Aula de Revisão para AV1
RELAÇÕES INTERNACIONAIS – ANDREA SAMPAIO VIANNA
1
OBJETIVOS DA AULA
•Definição do Sistema Internacional (SI)
•A formação e as características do Sistema
Internacional
•A ordem atual no SI
•Os atores do SI: características, atuação e
interações
•As correntes teóricas em Relações
Internacionais: realismo e liberalismo
•As origens da globalização
•Prós e contras da globalização
O SISTEMA INTERNACIONAL (SI)
O SI é o espaço geográfico onde ocorrem as relações
internacionais, que resultam da ação dos atores
internacionais. Pode também ser entendido como o conjunto
de relações entre esses atores, gerando fenômenos
internacionais nos campos da política, economia, cultura, meio
ambiente e outros.
É o palco, o cenário, o
ambiente no qual se
desenrolam as
relações internacionais.
3
A FORMAÇÃO DO SI
Está ligada ao Tratado de Westphalia, que estabeleceu as
características de um Estado, e ao fazê-lo distinguiu entre o
Estado e o mundo.
A partir de Westphalia, em 1648, fica definido o que é um
Estado, e o conjunto de Estados compõe um Sistema
Internacional. Passa a existir uma separação entre
assuntos domésticos e assuntos internacionais.
Assim, o SI vem se formando há séculos, e apresenta
atualmente as seguintes características:
1. ANARQUIA
2. ORDEM MULTIPOLAR
3. HETEROGENEIDADE
4. EXTENSÃO GLOBAL
4
AS CARACTERÍSTICAS DO SI
A ANARQUIA significa que não existe um governo ou leis
centrais que regulem o SI. Não há um “chefe mundial” ou
“governo do planeta”: oficialmente cada Estado é soberano,
não há autoridade superior ao governo de um Estado. Essa
característica é aceita por todas as teorias sobre as relações
internacionais.
O fato de não haver poder central e acima dos Estados
não significa que não haja ORDEM no SI. Anarquia, em
nossa disciplina, não é desordem ou bagunça…!
A ORDEM no SI é a configuração de poder vigente, ela
resulta da interação entre os atores, especificamente entre
os Estados. Se apenas um Estado é polo de poder, a ordem é
unipolar. Se 2 Estados são os polos de poder: ordem bipolar.
5
AS CARACTERÍSTICAS DO SI
Atualmente há vários países que são
pólos de poder, que têm grande
importância na economia e política
internacionais; podemos distinguir
diversas lideranças no SI, por isso se
fala em queda da hegemonia
americana, e ORDEM MULTIPOLAR .
CHINA
UE
EUA
A HETEROGENEIDADE significa que há muitos tipos de
atores no SI, não só os Estados, como já veremos.
O SI tem extensão GLOBAL porque as relações
internacionais ocorrem na totalidade do planeta, não só
na América ou na Ásia, por exemplo.
6
OS ATORES DO SI
OIGS
NÃO
ESTATAIS
FORÇAS
TRANSNACION.
ATORES
ESTATAIS *
Estados
* Note que Estados = Atores estatais.
Todos os demais, mesmo as OIGs, são atores não-estatais.
7
OS ESTADOS
No Tratado de Westphalia vários estados europeus
asseguraram a manutenção da nova ordem européia,
com a soberania e a igualdade orientando suas relações;
aí se consolida o Estado. As características do Estado se
fundem no conceito de soberania:
População permanente
Território definido
Governo legítimo
Capacidade de honrar
compromissos com outros
Estados
Soberania :
não reconhecer poder
que lhe seja superior em
seu território (não há
soberania “internacional”,
pois ela está ligada ao
território do Estado).
8
OS ATORES NÃO-ESTATAIS: OIGs
 As Organizações Internacionais Governamentais (OIGs)
são fundadas por Estados, notadamente na 2ª. metade
do século XX, quando se intensificou a preocupação
mundial com a segurança coletiva.
 Os Estados criam ou se filiam a OIGs para através destas,
definirem padrões que nortearão seu comportamento. As
OIGs são espaços de debate e negociações para
questões internacionais não-resolvidas pela diplomacia
tradicional. Também desenvolvem mecanismos de
cooperação entre estados e outros atores.
 Podemos classificá-las como: globais (OMC), regionais
(OEA), funcionais (OIT, Unicef).
