FACULDADE DE ECONOMIA DO PORTO
LICENCIATURA EM GESTÃO
Contabilidade Financeira I
Modelização contabilística e principais
demonstrações financeiras
A Contabilidade
Noção e objecto
Relembremos a noção de contabilidade
anteriormente apresentada:
Reconhecimento
ou
Expressão
Mensuração
ou
Valorimetria
Situações
Património
Fenómenos
Divulgação
Análise
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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LICENCIATURA EM GESTÃO
Património: o que não é
O Património é, pois, um elemento nuclear na
preparação e interpretação de toda a informação
contabilística.
O conceito contabilístico de património não
coincide com o conceito económico:
Aquele é relativamente mais restritivo que este, por
razões relacionadas com a preocupação de dar
objectividade à informação contabilística.
O conceito contabilístico de património não
coincide também com o conceito jurídico.
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Património: o que inclui
Numa aproximação simplista ao conceito
contabilístico de património, poderemos dizer
que comporta o conjunto de:
Bens
Direitos, e
Obrigações
gerido por uma dada organização, para
prossecução da sua missão e objectivos.
LGE 109 - Contabilidade Financeira - 2007/2008
CONTABILIDADE FINANCEIRA I
a
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2
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Património: o que inclui
Característica importante do património de
uma organização: grande heterogeneidade.
Implica um esforço de homogeneização, o
que conduz ao requisito da pecuniaridade.
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Património: o que inclui
O requisito da pecuniaridade, colocando a
necessidade de atribuir valor a todos os
elementos patrimoniais, limita, também, o
alcance do conceito:
Sempre que seja difícil atribuir valor de
forma objectiva a um dado elemento costuma
optar-se pela sua não consideração como
elemento patrimonial.
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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Modelização contabilística
do Património
Uma primeira solução para formalizar o património na
acepção contabilística é a de, fazendo apelo à
característica de algebricidade, dividi-lo em elementos
positivos (que contribuem positivamente para a definição
do valor do património) e negativos (que contribuem
negativamente para a definição do valor do património).
Os positivos são apelidados de elementos patrimoniais
activos e o seu conjunto de ACTIVO.
Os negativos chamam-se elementos patrimoniais passivos
e o seu conjunto de PASSIVO.
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Modelização contabilística
do Património
Tentativa de definição mais directa:
ACTIVO: recurso controlado pela entidade
como resultado de acontecimentos passados
e do qual se espera que fluam (…) benefícios
económicos futuros.
PASSIVO: obrigação presente da entidade
proveniente de acontecimentos passados, da
liquidação da qual se espera que resulte um
exfluxo de recursos da entidade (…).
(in ‘Estrutura Conceptual – Sistema de Normalização Contabilística’)
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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Modelização contabilística
do Património
Prosseguindo no esforço de formalização do património, os
elementos patrimoniais activos e passivos podem dividir-se em:
Correntes e
Não correntes
Os
Correntes
correspondem
aos
elementos
que,
tendencialmente, permanecem por períodos curtos no
património. Os Não correntes são os que, tendencialmente,
permanecem por períodos longos:
‘Períodos curtos’: dentro do ciclo operacional da entidade (em
princípio 1 ano);
‘Períodos longos’: extravasando o ciclo operacional da entidade;
Distinção semelhante a outra antes predominante em Portugal:
activos ‘circulantes’ e ‘fixos’.
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Modelização contabilística
do Património
Activos intangíveis
Não corrente
(Investimentos)
Activos fixos tangíveis
Activos financeiros (não correntes)
…
Mat.Primas
Matérias
Mat. Subsidiárias
Produtos acabados
ACTIVO
Inventários
Produtos
Produtos em curso
Mercadorias
Corrente
…
Clientes
Dívidas de terceiros
Estado e outros entes públicos
Outras contas a receber
…
Caixa e Depósitos Bancários
Meios financeiros líquidos
Activos financeiros (correntes)
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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Modelização contabilística
do Património
As dívidas a terceiros podem desagregar-se,
atendendo à sua relação com o ciclo operacional da
empresa:
Correntes
Não correntes
Quer, dentro de cada uma
atendendo à natureza do credor:
Fornecedores
Estado
Financiamentos obtidos
...
destas
rubricas,
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Modelização contabilística
do Património
Financiamentos obtidos
Não corrente
Outras contas a pagar
…
PASSIVO
Corrente
Fornecedores
Estado e outros entes públicos
Pessoal
Accionistas/sócios
Financiamentos obtidos
Outras contas a pagar
...
