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100 Anos a projectar o futuro
Portugal 1905 | 2005
Jorge Fernandes Alves
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2005 >
100 anos a projectar o futuro
Portugal 1905 | 2005
edição
Siemens, SA
Rua Irmãos Siemens, 1
2720-093 Amadora – Portugal
tel.: +351 214 178 225 | fax: +351 214 178 051
e-mail: [email protected] | www.siemens100anos.com
coordenação
Siemens Corporate and Marketing Communications
tel.: +351 214 178 225 | e-mail: [email protected] | [email protected]
autor
Jorge Fernandes Alves
investigação e recolha de documentação
Edmundo Lassberg
revisão
Benedita Rolo
fotografias
Arquivo Fotográfico da Siemens;
Arquivo da Câmara Municipal da Marinha Grande (pag. 50);
Diário de Notícias – Centro de Documentação e Informação (pag. 63, 66, 73, 86, 101);
Eduardo Cunha (pag. 147);
Plano Focal - Fotografia Publicitária, Lda.
Fotografias gentilmente cedidas pelo Metropolitano de Lisboa (pag. 64) e pela Autoeuropa (pag. 102).
design gráfico
2&3D Design e Produção, Lda.
www.2e3d.com
pré-impressão
DPI-G – Design, Produção Gráfica e Imagem, Lda.
impressão
Norprint – Artes Gráficas, SA
isbn
972-797-116-4
depósito legal
execução do projecto
Medialivros – Actividades Editoriais, SA
Campo de Santa Clara, 160 C/D
1100-475 Lisboa
tel.: +351 218 855 030 | fax: +351 218 885 167
e-mail: [email protected] | www.edicoesinapa.pt
coordenação da execução do projecto
Vasco Ramirez Pessanha
distribuição
Medialivros – Actividades Editoriais, SA
tel.: +351 218 855 440
FOTO CAPA: TORRE VASCO DA GAMA - EXPO’98.
A SIEMENS PARTICIPOU NA CONSTRUÇÃO DESTE
EVENTO ASSEGU-
RANDO O FORNECIMENTO DA REDE GLOBAL DE TELECOMUNICAÇÕES,
GALERIAS TÉCNICAS SUBTERRÂNEAS, ILUMINAÇÃO EXTERIOR E INTERIOR, EQUIPAMENTOS PARA PAVILHÕES E SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO.
Índice
#4
Nota de abertura
#6
Depoimentos
# 20
No dia-a-dia com... a Siemens
# 28
O universo Siemens
1847 | A criação da Telegraphen Bau-Anstalt Siemens & Halske
1890-1918 | Reorganização e crescimento
1919-1945 | O relançamento
1945-1980 | Siemens AG
Pós-1980 | Desenvolvimento sustentado
# 46
A Siemens em Portugal
1876-1904 | As primeiras referências
1905-1921 | O arranque oficial com as primeiras instalações
1922-1930 | A criação da Siemens, Lda. Companhia de Electricidade
1931-1949 | A afirmação: contribuição para a electrificação do país
1950-1963 | O relançamento da electrificação e o desenvolvimento industrial
1964-1973 | A produção industrial
1974-1984 | Siemens, S.A.R.L.: investir em condições adversas
1985-1994 | A modernização na Europa: investir nas novas tecnologias
1995-2005 | Rumo à excelência e à inovação, sob o signo da digitalização, do software e da alta tecnologia
# 148
A modernização do tecido económico e empresarial
# 162
Os desafios do futuro
# 176
Administradores-delegado do Grupo Siemens em Portugal
Corpos Sociais da Siemens, S.A.R.L. e Siemens, S.A., 1967-2005
# 177
Historial Siemens
Nota d e a b e r t u r a
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 4
5 # Depoimentos
O bem-estar material na sociedade de hoje está em grande
medida ligado à energia eléctrica, a nossa qualidade de vida
é actualmente inimaginável sem a electricidade. A energia
eléctrica é uma componente estrutural do progresso técnico e do desenvolvimento social, e as suas aplicações estendem-se por todos os sectores de actividade. E, contudo, o
uso desta forma de energia é relativamente recente numa
perspectiva histórica, tendo começado há pouco mais de um
século. A Siemens está na origem dessa evolução e desde
muito cedo acompanhou Portugal nos seus primeiros passos
na era moderna.
É motivo de orgulho para a nossa empresa poder festejar
os 100 anos de presença oficial em Portugal, principalmente porque nos encontramos cheios de saúde e com muitos projectos para o futuro. A presença da
Siemens em Portugal caracterizou-se ao longo destes 100 anos por um elevado grau de profissionalismo nos campos da engenharia eléctrica e electrónica e por uma preocupação constante pelos
valores éticos, sociais e humanos da nossa sociedade.
A compreensão profunda dos aspectos essenciais do país aliados à realidade europeia e global em
que nos inserimos permitiu-nos criar condições únicas que se reflectiram num empenho de longo
prazo, que a nossa empresa sempre demonstrou em Portugal. Investimos consequentemente, mesmo nas condições mais adversas, em projectos que muito têm contribuído para a modernização
deste país.
A Siemens em Portugal, com os seus dirigentes e colaboradores, soube evoluir da maneira certa e
apropriada em cada momento da nossa história, tornando-se hoje, com 100 anos, numa das empresas mais modernas nos seus campos de actividade.
Reconhecida nos mercados nacional e internacional, com grandes investimentos nas ciências do
conhecimento e na investigação e desenvolvimento em alta-tecnologia, possui uma das mais avançadas redes de inovação onde alia o trabalho de mais de mil engenheiros portugueses com algumas
dezenas de universidades e instituições nacionais e estrangeiras, na descoberta de novos produtos
e soluções que nos continuarão a ajudar no aumento do bem-estar económico e social de amanhã.
Pelo trabalho profícuo dos que nos antecederam, aos que incansavelmente hoje connosco colaboram, para que os próximos possam continuar este percurso exemplar da Siemens em Portugal, a
todos, o nosso reconhecimento e os nossos Muitos Parabéns por estes magníficos 100 anos.
Carlos de Melo Ribeiro
Presidente do Grupo em Portugal
Administrador-Delegado da Siemens, S.A.
D epoim en tos
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 6
7 # Depoimentos
A celebração de um centenário é sempre um momento
de orgulho para qualquer empresa e a Siemens Portugal junta-se agora ao pequeno grupo de privilegiados.
Ao longo dos últimos 100 anos, temos servido o país,
desempenhando um papel fundamental na modernização das suas infra-estruturas vitais e melhorando a
vida das pessoas.
Após a abertura das nossas delegações em Lisboa e
no Porto, em 1905, o nosso trabalho em todo o país
abrange obras desde a construção da central eléctrica, no Porto, em 1913, e do primeiro metropolitano
em Lisboa, em 1955, até à instalação da primeira central telefónica digital, em 1987, e
ao fornecimento de equipamento para nove estádios do Campeonato Europeu de Futebol, em 2004. Em todas as nossas contribuições para o país, temo-nos orientado pelo
compromisso de fornecer as tecnologias mais inovadoras do mundo, de forma a responder a toda e cada necessidade dos clientes, construir uma presença local sólida e permanente e apoiar a sociedade em geral, como cidadão empresarial de valor e correcto.
Estamos particularmente satisfeitos e gratos pelo facto de a Siemens Portugal ter sido
tão bem sucedida na sua contribuição para um verdadeiro valor acrescentado para a Siemens AG, ao longo de todos estes anos. E com os esforços mais recentes da empresa no
sentido de estabelecer centros globais de competência e inovação, com uma abordagem
mais sistemática ao desenvolvimento de novas ideias, estamos confiantes de que o futuro trará um valor ainda maior – para Portugal e para as nossas operações a nível global.
O nosso agradecimento particular aos muitos clientes leais que construíram e apoiaram
a nossa empresa ao longo destas décadas. E o nosso bem haja também a todos os nossos colegas da Siemens Portugal que tornaram possível a celebração deste aniversário
tão especial.
Heinrich v. Pierer
Presidente do Conselho da Siemens AG
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 8
Os 100 anos de presença da Siemens em
Portugal são um caso ímpar de actividade
continuada de uma grande empresa europeia no tecido industrial português, em
diversas áreas.
A associação da Siemens à economia portuguesa, coincidindo praticamente com
todo o século XX, concretizou-se através
de múltiplos empreendimentos que serviram, muitas vezes, de focos de inovação e
de catalizadores de novas competências para Portugal, ajudando a desenvolver
segmentos importantes e competitivos da base produtiva do país.
Ao longo destes 100 anos, a Siemens desenvolveu-se e tornou-se numa empresa
global e, ao mesmo tempo, foi adequando a sua actuação em Portugal aos desafios crescentes dessa evolução, permitindo e viabilizando actividades competitivas que utilizam recursos naturais de forma eficiente.
O exemplo de anos recentes, com a aposta deliberada e bem-sucedida de desenvolvimento em Portugal de projectos de elevado valor acrescentado, incluindo centros de excelência da Siemens, assentes em recursos humanos altamente
qualificados e visando o mercado global, é merecedor de referência particular.
E dá testemunho de como é possível, em Portugal, criar parcerias virtuosas que
abram caminhos de esperança para a modernização da economia portuguesa,
dentro de sãos princípios de responsabilidade social.
Jorge Sampaio
Presidente da República Portuguesa
9 # Depoimentos
Portugal pode tornar-se um dos países mais competitivos e atractivos para produzir e investir no espaço
europeu. Esta ambição só é realizável através de uma
grande convergência de esforços do Estado, das empresas e dos trabalhadores. Portugal precisa de um Estado
que seja um aliado das boas empresas e lhes crie as
melhores condições para que possam produzir com eficiência. Precisa de empresas que apostem permanentemente na inovação e na melhoria da produtividade e
se afirmem crescentemente no mercado global. E tem
trabalhadores que já demonstraram ser capazes de fazer tão bem como os melhores.
O bom investimento directo estrangeiro tem aqui um papel crucial. Por isso o governo a que
tive a honra de presidir criou os instrumentos necessários à sua captação eficaz. Por isso estabelecemos com as empresas que apostaram em Portugal verdadeiras parcerias em que todos
podem sair a ganhar. O caso da Siemens tem sido exemplar a este propósito.
Esta empresa não se limitou a consolidar nos últimos anos a bem-sucedida presença centenária
em Portugal. Investiu em novos projectos e na inovação. Apostou nos recursos humanos portugueses e na sua qualificação. Demonstrou, na prática, que é possível desenvolver em Portugal
projectos altamente competitivos e ganhadores. Por isso, quero felicitar vivamente a Siemens
por apostar e vencer em Portugal há 100 anos. Felicitar os que conduziram a presença da empresa no nosso país, com especial destaque para Melo Ribeiro e Volker Müller, que protagonizaram os notáveis passos dos anos mais recentes. E deixar uma palavra muito especial para
todos os colaboradores da Siemens em Portugal, que têm sabido demonstrar a sua capacidade
de criar e produzir num ambiente fortemente competitivo.
Este é também um bom exemplo para a Europa, que enfrenta hoje um grande desafio à sua
capacidade de afirmação na economia global.
Bem hajam pelo vosso contributo a Portugal e à Europa.
José Manuel Durão Barroso
Presidente da Comissão Europeia
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 10
As celebrações são sinónimo de sucesso, de vitória, de
história. E a celebração do centenário da Siemens em
Portugal representa tudo isso, constituindo certamente
um grande motivo de orgulho para o país. O momento
aqui assinalado é um reflexo simbólico do que tem sido
a extensa colaboração da Siemens para o nosso desenvolvimento.
O longo percurso trilhado pela empresa desde os primeiros tempos até à actualidade demonstra o rigor e
a competência que têm marcado a sua presença entre
nós. A evidência dos valores e do mérito da Siemens está
patente no sucesso conquistado através da aposta na investigação e inovação, no conhecimento, mas também
na responsabilidade social da empresa, aliás, pioneira
na criação de fundos de pensões para os seus trabalhadores ou na instituição de um regime mínimo
de horas de trabalho, ainda no século XIX.
A gratidão dos portugueses pelo papel que tem desempenhado parece estar retribuído nesta persistência da Siemens em trabalhar com os nossos cidadãos, com o nosso país, e no nosso território, um
reconhecimento que ganha outra relevância quando no mundo globalizado de hoje outros valores
têm falado mais alto no comportamento económico-social das grandes corporações transnacionais.
A Siemens, actualmente com quase meio milhão de trabalhadores em todo o mundo, é um exemplar
notável do espírito empreendedor germânico, que tem deixado o seu nome associado ao bem-estar e
ao desenvolvimento da qualidade de vida das sociedades contemporâneas.
De meados de Oitocentos até ao século XXI, o mundo evoluiu com a Siemens, e assim tem procurado
fazer Portugal, desde que, há mais de 120 anos, se entregaram os primeiros fornos para a emblemática indústria vidreira da Marinha Grande. Desde então, a Siemens tem estado associada a muitos dos
mais importantes empreendimentos conduzidos em Portugal. Do desenvolvimento da rede eléctrica
ao fornecimento de tecnologia inovadora para os Aeroportos de Macau e do Funchal, ou para a Barragem de Cahora-Bassa, à construção da primeira central pública digital, à fábrica de semicondutores ou
à implementação da rede telemóvel. Mas também na rede hospitalar, no Metro de Lisboa, na Expo’98
ou, mais recentemente, no Euro-2004, a Siemens tem oferecido o seu contributo com a qualidade a
que sempre nos habituou.
O que desejo à Siemens é que, não só se mantenha com o mesmo espírito que tem presidido ao seu
crescimento desde o primeiro minuto, mas também que se mantenha entre nós, se possível por outros
100 anos, e sobretudo que sirva de exemplo internacional e possa também, no domínio da responsabilidade das empresas, marcar as suas congéneres com a sua influência tão frequentemente determinante.
António Guterres
Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados
11 # Depoimentos
100 anos da presença da Siemens em Portugal marcam uma
efeméride que deve ser assinalada. Por se tratar de uma empresa,
sempre renovada e em progresso, que tem estado intimamente
associada ao evoluir da vida portuguesa, desde os anos finais da
Monarquia, a I República, a longa Ditadura e, depois do 25 de
Abril, a II República.
Começou, em 1905, como Companhia Portuguesa de Electricidade
Siemens-Schuckert werke, Lda., com actividade em Lisboa e no
Porto. Empresa portuguesa ligada à Alemanha, donde lhe vinha o
know-how e o capital, atravessou as vicissitudes de duas guerras
mundiais, nada fáceis, dada a participação de Portugal na I
Guerra, ao lado dos Aliados, e a posição firmemente antinazi do
povo português, apesar do neutralismo oficial do ditador Salazar,
amigo e homólogo de Franco, Mussolini e de Hitler.
A fundação da Siemens, Lda. como companhia de electricidade fornecedora de equipamentos para centrais de
produção data de 1922, no imediato pós - I Guerra, os anos “loucos”, também em Portugal, do jazz-band e do
primeiro modernismo.
Tomei contacto com a empresa, circunstancialmente, pelo facto de uma amiga minha, Stella Correia Ribeiro,
mulher de Fernando Piteira Santos, grande resistente, ser funcionária da Siemens, nos tempos conturbados da
luta contra Salazar, no fim dos anos cinquenta princípios de sessenta. A Stella fazia-me o elogio do seu posto
de trabalho – um “havre” de pluralismo e de respeito pelos outros, naqueles tempos difíceis – em que ela, o
marido e eu próprio fomos, após Beja, presos pela PIDE.
Muito mais tarde, após a Revolução dos Cravos (Abril de 1974), tomei contacto directo com a Siemens, através
do seu director, Wolfgang Georg Bühler, nos tempos também difíceis, embora muito menos duros, do chamado
“Verão quente”. Portugal tinha – como ainda hoje tem – excelentes relações com a Alemanha Federal, cujos
governos de Willy Brandt e Helmut Schmidt e, depois, de Helmut Kohl tanto nos ajudaram. Ora como houve
perturbações laborais e ameaças na empresa – onde em 1977 chegou a rebentar uma bomba – bateram-me
várias vezes à porta, nas diferentes qualidades de ministro dos Negócios Estrangeiros, de secretário geral do
PS, de primeiro-ministro (1974-1978) e, sobretudo, de amigo da Alemanha. Sempre os tranquilizei quanto ao
futuro e aos grandes investimentos realizados pela Siemens em Portugal.
Com a entrada de Portugal na então CEE, hoje União Europeia (1985), tudo se facilitou e normalizou. A Siemens
conquistou o seu lugar em Portugal, por direito próprio. Julgo que está satisfeita por não se ter deixado
atemorizar no “Verão quente”, como sucedeu então com alguns empresários portugueses. É uma empresa de
excelência e próspera. Muito respeitada.
Espero que se sinta bem num país amigo da Alemanha, parceiro da União e aliado na NATO, como é Portugal.
Que os próximos anos lhe tragam ainda mais prosperidade, progresso e paz, intensificando a boa cooperação
luso--alemã, são os votos sinceros do vosso admirador,
Mário Soares
Presidente da República Portuguesa de 1986 a 1996
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 12
Os 100 anos da presença da Siemens em Portugal são a oportunidade não só para assinalar um caso de grande sucesso empresarial,
mas também para reconhecer o valioso contributo da empresa para o desenvolvimento
e a modernização do país. Não apenas pela
dimensão da produção que realiza, o número
de empregos que cria ou o volume das exportações por que é responsável, mas
muito especialmente pelo exemplo que difunde na sociedade portuguesa em
matéria de inovação, competitividade e criação de valor.
O sucesso da aposta da Siemens na investigação e desenvolvimento, na ligação
às universidades, na qualificação dos recursos humanos e na procura permanente da excelência na sua actividade, tem actuado como um estímulo positivo
para a classe empresarial portuguesa e constituído uma força impulsionadora
da alteração da estrutura produtiva nacional, no sentido do reforço das componentes tecnologicamente mais avançadas.
A presença centenária em Portugal e em permanente crescendo de uma empresa de dimensão mundial como a Siemens deve ser tomada como um indicador
das potencialidades de progresso latentes na sociedade portuguesa, susceptíveis de serem mobilizadas para enfrentar os desafios da mudança e alcançar
patamares de desenvolvimento ao nível de países mais avançados da Europa.
Aníbal Cavaco Silva
Primeiro-Ministro de Portugal de 1985 a 1995
13 # Depoimentos
É com enorme prazer que incluo o meu testemunho no
“Livro de Honra” do Centenário da Siemens em Portugal,
uma das empresas mais emblemáticas do mundo.
É exactamente pelo facto da Siemens ser uma empresa tão reputada que a sua presença em Portugal, agora
já centenária, é tão importante, pois demonstra que o
nosso país tem condições de atracção de investimento
altamente competitivas, nomeadamente graças à qualificação e flexibilidade da nossa força de trabalho e à
nossa posição estratégica para exportação em determinadas zonas do mundo. Só assim se consegue explicar
que, num contexto de reestruturação estratégica do grupo em todo o mundo a
Siemens tenha reforçado as suas actividades de investigação & desenvolvimento, em Portugal.
Nesse âmbito destaco que a Siemens é actualmente responsável pela maior
infra-estrutura laboratorial de hardware de todo o país. Com a intervenção de
excelência em múltiplas áreas, desde os serviços de saúde à energia, passando
pelos transportes e pelas telecomunicações, a Siemens, mais do que um empresa, é um verdadeiro parceiro estratégico de Portugal.
Ademais, como prova da sua contínua aposta no nosso país, a Siemens inicia
agora a implementação de um Cluster nacional de empresas, institutos e universidades ligados à pesquisa, que passa também pela instalação de actividades de I&D directamente nos Campus Universitários. Não tenho a menor dúvida
que esta iniciativa irá trazer muitos e bons frutos para o desenvolvimento sustentado de Portugal como para a melhoria dos resultados do grupo.
Por fim e desejando pelo menos mais 100 anos de actividade no nosso país, deixem-me citar Werner von Siemens: “não venderei o futuro por um lucro a curto
prazo”, para realçar a importância do contributo da Siemens para o afirmar de
Portugal como um país inovador.
Álvaro Barreto
Ministro das Actividades Económicas e do Trabalho de 2004 a 2005
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 14
O papel da inovação no desenvolvimento de um país é
hoje um facto que ninguém contesta. Pessoas, empresas e países estão, em pleno século XXI, envolvidos
num processo de inovação contínuo e exigente que
traz novas soluções de produtos, serviços ou simplesmente processos para a rotina dos dias. O que é uma
excelente mudança de paradigma: a inovação deixou
de ser excepção para passar a ser regra.
Como em todas as revoluções, trata-se de uma mudança estrutural em que os melhores, mais aptos e
também mais perseverantes sairão vencedores. Estes
são adjectivos que assentam de forma ímpar na atitude assumida pela Siemens no mercado português. A sua condição de multinacional não a impediu
de observar, detectar e potenciar as especificidades de Portugal, onde soube construir um território
próprio alicerçado nas estruturas residentes ou no desenvolvimento de novas plataformas. Sempre em
parceria com as entidades nacionais e com uma estratégia convictamente sedimentada na inovação.
Procurar um olhar novo sobre velhos problemas, acreditar numa abordagem diferente a novos desafios ou mesmo projectar soluções para situações que apenas o futuro concretizará é a missão de todos
aqueles cujo trabalho assenta raízes na inovação. Um trabalho silencioso na maior parte dos dias,
porque os sucessos acontecem na sucessão de pequenos passos, de pequenas vitórias, de grande dedicação. Que um dia culmina em grandes passos capazes de mudar a vida de todos nós.
É essa história de inovação, já longa de 100 anos, que este livro retrata. Nas suas páginas, vamos encontrar um roteiro histórico da Siemens no nosso país, mas também uma parte significativa da nossa
história de desenvolvimento e inovação à qual a multinacional trouxe contributos importantes.
É por isso com o maior orgulho que a Portugal Telecom, enquanto maior empresa portuguesa, associa
o seu nome a este percurso pela história económica, social e tecnológica do nosso país, guiada por
um pioneiro da inovação de seu nome Siemens. O sector das comunicações tem conhecido um dinamismo extraordinário. Da digitalização da rede fixa ao lançamento da 3ª Geração Móvel, os desafios
sucedem-se a um ritmo diário e cada vez mais exigente. PT e Siemens têm sido parceiras em múltiplas
iniciativas visando encontrar as melhores respostas a estes desafios e procurando contribuir para o
desenvolvimento do país.
Temos um passado que nos orgulhamos e estamos a trabalhar para que o futuro seja ainda melhor.
Miguel Horta e Costa
Presidente da Comissão Executiva da PT
15 # Depoimentos
Há uma quase contemporaneidade entre o estabelecimento da Siemens em Portugal e o nascimento do negócio
eléctrico nacional.
Entre 1900 e 1909 são outorgadas concessões para as primeiras dezenas de redes de distribuição de electricidade.
Em 1905 a Siemens chega ao país.
Os caminhos que, desde então, as empresas eléctricas e
a Siemens abriram, no seu longuíssimo percurso até aos
dias de hoje, confluíram muitas vezes. Frutuosamente.
Com mais intensidade nas décadas–EDP, as últimas três, a
Siemens está directamente ligada a algumas das realizações mais importantes no sector eléctrico português.
Encontra-se a marca da Siemens na última grande realização do grupo EDP, a internacionalmente premiada
central de ciclo combinado a gás do Ribatejo.
Como se encontra em subestações das redes de transmissão e distribuição de energia, em sistemas de automatização, em centros de gestão e controlo, em comandos e telecomandos de centrais, nas redes de telecomunicações privativas ou que se oferecem ao público através da ONI e, mais recentemente, nos sistemas
de suporte ao trading de energia.
Deste modo, pragmático e eficaz, a Siemens tem contribuído para a nossa continuada modernidade.
A sua permanente pulsão inovadora – na produção de conceitos e, principalmente, de realizações de engenharia – tem proporcionado, tanto ao sector eléctrico como, inquestionavelmente, a outros do tecido
económico português, a possibilidade de acompanhar o passo do progresso internacional.
E isto porque, sendo a Siemens mundial, é também marcadamente portuguesa.
Traz-nos o contributo do mundo mas, simultaneamente, desenvolve capacidades portuguesas. Gera com
elas soluções de excelência e oferece-as, com inusitada frequência, a esse mesmo mundo.
Cresce connosco e faz-nos crescer, a nós e ao país.
No parque do campus empresarial da Siemens, em Carnaxide, crescem algumas árvores plantadas por antigas figuras de referência da EDP.
A existência, perene, dessas árvores simboliza com extrema felicidade a relação que durante estes anos a
EDP e a Siemens foram mantendo.
Utilizando os elementos vitais que o país português oferece, elas cooperam para o seu desenvolvimento e,
desenvolvendo-o tornam-se, elas próprias, maiores e melhores.
Nos próximos 100 anos, espera-se, continuará a ser assim.
João Talone
Presidente Executivo da EDP
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 16
O statement que a Siemens incluiu no seu relatório e contas de
2003 para Portugal reflecte bem a imagem que criou com o seu
percurso ao longo destes 100 anos no mercado português:
“Com uma Gestão Corporativa transparente, parcerias de Excelência, uma administração financeira sólida e um leque de negócios diversificado, continuamos empenhados em acrescentar
valor estratégico a Portugal”.
Ao estar integrada entre os mais prestigiosos grupos europeus,
a Siemens contribui para acrescentar valor estratégico a Portugal em várias vertentes. Pelo dinamismo da sua gestão, por se
ter posicionado como uma empresa tecnológica de excelência,
apostando fortemente na componente I&D, é das poucas entidades que se pode orgulhar de atrair investimento estrangeiro
para Portugal. Foi também das primeiras empresas a ter à frente um CEO português, igualmente razão de orgulho nacional.
Remontam à década de 80 os primeiros passos dados naquela área, na altura com grande vantagem competitiva no seio do grupo alemão. Portugal tinha mão-de-obra barata e com qualidade (engenheiros de telecomunicações). Com a adesão de Portugal à Comunidade Europeia esta vantagem competitiva começou a reduzir-se.
Mas através da contínua aposta em produtos inovadores de elevada qualidade, a filial portuguesa tem conseguido demonstrar à casa-mãe que o nosso país permite um leque diversificado de vantagens competitivas.
Ao posicionar-se como uma empresa de alta tecnologia, tem investido em áreas estratégicas como o desenvolvimento de software para redes ópticas, Internet e redes de telecomunicações. Com o aperfeiçoamento destas
competências veio mais tarde a criar em Portugal um centro de formação internacional de reconhecida qualidade, ao ponto de ter sido fundado um pólo tecnológico na Alemanha com professores portugueses a reportar
directamente ao centro de formação nacional. Muito interessante também o novo centro multimédia.
O seu esforço de inovação e excelência deu também a oportunidade aos seus parceiros de estabelecerem uma
relação de confiança e sucesso.
O grupo Banco Espírito Santo, congratula-se por ter sido pioneiro no estabelecimento de parcerias de longa
data, em várias áreas, com a Siemens.
Juntos construímos os alicerces de parceiras bem-sucedidas, juntos enfrentámos novos desafios, como o euro
(a primeira conta aberta em euros por uma grande empresa multinacional no BES foi a Siemens, em Maio de
1998), juntos modernizámos sistemas, nomeadamente o Electronic Data Interchange.
No novo mundo globalizado, foi com a Siemens Portugal que o BES abriu o seu primeiro balcão virtual “Easy
BES”, o qual oferece condições especiais e inovadoras aos colaboradores das empresas nossas clientes. Ainda,
na sua área de medical solutions (soluções globais para hospitais, para melhoria da qualidade dos serviços de
gestão e controlo de custos), apresenta grande potencial. Nesta matéria, temos o prazer de referir o protocolo
celebrado entre a Siemens e a Espírito Santo Saúde, que tem como objectivo, nomeadamente, concorrer às
parcerias público-privadas.
Assim, é com optimismo que projectamos o futuro das nossas relações sempre reforçadas ao longo destes anos.
Ricardo Espírito Santo Salgado
Presidente da Comissão Executiva do Banco Espírito Santo
17 # Depoimentos
Tenho acompanhado o percurso da Siemens em Portugal
desde o início da minha carreira bancária, no final da década de sessenta. Na altura, o Banco Português do Atlântico, graças à visão de Artur Cupertino de Miranda e ao dinamismo do Dr. Vasco Vieira de Almeida, conquistou uma
importante quota de mercado como banco das empresas
multinacionais que actuavam em Portugal. Era uma tarefa
exigente porque estavam habituadas a trabalhar em mercados financeiros mais evoluídos, não sendo fácil responder às suas expectativas dado que as normas legais e a
prática de redesconto do Banco de Portugal limitavam fortemente a acção dos bancos
comerciais. Era o tempo da bizarra figura dos aceites bancários descontados, os ABD,
em que o Banco simultaneamente aceitava e descontava o papel comercial...
Por isso, as conversas com o recém-chegado Sr. Wolfgang Bühler não eram fáceis e os
pedidos de contra-garantias ou cartas de conforto da casa-mãe faziam perigar a pretendida fidelização de um cliente importante como era a Siemens.
A capacidade da Siemens se adaptar ao mercado português, de incorporar a inovação
tecnológica e de investir fortemente em I&D sempre foram aspectos salientes do percurso da empresa que, no governo, no BESCL e finalmente na Caixa Geral de Depósitos, fui conhecendo e admirando. Como exemplo de integração, recordo o cuidado do
Sr. Bühler em preservar um dos nossos tradicionais moinhos quando construiu a sede
da empresa em Alfragide.
A presença do Prof. Alfredo de Sousa na Administração da Siemens foi também um factor
apreciado, apesar de não ser um negociador benevolente. Tal como a escolha de um CEO
português desde de 1995 mais consolidou a excelente relação com Portugal, como empresa dinâmica, criadora de valor e com elevados padrões de responsabilidade corporativa.
Emílio Rui Vilar
Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 18
Estive durante um quarto de século à frente da Siemens em
Portugal. De 1970 a 1995 e mais cinco anos como vice-presidente do Conselho de Administração. Entrei na Siemens em
1950 e em 2000 conclui um serviço de 50 anos. Um feito raro
hoje em dia.
Antes das tarefas em Portugal já tinha tido o prazer de estar a
trabalhar durante nove anos no Brasil. Os últimos cinco anos
no Brasil chefiei a filial de Belo Horizonte que considerei a minha escola de empresário. Sem ligação telefónica nem telex
tinha de tomar decisões sozinho. Ao chegar em 1970 a Portugal ainda encontrei o país na forma “da velha Senhora”. Para
falar com membros do governo tinha de fazer uma verdadeira
“gincana” entre secretárias, chefes de gabinete até chegar à
autoridade pretendida. A Siemens em 1970 era constituída pela Siemens Companhia de Electricidade, a Motra embrionariamente com a Fábrica de Electrónica do Sabugo e a Fábrica de Relés em Évora. Contámos com
cerca de 800 colaboradores. Já em 1971 admitimos a milésima colaboradora na electrónica do Sabugo.
Em 1974 assistimos à Revolta dos Capitães, em 1976 as empresas do grupo Siemens em Portugal estavam
totalmente falidas. O novo sistema político trouxe à Siemens um acesso mais fácil às autoridades.
Em 1977 explodiu uma bomba no edifício da sede da Siemens na Almirante Reis. Era uma lembrança do
movimento da Bader – Meinhof na Alemanha. Mas a vida continuou e neste mesmo ano podíamos comunicar aos nossos accionistas que todas as unidades voltaram a trabalhar com lucro. Isto por força própria sem
ajuda do Estado português.
Em 1989 a sede mudava para o complexo de “Dois Moinhos”, que brincalhões na Alemanha baptizaram de
“Bühler Höhe” (Monte Bühler).
Passaram rápido estes 25 anos, e tive a felicidade de deixar ao meu sucessor, com a ajuda de uma grande
equipa e do meu colega na Administração e da Direcção, Eng. João de Araújo Franco, um grupo Siemens com
boa penetração no mercado. Herdei um volume de encomendas de DM 37, 5 Mio e deixei o livro cheio com
DM 1400 Mio. Isto foi possível através de penetração em três segmentos do mercado nacional:a comutação
digital; a participação na renaissance da CP; as termoelectricas da nova geração, os ciclos combinados.
Os colaboradores tinham ultrapassado a casa dos 5000.
Confesso que gostei destes 25 anos, ganhei muitos amigos e não queria ter esquecido a experiência vivida
nos anos 1974-1976.
Ao meu sucessor e à Siemens desejo uma continuação cheia de sucesso.
Bem haja
Wolfgang Georg Bühler
Administrador-Delegado da Siemens, S.A. de 1970 a 1995
100 Anos em Por tugal
19 # Depoimentos
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 20
21 # No dia-a-dia com a SIEMENS
OCEANÁRIO – EXPO’98. A SIEMENS PARTICIPOU NA CONSTRUÇÃO DO EVENTO ASSEGURANDO O FORNECIMENTO DA REDE GLOBAL DE TELECOMUNICAÇÕES,
GALERIAS TÉCNICAS SUBTERRÂNEAS, ILUMINAÇÃO EXTERIOR E INTERIOR, EQUIPAMENTOS PARA PAVILHÕES E SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO.
> No dia-a-dia com...
a SIEMENS
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 22
Completam-se 100 anos sobre
a presença da Siemens em
Portugal (1905-2005).
Os efeitos da tecnologia tornam-se imperceptíveis no
decorrer dos dias, naturalizam-se no uso quotidiano,
por efeitos de habituação dos consumidores. Mas todos reconhecemos facilmente que o bem-estar material na sociedade de hoje está, em grande medida, ao
alcance de um interruptor: a qualidade de vida é, ac-
Nos extremos do centenário, a enquadrar a digressão
tualmente, inimaginável sem a electricidade. A ener-
histórica da empresa no nosso país, verifica-se a afir-
gia eléctrica configura-se como uma componente es-
mação de duas vagas de inovação industrial – a da
trutural do progresso técnico e do desenvolvimento
electricidade, no início, e a das tecnologias da infor-
social e as suas aplicações alargam-se a todos os sec-
mação e comunicação na actualidade.
tores de actividade. E, contudo, a fruição desta forma
Acompanhar essa trajectória secular é o objectivo
de energia é relativamente recente na perspectiva
destas páginas. Isso significa identificar o papel activo
histórica, verificando-se há pouco mais de um século.
e crescente de um parceiro de qualidade no processo
Mas, desde então, quase nada de inovador surge sem
de electrificação em Portugal e no aproveitamento
que a electricidade esteja subentendida, enquanto
das suas aplicações, reconhecendo as peculiaridades
base de sustentação e dado adquirido.
de ordem empresarial, nomeadamente a decisiva
Por detrás do gesto simples de accionar o botão,
transferência de tecnologia, através de uma acção
esconde-se a complexidade de um sistema discreto
comercial e industrial.
que só uma tecnologia sofisticada pode sustentar.
Produzir, transportar e distribuir electricidade para
que os consumidores a utilizem ao serviço da ilumina-
A Siemens, com os seus
equipamentos e know-how,
ajudou o país a dotar-se de
uma plataforma energética,
base do desenvolvimento das
tecnologias de informação que
hoje sobressai e no qual tem
uma intervenção significativa.
ção, do aquecimento, da comunicação ou como força
motriz de diversos equipamentos só está ao alcance
de grandes organizações empresariais, capazes de
mobilizarem para esse efeito os factores necessários.
Mas, para que estas empresas possam equipar os sistemas produtores e distribuidores e para que os consumidores possam usar a energia em diversas aplicações, são necessários os fornecedores de tecnologia,
ou seja, os operadores que, dominando a interacção
TELÉGRAFO DE PONTEIRO, PONTO DE PARTIDA PARA A
AVENTURA EMPRESARIAL DE WERNER VON SIEMENS, EM 1847.
23 # No dia-a-dia com a SIEMENS
Tanto nos domínios de alta complexidade como nas
soluções mais simples dos electrodomésticos, a Siemens tem uma forte penetração no mercado global,
e em Portugal marca presença oficial como empresa desde 1905, primeiro através de representação
comercial e desde a década de 60 assegurando instalações industriais . Não surpreende, assim, que os
portugueses se sintam acompanhados com múltiplas
soluções de marca Siemens, umas mais visíveis, outras com maior discrição, umas tradicionais, outras
recentes e inovadoras.
No emergir de algumas dessas evidências, ressaltam
desde logo as telecomunicações, campo historicamente ligado às origens do grupo empresarial (criado
GIGASET E450 - PRIMEIRO TELEFONE SEM FIOS DA SIEMENS
RESISTENTE AO CHOQUE, PÓ E SALPICOS
com a invenção do telégrafo de ponteiro por Werner
von Siemens, em 1847). O gesto, actualmente rotineiro, de ligar o telemóvel inscreve-se numa longa
ciência/técnica, se debruçam sobre a produção inte-
e incisiva cadeia de investigação que a Siemens tem
grada de componentes para os circuitos da energia,
desenvolvido na área da informação e comunicação,
encontrando soluções eléctricas e electrónicas para
partilhando hoje a construção das redes móveis com
as disponibilizar no mercado.
a oferta dos seus equipamentos e soluções, desde o
Um dos maiores fornecedores dessa tecnologia apre-
telemóvel em si às centrais que sustentam a comuni-
senta-se através do nome Siemens, operando tanto a
cação, passando pelas diversas aplicações para ope-
montante como a jusante do ponto de encontro entre
radores móveis e redes empresariais.
a indústria e o público que o interruptor representa.
Marca de referência mundial, a
Siemens, de origem alemã, traz
consigo a espessura de uma
história de mais de 150 anos a
garantir fiabilidade e inovação
em equipamentos eléctricos e
electrónicos.
A investigação assegura à
Siemens, em Portugal,
centros de competência com
capacidade de fornecimento
de tecnologia de ponta a nível
mundial.
PORMENOR DO LABORATÓRIO MULTIMÉDIA.
Pode dizer-se que “nada do que é eléctrico lhe é estranho”, pois a Siemens tem acompanhado ou antecipado os principais desenvolvimentos inerentes à
trajectória da electricidade, desde as primeiras descobertas científicas à sua aplicação prática, criando,
na sequência, produtos diversificados, contribuindo
dessa forma para a melhoria dos padrões de vida no
quotidiano da população.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 24
CENTRO CULTURAL DE BELÉM – A MANUTENÇÃO DO CCB É DA RESPONSABILIDADE DA SIEMENS.
É a continuidade de uma longa aposta da Siemens
Siemens, também presente nos componentes eléc-
na rede fixa e móvel, a qual remonta aos primórdios
tricos dos comboios pendulares ao serviço da CP,
do telefone e tem acompanhado a sua progressiva
nas composições do Metropolitano de Lisboa ou nos
modernização, com destaque para o processo de di-
eléctricos articulados da Carris. O mesmo se verifica
gitalização da rede telefónica, no qual tem sido um
em relação a sistemas de sinalização e segurança in-
parceiro determinante.
dispensáveis à gestão do trânsito ferroviário ou ao
Falemos de transportes. Nas aplicações eléctricas re-
sistema de gestão no domínio da bilhética. Se tra-
lativas a este domínio, a Siemens tem um considerá-
balharmos num escritório ou numa fábrica, as pro-
vel impacte no mercado. Poderemos recordar o facto
babilidades de utilizarmos “tecnologia Siemens” são
de ter sido Werner von Siemens o primeiro a fazer
elevadas: instalações eléctricas, ar condicionado,
deslocar um pequeno comboio sobre carris com trac-
telecomunicações de vário tipo, estruturas informá-
ção eléctrica, no longínquo ano de 1881.
ticas, incluindo computadores, sistemas de organi-
Muitos dos antigos eléctricos de transporte urbano,
zação e informação de dados, segurança das instala-
alguns dos quais ainda circulam em linhas restritas,
ções. A área das soluções industriais é também muito
tinham motores Siemens, quando não eram de sua
vasta, incluindo equipamentos integrados para vários
concepção total. Aos transportes ferroviários, a Sie-
sectores de actividade, ferramentas, sistemas de con-
mens fornecia as suas locomotivas de tracção eléctri-
trolo e automação, instalação de infra-estruturas de
ca, algumas a circularem ainda. Actualmente, viajar
vários tipos. O mesmo acontece quando usufruímos
nos comboios suburbanos da linha de Sintra ou nos
dos equipamentos sociais, como nove dos dez novos
circuitos suburbanos do Porto é utilizar a tecnologia
estádios de futebol ligados ao Euro-2004, o Centro
25 # No dia-a-dia com a SIEMENS
Cultural de Belém ou alguns dos mais emblemáticos
edifícios da EXPO’98. Poderemos mesmo, eventualmente, estar perante soluções “chave na mão”: da
concepção e execução de total responsabilidade da
Siemens.