9
ATORES NÃO-ESTATAIS: FTs
As Forças Transnacionais (FTs) são de origem privada e
afetam os estados tanto de maneira positiva quanto
negativa. Temos as seguintes FTs:
Organizações Não-Governamentais Internacionais
(ONGIs)
Corporações Multinacionais ou Transnacionais
Grupos diversos da sociedade civil
Opinião pública internacional
A opinião pública internacional tem graus variados de
influência. Sua capacidade de mobilização cresceu nos
últimos anos, com o avanço tecnológico; a comunicação
entre pessoas de diferentes países é mais intensa e rápida.
10
ATORES NÃO-ESTATAIS: ONGIs
As Organizações Não-Governamentais Internacionais
(ONGIs) se multiplicaram com a globalização e a revolução
tecnológica. Ocupam espaços não preenchidos pelas OIGs e
tratam de questões que extrapolam o âmbito dos Estados.
Além de debaterem soluções, fiscalizam e denunciam.
Características das ONGIs:
 são instituições privadas (por isso não-governamentais)
 têm causa própria e duradoura
 são compostas por pessoas de diversas nacionalidades
 Devem ser imparciais em relação aos Estados
 Não têm fins lucrativos
As ONGIs muitas vezes exploram a opinião pública para
obterem comprometimento dos Estados e OIGs.
11
ATORES NÃO-ESTATAIS: FTs
 As Corporações multinacionais e transnacionais são
instituições privadas com fins lucrativos, que se
internacionalizaram junto com a globalização. São mais
frequentes a partir dos anos 60 e a partir dos 70, passam a
ter grande influência no cenário internacional.
 Podem ter impactos positivos ou negativos nos vários
países em que têm filiais. Se por um lado contribuem
gerando empregos e pagando impostos, por outro agem de
acordo com os seus interesses próprios, que muitas vezes
não são iguais aos dos países em que se encontram
instaladas.
 Por exemplo, ao enviarem lucros para a matriz causam
evasão de divisas, o que pode gerar problemas maiores que
os benefícios que trazem para o país- hospedeiro.
12
ATORES NÃO-ESTATAIS:
CORPORAÇÕES
MULTINACIONAIS
Preservam sua estrutura de
sede e afiliadas; centralizam
o capital.
TRANSNACIONAIS
Têm uma estrutura mais
dispersa; pulverizam o capital
acionário.
Centralizam decisões; pouca
Conferem mais autonomia às
autonomia para as
suas filiais
subsidiárias.
O produto, em geral, não
varia de país para país.
Podem adaptar o produto às
peculiaridades de outros
países
Ex.: Parmalat, Petrobras
Ex.: McDonald's, Coca-Cola
ATORES NÃO-ESTATAIS: FTs
OBS.: A relação dessas empresas com os Estados é de
dependência e autonomia. Observa-se que elas têm
aumentado seu poder de influência nos processos decisórios
por meio de lobbies. Sua capacidade econômico-financeira
pode superar aquela das economias nacionais, o que lhes
confere força econômica e política.
Quanto aos GRUPOS DIVERSOS das FTs, englobam
desde atividades de grupos religiosos, como a Igreja Católica,
até a de sindicatos e partidos políticos (envolvidos em questões
internacionais), chegando à ação de grupos terroristas, máfias
e o crime organizado. Assim como os outros atores, estes
grupos têm capacidade de influenciar questões do Sistema
Internacional, ainda que com menor peso.
14
AS CORRENTES TEÓRICAS
SOBRE O SI
 As diversas teorias sobre a dinâmica do Sistema
Internacional podem ser agrupadas em 2 correntes básicas:
o Realismo e o Liberalismo, que desde 1930 vêm
desenvolvendo os “grandes debates”.
 Ambas as correntes concordam em que existe anarquia
no SI, e estabelecem paralelos entre o comportamento do
homem em sociedade, e o comportamento do Estado no SI.
 A diferença básica entre as correntes reside em interpretar
os eventos do sistema internacional à luz das noções de
cooperação ou conflito. Para os liberais, a cooperação
move as decisões e atitudes, enquanto que para os realistas
elas são tomadas em um ambiente de conflito.
15
AS CORRENTES TEÓRICAS
ASPECTOS
LIBERALISMO
REALISMO
Natureza
humana
cooperativa e pacífica
má, os homens lutam
por seus interesses
individuais
Atores no
SI
Estados são os principais
atores , mas os outros
têm crescente importância
no SI.
Estados são os únicos
que de fato importam,
pois têm o poder de
guerra.
