias de segurança em todos os processos. Este quadro de actuação continuará a ser a tónica dominante no mundo empresarial, o que obrigará à banalização da comunicação entre os equipamentos do quotidiano. Conceitos como design e emotividade, marcas que reforçam a individualidade do utilizador, serão levados em conta pelos líderes da inovação tecnológica, ao mesmo tempo que as dimensões do lazer e da comunicação poderão convergir em aplicações móveis multifuncionais. Os estilos de vida emergentes serão um factor de pressão sobre as empresas, impelido-as a inovarem Os serviços evoluirão para formatos de simples utilização em ambientes seamless, nos quais as infra-estruturas são transparentes aos olhos do utilizador. 167 # Os desafios do futuro Com os custos do hardware e do byte a descerem, o valor passará na prestação de serviços e no software, elemento central deste processo e do qual se esperam desenvolvimentos como superação de erros e limitações dos ainda existentes, modularização dos packages, aplicações multi-sistema e capacidade de filtrar a informação indesejável. Para responder aos novos estádios de desenvolvimento da idade da informação, os caminhos da tecnologia são múltiplos, desde a miniaturização progressiva do chip, ao desenvolvimento de novos materiais para os semicondutores (que permitem outras performances), assim como uma redução generalizada do custo das soluções. Por exemplo, a tecnologia LED, já usada na área da iluminação, potencia novos desenvolvimentos na produção de circuitos inteligentes. Neste domínio, salientem-se as enormes expectativas colocadas no campo da interligação entre soluções microelectrónicas e sistemas biológicos, dadas SISTEMA DE ANÁLISE REMOTA. as experiências já em curso e os espaços de analogia encontrados entre o corpo humano e a máquina. OS SENSORES SÃO OS SENTIDOS – OLHOS, OUVIDO E NARIZ – DAS MÁQUINAS. Novos sensores e robôs associados aos cinco sentidos são dispositivos de que se esperam grandes novidades para aplicações em áreas tão diversas quanto a electromedicina, a navegação aérea ou as áreas industriais perigosas. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 168 > Energia Por seu turno, a produção descentralizada, para consumos menos intensos e mais localizados, deverá as- O futuro da energia será complexo e dos mais inte- sentar nas pilhas de combustível e geradores eólicos. ressantes a seguir pelas suas consequências do pon- Algumas formas de energia consideradas ultrapassa- to de vista holístico. O recurso às energias tradicio- das renascerão sob outras formas de captação, como nais terá alguma retracção (embora continuando a são os casos da energia eólica e da energia solar. Mui- deter uma posição dominante) e tudo indica que a tas outras fontes de energia são ainda praticamente oferta energética se articulará em torno de um mix desaproveitadas (geotermia, marés...). As energias re- equilibrado entre energias clássicas e energias reno- nováveis ganharão cada vez mais a simpatia do públi- váveis. co (embora já se verifiquem processos de contestação pelo efeito visual das suas instalações), mas terão de ser mais eficientes e competitivas financeiramente. Analisando as tendências económicas e sociais de futuro, surge a convicção de que a produção centralizada de energia terá de recorrer à tecnologia nuclear, cujos níveis de segurança e eficiência terão de ser cada vez mais rigorosos. As centrais de energia baseadas em matéria fóssil prosseguirão a adequação no caminho da compatibilização ambiental, criando-se condições para a progressiva redução de emissões de dióxido de carbono e um aumento de eficiência. Dada a sua eficiência, o gás e as turbinas de vapor continuarão a ser as componentes principais destas centrais. Quanto ao sector do óleo e gás, espera-se que a globalização das redes eléctricas e sua focalização em componentes distribuídos promova a convergência dos processos de geração de energia e os processos baseados em “syngas”, mistura gasosa rica em hidrogénio utilizada na preparação de metanol ou de hidrocarbonetos. PARQUE DE ENERGIA EÓLICA NO MAR. 169 # Os desafios do futuro FUEL CELL. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 170 > Indústria, automação & controlo Tal como se vem notando nas últimas décadas, a automação será a espinha dorsal da engenharia do futuro. Novos materiais permitirão novos tipos de equipamentos para os sistemas mecânicos, que serão cada vez mais pequenos na sua apresentação e estarão equipados com redes de micrelectrónica e componentes afins. A robotização, à medida que se desenvolver a tecnologia dos sensores e o software para imagens e outros sinais, terá aplicação em áreas tão diversas como a indústria, operações militares, acções em áreas perigosas ou em desastres ambientais. Mas a sua utilização será comum a outros domínios do quotidiano, tais como o das actividades domésticas tradicionais (limpeza, por exemplo), a transmissão televisiva, o trabalho hospitalar ou a preparação de alimentos. Três tendências específicas determinarão no futuro os desenvolvimentos na indústria, no comércio, na logística e nos sistemas de edifícios: uma maior penetração das tecnologias de informação e de comunicação nestes sectores; a expansão de redes globais; e a procura por parte dos clientes de produtos à medida. Se a gestão energética e de segurança por automação e controlo remoto é já uma realidade pe- O aparecimento das tecnologias de identificação por rádio frequência (RFID), tecnologia que identifica pessoas sem necessidade de contacto visual, permitirá a integração sem descontinuidades dos sistemas de produção industrial com os processos logísticos e de distribuição. netrante no mercado, há autores que referenciam a produção futura de “roupa inteligente”, através da integração no tecido de um minicomputador, um telemóvel, um sistema de check-up de saúde e um dispositivo com antena que operará os dispositivos para colocar o seu usuário em situação de informação e comunicação. A crescente necessidade de garantia de segurança de pessoas e bens em qualquer situação e local será respondida pelo desenvolvimento já em curso de novas tecnologias de sensores, detectores e leitores wireless e auto-alimentados, associadas às aplicações biométricas existentes. EM CIMA: PRODUÇÃO DE FOIL CHIPS. EM BAIXO: SENSOR DE IMPRESSÃO DIGITAL. 171 # Os desafios do futuro SENSOR INDUSTRIAL. A segurança electrónica e remota (preventiva e cor- energias emergentes exigirão uma resposta adequa- rectiva) tornar-se-á assim, finalmente, um “bem de da da parte das disciplinas de automação e controlo. primeira necessidade” acessível e omnipresente, que Apenas com o desenvolvimento de novas soluções minimizará a necessidade de intervenção humana de controlo e a implementação de medidas cada vez e os consequentes riscos de vítimas, tanto em situ- mais fiáveis e precisas se conseguirá gerir eficiente- ações de terrorismo ou catástrofe quanto em casos mente os recursos e garantir um bom meio ambiente de pequena criminalidade e acidentes, tanto em am- para as gerações vindouras. Todas estas realidades, bientes industriais ou profissionais quanto domésti- quer na indústria, na habitação, no escritório, em es- cos ou individuais. paços públicos ou no meio ambiente, só serão possí- Na continuação de tendência já existente, a integra- veis através do aumento do nível de automatização e ção total da informação nas indústrias de transforma- monitorização dos processos e sequente integração ção será uma realidade tanto verticalmente – desde da informação com outros sistemas que desempe- o mais ínfimo sensor de campo até ao sistema cen- nham funções na cadeia de valor global. tral de gestão da empresa – como a nível horizon- Em paralelo – e comum a todas estas áreas –, assistir- tal, integrando toda a cadeia de valor e produção da -se-á a uma crescente migração de funções que hoje empresa. O desenvolvimento a que se assiste nas são desempenhadas por hardware para software, o tecnologias de informação em geral, muito em par- que permitirá a redução dos ciclos de inovação e de ticular os avanços que se têm registado no campo vida, dos custos de