Se, nos caminhos da vida, precisarmos de tratamento
clínico sofisticado, as soluções de electromedicina da
Siemens são usadas em múltiplas unidades hospitalares, nas funções de diagnóstico, de terapia ou de
suporte de vida. Assim, para além da informatização
e sistemas de gestão, a Siemens, com uma histórica
contribuição no domínio do raio-X, tem proporcionado o apetrechamento de equipamentos inovadores,
tais como os relativos à ressonância magnética, os
SISTEMA BIOGRAPH, EQUIPAMENTO DE IMAGEM MOLECULAR.
TAC, a ecografia, os sistemas de ventilação e monitorização, entre outros.
çamos que a montante das várias aplicações está a
A integração de soluções
é uma das apostas mais
recentes da Siemens,
gradualmente adoptada pelos
principais hospitais e clínicas
portuguesas, em função de
uma racionalidade digital.
produção e distribuição da energia. A Siemens tem
capacidade para instalar os vários tipos de centrais
de produção de energia, da tecnologia mais recente,
bem como todos os equipamentos de transformação
de potência. Está presente, desde os primórdios da
electricidade, em muitas das centrais portuguesas e
suas redes. Entretanto, ganharam relevo as recentes
participações na construção dos grandes projectos
“chave na mão” das centrais de ciclo combinado da
Tapada do Outeiro e do Ribatejo. Das mais variadas
Já não se imagina uma estrutura hospitalar moder-
formas, a Siemens tem contribuído para que, ao ligar-
na sem este tipo de serviços indispensáveis ao salva-
mos o interruptor, a lâmpada acenda ou a máquina
mento de vidas!
funcione.
Entremos no espaço doméstico: não será difícil descobrir evidências da tecnologia Siemens acessível
a todos. Desde logo, na instalação eléctrica, onde
provavelmente se encontrarão componentes Osram
(uma empresa Siemens), desde as lâmpadas a outros acessórios. Nos equipamentos domésticos, as
possibilidades multiplicam-se, dada a larga gama de
produtos que, soltos ou integrados, preenchem a cozinha, a lavandaria ou asseguram a temperatura do
ar. Se a casa estiver apetrechada com sistemas de segurança e alarme, é provável que os equipamentos
sejam Siemens.
Longe de esgotarmos a multiplicidade de referências
tecnológicas oferecidas pela Siemens, não esque-
DRESSMAN, UMA APLICAÇÃO DOMÉSTICA – ROBÔ DE ENGOMAR CAMISAS.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 26
CENTRAL TERMOELECTRICA DE CICLO COMBINADO DO RIBATEJO, NO CARREGADO.
O universo Siemens constitui uma presença afirmativa, assente num percurso consolidado, passando pelos equipamentos, pelos serviços ou pelas soluções
integradas e inovadoras, assegurando à sua tecnologia o reconhecimento de uma parceria de qualidade,
fiável na senda do paradigma da produção em série
e atenta aos padrões de flexibilidade e às rupturas
tecnológicas que marcam a actual sociedade da informação e comunicação.
Na altura em que se assinala
uma presença de 100 anos em
Portugal, o grupo Siemens,
através da Siemens, S.A. e
suas associadas, revela-se
profundamente enraizado
no tecido económico e social
português. Apresenta elevados
níveis de investimento
financeiro e de capital
humano e dedica uma atenção
particular à investigação em
alta tecnologia.
27 # No dia-a-dia com a SIEMENS
Está presente em áreas-chave de desenvolvimento e infra-estruturação, através da acção dos seus
operating groups, tendo assegurada a sua presença
nos principais projectos de modernização com uma
capacidade única de oferta de soluções e serviços
integradores. Mais do que isso, a Siemens é hoje a
principal exportadora de software em Portugal, além
de colocar no mercado externo outros equipamentos
e soluções. Desenvolve práticas de responsabilidade
social e de cidadania corporativa, nomeadamente
através do seu compromisso ambiental, tendo sido a
primeira empresa portuguesa a obter a certificação
de qualidade para unidades industriais. Posiciona-se,
pois, como um protagonista activo na “rede global de
Tendo partido da posição de
uma pequena subsidiária para
colocação de produtos da
Siemens no mercado
português, beneficiando
da sinergia com o grupo, a
Siemens S.A., pelo seu papel
de produtor, investigador e
exportador de soluções de alta
tecnologia, configura-se hoje,
ela própria, como um operador
global.
inovação” da Siemens no mundo.
ARMAZÉM AUTOMÁTICO LACTOGAL – SISTEMAS LOGÍSTICOS INTEGRADOS PELA SIEMENS.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 28
29 # O universo SIEMENS
WERNER VON SIEMENS E A PERSPECTIVA DE DOIS EQUIPAMENTOS ESTRUTURANTES PARA O UNIVERSO SIEMENS: TELÉGRAFO DE PONTEIRO (1847) E DÍNAMO (1866).
> O unive r s o SIEMENS
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 30
Sob o lema “Global network of
innovation”, o grupo Siemens,
de origem alemã, representa
um universo empresarial com
mais de 430 mil colaboradores
e está presente em 190 países,
incluindo Portugal.
colaboradores nesta área, em todo o mundo (cerca
de metade fora da Alemanha), centrados essencialmente nas tecnologias de informação, comunicação
e automação. As soluções desenvolvidas traduzem-se
num grande número de invenções: mais de 8 mil em
2004, tendo sido requerida patente para dois terços,
o que dá a impressionante média de cerca de 20 inovações/dia. As 48 mil patentes registadas em todo o
mundo sugerem a dimensão do efeito de inovação
protagonizado pela Siemens e revelam a sua capaci-
Disponibiliza produtos para todo o mundo, num leque alargado de soluções nas áreas da engenharia
eléctrica, electrónica e alta tecnologia, atingindo
dade competitiva neste domínio.
Como se chegou aqui, na genealogia empresarial do
ser e do fazer?
uma facturação anual próxima dos 80 mil milhões de
euros.
Aplicando verbas consideráveis na Investigação &
Desenvolvimento, a Siemens ocupa mais de 50 mil
1847 > A criação da Telegraphen
Bau-Anstalt Siemens &
Halske
Tudo começou com o estabelecimento, em 1 de Outubro de 1847, de uma pequena oficina, sob a firma
PRIMEIRA OFICINA DA SIEMENS & HALSKE, EM BERLIM.
comercial Telegraphen Bau-Anstalt Siemens & Halske. Werner von Siemens (1816-1892) incorporava
então o exército prussiano, afecto a um grupo de invenções técnicas que discutia a dimensão militar das
comunicações telegráficas. Dos estudos realizados na
condição de militar, retirou os conhecimentos necessários para apurar um telégrafo de ponteiro, o que fez
em 1846, aperfeiçoando o modelo de Weathstone.
O respectivo mecanismo foi inserido numa caixa de
madeira envernizada e latão, seguindo o modelo de
uma caixa de charutos. Verificada a sua funcionalidade, Werner Siemens avançou para a respectiva
produção industrial, com um engenheiro de precisão
(Johann Halske), assegurando o registo de patente.
A primeira encomenda foi a da
linha de telegrafia eléctrica de
Berlim a Frankfurt, a primeira
instalada na Europa continental.
31 # O universo SIEMENS
isolamento de gutta-percha para os fios condutores
de electricidade, uma campainha eléctrica de alarme
para o caminho-de-ferro.
Em 1850, abria uma delegação em Londres, que
passou a constituir uma plataforma para contactos internacionais. Entre 1853-1855, num processo
acelerado pela eclosão da guerra da Crimeia, a Siemens & Halske instalou a rede telegráfica do Império Russo, 10 mil km de fio ligando a Finlândia à
TELÉGRAFO DE PONTEIRO.
Crimeia, além das estações respectivas. Seguiu-se o
contrato para a respectiva manutenção, originando
uma empresa subsidiária na Rússia. Nesses tempos
heróicos dos primórdios da electricidade, a prima-
O sucesso ficou simbolizado pela transmissão ime-
zia assegurava-se com novas invenções, sublinhava
diata para Frankfurt da notícia da eleição do rei Fre-
Werner Siemens. Em 1854, anunciava os circuitos
derico Guilherme IV como imperador alemão, em 28
telegráficos de duplo sentido. Em 1856, inventava a
de Março de 1849. Embora rejeitasse a nomeação,
armadura em H para o magneto a usar no telégra-
ficando o império adiado, o rei aprovou o novo meio
fo, cuja patente registava como gerador eléctrico.
de comunicação. Com novas encomendas, Werner
Em 1858, a subsidiária de Londres tornava-se autó-
von Siemens desligou-se do exército e entregou-se
noma, sob a firma Siemens, Halske & Co., incluindo
por completo à sua empresa.
uma participação da Newall & Co., uma empresa in-
Entretanto, a empresa criava novas aplicações: um
glesa de cabos submarinos, nova área de exploração.
aparelho na área da neuroterapia, um processo de
Em 1863, implantaram uma fábrica própria de cabos
EQUIPA DE MONTAGEM DE UM CABO TELEGRÁFICO SUBMARINO.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 32
como gerador de corrente. Representava um salto revolucionário, abrindo perspectivas à produção contínua de uma energia até então submetida ao processo
de pilhas, que se revelava susceptível de distribuição
em larga escala e de inúmeras aplicações. Era o culminar de uma procura que outros investigadores do
sector perseguiam.
Em 1872, Hefner-Alteneck, engenheiro-chefe da Siemens, envolveu o dínamo numa armadura em forma
de tambor, isolando-o, transformando-o numa máquina que se podia movimentar. Em Junho de 1872
DÍNAMO ELECTROMAGNÉTICO DESENVOLVIDO
POR WERNER VON SIEMENS (1866).
era vendido o primeiro exemplar, e em 1873 era exibido na Exposição Universal de Viena. Em 1875, já a
Siemens & Halske articulava vários tipos de dínamo
e a comercialização crescia: venderam-se 91 no ano
submarinos em Wolwich, junto ao Tamisa, adquirin-
de 1877, e 271 e 351, respectivamente, nos anos se-
do depois uma mina de cobre no Cáucaso (1864).
guintes.
Duas operações das empresas Siemens tornaram-se
emblemáticas neste contexto. Uma foi a linha telegráfica indo-europeia, com ligação Londres-Calcutá,
objectivo imperial dos ingleses: iniciada em 1868, em
três secções diferentes, foi concluída em 1870, ele-
O princípio fundamental para
a geração de electricidade
estava descoberto.
vando a reputação internacional da Siemens. Outra
foi o lançamento de um novo cabo submarino directo
da Irlanda aos Estados Unidos (1874-1875). Em me-
Outras aplicações surgiriam, originando novos cam-
nor escala, a Siemens continuou depois este tipo de
pos de negócio: a iluminação, os motores eléctricos
instalações (60 mil km de cabo até 1914).
para usos industriais e domésticos, e as centrais de
Paralelamente, corriam outros desenvolvimentos na
produção. Sublinhe-se que a primeira central hidro-
electricidade.
eléctrica do mundo, criada na margem do rio Wey
(Inglaterra), em 1881, foi equipada com um dínamo
Siemens. Mas a Siemens & Halske rapidamente apre-
Em 1866, o próprio Werner von
Siemens anunciava um modelo
de dínamo electro-magnético,
na sequência dos estudos
sobre o seu magneto em H.
sentava outras aplicações, evidenciando o seu papel
de construtor da engenharia eléctrica:
• 1878, Hefner-Alteneck criava a lâmpada de arco diferencial;
• 1879, a Siemens fazia circular sobre carris circulares
de 300 metros um pequeno veículo, capaz de transportar passageiros, tendo como elemento propulsor
a ligação a cabos eléctricos; pela mesma altura, asse-
Registou a respectiva patente na Alemanha e Ingla-
gurava a iluminação eléctrica de uma rua em Berlim;
terra e apresentou-o na Exposição Universal de Paris,
• 1880, a empresa instalava o seu primeiro elevador
em 1867. O princípio do dínamo ou gerador era o
eléctrico, em Manheim;
de transformar energia mecânica em energia eléctri-
• 1882, construía o seu primeiro tramway, insta-
ca. Depois de aperfeiçoado, o dínamo era um equi-
lando-o em Lichterfelde, num percurso de 2,5 km,
pamento reversível, pois funcionava como motor e
atingindo a velocidade de 20 km/hora; electrificava
33 # O universo SIEMENS
uma locomotiva em serviço nas minas de carvão (Saxónia); e instalava a primeira fábrica de lâmpadas na
Alemanha com filamento de carbono (em 1905, desenvolveria o filamento de tântalo);
• 1885, erguia a sua primeira central produtora de
energia eléctrica a carvão.
Nas telecomunicações também havia desenvolvimentos: emergia o telefone, a rivalizar com o telégrafo.
Mas a Siemens & Halske estava atenta aos desenvolvimentos tecnológicos no mundo, produzindo telefones desde 1877. Em 1881, instalava a primeira ligação em Berlim e, em 1884, adquiria licença a Edison e
registava a patente na Alemanha para o cabo coaxial
a usar nas linhas telefónicas. Abria-se uma nova área
de aplicações com largos horizontes.
LOCOMOTIVA MOVIDA A ELECTRICIDADE.
PRIMEIRO ELÉCTRICO A CIRCULAR EM CARRIS (1879).
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 34
gava as suas operações às várias nações danubianas
do Império Austríaco.
WERNER VON SIEMENS.
Preocupado com a formação científica na electricidade, foi um dos fundadores da Sociedade de Engenharia Eléctrica, organismo que lutou pela introdução
A Siemens participou na
tecnologia do telefone,
construindo os seus próprios
aparelhos e procedendo às
primeiras instalações, trazendo a
inovação para uma área em que
já ocupava um lugar de topo,
através do telégrafo.
desta área nas universidades. A reputação nacional
e internacional de Werner von Siemens, pelo seu
papel na promoção da electricidade, mereceu-lhe a
nobilitação (passou a usar o elemento von). Ao nível
empresarial, Werner von Siemens deixava, ao partir,
uma matriz fundamental para o desenvolvimento do
grupo Siemens:
• a assunção de um papel visionário para a empresa,
mediadora entre a ciência e o público, vocacionando-a para a produção a partir do conhecimento de
última vaga, de forma a que o consumidor usufruísse
Fiel à dimensão internacional dos negócios da elec-
rapidamente das vantagens do progresso;
tricidade, Werner von Siemens estabelecia novas
• a definição de um espírito de iniciativa de nível
empresas subsidiárias no estrangeiro, com destaque
internacional, alargando desde o início a sua ac-
para a de Viena de Áustria, em 1879. Quatro anos de-
ção ao estrangeiro e envolvendo-se em operações
pois, esta unidade garantia produção própria e alar-
transnacionais.
GRAVURA CONDENSANDO IMAGENS DO UNIVERSO INDUSTRIAL DA SIEMENS NOS FINAIS DO SÉCULO XIX.
35 # O universo SIEMENS
INTERIOR DE UMA FÁBRICA DA SIEMENS.
1890-1918 > Reorganização e
crescimento
Nos finais do século XIX, os programas de electrificação do governo alemão criaram um maior mercado
para equipamentos eléctricos. Mas a Siemens também mostrava o seu potencial noutras áreas no mercado externo: em Maio de 1896, concluía a linha do
metro, em Budapeste, Hungria, a primeira do continente europeu. No ano seguinte, organizava a produção de carros eléctricos para os transportes urbanos.
No campo da electromedicina, a Siemens acompanhava as descobertas relativas ao raio-X e desenvolvia os seus primeiros aparelhos em 1895.
Entretanto, a proliferação de empresas no sector
eléctrico e o exacerbar da concorrência, numa conjuntura de recessão internacional, promoviam fenómenos de concentração. Neste quadro, a Siemens &
Halske procedeu a uma reorganização interna, assumindo, em 1897, o estatuto de sociedade anónima,
superando a fase de empresa familiar. Concentrou
geograficamente a organização, construindo um
complexo, situado entre Spandau e Charlottenburg,
agregando as áreas de produção, serviços, blocos de
Locomotivas de alta
velocidade, com tracção
eléctrica, passaram a ser
também uma oferta da
Siemens para os sistemas
ferroviários.
apartamentos e infra-estruturas sociais, que ficou
conhecido como Siemensstadt.
Em 1903, adquiriu a Schuckert, empresa de instalações eléctricas, em Nuremberga. Passando a
Siemens-Schuckert Werke GmbH, esta ficou com
a produção de equipamentos de iluminação, geradores, motores e transformadores, aplicações
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 36
TRAMWAY (ELECTRICO) EM CIRCULAÇÃO.
industriais e domésticas (caso de um aspirador
pelo vácuo, em 1906). Em 1908, a Siemens-Schuckert adquiriu uma fábrica de automóveis, designada Protos, inserindo-se nesta área de produção
(nos anos 20, esta produção cessou e a marca Protos foi usada em aplicações de âmbito doméstico).
O crescimento fez-se também
com a instalação de novas
unidades industriais ou
delegações comerciais no
exterior.
Em 1913, a Siemens & Halske estabelecia uma
joint-venture com a AEG, criando a Telefunken
para o campo da rádio, então em afirmação.
Em vésperas da Primeira Guerra Mundial, a Siemens
tinha 168 estabelecimentos subsidiários no estrangeiro, instalados em 49 países.
FÁBRICA DE AUTOMÓVEIS PROTOS, NOS INÍCIOS DO SÉCULO XX, ADQUIRIDA PELA SIEMENS.
37 # O universo SIEMENS
diagnóstico e terapêutica no campo da radiologia,
equipamentos determinantes na modernização dos
serviços de saúde; em 1927, deu-se a aquisição da
fábrica de turbinas Müllheim; em 1928, em sociedade com a AEG, surgiu a Klangfilm GmbH, para equipamentos de som, rádio e cinema.
No pós-guerra, rapidamente a tecnologia Siemens foi
solicitada pelo mercado externo. Até da União Soviética chegou, em 1919, o contrato para a construção
da grande central hidroeléctrica de Dneprostroi, tanto
mais interessante quanto Lenine confidenciava que o
comunismo era “poder soviético mais electrificação”.
LÂMPADA INCANDESCENTE.
Em 1920, chegava o contrato para a electrificação da
Irlanda, com base na hidroelectricidade. Em 1923,
a Siemens estabelecia uma parceria no Japão para
a produção local de equipamentos eléctricos (Fusi
1919-1945 > O relançamento
Denki Seizo KK). E, em 1924, assinava um acordo
com a Westinghouse (Pittsburgh, USA) para a troca
A Grande Guerra traduziu-se para a Siemens em
elevados prejuízos, nomeadamente pela perda das
delegações estrangeiras e de patentes. As preocupações imediatas traduziram-se em consolidar as
empresas alemãs do grupo e concentrar todo o esforço na engenharia eléctrica. Prosseguiu a política
mútua de patentes. Eis apenas alguns exemplos.
Na área da produção de energia, os equipamentos
ganhavam dimensão, ajustando-se a empreendimentos cada vez mais gigantescos, em resposta à
massificação dos consumos. A tecnologia Siemens
intensificou-se nos transportes: as locomotivas
de investigação, centrada sobre temas como os materiais aplicados, a electroacústica, os ultra-sons ou o
campo óptico, abrindo para o efeito um laboratório
sofisticado (1920).
Em 1919, foi criada uma
joint--venture, com outras
companhias produtoras, para
a produção de lâmpadas com
filamento de tungsténio que
deu origem à Osram GmbH
(Osmium + Wolfram> Osram).
E os anos seguintes são de constituição ou aquisição
de outras empresas, algumas em associação, vocacionadas para diferentes áreas. Sublinhem-se algumas das novas entidades: em 1925, surge a parceria
com a Reiniger-Veifa, vocacionada para aparelhos de
CENTRAL ELÉCTRICA.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 38
PUBLICIDADE A MÁQUINA DE LAVAR (1928) E MÁQUINA DE COSTURA (1937).
Siemens E 44 tornaram-se um símbolo de qualidade e velocidade, enquanto os sistemas de sinalização eléctrica se vulgarizavam nas redes ferroviárias.
Surge também a sinalização eléctrica para as ruas
urbanas com grande trânsito automóvel (primeira
instalação em 1926, na Potsdamer Platz, Berlim).
A Siemens apresentou
equipamentos para
embarcações marítimas e
aviões: o piloto automático
na aviação, garantia de maior
segurança, é comercializado
com base numa patente
adquirida a Johann Boykov.
Nas telecomunicações, os
cabos coaxiais, podendo
transmitir simultaneamente
200 chamadas telefónicas e
um canal de televisão, são
comercializados a partir de
1934.
Num sinal dos novos padrões de consumo, a expressão mais popular da actividade da Siemens chegou
com os electrodomésticos. Equipamentos fabricados
em série e a preço acessível passam a inundar os lares, à medida que as casas têm acesso à electricidade,
facilitando a vida doméstica, a emancipação feminina e a higiene familiar. O aspirador Protos, apresentado em 1924, tornou-se um ícone dos anos 20, ao
39 # O universo SIEMENS
mecanizar a tarefa da limpeza, sendo acompanhado
Perante a concorrência, a Siemens desenvolveu ac-
por outros electrodomésticos: fogão, máquinas de
tos de qualificação dos produtos e respectiva infor-
lavar roupa, máquinas de lavar louça, ferros de en-
mação, criando um departamento para a literatura
gomar, máquinas de costura, numa diversidade de
técnica que passou a acompanhar os equipamentos,
contributos para facilitar e diminuir a lida da dona de
operação indispensável para normalizar a indicação
casa, deixando mais tempo livre para o usufruto do
de procedimentos à multiplicidade de representantes
lazer, como ouvir música em gira-discos ou na rádio,
e consumidores. A marca Siemens afirma aqui toda a
ver cinema ou televisão, áreas em que a tecnologia
sua importância, exprimindo a síntese de um conjun-
Siemens também se aplica. Inicialmente vistos como
to de características que o público reconhece como
produtos de luxo para grupos de elite ou empresas,
positivas, transformando-se, só por si, num guia para
tais como hotéis ou restaurantes, os electrodomés-
o consumidor.
ticos rapidamente se transformaram em utilitários
Em vésperas da Segunda Guerra Mundial, o grupo
para as classes médias.
Siemens acolhia 26 mil empregados.
Apresentava uma grande dispersão geográfica nesta
segunda fase de internacionalização: 200 subsidiá-
A publicidade desempenhou
um papel decisivo,
estimulando a procura,
valorizando-se a forma e a
acutilância da mensagem
integradora do consumidor em
novos estatutos sociais.
rias, das quais 109 na Europa, 13 em África, 27 na
América do Sul e Central, 33 na Ásia, 10 na Austrália
e 3 nos Estados Unidos.
No decurso da guerra, vastas áreas do Siemensstadt
ficaram em ruínas por acção dos bombardeamentos
das forças aliadas. Retiradas estratégicas de alguns
sectores de produção para fora da área de Berlim ajudaram a minorar as perdas. Mas no final do conflito, o
grupo Siemens estava reduzido a um quinto dos seus
activos iniciais.
SIEMENSTADT: O COMPLEXO FABRIL EM BERLIM (QUADRO A ÓLEO).
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 40
1945-1980 > Siemens AG
1945: instalações e arquivos destruídos, perdas de
Mas só nos anos 50 se verificou a recuperação, com
patentes e direitos de comercialização. A história
o contributo do Plano Marshall, dispositivo dinami-
repetia-se, era preciso arrancar quase de novo. Al-
zador da economia e da cooperação europeia. A re-
gumas unidades faziam, no imediato, reparações,
construção trouxe novas encomendas para o sistema
inventários, produziam equipamentos simples para
ferroviário, para as telecomunicações e para o forne-
tempos de dificuldades, como panelas ou fritadeiras
cimento de equipamentos industriais. A economia
eléctricas. Por outro lado, a Alemanha era território
social de mercado adoptada pelo governo federal,
ocupado. Era preciso encontrar novos espaços para
visando a prosperidade para todos e baseada na li-
as instalações industriais, a decidir no decorrer da
vre-concorrência, fez o resto: a década de 1950 ficou
evolução política e dos movimentos de ocupação.
conhecida como o “milagre alemão”, dado o nível
O caminho foi a deslocação para Oeste, em sintonia
de crescimento atingido. As melhorias de condições
com a criação da República Federal da Alemanha:
de vida encarregaram-se de estimular a procura de
em 1949, a sede da Siemens & Halske era instalada
electrodomésticos. A tecnologia Siemens voltou a
em Munique e a da Siemens-Schuckert Werke em
ser solicitada do estrangeiro para grandes projectos
Erlangen.
energéticos (central eléctrica na Argentina, rede de
telecomunicações na Arábia Saudita). Retomaram-se
contactos anteriores com parceiros nos Estados Uni-
Em 1946, chegaram as
primeiras encomendas
públicas do pós-guerra
para o caminho-de-ferro.
dos e Japão. Com a assinatura, em 1957, do Tratado
de Roma, chegava o Mercado Comum, de que a Alemanha Federal era um parceiro fundador.
Em 1949, a Siemens tinha adquirido uma empresa
falida, a Zuse KG, fundada por Konrad Zuse, inven
ASSINATURA DO TRATADO DE ROMA (FOTO ARQUIVO DN).
41 # O universo SIEMENS
tor do computador (1941). Em 1954, a Siemens
decidia entrar no campo da informação tecnológica,
produzindo os seus próprios computadores. Em
1956, testava o seu primeiro protótipo, o Siemens
2002, iniciando a produção em série no final desse
ano, quebrando assim um exclusivo mundial.
Entretanto, a crescente complexidade das relações
económicas, em que todos os dias se pedem novas
soluções e se procuram novos tipos de respostas,
aconselhou formas de gestão diferentes das tradicionais, levando a que o grupo Siemens recriasse a sua
própria configuração, de forma a torná-la mais ágil
e flexível. Decidiu-se, então, pela existência de uma
só companhia, enquanto centro de racionalidade e
de gestão de recursos e capacidades, pondo termo a
companhias autónomas.
COMPLEXO SISTEMA DE ILUMINAÇÃO.
Assim, desde 1966, as três
empresas do grupo – Siemens &
Halske AG, Siemens-Schuckert
Werke AG e Siemens Reiniger
Werke AG – deram lugar a uma
só – a Siemens AG.
A Siemens AG, enquanto centro de decisão, promoveu
uma nova estrutura organizacional do grupo em 1970,
baseada em seis grupos ou áreas de negócio (componentes, sistemas de dados, energia, instalações eléctricas, engenharia médica e telecomunicações) no
campo da engenharia eléctrica e electrónica, mas com
mais capacidade para eliminar desfasamentos e optimizar sinergias entre as unidades produtivas e comerciais do grupo. A Siemens AG chamou a si a responsabilidade pelas “core activities”, antes repartidas pelas
várias empresas, com relativa independência entre si.
Neste sentido, os objectivos
explicitados para a
reorganização eram vários:
continuar a assegurar o
sucesso perante as novas
condições de mercado,
ganhar maior capacidade
de acção e de reacção,
obter mais capacidade
estratégica e flexibilidade no
planeamento das políticas
comerciais e promover maior
responsabilidade empresarial,
eliminando “gaps” entre as
várias unidades de produção e
os objectivos globais.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 42
Pós 1980 > Desenvolvimento
sustentado
equipamento electrónico. E sublinhe-se que, independentemente dos progressos norte-americanos
neste domínio, a Siemens atingira, já em 1953, ní-
Os princípios deste processo de reestruturação man-
veis elevados de pureza da sílica, indispensáveis para
tiveram-se dinâmicos até 1989, altura em que se ve-
os circuitos integrados, registando a patente para o
rificou um novo reajustamento, de forma a conside-
método de tratamento dos cristais. Estas aquisições
rar em cada unidade de negócio entidades de menor
foram fundamentais para o domínio da microelectró-
dimensão, no sentido de capacitar a empresa para
nica pela Siemens, cujos objectivos ganharam nitidez
respostas rápidas e eficazes à mudança tecnológica
com o desenvolvimento do então designado “Mega
e às necessidades de um mercado que, cada dia, se
Projecto”, estabelecido em 1983, visando a produção
afasta mais do modelo de Ford e da produção em sé-
de chips de memória, assumindo a Siemens a alta
rie, os quais são substituídos por soluções flexíveis,
tecnologia como finalidade empresarial, em aliança
com produtos de grande especialização. O programa
com outros parceiros (a Siemens Nixdorf Informa-
interno top (time-optimized processes), lançado a ní-
tions-Systeme AG foi criada em 1990, a que outras
vel de todo o grupo em 1993, concretiza aplicações
parcerias se seguiram) ou através da incorporação de
no sentido de atingir objectivos de produtividade,
outras empresas em várias partes do mundo.
inovação, crescimento e promoção de cultura cor-
A convergência entre informação e comunicação ori-
porativa. O novo quadro de acção empresarial exigiu
ginou produtos com múltiplas funções integradas,
ainda o lançamento de novas estratégias que passam
emergindo o campo multimédia, no qual a Siemens
pela criação de redes e pelo lançamento de parcerias
tem apostado cada vez mais, sem esquecer as suas
fortes e eficazes para operar num mercado global, tal
produções tradicionais e respectiva adaptação tecno-
como se reconheceu através de novas reformulações
lógica aos novos tempos. Esse universo multimédia
organizacionais em 1997.
implicou o ajustamento ao nível das telecomunicações, tendo levado à procura de novos materiais, de
novas propriedades. O satélite de comunicações, a fi-
Subjacente a estas alterações,
a microelectrónica revelava-se
como o novo “cacho de
inovações” que arrastaria
consigo um novo ciclo longo
de crescimento económico,
afirmando-se como a nova
dimensão da tecnologia.
Desde a década de 1960 que se sentia uma revolução nos equipamentos electrónicos e nas fórmulas
da sua produção: as tendências mais notórias eram
a progressiva redução de volume, a multiplicação
de funções integradas e a redução dos consumos de
energia, características que se têm aprofundado nos
últimos anos, permitindo a massificação. Graças aos
semicondutores de sílica, a miniaturização tornou-se
um processo irreversível, passando a integrar todo o
bra óptica, a rede digital, a rede móvel e as suas múltiplas aplicações fazem parte das inovações que avas-
SOLUÇÃO COM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA EDIFÍCIOS.
43 # O universo SIEMENS
salam o mundo actual, criando uma nova economia,
cuja inovação tecnológica avança tão rapidamente
que se esgota em curtos ciclos de cinco anos. Nesta
vaga avassaladora de inovações que percorre o mundo da microelectrónica, assinala-se, por exemplo, a
produção, pela Siemens, do primeiro semicondutor
para infravermelhos, em 1996, que teve inúmeras
PLATAFORMA INTEGRADA PARA INDÚSTRIA.
utilizações.
Se as telecomunicações se revelam actualmente
como o sector de maior crescimento, as áreas da produção tradicional também incorporam a microelectrónica, surgindo novas plataformas tecnológicas na
energia, nas máquinas-ferramentas, nos transportes,
na electromedicina, com o mundo da comunicação e
informação a tornar-se estruturante nestes domínios,
exigindo apostas crescentes no software.
Daí que o grupo Siemens canalize mais de 55% dos
seus investimentos em I&D (5,1 mil milhões de euros
em 2004) nas tecnologias de informação e comunicação e de automação e controlo.
VELARO – COMBOIO ALTA VELOCIDADE.
Comboios de alta velocidade,
equipamentos de segurança e
de comunicações que já estão
a moldar a cidade do futuro, a
produção de energia por
células de combustível ou a
nova geração de equipamentos
médicos de diagnóstico são
exemplos de campos de
aplicações que incorporam
já as novas dimensões
tecnológicas e fazem parte
de um quotidiano em que a
Siemens tem desempenhado
um papel determinante na sua
modelação.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 44
Como prova deste envolvimento à escala internacional, destaque para um conjunto de trabalhos cuja
dimensão e impacte projectam a empresa como referência na construção e implementação de soluções
integradas. Para os Jogos Olímpicos de Atenas, realizados em 2004, a Siemens concebeu e implementou
soluções em diversos sectores-chave para o sucesso
do evento, com particular destaque para o sistema
de segurança, um dos maiores e mais exigentes do
mundo, que ligou em rede a polícia, os bombeiros
e diversos ministérios gregos. A participação da Siemens nos Jogos Olímpicos de 2004 abrangeu ainda a
instalação do Call Center para informação e coordenação do corpo de voluntários, a expansão da rede
de telecomunicações nacional e o fornecimento de
equipamento hospitalar e de material rolante para
o metropolitano de Atenas. Na área da construção
e automação de edifícios, a empresa participou em
mais de 20 projectos para os estádios que acolheram
as provas.
As autoridades do novo aeroporto de Banguecoque,
estrutura que anualmente movimenta cerca de 45
milhões de pessoas e três milhões de toneladas de
carga, solicitaram à Siemens uma solução para a
distribuição de energia para toda a infra-estrutura,
SISTEMA DE SAÚDE INTEGRADO.
AEROPORTO DE BANGUECOQUE – PROJECTO COM PARTICIPAÇÃO SIEMENS.
assim como um sistema de gestão de informação e
de controlo. Foi criada uma equipa de trabalho que
avaliou, criou e instalou um conjunto de plataformas
integradas que oferecem um conjunto de mais--valias operacionais – em particular na rapidez e eficiência no manuseamento de carga – que superaram as
expectativas dos responsáveis tailandeses.
Criar um hospital digital, visão preconizada pela empresa prestadora de cuidados de saúde norte-americana Scott & White’s para a unidade hospitalar que
inaugurará em 2006, foi mais um desafio à capacidade de inovação tecnológica e de integração da Siemens. Além do fornecimento de soluções de imagiologia e diagnóstico médico, passando pela integração
de plataformas IT e de gestão de voz, dados e vídeo,
até à implementação de um sistema de chamada de
45 # O universo SIEMENS
KLAUS KLEINFELD, EM PORTUGAL, NO SEU PRIMEIRO EVENTO OFICIAL ENQUANTO CEO DA SIEMENS AG NA CONFERÊNCIA DE LISBOA (ABRIL 2005).
pessoal médico, a Siemens concebeu e instalou toda
da Siemens Portugal na forte dinâmica de inovação
a tecnologia de controlo do edifício e os sistemas de
e constante procura da excelência que caracteriza o
distribuição de energia. Como resultado, são espera-
grupo, Klaus Kleinfeld, o novo CEO, escolheu Portugal
dos elevados níveis de desempenho clínico, opera-
para o seu primeiro evento oficial, que teve lugar na
cional e financeiro. Alargando o seu leque de com-
apresentação de resultados semi-anual da Siemens
petências técnicas e a sua capacidade de adaptação
AG em Abril de 2005, evento que se inseriu nas co-
a novos modelos de negócio, a Siemens instalou no
memorações dos 100 anos de presença em território
novo circuito de Fórmula 1 do Bahrein um sistema in-
nacional.
tegrado que inclui o controlo das provas, a segurança
Com um espectro alargado de produção, uma forte
do recinto, a partilha de dados e a infra-estrutura de
carteira de patentes e uma larga presença em todo o
telecomunicações.
mundo, não só comercial como industrial e em I&D,
Apesar do forte cariz internacional dos seus negócios,
captando localmente inteligência através de uma po-
a Siemens orgulha-se de ser um parceiro de desenvol-
lítica de recrutamento de quadros fora da Alemanha,
vimento privilegiado dos 190 países nos quais está
a Siemens é reconhecida como líder mundial entre as
representada. Como reconhecimento do contributo
empresas de engenharia electrónica.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 46
47 # A SIEMENS em Portugal
INSTALAÇÕES DA SIEMENS, EM ALFRAGIDE, EXEMPLAR NAS OPÇÕES MODULARES DE CONSTRUÇÃO.
> A SIEMENS e m Por tu ga l
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 48
Com uma presença oficial em Portugal que perfaz
100 anos (1905-2005), ao nível da sua instalação
empresarial, a Siemens, S.A. protagoniza operações
comerciais, industriais e de serviços nas áreas da engenharia eléctrica e electrónica, beneficiando das sinergias resultantes da sua integração num operador
global, o que lhe permite oferecer um leque de negócios diversificado e posicionar-se activamente no
mercado mundial.
Traço fundamental da presença
centenária da Siemens em
Portugal tem sido o elevado
volume de investimento
realizado em projectos de
grande impacte no tecido
industrial, na inovação e
desenvolvimento do país.
CHIP DE MEMÓRIA PRODUZIDO NA INFINEON, EM VILA DO CONDE.
49 # A SIEMENS em Portugal
Considerando o impacte do conjunto de investimen-
estratégica que a sua acção empresarial assume para
tos que a Siemens trouxe para Portugal, que ultra-
a economia portuguesa.
passaram os 1000 milhões de euros, verificamos que
As páginas seguintes procuram circunscrever a tra-
estes originam actualmente um volume de negócios
jectória centenária da Siemens em Portugal, assina-
de 1754 milhões de euros, 60% dos quais referentes
lando os marcos fundamentais da sua implantação,
a exportações, ou seja, 1037 milhões de euros, em-
desde a instalação como delegação comercial à sua
pregando directamente cerca de 8 mil colaboradores.
relevância crescente na economia nacional, tanto no
É revelador tanto do seu posicionamento afirmativo
domínio da criação de trabalho e riqueza como no da
no interior do grupo global como da importância
transferência de tecnologia.
COM A PARTICIPAÇÃO EM NOVE DOS DEZ ESTÁDIOS CONSTRUÍDOS PARA O EURO 2004, A SIEMENS REVELOU A CAPACIDADE DE APRESENTAR SOLUÇÕES INTEGRADAS E TECNOLOGICAMENTE INOVADORAS.
NA FOTO: ESTÁDIO DO DRAGÃO (PORTO).
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 50
1876 - 1904 >
As primeiras referências
O FORNECIMENTO DE UM FORNO CONTÍNUO À INDÚSTRIA VIDREIRA DA MARINHA GRANDE, EM 1876, REPRESENTA O INÍCIO DA RELAÇÃO DA SIEMENS COM PORTUGAL.
NA FOTO: VISTA PARCIAL DA AV. D. DINIS E JARDIM MUNICIPAL “26 MARÇO”, ACTUAL JARDIM MUNICIPAL LUÍS CAMÕES (POSTAL DO ARQUIVO DA CÂMARA MUNICIPAL DA MARINHA GRANDE).
51 # A SIEMENS em Portugal
No século XIX, a situação periférica de Portugal face
hoje conhecido e admirado pela sua obra de fotógra-
ao processo de industrialização não foi favorável a
fo, Biel tinha na difusão da electricidade uma parte
uma presença significativa dos produtos Siemens em
substancial da sua actividade. Com largos anúncios
Portugal, tanto mais que a procura de soluções tecno-
na imprensa, especialmente em O Comércio do Porto
lógicas era modesta.
Ilustrado, Biel declarava possuir nos seus depósitos
do Porto dínamos e lâmpadas de arco voltaico, sistema Schuckert, bem como lâmpadas de incandes-
Em todo o caso, data de 1876
uma primeira referência
aos irmãos Siemens, com o
fornecimento de um forno
contínuo com regeneração de
calor para a indústria vidreira
na Marinha Grande, permitindo
assim a instalação da produção
em série numa zona de
indústria tradicional.
Foi a primeira grande inovação da Siemens em Portugal, que ajudou a transformar a indústria da Marinha Grande num caso de sucesso nas exportações
cência de Siemens e Edison e outro material eléctrico
para instalações rápidas em fábricas. A lista inserta
nos anúncios revelava as instalações eléctricas, sustentadas em dínamos, realizadas por si em Portugal,
sendo essa lista iniciada pela tanoaria e moagem de
H. Andresen a que se seguiram várias fábricas espalhadas pelo país, estações ferroviárias (Sta. Apolónia
e Entroncamento), Companhia de Luz Eléctrica do
Porto, Empresa de Luz Eléctrica de Vila Real, 14 chalés no Estoril, Palácio da Bolsa (Porto), entre outros
casos.
Entretanto, impôs-se a
instalação das primeiras
centrais termoeléctricas, a que
se seguiriam as hidroeléctricas.
portuguesas.