A dinâmica Alguma coordenação
e a ordem pode ser obtida por meio
do SI
de leis e acordos, a guerra
não é inevitável. A ordem
resulta da cooperação
entre os Estados, que traz
governança global no SI.
Não há coordenação
por conciliação. A ordem
é resultado do equilíbrio
de poder no SI, o que é
obtido através do poder
de guerra.
16
AS CORRENTES TEÓRICAS
SOBRE O SI
 Em resumo: enquanto o Liberalismo lida com as
perspectivas de paz, prosperidade e progresso, através da
cooperação, o Realismo pensa a guerra e o poder, os
interesses e a racionalidade dos Estados.
 Muitos consideram o Realismo como a corrente teórica
dominante nas RI, em função do número de conflitos em
andamento.
 Note que ambas as perspectivas oferecem análises úteis
para se entender o SI. Por exemplo: pode-se explicar a
formação do Mercosul como conseqüência do aumento da
cooperação econômica entre os membros (análise liberal),
ou entendê-lo como uma reação à crescente hegemonia
norte-americana, uma estratégia para aumentar o poder de
barganha dos Estados da região (análise realista).
17
GLOBALIZAÇÃO
Os mercados e nações são cada vez mais interdependentes,
o que reflete a globalização. Através deste processo, as
pessoas, os governos e as empresas trocam idéias,
realizam transações financeiras e comerciais e espalham
aspectos culturais pelo mundo.
Podemos entender GLOBALIZAÇÃO como:
A integração econômica crescente entre os mercados
produtores e consumidores de diversos países do mundo.
A integração social e cultural cada vez maior entre as
nações.
Quando a globalização começou?
18
GLOBALIZAÇÃO
Não há um consenso sobre o seu início. Podemos
encontrar os seguintes momentos históricos indicados
como o começo:
 Séculos XV e XVI, com as grandes navegações e
descobertas marítimas.
 Século XVIII (a partir dos anos 1860), com a Rev. Industrial
e a generalização da tecnologia industrial moderna.
 Pós-Segunda Guerra Mundial, quando emerge uma nova
ordem mundial, com redução das barreiras ao comércio,
criação do FMI e definição do dólar americano como
referência para a paridade das moedas dos outros países.
 Fim dos anos 70, com o surgimento do neoliberalismo.
 Final do século XX, logo após a queda da União Soviética.
19
GLOBALIZAÇÃO
É importante compreender a relação entre globalização e
avanço do neoliberalismo, o qual pode ser entendido
como doutrina que recomenda a redução da presença do
Estado na economia, e ampliação da atuação do mercado.
É fato que o neoliberalismo impulsionou o processo de
globalização econômica, pois recomenda que os
governos promovam abertura comercial, privatização
das empresas públicas e desregulamentação de mercados.
A crescente eliminação de controles sobre fluxos internacionais
de capitais e serviços financeiros é inspirada no pensamento
neoliberal, no intuito de assegurar a maior abrangência de
ação dos mercados e a alocação mais eficiente dos
recursos.
20
GLOBALIZAÇÃO
Cabe destacar a intensa participação das
empresas multinacionais e transnacionais
nesse processo, em busca de:
Conquistar novos mercados consumidores.
Reduzir custos optando por países onde a mão-deobra, a matéria-prima e a energia são mais baratas.
Outros fatores importantes para a globalização: a
utilização da Internet, das redes de computadores, dos
meios de comunicação via satélite etc., enfim, a revolução
tecnológica, principalmente nas áreas de comunicação.
21
GLOBALIZAÇÃO
com
O regionalismo econômico (união de países em
blocos regionais) tem crescido juntamente
à globalização. Isso é uma contradição?
Não, se entendermos esse regionalismo como uma
estratégia de fortalecimento dos países participantes,
visando justamente obter melhor desempenho,
melhores resultados na globalização.
O regionalismo não é uma resposta contra a globalização,
é uma reação que faz parte desse processo.
22
GLOBALIZAÇÃO
Efeitos positivos da globalização: ampliação
dos mercados, avanço tecnológico, melhor
alocação dos recursos, barateamento da
produção, maior mobilização das pessoas em
torno de questões importantes, difusão de
diversas culturas…
Efeitos negativos da globalização: Menor
controle dos fluxos financeiros, maior
contágio de crises; interdependência
financeira entre os países; alta
volatilidade de capitais…
23
Download

Document