O passivo não se confina a dívidas a pagar, apesar de
estas serem, normalmente, de especial relevância.
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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Modelização contabilística
do Património
Mas o sistema de informação contabilística também
se preocupa em formalizar o valor do património (a
que se chama Capital próprio).
próprio
Trata-se, portanto, de uma classe abstracta, por
oposição ao Activo e Passivo que constituem classes
de elementos patrimoniais concretos.
Numa primeira aproximação poder-se-á dizer que a
sua formalização corresponde a uma tentativa de
relatar a génese do valor do património.
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Modelização contabilística
do Património
Inicial/realizado
Capital
Próprio
Em exercícios anteriores
Acumulado
No exercício
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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Balanço
À peça contabilística de síntese destinada a
informar sobre o património num determinado
momento dá-se o nome de BALANÇO
BALANÇO.
Trata-se, portanto, de um mapa contabilístico
reportado a um dado momento e que releva
stocks (em sentido lato): stocks de dívidas, de
edifícios e equipamentos, de mercadorias, etc.
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Balanço
A sua estrutura usual decorre das opções de
modelização contabilística atrás apresentadas,
daí resultando,
também,
a vulgarmente
designada equação fundamental do balanço:
balanço
Activo = Passivo + Capital Próprio
Balanço: documento que expressa a posição
financeira de uma organização.
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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Balanço
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Balanço
Existem algumas diferenças ao nível do Balanço, no projecto do SNC
comparativamente com o POC, nomeadamente em termos de:
Nomenclatura. Veja-se alguns exemplos:
POC
Activo Imobilizado
Activo Circulante
Activo Imobilizado Corpóreo
Activo Imobilizado Incorpóreo
Investimentos Financeiros
Existências
Empréstimos obtidos
Outros Devedores
Outros Credores
Disponibilidades
SNS
Activo Não Corrente
Activo Corrente
Activo Fixo Tangível
Activo Intangível
Activos Financeiros (não correntes)
Inventários
Financiamentos obtidos
Outras contas a receber
Outras contas a pagar
Meios financeiros líquidos
Grau de desagregação da informação apresentada no balanço - De acordo
com o POC algumas rubricas aparecem no balanço com maior grau de
discriminação (por exemplo, “Activos não correntes” e “Inventários”).
Valorimetria/Mensuração
capítulos/disciplinas.
–
como
será
abordado
nos(as)
próximos(as)
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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Modelização contabilística
dos fenómenos patrimoniais
Usualmente, a informação contabilística também se
preocupa em expressar e medir as evoluções do
património ao longo de determinados períodos.
Entendamos por fenómenos patrimoniais,
patrimoniais toda a
alteração ocorrida no património, quer decorra de
acções de gestão, de operações (compra de bens,
pagamento de dívidas, ...), quer de acontecimentos
(deterioração de bens, roubos, ...).
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Modelização contabilística
dos fenómenos patrimoniais
Uma importante distinção – num esforço de
formalização dos fenómenos patrimoniais – prende-se
com as suas implicações no valor do património.
Assim, podemos chamar de:
Fenómenos patrimoniais qualitativos àqueles que,
alterando a estrutura do património, não conduzem a
qualquer alteração do seu valor;
Fenómenos patrimoniais quantitativos aqueles que, para
além de alterarem a estrutura do património, implicam
também alteração do seu valor.
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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Modelização contabilística
dos fenómenos patrimoniais
Qualitativos
Fenómenos
Patrimoniais
Quantitativos
A contabilidade vem dando crescente atenção aos
fenómenos patrimoniais quantitativos, integrando
soluções mais desenvolvidas para a sua expressão e
mensuração.
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Modelização contabilística
dos fenómenos patrimoniais
No âmbito dos fenómenos quantitativos a formalização
contabilística é mais elaborada e é importante referir dois novos
conceitos contabilísticos:
À representação contabilística de reduções do valor do património,
decorrentes de fenómenos quantitativos, chama-se GASTO.