produção e dos prazos de entrega. da tecnologia wireless, traz à área de automação & controlo novas possibilidades que permitirão o estabelecimento de redes de comunicação industriais sem fios, aumentando as funcionalidades de partilha de informação e reduzindo os respectivos custos de instalação, manutenção e operação. Na área dos edifícios e outras infra-estruturas, assistir-se-á à convergência e integração entre as tecnologias de informação com os equipamentos e sistemas de controlo e monitorização de edifícios e de utilização doméstica, através da partilha de uma mesma plataforma de comunicação e informação. Será possível maximizar a funcionalidade integrada da habitação, assim como a eficiência energética numa óptica global. Destaque ainda para a crescente importância que as soluções de identificação por biometria (íris e/ou impressão digital) terão nos ambientes industriais e empresariais do futuro. Também os desafios que se colocarão ao nível da optimização e valorização dos recursos e das novas SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO À DISTÂNCIA. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 172 > Transportes A chave para o aumento de competitividade do transporte público reside na qualidade do serviço prestado O conceito de mobilidade será fundamental na so- e na resposta positiva às expectativas de conforto e ciedade do futuro. Pessoas, negócios e nações serão segurança dos passageiros: sistemas de bilhética sem cada vez mais internacionais, tornando as necessida- contacto, serviços de informação ao passageiro dinâ- des de transporte uma preocupação que ultrapassa micos e em tempo real e a possibilidade de transpor as fronteiras do país. A rede transeuropeia de trans- fronteiras sem necessidade de transbordo entre os portes será um dos maiores desafios que o futuro vários sistemas de transporte são factores críticos coloca, com uma forte tendência de uniformização de sucesso para que o transporte colectivo constitua e integração completa dos sistemas de controlo e se- uma verdadeira alternativa ao modo individual. gurança. A questão da energia nos transportes será também Dinamismo, flexibilidade, ritmo e competitividade um elemento sobre o qual recairá a atenção geral, de determinam o crescimento dos pólos urbanos, o forma a encontrar soluções mais amigáveis em rela- que constitui uma oportunidade e um desafio para ção ao homem e ao ambiente. Neste âmbito, a tec- as empresas. Embora no futuro próximo o automó- nologia de levitação magnética terá a oportunidade vel continue a surgir como a forma predominante de para se generalizar nas ligações dos grandes centros transporte individual, a oferta do transporte público urbanos. será redimensionada, melhorando a sua qualidade O crescimento mundial da circulação de mercadorias e eficiência em função das exigências colectivas da é acompanhado pelo desenvolvimento de sistemas qualidade de vida. totalmente automatizados, sem condutor, com investimentos significativos a serem aplicados no desenvolvimento de produtos telemáticos para apoio às Novos equipamentos e redes assegurarão soluções alternativas ao uso do automóvel, de forma a facilitar a vida em espaços urbanos, que tendencialmente serão mais povoados. TRANSRAPID – TECNOLOGIA DE LEVITAÇÃO MAGNÉTICA. operações de diagnóstico e manutenção remotas das vias de acesso ferroviárias e viárias. IMAGEM DE ALTA TECNOLOGIA. > Saúde O mercado dos cuidados de saúde incorporará cada vez mais as tecnologias de informação e comunicação, facilitando o acesso ergonómico e estruturado aos dados relativos a cada utente, quer nas áreas de diagnóstico, quer nas áreas de terapia. O registo de cada doente, ao emergir rapidamente dos terminais informáticos com um complexo de dados que disponibiliza a sua trajectória em termos de exames, aplicações e resultados, permitirá um tratamento personalizado e de acordo com as suas necessidades Além disso, a medicina beneficiará com os desenvolvimentos da biotecnologia, da descodificação do genoma humano e entrará decididamente na era da informação. específicas. As