Nos últimos anos do século XIX, porém, verifica-
A adopção do carro eléctrico como transporte urba-
ram-se instalações eléctricas em unidades indus-
no no Porto (1895) e em Lisboa (1901) são exem-
triais e em algumas áreas urbanas, o que propiciou
plos da gradual apetência pela electricidade como
a oferta de produtos Siemens, em concorrência com
solução energética e da consequente emergência
outros produtores internacionais. Numa fase inicial,
de um mercado para os produtos indispensáveis à
os produtos chegavam através da figura tradicional
sua produção, transporte e aplicação. Motores Sie-
do comissionista ou representante. Destacou-se nes-
mens foram implantados, em carruagens dos car-
se papel um cidadão alemão, residente no Porto, de
ros americanos (tracção animal) da Carris do Porto,
seu nome Emílio Biel, pelo menos desde 1885. Ainda
permitindo a sua reconversão em carros eléctricos.
A SIEMENS DEU IMPORTANTE CONTRIBUTO NA OPÇÃO PELA VIAÇÃO ELÉCTRICA NOS TRANSPORTES PÚBLICOS DE LISBOA E PORTO.
NA FOTO: TRAMWAY (ELÉCTRICO) DA COMPANHIA CARRIS DE FERRO DO PORTO.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 52
1905 - 1921 >
O arranque oficial com as
primeiras instalações
A TRADIÇÃO E A MODERNIDADE CRUZAM-SE SOBRE A PONTE DE D. LUÍS I, NO PORTO: O CARRO DE BOIS E O ELÉCTRICO.
53 # A SIEMENS em Portugal
ORÇAMENTO DA SIEMENS PARA UM CLIENTE DO PORTO (1914).
ASPECTO DA SALA DAS MÁQUINAS DA CENTRAL TERMOELECTRICA DE MASSARELOS (PORTO, 1913).
Neste contexto de electrificação vai-se verificar a ins-
com uma acção promissora nas vésperas da Primeira
talação da primeira sucursal portuguesa da Siemens-
Guerra Mundial, dado um conjunto de iniciativas locais
-Schuckert, constituindo-se, em 24 de Novembro de
que então começavam a ocorrer em Portugal.
1905, a então designada Companhia Portuguesa de
Electricidade Siemens-Schuckert Werke, Lda., com um
escritório em Lisboa e representação no Porto. Durante 10 anos, desde 1895, os negócios da Siemens
para Portugal tinham uma organização comum com
a sucursal de Madrid – a Siemens-Schuckert Indústria
Eléctrica S.A., que, com alguma produção própria, se
encarregava de assegurar os fornecimentos solicitados. Rapidamente se chegou à conclusão que o mer-
Assim, em 1913, a Siemens
fornecia os equipamentos para
a Central Hidroeléctrica de
Santa Rita, em Fafe: alternador,
quadro de distribuição e posto
de alta tensão.
cado português tinha características próprias.
Ainda que com uma actividade inicialmente limitada,
E, no mesmo ano, assegurava um contrato para o for-
a sucursal da Siemens, através da oferta de produtos
necimento de seis máquinas de vapor, com geradores
e serviços disponibilizados directamente no merca-
tipo volante, para a central termoeléctrica de Massa-
do, contribuiu para difundir e desenvolver a electri-
relos, a construir pela Companhia Carris do Porto, em
ficação em Portugal. Pelos seus catálogos, podemos
substituição da sua obsoleta Central da Arrábida.
vislumbrar a oferta então verificada: lâmpadas, su-
Este relativo crescimento dos negócios foi interrompi-
portes, lustres, armaduras, interruptores e comuta-
do devido à deflagração da Primeira Guerra Mundial
dores, tomadas de corrente e fichas, corta-circuitos e
e a posterior entrada de Portugal no conflito, ao lado
fusíveis, isoladores, caixas de derivação, fios, cabos,
dos Aliados. Em 1916, em face da situação de guer-
tubos, terminais. Tudo o que fazia falta para a insta-
ra, o Estado português expropriou as actividades de
lação eléctrica.
súbditos e empresas alemãs, processo que também
Equipamentos e soluções técnicas da Siemens vão in-
envolveu a Siemens.
corporar, na sua implantação crescente, alguns complexos de produção e distribuição de electricidade,
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 54
1922 - 1930 >
A criação da Siemens, Lda.
Companhia de Electricidade
CENTRAL TELEFÓNICA, EM CASTELO BRANCO.
55 # A SIEMENS em Portugal
INSTALAÇÕES DA SIEMENS NO PORTO, RUA DAS CARMELITAS.
LICENÇA PARA INSTALAÇÃO ELÉCTRICA EM LISBOA (1922).
A Siemens só voltou a estar representada directa-
centrais, veio conferir algum relevo às actividades
mente em Portugal no pós-guerra. Para o efeito, foi
da Siemens em Portugal, permitindo-lhe negociar
criada, por registo notarial de 15 de Julho de 1922,
a instalação de alguns equipamentos significativos:
a Siemens, Lda. – Companhia de Electricidade, com
• 1926, uma central hidráulica para a Companhia de
sede em Lisboa, na Rua da Prata, n.o 108, 2.o andar,
Fiação e Tecidos de Fafe, assegurando a electrificação
mantendo uma delegação técnica no Porto (Rua dos
total da fábrica;
Carmelitas, n. 12). O capital da sociedade, no mon-
• 1930, entregava às Companhias Reunidas de Gás e
tante de cem mil escudos, era distribuído em duas
Electricidade o cabo eléctrico de 30 kV, para a central
o
quotas iguais pela Siemens & Halske AG e Siemens-
Tejo – Sacavém, destinado à ligação a Santarém;
-Schukert Werke GmbH, sendo registado como objec-
• nesse ano, contratava com os Serviços Municipali-
to social da firma a “representação de casas comerciais
zados da Póvoa de Varzim a instalação de uma central
estrangeiras, especialmente no ramo de indústrias
eléctrica, com quatro motores a gás pobre e alterna-
eléctricas e artigos de electricidade”. Foram então
dores de 150 kWA, quadro de distribuição e rede sub-
procuradores e ficaram como administradores os en-
terrânea de cabos armados.
genheiros Friedrich Marcuse e Edward von Almen.
E novos negócios se vislumbravam, à medida que a
O surto electrificador das décadas de 1920/1930,
electrificação prosseguia...
ainda muito atomizado e sustentado em pequenas
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 56
1931 - 1949 >
A afirmação: contribuição para
a electrificação do país
INSTALAÇÕES DA SIEMENS EM LISBOA, NA RUA AUGUSTA (1934).
57 # A SIEMENS em Portugal
ENCONTRO DOS COLABORADORES SIEMENS NO BUÇACO.
O desanuviar do horizonte comercial e a elevação dos
montantes contratuais aconselharam alterações formais na sociedade. Por escritura de 16 de Junho de
1931, o capital social subiu a um milhão de escudos:
a Siemens-Schuckert Werke subscrevia 720 contos,
LINHAS DE TELECOMUNICAÇÕES NO PORTINHO, SETÚBAL.
Entretanto, o recurso crescente
à tecnologia Siemens no
processo de electrificação em
Portugal era uma realidade.
a Siemens & Halske 240 contos, entrando mais oito
sócios, em nome individual, com uma quota de cin-
Em 1932, a Siemens procedia à instalação, na central
co mil escudos cada. Era a forma de perfazer os dez
do Lindoso (Electra del Lima), de um alternador trifá-
sócios, requisito necessário para a transformação em
sico de 17,5 MVA, 6000 V, acoplado com uma turbi-
sociedade anónima. Surgia, assim, a Siemens – Com-
na hidráulica, conjunto que constituiu o maior grupo
panhia de Electricidade, S.A.R.L.
alternador em Portugal até 1939. Ainda em 1932,
A transformação societária era um exemplo da im-
forneceu à Hidroeléctrica do Varosa dois transforma-
portância crescente da Siemens em Portugal e da
dores e uma bateria de condensadores com apare-
atenção com que os headquarters passavam a olhar
lhagem de corte e medida; um alternador trifásico à
a sua sucursal. A dignificação das instalações, com
central de Nisa (Hidroeléctrica do Alto Alentejo); um
a transferência da sede, em 1934, para um primeiro
grupo electrogéneo Diesel à fábrica Júdice Fialho &
andar da Rua Augusta, deixando para trás as instala-
Ca, em Portimão. No ano seguinte, a Siemens encar-
ções mais modestas da Rua da Prata, confirmava esse
regava-se da electrificação do concelho de Almada,
reconhecimento. Este período correspondia à apre-
fornecendo uma central Diesel, linhas de distribui-
sentação de catálogos de electrodomésticos simples:
ção, subestações e redes em diversas freguesias.
esquentadores de água, chaleiras, leiteiras, máquinas para chá e para café, panelas, ferros de engomar,
caldeiras, botijas, fogões para sala.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 58
As operações de fornecimento de equipamentos para
a produção e transporte de electricidade sucediam-se.
Estava, afinal, quase tudo por
fazer na electrificação nacional,
num círculo vicioso que se
revelava difícil de ultrapassar:
não havia oferta de energia
suficiente porque não havia
consumidores, por sua vez os
consumidores não surgiam
porque o fornecimento era caro
e irregular.
Faltava criar o mercado da electricidade, ou seja, produzir energia em abundância e criar condições para o
seu consumo, gerando os grandes consumidores (as
indústrias), tornando a energia popular junto dos potenciais consumidores domésticos, através do seu barateamento, e dando a conhecer as virtualidades da
passou a presidir à Junta de Electrificação Nacional.
A procura portuguesa de equipamentos de produção
e transporte de electricidade, no período entre as
duas guerras mundiais, situava-se, pois, a um nível
restrito.
utensilagem eléctrica. “As nossas centrais, ao presente, são apenas uma imagem microscópica de grandes
centrais eléctricas”, dizia Ferreira Dias, o grande militante da electricidade em Portugal, que, desde 1936,
Mas os fornecimentos da
Siemens intensificavam-se no
decorrer da década de 30...
EM CIMA: PUBLICAÇÃO DA SIEMENS – REGULAMENTO OFICIAL PARA INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS. EM BAIXO: OFICINA DA SIEMENS EM LISBOA.
59 # A SIEMENS em Portugal
ASPECTO DA FÁBRICA DE CIMENTOS TEJO, PARA A QUAL A SIEMENS FORNECEU VÁRIOS EQUIPAMENTOS.
Em 1934/1936, apetrechava a Sociedade de Fiação
Entretanto, esta dinâmica acabou por ser interrompi-
e Penteação de Lãs, na Covilhã, com um alternador
da com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, apesar
trifásico acoplado a uma turbina hidráulica para a
da neutralidade portuguesa. A própria Siemens, na
sua central de Pedra da Figueira, mais um conjun-
origem, foi obrigada a direccionar a sua acção para o
to idêntico para a central de Covão do Ferro, além
esforço de guerra que envolvia a Alemanha, deixan-
de uma subestação de transformação em Unhais da
do de ter as condições necessárias para novos forne-
Serra. Pela mesma altura, implantava uma central
cimentos.
Diesel para a unidade de fosfatos da CUF. Entregava,
Em 1945, na sequência dos resultados da Segunda
em 1936, um posto de transformação à Fábrica de
Guerra Mundial, o Estado português voltou a con-
Papel de Matrena (Tomar). Ainda no mesmo ano, for-
fiscar alguns bens a empresas alemãs, processo a
necia um complexo quadro de distribuição à Compa-
que a Siemens não escapou (esses bens só foram
nhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, destinados
devolvidos em 1959). No entanto, a actividade da
às instalações do Barreiro. A fábrica Cimentos Tejo
empresa não foi interrompida, mantendo-se as con-
(posto de transformação, transformadores, bateria
dições institucionais para o exercício da actividade.
de condensadores), Empresa Luz Eléctrica da Guar-
Mas novos fornecimentos de referência só ocorreram
da (central hidroeléctrica, subestação e remodelação
em 1947, ou seja, nove anos depois dos efectuados
da rede), Ministério da Marinha (subestações para as
para o Alfeite, com a Siemens a fornecer um posto de
instalações do Alfeite e de Monsanto), são os clientes
transformação e a instalação eléctrica completa para
da lista das operações mais significativas da altura.
a Companhia Portuguesa de Trefilaria, em Sacavém.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 60
1950 - 1963 >
O relançamento da electrificação
e desenvolvimento industrial
ANÚNCIO DO ASPIRADOR “PROTOS”, DA SIEMENS, COM A POPULAR ACTRIZ BEATRIZ COSTA.
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS ANOS 50 REPRESENTANDO A ACTIVIDADE DA SIEMENS EM PORTUGAL, REVELANDO O ENORME SALTO QUANTITATIVO NO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.
A conjuntura económica do pós-Segunda Guerra
hidroeléctrica para o problema energético em Portu-
Mundial tornou-se mais aliciante para os operadores
gal, por outro criava-se espaço para as “indústrias de
do sector da electricidade em Portugal, na medida
base”, nas quais se incluíam as indústrias químicas,
em que a electrificação era já inevitável:
que se responsabilizariam por elevados consumos de
energia (casos das fábricas de Estarreja, Alferrarede,
“Na vida actual das nações
e dos indivíduos a energia
eléctrica é fundamental.
Quase todo o trabalho exige
electricidade”.
Canas de Senhorim, entre outras).
Era uma forma de fazer arrancar o mercado da energia... Electricidade e indústria funcionavam, então,
como as faces de uma só moeda. Os usos domésticos da electricidade eram ainda muito limitados e o
seu incremento não era estimulado. Argumentava-se
com algumas razões: não se produzia energia suficiente para a procura esperada, a aparelhagem eléc-
Assim se exprimia Ezequiel de Campos, na sua cru-
trica era, na grande maioria, de origem estrangeira e
zada pela electrificação em Portugal, argumentando
as condições de importação eram quase proibitivas,
que “na vida social e doméstica a electricidade tem
as redes não se encontravam preparadas para fortes
uma faina contínua e muito complexa: da ilumina-
subidas de carga.
ção urbana até ao fogão de cozinha, ao aquecimento
Em 1950, encontravam-se em exploração no territó-
da casa... e ao aparelho de rádio”. Na linha de com-
rio continental apenas 21 aproveitamentos hidroelé-
bate ao atraso energético e industrial, pontificavam
ctricos, uma pequena fracção dos 74 considerados
então as iniciativas do secretário de Estado da In-
em projecto para o plano nacional de electrificação,
dústria, Eng. Ferreira Dias. Através das leis relativas
embora oito estivessem já em construção (casos de
à electrificação (1944), ao fomento e reorganização
Castelo do Bode, Pracana ou Belver). A concretiza-
industrial (1945), criaram-se duas vias convergentes,
ção surgiu lentamente, só se tornando visível a partir
que se revelaram determinantes para permitir algu-
de 1953, com a implementação dos “planos de fo-
ma modernização. Por um lado, definia-se a opção
mento”.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 62
PORMENOR DO INTERIOR DE UMA OFICINA DA SIEMENS EM PORTUGAL (ANOS 50).
No que se refere ao comércio de equipamentos
as importações da Alemanha, permitindo à Siemens
eléctricos, a política proteccionista do Estado Novo
colocar mais equipamento em Portugal.
apoiava as empresas nacionais através de medidas
alfandegárias. Não havia uma situação de livre comércio: as importações eram sujeitas a processos
de contingentação desde os anos 30, com o argumento do equilíbrio da balança de pagamentos e da
auto-suficiência, sendo sujeitas a complexas autorizações e imposições fiscais. Neste contexto, para o
caso dos produtos de origem alemã, é indispensável
referir o acordo de comércio entre Portugal e a Alemanha Federal, assinado em 24 de Agosto de 1950,
que passou a regular as trocas entre os dois países,
estabelecendo quotas relativas às licenças de importação e exportação, renováveis anualmente através
de uma Comissão Delegada para o Comércio Externo. Nas listas anexas das mercadorias abrangidas,
podem observar-se os montantes para o “material
electrotécnico”. Embora os valores dos contingentes
sejam baixos para a importação de vários tipos de
equipamento eléctrico, a verdade é que ampliavam
PUBLICIDADE A EQUIPAMENTOS ELÉCTRICOS DE VENTILAÇÃO.
63 # A SIEMENS em Portugal
> O incremento comercial
do Coura, do Cávado, da Serra da Estrela, do Alto Alentejo, Companhia Eléctrica das Beiras, União Eléctrica
A Siemens, a par de outros agentes económicos,
Portuguesa, Chenop). E casos para a instalação com-
aproveitou estas oportunidades de mercado.
pleta da central, incluindo a implantação de turbinas,
alternadores e transformadores (central da Bouça, Hidroeléctrica do Zêzere). Anote-se ainda que, a partir
Pelos anos 50/60,
multiplicaram--se os
fornecimentos Siemens em
diversas áreas e lugares do
continente, ilhas e ultramar.
de 1965, a Siemens começou a participar no colossal
projecto hidroeléctrico de Cahora-Bassa, desenvolvido pelos portugueses na então província ultramarina
de Moçambique, cujo equipamento tornou -se numa
referência tecnológica para a Siemens AG.
Numa outra linha, a Siemens ampliou o fornecimento
de equipamentos para várias unidades fabris ou institucionais que solicitavam subestações, centrais pró-
De entre os contratos mais relevantes, registam-se os
prias, transformadores, rectificadores ou sistemas de
equipamentos para centrais geradoras de electricida-
electrificação: são algumas dezenas de empresas no-
de. Há casos de renovação ou ampliação de capacida-
vas ou em renovação que procuram articular a produ-
de, através da instalação de subestações, transforma-
ção própria com a da rede nacional ou solicitam ainda
dores ou sistemas de corte e medida (Hidroeléctricas
instalações complexas, cuja enumeração seria longa.
BARRAGEM HIDROELÉCTRICA DE CAHORA-BASSA, EM MOÇAMBIQUE.
A SIEMENS PORTUGAL PARTICIPOU NESTE COLOSSAL PROJECTO CUJO EQUIPAMENTO SE TORNOU NUMA REFERÊNCIA TECNOLÓGICA PARA A SIEMENS AG (FOTO ARQUIVO DN).
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 64
A SIEMENS PARTICIPOU NO ARRANQUE DO METROPOLITANO DE LISBOA, COM O FORNECIMENTO DE CARRUAGENS E OUTROS EQUIPAMENTOS.
Numa nova linha negocial, referenciem-se os trans-
a ampliação da rede de telecomunicações (centrais
portes ferroviários, cujo processo de electrificação
Telex em Lisboa e Porto, cabo coaxial Porto-Braga, Se-
então se iniciava. Entre 1952-1968, integrada num
túbal-Évora, Marateca-Alcácer-do-Sal), bem como na
consórcio, a Siemens participou na electrificação das
participação da instalação de centrais para comuni-
Linhas do Norte e de Sintra, fornecendo catenária,
cações com o ultramar. A construção hoteleira, deri-
equipamento para automotoras e locomotivas eléc-
vada do boom turístico, favoreceu o crescente forne-
tricas, aparelhagem de telecomando, sinalização e
cimento de equipamentos electroacústicos e antenas
medida.
colectivas, bem como dispositivos de segurança
contra roubo e incêndio. Para além disso, múltiplas
empresas, bancos e entidades públicas recorriam à
Em 1955, era a vez de fornecer
ao Metropolitano de Lisboa,
recém-instalado, várias
encomendas: 24 carruagens
automotoras; 12 postos de
transformação; iluminação
de estações e rede de
telecomunicações.
tecnologia Siemens para instalações de telex, para
circuitos internos de televisão, sistemas de telecheque ou redes telefónicas privadas.
Finalmente, em função da vulgarização da electricidade e da consagração dos electrodomésticos por
evolução de padrões de consumo e poder de compra,
fenómenos acompanhados pela publicidade televisiva e por práticas de venda a prestações, as vendas de
aparelhagem para uso doméstico da Siemens apresentavam resultados crescentes, não obstante a forte
concorrência que se vivia neste domínio: televisões,
Em 1960, reforçava essa colaboração, assegurando a
máquinas de lavar roupa e máquinas de lavar louça
ampliação da frota com mais 14 carruagens automo-
eram os produtos em ascensão.
toras.
Os anos 50/60 configuraram-se como um tempo de
Um outro campo de negócio emergia, no final da dé-
crescimento económico em Portugal, revelando um
cada de 60, a partir dos contratos com os CTT para
surto de industrialização marcante na história do
65 # A SIEMENS em Portugal
SEDE DOS CTT, EM ÉVORA. EM BAIXO: NOVA SEDE DA SIEMENS, EM LISBOA, AVENIDA ALMIRANTE REIS (1962).
país, ajudando a ultrapassar a fase da economia restritiva e de auto-suficiência em que estava mergulhado. A electrificação representava uma das bases estruturais para se implantar o progresso técnico. Neste
contexto, através dos seus fornecimentos, a Siemens
deu um importante contributo para a modernização
tecnológica de Portugal.
A importância crescente do movimento comercial da
Siemens era tão notório que levou a nova transferência de sede. Desde 1962, esta ficou instalada num
prédio da Avenida Almirante Reis, n.o 65, edifício com
nove andares, onde se distribuíam os diversos departamentos da empresa, entretanto organizados.
Mas a acção empresarial da
Siemens em Portugal, por esta
altura, já não se ficava pela
simples colocação de produtos
importados e serviços de
manutenção, tendo começado
a implantar as primeiras
unidades de produção
industrial.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 66
1964 - 1973 >
A produção industrial
INAUGURAÇÃO DA PONTE SOBRE O TEJO, COM A PRESENÇA DO ENTÃO PRESIDENTE DO CONSELHO DE MINISTROS, OLIVEIRA SALAZAR (FOTO ARQUIVO DN).
67 # A SIEMENS em Portugal
MONTAGEM DE MATRIZES PARA MEMÓRIAS DE COMPUTADOR NA DIVISÃO ELECTRÓNICA, NA FÁBRICA DO SABUGO.
A década de 1960, em Portugal, representa uma
a assumir também alguma produção industrial, para
conjuntura paradoxal, com sinais de forte arcaísmo
deste modo ultrapassar as limitações das quotas
(guerra colonial, emigração massiva), em paralelo
de importação, na medida em que, aproveitando
com a industrialização e abertura à Europa, através
mão-de-obra disponível e alguma matéria-prima in-
da integração na EFTA (1960).
terna, podia conferir o estatuto de nacional à sua
produção.
Deste contexto decorriam
posições favoráveis ao
investimento estrangeiro, num
quadro económico em que
a exportação se configurava
como o objectivo principal, em
detrimento da anterior política
de auto-suficiência, fixada na
substituição de importações.
Essa possibilidade começou a ganhar forma com a
colaboração prestada à ENAE – Empresa Nacional de
Aparelhagem Eléctrica. Criada em 1933, a ENAE produzia lâmpadas de incandescência (Lumiar) e passou,
depois de um acordo de assistência técnica com a Osram (uma subsidiária alemã da Siemens), a produzir
também lâmpadas fluorescentes desta marca. Em
1955, a ENAE, sob licença da Siemens, produzia também motores eléctricos e transformadores de potência, de reduzidas dimensões. A possibilidade de incrementar este tipo de produção para o mercado interno
levou a ENAE a criar uma nova sociedade. Para esse
efeito, em 1960, constituiu a Motra – Equipamentos
Equilibrar a balança de pagamentos era indispensá-
Eléctricos, S.A.R.L., que ainda funcionou, nos primei-
vel, devido às despesas originadas com o esforço de
ros tempos, nas antigas instalações da ENAE.
guerra. Emergiram, então, unidades industriais vo-
Em 1962, a Motra passou para o controlo da Siemens,
cacionadas para a exportação, casos da construção
que, no ano seguinte, reorganizou a sua produção e
naval, celulose e indústria electrónica.
deu início a uma outra construção fabril de raiz, junto
Neste contexto, o mercado português apresenta-
à estação do caminho-de-ferro, no Sabugo. A 3 de
va-se favorável ao sector da electricidade, dado o
Dezembro de 1964, verificou-se a inauguração das
crescimento económico e os sinais que apontavam
novas instalações da empresa, que funcionava como
para a elevação dos padrões de consumo. Esta con-
associada do grupo para a produção de transforma-
juntura não terá sido alheia à decisão de se conferir
dores, motores, electrobombas e ferramentas eléctri-
um novo perfil à Siemens em Portugal, com a pro-
cas. Com cerca de 300 empregados, alguns deles com
moção de algum investimento, passando a sucursal
estágio na Alemanha, a nova unidade, mais conheci-
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 68
TRANSFORMADOR SIEMENS NO MOMENTO EM QUE ATRAVESSA A PONTE SOBRE O TEJO.
da como Fábrica do Sabugo, foi projectada com au-
pela qual a Siemens – Companhia de Electricidade,
tomação da maior parte do seu equipamento e com
S.A.R.L. definia como objecto social “o fabrico, aqui-
métodos modernos de organização de trabalho, con-
sição, reparação e venda de máquinas, aparelhos, ar-
figurando-se, ao tempo, como exemplar. A Siemens
tigos e respectivas peças e acessórios, especialmente
– Companhia de Electricidade, S.A.R.L., enquanto
os pertencentes ao ramo electrotécnico e electróni-
distribuidora em Portugal de todos os produtos das
co, podendo abranger também a comparticipação
várias fábricas do grupo mundial Siemens, assumiu a
em outras empresas, bem como dedicar-se, se assim
distribuição dos produtos respectivos.
for decidido pela assembleia geral, a qualquer outra
espécie de operações ou actividades comerciais”.
A produção, no Sabugo, de
equipamentos de grandes
dimensões, sob licença da
TU – Transformatorem Union,
tornou-se uma imagem de
referência, com os respectivos
transformadores a serem
solicitados para várias
instalações eléctricas, caso de
Cahora-Bassa, Moçambique.
Entretanto, a capacidade industrial ampliava-se, com
o grupo Siemens a instalar em Portugal produções
no domínio da microelectrónica. Em 1969, foi criada, na Fábrica do Sabugo, uma linha de produção de
matrizes para memórias de computadores, a que se
seguiu outra de circuitos integrados híbridos (1972),
componentes para amplificadores a utilizar em cabos
coaxiais de forma a permitir 10 800 conversações
telefónicas simultâneas (uma revolução nas telecomunicações, tendo a Siemens instalado esse sistema,
em primeiro lugar, na Suécia). Estas novas produções
deram origem a uma unidade funcional – a Divisão
Electrónica, mais tarde autonomizada em unidade
fabril própria. Eram actividades inteiramente direc-
A incursão da Siemens na produção industrial em Por-
cionadas para a exportação, destino no qual também
tugal viera para ficar, consignando-se esse objectivo
se incluíram, a partir de 1969, os motores e transfor-
na alteração estatutária, realizada em Abril de 1966,
madores.
69 # A SIEMENS em Portugal
Em 1971, a Siemens implantou
uma nova fábrica para a
produção de relés (material
de telecomunicações), na
periferia de Évora, cuja
produção se destinava também
à exportação.
aquisição, em 1973, da Indelma – Indústrias ElectroMecânicas, S.A.R.L., fábrica de cablagens para a indústria automóvel, constituída desde 1968 e situada
no Seixal, que a Siemens reorganizou, assegurando
ainda uma segunda linha de produção de quadros
eléctricos.
O crescimento no volume de negócios tinha correspondência no número de trabalhadores: em 1973, o
volume total era já de 2200 colaboradores.
Pela sua implantação geográfica, esta unidade revestia-se de um importante significado simbólico,
levando para a ruralidade uma unidade de produção
moderna, com importantes reflexos no mercado de
trabalho local.
Segundo os dados da empresa, em finais de 1971,
a Siemens empregava 1304 trabalhadores em Portugal, dos quais 435 em Évora e 475 no Sabugo, com os
restantes ocupados nos departamentos comerciais,
administrativos e serviços da unidade distribuidora. Era um contributo assinalável para a criação de
postos de trabalho, numa altura em que a sociedade
portuguesa revelava um bloqueamento neste domí-
A Siemens participou, assim,
activamente no movimento
para a implantação da
indústria electromecânica e
electrónica em Portugal, que,
então, se tornara uma aposta
política com o objectivo de
criar emprego, aumentar
e diversificar a produção
nacional.
nio, evidenciado na emigração maciça (centenas de
milhar de portugueses partiam então todos os anos
A progressiva modernização da sociedade portugue-
para alguns países europeus). Muitos acabaram por
sa, embora lenta, assegurava algum mercado aos
permanecer em Portugal graças às iniciativas indus-
diversos produtos eléctricos. A Siemens, S.A.R.L. ex-
triais da Siemens, algumas delas em zonas mais de-
perimentou um crescente movimento comercial na
primidas.
década de 70, embora não tão linear como se previa
A aposta industrial e exportadora alargou-se com a
inicialmente
INTERIOR DA FÁBRICA DE ÉVORA.
QUADRO ELÉCTRICO PRODUZIDO NA INDELMA.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 70
1974 - 1984 >
Siemens, S.A.R.L.: investir em
condições adversas
IMAGEM DE LISBOA DOS ANOS 70 SENDO VISÍVEL A PUBLICIDADE AO TELEVISOR SIEMENS, DESIGNADO DE “ESTORIL”.
71 # A SIEMENS em Portugal
Na sequência das alterações observadas no grupo
65% do valor de vendas, fazendo assim diminuir as
Siemens, na Alemanha (criação da Siemens AG como
importações.
centro de decisão e reorganização do grupo por
áreas de negócio), também na Siemens portuguesa se verificou uma reorganização, partindo da sua
hierarquização em quatro níveis funcionais: departamentos, divisões, sectores e grupos. Definiram-se então quatro departamentos, que passaram a chamar a
si a gestão da respectiva área de negócio e revelam a
amplitude da acção então desenvolvida no mercado
português:
• Electromedicina (que recebeu os direitos de representação da anterior Siemens Electromédica, S.A.R.L.,
filial da Siemens Reiniger);
Era uma preocupação
da Siemens garantir o
reconhecimento oficial das
suas produções como “produto
nacional”, o que oficialmente
dependia dos níveis de
incorporação de matéria de
origem portuguesa no produto
final.
• Telecomunicações;
• Energia e Indústria;
• Electrodomésticos.
Por outro lado, privilegiava a exportação, para a qual
A estrutura orgânica era completada pelo Departa-
os componentes de microelectrónica contribuíam
mento da Administração, pela Delegação Técnica do
quase a 100%, embora o incremento de produção
Porto, pela Fábrica do Sabugo e pela Fábrica de Évora.
nacional em televisores tenha permitido à Siemens
A empresa alterou ainda a sua designação oficial para
escoar alguma produção para empresas do sector
uma referência mais sintética – Siemens, S.A.R.L., e
que operavam em Portugal.
aumentou o seu capital social para 90 mil contos (va-
As perturbações derivadas do ciclo de radicalismo
lores da época), em função dos investimentos fabris
político que se seguiu à revolução do 25 de Abril fize-
realizados (1972).
ram-se sentir a todos os níveis e a elas a Siemens não
Para além da função distribuidora, como represen-
conseguiu escapar, embora as empresas de capital
tante do grupo global, a Siemens, S.A.R.L. adoptava
estrangeiro não tenham sido objecto de nacionaliza-
uma política industrial com duas perspectivas. Por
ção ou de intervenção estatal como o foram os prin-
um lado, incorporava crescentemente matéria nacio-
cipais grupos económicos nacionais. As perturbações
nal na sua produção, o que, em 1972, já representava
fizeram-se sentir ao nível de agitação operária em
LINHA DE FABRICO DE TRANSFORMADORES DA FÁBRICA MOTRA, SABUGO.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 72
IMAGEM DO CERCO AO QUARTEL DO CARMO, NO DIA 25 DE ABRIL DE 1974.
algumas das unidades fabris, por parte de sectores
pessoal e sucessivos prejuízos nos resultados anuais.
mais radicais, tendo-se verificado um episódio violen-
Era um período conturbado e pouco simpático aos
to, já em 1977, com o rebentamento de uma bomba
olhos do empresariado.
nas instalações da sede, na Avenida Almirante Reis e,
no mesmo ano, o roubo dos salários dos trabalhadores da Idelma pelas FP 25 de Abril. Mas, ao nível económico, os anos de 1974/1975 representaram uma
quebra no valor das encomendas, surgindo uma significativa subida nas despesas com pessoal (85% de
1973 para 1974), derivada de ajustamentos salariais,
numa conjuntura que experimentou ainda o disparo da inflação. A recessão internacional também se
Mas a Siemens, numa atitude
distinta de outras empresas
estrangeiras e nacionais, teve
uma atitude de persistência
e fez tudo para continuar em
Portugal.
fez sentir a vários níveis, dificultando a colocação da
produção industrial. Tudo isso implicou reduções de
Com efeito, a decisão da Siemens AG, enquanto principal accionista da Siemens portuguesa, foi a de continuar a operar em Portugal.
SEDE DA SIEMENS, NA AVENIDA ALMIRANTE REIS EM LISBOA, APÓS REBENTAMENTO DE UMA BOMBA, EM 1977.
Apesar da nova conjuntura,
a Siemens em Portugal
continuou a realizar
importantes investimentos
nas suas unidades fabris,
deslocalizando mesmo para
aqui novas produções que, em
face do declínio das produções
anteriores, permitissem manter
os numerosos postos de
trabalho que mantinha.
73 # A SIEMENS em Portugal
Note-se que, pela mesma altura, a então República
te segundo as regras da economia de mercado. Um
Federal da Alemanha apoiava os esforços portugue-
não menos importante contributo para a recuperação
ses para a consolidação da democracia.
das empresas foi o reajuste do pessoal aos níveis de
Entretanto, com as alterações estruturais verificadas
ocupação possíveis. Confiantes no futuro da econo-
na política económica portuguesa, por via das nacio-
mia do país, lançámos durante 1977 três novas linhas
nalizações, as novas empresas públicas daí resultan-
de fabricação nacional: disjuntores W de 6 a 25 Amp.;
tes passaram a ser os principais clientes da Siemens.
aspiradores de pó domésticos de 800 Watt; quadros
O pedido formal de adesão de Portugal à Comunida-
eléctricos 8 BD de gavetas extraíveis de média ten-
de Económica Europeia, em 1977, desanuviou o hori-
são” (Relatório de 1977).
zonte em favor da economia de mercado. Clarificadas
As novas produções reflectiam o empenho da empre-
as regras do jogo, esbatida a conflitualidade política
sa em substituir as que estavam em declínio, sendo
e social, a actividade económica voltou a entrar nos
distribuídas pelas três unidades fabris: Évora, Sabu-
trilhos, após três anos de indecisões e de retracção.
go, Indelma.
Com a gradual normalização política e social, os indicadores económicos do grupo Siemens retomaram a
tendência ascendente:
“Podemos dizer que o ano de 1977 se revelou como
ano de viragem, principalmente no que diz respeito a
resultados. Para esta situação contribuiu fortemente
a decisão dos accionistas de compensar em grande
parte os prejuízos ocorridos durante os anos de 1974
a 1976. Ao mesmo tempo pudemos actuar novamen-
SEDE DO EDIFÍCIO DA COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA (FOTO ARQUIVO DN).
Desenvolveram-se esforços
para maior produtividade:
racionalização, aumento de
capacidade de produção,
prémios de mérito e de
produtividade para o pessoal.
UMA LINHA DE PRODUÇÃO DE ASPIRADORES FOI IMPLANTADA NA FÁBRICA DO SABUGO, EM 1977.
As exportações, em 1977 (512 mil contos), supera-
lares, lançando-se ainda o fabrico de peças plásticas
vam de novo as importações (470 mil contos). Em
de alta precisão. Na Fábrica do Sabugo, passaram a
termos de conquista de novos mercados, as exporta-
satisfazer-se encomendas de transformadores até po-
ções de transformadores para o Kuweit e de quadros
tências de 120 MVA e 220 kV. E na Indelma, no Sei-
eléctricos para os estaleiros de Asry, no Bahrain, tor-
xal, a diminuição das cablagens para automóveis foi
naram-se uma referência para a economia portugue-
compensada por uma linha de cablagens para elec-
sa. O número de postos de trabalho voltou a crescer
trodomésticos. Os aspiradores fabricados no Sabugo
(12%, logo em 1978). Surgem novas produções: a
também começaram a ser exportados, para além da
fábrica de Évora viu a família de disjuntores W am-
sua circulação no mercado interno.
pliada pela linha de interruptores uni, bi e tetrapo-
O Departamento Administrativo foi ajustado para
75 # A SIEMENS em Portugal
ASPECTO GERAL DA FÁBRICA DE RELÉS, EM ÉVORA.
responder ao crescimento comercial, no sentido da
modernização de procedimentos e da informatização: gestão de stocks e facturação, contabilidade de
clientes e controlo de créditos, sistema para o movimento de letras, sistema salarial e dados de pessoal,
listas de preços, foram as primeiras rotinas criadas
(1978). Foi criado um centro de processamentos de
dados próprio, dispensando-se a prestação de serviços externos afins. Em Maio de 1978, foi solicitado
ao Ministério das Finanças que a Siemens S.A.R.L. e
associadas fossem consideradas como uma organização única, sob o ponto de vista fiscal.
A economia portuguesa, a partir de 1979, voltou a
atingir o equilíbrio na balança de pagamentos, em
função das exportações, das remessas de emigrantes
e do turismo. Verificou-se o relançamento do investimento, o crescimento do PIB e do emprego, ampliando-se o consumo em geral. Preparar a adesão à CEE
passou a ser o lema da acção governamental e dos
agentes económico
A Siemens participou dessa
retoma, demonstrando
confiança nos rumos da
economia portuguesa.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 76
Em 1979, a sua carteira de encomendas crescia em
mentação de computadores de processo em sistemas
44%, em termos nominais (23% em termos reais), o
de controlo e comando. Deu-se início a um Plano
nível de exportação ampliava-se (28% da facturação);
Director de Informática e Organização, primeiro pas-
o investimento nas várias unidades subiu 127%, ele-
so para um processo de actualização permanente. Em
vando-se em 38% as despesas com pessoal (salários e
1984, eram introduzidos nos serviços os terminais
formação profissional). Em 1981, face à contínua ex-
Siemens MTS 2000, com extensão da rede a todos
pansão, a administração planeou uma nova localiza-
os departamentos para acesso aos ficheiros centrais.
ção para as instalações de Lisboa: adquiriu, em 1981,
E, no ano seguinte, era instalado o computador de
um terreno na periferia, em Alfragide, desenvolven-
grande porte Siemens 788, na altura um dos maiores
do um projecto de implantação, conhecido como o
existentes no país, para assegurar a ligação da rede
projecto “Dois Moinhos”, dado existirem dois velhos
nacional Siemens com a rede internacional do grupo,
exemplares no respectivo logradouro.
sendo instalado um software de encomendas em te-
Nesse ano, foi criada a Divisão de Exportação, para
leprocessamento.
coordenar o sector. Foi ainda organizado um Grupo
Depois desta perspectiva geral, façamos uma breve
de Regulação e Automatização de Processos Indus-
incursão pela dinâmica empresarial do período (1974-
triais para encontrar as respostas a encomendas rela-
-1984), tendo em conta os diversos departamentos.
tivas a automatizações de linhas de fabrico e à imple-
FOTO TIRADA NO TERRENO ONDE SE CONSTRUIU A NOVA SEDE DA SIEMENS. FICOU CONHECIDO COMO PROJECTO “DOIS MOINHOS”.
DA ESQUERDA PARA A DIREITA: PROF. ALFREDO ANTÓNIO DE SOUSA, SR WOLFGANG GEORG BÜHLER E MEMBROS DA ADMINISTRAÇÃO DA SIEMENS.
77 # A SIEMENS em Portugal
Áreas de negócio > 1974 - 1984
> Telecomunicações
> Energia e Indústria
> Electromedicina
> Electrodomésticos
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 78
CENTRAL DE TELEX INSTALADA NOS CTT.
