Ampliação de visibilidade e acesso a publicações científicas:
o Portal de Periódicos Eletrônicos em Geociências
Maria Aparecida Laet1, Érica Beatriz M. P. de Oliveira2
1
Mestre em Ciências da Comunicação, Bibliotecária do Instituto de Geociências da USP, São Paulo, SP
2
Mestre em Ciência da Informação. Bibliotecária do Instituto de Geociências da USP, São Paulo, SP
RESUMO
Destaca o impacto das tecnologias da comunicação e informação sobre a publicação dos
periódicos eletrônicos, discutindo questões relacionadas à acessibilidade e visibilidade dentro do
novo panorama tecnológico. Apresenta as propostas do Movimento do Acesso Aberto à
informação. Trata da experiência de construção do Portal de Periódicos Eletrônicos em
Geociências, numa adesão aos princípios do Acesso Aberto.
Palavras-chave: Comunicação científica; Periódicos eletrônicos; Acesso Aberto; Movimento do
Acesso Aberto; Portais.
ABSTRACT
This paper highlights the impact of the new communication and information technologies on the
publication of electronic journals, discussing issues related to accessibility and visibility in the new
technological scenery. It introduces the proposals of the Open Access Movement to information. It
presents the experience of building a Portal of Electronic Journals in Geosciences by following the
guidelines of Open Access.
Keywords: Scientific communication; Electronic journals; Open Access; Open Access Movement;
Portals.
Introdução
A comunicação científica1 tem sido afetada pelo advento das tecnologias da
informação e comunicação (TICs): não somente a forma de comunicação entre os
produtores do conhecimento científico, mas tudo aquilo que envolve a própria divulgação
dos resultados de seu trabalho têm adotado novos paradigmas e enfrentado novos
desafios.
1
Segundo Ferreira (2006, p. 10), a comunicação científica “engloba as atividades associadas à produção,
disseminação e uso da informação, desde o momento em que o cientista concebe uma idéia para pesquisar,
até a incorporação dos resultados no estoque universal de conhecimentos”.
Dentro desse panorama, os periódicos científicos, em sua grande maioria,
migraram para o meio digital. Verificou-se, a partir daí, que a existência em formato digital,
por si mesma, não garante acesso e visibilidade. Assim, surgem as propostas de acesso
aberto às publicações científicas como parte de um movimento – Open Access
Moviment/Movimento do Acesso Aberto – que será apresentado mais à frente.
Esta apresentação discute as escolhas e atividades relacionadas à criação de um
Portal de Periódicos Eletrônicos em Geociências – PPeGeo (http://ppegeo.igc.usp.br).
Nessa área, houve uma massiva transição das publicações em papel para o meio digital,
porém com títulos espalhados por diferentes endereços na Internet e nos propusemos a
criar um portal para reuni-los. Ao contar a experiência de criação do portal, mostraremos
como uma discussão teórica pode ter resultados práticos: uma experiência de como
efetivamente passar da defesa para o exercício do livre acesso, obstáculos enfrentados e
como se deu a concretização do projeto. Mostraremos como a biblioteca universitária tem,
mais uma vez, a oportunidade de participar dos novos caminhos a serem trilhados pela
comunicação científica.
2 Considerações sobre o acesso aberto
O referencial teórico a seguir, de fato, não apresenta correntes teóricas, mas um
histórico do que tem sido a discussão sobre as transformações em torno da comunicação
científica, da defesa do periódico eletrônico e do acesso aberto.
Targino (2000) chama a atenção para a importância da comunicação científica,
essencial à atividade científica, na medida em que permite intercâmbio de informação e
conhecimento entre pares, dando à produção científica e aos pesquisadores a necessária
visibilidade e a possível credibilidade no meio em que se inserem. A comunicação
científica formal (ou estruturada) é essencialmente escrita, sendo ela que, na prática, tem
o papel de convencer a comunidade científica e a sociedade de que os resultados
transmitidos através do documento escrito constituem conhecimento válido e consolidado.
Oliveira (2005, p. 35) lembra que “a divulgação do andamento e dos resultados das
pesquisas é de vital importância para que o ciclo da comunicação científica se complete
(pesquisa – divulgação – leitura – validação e aceitação pelos pares – pesquisa),
proporcionando o progresso da ciência com a geração de novos conhecimentos ou
utilização de conhecimentos já produzidos”. Publicar é o caminho para a visibilidade do
trabalho científico.
