T174 - CÁLCULO DO NÍVEL CRÍTICO DE ZINCO TROCÁVEL EM SOLOS DO PARANÁ
C. M. Borkert1,3; G. J. Sfredo1; F. Álvares de Oliveira1; C. de Castro1 & A. de Oliveira Jr2,3;
Embrapa Soja, Cx. P. 231. 86001-970, Londrina, PR; 2USP/ESALQ; 3Bolsista do CNPq.
[email protected]
1
Palavras-chave: Zn - Teor Crítico - Glycine max
INTRODUÇÃO
A cultura da soja não tem apresentado resposta à adubação com zinco (Zn), nas áreas
tradicionais de cultivo. Em estudos sobre a disponibilidade de micronutrientes, aplicação e
resposta das culturas de milho, trigo e soja, em semeadura direta na região dos Campos
Gerais, Ponta Grossa, Pauletti (1999) observou sintomas de deficiência de zinco e de
manganês, nas fases iniciais do desenvolvimento vegetativo das culturas. Porém, só foi
observada resposta a zinco em milho, não havendo resposta à aplicação de manganês,
cobre e boro, na sucessão de culturas trigo/soja/milho, em semeadura direta. Em, estudos
de fertilidade do solo com experimentos de rotação de culturas de longa duração, Mitchell
et al (2005), não observaram resposta a zinco, em um período de dez anos. Também
Vieira & Clazer (1999) não encontraram resposta na cultura da cevada à aplicação de
zinco, em semeadura direta, na região de Entre Rios, Guarapuava, PR. Isso pode ser
atribuído à elevada disponibilidade de Zn nos solos argilosos originados de rochas
eruptivas básicas (Santos Filho, 1983).
Com a expansão da soja no Estado do Paraná, passou-se para o cultivo em solos de
textura média a arenosa, com teores de argila inferiores a 200 g.kg-1, CTC baixa e,
originalmente, com menor disponibilidade de Zn. No decorrer dos anos, a elevação do Zntrocável (Zn2+) nesses solos é conseqüência da adubação em quantidades superiores ao
exportado pela soja, da reaplicação anual de Zn presente nas fórmulas de adubo e
associada como contaminante, no calcário e no adubo fosfatado aplicado. Borkert (2002)
relatou não ter encontrado resposta à adubação com zinco, em quatro anos de cultivo de
soja e trigo. Em algumas regiões específicas do Estado do Paraná, o aumento do zinco
solúvel no solo também é devido à aplicação anual, por muitas safras, de chorume da
criação de suínos e de camas de aviários. Como a solubilidade do Zn no solo depende do
seu estado de oxidação, sua imobilização está associada à elevação do pH pela calagem.
Portanto, a reaplicação anual de Zn para o aumento da disponibilidade desse nutriente
nesses solos, com o passar dos anos, pode levar a teores excessivamente elevados,
criando problemas de fitotoxicidade para as plantas.
Os limites para a interpretação da disponibilidade de zinco trocável nas análises de solo
estão entre 1,1 a 1,6 mg.dm-3 de Zn2+, valor muito baixo se comparado aos teores
normalmente encontrados na maioria dos solos do Paraná, originários de rochas que
contém altos teores de Zn.
A utilização da análise de solo para a recomendação de adubação com micronutrientes
ainda é limitada, pois os níveis críticos desse micronutriente são pouco conhecidos e
estudados. Quando a adição de micronutrientes é feita em pequenas quantidades, sem
nenhum parâmetro para sua aplicação, pode representar um custo desnecessário e,
também, induzir a excessos nesses solos.
O trabalho teve como objetivo estabelecer níveis críticos de zinco trocável nos solos do
Paraná, na cultura da soja, e facilitar a interpretação das análises e a recomendação da
aplicação desse micronutriente ou não, evitando problemas futuros de contaminação do
solo.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os experimentos foram iniciados em 1997 e executados durante sete anos, nos
municípios de Ponta Grossa (Latossolo Vermelho Escuro álico-LEa) e Mamborê
(Latossolo Vermelho Escuro distrófico-LEd). Foram utilizadas três fontes (sulfato, 21% de
- 646 -
Tecnología de Cultivo
Zn, óxido, 80% de Zn e Zincogran, 20% de Zn) e cinco doses de Zn (0, 5, 10, 15 e 20
kg.ha-1) aplicadas a lanço, no primeiro ano. Durante sete anos, foi cultivada soja nos dois
locais e foram coletadas amostras de solo, analisadas por dois métodos de extração. Os
dados das análises de solo, realizados pelos dois métodos foram utilizados para fazer a
estimativa do nível crítico. Foram utilizados 420 pontos no Método Mehlich e 240 pontos
no Método DTPA, entre o teor de Zn-trocável no solo e a produção relativa. Esses pontos
foram reunidos em ordem crescente do teor de Zn2+, sendo estimado o nível crítico pelo
método matemático de Cate & Nelson (1971) e Cate & Nelson (1965).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As análises químicas do solo coletado antes do início do experimento e após quatro
anos de cultivo mostram o aumento da disponibilidade de zinco, após a aplicação de 20
kg de Zn.ha-1 (Tabela 1).