tecnologias de informação e comunicação repre- Evoluiremos da “Evidence Based Medicine” para a sentarão, em grau crescente, ferramentas decisivas “Information Based Medicine” que, suportada em sis- para os profissionais de saúde, prestadores de saúde temas de gestão clínica periciais, será o apoio essen- e todos quantos se relacionam com o continuum dos cial no ponto de tratamento para os profissionais de cuidados de saúde. Esse enquadramento facilitará saúde e permitirá que se atinjam elevados níveis de inclusivamente um grau crescente de telemedicina e qualidade clínica a custos controlados. Esta é a única uma maior prestação de cuidados médicos domicili- resposta aos grandes desafios da saúde do presente e ários. A interacção das máquinas com o corpo huma- do futuro: processos optimizados suportados por tec- no, por seu lado, conferirá maior fiabilidade à expres- nologias de ponta e profissionais de saúde altamente são dos sinais vitais. diferenciados, que conduzirão a uma medicina preditiva / preventiva individualizada. A descodificação do genoma humano abrirá um novo capítulo. O desenvolvimento de drogas personalizadas para o genotipo do doente, assim como a capa- SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 174 cidade de antecipar qual o efeito do medicamento através do conhecimento do seu metabolismo, vai permitir dosagens adequadas, menores custos, restabelecimentos mais rápidos e maior segurança, eliminando possíveis reacções adversas. Entraremos na era em que a matemática, física, ciências da computação e biologia se cruzarão para permitir prognósticos, diagnósticos e tratamentos ao nível molecular. A informação genética será usada para criar amostras de moléculas específicas do indivíduo para diagnósticos e tratamentos de uma doença também específica. Através de equipamentos de elevada rapidez e resolução, teremos as imagens que apoiam Seremos também confrontados com pílulas inteligentes que administrarão a dosagem correcta da droga, no tempo e local pretendidos. Assistiremos ainda a uma profunda alteração dos cuidados de saúde e dos seus actores, com índices elevadíssimos de tecnologia associados. o diagnóstico. Aparecerão biochips com elevadíssima capacidade de Esta tecnologia estará à disposição de todos em vir- processamento, que permitirão a descodificação de tude da sua facilidade de utilização, tendo como con- genes em segundos. Sofisticados lab-on-a-chip, la- sequência uma diferente mas mais informada relação boratórios integrados num semicondutor e ligados a entre profissionais e utentes e o estabelecimento de monitores transportáveis, permitirão análises rápidas uma verdadeira cultura de prevenção. O bem-estar e e de múltiplos factores, que fornecerão os elemen- vida longa reafirmar-se-ão como o objectivo primeiro tos necessários ao diagnóstico ou para a avaliação do das populações. progresso da terapêutica. A nano tecnologia produzirá micro-robôs e nano máquinas capazes de limpar artérias ou destruir tumores. TÉCNICA BIOMÉTRICA. 175 # Os desafios do futuro > Século XXI: a era do conhecimento No futuro, as tecnologias serão cada vez mais convergentes. Importa sublinhar, porém, a necessidade de esses desenvolvimentos se verificarem de uma forma sustentável, em respeito pelo ambiente e pela humanidade, o que implica uma postura de cidadania responsável, capaz de fazer escolhas e seleccionar os usos da tecnologia. CÉLULA PRODUZIDA DE MATERIAIS ORGÂNICOS. Neste quadro muito geral, o futuro já está nos laboratórios e unidades de pesquisa do presente e do passado, espaços de modelação do futuro, participando a Siemens, nomeadamente em Portugal, dessa construção colectiva na medida em que, com base na sua longa experiência, para além da busca persistente da inovação, apresenta soluções flexíveis e modulares compatíveis com produtos que hão-de chegar na corrida do tempo. E, nesse sentido, promove o conhecimento, chave para o mercado global, na medida em que assegura aos seus colaboradores a aprendizagem, a formação e a integração numa complexa rede internacional de saber. Enquanto antes se dizia que o “segredo é a alma do negócio”, a Siemens em Portugal está já a trabalhar e a viver a era onde a partilha de conhecimento será o grande trunfo impulsionador dos negócios do futuro. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 176 Administradores-delegado do Grupo Siemens em Portugal 1905 | G. Zimnoseck 1962 | Gerhard Pollmann 1910 | Eduard von Almen 1970 | Wolfgang Georg Bühler 1926 | Alfredo Angres 1995 | Carlos de Melo Ribeiro 1932 | Alfred Trenkle Corpos Sociais da Siemens, S.A.R.L. e Siemens, S.A. – 1967 | 2005 (ordem alfabética) Alfredo António de Sousa – Administrador Alfredo Augusto Filipe – Presidente da Assembleia Geral António José Fernandes de Sousa – Administrador Augusto César de Carvalho – Presidente da Assembleia Geral Presidente Honorário da Assembleia Geral Bruno Freund – Administrador Carlos Manuel Pequito de Almeida Sampaio – Administrador Carlos de Melo Ribeiro – Administrador Eckart Stoer – Administrador Fernando Augusto dos Santos Martins – Administrador Filipe Nobre Guedes – Administrador Gerd Tacke – Administrador Gerhard Boernecke – Administrador Gerhard Pollmann – Administrador Hanno Gauger – Administrador Hans Baur – Administrador Hans-Gerd Neglein – Presidente Helmut Wilhelms – Administrador Henrique de Oliveira Constantino – Administrador Herbert Steffen – Presidente João António Morais Leitão – Administrador João Vaz de Araújo Franco – Administrador Jorge Gonçalves Pereira – Presidente José Manuel Capelo Soares da Fonseca – Administrador Klaus Wucherer – Presidente Luís Miguel Couceiro Pizarro Beleza – Administrador Manuel Joaquim Lopes Moura – Administrador Mário Emanuel Herrmann Pais de Sousa – Administrador Paul Dax – Administrador Presidente Paulo Manuel Laje David Ennes – Presidente da Assembleia Geral Rogério Martins – Administrador Volker Erich Müller – Administrador Volker Jung – Presidente Walter Mohr – Administrador Wolfgang Georg Bühler – Administrador Vice-presidente Wolfram O. Martinsen – Presidente 1978 | 1993 1967 | 1978 1990 1979 | 1986 desde 1987 1984 | 1986 desde 1993 desde 1995 1987 1978, 1982 | 1984 1971 | 1973 1967 1976 | 1989 1967 | 1970 1988, 1995 | 1999 1991 | 1992 1975 | 1991 1967 | 1970 1989 | 1994 1998 | 2001 1981 | 1983 1976 | 1999 1972 | 1973 1985 | 1999 desde 2002 desde 1995 desde 2000 desde 2000 1975 | 1978 1974 desde 1987 1967 | 1969 desde 1994 1992 | 1993 1971 | 1975 1971 | 1994 1995 | 1999 1994 | 1997 177 #Historial SIEMENS HISTORIAL SIEMENS As primeiras referências 1876 > Fornecimento de um forno contínuo com regeneração do calor, de origem Siemens, para a indústria vidreira na Marinha Grande. 1885 > Equipamentos Siemens são divulgados e instalados em Portugal por Emílio Biel, consignatário de equipamentos eléctricos. A primeira instalação eléctrica ocorreu nos Armazéns Andersen (Porto). 1895 > Motores Siemens equipam eléctricos da Companhia Carris, no Porto. O arranque oficial com as primeiras instalações 1905 > A Companhia Portuguesa de Electricidade Siemens Schuckertwerke, Lda., percursora da actual Siemens, S.A., inicia as suas actividades em Lisboa, com delegação no Porto. 1913 > Fornecimento de equipamentos para a central hidroeléctrica de Santa Rita (Fafe) e para a central termoeléctrica de Massarelos (Porto). A criação da Siemens, Lda. Companhia de Electricidade 1926 > Instalação de central hidráulica para a fábrica de tecidos de Fafe. 1930 > Fornecimento de cabos eléctricos para a central do Tejo (Sacavém). > Instalação de uma central eléctrica, com 4 motores a gás pobre e alternadores de 150 kWA, quadro de distribuição e rede subterrânea de cabos armados nos Serviços Municipalizados da Póvoa do Varzim. A afirmação: contribuição para a electrificação do país 1934 > Estabelecimento da Siemens, S.A.R.L e passagem das instalações da empresa para a Rua Augusta. > Introdução do negócio de electrodomésticos. 1946 > Electrificação e sinalização da Linha ferroviária de Cascais (25 km de extensão). SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 178 O relançamento da electrificação e o desenvolvimento industrial 1952 > Electrificação e sinalização da Linha ferroviária de Sintra (27 km de extensão). 