À representação contabilística de aumentos do valor do património,
decorrentes de fenómenos quantitativos, chama-se RENDIMENTO.
Nota: são excluídas das definições anteriores as reduções/aumentos
do valor do património que sejam relacionadas com distribuições a/
/contribuições dos participantes no capital próprio.
Para além de outras situações mais específicas.
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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Modelização contabilística
dos fenómenos patrimoniais
Do confronto dos Gastos e Rendimentos de um dado
período resulta a variação do valor do património
associada ao desenvolvimento da actividade.
Ao resultado desse confronto chama-se RESULTADO
(Lucro se os rendimentos forem superiores aos gastos,
Prejuízo na situação inversa).
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Modelização contabilística
dos fenómenos patrimoniais
Rendimentos e
Ganhos
Operacionais
Resultado
antes de
impostos
Resultado
Operacional
(antes de
gastos de
financiamento
e impostos)
Gastos e
Perdas
Operacionais
RL
- Vendas e serviços prestados
- Subsídios à exploração
- Variação nos inventários da produção
- Trabalhos para a própria entidade
...
- Custo das mercadorias vendidas e
das matérias consumidas
- Fornecimentos e serviços externos
- Gastos com o pessoal
- Ajustamentos
- Imparidade
- Provisões
...
Outros rendimentos e gastos operacionais (ver slide 25)
Gastos de depreciação
Gastos Líq.
de
financiamento
Juros e rendimentos/gastos similares
obtidos/suportados (ver slide 25)
Imposto sobre o rendimento do período
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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Modelização contabilística
dos fenómenos patrimoniais
Outros gastos e
perdas operacionais
Outros rendimentos e
ganhos operacionais
Juros e rendimentos
/Gastos similares
obtidos/suportados
-Impostos
-Descontos de pp. Concedidos
-Dívidas incobráveis
-Perdas em inventários (quebras, sinistros)
-Gastos e perdas em investimentos financeiros
-Gastos e perdas em investimentos não financeiros (alienações,
sinistros, abates)
-Outros (correcções exercícios anteriores, donativos,
quotizações, ofertas, …)
-Rendimentos suplementares
-Descontos de pp. Obtidos
-Recuperação de dívidas a receber
-Ganhos em inventários
-Rendimentos e ganhos em investimentos financeiros
-Rendimentos e ganhos em investimentos não financeiros
-Outros (correcções a exercícios anteriores, imputação de
subsídios ao investimento, ganhos em investimentos
financeiros)
-Juros obtidos/suportados com financiamentos
-Diferenças de câmbio favoráveis/desfavoráveis com financiam.
-Outros
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Demonstração dos
Resultados
Há diversas formas de apresentar informação sobre
os resultados
Por naturezas
Por funções
...
Se a estrutura da DR decorrer das opções de
modelização contabilística atrás referidas (i.e., por
natureza de gastos e rendimentos), teremos a
seguinte apresentação:
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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LICENCIATURA EM GESTÃO
Demonstração dos
Resultados
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Demonstração dos
Resultados
Existem várias diferenças ao nível da Demonstração dos Resultados, no
projecto do SNC comparativamente com o POC, nomeadamente em
termos de:
Nomenclatura. Veja-se alguns exemplos:
POC
Custos
Proveitos
Trabalhos para a própria empresa
Variação da produção
Custos e Perdas Extraordinárias
SNS
Gastos
Rendimentos
Trabalhos para a própria entidade
Variação nos inventários da produção
-
Proveitos e Ganhos Extraordinários
(…)
Perdas por imparidade
(…)
Forma de apresentação de Rendimentos/Proveitos – a estrutura das
demonstrações
difere,
desaparecem
rubricas
(como “Resultados
Extraordinários”), surgem novas rubricas (como “Resultado das actividades
descontinuadas”), etc.
As diferenças de valorimetria do património têm também reflexos na
Demonstração dos Resultados.