Por outro lado, a rapidez da produção de um artigo, maior do que a produção de
um livro, faz com que em algumas áreas do conhecimento o artigo de periódico seja a
maneira preponderante de divulgar os resultados da pesquisa. Esse é o caso da área de
Geociências em que desenvolvemos nosso projeto. “A comunidade científica concedeu às
revistas indexadas e arbitradas (com peer review) o status de canais preferenciais para a
certificação do conhecimento científico e para a comunicação autorizada da ciência,
dando-lhe, ainda, a atribuição de confirmar sua autoria da descoberta científica”
(MUELLER, 20062 apud FERREIRA, 2006, p. 11).
A transição dos periódicos científicos do formato em papel para o eletrônico, em
andamento já há tantos anos, foi amplamente defendida como maneira de tornar mais
rápida a divulgação e ampliar o acesso do público, na medida em que vence barreiras
relacionadas ao espaço e reduz o tempo de distribuição, diminuindo, portanto, chegada
ao “consumidor final”.
Após um encantamento inicial, verificou-se que os periódicos científicos online
também apresentavam alguns obstáculos para o acesso do usuário. Do ponto de vista do
uso propriamente dito, podemos citar as dificuldades de leitura na tela, a falta de
portabilidade, a dificuldade de manuseio para o usuário que não domina as novas
tecnologias da informação e comunicação, as dificuldades relacionadas aos sistemas e
interfaces não amigáveis e as diferentes plataformas de acesso. Quanto às bibliotecas,
temos a dificuldade do gerenciamento de coleções já que é necessário lidar com os
diferentes contratos oferecidos pelos editores (OLIVEIRA, 2006). Além disso, é consenso
que o formato eletrônico e a disponibilização via Internet não garantem o acesso, devido
ao alto custo das assinaturas de revistas científicas (PARKS, 2002). Não se verificou, de
fato, que a transição para o online diminuiu os custos de assinaturas. Em outras palavras,
o acesso à distância só está disponível àqueles que podem pagar por ele.
O que houve, na verdade, foi uma mudança no ambiente tecnológico das
publicações sem que ela fosse acompanhada por uma alteração no modelo de negócios:
as publicações que estão em mãos de editoras comerciais têm a acessibilidade limitada
por assinaturas e contratos de uso.
Além disso, outras questões são levantadas em relação à publicação somente
através das grandes editoras científicas: as poucas chances dadas aos artigos produzidos
fora do mainstream e a pouca atenção dada à divulgação de pesquisas de interesse dos
países em desenvolvimento. Adicionalmente, discute-se o fato de que instituições que
hospedam o desenvolvimento da pesquisa científica têm que pagar pelo acesso a
resultados da pesquisa que nelas foi desenvolvida (GUÉDON; PAPPALARDO, 2008). Em
função disso, ganha arena a discussão em torno do acesso aberto e da formação de
repositórios digitais como maneira de garantir acesso e ampliar a visibilidade dos
periódicos científicos.
O Movimento do Acesso Aberto (Open Access Moviment/OAM) juntamente como a
Iniciativa do Acesso Aberto (Open Access Initiative/OAI) constituem-se na defesa do
acesso à informação para todos e livre de restrições tecnológicas e econômicas, bem
como na promoção de uma melhor gestão do suporte legal que envolve os produtos da
pesquisa científica de tal maneira que não haja barreiras ligadas a permissões ou
2
MUELLER, S. P. M. A comunicação científica e o movimento do acesso livre ao conhecimento. Ciência da
Informação, Brasília, v. 35, n. 2, p. 27-38, maio/ago. 2006.
limitações legais (PAPPALARDO, 2008, p. 2).
Dois caminhos são colocados para alcançar o acesso aberto, as chamadas vias
verde e dourada (Green and Golden Roads). A via verde corresponde a quando o autor
continua publicando em periódicos de acesso fechado, mas deposita uma cópia do artigo
num repositório institucional ou num website pessoal. A via dourada corresponde à
adesão às publicações de acesso aberto.