> Telecomunicações
incluindo no posterior processo de instalação da televisão nas ilhas. A partir de 1979, a gradual reconver-
Nas décadas de 1970/1980, a tecnologia Siemens
são dos emissores para a transmissão a cores ampliou
foi objecto de uma procura significativa para o do-
essa colaboração. Também emissores de rádio foram
mínio das telecomunicações em Portugal. A elevada
solicitados, nomeadamente pela Rádio Renascença.
concepção técnica dos seus equipamentos e soluções
Equipamentos de sinalização para estações ferroviá-
assegurava-lhe uma posição qualificada no mercado.
rias, incluindo mesas de comando do sistema de si-
Os CTT/TLP contrataram a instalação de cabos coa-
nais e agulhas, com operação através de computador,
xiais subterrâneos, bem como a implementação de
foi outra oferta que serviu à modernização das redes
sistemas de comutação Telex e Gentex (1973). Neste
da CP. A automatização da bilhética foi, desde 1980,
domínio, destacava-se o Teleprinter 1000, com im-
assegurada pela Siemens em serviços dos transpor-
pressão silenciosa, que se tornou num longo êxito de
tes públicos das principais cidades.
vendas, ao suscitar o interesse de muitas empresas e
Telecopiadoras e terminais impressores tiveram uma
entidades.
aplicação crescente. Em Novembro de 1981, a Fábri-
Instalações telefónicas automáticas privadas, redes
ca de Évora (já com 1346 trabalhadores) passou a
de telex, sistemas de alarme contra incêndio e rou-
produzir o teleimpressor T1000, para o qual se verifi-
bo, instalações de correio pneumático, aparelhagem
cava uma nova encomenda de 10 mil unidades para
electroacústica, sistemas de televisão em circuito
os CTT. Esta nova produção ajudou a minorar a crise
fechado, antenas colectivas, aparelhos de medida
dos relés, então em fase de menor procura em face
para telecomunicações tornaram-se fornecimentos
da recessão mundial. Em 1982, o T1000 era conver-
habituais da Siemens para bancos, hotéis, empresas
tido à versão militar T1000Z, modelo aprovado pela
diversas e entidades públicas.
NATO, para equipar todos os ramos das Forças Arma-
Equipamentos de sincronização para gravação, mon-
das Portuguesas.
tagem e emissão, antenas de emissão e válvulas
O contrato para a instalação, em Cabo Verde, de uma
especiais tornaram a RTP uma cliente da Siemens,
rede de telecomunicações (sistemas de comutação
79 # A SIEMENS em Portugal
FÁBRICA DE CENTRAIS DE TELEFONES ELECTRÓNICAS DIGITAIS.
TELEIMPRESSOR T1000 PRODUZIDO EM ÉVORA.
telefónica e telegráfica, rede de cabos, centrais e terminais) foi sucesso expressivo (1982). Nesta altura,
penetrou no mercado o microcomputador Siemens
SMP, que foi logo adoptado por várias empresas.
Se a isso associarmos o êxito
crescente dos sistemas de
segurança (alarmes), bem
como o da linha de centrais
telefónicas de pequena
capacidade e equipamentos
adjacentes, justifica-se o
lema que o Departamento
apresentava numa feira
desse ano: “Duas palavras
inseparáveis: Comunicações e
Siemens”.
Em 1984, concretizou-se o início da produção, na
Fábrica de Aparelhos Domésticos do Sabugo, do telefone electrónico M 111 P e de centrais telefónicas
digitais EMS, modelo avançado que já assegurava a
transmissão de dados. Com estas produções, “a Siemens passou a ocupar definitivamente o lugar de
grande fabricante nacional de equipamento de telecomunicações”, diz-se no Relatório de 1984. Além
disso, adquiriu uma posição de 20% no capital social
da Cabelte – Cabos Eléctricos e Telefónicos, S.A.R.L.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 80
> Energia e Indústria
Expansão moderada no
domínio dos fornecimentos
a indústrias e grande
diversificação de actividades,
eis a tendência desta área de
negócio nos anos 70.
Acentuou-se, por parte da Siemens, a aceitação de
projectos complexos, na base de parcerias com empresas exteriores ao grupo, através da formalização
de consórcios.
Assim, a colaboração entre a Siemens e a Sepsa permitiu construir o primeiro grande alternador Siemens
em Portugal, destinado à Empresa Insular de Electricidade, para a central de Ponta Delgada. Um projecto
para o fornecimento de carruagens para o Metropolitano de Lisboa foi levado a cabo em colaboração com
a Sorefame. Com a Somec e outros ampliaram-se
estações para o Metropolitano de Lisboa, enquanto,
com a Lusotecna e outros, se desenvolveram projectos para o crescimento do mesmo Metropolitano. Em
consórcio com a KWU, a Siemens assegurou o fornecimento de dois grupos turbo alternadores e condensadores para o Barreiro (1974). A construção “chave
na mão” da central termoeléctrica da Vitória, na ilha
CENTRAL TERMOELECTRICA DA VITÓRIA, MADEIRA: UM PROJECTO “CHAVE NA MÃO”.
81 # A SIEMENS em Portugal
da Madeira, foi uma encomenda, em 1976, para outro consórcio liderado pela Siemens.
Postos monoblocos urbanos, instalações eléctricas,
subestações, convectores para redes habitacionais
tornaram-se fornecimentos habituais, para lá dos
transformadores, condensadores e outros equipamentos afins para as centrais de produção eléctrica.
Mas surgiam aplicações mais específicas: protecção
contra descargas atmosféricas na Base Aérea de Beja,
equipamento para estações elevatórias da Empresa Pública Águas de Lisboa, motores e quadros de
comando para o primeiro petroleiro construído na
Setenave (1974). Complexos industriais e a central
CENTRAL TÉRMICA DE SINES – MESA E PAINÉIS DE COMANDO.
da EDP em Sines foram também equipados com soluções Siemens, nomeadamente na gestão da energia, comandos dos accionamentos, motores de alta
tensão, quadros eléctricos de média e baixa tensão e
transformadores (1975).
A partir de 1977, registou-se no Departamento de
Energia e Indústria uma aceleração nas encomendas.
O incremento na exportação de transformadores para
vários países (Camarões, Islândia, Dinamarca, Angola, Macau) passou a representar uma componente
importante desta área, que passou a contar com a
oferta do novo Transformador GEAFOL, encapsulado
em resina sintética, incombustível e resistente à humidade, produzido desde 1981.
Sistemas de comando com computadores de processo passaram a ser uma linha muito requisitada:
Quimigal, Siderurgia Nacional, EDP foram algumas
empresas que contratualizaram fornecimentos deste
tipo, embora a actividade do departamento fosse diversificada, incluindo equipamento eléctrico para o
terminal de contentores de Alcântara ou os electrofiltros para a central de Sines (1984).
CENTRAL TÉRMICA DE SINES – FASE DE CONSTRUÇÃO.
TOMÓGRAFO SIRETOM (1974).
> Electromedicina
dor de imagem e circuito fechado de televisão, foi fornecido ao IPO-Lisboa. O mesmo tipo de equipamento
A radiologia é uma especialidade com longa tradição
seguia, entretanto, para o IPO-Porto. Referencial no
no grupo Siemens. Mas, nos anos 70, surgiu equipa-
campo do diagnóstico, o Vidoson, para controlo do
mento inovador neste domínio que agregava a técni-
desenvolvimento fetal a partir de ultra-sons, passou
ca TV de filmagem ou vídeo-tape. Tanto no diagnósti-
a ser muito solicitado, sendo instalado o primeiro na
co como na terapia, a tecnologia médica da Siemens
Maternidade Alfredo da Costa, em 1973. O campo da
ganhava espaço, à medida que as instituições clíni-
estomotalogia dos hospitais civis foi enriquecido com
cas e hospitalares se modernizavam.
aparelhos radiológicos do tipo Orthopantomographo
A partir de 1972, depois de assumir a responsabili-
e Orthoceph para tomografias panorâmicas dos ma-
dade da distribuição em electromedicina, a Siemens,
xilares.
S.A.R.L. forneceu à rede hospitalar portuguesa equi-
Em 1974/1975, o Hospital Egas Moniz, em Lisboa,
pamento deste tipo para exames em gastroentero-
instalou uma unidade radiológica concebida para
logia, cardiologia, ortopedia e neurologia. Um equi-
neuro-radiologia, pneumoencefalografia, angiogra-
pamento de radiodiagnóstico – o Sireskop 2, para o
fia cerebral e mielografia.
estudo do tubo digestivo, equipado com intensifica-
83 # A SIEMENS em Portugal
Em 1975, instalava-se em
Aveiro, pela primeira vez
em Portugal, uma unidade
de radio-diagnóstico da
mama, destinado a exames
cancerígenos. A sua eficiência
garantiu novas encomendas
para outras unidades
hospitalares e clínicas.
SIRETOM 2000. PRIMEIRA UNIDADE DE TOMOGRAFIA COMPUTORIZADA PARA A EXTREMIDADE ENCEFÁLICA
MONTADO EM
LISBOA.
Diversos equipamentos de radiologia passaram a incorporar os hospitais civis de Lisboa, em 1976. “O
predomínio da Siemens, no campo dos intensificadores cirúrgicos, foi confirmado neste período, graças
às qualidades da aparelhagem e à eficiência do nosso
Serviço Técnico. Podemos com orgulho afirmar que
a nossa firma é pioneira, em Portugal, no campo dos
sistemas de intensificadores com televisão em circuito fechado”, registava-se no relatório anual (1976).
No ano seguinte, apresentava-se aos potenciais clientes a Unidade de Tomografia Computorizada como a
SIROMA M1 – ESTÚDIO 3000. CONSULTÓRIO DE ESTOMATOLOGIA.
grande novidade tecnológica da altura, que viria a
suscitar o maior interesse. O escasso apetrechamento
das unidades de saúde no domínio da electromedicina permitia uma actividade crescente da Siemens
mas de monitorização em cuidados intensivos.
para colocação dos vários tipos de equipamentos. O
Em 1984, verificou-se a instalação do complexo de
valor total das encomendas cresceu, em 1978, 40% a
radiologia do novo Hospital Universitário de Coimbra.
preços constantes, de tal forma que os serviços técni-
Iniciou-se, neste ano, com a colocação no mercado
cos tiveram de pedir auxílio a colegas italianos e pro-
do equipamento de angiografia digital (Digitron 2),
mover a formação de novos técnicos portugueses.
uma técnica de diagnóstico nas afecções vasculares
Em 1979, instalou-se a primeira unidade de Tomo-
e cardiovasculares: a primeira instalação ocorreu no
grafia Computorizada para a extremidade encefálica
Centro Médico de Diagnóstico – Porto, a que logo ou-
na Clínica de Todos os Santos, observando-se ain-
tros se seguiram em diversas unidades (Hospital de
da outras encomendas. Esse ano ficou registado na
Santa Cruz, IPO-Porto e Hospital da Marinha).
memória dos funcionários do departamento como o
A tecnologia médica da Siemens global assegura-
ano da “tomografia computorizada”. Num balanço de
va uma contínua inovação: o formato evoluído de
1981, verificava-se que a Siemens tinha colocado cin-
pacemaker que concebeu e colocou no mercado
co tomógrafos dos oito então existentes no país.
tornou-se uma referência exemplar. Os campos da
Em 1980, instalava-se no Hospital de Santa Cruz
ventilação assistida, da monitorização, da estoma-
a primeira unidade de hemodinâmica do país, so-
tologia eram outras áreas em que a Siemens mar-
bressaindo os equipamentos Angioskop e um Gera-
cava posição a nível mundial. Em Portugal, como
dor Pandoros Optimatic. Em 1981, introduziam-se
noutros países, a tecnologia Siemens revelou-se
no mercado novos equipamentos: ultra-sonografia,
decisiva para a qualificação dos cuidados de saú-
equipamentos da linha de medicina nuclear e siste-
de e para sustentar a modernização do sistema.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 84
PUBLICIDADE A ELECTRODOMÉSTICOS SIEMENS NA CIDADE DE LISBOA.
> Electrodomésticos
Os anos 70, com a alteração dos padrões de consumo, foram favoráveis ao comércio de electrodomésticos. Curiosamente, os relatórios da Siemens atribuem esse crescimento ao 13.o mês dos funcionários
públicos, garantido, a partir de Dezembro de 1972,
o incremento significativo na venda destes produtos:
“este facto e atrasos de fornecimento por parte das
nossas fábricas provocaram esgotamento de stock
em algumas posições da nossa gama”, dizia-se no Relatório de 1972.
Uma das formas para a Siemens reforçar a sua intervenção no mercado foi criar centros de assistência
técnica, organizando uma frota automóvel para deslocações de operários especializados em reparações
e assistência, em apoio da rede de revendedores.
Desenvolveu também diversas
promoções, com recurso à publicidade, nomeadamente na
criação de modelos de receptores dedicados a grandes clubes
desportivos.
85 # A SIEMENS em Portugal
TELEVISOR E VENTILADOR DE MARCA SIEMENS. O VENTILADOR “JEITOSO” TORNOU-SE MUITO POPULAR NOS ANOS 80.
Mas a qualidade Siemens vinha ao de cima no merca-
emissões de TV a cores tivera um grande impacte nos
do. Foi o que ocorreu quando apresentou a sua má-
níveis de vendas de receptores Siemens. Entretanto,
quina de lavar roupa «Intervall Automatic», dotada de
o know-how adquirido levou à introdução de outro
um sistema de hidroextracção inovador, que garan-
produto – o sistema de infravermelho de comando
tia uma centrifugação com maior uniformidade. De
à distância.
resto, a Siemens apresentava, na altura, 12 modelos
Em 1981, iniciou-se a produção, no Sabugo, de ter-
de máquinas de lavar, oferecendo ainda diversos pro-
moventiladores, colocados tanto no mercado interno
gramas de fogões eléctricos e de fogões mistos (gás
como na exportação.
e electricidade). Outra novidade era a produção de
mesas de cozinha encastradas (em colaboração com
a Fábrica Portugal), para fornecimento nacional e no
estrangeiro. Em 1976, iniciaram-se os procedimentos
para o fabrico de aspiradores de pó na Fábrica do Sabugo, colocados no mercado no ano seguinte.
Em 1979, face ao anúncio da transmissão televisiva
a cores a iniciar em 1980 e às dificuldades de importação de receptores, a Siemens passou a produzi-los na sua fábrica de electrodomésticos do Sabugo,
com base num acordo com a Blaupunkt. O início das
FROTA DOS SERVIÇOS TÉCNICOS SIEMENS DA DELEGAÇÃO DE FARO.
O ventilador foi objecto de
uma campanha publicitária,
muito popular, passando a ser
conhecido como o “jeitoso da
Siemens” e a fazer parte dos
electrodomésticos comuns na
casa dos portugueses.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 86
1985 - 1994 >
A modernização na Europa:
investir nas novas tecnologias
ASSINATURA DO TRATADO DE ADESÃO À COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA, EM 12 DE JUNHO 1985, PELO ENTÃO PRIMEIRO-MINISTRO, MÁRIO SOARES (FOTO ARQUIVO DN).
87 # A SIEMENS em Portugal
PRIMEIRA CENTRAL PÚBLICA DIGITAL, INSTALAÇÃO EWSD (1987).
A adesão de Portugal à Comunidade Económica
Europeia teve o seu momento simbólico na assinatura do respectivo tratado em 1985. A inserção no
mercado comunitário arrastou níveis de crescimento
económico apreciáveis, pelo efeito dos fluxos monetários derivados das ajudas à pré-adesão, destinadas
à criação de infra-estruturas e modernização do tecido económico, e pelo investimento público e pri-
Neste período de transição
económica, a dinâmica
evidenciada pela Siemens
deveu-se muito à sua elevada
capacidade de engenharia e
ao incremento da oferta de
soluções em serviço completo.
vado que essas ajudas exigiam como contrapartida.
Acrescia ainda a atracção significativa de capital estrangeiro influenciado pelo facto do diferencial das
taxas de juro reais ser ainda bastante elevado em Portugal na comparação com o praticado na zona CEE.
Ao nível do investimento privado, vivia-se uma certa
animação empresarial, dado o clima de preparação
para 1993, altura da plena integração no mercado
comunitário.
A Siemens, S.A.R.L., de forma distinta nas várias
áreas de negócio, beneficiou desse crescimento,
para o qual também se preparou, tanto mais que a
integração representava a participação no mesmo
espaço económico e político dos accionistas, retirando Portugal definitivamente de uma situação periférica à economia europeia.
Mais do que ao fornecimento de equipamentos a
Siemens tem capacidade de responder à procura dos clientes com um projecto do tipo “chave
na mão”, procurando para isso as sinergias necessárias, dentro e fora do grupo, apostando nas
novas tecnologias emergentes em vários sectores (energia, comutação telefónica, electromedicina...), como veremos nas páginas seguintes.
Ao nível interno, ganha relevo a conclusão, em 1986,
dos projectos de arquitectura “Dois Moinhos” para a
nova sede a construir em Alfragide, englobando escritórios, oficinas e centros de estudo e preparação,
incluindo uma escola de técnicas digitais aplicadas
em telecomunicações e automação industrial. O projecto desenvolveu o conceito de escritório moderno,
com pavimento elevado modular, comando das luzes com infravermelhos, iluminação específica para
salas com terminais vídeo e outras características.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 88
de Corroios. As primeiras centrais de comutação digital a sair de Corroios foram instaladas na rede dos
MAQUETE DA SEDE SIEMENS.
ex-CTT/TLP em 1998, para substituir o equipamento
analógico em funcionamento.
Em Dezembro de 1988 foi estabelecido um novo
acordo entre os accionistas da Emptel – Empresa
As obras iniciaram-se em Julho de 1987, a inaugura-
de Equipamentos de Telecomunicações, S.A., pelo
ção das instalações verificou-se em 1989, com toda
qual a nova distribuição no capital social, entretan-
a dignidade institucional. No campo negocial, con-
to aumentado para 600 mil contos, passou a ser a
cluiu-se, ainda em 1986, a contratualização de um
seguinte: Siemens 51%; IPE 33,27%; Centrel 15,73%.
dos mais estruturantes projectos da economia portu-
O centro de desenvolvimento de software começou
guesa – a digitalização da rede de telecomunicações,
por executar trabalhos para a Siemens AG (Alema-
para o qual a Siemens participou com o fornecimen-
nha), para aplicações a nível mundial.
to das centrais digitais EWSD e no âmbito da qual se
Em 1988, a Siemens conferiu maior dimensão às ac-
criou a Emptel, empresa mista (com 27% de capital
tividades de formação profissional, criando o Centro
subscrito pela Siemens). No contexto do contrato de
de Formação Electrónica Industrial da Siemens, em
digitalização firmado com o Estado português atra-
conjunto com o INETI – Instituto Nacional de Enge-
vés dos ex-CTT/TLP, foi criada de raiz em Corroios
nharia e Tecnologia Industrial, agregando depois
uma fábrica de produção de sistemas de comutação
outras empresas do sector. Esse centro foi o embrião
digital EWSD. Foi também criada ao abrigo deste
da posterior Associação Nacional de Formação Elec-
contrato uma área de adaptação e configuração lo-
trónica Industrial (1990), constituindo hoje em dia
cal de software para o sistema produzido na Fábrica
a ATEC – Associação da Formação para a Indústria.
FACHADA DA SEDE EM ALFRAGIDE (1989).
89 # A SIEMENS em Portugal
A SIEMENS TEM DESENVOLVIDO UMA IMPORTANTE ACÇÃO NO CAMPO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL, PROMOVENDO A CRIAÇÃO DA ANFEI – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FORMAÇÃO ELECTRÓNICA
INDUSTRIAL (ACTUAL ATEC).
Ao longo dos anos, largas
dezenas de jovens têm
realizado na ATEC a sua
formação em Electrónica
Industrial e outros cursos
afins às áreas de negócio das
empresas associadas.
Ao nível das outras unidades fabris do grupo, importa
salientar que, em 1987, a empresa Motra foi integrada na Siemens, S.A., deixou de existir em termos jurí-
accionistas; a Idelma, S.A. passou de 235 mil para
1.550 mil contos, dos quais 900 mil contos também
por entrada dos accionistas.
As restantes unidades fabris
continuaram o seu processo
de consolidação, aumentando
a produção e admitindo mais
pessoal – integrou-se, nesse
ano, o 5000o colaborador da
Siemens em Portugal.
dicos, mas continuou a desenvolver a sua actividade,
passando a ser designada como “fábrica de transformadores”. Entretanto, a Indelma, com sucesso no for-
Assim, em 1991, iniciaram-se operações de renova-
necimento de cablagens para automóveis, e a Fábrica
ção nas fábricas do grupo, através de elevados inves-
de Évora continuaram a sua expansão, consolidando
timentos, para responder à expansão dos negócios e
a vertente produtiva do grupo Siemens. Nesta última
garantir condições de qualidade e produtividade. Na
iniciou-se o fabrico de “indicadores de ângulo”, pro-
Indelma (Fábrica do Seixal), com o negócio de cabla-
duto de alta precisão para ser utilizado no comando
gens em crescimento, as ampliações realizadas exi-
de máquinas e no posicionamento de flaps e lemes
giram um investimento na ordem de 1.7 milhões de
de direcção de aviões, o que permitiu alargar o núme-
contos. Entretanto, as actividades de quadros eléctri-
ro de trabalhadores para 1400. Aliás, o volume total
cos e disjuntores foram integradas na Siemens, S.A.,
de colaboradores do grupo Siemens em Portugal, no
passando a Indelma a consagrar-se exclusivamente
ano de 1988, era já de 4174, incluindo os integrados
às cablagens. Nesta circunstância, foi organizada a
na Emptel.
Siemens – Fábrica do Seixal, designada como Fábri-
Em 1989, verificaram-se aumentos de capital: a Sie-
ca de Disjuntores e Quadros Eléctricos, que englobou
mens, S.A. passou de 1.700 mil para 4 milhões de
também a produção de ferramentas e moldes de alta
contos, dos quais 675 mil contos por entrada dos
precisão, com aplicação de um sistema CAD/CAM,
VISITA AO LOCAL DURANTE A CONSTRUÇÃO DA CENTRAL TERMOELECTRICA DE CICLO COMBINADO DA TAPADA DO OUTEIRO. ENG. JOÃO FRANCO, ENG. MANUEL MOURA E MEMBROS DA DIRECÇÃO.
para fazer a ligação entre computador, frezadoras e
máquinas de erosão. Na Fábrica de Relés, em Évora,
foi incrementada a automatização de montagem e
ensaio de relés e a racionalização dos processos de
fabrico, com investimentos na ordem de um milhão
A Siemens viria a ser a primeira
empresa a ter as unidades
industriais certificadas em
Portugal.
de contos. Também na Fábrica de Transformadores
(Sabugo), entretanto com posições consolidadas em
alguns mercados externos, se procedeu ao aumento
Os inícios da década de 90 foram, em termos nacio-
da área fabril e a vários investimentos.
nais, marcados por projectos de grande dimensão
A certificação de qualidade passou a ser um objecti-
que se cruzaram com as áreas de actividade da Sie-
vo para as várias unidades do grupo, solicitada jun-
mens. Por um lado, a liberalização do mercado das
to do Instituto Português de Qualidade desde 1991.
telecomunicações fez aparecer novos operadores pri-
Aplicou-se a norma NP EN 29001, que cobre todas as
vados para a Rede Móvel Digital Pan-Europeia (GSM),
actividades que influenciam a qualidade do produto,
em cujo equipamento a Siemens assumiu um papel
desde a concepção, desenvolvimento e serviço pós-
fundamental. Por outro, em 1991, foi assinado en-
-venda.
tre a EDP e o consórcio Turbogás, integrado pela Siemens, o acordo intercalar para a obtenção de licença
de construção e exploração da Central Termoeléctrica
de Ciclo Combinado da Tapada do Outeiro com a EDP,
em que o combustível de base é o gás natural, mas a
BANDEIRA DA CERTIFICAÇÃO EN 29001.
instalação está prevista para poder queimar gasóleo,
em situações de emergência. Esta central, que veio
substituir uma anterior a carvão, decorreu da decisão política relativa à adopção do gás natural como
energia alternativa para Portugal, cujo projecto, para
ser viável, carecia de um grande consumidor/cliente.
Dado o período recessivo que então se vivia, a EDP,
em nome do Estado, lançou um concurso internacional em regime de projecto financing para construção,
exploração, manutenção e comercialização desta
central, com capacidade de 1200 MV, cuja produção
representaria cerca de 20% da energia eléctrica então
instalada em Portugal.
91 # A SIEMENS em Portugal
Finalmente, assinale-se a participação em consórcios
para contratos nos transportes públicos (duas encomendas para a CP, uma de 40 comboios suburbanos
para a linha de Sintra, outra de 30 locomotivas eléctricas; desenvolvimento do protótipo para as novas
carruagens do Metropolitano).
A depressão internacional de 1993 trouxe alguns
A Siemens, S.A.R.L. tornou-se
a maior empresa nacional
exportadora de software,
acrescendo à exportação dos
produtos de engenharia e de
formação profissional.
problemas. A Siemens sentiu dificuldades nas exportações, face a quebras de actividade nos países
receptores dos seus produtos, com descidas bruscas
A partir de 1994, projectos de cablagens para novos
na venda de transformadores e cablagens, o que im-
modelos de veículos da Renault e da Autoeuropa vie-
plicou dispensas de pessoal no Sabugo e na Indelma,
ram lançar novos desafios e animar a actividade da
além de reflexos nos resultados.
Indelma. Paralelamente, surgiram importantes en-
Entretanto, a Siemens AG adquiria mais 47,5% das ac-
comendas no domínio dos transportes públicos: a
ções da Emptel e passava a deter a totalidade do seu ca-
concretização do pedido de 8 e 9 composições para o
pital social. Em Setembro de 1993, realizou-se a fusão
Metropolitano, de acordo com os dois modelos expe-
da Emptel com a Siemens, S.A., mediante a transferên-
rimentais anteriormente desenvolvidos em consórcio
cia de todo o seu património, operando-se, em confor-
com a Sorefame; a encomenda de 10 eléctricos arti-
midade, o aumento de capital da Siemens, S.A. para
culados, de piso rebaixado, para a Companhia Carris
8,6 milhões de contos. Com a integração, a nova uni-
de Lisboa.
dade passou a ser considerada como Departamento.
UNIDADE QUÁDRUPLA ELÉCTRICA SIEMENS DA LINHA DE SINTRA.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 92
dinamizador de um empresa que, nos anos 70, apresentava ainda dimensões modestas, se bem que em
crescimento, para se situar agora no cimo da indústria eléctrica e electrónica em Portugal, tendo conseguido encontrar as fórmulas adequadas para se associar ao processo de modernização português, através
de várias conjunturas.
EM CIMA: EDIFÍCIO DAS NOVAS INSTALAÇÕES DA DELEGAÇÃO DA SIEMENS NO PORTO,
PERAFITA (MATOSINHOS).
EM BAIXO: CARTAZ ALUSIVO AO MOVIMENTO “TOP”, FOMENTANDO A OPTIMIZAÇÃO DOS
PROCESSOS DE TRABALHO.
Em 19 de Maio de 1994, concretizou-se a inauguração das novas instalações para a Delegação Técnica
do Porto em Perafita, Matosinhos, que passou a usufruir de melhores condições logísticas para o dinâmico papel que sempre assumiu na comercialização,
instalação e assistência nas várias áreas de produtos
Siemens, agrupando-se, desde então, num só complexo todos os serviços administrativos, comerciais e
técnicos da delegação.
A Siemens, S.A., em
sinergia com a Siemens AG,
apresentava, nos anos 90,
uma crescente penetração
no mercado global, o que
implicava assegurar, desde
logo, níveis de competitividade
e de qualidade muito elevados.
De entre as medidas para se atingir esse objectivo, deve sublinhar-se, a exemplo do que acontecia no grupo e suas subsidiárias a nível mundial,
a adopção do programa “TOP” (Time Optmized
Processes), implementado desde 1994, visando
sustentar a optimização de processos de trabalho
e de interligação entre as várias unidades.
Em 31 de Março de 1995, Wolfgang Georg Bühler
deixava as funções de administrador-delegado que
exerceu ininterruptamente durante 25 anos. Subiu a
vice-presidente do Conselho de Administração. Foi o
A atribuição da administração-executiva, pela primeira vez
na história da empresa, a um
português, Carlos de Melo
Ribeiro, que exerce essas
funções depois de um longo
percurso como quadro do
grupo, permitiu estabelecer
novas perspectivas para o
posicionamento da Siemens em
Portugal.
O salto qualitativo vislumbra-se desde logo na aposta
de captar para Portugal, no âmbito do investimento internacional do grupo, alguns centros de alta tecnologia e transformá-los em pólos de excelência mundial.
Veremos essa mutação empresarial no capítulo seguinte. Por agora, lancemos um olhar de maior pormenor sobre a acção das diversas áreas de negócio
neste período (1986-1994).
93 # A SIEMENS em Portugal
Áreas de negócio > 1985 - 1994
> Telecomunicações
> Energia e Indústria
> Electromedicina
> Electrodomésticos
> Material de série
> Engenharia
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 94
> Telecomunicações
O sistema de comutação digital EWSD, que permite
a aplicação de diversos sistemas de comunicação, foi
apresentado ao público pela Siemens, em 1986, para
divulgação da sua tecnologia, em consonância com a
participação no concurso para fornecimento de centrais digitais que decorria no âmbito da reconversão
da rede pública de telecomunicações:
“O ano de 1986 decorreu sob o signo RDIS/ISDN. No
domínio privado como no público este tema esteve
sempre presente. Com efeito é neste ano que se fazem as primeiras propostas de Hicom para o Banco
Nacional Ultramarino e para os CTT – Picoas. E é a
22.12.86 que finalmente se assina o contrato para
o fornecimento das Centrais Públicas Digitais EWSD
aos CTT/TLP”, assim se afirma no relatório anual da
empresa.
Segundo o contrato assinado com a empresa pública CTT/TLP, a Siemens forneceria as primeiras
quatro centrais, totalmente importadas, para entrada em funcionamento em 1987, assumindo-se
assim como o primeiro fornecedor de centrais de
comutação digital em Portugal. Paralelamente as-
PRIMEIRA CENTRAL PÚBLICA DIGITAL, INSTALAÇÃO EWSD (1987).
sinava-se, como contrapartida, um contrato de
transferência de tecnologia, pelo qual a Siemens,
em conjunto com o IPE – Instituto de Participações
do Estado e a Centrel, criava uma nova empresa de
capitais mistos – a Emptel, para posterior produção
em Portugal do equipamento digital, incluindo as
restantes centrais EWSD. Através da Emptel, a Siemens, como vencedora do concurso, deveria fabricar
em Portugal, até 1991, um total de 215 mil linhas.
As primeiras centrais digitais contratadas foram instaladas em Carnide e Aveiro, em 1987, e a Siemens
recebeu nova encomenda para a produção de mais
160 mil linhas, a que se seguiram contratos relativos
a outros tipos de equipamentos para os repartidores
principais das centrais de comutação. Os sucessivos
contratos com a Portugal Telecom para o fornecimento de equipamento (2,5 milhões de linhas EWSD entregues até 1996), a adaptação do software para as
versões RDIS portuguesas, produção de telecomandos de infravermelhos para a Siemens AG foram algumas das encomendas que sustentaram a actividade
inicial da Emptel.
As redes digitais tornavam-se determinantes na área
de negócio das telecomunicações, incluindo soluções
internas para as redes privadas das empresas, a que
se ajustava as centrais Hicom, primeiro sistema capaz
de ser integrado na rede digital em instalação (o modelo Hicom Trading 300 tornou-se muito solicitado
para serviços bancários).
Entretanto, a Siemens, para além de continuar os
fornecimentos de equipamentos e soluções de telecomunicações a redes privadas, enfrentava novos
desafios. Em 1988, dava como operacional o projecto
de informatização da CP, incluindo venda e reserva
de lugares, controlo do material circulante e informação ao público, que se revelou fundamental na
modernização do transporte ferroviário em Portugal.
Também a área de fornecimento e implantação de
computadores passou a revelar grande dinamismo,
nelas se incluindo impressoras laser de alta qualida-
95 # A SIEMENS em Portugal
Público Móvel Digital Pan-Europeu a concretizar no
biénio 1991-1992, de forma a permitir a utilização
do mesmo equipamento terminal telemóvel em toda
a Europa.
EQUIPAMENTOS TELEFÓNICOS:
EM CIMA: TELEFONE SEM FIOS;
EM BAIXO: TELEMÓVEL DOS ANOS
80.
de e elevada tiragem, como a colocada nos serviços
de Totobola e Totoloto na Santa Casa da Misericórdia
de Lisboa (1988). Com a fusão entre a Siemens e a
Nixdorf (1990), a colocação de computadores experimentou grande incremento.
Os aparelhos de telefone Siemens foram adoptados
em 1990, pela primeira vez, pela Portugal Telecom
(com uma primeira encomenda de 125 mil unidades), que se decidiu ainda pela aquisição de centrais
A Siemens participou, pois,
activamente na instalação
da rede GSM que veio a ser
designada de TMN, para a qual
forneceu não só equipamentos
como também os serviços
de instalação e manutenção
contribuindo para que a nova
rede TMN se configurasse, na
altura, como uma das mais
avançadas do mundo.
telefónicas (Saturno 12) para aluguer a utentes.
Também de Países de Língua Oficial Portuguesa che-
Para além disso, a Siemens colocou no mercado os
garam encomendas de centrais telefónicas e equipa-
seus próprios aparelhos de telemóveis para uso indi-
mentos afins.
vidual.
Em 1988, por incumbência dos CTT/TLP, a Siemens
O Departamento de Telecomunicações foi objecto de
instalou os primeiros equipamentos do “serviço mó-
uma reestruturação, em 1992, sendo reestruturado
vel terrestre”, desenvolvendo a fase de ensaio para
em quatro divisões, que nos fornecem uma ideia das
o novo serviço telemóvel na área da Grande Lisboa.
várias áreas de actividade: sistemas privados, redes
A instalação da rede seria cumprida em quatro anos
públicas, transmissão, componentes. Esta divisão de-
para as principais zonas do país. Em 1990, assinou
partamental ajudou a dinamizar ainda mais a acção
o contrato com a Portugal Telecom para o forneci-
da empresa no mercado.
mento de equipamentos e instalação do Serviço
Em 1993, a Siemens duplicava as quotas de mercado
nos sistemas privados, estabelecendo ainda, numa
acção pioneira, as primeiras ligações RDIS (Proleite
e Ford Wolkswagen), a que muitas outras se seguiram. Para esse efeito, contribuiu a oferta no mercado
de alguns produtos novos de transmissão digital. No
campo da transmissão, a Siemens assinou contratos
com a Portugal Telecom para novas ligações em feixes hertzianos digitais e para a ampliação da rede de
fibra óptica.
Em 1995, foi assinalada simbolicamente a entrada
em serviço da linha digital 2.000.000 fornecida pela
Siemens à central de Leça da Palmeira, da Portugal
Telecom, o que fornece uma ideia do trabalho continuado da Siemens neste domínio.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 96
POSTO DE COMANDO CENTRALIZADO USANDO UM MONITOR EM TÉCNICA COROS 2000 E SIMATIC S5.
> Energia e indústria
plementado por formação profissional proporcionada pela própria empresa. Por essas razões, a Siemens
A aceleração da aplicação das novas tecnologias no
prestou particular atenção, em 1986, à divulgação
domínio da energia e indústria foi a linha dominante
dos equipamentos Simatic – autómatos programá-
das características dos negócios realizados a partir da
veis, em relação aos quais se realizaram cursos bási-
década de 80, conforme se regista em relatório anual
cos de utilização e programação destinados a clientes.
da Siemens (1986):
Assim, ao lado dos equipamentos já tradicionais,
“A utilização de modernas tecnologias que fazem
tais como subestações, transformadores ou quadros
recurso aos microprocessadores, aos autómatos pro-
eléctricos, multiplicaram-se as soluções de nova tec-
gramáveis e aos computadores apoiados em software
nologia que foram instaladas em múltiplas unidades
adequado, tem vindo a tomar progressivamente uma
industriais:
maior importância em todos os fornecimentos, com
• Sistemas de comando, controlo e gestão de energia
especial incidência nos que estão em causa sistemas
para grandes edifícios;
de comando, de vigilância e alarme, de controlo ou
• Registadores cronológicos de acontecimentos;
de gestão de processos e instalações industriais e de
• Sistemas de regulação de velocidade.
distribuição de energia. Esta evolução que se faz em
Uma das instalações mais significativas desta divisão
detrimento das tecnologias electromecânicas clássi-
de vendas foi relativa ao ar condicionado do novo edi-
cas caracteriza uma verdadeira e radical revolução
fício da Caixa Geral de Depósitos, com equipamento
tecnológica realizada com enorme rapidez e a um
e sistema de controlo, assente em software em gran-
ritmo de inovação muito superior ao que se verificou
de parte produzido por técnicos portugueses. No ano
nas tecnologias convencionais.”
seguinte, o mesmo cliente adjudicava à Siemens o
Esta situação tinha óbvias repercussões no departa-
sistema de iluminação integrado em tecto.
mento respectivo, implicando a contratação de co-
Outro tipo de equipamento que passou a ter uma
laboradores relacionados com as novas tecnologias,
importância significativa nesta área da energia e in-
com grau de formação escolar elevado, a ser com-
dústria foi a da venda e instalação de grupos turboalternadores. Registe-se, em 1986, a entrega à Celbi de
97 # A SIEMENS em Portugal
um grupo para fornecimento de vapor de processo e
E ainda, numa dinâmica de modernização dos trans-
de energia eléctrica. Várias outras empresas recorre-
portes públicos, desenvolveu a produção do protóti-
ram depois ao mesmo tipo de equipamentos, como
po de novas composições para o Metropolitano de
a Portucel-Cacia e a Papéis Inapa (1988). Também
Lisboa.
importa sublinhar o fornecimento de celas de baixa
Os inícios dos anos 90 trouxeram retracção ao sector
e média tensão para diversas centrais, caso das cen-
energético e industrial, com particular incidência em
trais de Sines e do Pego–EDP e da Central de Coloane,
1993, concretizando-se essencialmente encomendas
em Macau (1990).
anteriores: operações habituais com a EDP (transfor-
De entre as encomendas recebidas nesta área, mere-
madores e sistemas de comando), Somincor (amplia-
ce destaque a de 42 unidades quádruplas eléctricas
ções do sistema de comandos nas minas Neves-Cor-
para a linha de Sintra da CP, com motores de tracção
vo), Inapa, Cimpor, Portucel.
trifásicos assíncronos, nas quais, em consórcio com
Em 1991 foi assinado entre a EDP e o consórcio Tur-
a Sorefame, a Siemens assegurou o fornecimento
bogás, integrado pela Siemens, o acordo para a cons-
de todo o equipamento eléctrico (as primeiras auto-
trução e exploração da central termoeléctrica de ciclo
motoras começaram a circular em Setembro 1992).
combinado da Tapada do Outeiro.
PERSPECTIVA DA CENTRAL TERMOELECTRICA DE CICLO COMBINADO DA TAPADA DO OUTEIRO.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 98
O principal núcleo de projectos
de engenharia do ano foi o
Aeroporto de Macau, com
equipamentos de média e baixa
tensão, o Building Management
System (BMS) e o sistema de
gestão de energia.
Em 1994, o Departamento de Energia e Indústria
passou a oferecer ao mercado mais dois produtos
inovadores: transformadores de distribuição herméticos, com enchimento integral de óleo; unidades
inteligentes para protecção e comando de motores
(Simocode).
EM CIMA: AEROPORTO DE MACAU. EM BAIXO: SISTEMA DE COMANDO DE PC’S INDUSTRIAIS SICOMP E AUTÓMATOS SIMATIC DA CIMPOR.
99 # A SIEMENS em Portugal
EQUIPAMENTO DE TOMOGRAFIA AXIAL COMPUTORIZADA SOMATOM AR.T.
> Electromedicina
Em 1993, a Siemens foi solicitada a equipar na área
de electromedicina o Hospital Prof. Dr. Fernando da
A Siemens continuou, ao longo dos anos 80, a man-
Fonseca, na Amadora-Sintra, em áreas diversas: ra-
ter a liderança em Portugal na implementação da tec-
diologia convencional, radiologia de intervenção e
nologia de radiodiagnóstico e de angiografia digital,
angiografia universal, Tomografia Axial Computoriza-
nas sucessivas gerações de equipamentos.
da (TAC). A conceber e a instalar a nova Unidade de
Em 1986, divulgou em Portugal a tecnologia da lito-
Intervenção Cardiológica no Hospital de Santa Maria
trícia (trituração de cálculos na bexiga) e da resso-
e uma segunda sala de hemodinâmica no Hospital de
nância magnética: logo no ano seguinte, o primeiro
Santa Cruz. A instalação de TAC na Madeira (Clínica
Lithostar em Portugal era instalado na Clínica S. Louis
de Santa Catarina) e ainda nas Caldas da Rainha e em
e o primeiro Magneton M5 na clínica Dr. Idálio de Oli-
Castelo Branco foram outras solicitações, tal como a
veira.
Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Mato-
Entretanto, a modernização do funcionamento de
sinhos (1994).
diversas unidades hospitalares (Hospitais de Almada, Vila Real, Vila Nova de Gaia, Coimbra, Castelo
Branco, IPO–Porto, entre outros) teve o contributo
da Siemens no fornecimento de equipamento, em
particular do sistema de tomografia axial computorizada (Somaton AR.T) ou da ressonância magnética
(Magnetom 63-SP).
Em 1992, novos equipamentos foram introduzidos
em Portugal, com a entrega de várias encomendas
de radioterapia ao Instituto Português de Oncologia de Coimbra: acelerador linear, sistema de pla-
Ao longo do tempo, a Siemens
continuou a contribuir para
a verdadeira revolução
que ocorre na saúde, dada
a crescente utilização de
equipamentos radiológicos e
a necessária preparação dos
recursos humanos a eles afecta.
neamento tridimensional, sistema de simulação,
todos instalados em rede. Equipamentos idênticos
foram instalados no Hospital de Santa Maria: aqui
Neste contexto, novas áreas de saber – as ciências
todo o equipamento de radioterapia foi concebido,
imagéticas, terapêuticas bio-radiológicas e electro-
construído e fornecido pela Siemens, em projecto
fisiológicas exigiram uma colaboração íntima entre
“chave na mão”, que incluiu as próprias instalações.
serviços de saúde e indústria.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 100
Na transição das décadas 1980/1990, assinalaram-se
transformações no mercado de electrodomésticos,
nomeadamente com o aparecimento das grandes
superfícies comerciais como canal de distribuição,
exigindo adaptações comerciais (incluindo as designadas “linhas brancas”) e de marketing, dado o canal
tradicional estar sustentado em lojistas. Uma maior
agressividade comercial e o lançamento de algumas
campanhas promocionais fizeram alcançar sucessos
ao nível de máquinas de lavar, televisores e vídeogravadores. A melhoria da cobertura nacional da assistência técnica foi outro factor de apoio às vendas.
A presença em salões de exposição tornou-se uma
preocupação da Siemens, S.A.
ELECTRODOMÉSTICOS SIEMENS.
No contexto de agressividade concorrencial dos finais
do século XX, a Siemens, segundo a doutrina expressa nos relatórios anuais, procurava diferenciar-se da
tendência polarizadora para os baixos preços pratica-
> Electrodomésticos
dos pelos lojistas, insistindo comercialmente na polarização do conteúdo de valor, defendendo o conceito
de vendas de qualidade. Nesse sentido desenvolveu
Com o fim das restrições para a importação de
tanto acções junto dos revendedores, como lançou
electrodomésticos, a gama Siemens continuou a
produtos inovadores, de que foi exemplo a máqui-
aumentar as suas vendas, para a qual contribuiu o
na de lavar louça SN 29, adaptada a carga comple-
aumento do consumo privado. O marketing também
ta ou meia carga, e a electrónica de consumo (das
ajudou, verificando-se campanhas publicitárias de
antenas parabólicas à escova de dentes multiactiva).
vários tipos. Em 1986, o Departamento de Electro-
A introdução da informática doméstica está também
domésticos promoveu uma ampla divulgação dos
a fazer o seu caminho, desde a introdução do “Faz
fogões microondas, instalando mesmo uma cozinha
tudo” (1995), centro multimédia que reúne num só
experimental na sede para demonstrações. Veio a ser
aparelho o receptor de TV, computador, fax, telefone
um êxito o modelo “microonda plus”, com grelhador
de mãos-livres, atendedor de chamadas e multileitor.
infravermelho e forno. E fez uma ampla divulgação
Na abordagem a este mercado complexo, em que
da assistência técnica pós-venda disponibilizada pela
os revendedores tradicionais se declararam em cri-
firma.
se face à emergência das grandes superfícies, a Siemens procurou desenvolver o conceito de clienteling,
O design das cozinhas Siemens,
com electrodomésticos de
integrar, bem como o de alguns
modelos de televisor
tornaram-se uma referência de
qualidade no mercado .
numa busca de qualificação que acompanha o cliente
e o apoia nos processos de decisão, ajudando a situá-lo nos “grupos de pertença”. Por outro lado, a área
dos electrodomésticos teve um papel determinante
na constituição da Associação de Agentes Autorizados, e definiu a linha de produtos “Extraklasse” a ser
comercializada em exclusivo pelos associados.
101 # A SIEMENS em Portugal
> Material de série
Em 1993, verificou-se o lançamento de um novo produto com êxito: o Instabus EIB, um sistema descen-
Em Abril de 1985 verificou-se a criação de uma nova
tralizado de gestão de energia, em que todos os com-
secção para vários tipos de material de série, nomea-
ponentes da instalação eléctrica comunicam entre si,
damente o material de distribuição eléctrica – calhas,
sem necessidade de central de controlo, pois a gestão
armaduras de baixa luminância (VDU – Visual Display
é efectuada com o auxílio de um PC portátil. O siste-
United), caixas de alimentação, circuitos de energia,
ma, que passou a equipar as instalações da Siemens,
comunicação e transmissão de dados – com elabora-
foi depois implementado em múltiplos edifícios.
ção de catálogo. Em 1987, novos artigos foram lançados no mercado: painéis de energia solar, aparelhagem de corte e protecção Simicont, arrancadores
electrónicos “Sikostar”.
Uma outra área de negócio implementado, no âmbito de construção de escritórios modernos, contemplava o Pavimento Elevado Modular (PEM), os tectos
integrados com iluminação anti-reflexo e comandos
infravermelho de todos os circuitos de electricidade.
Este tipo de oferta permitiu à Siemens apresentar-se
A aplicação do material de
baixa tensão e projectos de
iluminação multiplicaram-se.
Registe-se o fornecimento de
armaduras para a Ponte 25 de
Abril e para diversos túneis da
ilha da Madeira em 1994.
como partner para arquitectos e projectistas em fase
de planeamento de escritórios modernos.
PONTE 25 DE ABRIL, SOBRE RIO TEJO, E PANORÂMICA DE LISBOA (FOTO EDUARDO TOMÉ, ARQUIVO DN).
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 102
> Engenharia
Em 1991, uma das obras significativas do Departamento de Engenharia consistiu na renovação e adap-
O Departamento de Engenharia foi criado em 1987
tação dos sistemas de sinalização ferroviária das es-
para responder à procura de serviços de apoio téc-
tações do Areeiro, Campolide e Rossio (CP). De igual
nico completos e de qualidade. Este departamento
modo se deve sublinhar a aplicação de instalações de
recuperou as anteriores actividades de projecto nas
despoluição na Siderurgia Nacional e em várias fases
diferentes áreas de acção, nomeadamente nas áreas
de fabrico das cimenteiras nacionais.
de análise de processos, elaboração e manutenção
de software, projecto, montagens e manutenção, incluindo assistência técnica permanente.
A aplicação de automação de processos, utilizando
autómatos Simatic e computadores foram as ocupações principais, com as indústrias alimentar (Unicer)
e de derivados de madeira a surgirem logo como os
principais clientes na fase inicial. Em 1987 a produção de software ultrapassou pela primeira vez os
50% do total de horas na divisão dos projectos. Os
sistemas de gestão de energia, aplicados em edifícios
inteligentes, foram uma das ofertas integradas, com
o objectivo de melhorar o conforto dos utentes: a sua
primeira aplicação decorreu em 1988, no Hotel Quin-
Em 1993, um dos sucessos
do Departamento de
Engenharia foi o contrato,
em consórcio com a Thyssen,
para a manutenção das
instalações eléctricas da
Fábrica Autoeuropa, o primeiro
contrato para a manutenção
integral de uma unidade
fabril, abrindo a porta a outros
contratos.
ta do Lago (Algarve).
Entre os projectos adjudicados em 1990, vários de
Seguiu-se o da manutenção das instalações eléctricas
montagem e assistência, merece menção especial o
da TAP, no Aeroporto de Lisboa (na altura, o maior
conseguido para o sistema de comando e controlo de
contrato de outsourcing em Portugal), em consórcio
processo para as novas instalações das Pirites Alen-
com a Manindústria, Lda.
tejanas (Aljustrel), que surgia na sequência de for-
Em 1994, o Departamento de Engenharia passou a
necimentos anteriores da Siemens a outro complexo
ser responsável por toda a comercialização de enge-
mineiro (Neves-Corvo).
nharia e sistemas referentes à indústria e tecnologia
ASPECTO DE UMA LINHA DE PRODUÇÃO DA AUTOEUROPA.
103 # A SIEMENS em Portugal
> SNI – Siemens Nixdorf
A área de computadores ganhou um relevo crescente
como negócio, sobretudo desde que se verificou, a
HOSPITAL DE LEIRIA: UM PROJECTO “CHAVE NA MÃO” IMPLANTADO PELA SIEMENS.
nível do grupo global, a fusão entre a Siemens e a
Nixdorf (1990), o que permitiu assegurar uma oferta variada, de diversas gamas, e seguir a filosofia de
de edifícios. Coube-lhe, assim, tratar de projectos
como o do teleférico do Bom Jesus, em Braga, a análise da rede eléctrica da Siderurgia Nacional (Maia),
turbina e rede eléctrica da Alcântara (Santa Iria de
Azóia), accionamento da máquina de tiragem de pasta de papel (Portucel – Setúbal), sistemas de iluminação e gestão de energia dos aeroportos de Macau
e Ponta Delgada. Também a tecnologia de edifícios
“sistemas abertos”.
Oficialmente a partir de 1994,
a Siemens, S.A. passou, assim,
a ter a representação do maior
fabricante europeu de sistemas
de informação.
hospitalares teve desenvolvimento, com instalações
em hospitais de Fafe, Lamego, S. João, Prelada e Santa Cruz. Mas a implicação mais importante terá sido
o projecto “chave na mão” dos sistemas eléctricos do
Hospital de Leiria, dada a sua dimensão, o elevado
grau de automação e de inovação, incluindo as instalações de transformação, produção e segurança,
distribuição de energia, comunicações, rede informática, electroacústica e sistemas audiovisuais, controlo
centralizado e gestão de energia, iluminação interior
e exterior, comando e sinalização de heliporto.
Também os transportes ferroviários estiveram em evidência, com a Siemens envolvida na modernização
da rede ferroviária. Ao consórcio liderado pela Siemens foi adjudicada pela CP a catenária da linha da
Beira Alta na extensão de 250 km, depois da entrega,
no ano anterior, das últimas 10 locomotivas LE5600,
de uma encomenda de 30, para tracção de composi-
Neste contexto, foi constituída pela SNI (Siemens Nixdorf Informationssystheme) uma equipa de mais de
60 profissionais altamente qualificados, de forma a
assegurar o início das suas actividades em Portugal.
Oferecendo soluções integradas, nomeadamente na
interligação de telecomunicações, redes e tecnologias de informação, a divisão SNI estruturou-se de
forma a responder às necessidades do cliente em
diferentes áreas, como o front office no mercado financeiro e segurador, o back office e os postos de
venda para médias e grandes superfícies comerciais
ou os sistemas de gestão centralizada nas cadeias de
lojas. A par da oferta de soluções informáticas, de
igual modo se passou a assegurar a comercialização
dos computadores pessoais SNI, dos notebooks aos
towers de elevada potência.
ções ou mercadorias. A encomenda de 10 eléctricos
novos, de piso rebaixado, com interior climatizado e
com novo design, pela Siemens à Companhia Carris
também merece ser sublinhada pela renovação do
transporte eléctrico que significava numa altura de
preocupação ecológica: desde 1927 que não eram
encomendados novos carros eléctricos. De igual
modo, o Metropolitano de Lisboa, em face da expansão da sua rede, encomendou mais 9 unidades ML-90
(de um total de 17).
LOGÓTIPO DA SIEMENS NIXDORF.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 104
1995 - 2005 >
Rumo à excelência e à inovação,
sob o signo da digitalização, do
software e da alta tecnologia
CONDENSADORES DE TÂNTALO, UMA PRODUÇÃO DA EPCOS.
105 # A SIEMENS em Portugal
Tornou-se consensual chamar “nova economia” às
transformações emergentes nas duas décadas finais
Ambicionou assumir, em
paralelo, a articulação
indispensável entre a sua
presença e centro de decisão
local e o agir global, de forma a
criar uma presença portuguesa
activa e reconhecida na rede
global de inovação que o grupo
actualmente configura.
do século XX sustentadas nas tecnologias da informação, configurando um novo paradigma. Como
sublinha o reputado sociólogo Manuel Castells, “é a
ligação histórica entre informação/conhecimento (a
base da economia), o seu alcance global e a sua organização em rede que cria um novo sistema económico distinto”.
As ondas de choque das tecnologias de informação
induziram, pois, fortes transformações nos mercados,
nos modelos de produção e nas estruturas organizacionais a que muitas empresas têm vindo a adaptar-se,
contornando as suas tradições fordistas. A Siemens,
S.A., integrada num grupo que, desde as origens, se
revelou fortemente internacionalizado e inovador, incorporou os sentidos e as directrizes das reestruturações verificadas ao nível do grupo global.
A partir de uma nova sensibilidade de gestão e de
uma forte capacidade de afirmação, a nova administração, liderada por Carlos de Melo Ribeiro, pretendia, em curto prazo, ultrapassar definitivamente
a aposta nas produções de mão-de-obra intensiva,
típica das indústrias de componentes electrónicos
dos anos 60/70, para, sem descontinuar a actividade
tradicional, passar a apostar na alta tecnologia e nos
domínios da informação, sustentados em trabalho altamente qualificado, com o objectivo de atingir produções de alto valor acrescentado. Perante a globalização, os baixos custos do factor trabalho deixaram
de ser uma vantagem competitiva, para só se poder
ter em conta a competência e a capacidade específica
como mais-valia na concorrência internacional.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 106
Criaram-se externalidades positivas, à medida que
difundem inovação e induzem competitividade a
montante e jusante dos seus círculos de acção. Este
efeito tornou-se evidente na interacção da Siemens,
S.A. com as universidades e centros de investigação
nacionais, na promoção da formação profissional em
alta tecnologia que a empresa assegura, na criação de
elevado volume de emprego tecnológico e na difusão
de equipamentos de nova geração aos mais diversos
MEGASTORE SIEMENS INAUGURADA EM 2005.
níveis das suas áreas de negócio.
Este posicionamento foi facilitado pelo quadro de
transformações de gestão que os headquarters, ao
longo dos últimos anos, promoveram no grupo glo-
Digitalização,
telecomunicações,
semicondutores e software
foram as novas apostas de
alta tecnologia para dar
sustentabilidade à presença da
Siemens, S.A. em Portugal e no
mundo.
bal. Essas transformações tiveram repercussões em
todos os pólos regionais, nomeadamente:
• Concederam larga autonomia de gestão aos seus
múltiplos pólos regionais, que assim podem estabelecer objectivos próprios e assumir decisões no sentido localmente mais adequado;
• Implementaram a estruturação em rede, promovendo a comunicação on-line entre todos os agrupamentos a nível global, permitindo criar interacção,
conhecer no imediato as disponibilidades e necessidades do grupo em qualquer parte do mundo, estabelecer sinergias, transferir conhecimento e acelerar
Considerando o efeito multiplicador que estas tecno-
a tomada de decisões;
logias assumem, dada a sua capacidade de penetra-
• Recriaram o modelo de gestão que passou a assen-
ção em toda a actividade humana, tais apostas aju-
tar em operating groups, direccionados para a satis-
daram a reestruturar por completo a face da Siemens
fação do cliente, os quais assumem, em cada região,
em Portugal.
a coordenação dos processos de fornecimento, mobilizando para esse efeito os recursos mais adequados
e disponíveis no interior do grupo global;
A empresa passou a
produzir também um efeito
geralmente designado
de “transbordamento
tecnológico”, porque as
suas opções, para além de
valorizarem a empresa, se
repercutem favoravelmente na
sociedade.
• Intensificaram e descentralizaram o investimento
em I&D, criando centros de excelência nos pólos que
demonstrassem essa capacidade.
Por esta altura, a Siemens em Portugal apresentava
cerca de cinco milhares de colaboradores, uma significativa expressão de emprego ao nível de um grupo
nacional. Por todas as razões, tornava-se decisivo o
estabelecimento de novas metas pela Siemens, S.A.,
aproveitando a vaga de reorganização e modernização. Essas metas passaram por uma redefinição geral
da cultura empresarial, focalizando a importância de
vectores fundamentais:
107 # A SIEMENS em Portugal
“O ano de 1996 foi um ano de evolução e mudança
marcado pela reorganização das nossas estruturas
para melhor responderem às exigências dos tempos
futuros. Reforçámos o nosso movimento top para aumentar a competitividade e criámos um centro de Business Excellence, onde coordenamos todas as acções
de inovação, produtividade e qualidade como meios
de alcançar a nossa meta principal: a excelência da
nossa organização. Todas as nossas unidades se encontram certificadas ou na fase final do processo de
certificação do Sistema de Qualidade e já iniciámos
os processos de auto-avaliação segundo o modelo
da EFQM (European Foundation for Quality Management). Pois estamos profundamente empenhados
em colocar a nossa organização ao melhor nível mundial”, assim afirmava a administração no Relatório de
1996, numa expressão programática para o novo modelo de gestão que marcaria os anos seguintes.
Atingida a fase da certificação pelo referencial ISO
9000 nas diversas unidades de produção e comércio,
o objectivo da excelência tornou-se, assim, o novo
CARTAZ ALUSIVO AO MOVIMENTO INTERNO “TOP+”.
CERTIFICAÇÃO DO LABORATÓRIO DE ENSAIOS DE ALTA TENSÃO
DA FÁBRICA DO SABUGO.
leit-motiv no dia-a-dia empresarial, operacionalizando-se para o efeito apostas fortes na formação e modelos de avaliação interna e externa. A meta da excelência surgia em sintonia com a dinâmica impressa a
todo o grupo global Siemens, de que o movimento
top+ é expressão mundial, tendo sido implementado, num sinal de forte vitalidade, na altura em que a
organização se preparava para assinalar o seu sesquicentenário, século e meio de vida após o gesto fundador de Werner von Siemens (1847-1997).
O compromisso com a
excelência era encarado mais
como um efeito de direcção do
que uma meta a alcançar, pois
todos os dias se vislumbram
novas exigências.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 108
Mas, enquanto factor de mobilização, ganhava ainda
em consonância com o trabalho em equipa, a coo-
maior significado, ancorando uma série de progra-
peração criativa, a negociação aberta e transparente,
mas em torno da melhoria
tendo como objectivo final a satisfação do cliente.
• da produtividade em todas as áreas de trabalho (fá-
Deste ambiente de procura da excelência tem decor-
bricas, vendas, serviços internos);
rido a preocupação com a identidade corporativa,
• do aumento da capacidade de inovação (novos pro-
nomeadamente a definição do perfil da empresa, dos
dutos e serviços desenvolvidos a partir das necessi-
princípios de acção, da visão global do negócio, da
dades dos clientes auscultadas pelos técnicos de ven-
implementação da estratégia, de acordo com a iden-
das, de forma a reduzir o ciclo time-to-market);
tificação da sua missão, que é assumida, desde 1995,
• da penetração em novos mercados, através da iden-
pela seguinte afirmação:
tificação de áreas não cobertas pela tecnologia Siemens e que se configurassem como oportunidades
de negócio;
• da mudança cultural, no sentido da criação de um
ambiente organizacional propício para, com base em
princípios de autonomia, se desenvolver a iniciativa,
a criatividade, a responsabilidade dos colaboradores
“Queremos ser uma parte
real, reconhecida, activa e
de valor acrescentado da
Rede Global de Inovação da
Siemens no mundo.”
109 # A SIEMENS em Portugal
PORMENOR DA PRODUÇÃO DE SEMICONDUTORES NA INFINEON TECHNOLOGIES, EM VILA DO CONDE.
> Apostas na alta tecnologia e I&D
zados, outros surgiram de novo como aposta na capacidade tecnológica dos portugueses.
O renovado clima empresarial tem sido suportado por
Assim, logo em 1996, ampliou-se e modernizou-se a
uma gestão rigorosa, elevados investimentos e uma
fábrica de Quadros Eléctricos de Média Tensão, em
forte aposta na investigação e na qualificação.
Corroios (Seixal), cuja unidade, completamente remodelada, ficou responsável pelas exportações para
o mercado europeu. Criou-se um Centro de Desen-
A Siemens, S.A., que
historicamente começou
por ser uma representante
comercial da empresa alemã,
conseguiu, nos últimos
anos, ganhar para Portugal
a implantação de novos
centros de competência
que vieram reforçar a sua
capacidade de produção e de
exportação, observando-se o
reconhecimento mundial da
qualidade dos seus produtos,
transformando-se de facto
num operador global.
volvimento na Fábrica do Sabugo para transformadores a óleo, com o objectivo de a tornar centro de
competência da área para toda a Europa. No contexto
da reorientação estratégica da Siemens Portuguesa,
com uma maior aposta na criação local de valor estratégico e reforço da respectiva componente de alta
tecnologia, deu-se início ao embrião do que viria a
ser o primeiro centro de I&D em Portugal nas tecnologias de telecomunicações ópticas. Arrancando em
1996 com um núcleo reduzido, menos de uma dezena de engenheiros de telecomunicações e de software, iniciou-se um ciclo de crescimento das actividades
de I&D bem como dos investimentos em meios laboratoriais associados a estas actividades. Até ao final
da década foram-se consolidando as competências
internacionais do Centro I&D da Siemens Portuguesa
com especial destaque nos sistemas óptico, redes de
comutação móvel e fixa, bem como plataformas de
gestão de redes. Foi também no âmbito deste ciclo
Alguns desses centros de competência desenvolveram-se em sectores já existentes, entretanto optimi-
de crescimento que foi criada a linha de produtos de
gestão de redes – Spots.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 110
ASSINATURA DO PROTOCOLO ENTRE O GOVERNO PORTUGUÊS E A SIEMENS PARA INSTALAÇÃO DA FÁBRICA DE SEMICONDUTORES EM VILA DO CONDE –
PRESENÇA DOS CHEFES DE GOVERNO DA ALEMANHA E DE PORTUGAL (DR. HELMUT KOHL E ENG. ANTÓNIO GUTERRES).
Marco simbólico e decisivo da actividade empresarial
de contos (300 milhões de euros), a aplicar em duas
foi, no entanto, a assinatura, em 30 de Agosto, do
fases, e uma criação de 750 postos de trabalho, na
contrato para uma nova fábrica backend de semi-
sua grande maioria engenheiros e pessoal altamente
condutores em Portugal, a implantar em Vila do Con-
especializado. Em Novembro de 1998, a Siemens AG
de. Conseguida em concorrência apertada, perante
decidiu transformar o seu grupo internacional de se-
a candidatura de mais 26 países, tal só foi possível
micondutores numa empresa juridicamente indepen-
pelas garantias da qualificação necessária e pelos
dente e autónoma, sob a denominação de Infineon
estímulos e incentivos mobilizados pela administra-
Technologies AG, como forma de colocar o seu capital
ção. A respectiva decisão, ao nível do grupo global,
em bolsa, a unidade de Vila do Conde, desde Abril de
para além de ser um reconhecimento do trabalho e
1999, que foi transferida para a nova empresa interior
capacidade da subsidiária portuguesa numa altura
ao grupo, passando a designar-se de Infineon Tech-
em que estava na moda a deslocalização para o Leste
nologies – Fabrico de Semicondutores, Portugal, S.A.
europeu, representou uma viragem qualitativa nos
Recentemente, a sua capacidade de produção de se-
investimentos da Siemens em Portugal.
micondutores foi duplicada, através da implantação
de um novo módulo fabril, atingindo um nível de 850
milhões de euros de exportação que absorve toda
Concretizou uma aposta em
sectores de alta tecnologia,
com um sentido estratégico de
futuro.
a produção. Com a abertura deste segundo módulo
aumentou-se para cerca de 1500 o número de efectivos da empresa em Vila do Conde. O investimento
no primeiro módulo acabou por ascender aos 330
milhões de euros, dos quais 140 milhões de euros foram investidos entre meados de 2000 e de 2003 na
modernização da fábrica. Somando aos 230 milhões
Configurando-se como um projecto do maior relevo
posteriormente afectos à expansão da unidade, a In-
para o desenvolvimento regional e nacional, trazia
fineon investiu um total da ordem dos 560 milhões
um investimento inicial da ordem dos 60 milhões
de euros na sua Fábrica de Vila do Conde.
111 # A SIEMENS em Portugal
Primeira fábrica da Siemens no Norte de Portugal, que
assim alargava a sua implantação geográfica nacional
em termos de unidades produtivas, a nova fábrica foi
concebida para o fabrico de memórias DRAM de 16
Mb (unidades de memória dinâmica para sistemas informáticos), a que se seguiriam memórias de 64 Mb,
permitindo a evolução posterior para tecnologias sucedâneas. Actualmente, produz dispositivos de 256
Mbit em pacotes BGA. O alargamento das instalações
foi iniciado no Outono de 2003, o marco “pronto a
equipar” foi atingido em Abril de 2004 e a capacidade
máxima de produção será alcançada em meados de
2006, permitindo então elevar a produção mundial
da empresa para 600 milhões de chips por ano.
INFINEON TECHNOLOGIES, EM VILA DO CONDE.
EM BAIXO: PERSPECTIVA GERAL DA UNIDADE FABRIL.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 112
Se o ano de 1996 ficou marcado pelo arranque de
existia a Fábrica de Relés da Siemens. Lançada a pri-
projectos estruturantes, no ano seguinte surgiu outra
meira pedra em 5 de Maio de 1997, o início da produ-
decisão favorável à proposta da Siemens, S.A. para
ção verificou-se em 1998, com impacte considerável
que uma nova fábrica, destinada a condensadores de
na economia regional e ligação à universidade local.
tântalo, com elevados níveis de automatização, vies-
Em 1999 surge a nova designação social desta fá-
se para Portugal. Era mais uma unidade de alta tecno-
brica, resultado da sua integração no grupo euro-
logia, fruto da parceria entre a Siemens e a japonesa
peu de componentes eléctricos Epcos. Após novos
Matshushita, no âmbito da produção de componen-
investimentos em 2000/2001 a fábrica emprega
tes para a indústria de telecomunicações e electróni-
actualmente em Évora mais de 500 colaboradores,
ca. Representava um investimento inicial de 10 mi-
sendo aí que se localiza o centro de desenvolvimen-
lhõesde contos (50 milhões de euros) e a criação de
to da Epcos para este tipo de tecnologia de conden-
cerca de 400 postos de trabalho, essencialmente para
sadores de tântalo. Exporta 100% da sua produção
engenheiros. Foi implantada em Évora, zona onde já
PERSPECTIVA GERAL DA FÁBRICA
EPCOS, EM ÉVORA.
113 # A SIEMENS em Portugal
(cerca de 1000 milhões de condensadores por ano) e
o centro de desenvolvimento apoia todas as unidades
de vendas da rede mundial da Epcos. Estão em curso
actualmente investimentos adicionais para produção
em futuro próximo de condensadores com novas tecnologias de polímeros condutores
As duas fábricas vieram
transformar a face industrial
da Siemens em Portugal, não
só ampliando a sua capacidade
exportadora como elevando
exponencialmente as exigências
tecnológicas.
EPCOS
EM CIMA: ASPECTO INTERIOR
EM BAIXO: INAUGURAÇÃO OFICIAL (1998), COM A PRESENÇA KLAUS ZIEGLER EM REPRESENTAÇÃO DA MATSHUSHITA, O MINISTRO ENG. PINA MOURA E DA ADMINISTRAÇÃO DA SIEMENS, S.A.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 114
-se à aquisição da Cerberus e da Landis & Staefa. No
ano seguinte (2000), novas empresas eram adquiridas nos Estados Unidos: na área da tecnologia IP (InAO
LADO:
FAIXA-ESTANDARTE QUE
REPRESENTOU A SIEMENS PORTUGAL
NO CENTRO DE CONGRESSOS DE BERLIM DURANTE AS COMEMORAÇÕES
DOS
150 ANOS DA SIEMENS, CRIA-
DA PELO ARTISTA JOSÉ
ternet Protocol), as quais deram origem à formação
da Unisphere Solutions para equipamentos de nova
geração, os switch-IP e os routers; e nas tecnologias
das redes móveis, formando-se na sua sequência a
GUIMARÃES.
GARRAFA DE VINHO DO PORTO
EM CIMA: D. ANTÓNIA, DATADA DE
1847, ANO DE FUNDAÇÃO DA SIEMENS NA ALEMANHA. OFERTA DA
SOGRAPE À MULTINACIONAL ALEMÃ
Mobisphere, para desenvolver a UMTS, a terceira ge-
POR OCASIÃO DAS COMEMORAÇÕES
mento do grupo passava ainda pela abertura do capi-
DOS 150 ANOS DO GRUPO SIEMENS.
ração de telemóveis, aquisição realizada a pensar-se
na introdução dessa tecnologia em 2000.
Neste contexto de forte investimento, o reposicionatal das fábricas de componentes na bolsa, como forma de encontrar parceiros para reforçar posições nos
mercados. É neste contexto que a Fábrica de Semicondutores, de Vila do Conde, passa a integrar a Infineon
Configurando-se globalmente como uma das empresas de maior nível exportador, a Siemens, S.A. alargava agora o espectro dos produtos destinados ao exterior, principalmente para países da Europa e África,
que já iam desde os transformadores à comutação
digital (hardware e software), a que acresciam agora
Technologies, empresa do grupo criada para agregar
o sector. Na mesma linha, a Fábrica de Relés de Évora
foi adquirida pela Tyco International. Por outro lado,
criou-se a joint-venture Fujitsu Siemens Computers.
Eis um conjunto de operações que visavam o reforço
da competitividade do grupo no mercado.
componentes high-tech.
Estas novas apostas eram a melhor forma de a Siemens participar festivamente das comemorações dos
150 anos da Siemens global, que ocorreram em 1997.
Para o efeito realizou-se ainda uma exposição sobre
a trajectória do grupo e promoveram-se encontros.
Na altura, por decisão da Câmara da Amadora, a rua
de entrada para a sede, em Alfragide, passou a designar-se Rua Irmãos Siemens, numa acção simbólica
de reconhecimento português à acção empresarial e
inovadora dos fundadores do grupo. Em Évora existe
também uma rua com o nome do inventor.
Essas decisões do grupo
global e a respectiva
aquisição de novas sinergias
suportam o aprofundamento
da aposta estratégica da
Siemens, S.A. nas áreas das
telecomunicações e serviços,
através da constituição de
fortes equipas operacionais e
de investigação.
Em 1999, a Siemens, S.A., em conjugação com a Siemens AG, lançou um novo plano estratégico que teve
essencialmente em conta as iniciativas para atingir a
qualidade total. Mas considerava também novas medidas de reorganização do grupo em Portugal face ao
reposicionamento estratégico do grupo global. Este
passara a liderar alguns segmentos de mercado a nível
mundial por via de aquisições de empresas de ponta
norte-americanas, em vários domínios. Na produção
de energia, verificou-se a compra da Westinghouse e
da Electrowatt. Na tecnologia de edifícios, procedeu-
Nesse sentido se procedeu à criação de um pólo de
I&D no Porto e se promoveu a cooperação com entidades de investigação e universidades, para alcançar
ou consolidar posições em diversas áreas, tais como
redes IP, redes móveis, fornecimento de soluções e
serviços, mercado de telefones móveis, tecnologias
digitais.
A reestruturação do operating group informação e
comunicação responde a esse ajustamento de reor-
115 # A SIEMENS em Portugal
ganização dos recursos disponíveis, para assegurar
respostas mais eficazes em termos de redes, sistemas
e serviços, tendo em conta a convergência crescente verificada no mercado entre telecomunicações e
tecnologias de informação. Aliás, os vários operating groups passaram a desenvolver a acção nacional
sempre em estreita colaboração com os seus colegas
a nível mundial, assegurada pela ligação em rede entre todo o grupo mundial.
A administração explicava: “a Siemens é uma organização viva e, por isso, o seu desenvolvimento futuro,
o reforço e a afirmação das suas áreas-chave no mercado são uma tarefa permanente que não acaba. A
Siemens em Portugal seguirá atenta todas as reorga-
PORMENOR DA TURBINA NA CENTRAL TERMOELECTRICA DA TAPADA DO OUTEIRO.
nizações a nível mundial” (Relatório, 1999).
E afirmava que as apostas estratégicas para a entrada
no novo milénio apontavam para o esforço selectivo
das competências nos negócios e serviços do futuro,
as altas tecnologias da informação e comunicação e
da indústria, por exemplo, as comunicações móveis,
os produtos orientados para a Internet e a automatização de processos. Propunha uma aposta grande
nos serviços, dado o potencial de crescimento e de
emprego que ofereciam, estabelecendo a meta para
que essa parcela atingisse metade do volume de negócios nos anos próximos.
Quando em 5 de Janeiro de 2001 se inaugurava o
Edifício Inovação, em Alfragide, reconhecia-se a importância de este corresponder a um pólo de 300
engenheiros de I&D dedicados aos segmentos mais
Não se podem descurar, no entanto, as múltiplas contribuições, algumas delas duradouras no tempo de
intervenção, que merecem ser sublinhadas noutras
áreas igualmente importantes. As obras gigantescas
e complexas dos novos turbo grupos para modernização das centrais que anteriormente funcionavam a
carvão. Em 1999, era dada como concluída a central
eléctrica a gás natural da Tapada do Outeiro, a primeira em Portugal de ciclo combinado, fechando-se
uma obra fundamental na produção de energia. Ao
longo do processo de implantação, tornou-se simbólica a turbina de dimensões gigantescas, com 290
toneladas e 10,5 m de comprimento, que chegou por
sofisticados do mercado de software, tecnologias ópticas, mobilidade e Internet.
LABORATÓRIO DE REDES ÓPTICAS.
São centros de competência
mundial e reflectem uma
aposta importante na
inteligência portuguesa,
experimentando uma expansão
que ocupa hoje mais de mil
engenheiros e levou à criação
de três laboratórios: Redes
Ópticas, Multimédia e Home
Entertainment.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 116
VISTA DA CENTRAL DE CICLO COMBINADO DO RIBATEJO (CARREGADO).
navio a Leixões, sendo depois conduzida numa bar-
além do material circulante, poder-se-ia acrescentar a
caça especial Douro acima. A Siemens assegurou o
modernização das infra-estruturas ferroviárias, atra-
respectivo contrato de manutenção prolongada (11
vés da implantação de subestações e da instalação
anos).
de catenária em várias linhas da Refer. Esse papel mo-
Seguiu-se-lhe, em 2001, a construção da central de
dernizador continua, na medida em que a Siemens
ciclo combinado do Ribatejo: de notar que até esta
integra o consórcio para a instalação do Metro a Sul
data se verificava a realização de contratos-programa
do Tejo, para o qual desenvolveu um projecto “cha-
com outros consórcios em 2000, com o término des-
ve na mão” onde, para além do material circulante, é
tes contratos, a Siemens participou em novos concur-
ainda responsável pelo fornecimento e instalação de
sos internacionais, tanto para a central ligada ao em-
todas as especialidades electromecânicas.
preendimento Venda Nova II, como para a construção
de dois grupos reversíveis (turbina/bomba) para a
central do Ribatejo, que lhe foram adjudicados; já em
2004, foram também adjudicados à Siemens o contrato para a manutenção de longa duração para os
grupos 1 e 2 desta central e um novo contrato para a
construção do grupo 3.
Os transportes ferroviários surgiram como outra área
de forte intervenção e visibilidade. A Siemens, que
sempre teve um papel histórico nesta área (eléctricos
no Porto e Lisboa ou a electrificação do caminho-de-ferro), contribuiu de forma determinante para a modernização deste tipo de transportes em Portugal ao
longo da última década.
Assegurou novas gerações de carruagens para o Metropolitano de Lisboa, para os novos eléctricos da
Carris, para os comboios suburbanos do Porto e Lisboa, tendo ainda fornecido a estrutura eléctrica dos
comboios de pendulação activa ao serviço da CP. Para
CP 2000.
117 # A SIEMENS em Portugal
Subjacente a este ciclo afirmativo está um elevado
equivalente a 30 milhões de euros. As duas unidades
investimento em investigação, desenvolvimento e
dão, em conjunto, emprego a mais de 1 200 enge-
formação, dimensões encaradas pela Siemens, S.A.
nheiros e permitem exportar soluções de vanguarda
como uma mais-valia para o futuro da empresa e do
para todo o mundo no quadro de convergência cres-
país.
cente dos vários tipos de redes.
Nos últimos 10 anos, os investimentos aprovados
pela Siemens em Portugal ultrapassaram o valor de
1000 milhões de euros, tendo sido especialmente dirigidos para áreas de futuro, como as indústrias de
alta tecnologia, a investigação e desenvolvimento, o
software e os serviços.
No quadro do investimento em I&D realizado pela
Siemens, S.A. sublinhe-se que o mesmo quintuplicou
desde o ano 2000, tendo atingido em 2004 os 55 mi-
A Siemens consegue assim
posicionar-se como fornecedor
de tecnologia de ponta a nível
mundial com a produção de
1.75 milhões de horas em I&D.
lhões de euros.
Como exemplos desta aposta estratégica na inovação, refira-se a inauguração, pelo Presidente da Repú-
Em 2005 estreia-se o terceiro Centro de Inovação e
blica – Jorge Sampaio, do Laboratório de Redes Ópti-
Competência com 300 novos engenheiros de I&D.
cas, em 2003, como mais um centro de competência
Este laboratório – Home Entertainment Lab – produz
mundial, a que se seguiu, em 2004, o Laboratório
e comercializa soluções de acesso a conteúdos multi-
Multimédia, direccionado para as tecnologias de in-
média a partir de televisões em casa, facultando ser-
formação e comunicação (Internet e UMTS ou ter-
viços como o vídeo de alta definição, o vídeo/áudio
ceira geração de telemóveis) com um investimento
on demand, etc.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, DR. JORGE SAMPAIO, NA INAUGURAÇÃO DO LABORATÓRIO DE REDES ÓPTICAS, DA SIEMENS.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 118
> Grandes eventos
Depois de uns anos antes ter contribuído com múltiplos fornecimentos para a Expo’92, em Sevilha, a Siemens, S.A. participou, quer como patrocinador, quer
como fornecedor oficial, desse grande evento que foi
a Expo’98. Grande acontecimento do fim do milénio
em Portugal, a Expo’98, para além do significado simbólico como exposição mundial, constituiu também
um complexo processo de recuperação de uma vasta
área urbana e industrial degradada.
Numa conjugação de vários dos seus operating
groups, a Siemens participou na construção do evento e do processo de requalificação e devolução do espaço à vivência da cidade, cujo processo complexo
se iniciou cerca de três anos antes do evento. A tec-
A EXPO’98 E O EURO-2004 FORAM EVENTOS EM QUE A TECNOLOGIA SIEMENS
SE AFIRMOU PELA SUA QUALIDADE E INOVAÇÃO, CRIANDO SOLUÇÕES INTEGRADAS.
EM CIMA: PAVILHÃO MULTIUSOS, CONSTRUÍDO NO ÂMBITO DA EXPO’98.
EM BAIXO: ESTÁDIO DA LUZ (LISBOA).
nologia Siemens ficou assegurada para várias áreas,
desde a rede global de telecomunicações, as galerias
técnicas subterrâneas, à iluminação exterior, onde se
sobressaíam as armaduras Sistellar, o equipamento
de pavilhões, com relevo para o Pavilhão Multiusos
e o edifício dos serviços administrativos da Expo’98.
Prestou ainda serviços de manutenção, para a qual
actuavam cerca de 500 técnicos, com serviço contínuo de 24 horas. Com exigências inesperadas, a
Expo’98 suscitou respostas inovadoras que ajudaram
a evidenciar a amplitude da gama de soluções Siemens, concentradas assim numa só empresa, quando
habitualmente essas capacidades surgem dispersas
no mercado, implicando junções complicadas.