1955 > Fornecimento de 24 carruagens automotoras para o Metropolitano de Lisboa. 1956 > Electrificação da Linha ferroviária do Norte. Linha com cerca de 330 km de extensão. 1961 > Siemens inicia a comercialização das lâmpadas e lumiares Osram através da aquisição da Enae (Empresa Nacional de Aparelhos Eléctricos). 1962 > Abertura das novas instalações da Sede, na Avenida Almirante Reis, 65, em Lisboa. A produção industrial 1964 > A Siemens inicia a actividade fabril em Portugal, através da aquisição da Motra–Equipamentos Eléctricos, S.A.R.L., produtora de motores e transformadores, antes sob licença Siemens e pertencente à Enae. 1965 > Participação da Siemens, S.A. no projecto hidroeléctrico de Cahora-Bassa. 1969 > Criação de uma nova linha na fábrica do Sabugo para produção de memórias para computadores. 1971 > Arranque da nova Fábrica em Évora, produtora de relés (material de telecomunicações). > A empresa totalizava 1304 trabalhadores nas várias unidades. 1973 > Compra da Indelma – Indústrias Electro-Mecânicas, S.A.R.L., no Seixal, produtora de cablagens para automóveis e quadros eléctricos. Siemens S.A.R.L.: investir em condições adversas 1975 > Presença activa no fornecimento de cablagens e quadros eléctricos, como por exemplo para a central termoeléctrica de Sines. 1976 > Accionista Siemens AG transfere 32’ DM para cobrir a totalidade dos prejuízos acumulados desde Abril de 1974. > Início da produção de aspiradores de pó na fábrica do Sabugo (antiga Motra). 1979 > Instalação da primeira tomografia computorizada na Clínica de Todos-os-Santos em Lisboa. 1980 > Início da produção de televisores a cores na Fábrica do Sabugo (antiga Motra). 1981 > Início da produção de termoventiladores no Sabugo – “o jeitoso”. 1982 > Abertura da delegação de Coimbra, dando apoio e suporte ao negócio das soluções médicas. 1984 > Início da produção das centrais telefónicas EMS, na Fábrica do Sabugo. 179 #Historial SIEMENS A modernização na Europa: investir nas novas tecnologias 1987 > Contrato para substituição da rede telefónica pública por equipamento digital a fornecer pela Siemens, com tecnologia EWSD e entrega da primeira central pública digital em Portugal. > Inauguração da EMPTEL, Fábrica de Centrais Públicas de Comutação Digital. 1988 > Acreditação dos Laboratórios da Fábrica de Transformadores. 1989 > Inauguração da nova Sede “Dois Moinhos”, em Alfragide. 1990 > Assinatura dos contratos com a CP para o fornecimento de 40 unidades quádruplas eléctricas para a linha ferroviária de Sintra e de 30 locomotivas eléctricas. > Assinatura dos contratos com os CTT e os TLP para implementação da primeira rede móvel. > Constituição da ANFEI – Associação Nacional de Formação Electrónica Industrial. > Assinatura do contrato de fornecimento do sistema de manuseamento de carvão e dos painéis de baixa tensão da central termoeléctrica do Ribatejo. 1992 > Constituição da Fábrica do Seixal, Fábrica de Disjuntores e Quadros Eléctricos, e integração na Siemens, S.A. 1994 > A Siemens Nixdorf Informations-System passa a ser integrada na Siemens, S.A. > Abertura das novas instalações da delegação do Norte, no Freixieiro, em Matosinhos. > Assinatura do contrato de fornecimento “chave na mão” da central termoeléctrica de ciclo combinado da Tapada do Outeiro e lançamento da primeira pedra no ano seguinte. > Electrificação da Linha da Beira Alta. > Entrega do Aeroporto de Macau. > Entrada em funcionamento do novo Hospital de Leiria, primeiro projecto “chave na mão” realizado pela Siemens em Portugal na área hospitalar. Rumo à excelência e à inovação, sob o signo da digitalização, do software e da alta tecnologia 1995 > A Siemens, S.A. torna-se a primeira empresa em Portugal a aderir ao Sistema de Ecogestão e Auditoria (EMAS) nas Fábricas de Relés e Indelma. > Entrega à Portugal Telecom da linha EWSD número dois milhões. > Fornecimento de 38 unidades triplas ao Metropolitano de Lisboa (Série ML 95). SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 