Mas isso tudo não é apenas teoria. O Movimento da Acesso Aberto também trata
da definição de padrões de qualidade e implementação de sistemas de gestão que
facilitarão a conversação entre repositórios, bases de dados e bibliotecas digitais que
aderirem a ele. Trata-se, em levantamento oferecido por Ferreira (2006, p. 13-14), de
padrões de metadados; protocolos OAI-PMH (Open Archives Initiative/Protocol for
Metadata Harvesting); modelos de negócios próprios a partir de softwares para
construção implantação e manutenção de repositórios; editoração eletrônica de periódicos
científicos; desenvolvimento de um conjunto de padrões técnico-operacionais, visando o
estabelecimento de padrões de interoperabilidade; uso de software aberto e alinhamento
aos ideais do acesso livre. Assim, não se trata apenas de disseminação, mas também de
tratamento da informação. A intenção é que cada portal ou repositório não se feche em si
mesmo, mas que possa conversar com outros portais e repositórios (não é preciso ter a
totalidade dos documentos num só endereço), ampliando as possibilidades de acesso.
Ao mesmo tempo, a defesa do acesso aberto vem acompanhada por discussões e
elaboração de manifestos internacionais que resultam nas declarações de Budapeste
(2002)3, Bethesda (2003)4 e Berlim (2003)5. A Federação Internacional de Associações de
Bibliotecas (IFLA) também divulgou seu apoio ao movimento através de manifestação
publicada no ano de 20046.
Em seguida, mostra-se como toda essa discussão pode tomar uma forma concreta.
3 Colocando a discussão em prática: a construção do Portal
Apresenta-se, agora, uma experiência de construção de um portal de periódicos
eletrônicos de acesso aberto, numa adesão aos princípios do acesso aberto.
Quando a criação do portal começou a ser discutida, por volta de 2006, já havia
periódicos brasileiros da área de Geociências disponibilizados gratuitamente na Internet.
No estado de São Paulo, todos os títulos publicados pelas Universidades públicas e mais
alguns de importantes instituições da área já estavam online em 2008. Essas publicações,
entretanto, estavam espalhadas em diferentes endereços, o que tomava tempo do
3
http://www.soros.org/openaccess/read.shtml
http://www.earlham.edu/~peters/fos/bethesda.htm
5
http://oa.mpg.de/openaccess-berlin/berlindeclaration.html
6
http://archive.ifla.org/V/press/oa240204.html
4
pesquisador ao acessá-las, além do fato de que seria necessário conhecê-las
previamente para chegar a elas. Ademais, esses periódicos não seguiam padrões em
comum ou adotavam ferramentas que permitissem interoperabilidade, por exemplo. Essa
é uma demonstração simples de que a migração para o online não garante por si só
acesso e visibilidade.
A discussão em torno da viabilização de um portal que reunisse as revistas da área
durou cerca de dois anos, tendo envolvido o Serviço de Biblioteca do Instituto de
Geociências da USP, a diretoria desse Instituto e a Sociedade Brasileira de Geociências.
O início do projeto, na prática, foi precedido de discussões acerca da metodologia a ser
utilizada (no caso, optou-se pela metodologia SciELO/Scientific Electronic Library); por
contatos com o Instituto de Psicologia da USP (que sedia a Biblioteca Virtual de
Psicologia) – cuja experiência na construção de um portal semelhante ao que se
pretendia montar pode ser conhecida através de Serradas (2006) –; primeiros contatos
com a BIREME (Biblioteca Reginal da Medicina), braço da Organização Panamericana de
Saúde e detentora da metodologia escolhida; e busca de fundos para pagar os custos de
treinamento. Foi importante também que se fizesse uma definição de qual conteúdo
formaria o núcleo inicial do portal.
Houve, ainda, uma definição de quem seriam as pessoas a trabalharem com o
Portal: foram envolvidos a Diretoria da Biblioteca e o Setor de Publicações e Divulgação,
portanto, duas chefias e dois técnicos de Biblioteca, um funcionário da Sociedade
Brasileira de Geociências, um estagiário e a responsável pelas publicações do Instituto de
Geociências da USP.
Definido o lançamento do portal para o ano de 2009, já em 2008 os principais
gestores do futuro Portal participaram de um treinamento no Instituto de Psicologia da
USP, que sedia a coordenação dos Periódicos Eletrônicos em Psicologia/PePSIC
(http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php). Esse treinamento, além de nos oferecer uma
visão geral da Metodologia SciELO para Periódicos Eletrônicos e de como preparar as
publicações para serem disponibilizadas online, deixou claro que:
- para que haja uma recuperação de qualidade, é necessário que haja um trabalho
técnico exaustivo de preparação de cada fascículo e artigo de periódico, que só então se
tornarão recuperáveis;
- esse é um trabalho conjunto que envolve a biblioteca e os editores. Os artigos que
chegam para serem preparados devem estar dentro de determinados padrões, sob o risco
de que a qualidade de sua preparação seja afetada.