Um dos serviços de maior
prestígio e eficiência foi a
concepção e realização de um
projecto de rede de dados,
que na altura era a maior do
mundo.
Tendo sido subcontratada pela Portugal Telecom,
serviu de referência mundial e lançou as bases para
a construção em Portugal dos futuros backbones de
dados em tecnologia ATM e IP.
A participação na Expo’98,
trazendo para a ribalta a
tecnologia Siemens, era
essencialmente um reflexo da
presença activa da Siemens,
S.A. no território nacional e
das suas sinergias com o grupo
global, traduzido numa acção
de modernização em várias
áreas.
119 # A SIEMENS em Portugal
Por outro lado, a oportunidade da construção ou
remodelação de infra-estruturas desportivas para o
Campeonato Europeu de Futebol, Euro-2004, veio sublinhar ainda mais as capacidades multidisciplinares
da Siemens na forma de conseguir sinergias em torno
de um projecto específico e de desenvolver soluções
integradas com as tecnologias mais avançadas, para
operações distintas, tais como infra-estruturas eléctricas, distribuição de energia, comunicações, controlo de acessos e bilhética, segurança ou iluminação.
Propondo soluções globais,
sob a forma de projecto
“chave na mão”, a Siemens,
S.A. conseguiu liderar vários
concursos e participar em nove
dos dez estádios construídos,
em várias especialidades:
Algarve, Bessa, Cidade de
Coimbra, D. Afonso Henriques,
Dragão, Alvalade XXI, Aveiro,
Braga, Luz.
Sublinhe-se o Estádio do Dragão, objecto do fornecimento e montagem de todas as especialidades
técnicas, incluindo segurança electrónica. Nele se
utilizaram 700 mil metros de cabo eléctrico. E teve
ainda o reconhecimento internacional pela eficiência
energética do sistema de iluminação.
O número elevado de realizações paralelas e distintas entre si mereceu a organização de uma task-force
na solução de problemas diversificados. A grande visibilidade da acção da Siemens valeu-lhe desde logo
o contacto dos organizadores do Mundial de Futebol
de 2006, na Alemanha, e dos Jogos Olímpicos de Pequim (2008), interessados no seu know-how e realização.
O Euro-2004, janela aberta
para o mundo na sua expressão
mediática, revelou-se para a
Siemens como uma verdadeira
exposição de capacidades,
culminando um ciclo de
afirmação.
na Siemens, de forma a optimizar as sinergias entre
as várias áreas de negócio. Muitas das soluções revelaram-se inovadoras e de vanguarda ao nível tecnológico. Este evento, que implicou também a instalação de um terminal provisório de passageiros para
o Aeroporto da Portela (Lisboa), uma solução global,
“chave na mão”, com capacidade para processar 3 mil
passageiros/hora – o que duplicou a capacidade do
Aeroporto de Lisboa – permitiu projectar ainda mais,
para um público vasto e internacional, a capacidade
de resposta, a eficiência e a fiabilidade da Siemens
EM CIMA: ESTÁDIO DO DRAGÃO (PORTO). ASPECTO DA INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO DE ALVALADE (LISBOA).
EM BAIXO: TERMINAL PROVISÓRIO DO AEROPORTO DE LISBOA CONSTRUÍDO POR OCASIÃO DO EURO-2004.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 120
> A responsabilidade corporativa
Orienta e implica as actividades aos vários níveis,
apresentando uma vertente interna, direccionada
Na sua acção empresarial, a Siemens, S.A. pauta-se
para os colaboradores, e outra externa, dirigida para
por princípios de responsabilidade social que impreg-
a comunidade. Assim, tendo em conta que a estru-
nam a filosofia do grupo global, assumindo também
tura organizacional da empresa assenta em diferen-
como seus problemas que dizem respeito à sociedade
tes áreas de negócio, todas as actividades ligadas à
e ao ambiente e interiorizando essa preocupação na
responsabilidade corporativa foram concentradas, de
própria organização e seus procedimentos. É uma for-
forma a assegurar uma maior eficácia
ma solidária de contribuir para o bem-estar colectivo
e para o desenvolvimento sustentável, que vai muito
além dos tradicionais actos pontuais de filantropia
ou de mecenato, para se configurar numa actuação
sistemática e metódica, integrada nos negócios da
empresa, que se pautam pelo respeito a um conjunto de valores historicamente afirmados, conforme se
afirma no Relatório de 2004.
Valores-chave como a integridade, a lealdade, a tolerância e o respeito pela lei são os alicerces da cultura empresarial e do código de ética que balizam
o comportamento quotidiano dos mais de 400 mil
colaboradores da Siemens espalhados pelo mundo,
A Academia Siemens surge
para coordenar a actuação de
responsabilidade corporativa
da Siemens em Portugal,
que se divide em cinco áreas
de intervenção: Cultura
e Desporto, Sociedade e
Voluntariado, Investigação e
Desenvolvimento, Ambiente,
Formação e Educação.
construindo assim pontes entre culturas e continentes diferentes. Valores que começaram por ser assumidos pelo próprio fundador da Companhia, Werner
No âmbito destas cinco áreas, a Academia Siemens
von Siemens, no século XIX:
mobiliza colaboradores e chefias para programas de
“Não sacrificarei o futuro por um lucro a curto prazo”.
responsabilidade social e mantém uma rede de par-
Valores que foram seguidos pelos seus descendentes
cerias com universidades e institutos na área especí-
directos, a quem se devem variadíssimas iniciativas de
fica da Investigação e Desenvolvimento.
apoio à sociedade, como sejam a promoção da educação científica ou o patrocínio de actividades artísticas, uma tradição que se manteve até aos nossos dias.
LOGÓTIPO ACADEMIA SIEMENS.
A “Responsabilidade Social”,
de que saiu o primeiro relatório
anual em 2004, surge, pois,
incorporada como filosofia de
gestão.
121 # A SIEMENS em Portugal
A preservação ambiental surge, assim, como uma
das dimensões da cidadania empresarial da Siemens,
considerando-se que a protecção do meio ambiente
passa pela sua implementação em todas as fases da
vida de um produto ou de um equipamento, desde
a fase do lançamento ao da sua substituição. Essa
atitude pró-activa deve traduzir-se na produção de
equipamentos recicláveis, redução ou eliminação de
desperdícios nas instalações, promoção de equipamentos que visam reduzir emissões poluentes (por
exemplo, os catalisadores cerâmicos), utilização racional de recursos (através da optimização de processos
de equipamentos, da utilização da energia solar, em
que a Siemens é líder mundial, ou ainda dos sistemas
de gestão da energia), reutilização de resíduos (equipamentos Siemens de reciclagem térmica de resíduos).
Sublinhe-se que a Siemens, S.A. foi a primeira empre-
CARTAZ ALUSIVO À ACÇÃO INTERNA DE SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL SEMANA DO AMBIENTE NA SIEMENS.
sa portuguesa a garantir a validação das certificações
ambientais de instalações industriais.
Em suma, a Siemens procura direccionar “a sua capacidade técnica e de inovação em tecnologias e produtos
para o desenvolvimento sustentável das condições de
vida”, sem esquecer naturalmente a dimensão comercial, abrindo antes novas vertentes como é o caso das
tecnologias ambientais. Note-se que a empresa, através do seu Departamento Central de Protecção Ambiental, tem promovido a implementação de Sistemas
de Gestão Ambiental em todas as suas instalações.
A Siemens foi a primeira
empresa em Portugal a aderir
ao Sistema de Ecogestão e
Auditoria (EMAS), pertencendo,
actualmente, ao grupo de
empresas certificadas segundo
a norma ISO 14001.
RECEPÇÃO DO DIPLOMA DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL. A SIEMENS FOI A PRIMEIRA EMPRESA EM PORTUGAL A ADERIR À NORMA ISO 14001.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 122
Por outro lado, a cultura tem constituído um campo
de atenção para a Siemens que, desde sempre, aliou
o seu nome a múltiplas manifestações neste âmbito, apoiando a diversidade artística, a promoção de
novos talentos e a inovação. Por exemplo, em 2004,
a Siemens, S.A. patrocinou a Festa da Música, um
dos mais expressivos acontecimentos culturais em
Portugal. Apoiou as exposições, no SiemensForum
de Alfragide, bem como um concerto de José Cura,
através de patrocínio à Associação Portuguesa contra
a Leucemia.
A ACADEMIA SIEMENS APOIA A CULTURA.
EM CIMA: EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA NO SIEMENS FÓRUM. EM BAIXO: CONCERTO DE JOSÉ CURA DE APOIO À ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA CONTRA A LEUCEMIA.
123 # A SIEMENS em Portugal
PATROCÍNIO À EQUIPA 49ER SAILING TEAM – ACTIVIDADES DESPORTIVAS RECEBEM A ATENÇÃO E APOIO DA ACADEMIA SIEMENS.
São múltiplos os apoios ao campo desportivo em Portugal nas modalidades amadoras. Recentemente patrocinou o Siemens 49er Sailing Team, que assinalou
a entrada da empresa no mundo da vela em Portugal, bem como o Kiteboard Tour 2004, actividades de
desporto compatíveis com o meio ambiente. Outro
exemplo foi o apoio ao movimento dos Super Atletas-Paralímpicos.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 124
O campo da Educação/Formação é, naturalmente,
das realizações. Por exemplo, em 2004, registam-se
um dos que mais responsabiliza a empresa, uma vez
as habituais acções de formação para colaboradores
que a sua inserção num grupo global lhe fornece a
da Siemens, a participação do Grupo Automation and
consciência de que “só trabalhando numa rede global
Drives nas 1.as Jornadas de Engenharia Electrotécnica,
de conhecimento e aprendizagem se podem atingir
a entrega de diplomas ANFEI (actual ATEC) – Novos
níveis excepcionais de desempenho”. Esse objectivo
Técnicos Especializados para o Norte ou ainda a parti-
conduz à seguinte posição:
cipação nas 4.as Jornadas de Engenharia Electrotécnica e Computadores do Instituto Superior Técnico.
A Siemens, S.A. tem ainda desenvolvido regularmen-
A Siemens encara como aposta
estratégica a formação dos
seus colaboradores e o apoio
à formação dos seus clientes
e parceiros, a nível nacional e
internacional.
te as suas três áreas específicas dedicadas à formação:
• o CP – Siemens Training, integrado no Corporate
Personnel e vocacionado para cursos generalistas,
transversais a toda a empresa;
• o ITC – International Training Center, estrutura integrada no Operating Group Siemens Information and
Communications, vocacionada para cursos específicos relacionados com as telecomunicações e destina-
Tornando-se impossível dar conta das inúmeras ac-
dos a clientes nacionais e internacionais;
tividades neste sector, sistematicamente desenvolvi-
• o PT4, integrado no Operating Group Automation
das ao longo dos anos, anotem-se apenas algumas
and Drives e dedicado à área específica da automação, ministrando formação aos clientes e parceiros.
Internamente e destinado aos gestores da empresa,
a Siemens desenvolveu, em 2004 e em colaboração
A ACADEMIA SIEMENS ASSUME UMA POLÍTICA FORTE NO CAMPO DA EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO.
com a Alemanha, um programa de formação global e
mundial designado por Management Learning.
Finalmente, sublinhe-se que a Siemens é promotora
da ATEC – Associação da Formação para a Indústria,
em conjunto com a Autoeuropa, a Bosch e a Câmara
do Comércio e Indústria Luso-Alemã. Trata-se de um
projecto para o desenvolvimento da transmissão de
conhecimentos e know-how a nível nacional e internacional. Neste contexto, a empresa apoia a formação
de jovens pré e pós-licenciados ou no desemprego em
cursos técnicos ou de vertente tecnológica com vista
à sua integração no mundo empresarial, dando assim
continuidade à acção da ANFEI – Associação Nacional da Formação em Electrónica Industrial, criada em
1988, em conjunto com o INETI, projecto através do
qual se qualificaram já 581 jovens.
As actividades de Investigação & Desenvolvimento
são também uma vocação natural da Siemens, S.A.,
uma das empresas portuguesas com maior taxa de
quadros com escolaridade superior. A cooperação da
Siemens, S.A. com escolas técnicas, universidades e
125 # A SIEMENS em Portugal
outras instituições educativas e científicas portuguesas é muito intensa, daí resultando uma cooperação
estreita, objecto de diversos acordos, que se traduzem
na promoção de workshops, de estágios curriculares
e profissionais. Além disso, verifica-se o desenvolvimento de projectos comuns com as principais escolas
superiores, especialmente nas áreas da engenharia,
economia e gestão.
pulsionar a pesquisa e o desenvolvimento da Biologia
Computacional em Portugal, como área emergente
Actualmente a Siemens
Portugal tem parcerias com 22
universidades e/ou institutos,
5 empresas nacionais, e 17
universidades estrangeiras.
com novas e importantes oportunidades de natureza
científica e tecnológica que podem contribuir para o
progresso económico e social.
A responsabilidade corporativa abrange ainda os
campos da solidariedade e do voluntariado, através
do envolvimento organizado dos colaboradores da
Siemens em várias acções neste âmbito, uma implicação que se tornou uma tradição na empresa. As
Como exemplo podemos apontar o ISEL, FEUP, a Uni-
acções de recolha de sangue, de alimentos (Banco
versidade de Coimbra, Aveiro, Minho, Algarve, IST,
Alimentar) ou de brinquedos para as crianças mais
entre muitos outros.
desfavorecidas (Fundação do Gil) são apenas algu-
De realçar, em 2005, o acordo de cooperação estabe-
mas das iniciativas que ocorreram em 2004, numa
lecido com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensi-
contribuição para a melhoria das condições de vida
no Superior e com a Fundação Calouste Gulbenkian,
de pessoas e instituições carenciadas.
para a promoção do desenvolvimento da Biologia
A Siemens, S.A. continua a aprofundar o seu compro-
Computacional, nomeadamente promovendo a for-
misso de integração plena na sociedade portuguesa
mação avançada de recursos humanos através de
e de apoio à comunidade envolvente, à luz de uma
doutoramentos. Este acordo tem como objectivo im-
política de responsabilidade corporativa.
EM CIMA: O PROGRAMA “MÃO NA MÃO” É UM EXEMPLO DE SOLIDARIEDADE PROTAGONIZADA PELOS COLABORADORES DA SIEMENS NO ÂMBITO DA ACADEMIA SIEMENS.
EM BAIXO: ASSINATURA DO ACORDO DE COOPERAÇÃO ENTRE A SIEMENS, O MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA E A FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN (2005).
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 126
> Reconhecimento internacional
ca de três conceitos globais: a inovação, a orientação
Enquadrando num “compromisso com a excelência
uma linha de acção estratégica enquadrada no siste-
operacional” os objectivos de produtividade, inova-
ma mundial de gestão adoptado a nível global (Sie-
ção, qualidade, penetração em novos mercados, a
mens Management System) (Relatório, 2004).
Siemens, S.A. via, em menos de uma década, reco-
Naturalmente que, neste ciclo, ajudou o facto de a
nhecido esse esforço de organização. Com efeito,
comissão executiva ter trabalhado muito para a pro-
em 2003, a Siemens, S.A. destacava-se mundialmen-
moção de centros de excelência locais e a atracção
te no grupo Siemens, quando o presidente da Sie-
de investimentos elevados. Interrogado pela revista
mens AG, Heinrich v. Pierer lhe atribuía o galardão
Exame (Fevereiro de 2004) sobre a especificidade da
“top+Regiões” destinado a premiar as companhias
gestão portuguesa no contexto da cultura Siemens, o
que atingissem resultados excepcionais, em função
administrador-delegado explicava:
do cumprimento dos objectivos do programa de ex-
“A gestão da Siemens em Portugal combina a capaci-
celência pelas suas associadas regionais.
dade de gestão, que é hoje global, com a tradição da
A administração deixa a mensagem para dar continui-
gestão sólida da Alemanha, que a Siemens sempre
dade à acção colectiva da empresa: “O novo sistema
teve. Isso é importantíssimo para ultrapassar crises.
de gestão da Siemens concretiza-se através da práti-
para o cliente e a competitividade global”. Trata-se de
O traço português da gestão é a flexibilidade e a sensibilização local. Em Portugal a organização é muito
A SIEMENS S.A. RECEBE, EM 2003, O GALARDÃO ”TOP+REGIÕES” PELA SUA GESTÃO QUE PERMITIU OS MELHORES RESULTADOS CONSISTENTES E EXCEPCIONAIS.
GALARDÃO ENTREGUE PELO CEO HEINRICH VON PIERER À ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA, CARLOS DE MELO RIBEIRO E VOLKER MUELLER.
127 # A SIEMENS em Portugal
O PRIMEIRO-MINISTRO, ENG. JOSÉ SÓCRATES ACOMPANHADO PELO ADMINISTRADOR-DELEGADO DA SIEMENS EM PORTUGAL E DO NOVO CEO DA SIEMENS AG (KLEINFELD),
POR OCASIÃO DA CONFERÊNCIA DE LISBOA (2005).
flexível e a gestão coesa e profissional, com objectivos. Normalmente, uma grande empresa perde o
contacto com uma realidade pequena. A Siemens
tem uma tradição boa: desde a sua formação, há
mais de150 anos, sempre respeitou muito as organizações locais.
Como as empresas são feitas de pormenores regionais, dentro desta globalização que põe tudo igual,
isso tem permitido reagir com vantagem.
Em Portugal faz-se manutenção de telecomunicações
fixas e móveis ao nível mais complexo de toda a Europa, incluindo o sistema da Deutsche Telekom.
Salientados alguns pormenores de relevo para o período seleccionado, muitas outras acções poderiam
ser sublinhadas. Por isso se justifica percorrer com
mais sistematização, nas páginas seguintes, o campo
de actuação das várias áreas de negócio entre 1995-2005.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 128
Áreas de negócio > 1995 - 2005
> Siemens Information and Communications
> Siemens Business Services
> Medical Solutions
> Power
> Transportation Systems
> Siemens VDO Automotive
> Industrial Solutions and Services
> Automation and Drives
> Siemens Building Technologies
> Região Norte
129 # A SIEMENS em Portugal
LABORATÓRIO MULTIMÉDIA.
> Siemens Information and
Communications (Informaçãoe
Comunicações)
Consequentemente, assistiu-se a um ciclo de crescimento, no âmbito do qual se atingiram marcos
relevantes, nomeadamente a criação da primeira
linha de produtos integralmente desenvolvida em
O início das actividades de I&D nas tecnologias de te-
Portugal – gestão de redes Spots, que adoptada por
lecomunicações ópticas ocorreu em 1996, através da
vários operadores, se expandiu progressivamente
criação de um pequeno grupo de sete engenheiros
a nível mundial. Para fazer face a esse crescimento,
de telecomunicações e software, em linha com a es-
ampliam-se as equipas dedicadas a I&D – através da
tratégia da Siemens S.A. para as áreas de telecomuni-
criação de um pólo de I&D no Porto. Posteriormente,
cações. Numa aposta clara na criação de valor estra-
já em 2001, inaugurou-se, em Alfragide, o Edifício
tégico focada no domínio da alta tecnologia, deu-se
Inovação, comportando um pólo de 300 engenheiros
com essa criação um pequeno mas importante passo
de I&D focado nos segmentos mais sofisticados do
para criar as bases que sustentariam o arranque. Es-
mercado de software, tecnologias de redes ópticas
sas bases estão na génese da unidade operacional
e mobilidade, produtos orientados para a internet.
dedicada ao negócio das tecnologias de informação e
Começava a revelar-se o verdadeiro potencial das ac-
comunicações, criada a 1 de Outubro de 1998, mos-
tividades de I&D, alavanca estratégica que permitiria
trando-se decisivas para vencer os desafios futuros
à Siemens portuguesa posicionar-se como empresa
nesta área, em função do reforço e consolidação das
líder no mercado das Tecnologias de Informação e
actividades de I&D na Siemens S.A.
Comunicações.
Paralelamente, verifica-se uma atitude de permanente desafio às capacidades existentes, procurando a
O caminho foi longo, feito de
demonstração da capacidade
e persistência, para ver
reconhecidas, ao longo dos
anos, competências em áreas
de tecnologia de ponta,
fundamentais para o afirmar do
papel da Siemens Portuguesa
no domínio das tecnologias de
informação e comunicações.
superação das mesmas, de forma a atingir estádios
mais elevados de competência, o que permitiu concretizar realizações que constituíram marcos a nível
mundial. Assim, como fornecedor oficial da Expo’98
em Lisboa, a Siemens Portugal prestou um dos serviços de maior prestígio que tornaram possível que este
evento fosse um sucesso assinalável pelo mundo fora,
ao conceber e realizar para a Portugal Telecom uma
rede de dados, que na altura era a maior do mundo.
Constituindo uma referência mundial, tal realização
lançou as bases para a construção em Portugal dos
futuros backbones de dados em tecnologia ATM e IP.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 130
Por essa altura, já a Siemens AG tinha reconhecido
os serviços de formação em redes de comunicação
como International Training Center a nível mundial.
Como orientações estratégicas, apontavam-se a liderança nos mercados IP – Internet Protocol, a Mobilidade e o E-business, face a uma situação de liberalização do sector das telecomunicações, no qual o
factor inovação se viria a demonstrar determinante.
É assim que, num contexto de aposta estratégica
inequívoca na inovação, se assiste, em 2003, à inauguração do Laboratório de Redes Ópticas, como mais
um centro de competência mundial, ao qual se seguiu, em 2004, o Laboratório Multimédia, direccionado para as tecnologias de informação e comunicação (Internet, UMTS). Empregando mais de 1 200
engenheiros e realizando elevados investimentos em
I&D no país, tal contributo para o desenvolvimento
de Portugal não passou despercebido aos órgãos de
decisão nacionais, tendo levado a que os Laboratórios
EM CIMA: TELEMÓVEL SIEMENS SK65.
EM BAIXO: EQUIPAMENTOS DO LABORATÓRIO MULTIMÉDIA.
fossem inaugurados respectivamente pelo Presidente
da República Portuguesa e pelo primeiro-ministro do
131 # A SIEMENS em Portugal
governo de Portugal. A estes Laboratórios vem juntar-se já em 2005 o que constitui o terceiro centro
de inovação e competência mundial, com responsabilidade pela produção e comercialização de soluções
de acesso a conteúdos multimédia para ambiente
doméstico – Home Entertainment Lab, englobando
mais 300 de engenheiros.
Neste contexto de grande dinamismo, este operating group foi nomeado, desde 2003, como centro
de competência para prestação de serviços de suporte técnico a operadores da Europa e Norte de África – RNCC Europe. O Regional Network Care Center
funciona nas instalações da Siemens em Alfragide e
dá assistência a aproximadamente 200 clientes operadores de rede fixa e móvel, através do seu escritório
central em Alfragide, Portugal e de um centro satélite
em Leipzig, Alemanha.
GIGASET SL500 - TOPO DE GAMA DOS TELEFONES SEM FIOS SIEMENS.
Entretanto, e durante esta década e noutros domínios, verificam-se concretizações de relevo junto do
mercado nacional de tecnologias de informação e
comunicações:
• Para o grupo Portugal Telecom torna-se fornecedor de referência da rede CATV (TV Cabo); IP backbone (PT Comunicações); rede UMTS (Core and rádio);
lançamento da plataforma de Vídeo Móvel; migração
da rede PSTN para rede VoIP empresarial;
• Para a Vodafone Portugal, fornecedor do primeiro contrato com tecnologia Microwave bem como da
plataforma / primeira solução de Vídeo Streaming;
• Para a ONI, fornecedor do primeiro contrato de
rede de transporte SDH; fornecimento da rede DWDM;
contratos de outsourcing multi vendor;
• Fornecimento da Rede Gigabit da FEUP (maior
rede europeia em número de terminações de rede);
• Primeira rede de transporte de 10Gb existente em
Portugal fornecida à FCCN;
• IPTM adjudica ao consórcio participado pela Siemens o fornecimento do sistema VTS (Sistema de
Controlo de Tráfego Marítimo);
• Consolidação da posição da Siemens nos Consumer Devices, área onde revelou particular dinamismo
com o lançamento do primeiro terminal UMTS em
Portugal e o primeiro telefone sem fios com MMS,
num total de 29 novos modelos lançados durante
2004. A abertura em Lisboa da MegaStore Siemens,
a primeira no mundo, com um conceito pioneiro em
termos de dimensão, imagem, modelo de negócio
e qualidade de serviço, é a consequência natural de
uma marca que assegurou em Portugal em 2004 uma
quota de mercado de cerca de 30%.
Vector fundamental da estratégia para que a Siemens
Information and Communications desempenhasse
um papel de relevo ao nível de I&D, no mundo Siemens e no panorama nacional, o leque alargado mas
criterioso de parcerias que estabeleceu ao longo dos
anos com institutos de investigação, universidades e
empresas nacionais e estrangeiros, permitiu-lhe criar
um intrincado sistema de conhecimento onde assume um papel de liderança, reconhecido pelos seus
parceiros e entidades de relevo neste âmbito a nível
nacional. Assim e como resultado, realça-se a formação da Portech, plataforma para a formação de consórcios para a investigação e aplicação de tecnologias
emergentes no âmbito do P.Q.E., e a atribuição, já em
2005, do primeiro projecto Europeu Marie Curie. Ainda em 2005, e visando dotar o país de um verdadeiro
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 132
MEGASTORE SIEMENS.
eixo tecnológico no âmbito da I&D em telecomunica-
convergência entre os vários tipos de redes neste do-
ções (Minho-Aveiro-Lisboa), a Siemens Information
mínio. Subjacente a estes resultados está uma aposta
and Communications procede à abertura do pólo
em recursos e competências nacionais, em investi-
R&D em telecomunicações em Aveiro.
mentos elevados em formação e nas respectivas in-
A Siemens consegue assim posicionar-se como for-
fra-estruturas laboratoriais de investigação e desen-
necedor global de tecnologia de ponta, desenvol-
volvimento, vectores assumidos como fundamentais
vendo e exportando para todo o mundo soluções de
na estratégia da Siemens nesta última década, fazen-
vanguarda no sector das tecnologias de informação
do assentar o desenvolvimento sustentado da empre-
e telecomunicações, num quadro de cada vez maior
sa na inovação estratégica.
PORMENOR DO LABORATÓRIO MULTIMÉDIA.
133 # A SIEMENS em Portugal
> Siemens Business Services
(Soluções e serviços)
desktop management. Este serviço é baseado na metodologia Siesequence – serviço suportado por uma
plataforma tecnológica assente no mobile service
Com início em 1999, a unidade Siemens Business
para os técnicos de field, integrada com os sistemas
Services posiciona-se como fornecedor global de so-
Sap e Remedy e apoiado por uma infra-estrutura
luções e serviços em tecnologias de informação e co-
única no país em termos de field teams e logística.
municações, integrando toda a cadeia de valor (consultoria de sistemas, concepção e implementação de
soluções baseadas em TI, gestão, manutenção e operação de infra-estruturas), criando oferta para o sector público, serviços financeiros, indústria, telecomunicações, transportes e serviços de utilidade pública.
Entre outros, assinalem-se projectos desenvolvidos
para o Ministério das Finanças, com a adaptação de
todo o sistema de informação das alfândegas que incluiu a migração para nova tecnologia dos sistemas
aduaneiros de importação (DGITA/DGAIEC). O desen-
A solução da Caixa Geral de
Depósitos é demonstrativa
da competência da Siemens,
que conseguiu um tempo
de implementação recorde
de nove semanas para uma
performance ao melhor nível
mundial.
volvimento de uma solução de gestão integrada de
documentação e arquivo para o Banco Espírito Santo.
O sistema de gestão documental, arquivo electró-
Ou ainda projectos de evolução e manuten-
nico e workflow para automatização dos processos
ção do projecto “Nave” para os CTT, o forneci-
electrónicos da Universidade Católica Portuguesa.
mento de infra-estruturas para servidores à Op-
A automatização dos processos para reembolso de
timus. E não se poderá deixar de sublinhar a
despesas de saúde a funcionários do estado pela
implementação em Portugal de um projecto inter-
ADSE. O contrato de manutenção envolvendo servi-
nacional desenvolvido pelo grupo Siemens de mi-
ços de call desk e helpdesk para uma rede de cerca
gração para a plataforma Microsoft Windows 2003.
de 3 000 ATM da SIBS. O outsourcing dos sistemas
De entre as várias soluções apresentadas, ganham re-
distribuídos no grupo Caixa Geral de Depósitos, com
levo as destinadas à mobilidade, o CRM-Customer Rela-
recurso ao conceito inovador de serviço helpdesk e
tionship Management, os sistemas de informação ERP,
bem como o outsourcing de sistemas de informação.
SEDE DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS.
DATA CENTER.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 134
> Medical Solutions (Saúde)
áreas críticas, tais como bloco operatório e unidade
de cuidados intensivos. Com esse exemplo e com as
Para lá da colocação de múltiplos equipamentos de
acções de divulgação em reuniões científicas, outras
radiologia (TAC, eco, raios-X, mamografia, equipa-
unidades de saúde começaram a prestar atenção às
mentos de bloco operatório, unidades de cuidados
novas gerações de equipamentos. Foi o caso do novo
intensivos e recobro) em diversos hospitais e clínicas,
Hospital Amato Lusitano (Castelo Branco) que esco-
deve referir-se, em 1996, a instalação das primeiras
lheu a Siemens para o fornecimento de um sistema
unidades de ressonância magnética com magneto
de imagiologia e do respectivo sistema de gestão.
aberto em dois centros de Lisboa, bem como do Di-
Graças a estas inovações, o equipamento médico iso-
giscan 2T Plus (sistema digital para radiografias do
lado começa a pertencer ao passado e o conceito de
tórax) no Hospital de S. João, o primeiro instalado na
solução ganha forma, permitindo ligar de imediato
Península.
todas as informações de dados relevantes sobre o
Em 1997, verificou-se a primeira instalação nacional
doente, exames, requisições, datas, resultados.
de radiologia digital no novo Hospital de Viseu, que
permite o acesso da imagem digital pelos vários computadores do hospital, dispensando as tradicionais
películas de raios-X, sendo este hospital equipado
ainda com novos sistemas de monitorização fisiológica Sirecust 9000. As novas potencialidades nas tecnologias de informação aplicadas à medicina ficaram
aqui demonstradas, nomeadamente nos sistemas
A Siemens para além dos
equipamentos, passou a
fornecer consultoria e serviços
integrados, dando corpo ao
conceito de “hospitais digitais”.
computorizados de arquivo e distribuição de imagens e nos sistemas clínicos de gestão de dados em
Este conceito de “hospital digital” tem-se difundido
recentemente graças à aplicação de soluções integradas de sistemas de informação, como o PACS – Picture Archiving and Communication Systems, IMS – Ima-
EQUIPAMENTO DE IMAGEM MOLECULAR - BIOGRAPH 6
ge Management Systems e CIS – Clinical Information
Systems. Neste contexto, a Siemens forneceu contributos decisivos para uma série de hospitais: Ponta
Delgada, Vale do Sousa, Barlavento Algarvio, Torres
Novas, Vila Nova de Gaia, Braga, Viseu.
Entretanto, o grupo global Siemens adquiriu novas
competências para responder à questão da melhoria
de cuidados de serviços a menor custo, através da
compra da empresa norte-americana Shared Medical
Services (2001), especializada em gestão, consultoria, definição de produtos e ferramentas na área de
saúde, a que se seguiu a aquisição da Acuson (2002).
Esta sinergia internacional ampliou as capacidades de
produzir novas soluções e produtos. Neste contexto
se inscrevem já contratos como o do complexo plano
de informatização integrado das urgências do Hospital de Santa Maria, bem como o contrato para o Plano
Director, compreendendo o diagnóstico e proposta
de desenvolvimento do hospital, o qual se tornou pa-
135 # A SIEMENS em Portugal
radigmático na sua configuração. Na mesma linha se
tecnologias de tomografia por emissão de positrões e
enquadram os projectos de prestação de serviços e
computorizada, permitindo através de um único pro-
ecocardiografia para os Hospitais de S. Francisco Xa-
cedimento não invasivo recolher imagens detalhadas
vier, Matosinhos e Vale do Sousa.
de todo o corpo humano e a análise molecular de
Entre vários projectos recentes (2004), sublinhem-se
órgãos internos e tecidos vivos. Sublinhe-se, ainda,
uma solução de digitalização pela imagem e optimi-
a instalação do primeiro TAC Sensation 64 (64 cor-
zação do workflow do serviço de radiologia dos hos-
tes por rotação) em Viana do Castelo, o qual permite
pitais universitários de Coimbra, a que se seguiram
fazer o diagnostico vascular, nomeadamente coroná-
réplicas para outras unidades (Tondela, Beja, Faro,
rio, de forma não invasiva.
Horta e Santiago do Cacém); sistemas de informação
A tecnologia em electromedicina teve enormes pro-
para cuidados críticos (blocos operatórios e cuidados
gressos nos últimos anos ao integrar a dimensão digi-
intensivos) para os Hospitais da Força Aérea (Lisboa),
tal, o que permitiu interligar todos os sistemas depar-
Angra, Litoral Alentejano e S. João (Porto), nos quais
tamentais de informação clínica e de gestão, criando
todo o processo documental é capturado electroni-
redes de comunicação, inovando nas técnicas e na
camente a partir das máquinas e validado pelos pro-
forma de pensar os novos hospitais e os serviços de
fissionais, tratando e disponibilizando de imediato a
saúde em Portugal, contribuindo ainda para a con-
informação. Um outro sistema de informação para
cepção da telemedicina. Desempenhando um lugar
radioterapia foi instalado no IPO–Lisboa, a que se
de liderança na consultadoria desta área de negócio,
seguiram os Hospitais de S. João e de Santa Maria.
a Siemens, através do respectivo operating group,
Entre outros equipamentos, merece ainda destaque
tem-se afirmado como um parceiro de referência no
a instalação no IPO–Porto de um equipamento de
desenvolvimento e modernização dos serviços públi-
imagem molecular, o Biograph 6, o qual combina as
cos e privados de saúde.
SOMATON SENSATION 64, EQUIPAMENTO DE TAC PARA DIAGNÓSTICO CORONÁRIO.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 136
> Power (Energia)
A área de negócio aborda as soluções para produ-
média e baixa tensão, processos de automação têm
ção, transporte e distribuição de energia. Ao nível
sido os equipamentos mais solicitados por empre-
da produção contempla competências para aplicação
sas de produção de energia, como as do grupo EDP
em centrais dos vários tipos: nomeadamente hidro-
ou a Electricidade da Madeira, bem como empresas
eléctricas, termoeléctricas, combustíveis fósseis, eó-
industriais que asseguram produções próprias ou
licas e centrais eléctricas industriais Por sua vez, os
interligações complexas, casos da Cimpor, Inapa,
transformadores, disjuntores, operadores automáti-
Caima, Petrogal, Somincor, Portucel entre outras.
cos, sistemas de comando e supervisão, quadros de
ASPECTO DA CENTRAL TERMOELECTRICA DO RIBATEJO.
137 # A SIEMENS em Portugal
Neste campo, em que Macau também tem proporcionado aplicações Siemens, ganham relevo intervenções recentes pela complexidade e gigantismo que
assumiram, algumas delas já referidas em páginas
precentes:
• A construção da central da Tapada do Outeiro a primeira de ciclo combinado a gás natural em Portugal,
cuja entrega decorreu em 1999;
• A participação na Lipor II – Estação de Tratamento
de Resíduos Sólidos Urbanos dos Lixos do Porto;
• O contrato “chave na mão” para a construção da
central de ciclo combinado a gás natural do Carregado (Ribatejo);
• O contrato de longa duração para a manutenção
Sublinhe-se o trabalho
efectuado na central
termoeléctrica do Ribatejo,
produzida pela Siemens em
consórcio com a Koch, que
foi reconhecida como uma
das 12 melhores centrais de
produção de energia do mundo
(única na Europa), tendo sido a
primeira central da EDP a entrar
em serviço dentro das datas
previstas contratualmente.
para a central da Tapada do Outeiro e idêntico contrato para os grupos 1 e 2 da central do Ribatejo;
É um exemplo sintomático das capacidades da Sie-
• Central ligada ao empreendimento Venda Nova II;
mens na gestão de projectos complexos.
• Sistemas de contagem de gestão da energia para a
Entretanto, a preparação recente para o Mibel (Mer-
EDP (2004).
cado Eléctrico Ibérico) tem vindo a proporcionar projectos para reforço da Rede Eléctrica Nacional (REN),
através da criação de condições técnicas para o futuro
tráfego fronteiriço e da modernização das estruturas
existentes. O operating group tem ainda experimentado um incremento na implantação de equipamentos para energia eólica.
DECISION SUPPORT SYSTEM NA EDP.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 138
> Transportation Systems
(Transportes)
o Metropolitano, ML99, com melhorias consideráveis
para os passageiros, nomeadamente a intercirculação entre as carruagens (1999). O contrato para as
A modernização dos transportes ferroviários eléctri-
novas 34 UME’s – os comboios suburbanos do Porto
cos tem sido o campo de acção desta unidade, ofe-
(CP 2000). E, no longo curso, o fornecimento da par-
recendo soluções para transportes urbanos, subur-
te eléctrica dos dez comboios de pendulação activa
banos e de longo curso. Os clientes de referência da
entre Lisboa e Porto, que vieram aumentar a qualida-
área de negócio que renovaram ou encetaram novos
de e diminuir o tempo de viagem.
contratos tem sido a Carris (novos eléctricos articula-
Ao nível da melhoria da rede ferroviária, salientem-se
dos), o Metropolitano de Lisboa (material circulante,
os sucessivos contratos para subestações de tracção
equipamento para estações, simuladores de condu-
no âmbito da electrificação da linha de Sines e do Sul,
ção) e a CP – Companhia de Caminhos de Ferro Portu-
tendo assinado mais recentemente o relativo à ma-
gueses (comboios para a linha de Sintra, locomotivas
nutenção das respectivas subestações; os circuitos de
eléctricas, comboios de pendulação activa para a li-
via FTGS instalados no Eixo Ferroviário Norte-Sul e na
nha do Norte com equipamentos de tracção e con-
linha de Sintra a duplicação e electrificação da linha
trolo Siemens, renovações de catenária em diversas
do Douro, a catenária na linha da Beira Baixa, a sina-
linhas, equipamentos de sinalização para vários nós
lização ferroviária para a linha do Estoril.
de ligação).
Recentemente, em 2002, verificou-se a adjudicação
Trata-se, na generalidade, de grandes projectos que
do Metro Sul do Tejo ao consórcio integrado pela
envolvem uma acção continuada ao longo do tempo,
Siemens para uma solução “chave na mão”, incluin-
com entrega ou realização de serviço faseadas. Mere-
do o material circulante, o fornecimento de energia
ce destaque o contrato para 38 unidades triplas para
(subestações de tracção e catenária), sinalização e
TRANSPORTE DO COMBINO PARA O METRO SUL DO TEJO.
139 # A SIEMENS em Portugal
O MODELO DE “TRAM-TRAIN” AVANTO.
sistemas de ajuda à exploração e informação de pas-
de uma passagem de nível em Portugal. O contrato
sageiros, telecomunicações e controlo da operação.
assinado com a Portucel revestiu-se de grande impor-
O ano de 2005 marcou a entrada num segmento de
tância estratégica pelo reconhecimento do carácter
mercado até então trabalhado por uma única empre-
altamente inovador da solução instalada, que posi-
sa portuguesa: foi adjudicada a primeira instalação
ciona a Siemens na linha da frente para a modernização de passagens de nível da REFER (gestora da infraestrutura ferroviária em Portugal).
MATERIAL CIRCULANTE PARA O TRANSPORTE FERROVIÁRIO.
Contribuir para o
desenvolvimento do transporte
ferroviário em Portugal, desde
o fornecimento de material
circulante, com novas gerações
de carruagens, até às
infra-estruturas, sinalização
e serviços de manutenção e
gestão integrada tem sido
o papel deste operating
group, que, sendo o único em
Portugal com capacidade nesta
perspectiva de totalidade,
se apresenta como “parceiro
estratégico do país e do sector
ferroviário”.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 140
> VDO Automotive
Em 2005, foi criado este operating group no seio da
Siemens, S.A, direccionado para o acompanhamento
do mercado automóvel nas vertentes áudio e navegação, transportes e telemática, bem como spare parts
e service. Assume-se, assim, uma actividade já observada antes junto de fabricantes nacionais, como
a Autoeuropa, mas através da Siemens VDO Automotive.