180 1996 > Assinatura do contrato de fornecimento de centrais EWSD à Cabo Verde Telecom. > Constituição da Siemens Semicondutores, S.A., Vila do Conde, assinatura do contrato de investimento no valor de 560 milhões de euros para a fábrica de backend. A inauguração desta unidade ocorreu dois anos mais tarde. > Os 10 comboios de pendulação activa da CP são equipados com sistemas eléctricos de controlo e tracção Siemens (consórcio Fiat/Siemens). > Início das actividades de R&D na área de transmissão óptica 1997 > Primeira instalação nacional de radiologia digital para o Hospital de Viseu. > Contrato com TV Cabo para fornecimento “chave na mão” da rede CATV. > Arranque do International Training Center (ITC) em telecomunicações. 1998 > Início de actividades da Fábrica Condensadores de Tântalo em Évora e assinatura do contrato com um investimento inicial no valor de 50 milhões de euros. > Participação da Siemens, S.A. na Expo’98, como patrocinadora e fornecedora de equipamentos e serviços com amplo significado tecnológico. Manutenção de edifícios do Oceanário e Centro Cultural de Belém. > Todas as Unidades da Siemens, S.A. certificadas pelas normas da série ISO 9000. > Primeiro contrato com a Vodafone Portugal (Telecel) – Cobertura do Algarve com tecnologia Microwave. > Implementação do novo plano de numeração nacional para a PT. 1999 > Assinatura do contrato para o fornecimento de 38 novas unidades para o Metro de Lisboa. > Assinatura de contrato com a EDP/CCPE para construção de 2 grupos reversíveis 106MVAT para a central da Venda Nova II. > Fornecimento das subestações de tracção da Linha ferroviária do Sul e Sines. > Instalação da primeira solução integrada de sistemas de informação clínica PICIS e de imagiologia digital PACS no Hospital Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada. > Siemens ganha contrato para fornecimento de IP backbone à PT. > Primeiro contrato de managed services empresariais para redes multi vendor (CGD). > Informatização Nacional de Tribunais. 2000 > Assinatura do contrato para o fornecimento de 34 unidades múltiplas eléctricas de nova geração (CP2000) para a CP. > Início de funcionamento da central da Tapada do Outeiro. > Entrega do Aeroporto do Funchal. > Primeira empresa portuguesa a realizar a transição para a nova norma ISO 9001:2000. > Primeiro contrato com a ONI – Rede de Transporte SDH. > Siemens assina contrato com PT para migração da rede PSTN para rede VoIP. 181 #Historial SIEMENS 2001 > Assinatura de novos contratos como o do grupo PT – Portugal Telecom para as redes de Nova Geração, o fornecimento de soluções ADSL e o aprofundamento da liderança no mercado de backbone IP. > Fusão das actividades das Divisões Cerberus e Landis & Staefa na empresa Siemens Building Technologies. > Adjudicação do contrato para fornecer dois grupos de 800Mw para a central de ciclo combinado do Ribatejo e assinatura de contrato para manutenção de longa duração da Central da Tapada do Outeiro. > Transferência de novos produtos (Nxair, NxairM e NxairP) para a Fábrica de Corroios. > Electrificação da Linha ferroviária da Beira Baixa (Mouriscas–Castelo Branco). > Certificação do Sistema de Gestão Ambiental da Siemens, S.A. para as Áreas de Vendas e Serviços pela norma ISO 14001. > Criação do centro de desenvolvimento de microelectrónica digital. > Rede Gigabit da FEUP (maior rede europeia em número de terminações de rede). > Desenvolvimento de Number Portability para redes fixas e móveis para Portugal e outros países. 2002 > Um milhão de telemóveis vendidos. > Projecto “chave na mão” para a nova Fábrica de Cervejas Cintra. > Adjudicação do projecto “chave na mão” para o Metro Sul do Tejo: para além do material circulante a Siemens é ainda responsável pelo fornecimento das infra-estruturas electromecânicas (catenária, subestações, sinalização e telecomunicações). > Conclusão da informatização integral das Urgências do Hospital Santa Maria. > Conclusão do projecto de informatização da rede de balcões dos CTT. > ONI selecciona a Siemens como fornecedor da sua rede DWDM. > PT selecciona a Siemens como fornecedor da rede UMTS (Core and rádio). > Início das actividades de research (pesquisa fundamental) no âmbito das telecomunicações. > Arranque do RNCC Europa 1. > Desenvolvimento do conceito inovativo flexível de User Interface para Telemóveis (primeira solução i9 da TMN). > Criação do centro de desenvolvimento de multimédia a nível mundial. 