Análise de solo das safras 1997/98 e 2000/01, utilizando o extrator Melich-1. Foram utilizadas as médias das
repetições. Safra 1997/98, análise inicial, safras 1998/99 e 2000/01 médias das amostras do tratamento Zincogran
-1
20 kg.ha . Ponta Grossa -PR.
pH
Safras
1997/9
8
2000/0
1
4,7
4
5,0
2
Al
H + Al
K
Ca
Mg
-------------------cmolc.dm-3-----------------0,29
6,64
0,14 1,31
0,68
C
g.dm-3
17,25
Zn
P
Cu
Mn
--------------- mg.dm-3--------------0,28
7,59
0,93
9,57
0,04
19,46
10,48
5,21
0,20
2,98
1,19
1,34
1,52
37,72
Atualmente, pela recomendação da Embrapa Soja (2005), o nível crítico é de 1,6 mg.dm-3
de solo. Pelos resultados obtidos, houve correlação e os níveis críticos estimados de Zn
no solo, foram: 1,5 e 1,1 mg dm-3, respectivamente para os métodos Mehlich e DTPA
(Fig.1 e 2).
Zn_Paraná_420 pts
95
95
90
90
85
80
75
70
65
Zn.Meh
Zn.NC
60
Zn_Paraná_240 pts
100
%Produção de grãos de soja
%Produção de grãos de soja
100
55
85
80
75
70
65
Zn.DTPA
Zn.NC
60
55
50
50
0
2
4
6
8
10
0
Fig.1. Teor crítico de zinco (Zn_mg.dm-3) no
solo, extraído por Mehlich-1 e calculado
pelo método estatístico de Cate & Nelson
(1971). Embrapa Soja, 2006.
- 647 -
Tecnología de Cultivo
1
2
3
4
5
Fig.2. Teor crítico de zinco (Zn_mg.dm-3) no
solo, extraído por DTPA e calculado pelo
método estatístico de Cate & Nelson
(1971). Embrapa Soja, 2006.
6
CONCLUSÕES
As faixas de Zn no solo em mg.dm-3, para recomendação de aplicação do nutriente no
solo, no Estado do Paraná, ficam:
Zinco_mg.dm-3
Teor
Mehlich-1
< 0,8
Baixo
0,8 – 1,5
Médio
> 1,5
Alto
DTPA
< 0,5
0,5 – 1,1
> 1,1
Acima do nível Alto há pouca probabilidade de resposta à aplicação deste nutriente.
BIBLIOGRAFIA
BORKERT, C.M. Ganhos em produtividade de culturas anuais com micronutrientes na Região Sul. In: Curso de
fertilidade do solo em plantio direto, 5, Colônia Vitória, 2002. Resumos de Palestras. Passo Fundo. Aldeia
Norte Editora, 2002. p. 81-96.
CATE JUNIOR, R.B.; NELSON, L.A A simple statistical procedure for partitioning soil test correlation data into
two classes. Soil Science Society of América Proceedings, v.35, nº. 6, p.658-660, 1971.
CATE JUNIOR, R.B.; NELSON, L.A. A rapid method for correlation of soil test analyses with plant response data.
Raleigh: North Carolina State University -NCSU, 1965. 23p.(NCSU.Technical Bulletin, 1)
EMBRAPA SOJA. Correção e Manutenção da Fertilidade do Solo. Organizado por SOJA, Comitê de Publicações
da Embrapa. Tecnologias de Produção de soja- Região Central do Brasil 2006. Londrina: Embrapa Soja:
Fundação Meridional, 2005. 220p. (Sistemas de Produção/Embrapa Soja, ISSN 1677-8499; n.9).
MITCHELL, C.C.; DELANEY, D.; BALKCOM, K.S. Cullars rotation: the South’s oldest continuous soil fertility
experiment. Better Crops, Atlanta, v.89, nº. 4, p.5-9, 2005.
PAULETTI, V. Disponibilidade e resposta de culturas a micronutrientes no sistema plantio direto. In: PAULETTI,
V.; SEGANFREDO, R. Plantio Direto: atualização tecnologica. Castro, PR. Fundação Cargill, Fundação ABC,
1999. 171p. p.71-95.
SANTOS FILHO, A. Zinco em alguns solos do Paraná. Revista do Setor de Ciências Agrárias, v.5, p.1-3, 1983.
VIEIRA, S.M.; CLAZER, E.R. Zinco na cultura da cevada sob plantio direto. In: REUNIÃO ANUAL DE
PESQUISA DE CEVADA, 19., 1999, Passo Fundo. Anais... Passo Fundo: Embrapa trigo, 1999. 244p.
(Embrapa Trigo. Documentos 5). p.375-380.
Trabalho apresentado no: IV Congresso Brasileiro de Soja 5 al 8 de junho de 2006 –
Londrina PR- Brasil.
- 648 -
Tecnología de Cultivo
Download

CÁLCULO DO NÍVEL CRÍTICO DE ZINCO TROCÁVEL EM