141 # A SIEMENS em Portugal
> Industrial Solutions and
Services (Soluções e Serviços
para a Indústria)
do Metropolitano de Lisboa, a renovação da Estação
da Alameda, o Sistema de Controlo e Informação de
Tráfego para a Área Metropolitana de Lisboa, a realização de contratos para sistemas de supervisão e
A antiga unidade de “engenharia” foi reorganizada
comando com as Águas do Cávado, Águas do Douro e
em 1999 em “indústria”, com duas áreas de negó-
Paiva, Águas do Sotavento Algarvio, ou ainda assegu-
cio: serviços e soluções. Na área das soluções indus-
rado a manutenção integrada no Parque de Madeiras
triais, ressalta o facto de ganhar cada vez mais relevo
da Portucel-Setúbal (1998).
nesta área o software de processo, nomeadamente
As estruturas aeroportuárias também foram objecto
para controlo de subestações, cuja colocação se tem
de atenção, com a implementação do sistema de tra-
aplicado não só em Portugal mas também em países
tamento de bagagens para a aerogare de Lisboa ou as
como a China ou o Brasil, entre outros. Centrais de
soluções globais para vários aeroportos no domínio
cogeração, ao nível empresarial, desde o projecto
de sistemas eléctricos e electromecânicos (Lisboa,
eléctrico à colocação em serviço foi outra actividade
Faro e Funchal). Desenvolveram-se projectos na área
muito desenvolvida neste período, a que acresceram
do saneamento básico, com soluções integradas de
desde 1996 os trabalhos ligados à central de ciclo
automação e telegestão. Na área industrial, aplica-
combinado da Tapada do Outeiro e, mais recente-
ram-se sistemas de automação e controlo (Fima), e
mente, à central térmica do Carregado.
desenvolveram-se instalações eléctricas para a Sopor-
Mas a actividade da unidade tem sido muito diversi-
cel e Fábrica de Granulação de Adubos (Setúbal), não
ficada, tendo assegurado, por exemplo, a criação de
esquecendo as tecnologias de informações para solu-
infra-estruturas para o Parque de Material e Oficinas
ções relacionadas com o bug informático do milénio.
TERMINAL 2 DO AEROPORTO DE LISBOA. INSTALAÇÃO, EM TEMPO RECORDE, DE UMA SOLUÇÃO CHAVE NA MÃO QUE DUPLICOU A CAPACIDADE DO AEROPORTO.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 142
SISTEMAS LOGÍSTICOS INTEGRADOS PARA A LACTOGAL (MODIVAS, VILA DO CONDE).
O know-how ao nível das soluções tem sido aplicado
po excelente para demonstrar a qualidade das solu-
em diversas áreas, com a oferta de concepção de pla-
ções oferecidas por este operating group. O terminal
taformas tecnológicas e soluções integradas.
provisório implantado no Aeroporto da Portela, por
ocasião do campeonato europeu, em construção do
Na área de tecnologias
de logística, destaca-se a
continuidade da modernização
das infra-estruturas
aeroportuárias, nomeadamente
nos sistemas automáticos de
tratamento de bagagens em
vários aeroportos nacionais
e consultoria para vários
aeroportos estrangeiros
(Emiratos Árabes Unidos,
Espanha, Malásia, Singapura,
Suíça, Itália, China e Austrália).
tipo “chave na mão” tornou-se uma referência internacional.
Entretanto, sistemas de segurança electrónica raios-X e detecção foram implantados nas instalações da
Presidência da República, da Presidência do Conselho
de Ministros e da Assembleia da República.
Mais recentemente, a Compal, a Sibelco, a Cimpor
recorreram também às soluções de automação Simatic, tendo-se verificado ainda a implementação
de um armazém totalmente automático na Lactogal
(Modivas). Instalações eléctricas em várias clínicas e
hospitais, participação nas instalações eléctricas de
navios-patrulha a construir nos Estaleiros Navais de
Viana, participação nas subestações de Alta Tensão
na Central do Carregado ou a montagem de subestações e sistemas de gestão de alimentação eléctrica
para o Metro Sul do Tejo são algumas das actividades
Na área de equipamentos culturais e lazer, várias ins-
referenciadas em 2004.
talações especiais foram asseguradas em instituições
No campo da inovação saliente-se a consolidação das
de Viana, Figueira da Foz e Vila Nova de Famalicão.
tecnologias de Teleservice e Remote Diagnosis, área
No sector ambiente, várias empresas de abasteci-
na qual foi criado um Laboratório de Serviços, em
mento de água ou de tratamento de resíduos tem
Alfragide.
solicitado a colaboração da Siemens.
Sublinhe-se que a Siemens também oferece serviços,
A indústria continua a ser um campo de ampla inte-
nomeadamente de manutenção integrada. Neste
racção, através da implantação de sistemas de apoio
domínio tem contratos para a manutenção de várias
à operação, redes de comunicação, sistemas de in-
infra-estruturas do Parque das Nações e com várias
formação ou centros de controlo, em clientes como
outras empresas e instituições, tais como a TAP-Air
a Soporcel, Adubos de Portugal, Cervejas Cintra, Air
Portugal, Autoeuropa, Centro Cultural de Belém, Por-
Liquide, Somincor, Auto-Estradas do Atlântico, Com-
tucel Industrial, Hospital da Cruz Vermelha, Aeropor-
pal, nova fábrica da Lactogal.
to da Madeira, Edifício Galp, Fundação Calouste Gul-
A Expo’98 e os estádios do Euro-2004 foram um cam-
benkian, Caixa Geral de Depósitos.
143 # A SIEMENS em Portugal
PORMENOR DA MÁQUINA DE CORTE DE CHAPA A LASER SIEMENS.
> Automation and Drives
(Automação e accionamentos)
com destaque para a iluminação exterior. Desde então, tem participado em vários projectos como a monitorização e telegestão do Sistema Multimunicipal
Trata-se de uma unidade de negócio, que emergiu
do Abastecimento de Água ao Sotavento Algarvio;
em 1996/1997, na reorganização interna de compe-
desenvolveu aplicações no Aeroporto do Funchal;
tências, vocacionada para o fornecimento de produ-
aplicou soluções inovadoras de automação e accio-
tos de automação, accionamentos, distribuição de
namentos no novo terminal de contentores do porto
energia em baixa tensão e tecnologia de instalações
de Leixões e no terminal de contentores de Lisboa,
eléctricas, mas também vocacionada para a forma-
na Fábrica de Borracha da Continental Mabor ou em
ção de clientes e em serviços pós-venda no âmbito de
fábricas da Cimpor em Marrocos e Tunísia. Em 2001,
grandes projectos relativos à modernização de infra-
assegurou o fornecimento de instalações prontas a
estruturas e do tecido industrial.
funcionar, incluindo a automação de todos os siste-
Em 1996/1997 verificou-se a afirmação no mercado
mas para a Opel-Azambuja.
de uma inovadora geração de aparelhagem de corte
Outros projectos mais recentes têm surgido, tais
e protecção em baixa tensão, a Sirius 3R, que permi-
como fornecimentos para a Valorsul (sistemas de
tiu assegurar uma posição de liderança na área do
quadros em baixa tensão para a Central de Valoriza-
controlo e distribuição de energia em baixa tensão.
ção Orgânica da Amadora), Águas do Douro e Paiva
A Siemens disponibilizou no mercado o sistema EIB/
(accionamentos para as estações elevatórias), para a
Instabus, sistema de gestão técnica descentralizada,
Barragem do Castelo do Bode (drives para a rede de
aplicado aos edifícios, e ao segmento residencial,
abastecimento de água à rede pública), sistemas de
através do PC Touch Screen foi possível centralizar,
automação para a Continental Mabor, para a Petrogal
visualizar e comandar todo o edifício/habitação, in-
(Sines e Perafita), para a Lactogal, ou ainda um novo
clusive do exterior, por via telefónica.
forno de vidro para a Saint-Gobain.
Esta unidade participou activamente na Expo’98,
Teve uma forte participação como coordenador do
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 144
EM CIMA: A&D MALL – SOLUÇÃO DE VENDA ON LINE DE PRODUTOS INDUSTRIAIS. EM BAIXO: MÁQUINA DE CORTE DE CHAPA A LASER SIEMENS.
projecto Euro-2004, construção de infra-estruturas
para instalações desportivas do Euro-2004, integrando as soluções globais para a construção dos novos
estádios (infra-estruturas eléctricas, distribuição de
energia, comunicações, bilhética, segurança, iluminação), criando algumas soluções técnicas que se
revelaram como inovações a nível mundial. A A&D
esteve presente nos estádios de Guimarães, Aveiro,
Dragão, Alvalade XXI e Faro/Loulé. Como consequência surgiram novos estádios, como Penafiel, Melgaço,
Águeda, entre outros. Deve salientar-se que o know-how obtido na coordenação do Euro-2004 tem sido
objecto de exportação, com o operating group a ser
solicitado por diferentes instâncias internacionais e a
garantir contratos de consultoria para grandes eventos noutros países.
Ao nível de outros projectos, salientem-se os fornecimentos dos sistemas de iluminação para o Aeroporto
De salientar em 2004, o
desenvolvimento do projecto
e-Domus (em parceria com
o operating group IC) para
a PT, uma solução integrada
para o sector residencial que
oferece um vasto conjunto de
funcionalidades (segurança,
visualização remota,
multimédia, videoconferência
na televisão, climatização,
etc.), tornando as casas mais
inteligentes, interactivas,
seguras, económicas e
confortáveis.
Francisco Sá Carneiro, para os novos túneis da Madeira. Numa perspectiva inovadora, decorre o for-
Refira-se ainda a solução de venda on-line de produ-
necimento de uma solução complexa de automação
tos industriais – A&D Mall – que é já responsável pela
para a linha de montagem de um novo veículo para
comercialização de mais de 50% dos produtos deste
a Autoeuropa.
operating group.
Como referência importante a entrada do operating
group A&D na remodelação das centrais termoeléctricas dos Açores, nos campos da automação, controlo
e instrumentação em parceria com fornecedores nacionais.
No mercado da Madeira destaca-se uma elevada participação nos vários projectos em parceria com a Indutora.
O novo conceito Totally Integrated Power (TIP), no
que respeita à distribuição de energia tem sido aplicado com êxito em hotéis, hospitais, recintos desportivos, centros comerciais e outros projectos de grande dimensão.
O operating group A&D foi sponsor do novo museu da
Presidência da República, onde se podem ver as mais
modernas tecnologias no campo da luminotecnia.
145 # A SIEMENS em Portugal
> Siemens Building Technologies
(Tecnologia de Edifícios)
e seguros, edifícios administrativos, hospitais, hotéis
e universidades. Esta empresa foi objecto de integração na Siemens, S.A., desde 1.10.2003, passando a
No âmbito da incorporação, a nível mundial, da Cer-
actuar como um operating group.
berus e da Landis & Staefa no grupo Siemens, as
Com uma importante prestação de serviços no Euro-
suas representações em Portugal viveram esse tipo
-2004, o grupo tem participado em variados projectos
de integração, surgindo para o efeito, em 1999, mais
estruturantes do país, com destaque para as soluções
um departamento na Siemens vocacionado para as
implementadas no Aeroporto Francisco Sá Carneiro
tecnologias relacionadas com edifícios. Através da
(segurança), Autoeuropa (gestão de energia) e em
Cerberus Division foi reforçada a valência da segu-
diversos hotéis e edifícios de escritório e centros co-
rança electrónica, enquanto a Landis Division trouxe
merciais.
o seu contributo para mercado de controlo e gestão
de energia em edifícios, bem como de produtos para
AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado).
Desde Outubro de 2001 que as duas antigas empresas se apresentaram no mercado como um membro
integral do grupo Siemens, através da designação
Siemens Building Technologies, Engenharia de Segurança e Automação, Lda. Funcionava em duas divisões, em conjugação de esforços para a apresentação de soluções integradas, de forma a fortalecer a
sua presença em centros comerciais, casinos, banca
INTERIOR DO CENTRO COMERCIAL DO MONTIJO.
De salientar a liderança no
segmento de mercado da
banca, onde a liderança da
Siemens foi reforçada em
2005 com a adjudicação do
contrato de manutenção global
dos sistemas de protecção e
segurança das agências do
Millennium BCP, e do contrato
de upgrading das soluções
contra incêndio do edifíciosede da CGD de Algorex para
Sinteso.
A Siemens Building Technologies dispõe hoje de um
renovado e optimizado portfolio de produtos, soluções e serviços nas áreas de protecção e extinção contra incêndio e gaz, segurança electrónica de pessoas
e bens, e automação e conforto de edifícios. O seu
espectro de acção nas áreas de Fire Safety & Security Systems, Building Automation & HVAC Products
compreende, além do fornecimento e da integração
de produtos e sistemas em soluções customizadas,
também a prestação de serviços de consultoria em
segurança e gestão da eficiência energética, de assistência pós-venda e de manutenção de soluções.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 146
INSTALAÇÕES DA SIEMENS NO PORTO.
> Região norte
Meadas, Cabril, Pinheiro e Alvão), de infraestruturas
de TV Cabo-Porto, da instalação de cablagens na Fa-
Em 1996, foi criado o conceito de “região norte” no
culdade de Engenharia da Universidade do Porto, da
âmbito comercial como forma de maximizar o serviço
implantação de redes de dados e voz para os hospi-
prestado pela Siemens na zona norte do país, desde
tais de S. João e S. Marcos, turbogrupos para várias
sempre assegurado pela delegação do Porto, no sen-
empresas industriais, a iluminação exterior do novo
tido de, através da concertação entre as várias uni-
edifício da Câmara da Maia, instalações no Hospital
dades de negócio, encontrar eficaz e rapidamente as
do Vale do Sousa, bem como a participação em vários
soluções à medida do cliente na região.
estádios do Euro-2004, entre outras actividades.
Respondia-se assim, regionalmente, ao objectivo
Por exemplo, toda a infra-estrutura eléctrica da Fábri-
“optimização das sinergias inter-áreas de negócio”,
ca de Semicondutores, em Vila do Conde, foi assegu-
integrado no movimento top. Essa acção fez-se de
rada pelos recursos da “região norte”. A criação, em
imediato sentir ao nível dos grandes projectos no
1999, de um centro de desenvolvimento da software
Norte do país, como foi o caso da central da Tapa-
house no Porto para soluções TMN (Telecomunication
do do Outeiro, da Lipor II – central de tratamento de
Management Networks), com a criação de emprego
resíduos, fornecimentos para centrais hidroeléctricas
altamente especializado, ampliou a sua capacidade
(central de Vila Nova), de parques eólicos (Pena Soar,
de resposta.
147 # A SIEMENS em Portugal
A CASA DA MÚSICA, NO PORTO, INCORPORA SOLUÇÕES SIEMENS.
Mais recentemente, ganham
relevo os fornecimentos
importantes para o Aeroporto
Sá Carneiro e para a Casa
da Música, bem como a sua
intensa colaboração com
universidades e centros de
investigação da região.
Esta estrutura transversal posiciona-se como um
service provider, responsável pela operacionalização na região das políticas e estratégias dos diversos operating groups da Siemens, ao mesmo tempo
que desenvolve igualmente uma intensa procura de
oportunidades de mercado, com base no profundo
conhecimento local e empresarial que foi adquirindo
no decorrer do tempo.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 148
149 # A modernização do tecido económico e empresarial
SIEMENS FÓRUM, SEDE EM ALFRAGIDE.
> A modernização do tecido
económico e empresarial
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 150
Cem anos de uma presença activa em Portugal,
qualquer fábrica do grupo implantada em Portugal
disponibilizando produtos e soluções nas áreas da
precisar de exportar pelo menos 80% para garantir a
electricidade e da electrónica:
sua viabilidade.
A Siemens tem-se configurado
como um parceiro activo em
empreendimentos decisivos
para o crescimento económico
e o desenvolvimento
social, acrescentando valor
estratégico ao país.
O Grupo Siemens tornou-se o
segundo maior investidor dos
últimos seis anos na área
industrial, aplicando nesse
período um volume de
investimento de cerca de mil
milhões de euros.
Quer na transferência de tecnologia, quer no desen-
Desse valor, 70% foi investido em alta tecnologia,
volvimento de projectos produtivos para a substitui-
20% em tecnologias tradicionais e 10% em I&D,
ção de importações e/ou essencialmente virados para
criando-se centros de competência mundial ao nível
a exportação, e mais recentemente com a criação
da alta tecnologia.
de pólos de inovação no âmbito das tecnologias de
Operando em diversas valências – telecomunicações,
informação e de comunicação, a Siemens procurou
transportes, indústria, energia, serviços e soluções
adaptar-se às realidades nacionais e aos diversos ti-
médicas, segurança, electrodomésticos –, o grupo
pos de conjuntura que tem atravessado, numa ati-
Siemens tem apostado em áreas cruciais, de cuja ac-
tude catalizadora de progresso, inovação e interna-
ção se procurou nas páginas anteriores fixar os con-
cionalização para a economia portuguesa em geral.
tributos, que, pelo simbolismo, se podem assumir
E, paralelamente, não esqueceu as vertentes da de-
como marcos da sua trajectória empresarial.
signada “cidadania empresarial”, assumindo como
preocupações a defesa ambiental, o apoio à cultura,
ao desporto e à solidariedade social.
Divulgando produtos com elevado efeito de modernização ou gerando localmente riqueza e trabalho,
a Siemens criou um enraizamento sólido em Portugal, promovendo o reforço gradual da sua presença
no ajustamento à mudança dos tempos. Considerando o impacte do conjunto de investimentos atraídos
pela Siemens Portugal, verifica-se que representam,
segundo dados de 2004, um volume de negócios de
1.754 milhões de euros, 60% dos quais referentes a
exportações, ou seja, 1.037 milhões de euros, empregando directamente cerca de 8 mil colaboradores. Os elevados níveis de exportação são indispensáveis, dada a escassez do mercado nacional para o
tipo de produção da empresa. Em entrevista recente
ao semanário Expresso (24.12.2004), o administrador-delegado lembrava a necessidade imperiosa de
LABORATÓRIO DE REDES ÓPTICAS.
PORMENOR DO LABORATÓRIO DE REDES ÓPTICAS.
> A vertente específica das
telecomunicações e de I&D
potencialidades no domínio das telecomunicações.
Entretanto, a liberalização deste segmento de mercado nacional, autorizando o aparecimento de novos
O seu contributo desenvolvimentista tem sido parti-
operadores, possibilitou o crescimento da actividade.
cularmente notório no campo das telecomunicações
Um recente e complexo conjunto de siglas – SDH,
nos últimos tempos, correspondendo à verdadeira
FWA, GPRS, ATM, DWDM, IP e UMTS – revela as ac-
revolução que se verificou no sector. Vejamos, em re-
tuas posições da Siemens no universo das telecomu-
lance, uma perspectiva histórica desse papel.
nicações, destinadas quer aos grandes operadores,
Assim, embora historicamente a tecnologia Siemens
quer aos serviços empresariais ou domésticos, de
não fosse chamada a iniciar a implantação da rede
forma a assegurar a comunicação pelo telefone (fixo
de telecomunicações em Portugal, o seu contributo
ou móvel), televisão, navegar na Internet (banda es-
foi crescendo ao longo do tempo neste domínio. De-
treita ou banda larga).
pois de pequenas instalações telegráficas iniciais, a
Esses contributos têm sido tanto mais relevantes
Siemens, a partir dos anos 60, teve um papel relevan-
quanto arrastaram consigo a criação de centros de
te na instalação de centrais telefónicas privadas, em
competência e a implantação de dois centros de
terminais telefónicos, sistemas de intercomunicação,
Investigação & Desenvolvimento: um para as redes
instalações globais de telecomunicações, nomeada-
ópticas e outro para as tecnologias de informação e
mente sistemas de sonorização, redes de informação
comunicação (Internet e UMTS). Actualmente está
horária, sistemas de correio pneumático, aparelhos
em implementação um outro centro (Home Enter-
de medida de telecomunicações, antenas e sistemas
tainement Solutions).
de distribuição doméstica de TV e, sobretudo, na implantação da rede de telex. Nos anos 70, instalava
cabos coaxiais e respectivos equipamentos de transmissão e multiplexagem. Seguiram-se emissores de
televisão e antenas de emissão.
Desde 1987 que essa participação se ampliou exponencialmente, através da implementação dos processos estruturantes de renovação das telecomunicações, a saber, a digitalização da rede fixa (sistema
EWSD) e a implantação das estruturas para a primeira
rede móvel (então para os CTT/TLP, antes da posterior
fusão). A digitalização e o desenvolvimento da microelectrónica, com o aparecimento dos microprocessadores, permitindo armazenar crescentes quantidades
de informação num chip de silício, criaram novas
Estes centros de inovação
em comunicação assumem
responsabilidade mundial
para toda a cadeia de valor
dos produtos que são alvo
de I&D, representando
uma grande aposta nos
recursos e competências
nacionais, exigindo grandes
investimentos nas respectivas
infra-estruturas laboratoriais.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 152
Merece especial referência em 2003 a concretização
Uma das sinergias valorizadas neste domínio é a de-
do Laboratório Óptico e em 2004 o Laboratório Mul-
senvolvida com o sistema científico nacional, através
timédia, estruturas que passaram a acolher no total
da Fundação para a Ciência e Tecnologia e as univer-
mais de mil engenheiros.
sidades. No quadro da parceria com as universidades,
a Siemens lançou o projecto Eixo Tecnológico Braga-Aveiro-Lisboa (Universidade do Minho, Universidade
Com um impacte directo e
indirecto no tecido económico,
estes centros são o fruto de
uma estratégia adoptada na
última década pela Siemens,
S.A. para assentar na inovação
estratégica o desenvolvimento
sustentado da empresa.
de Aveiro e Instituto Superior Técnico) que assenta
na cooperação com a Rede de Investigação e Ensino
nacional (Fundação para a Computação Científica
Nacional) e no acordo celebrado com o Instituto das
Telecomunicações. Este projecto visa, fundamentalmente, a criação de núcleos de I&D em parceria com
as universidades, como acontece já com o laboratório
de investigação avançada em fibra óptica no Campus
da Universidade de Aveiro.
O contributo referencial da Siemens na construção da “sociedade da informação” em Portugal é
hoje um facto reconhecido por todos. A exportação
de equipamentos e soluções afins para outros países,
bem como a sua participação em processos de for-
INAUGURAÇÃO DO LABORATÓRIO MULTIMÉDIA, PELO PRIMEIRO-MINISTRO,
DR. JOSÉ MANUEL DURÃO BARROSO, EM 2004, COM ENG. JOÃO PICOITO
E DR CARLOS DE MELO RIBEIRO.
mação (em cooperação com a Siemens AG) e a realização de contratos de assistência, num papel activo
de promover e influenciar a evolução das respectivas
tecnologias, é também uma demonstração da capacidade de realização e inovação dos técnicos portugueses a quem a Siemens proporciona condições de
trabalho.
Os contributos da Siemens são naturalmente reconhecidos pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação (APDSI). O
director-geral do operating group Siemens Informations & Comunications, grande responsável pelo seu
crescimento e afirmação mundial, Eng. João Picoito,
afirmava na cerimónia da entrega do Galardão de Personalidade do Ano 2004 daquela organização: “não
há desenvolvimento sem inovação, não há inovação
sem tecnologia, não há tecnologia sem engenheiros
e não há engenheiros sem uma forte educação científica”. E considerava a cooperação entre as universidades e as empresas de tecnologia como “um factor
decisivo para a fixação em Portugal de investimentos
para a criação de um cluster high-tech” (Público Computadores, 29.11.2004).
153 # A modernização do tecido económico e empresarial
> As empresas criadas
pelo Grupo Siemens
A acção empresarial da Siemens em Portugal inclui a
modernização do tecido empresarial, através da instalação de fábricas ou empresas de serviços. Partindo
de um posicionamento inicial de simples empresa de
representação comercial do grupo em Portugal, embora com oficinas para assegurar instalações, acabamentos e reparações, a Siemens alargou a sua acção
à produção industrial, assumindo a responsabilidade
directa pela primeira fábrica – Fábrico do Sabugo –
em 1964, quando se criaram condições favoráveis ao
investimento estrangeiro. Outras se seguiram, num
total de sete fábricas, ajudando a dar corpo ao sector
da indústria electrónica em Portugal.
Façamos, então, uma referência breve às fábricas que
estão integradas na Siemens, S.A. (Fábrica de Transformadores e Fábrica de Quadros Eléctricos), bem
como às empresas nas quais tem participação ou ainda às que já tiveram alguma conexão com o grupo,
pois elas representam contributos fundamentais para
a renovação do tecido empresarial e da estrutura industrial.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 154
auditorias por entidades sectoriais de vários países
europeus e as aprovações daí decorrentes. O mercado extra-europeu, principalmente o africano e o do
Médio-Oriente, também se revelou importante para
o incremento exportador. Recentemente (1999), a
fábrica sofreu uma profunda reestruturação (organizativa e logística) para se tornar num centro de competência para transformadores de distribuição a óleo
TRANSFORMADOR FABRICADO NA FÁBRICA DO SABUGO.
e para se optimizarem tempos e produção, operação
que a tornou numa das fábricas mais eficientes da
Siemens em “prodution Cycle Time”, sendo distinguida pelo grupo nesse domínio. Desenvolveu, então,
> Fábrica de Transformadores
(Sabugo)
novos conceitos técnicos de bobinagem, ligações e
execução em transformadores de 16 MVA. Estas práticas de racionalização e standardização, no âmbito
A Fábrica de Transformadores deriva da antiga Motra
do projecto “Standard 2000”, foram depois ampliadas
– Equipamentos Eléctricos, S.A.R.L., criada, em 1960,
a todo o espectro de produção. A Fábrica do Sabugo
pela ENAE – Empresa Nacional de Aparelhagem Eléc-
funcionou como centro de desenvolvimento desse
trica, nas suas instalações, para dar sequência à licen-
projecto, depois aplicado a outras fábricas de trans-
ça obtida da Siemens no sentido de produzir motores
formadores da Siemens espalhadas pelo mundo.
eléctricos e transformadores de potência. Em 1962,
É a única fábrica do grupo com know-how para o
a Siemens assumiu o controlo da unidade, criando
mercado dos transformadores especiais dos com-
instalações de raiz para esse efeito, no Sabugo, que
boios de alta velocidade. Procede a elevados inves-
foram inauguradas em 3.12.1964, já com grandes ní-
timentos para a implementação de um Laboratório
veis de automação. A nova unidade, que deu ocupa-
de Alta Tensão. Ao completar 40 anos de actividade,
ção a 300 operários logo no arranque, alargou a sua
ocupa 180 trabalhadores e posiciona-se para ser con-
produção a electro bombas e ferramentas eléctricas,
siderada como centro de competência mundial para
para além dos produtos iniciais, material então desti-
transformadores de potência até 40 MVA, o que, en-
nado ao mercado interno.
tre outras vantagens, lhe possibilitará dispor de uma
Como já se referiu ao longo desta narrativa, outras
área de I&D própria.
linhas de produção se instalaram no Sabugo, nomeadamente as que corporizaram a Divisão Electrónica
(matrizes para memórias, em 1969, circuitos híbridos, em 1972), produtos já destinados à exportação.
Em 1977, chegou a linha de produção de aspiradores
de pó eléctricos. Em 1982, passaram a produzir-se
telefones electrónicos e centrais telefónicas digitais
EMS.
Os transformadores persistiram, no entanto, como
produção principal, sendo essa actividade gradualmente qualificada e ampliada, o que permitiu a colocação deste equipamento no mercado externo, desde
os anos 70, numa tendência crescente: em 1997, o
seu volume de exportação já representava 85% da
produção. Para este efeito, contaram as sucessivas
ASPECTO DA FÁBRICA DE TRANSFORMADORES.
155 # A modernização do tecido económico e empresarial
ASPECTO DA FÁBRICA DE QUADROS ELÉCTRICOS.
> Fábrica de Quadros Eléctricos,
em Corroios (Seixal)
Em 1994/1995, para ampliar a já existente produção
nacional, a Siemens AG decidiu instalar em Portugal
uma Fábrica de Quadros Eléctricos de Média Tensão
para o mercado europeu, com vista a concentrar 11
centros de produção em apenas 3, com estes a fornecerem os restantes países através de um esquema
em rede. Para esse efeito, foi considerada a estrutura já existente, derivada da autonomização da linhas
de quadros eléctricos e disjuntores da Indelma e sua
integração na Siemens, S.A., ocorrida em 1992, no
âmbito da qual se constituíra, também no Seixal,
uma unidade de produção para o mercado nacional,
entretanto certificada.
Essa unidade foi, então, objecto do desenvolvimento necessário, com uma remodelação completa em
1995, passando a produzir celas para toda a Europa
VISTA DE UM QUADRO ELÉCTRICO NX AIR P.
em 1996. Em 1997, produzia já 608 celas de média
tensão, com 70% da produção destinada ao mercado externo. Esses números cresceram rapidamente:
em 1999, quando já se produziam 1200 celas, eram
os objectivos, em 2004, de um programa de produ-
exportadas 1100! A fábrica assumiu a responsabili-
tividade (optimizar custos de produção, melhorar a
dade, que coubera sempre à sede alemã, de garantir
qualidade e integração do processo de prefabricação
o fornecimento do produto da gama 8BK20/30. En-
de peças metálicas, antes vindas do exterior), o que
tretanto, novas gerações de produtos (Nxair, NxairM
lhe valeu a atribuição do segundo prémio de logísti-
e NxairP) têm sido transferidas para esta fábrica
ca, entre 35 fábricas a nível global, por parte da área
(2001), substituindo outras em fim de ciclo. Tendo
de negócio (Power Transmission and Distribution) em
assumido produtos high end, esta fábrica, atingiu
que se insere.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 156
> Epcos
Peças e componentes
electrónicos
Em 5 de Maio de 1997, através da Siemens Matshushita Components, S.A., foi lançada a primeira pedra da
nova fábrica de condensadores electrolíticos de tântalo, componentes para integração em telefones móveis, computadores e dispositivos electrónicos para
automóveis. Representa outra aposta de alta tecnologia do grupo Siemens em Portugal, representando
um investimento inicial de 10 milhões de contos, num
volume previsto de 740 milhões de condensadores/
ano. O início de produção verificou-se em Setembro
de 1998, dando ocupação a cerca de 400 trabalhadores, na maioria engenheiros. Em 1999 surgiu a nova
VISITA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, DR. JORGE SAMPAIO, À INDELMA, (1999).
designação social desta fábrica, resultado da sua integração no grupo europeu de componentes electrónicos Epcos. Após novos investimentos em 2000/2001
a Epcos emprega actualmente em Évora mais de 500
> Indelma
colaboradores, sendo aí que se localiza o centro de desenvolvimento da Epcos para este tipo de tecnologia
A Indelma – Indústrias Electro-Mecânicas, S.A.R.L.,
de condensadores de tântalo. Exporta 100% da sua
fábrica de cablagens para a indústria automóvel, cria-
produção (cerca de 1000 milhões de condensadores
da em 1968, no Seixal, foi adquirida pela Siemens
por ano) e o centro de desenvolvimento apoia todas
em 1973, chegando a ter 4000 trabalhadores no
as unidades de vendas da rede mundial da Epcos. Es-
auge da produção para exportação. As oscilações no
tão em curso actualmente investimentos adicionais
mercado da indústria automóvel levaram à instala-
para produção em futuro próximo de condensado-
ção de outras linhas de fabrico. Em 1977, surgiram
res com novas tecnologias de polímeros condutores.
linhas de produção de quadros eléctricos e disjuntores e, no ano seguinte, uma linha de cablagens
para electrodomésticos (1978). O desenvolvimento
da indústria automóvel em Portugal criou-lhe mercado, adaptando o fabrico de cablagens aos modelos da Autoeuropa (Sharan, Galaxy, Alhambra) e da
Renault (Renault Mégane). Deixou de fazer parte do
grupo em 2003, através da aquisição por outro grupo empresarial – Alcoa Fujikura (AFL), no âmbito da
reorganização da carteira de negócios da Siemens.
EPCOS, PORMENOR DA PRODUÇÃO.
INFINEON TECHNOLOGIES, EM VILA DO CONDE: PANORÂMICA EXTERIOR E ACTO DE PRODUÇÃO (EM BAIXO).
> Infineon Technologies
(Vila do Conde)
Abril de 1999, que foi transferida para a nova empresa interior ao grupo, passando a designar-se de
Infineon Technologies – Fabrico de Semicondutores,
Infineon Technologies é a designação actual da Fá-
Portugal, S.A. Recentemente, a sua capacidade de
brica de Semicondutores em Vila do Conde, insta-
produção de semicondutores foi duplicada, através
lada em função do esforços da nova administração
da implantação de um novo módulo fabril, atingin-
da Siemens, S.A. para concretizar as suas linhas de
do um nível de 850 milhões de euros de exportação
orientação para a produção de alta tecnologia. Como
que absorve toda a produção. Com a abertura deste
já foi sublinhado no capítulo anterior, esta nova fábri-
segundo módulo, cuja área ascende a cerca de 7000
ca é o símbolo de um tipo de investimentos que terá
m2, aumentou-se para cerca de 1500 os efectivos da
grandes repercussões no futuro, dados os níveis ele-
empresa em Vila do Conde.
vados de tecnologia que desenvolve. Essa importância tem um alcance regional ainda maior, na medida
O investimento no primeiro módulo ascendeu a 330
em que foi implantada numa zona industrial com ele-
milhões de euros, dos quais 140 milhões foram in-
vado potencial mas em que escasseavam instalações
vestidos entre meados de 2000 e de 2003 na moder-
de high-tech. Realizado o contrato de instalação em
nização da fábrica. Somando aos 230 milhões poste-
30.8.1996, as obras tiveram início em 10.1.1997.
riormente afectos à expansão da unidade, a Infineon
Iniciou-se a instalação de equipamento em 1.9.1997,
investiu um total da ordem dos 560 milhões de euros
ocorrendo a inauguração em 1998. A sua capacidade
na sua fábrica de Vila do Conde.
de produção inicial para memórias de 16M superou
todas as expectativas, permitindo antecipar em 3 meses o plano de passagem a memórias de 64M, nas
quais se passou a concentrar, a partir de Setembro
de 1998. Equacionou-se, a partir daí, a produção
de memórias de 256 Mbits, concretizada em 1999,
altura em que se planeou o avanço para 512 Mb e de
1 Gb. Dado que, em Novembro de 1998, a Siemens
AG decidiu transformar o seu grupo internacional de
semicondutores numa empresa juridicamente independente e autónoma, sob a denominação de Infineon Technologies AG, como forma de colocar o seu
capital em bolsa, a unidade de Vila do Conde, desde
SENSOR ANGULAR ELECTROMAGNÉTICO E ASPECTO DAS INSTALAÇÕES FABRIS (EM BAIXO).
> Fábrica de Relés (Évora)
Implementaram-se melhorias na produção dos sensores de ângulo para aviação. Introduziu-se uma
Criada em 1971, a Fábrica de Relés, cuja produção
nova gama de produtos: conectores para automóvel
foi essencialmente destinada à exportação, foi im-
(1998).
plantada em Évora, arrancando com cerca de 400
Em Março de 1999 foi constituída como uma nova
trabalhadores, funcionando como uma unidade ane-
empresa, com capital subscrito totalmente pela Sie-
xa à Siemens, S.A.R.L. A sua implantação revestiu-se
mens AG, passando a funcionar como empresa juridi-
de grande simbolismo na altura, na medida em que
camente independente da Siemens, S.A. A partir de 1
constituía uma significativa criação de postos de
de Outubro desse ano, passou a pertencer ao grupo
trabalho numa zona muito marcada pelo ruralismo,
Tyco International, um dos maiores grupos fornece-
numa época em que os campos de Portugal se des-
dores para a indústria automóvel.
povoavam por via de um impressionante movimento
de emigração intra-europeia. A Siemens ajudava a
combater esse flagelo na sua raiz, ao criar emprego
através da deslocalização para Portugal de algumas
das suas produções adequadas a mercados de mão-de-obra intensiva.
Em 1977, foi implementada uma nova linha, disjuntores W de 6 a 25 amperes, a que se seguiram interruptores e peças plásticas de precisão. Em 1981,
iniciou a produção do teleimpressor T1000.
Com mais de três décadas, esta fábrica foi objecto de
largos investimentos nos últimos anos, quer para a
sua preparação para novos produtos, quer para a optimização de processos de fabrico e de garantia de
qualidade. Verificaram-se investimentos para redução do consumo de energia eléctrica, para controlo
por vídeo das condutas de galvanoplastia para a rede
geral. Instalou-se uma terceira linha de produção totalmente automatizada para aumento da fabricação
do novo relé TCR destinado à indústria automóvel.
159 # A modernização do tecido económico e empresarial
> Osram
A Osram, uma marca tradicional da Siemens, que já
teve fábrica em Portugal, assegura a produção de
lâmpadas e sistemas para iluminação e suas aplicações. Tem desenvolvido novas tecnologias e soluções
em lâmpadas, reforçando a presença na iluminação
interior e exterior, apresentando múltiplos materiais
de iluminação, acessórios electrónicos e aparelhos
de iluminação: por exemplo, em 1999, surgiu a Halopin, a mais pequena lâmpada de halogéneo do
mundo. Apresenta quatro grandes áreas de negócio
– iluminação geral, automotive (indústria automóvel
e sinalização de estradas), acessórios electrónicos e
foto-óptica. Em Janeiro de 1999, a Osram e a actual
Infineon Technologies AG formaram uma joint-venture na área de semi condutores opto electrónicos, a
Osram Opto Semicondutors. Objectivo: desenvolver
os semicondutores como fonte de luz, uma nova tecnologia com futuro. Em 2004, passou a comercializar
os produtos LED, originários desta sua associada alemã e lançou lâmpadas sem chumbo para o mercado
automóvel.
PORMENOR DE UMA LÂMPADA DA OSRAM.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 160
ELECTRODOMÉSTICOS SIEMENS.
> Bosch and Siemens Home
Appliances
serviços (assistência técnica e logística), nos planos
de negócio, no controlo e identificação de nichos de
mercado, posicionando-se como líder na gama alta e
Os produtos tradicionalmente inovadores da Sie-
média-alta.
mens asseguram por si uma dimensão essencial do
Entretanto, desenvolveu-se uma nova política comer-
mercado de electrodomésticos, enquanto marca for-
cial através da parceria da Siemens, S.A. e da BSH
te com tradição e com a preocupação de responder
(Bosch and Siemens Home Appliances), que tem per-
aos novos objectivos dos utilizadores, preocupada
mitido abordar diversos segmentos do mercado com
com a qualidade e com o design. Mas o mercado dos
a articulação de quatro marcas: Siemens, Bosch, Ba-
equipamentos domésticos tem sido sujeito a grande
lay e Ufesa. Esta parceria, iniciada em 1988, resultou
turbulência, obrigando a repensar continuamente as
de um contrato de assistência técnica com a Bosch-
estratégias de marketing junto do grande público,
Siemens Hausgerate GmbH, cujas marcas foram in-
em torno do binómio “preço ou qualidade?”.
corporadas num único serviço técnico da responsabi-
Neste âmbito, a Siemens tem aprofundado a apos-
lidade da Siemens, S.A.
ta com a Associação dos Agentes Autori-
Com sistema de qualidade, os serviços téc-
zados e a comercialização de uma linha
nicos, que incluem centenas de colabora-
exclusiva, ao mesmo tempo que aborda
dores e uma logística de meios avançados,
canais de vendas não explorados, parti-
garantem uma elevada eficiência e proxi-
cularmente na construção civil, em que
midade com o cliente de electrodomésti-
se torna mais viável a oferta de produtos
cos. Com uma forte imagem de marca, os
encastrados, com soluções de integração
electrodomésticos gozam da melhor acei-
global. Nesta linha, desenvolveu uma
tação junto do público, sendo de destacar
grande reorganização dos serviços, em
as suas soluções de integração.