2003 > Siemens, S.A. reconhecida mundialmente com o primeiro lugar no “Top+ Regions Award”, premiando a sua excelência de gestão e o seus resultados excepcionais. > Criação do Laboratório de Redes Ópticas e de um Centro Mundial de I&D de software para as redes de UMTS e GPRS. > Primeiro PET Siemens instalado no IPO de Lisboa. > Sistema PACS instalado no Hospital Amato Lusitano em Castelo Branco. > A Siemens fornece e entrega à Vodafone Portugal da plataforma / primeira solução de Vídeo Streaming. > Inauguração do laboratório de redes ópticas, pelo Presidente da República Portuguesa. SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 182 2004 > Fornecimento de soluções integradas para nove dos dez estádios de futebol do Euro-2004, incluindo montagem e operação do Terminal de Passageiros ANA/Euro-2004. > Inauguração do Multimédia Lab, empregando em conjunto com o Laboratório de Redes Ópticas mais de mil engenheiros. > Inauguração da central termoeléctrica do Ribatejo e assinatura de contrato de manutenção de longa duração para o grupo 1 e 2 da central do Ribatejo e assinatura de contrato para construção do 3.o grupo da mesma central. > Primeiro PET/CT Biograph 6 instalado no IPO do Porto e primeiro TAC 64 cortes instalado no Hospital de Viana do Castelo. > Contrato de serviços de manutenção dos equipamentos informáticos dos balcões e edifícios centrais do grupo CGD. > Criação da ATEC (antiga ANFEI), uma iniciativa conjunta entre a Autoeuropa, Siemens, Bosch e Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã. > Introdução da aplicação A&D Mall, adquirindo 65% de vendas nesta aplicação. > Obtenção do primeiro contrato de manutenção de Instalações Eléctricas de Energia de Tracção da REFER. > Lançamento do primeiro Relatório de Responsabilidade Corporativa da Siemens, S.A. e respectivo reconhecimento pela revista Exame como uma das 10 empresas com melhores práticas de Responsabilidade Social. > Fornecimento do primeiro armazém automático para a Lactogal. > Criação do centro de desenvolvimento na área de Home Entertainment. > Fornecimento da primeira rede de transporte de 10G existente em Portugal – FCCN. > Siemens foi seleccionada pela PT para lançar a plataforma de Vídeo Móvel. > Mais de um milhão de terminações de rede empresariais implementados. > Formação da Portech, plataforma para a formação de consórcios para a investigação e aplicação de tecnologias emergentes no âmbito do P.Q.E. 183 #Historial SIEMENS 2005 > Realização da Conferência de Imprensa da Siemens AG em Portugal (primeiro evento internacional do Sr. Klaus Kleinfeld, novo CEO da Siemens). > Estabelecimento de parceria com a Gulbenkian para a Biologia Computacional. > Lançamento do E-Domus (plataforma de controlo local e remoto de habitações que permite a gestão da casa sobre banda larga). > Encomenda da primeira passagem de nível ferroviária. > Siemens AG escolhe Portugal para instalar e operar um Shared Accounting Service Center – SACS Lisboa. > Contrato de Manutenção p/ 3000 sistemas de ATM com a SIBS. > Entrega do primeiro Combino para o MST. > Exportação de know-how em sistemas logísticos de aeroportos. > Iniciação em funcionamento da Central Venda Nova II. > Início das actividades no sector da energia eólica. > O IPTM adjudica ao consórcio participado pela Siemens o fornecimento do sistema VTS (Sistema de Controlo de Tráfego Marítimo). > Atribuição do primeiro projecto Europeu Marie Curie. > Abertura do pólo R&D em telecomunicações em Aveiro. > Contratos de outsourcing multi vendor na ONI. > Miolo impresso em papel Artic Silk > Fontes : Siemens Sans_Roman / bold Siemens Sans Black_regular Siemens Serif _ Roman / bold > impresso em Novembro de 2005 s 1905 2005