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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LICENCIATURA EM GESTÃO
Demonstração dos
Fluxos de Caixa
Uma outra peça contabilística de grande relevância é a
que põe em confronto entradas e saídas de meios
monetários (recebimentos e pagamentos), e que portanto,
permite, não só apurar a variação de disponibilidades
ocorrida em dado período como, essencialmente,
percebê-la. Designa-se
DEMONSTRAÇÃO dos FLUXOS de CAIXA
A sua estrutura decorre igualmente das opções de
modelização contabilística atrás referidas e pode ter a
seguinte apresentação:
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Demonstração dos Fluxos de Caixa
Análise cuidada na disciplina de CF II
Receitas vs Rendimentos e Ganhos
Despesas vs Gastos e Perdas
Método directo
Método indirecto
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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LICENCIATURA EM GESTÃO
Gastos e rendimentos, pagamentos e
recebimentos, despesas e receitas
Até aqui introduzimos alguns conceitos
fundamentais em contabilidade: gastos e
rendimentos, pagamentos e recebimentos.
Vamos agora sistematizar estes conceitos.
Ao realizar essa sistematização, verificaremos a
utilidade de considerar os conceitos de
‘despesas’ e ‘receitas’.
LGE 109 - Contabilidade Financeira - 2007/2008
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Gastos e rendimentos, pagamentos e
recebimentos, despesas e receitas
Gastos e rendimentos
Associam-se à perspectiva económica da
empresa: consumo versus criação de riqueza.
Gasto: associa-se à ideia de ‘sacrifício’ suportado
para obter algo – uma diminuição de riqueza ou
consumo de recursos.
Rendimento: ‘benefício’ ou aumento de riqueza,
geralmente associada à produção de bens ou
prestação de serviços.
LGE 109 - Contabilidade Financeira - 2007/2008
CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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LICENCIATURA EM GESTÃO
Gastos e rendimentos, pagamentos e
recebimentos, despesas e receitas
Pagamentos e recebimentos
Associam-se à perspectiva de tesouraria: saídas
ou entradas de meios monetários.
Pagamento: saída de meios monetários para atender
a uma obrigação.
Recebimento: entrada de meios monetários
resultante de um direito.
LGE 109 - Contabilidade Financeira - 2007/2008
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Gastos e rendimentos, pagamentos e
recebimentos, despesas e receitas
Exemplo
Classifique os seguintes fenómenos patrimoniais:
Venda de mercadorias a um cliente, com pagamento
a pronto: entrega imediata e lucro de 20 u.m.
Compra de matérias primas a um fornecedor:
entrega e pagamento imediatos.
Processamento e pagamento (por transferência
bancária) de salários aos trabalhadores.
Recebimento de um cliente relativo a uma venda
realizada há dois meses atrás.
LGE 109 - Contabilidade Financeira - 2007/2008
CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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LICENCIATURA EM GESTÃO
Gastos e rendimentos, pagamentos e
recebimentos, despesas e receitas
Exemplo
Compra de material de escritório diverso (canetas,
papel, lápis, etc.). Pagamento a pronto.
Venda de produtos a um cliente: lucro de 1 000
u.m., entrega imediata, recebimento a 30 dias.
Compra de mercadorias a um fornecedor. Entrega
imediata, pagamento a 45 dias.
Compra de uma máquina de impressão por uma
empresa gráfica: pagamento a realizar em duas
tranches, dentro de 6 meses e 1 ano.
LGE 109 - Contabilidade Financeira - 2007/2008
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Gastos e rendimentos, pagamentos e
recebimentos, despesas e receitas
Nos exemplos anteriores, há fenómenos
patrimoniais que não se associam quer a fluxos
económicos quer a fluxos de tesouraria.
Associam-se à perspectiva financeira da empresa:
fenómenos que originam obrigações ou direitos de
realizar pagamentos/recebimentos.
Despesa: origina uma obrigação de relizar um pagamento.
Corresponde à remuneração de factores produtivos.
Receita: origina um direito de receber. Corresponde à
remuneração das vendas realizadas ou serviços prestados.
LGE 109 - Contabilidade Financeira - 2007/2008
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LICENCIATURA EM GESTÃO
Outras demonstrações
financeiras
Anexo.
Demonstração das alterações no capital
próprio.
A analisar em disciplinas subsequentes.
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CONTABILIDADE FINANCEIRA I
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Download

A modelização contabilística e as principais Demonstrações