1997, com melhorias na qualidade organizacional, no tratamento informático dos
161 # A modernização do tecido económico e empresarial
> Fujitsu Siemens Computers
informatização do sistema judicial. Ensaiou em 2004
uma nova abordagem ao mercado das tecnologias de
Fundada em Outubro de 1999 como joint-venture
informação, evoluindo da comercialização de produ-
entre a Fujitsu Lda. e a Siemens AG, para a produ-
tos simples (PC’s e servidores) para a oferta de solu-
ção de uma larga gama de servidores e computado-
ções mais complexas (hardware, software e serviços),
res pessoais e outras soluções de informática pessoal
com plataformas tecnológicas para as áreas de mobi-
ou empresarial, com base em recursos conjuntos das
lidade e Business Critical Computing. Merecem relevo
duas empresas patrocinadoras. A sua marca tem uma
os seus fornecimentos no âmbito da Sapo/ADSL, ao
forte presença no mercado. A Fujitsu Siemens Com-
Ministério da Educação (6000 PC’s e servidores) para
puters tem sido fornecedora de projectos nacionais
escolas de Lisboa e Vale do Tejo, bem como para a
em programas como a “Internet na escola”, o projecto
informatização de diversos hospitais.
Nónio, liderado pelo Ministério da Educação, ou na
EQUIPAMENTOS FUJITSU SIEMENS.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 162
163 # Os desafios do futuro
> Os desafios do futuro
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 164
Fazer previsões do futuro é uma tarefa de gestão fun-
Em 2001, a empresa lançou o “Pictures of the Futu-
damental para qualquer organização que pretenda
re”, uma revista semestral que tem como objectivo
liderar no século XXI. Numa sociedade que caminha
divulgar os resultados obtidos pelas suas equipas nas
velozmente para a fragmentação dos modelos sociais
áreas de investigação e desenvolvimento, revelando
e laborais vigentes, com consequências transversais
as grandes tendências tecnológicas relevantes para a
à escala global, torna-se imperioso que as empresas
empresa e para o mercado. O livro “Horizons 2020” é
antecipem as tendências latentes destas alterações.
mais um exemplo do esforço da Siemens em pensar
o futuro. Esta obra antevê dois cenários sobre como
será a sociedade global em 2020 e quais serão as
A Siemens tem revelado uma
preocupação com o futuro a
diversos níveis, organizando
equipas de investigação nas
suas várias áreas de negócio,
potenciando dessa forma o
conhecimento como o recurso
mais importante da empresa.
principais alterações ao actual modo de vida.
Neste âmbito, destaque para o patrocínio da Siemens
a trabalhos recentes como o de Georg Berner – Management in 20XX – “What will be important in the
future – a holistic view”. A mensagem do livro é clara
e explícita: pede-se à (s) empresa (s) capacidade de
adaptação perante a estagnação dos mercados tradicionais e a emergência dos mercados globais, devendo ter como preocupação central a identificação da
procura, focalizada nas necessidades reais do cliente
em face das mutações dos padrões de comportamento social.
SISTEMA DE CONTROLE DE UMA ESTAÇÃO DE ÁGUA.
As inovações tecnológicas têm
o seu tempo próprio, alinhado
com tendências ou correntes
que vêm de trás.
Georg Berner apresenta no seu livro uma longa lista
dessas orientações em várias áreas, desde a social e
política, passando pela economia, meio, clientes e
concorrência. Sem qualquer preocupação de exaustividade, registem-se fenómenos de crescimento incontornáveis a diversos níveis: na população mundial
e no seu envelhecimento, nos custos de saúde, na
consciência global, no terrorismo, na crescente procura de segurança, na formação ao longo da vida e
em novas formas de ensino à distância, na instabilidade da carreira profissional, na multiplicação de tarefas, na elevada mobilidade e na mudança de valores.
Da mesma forma se verificarão nítidos incrementos
na liberalização e na desregulação do comércio, bem
como o decréscimo de importância das fronteiras e
das distâncias ou da influência da política local.
165 # Os desafios do futuro
baseados nos meios electrónicos e nas novas formas
FOIL CHIP.
de colaboração entre empresas, os serviços crescerão
nas indústrias, registando-se ainda uma diminuição
do ciclo de vida dos produtos e do intervalo entre
as inovações. No jogo da concorrência observar-se-ão processos como a entrada em novos campos de
> As múltiplas realidades
do século XXI
negócio em resultado da comunicação electrónica,
a emergência de um mercado global de pequenas e
médias empresas, guerras de preços para controlo de
Nos campos de actuação da Siemens, as alterações
quotas de mercado e o crescimento da importância
na procura derivam, essencialmente, do domínio da
da marca e da imagem.
microelectrónica e suas diversas aplicações. Os seus
Estas realidades futuras terão repercussões transver-
efeitos serão particularmente visíveis nas novas tec-
sais a todas as áreas de negócio da Siemens. A plura-
nologias da informação e da comunicação, áreas que
lidade de aplicação funcional dos desenvolvimentos
nas últimas décadas contribuíram para alterar subs-
tecnológicos, que deixarão de estar circunscritos a
tancialmente as práticas de trabalho e da vida priva-
uma determinada actividade, contribuirá para a re-
da, dada a sua capacidade de penetração no merca-
dução de custos operacionais e para uma resposta
do, a eficiência, velocidade de transmissão e relativo
célere às exigências dos mercados.
baixo custo dos produtos em referência.
A necessidade de preservação
do meio ambiente terá
grande importância junto
da comunidade empresarial
global, que se reflectirá na
economia dos recursos naturais
e na consequente promoção
da reciclagem, regulação
do fabrico de produtos
intermédios e finais, utilização
de energias renováveis e no uso
de produtos alternativos.
A Siemens Portugal
preocupa-se pelo seu futuro
e nesse sentido reuniu os
quadros num exercício de
preparação da sua visão
para os próximos dez anos,
identificando oportunidades de
desenvolvimento em todas as
suas áreas principais.
Como player de referência à escala global, apresentam-se algumas ideias da visão da Siemens sobre o
futuro das suas cinco principais áreas de negócio,
descobrindo assim quais serão as propostas da empresa para vencer os desafios do amanhã.
Por outro lado, a individualização dos estilos de vida,
o aumento do consumismo, maiores exigências na
qualidade e nos serviços, a Internet como a estrutura
fundamental para as comunicações, melhor informação e novos critérios de aquisição serão algumas
das características que apresentam forte tendência a
acentuar-se do lado dos clientes. Neste quadro tendencial, a economia focalizar-se-á no incremento da
produtividade, da automação e na mobilidade dos capitais, prevendo-se uma grande vulnerabilidade dos
mercados de stocks face a reacções emocionais.
Com o surgimento de novos modelos de comércio
CIDADE DO FUTURO.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 166
ETIQUETA ELECTRÓNICA.
> Tecnologias da informação e
comunicação
Tendências gerais como a globalização, o individualismo, a mobilidade e a auto-organização serão decisivas para o futuro das tecnologias de informação
e de comunicação. A actual dinâmica dos negócios
exige a disponibilidade de informação em tempo
real, em qualquer lugar e em qualquer altura, e com
continuamente e a encontrarem novas soluções para
as necessidades que se avizinham. Com a sociedade
já quase totalmente interligada (através de rede fixa,
móvel ou cabo), o negócio da conectividade deixará
de ter alto valor acrescentado, pelo que, no caso particular dos operadores de telecomunicações crescerá
através da criação de novas necessidades nos mais
diversos campos: entretenimento e serviços de utilidade doméstica, entre outros.
garantias de segurança em todos os processos. Este
quadro de actuação continuará a ser a tónica dominante no mundo empresarial, o que obrigará à banalização da comunicação entre os equipamentos do
quotidiano. Conceitos como design e emotividade,
marcas que reforçam a individualidade do utilizador,
serão levados em conta pelos líderes da inovação
tecnológica, ao mesmo tempo que as dimensões do
lazer e da comunicação poderão convergir em aplicações móveis multifuncionais.
Os estilos de vida emergentes serão um factor de
pressão sobre as empresas, impelido-as a inovarem
Os serviços evoluirão para
formatos de simples utilização
em ambientes seamless, nos
quais as infra-estruturas são
transparentes aos olhos do
utilizador.
167 # Os desafios do futuro
Com os custos do hardware e do byte a descerem, o
valor passará na prestação de serviços e no software,
elemento central deste processo e do qual se esperam desenvolvimentos como superação de erros e
limitações dos ainda existentes, modularização dos
packages, aplicações multi-sistema e capacidade de
filtrar a informação indesejável.
Para responder aos novos estádios de desenvolvimento da idade da informação, os caminhos da tecnologia são múltiplos, desde a miniaturização progressiva
do chip, ao desenvolvimento de novos materiais para
os semicondutores (que permitem outras performances), assim como uma redução generalizada do
custo das soluções. Por exemplo, a tecnologia LED, já
usada na área da iluminação, potencia novos desenvolvimentos na produção de circuitos inteligentes.
Neste domínio, salientem-se as enormes expectativas colocadas no campo da interligação entre soluções microelectrónicas e sistemas biológicos, dadas
SISTEMA DE ANÁLISE REMOTA.
as experiências já em curso e os espaços de analogia
encontrados entre o corpo humano e a máquina.
OS SENSORES SÃO OS SENTIDOS – OLHOS, OUVIDO E NARIZ – DAS MÁQUINAS.
Novos sensores e robôs
associados aos cinco sentidos
são dispositivos de que se
esperam grandes novidades
para aplicações em áreas
tão diversas quanto a
electromedicina, a navegação
aérea ou as áreas industriais
perigosas.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 168
> Energia
Por seu turno, a produção descentralizada, para consumos menos intensos e mais localizados, deverá as-
O futuro da energia será complexo e dos mais inte-
sentar nas pilhas de combustível e geradores eólicos.
ressantes a seguir pelas suas consequências do pon-
Algumas formas de energia consideradas ultrapassa-
to de vista holístico. O recurso às energias tradicio-
das renascerão sob outras formas de captação, como
nais terá alguma retracção (embora continuando a
são os casos da energia eólica e da energia solar. Mui-
deter uma posição dominante) e tudo indica que a
tas outras fontes de energia são ainda praticamente
oferta energética se articulará em torno de um mix
desaproveitadas (geotermia, marés...). As energias re-
equilibrado entre energias clássicas e energias reno-
nováveis ganharão cada vez mais a simpatia do públi-
váveis.
co (embora já se verifiquem processos de contestação
pelo efeito visual das suas instalações), mas terão de
ser mais eficientes e competitivas financeiramente.
Analisando as tendências
económicas e sociais de
futuro, surge a convicção de
que a produção centralizada
de energia terá de recorrer à
tecnologia nuclear, cujos níveis
de segurança e eficiência terão
de ser cada vez mais rigorosos.
As centrais de energia baseadas em matéria fóssil
prosseguirão a adequação no caminho da compatibilização ambiental, criando-se condições para a progressiva redução de emissões de dióxido de carbono
e um aumento de eficiência. Dada a sua eficiência, o
gás e as turbinas de vapor continuarão a ser as componentes principais destas centrais. Quanto ao sector do óleo e gás, espera-se que a globalização das
redes eléctricas e sua focalização em componentes
distribuídos promova a convergência dos processos
de geração de energia e os processos baseados em
“syngas”, mistura gasosa rica em hidrogénio utilizada
na preparação de metanol ou de hidrocarbonetos.
PARQUE DE ENERGIA EÓLICA NO MAR.
169 # Os desafios do futuro
FUEL CELL.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 170
> Indústria, automação
& controlo
Tal como se vem notando nas últimas décadas, a
automação será a espinha dorsal da engenharia do
futuro. Novos materiais permitirão novos tipos de
equipamentos para os sistemas mecânicos, que serão cada vez mais pequenos na sua apresentação e
estarão equipados com redes de micrelectrónica e
componentes afins. A robotização, à medida que se
desenvolver a tecnologia dos sensores e o software
para imagens e outros sinais, terá aplicação em áreas
tão diversas como a indústria, operações militares,
acções em áreas perigosas ou em desastres ambientais. Mas a sua utilização será comum a outros domínios do quotidiano, tais como o das actividades
domésticas tradicionais (limpeza, por exemplo), a
transmissão televisiva, o trabalho hospitalar ou a
preparação de alimentos.
Três tendências específicas determinarão no futuro os desenvolvimentos na indústria, no comércio,
na logística e nos sistemas de edifícios: uma maior
penetração das tecnologias de informação e de comunicação nestes sectores; a expansão de redes globais; e a procura por parte dos clientes de produtos
à medida. Se a gestão energética e de segurança por
automação e controlo remoto é já uma realidade pe-
O aparecimento das tecnologias
de identificação por rádio
frequência (RFID), tecnologia
que identifica pessoas sem
necessidade de contacto visual,
permitirá a integração sem
descontinuidades dos sistemas
de produção industrial com
os processos logísticos e de
distribuição.
netrante no mercado, há autores que referenciam a
produção futura de “roupa inteligente”, através da
integração no tecido de um minicomputador, um telemóvel, um sistema de check-up de saúde e um dispositivo com antena que operará os dispositivos para
colocar o seu usuário em situação de informação e
comunicação.
A crescente necessidade de
garantia de segurança de
pessoas e bens em qualquer
situação e local será respondida
pelo desenvolvimento já em
curso de novas tecnologias de
sensores, detectores e leitores
wireless e auto-alimentados,
associadas às aplicações
biométricas existentes.
EM CIMA: PRODUÇÃO DE FOIL CHIPS. EM BAIXO: SENSOR DE IMPRESSÃO DIGITAL.
171 # Os desafios do futuro
SENSOR INDUSTRIAL.
A segurança electrónica e remota (preventiva e cor-
energias emergentes exigirão uma resposta adequa-
rectiva) tornar-se-á assim, finalmente, um “bem de
da da parte das disciplinas de automação e controlo.
primeira necessidade” acessível e omnipresente, que
Apenas com o desenvolvimento de novas soluções
minimizará a necessidade de intervenção humana
de controlo e a implementação de medidas cada vez
e os consequentes riscos de vítimas, tanto em situ-
mais fiáveis e precisas se conseguirá gerir eficiente-
ações de terrorismo ou catástrofe quanto em casos
mente os recursos e garantir um bom meio ambiente
de pequena criminalidade e acidentes, tanto em am-
para as gerações vindouras. Todas estas realidades,
bientes industriais ou profissionais quanto domésti-
quer na indústria, na habitação, no escritório, em es-
cos ou individuais.
paços públicos ou no meio ambiente, só serão possí-
Na continuação de tendência já existente, a integra-
veis através do aumento do nível de automatização e
ção total da informação nas indústrias de transforma-
monitorização dos processos e sequente integração
ção será uma realidade tanto verticalmente – desde
da informação com outros sistemas que desempe-
o mais ínfimo sensor de campo até ao sistema cen-
nham funções na cadeia de valor global.
tral de gestão da empresa – como a nível horizon-
Em paralelo – e comum a todas estas áreas –, assistir-
tal, integrando toda a cadeia de valor e produção da
-se-á a uma crescente migração de funções que hoje
empresa. O desenvolvimento a que se assiste nas
são desempenhadas por hardware para software, o
tecnologias de informação em geral, muito em par-
que permitirá a redução dos ciclos de inovação e de
ticular os avanços que se têm registado no campo
vida, dos custos de produção e dos prazos de entrega.
da tecnologia wireless, traz à área de automação &
controlo novas possibilidades que permitirão o estabelecimento de redes de comunicação industriais
sem fios, aumentando as funcionalidades de partilha
de informação e reduzindo os respectivos custos de
instalação, manutenção e operação.
Na área dos edifícios e outras infra-estruturas, assistir-se-á à convergência e integração entre as tecnologias de informação com os equipamentos e
sistemas de controlo e monitorização de edifícios e
de utilização doméstica, através da partilha de uma
mesma plataforma de comunicação e informação.
Será possível maximizar a funcionalidade integrada
da habitação, assim como a eficiência energética
numa óptica global. Destaque ainda para a crescente importância que as soluções de identificação por biometria (íris e/ou impressão digital) terão
nos ambientes industriais e empresariais do futuro.
Também os desafios que se colocarão ao nível da
optimização e valorização dos recursos e das novas
SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO À DISTÂNCIA.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 172
> Transportes
A chave para o aumento de competitividade do transporte público reside na qualidade do serviço prestado
O conceito de mobilidade será fundamental na so-
e na resposta positiva às expectativas de conforto e
ciedade do futuro. Pessoas, negócios e nações serão
segurança dos passageiros: sistemas de bilhética sem
cada vez mais internacionais, tornando as necessida-
contacto, serviços de informação ao passageiro dinâ-
des de transporte uma preocupação que ultrapassa
micos e em tempo real e a possibilidade de transpor
as fronteiras do país. A rede transeuropeia de trans-
fronteiras sem necessidade de transbordo entre os
portes será um dos maiores desafios que o futuro
vários sistemas de transporte são factores críticos
coloca, com uma forte tendência de uniformização
de sucesso para que o transporte colectivo constitua
e integração completa dos sistemas de controlo e se-
uma verdadeira alternativa ao modo individual.
gurança.
A questão da energia nos transportes será também
Dinamismo, flexibilidade, ritmo e competitividade
um elemento sobre o qual recairá a atenção geral, de
determinam o crescimento dos pólos urbanos, o
forma a encontrar soluções mais amigáveis em rela-
que constitui uma oportunidade e um desafio para
ção ao homem e ao ambiente. Neste âmbito, a tec-
as empresas. Embora no futuro próximo o automó-
nologia de levitação magnética terá a oportunidade
vel continue a surgir como a forma predominante de
para se generalizar nas ligações dos grandes centros
transporte individual, a oferta do transporte público
urbanos.
será redimensionada, melhorando a sua qualidade
O crescimento mundial da circulação de mercadorias
e eficiência em função das exigências colectivas da
é acompanhado pelo desenvolvimento de sistemas
qualidade de vida.
totalmente automatizados, sem condutor, com investimentos significativos a serem aplicados no desenvolvimento de produtos telemáticos para apoio às
Novos equipamentos e
redes assegurarão soluções
alternativas ao uso do
automóvel, de forma a facilitar
a vida em espaços urbanos, que
tendencialmente serão mais
povoados.
TRANSRAPID – TECNOLOGIA DE LEVITAÇÃO MAGNÉTICA.
operações de diagnóstico e manutenção remotas das
vias de acesso ferroviárias e viárias.
IMAGEM DE ALTA TECNOLOGIA.
> Saúde
O mercado dos cuidados de saúde incorporará cada
vez mais as tecnologias de informação e comunicação, facilitando o acesso ergonómico e estruturado
aos dados relativos a cada utente, quer nas áreas de
diagnóstico, quer nas áreas de terapia. O registo de
cada doente, ao emergir rapidamente dos terminais
informáticos com um complexo de dados que disponibiliza a sua trajectória em termos de exames,
aplicações e resultados, permitirá um tratamento
personalizado e de acordo com as suas necessidades
Além disso, a medicina
beneficiará com os
desenvolvimentos
da biotecnologia, da
descodificação do genoma
humano e entrará
decididamente na era da
informação.
específicas.
As tecnologias de informação e comunicação repre-
Evoluiremos da “Evidence Based Medicine” para a
sentarão, em grau crescente, ferramentas decisivas
“Information Based Medicine” que, suportada em sis-
para os profissionais de saúde, prestadores de saúde
temas de gestão clínica periciais, será o apoio essen-
e todos quantos se relacionam com o continuum dos
cial no ponto de tratamento para os profissionais de
cuidados de saúde. Esse enquadramento facilitará
saúde e permitirá que se atinjam elevados níveis de
inclusivamente um grau crescente de telemedicina e
qualidade clínica a custos controlados. Esta é a única
uma maior prestação de cuidados médicos domicili-
resposta aos grandes desafios da saúde do presente e
ários. A interacção das máquinas com o corpo huma-
do futuro: processos optimizados suportados por tec-
no, por seu lado, conferirá maior fiabilidade à expres-
nologias de ponta e profissionais de saúde altamente
são dos sinais vitais.
diferenciados, que conduzirão a uma medicina preditiva / preventiva individualizada.
A descodificação do genoma humano abrirá um novo
capítulo. O desenvolvimento de drogas personalizadas para o genotipo do doente, assim como a capa-
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 174
cidade de antecipar qual o efeito do medicamento
através do conhecimento do seu metabolismo, vai
permitir dosagens adequadas, menores custos, restabelecimentos mais rápidos e maior segurança, eliminando possíveis reacções adversas.
Entraremos na era em que a matemática, física, ciências da computação e biologia se cruzarão para permitir prognósticos, diagnósticos e tratamentos ao nível molecular. A informação genética será usada para
criar amostras de moléculas específicas do indivíduo
para diagnósticos e tratamentos de uma doença também específica. Através de equipamentos de elevada
rapidez e resolução, teremos as imagens que apoiam
Seremos também confrontados
com pílulas inteligentes que
administrarão a dosagem
correcta da droga, no tempo e
local pretendidos. Assistiremos
ainda a uma profunda alteração
dos cuidados de saúde e dos
seus actores, com índices
elevadíssimos de tecnologia
associados.
o diagnóstico.
Aparecerão biochips com elevadíssima capacidade de
Esta tecnologia estará à disposição de todos em vir-
processamento, que permitirão a descodificação de
tude da sua facilidade de utilização, tendo como con-
genes em segundos. Sofisticados lab-on-a-chip, la-
sequência uma diferente mas mais informada relação
boratórios integrados num semicondutor e ligados a
entre profissionais e utentes e o estabelecimento de
monitores transportáveis, permitirão análises rápidas
uma verdadeira cultura de prevenção. O bem-estar e
e de múltiplos factores, que fornecerão os elemen-
vida longa reafirmar-se-ão como o objectivo primeiro
tos necessários ao diagnóstico ou para a avaliação do
das populações.
progresso da terapêutica.
A nano tecnologia produzirá micro-robôs e nano máquinas capazes de limpar artérias ou destruir tumores.
TÉCNICA BIOMÉTRICA.
175 # Os desafios do futuro
> Século XXI:
a era do conhecimento
No futuro, as tecnologias serão cada vez mais convergentes. Importa sublinhar, porém, a necessidade de
esses desenvolvimentos se verificarem de uma forma
sustentável, em respeito pelo ambiente e pela humanidade, o que implica uma postura de cidadania
responsável, capaz de fazer escolhas e seleccionar os
usos da tecnologia.
CÉLULA PRODUZIDA DE MATERIAIS ORGÂNICOS.
Neste quadro muito geral, o
futuro já está nos laboratórios
e unidades de pesquisa do
presente e do passado, espaços
de modelação do futuro,
participando a Siemens,
nomeadamente em Portugal,
dessa construção colectiva na
medida em que, com base na
sua longa experiência, para
além da busca persistente
da inovação, apresenta
soluções flexíveis e modulares
compatíveis com produtos que
hão-de chegar na corrida do
tempo.
E, nesse sentido, promove o conhecimento, chave para
o mercado global, na medida em que assegura aos
seus colaboradores a aprendizagem, a formação e a integração numa complexa rede internacional de saber.
Enquanto antes se dizia que o “segredo é a alma do
negócio”, a Siemens em Portugal está já a trabalhar e
a viver a era onde a partilha de conhecimento será o
grande trunfo impulsionador dos negócios do futuro.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 176
Administradores-delegado do Grupo Siemens em Portugal
1905 | G. Zimnoseck
1962 | Gerhard Pollmann
1910 | Eduard von Almen
1970 | Wolfgang Georg Bühler
1926 | Alfredo Angres
1995 | Carlos de Melo Ribeiro
1932 | Alfred Trenkle
Corpos Sociais da Siemens, S.A.R.L.
e Siemens, S.A. – 1967 | 2005
(ordem alfabética)
Alfredo António de Sousa – Administrador
Alfredo Augusto Filipe – Presidente da Assembleia Geral
António José Fernandes de Sousa – Administrador
Augusto César de Carvalho – Presidente da Assembleia Geral
Presidente Honorário da Assembleia Geral
Bruno Freund – Administrador
Carlos Manuel Pequito de Almeida Sampaio – Administrador
Carlos de Melo Ribeiro – Administrador
Eckart Stoer – Administrador
Fernando Augusto dos Santos Martins – Administrador
Filipe Nobre Guedes – Administrador
Gerd Tacke – Administrador
Gerhard Boernecke – Administrador
Gerhard Pollmann – Administrador
Hanno Gauger – Administrador
Hans Baur – Administrador
Hans-Gerd Neglein – Presidente
Helmut Wilhelms – Administrador
Henrique de Oliveira Constantino – Administrador
Herbert Steffen – Presidente
João António Morais Leitão – Administrador
João Vaz de Araújo Franco – Administrador
Jorge Gonçalves Pereira – Presidente
José Manuel Capelo Soares da Fonseca – Administrador
Klaus Wucherer – Presidente
Luís Miguel Couceiro Pizarro Beleza – Administrador
Manuel Joaquim Lopes Moura – Administrador
Mário Emanuel Herrmann Pais de Sousa – Administrador
Paul Dax – Administrador
Presidente
Paulo Manuel Laje David Ennes – Presidente da Assembleia Geral
Rogério Martins – Administrador
Volker Erich Müller – Administrador
Volker Jung – Presidente
Walter Mohr – Administrador
Wolfgang Georg Bühler – Administrador
Vice-presidente
Wolfram O. Martinsen – Presidente
1978 | 1993
1967 | 1978
1990
1979 | 1986
desde 1987
1984 | 1986
desde 1993
desde 1995
1987
1978, 1982 | 1984
1971 | 1973
1967
1976 | 1989
1967 | 1970
1988, 1995 | 1999
1991 | 1992
1975 | 1991
1967 | 1970
1989 | 1994
1998 | 2001
1981 | 1983
1976 | 1999
1972 | 1973
1985 | 1999
desde 2002
desde 1995
desde 2000
desde 2000
1975 | 1978
1974
desde 1987
1967 | 1969
desde 1994
1992 | 1993
1971 | 1975
1971 | 1994
1995 | 1999
1994 | 1997
177 #Historial SIEMENS
HISTORIAL SIEMENS
As primeiras referências
1876 > Fornecimento de um forno contínuo com regeneração do calor, de origem Siemens, para a indústria
vidreira na Marinha Grande.
1885 > Equipamentos Siemens são divulgados e instalados em Portugal por Emílio Biel, consignatário de
equipamentos eléctricos. A primeira instalação eléctrica ocorreu nos Armazéns Andersen (Porto).
1895 > Motores Siemens equipam eléctricos da Companhia Carris, no Porto.
O arranque oficial com as primeiras instalações
1905 > A Companhia Portuguesa de Electricidade Siemens Schuckertwerke, Lda., percursora da actual
Siemens, S.A., inicia as suas actividades em Lisboa, com delegação no Porto.
1913 > Fornecimento de equipamentos para a central hidroeléctrica de Santa Rita (Fafe) e para a central
termoeléctrica de Massarelos (Porto).
A criação da Siemens, Lda. Companhia de Electricidade
1926 > Instalação de central hidráulica para a fábrica de tecidos de Fafe.
1930 > Fornecimento de cabos eléctricos para a central do Tejo (Sacavém).
> Instalação de uma central eléctrica, com 4 motores a gás pobre e alternadores de 150 kWA,
quadro de distribuição e rede subterrânea de cabos armados nos Serviços Municipalizados
da Póvoa do Varzim.
A afirmação: contribuição para a electrificação do país
1934 > Estabelecimento da Siemens, S.A.R.L e passagem das instalações da empresa para a Rua Augusta.
> Introdução do negócio de electrodomésticos.
1946 > Electrificação e sinalização da Linha ferroviária de Cascais (25 km de extensão).
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 178
O relançamento da electrificação e o desenvolvimento industrial
1952 > Electrificação e sinalização da Linha ferroviária de Sintra (27 km de extensão).
1955 > Fornecimento de 24 carruagens automotoras para o Metropolitano de Lisboa.
1956 > Electrificação da Linha ferroviária do Norte. Linha com cerca de 330 km de extensão.
1961 > Siemens inicia a comercialização das lâmpadas e lumiares Osram através da aquisição da Enae
(Empresa Nacional de Aparelhos Eléctricos).
1962 > Abertura das novas instalações da Sede, na Avenida Almirante Reis, 65, em Lisboa.
A produção industrial
1964 > A Siemens inicia a actividade fabril em Portugal, através da aquisição da Motra–Equipamentos
Eléctricos, S.A.R.L., produtora de motores e transformadores, antes sob licença Siemens e pertencente
à Enae.
1965 > Participação da Siemens, S.A. no projecto hidroeléctrico de Cahora-Bassa.
1969 > Criação de uma nova linha na fábrica do Sabugo para produção de memórias para computadores.
1971 > Arranque da nova Fábrica em Évora, produtora de relés (material de telecomunicações).
> A empresa totalizava 1304 trabalhadores nas várias unidades.
1973 > Compra da Indelma – Indústrias Electro-Mecânicas, S.A.R.L., no Seixal, produtora de cablagens
para automóveis e quadros eléctricos.
Siemens S.A.R.L.: investir em condições adversas
1975 > Presença activa no fornecimento de cablagens e quadros eléctricos, como por exemplo para a central
termoeléctrica de Sines.
1976 > Accionista Siemens AG transfere 32’ DM para cobrir a totalidade dos prejuízos acumulados
desde Abril de 1974.
> Início da produção de aspiradores de pó na fábrica do Sabugo (antiga Motra).
1979 > Instalação da primeira tomografia computorizada na Clínica de Todos-os-Santos em Lisboa.
1980 > Início da produção de televisores a cores na Fábrica do Sabugo (antiga Motra).
1981 > Início da produção de termoventiladores no Sabugo – “o jeitoso”.
1982 > Abertura da delegação de Coimbra, dando apoio e suporte ao negócio das soluções médicas.
1984 > Início da produção das centrais telefónicas EMS, na Fábrica do Sabugo.
179 #Historial SIEMENS
A modernização na Europa: investir nas novas tecnologias
1987 > Contrato para substituição da rede telefónica pública por equipamento digital a fornecer pela Siemens,
com tecnologia EWSD e entrega da primeira central pública digital em Portugal.
> Inauguração da EMPTEL, Fábrica de Centrais Públicas de Comutação Digital.
1988 > Acreditação dos Laboratórios da Fábrica de Transformadores.
1989 > Inauguração da nova Sede “Dois Moinhos”, em Alfragide.
1990 > Assinatura dos contratos com a CP para o fornecimento de 40 unidades quádruplas eléctricas
para a linha ferroviária de Sintra e de 30 locomotivas eléctricas.
> Assinatura dos contratos com os CTT e os TLP para implementação da primeira rede móvel.
> Constituição da ANFEI – Associação Nacional de Formação Electrónica Industrial.
> Assinatura do contrato de fornecimento do sistema de manuseamento de carvão e dos painéis de baixa
tensão da central termoeléctrica do Ribatejo.
1992 > Constituição da Fábrica do Seixal, Fábrica de Disjuntores e Quadros Eléctricos, e integração na Siemens, S.A.
1994 > A Siemens Nixdorf Informations-System passa a ser integrada na Siemens, S.A.
> Abertura das novas instalações da delegação do Norte, no Freixieiro, em Matosinhos.
> Assinatura do contrato de fornecimento “chave na mão” da central termoeléctrica de ciclo combinado
da Tapada do Outeiro e lançamento da primeira pedra no ano seguinte.
> Electrificação da Linha da Beira Alta.
> Entrega do Aeroporto de Macau.
> Entrada em funcionamento do novo Hospital de Leiria, primeiro projecto “chave na mão” realizado pela
Siemens em Portugal na área hospitalar.
Rumo à excelência e à inovação, sob o signo da digitalização,
do software e da alta tecnologia
1995 > A Siemens, S.A. torna-se a primeira empresa em Portugal a aderir ao Sistema de Ecogestão e Auditoria
(EMAS) nas Fábricas de Relés e Indelma.
> Entrega à Portugal Telecom da linha EWSD número dois milhões.
> Fornecimento de 38 unidades triplas ao Metropolitano de Lisboa (Série ML 95).
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 180
1996 > Assinatura do contrato de fornecimento de centrais EWSD à Cabo Verde Telecom.
> Constituição da Siemens Semicondutores, S.A., Vila do Conde, assinatura do contrato de investimento
no valor de 560 milhões de euros para a fábrica de backend. A inauguração desta unidade ocorreu dois
anos mais tarde.
> Os 10 comboios de pendulação activa da CP são equipados com sistemas eléctricos de controlo
e tracção Siemens (consórcio Fiat/Siemens).
> Início das actividades de R&D na área de transmissão óptica
1997 > Primeira instalação nacional de radiologia digital para o Hospital de Viseu.
> Contrato com TV Cabo para fornecimento “chave na mão” da rede CATV.
> Arranque do International Training Center (ITC) em telecomunicações.
1998 > Início de actividades da Fábrica Condensadores de Tântalo em Évora e assinatura do contrato com um
investimento inicial no valor de 50 milhões de euros.
> Participação da Siemens, S.A. na Expo’98, como patrocinadora e fornecedora de equipamentos
e serviços com amplo significado tecnológico. Manutenção de edifícios do Oceanário e Centro Cultural
de Belém.
> Todas as Unidades da Siemens, S.A. certificadas pelas normas da série ISO 9000.
> Primeiro contrato com a Vodafone Portugal (Telecel) – Cobertura do Algarve com tecnologia Microwave.
> Implementação do novo plano de numeração nacional para a PT.
1999 > Assinatura do contrato para o fornecimento de 38 novas unidades para o Metro de Lisboa.
> Assinatura de contrato com a EDP/CCPE para construção de 2 grupos reversíveis 106MVAT
para a central da Venda Nova II.
> Fornecimento das subestações de tracção da Linha ferroviária do Sul e Sines.
> Instalação da primeira solução integrada de sistemas de informação clínica PICIS e de imagiologia
digital PACS no Hospital Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.
> Siemens ganha contrato para fornecimento de IP backbone à PT.
> Primeiro contrato de managed services empresariais para redes multi vendor (CGD).
> Informatização Nacional de Tribunais.
2000 > Assinatura do contrato para o fornecimento de 34 unidades múltiplas eléctricas de nova geração
(CP2000) para a CP.
> Início de funcionamento da central da Tapada do Outeiro.
> Entrega do Aeroporto do Funchal.
> Primeira empresa portuguesa a realizar a transição para a nova norma ISO 9001:2000.
> Primeiro contrato com a ONI – Rede de Transporte SDH.
> Siemens assina contrato com PT para migração da rede PSTN para rede VoIP.
181 #Historial SIEMENS
2001 > Assinatura de novos contratos como o do grupo PT – Portugal Telecom para as redes de Nova Geração,
o fornecimento de soluções ADSL e o aprofundamento da liderança no mercado de backbone IP.
> Fusão das actividades das Divisões Cerberus e Landis & Staefa na empresa Siemens Building Technologies.
> Adjudicação do contrato para fornecer dois grupos de 800Mw para a central de ciclo combinado do
Ribatejo e assinatura de contrato para manutenção de longa duração da Central da Tapada do Outeiro.
> Transferência de novos produtos (Nxair, NxairM e NxairP) para a Fábrica de Corroios.
> Electrificação da Linha ferroviária da Beira Baixa (Mouriscas–Castelo Branco).
> Certificação do Sistema de Gestão Ambiental da Siemens, S.A. para as Áreas de Vendas e Serviços pela
norma ISO 14001.
> Criação do centro de desenvolvimento de microelectrónica digital.
> Rede Gigabit da FEUP (maior rede europeia em número de terminações de rede).
> Desenvolvimento de Number Portability para redes fixas e móveis para Portugal e outros países.
2002 > Um milhão de telemóveis vendidos.
> Projecto “chave na mão” para a nova Fábrica de Cervejas Cintra.
> Adjudicação do projecto “chave na mão” para o Metro Sul do Tejo: para além do material circulante a
Siemens é ainda responsável pelo fornecimento das infra-estruturas electromecânicas (catenária,
subestações, sinalização e telecomunicações).
> Conclusão da informatização integral das Urgências do Hospital Santa Maria.
> Conclusão do projecto de informatização da rede de balcões dos CTT.
> ONI selecciona a Siemens como fornecedor da sua rede DWDM.
> PT selecciona a Siemens como fornecedor da rede UMTS (Core and rádio).
> Início das actividades de research (pesquisa fundamental) no âmbito das telecomunicações.
> Arranque do RNCC Europa 1.
> Desenvolvimento do conceito inovativo flexível de User Interface para Telemóveis (primeira solução i9 da
TMN).
> Criação do centro de desenvolvimento de multimédia a nível mundial.
2003 > Siemens, S.A. reconhecida mundialmente com o primeiro lugar no “Top+ Regions Award”, premiando a
sua excelência de gestão e o seus resultados excepcionais.
> Criação do Laboratório de Redes Ópticas e de um Centro Mundial de I&D de software para as redes
de UMTS e GPRS.
> Primeiro PET Siemens instalado no IPO de Lisboa.
> Sistema PACS instalado no Hospital Amato Lusitano em Castelo Branco.
> A Siemens fornece e entrega à Vodafone Portugal da plataforma / primeira solução de Vídeo Streaming.
> Inauguração do laboratório de redes ópticas, pelo Presidente da República Portuguesa.
SIEMENS | 100 anos a projectar o futuro # 182
2004 > Fornecimento de soluções integradas para nove dos dez estádios de futebol do Euro-2004,
incluindo montagem e operação do Terminal de Passageiros ANA/Euro-2004.
> Inauguração do Multimédia Lab, empregando em conjunto com o Laboratório de Redes Ópticas mais de
mil engenheiros.
> Inauguração da central termoeléctrica do Ribatejo e assinatura de contrato de manutenção de longa
duração para o grupo 1 e 2 da central do Ribatejo e assinatura de contrato para construção
do 3.o grupo da mesma central.
> Primeiro PET/CT Biograph 6 instalado no IPO do Porto e primeiro TAC 64 cortes instalado no Hospital de
Viana do Castelo.
> Contrato de serviços de manutenção dos equipamentos informáticos dos balcões e edifícios centrais do
grupo CGD.
> Criação da ATEC (antiga ANFEI), uma iniciativa conjunta entre a Autoeuropa, Siemens, Bosch e Câmara
de Comércio e Indústria Luso-Alemã.
> Introdução da aplicação A&D Mall, adquirindo 65% de vendas nesta aplicação.
> Obtenção do primeiro contrato de manutenção de Instalações Eléctricas de Energia de Tracção da REFER.
> Lançamento do primeiro Relatório de Responsabilidade Corporativa da Siemens, S.A. e respectivo
reconhecimento pela revista Exame como uma das 10 empresas com melhores práticas de
Responsabilidade Social.
> Fornecimento do primeiro armazém automático para a Lactogal.
> Criação do centro de desenvolvimento na área de Home Entertainment.
> Fornecimento da primeira rede de transporte de 10G existente em Portugal – FCCN.
> Siemens foi seleccionada pela PT para lançar a plataforma de Vídeo Móvel.
> Mais de um milhão de terminações de rede empresariais implementados.
> Formação da Portech, plataforma para a formação de consórcios para a investigação e aplicação
de tecnologias emergentes no âmbito do P.Q.E.
183 #Historial SIEMENS
2005 > Realização da Conferência de Imprensa da Siemens AG em Portugal (primeiro evento internacional do
Sr. Klaus Kleinfeld, novo CEO da Siemens).
> Estabelecimento de parceria com a Gulbenkian para a Biologia Computacional.
> Lançamento do E-Domus (plataforma de controlo local e remoto de habitações que permite a gestão da
casa sobre banda larga).
> Encomenda da primeira passagem de nível ferroviária.
> Siemens AG escolhe Portugal para instalar e operar um Shared Accounting Service Center – SACS
Lisboa.
> Contrato de Manutenção p/ 3000 sistemas de ATM com a SIBS.
> Entrega do primeiro Combino para o MST.
> Exportação de know-how em sistemas logísticos de aeroportos.
> Iniciação em funcionamento da Central Venda Nova II.
> Início das actividades no sector da energia eólica.
> O IPTM adjudica ao consórcio participado pela Siemens o fornecimento do sistema VTS (Sistema de
Controlo de Tráfego Marítimo).
> Atribuição do primeiro projecto Europeu Marie Curie.
> Abertura do pólo R&D em telecomunicações em Aveiro.
> Contratos de outsourcing multi vendor na ONI.
> Miolo impresso em papel Artic Silk
> Fontes :
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> impresso em Novembro de 2005
s
1905
2005
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