Esse treinamento inicial também mostrou que as pessoas que trabalhariam com o
Portal precisariam ter conceitos de HTML. Por isso, foi-lhes dado um curso a esse
respeito.
Enquanto isso, foi definido o lançamento do Portal para outubro de 2009, por
ocasião do 11. Simpósio de Geologia do Sudeste. Também foi definido que fariam parte
do portal pelo menos dois anos dos periódicos da área publicados no estado de São
Paulo: Geociências (São Paulo) da UNESP, Terrae Didactica da UNICAMP, Geologia USP
em suas três séries – Científica, Didática e Publicação Especial –, a Revista do Instituto
Geológico, mais a Revista Brasileira de Geociências editadas por um dos patrocinadores
do portal, a Sociedade Brasileira de Geociências.
Assim, o desenvolvimento prático foi precedido pela definição de políticas de
trabalho e pela busca de parceiros.
Este trabalho de contato com os editores foi realizado por um docente do Instituto
de Geociências da USP, também diretor financeiro da Sociedade Brasileira de Geologia e
membro da Comissão Editorial da revista Geologia USP. Série Científica, que, por ocasião
do 44. Congresso Brasileiro de Geologia, realizado ao final de 2008, reuniu-se com os
editores das revistas da área e obteve o consentimento para inclusão dos mesmos no
portal.
Iniciaram-se as conversações com a BIREME para a autorização do uso da
Metodologia SciELO e, paralelamente, buscaram-se fundos para o pagamento do
treinamento. A autorização para uso dessa metodologia e implantação do portal envolve
não só o treinamento na metodologia propriamente dita, como também uso de programas
específicos, assistência do pessoal de tecnologia da informação da instituição, orientação
para a preparação de arquivos eletrônicos e para a página do portal.
Isso ocorreu já em abril de 2009. Em seguida, foram preparadas as páginas web
em três línguas (português, espanhol e inglês) e os arquivos das revistas a serem
disponibilizadas.
A partir do treinamento da equipe, deu-se início à massiva preparação de arquivos
em HTML, marcações e, bem mais tarde, já perto do lançamento do Portal, às operações
de conversão dos arquivos para serem disponibilizados via Internet. Toda essa etapa de
trabalho técnico durou cerca de 10 meses, visto que ele começou a ser feito já após o
primeiro curso em 2008.
Na prática, a etapa de preparação de arquivos foi a mais complexa na medida em
que uma equipe com diferentes graus de conhecimento de informática e características
de personalidade diferentes foi envolvida no processo. Entretanto, uma adequada
definição de atividades, responsabilidades e prazos permitiu a finalização do projeto.
Quando se fala em preparação de arquivos, isso significa que cada artigo (resumo
e texto completo), será convertido para HTML, o que fará com que ele possa ser lido na
Internet. Adicionalmente, depois dessa conversão, cada arquivo recebe uma marcação
em que tags são adicionadas para designar e qualificar cada parte, segmento e palavras
ou conjunto de palavras importantes do texto e das referências bibliográficas.
Assim, o texto que, em papel ou arquivo PDF, seria visto como na Figura 1, é
convertido para HTML. Nesse momento, há uma definição de formatos de parágrafo e
letras, espaçamento, uma troca de caracteres especiais por códigos que lhe permitirão
ser lidos na web como se fosse um texto comum. Por trás desse texto comum o que
temos é um texto permeado por códigos, como vemos na Figura 2.
Fig. 1 – Extrato de texto em PDF.
Fig. 2 – Extrato de texto convertido para HTML.
Todos os artigos passam, então, a ter um layout semelhante (Figura 3) que poderá
ser lido sem dificuldades nos equipamentos mais simples, como determina a metodologia
SciELO.
Também não se deve esquecer da marcação. É ela que permitirá a realização de
buscas estruturadas (por autoria, título, palavras-chaves, palavras do resumo, dentre
outras possibilidades), além de obter índices de bibliometria. Para que isso possa ser
feito, faz-se um trabalho que resulta num documento como o apresentado na Figura 4.
Fig. 3 – Extrato de texto como visualizado na web.
Fig. 4 – Extrato de texto marcado.
Assim, o Portal (veja a Figura 5) disponibiliza um conjunto de periódicos, com
artigos completos tanto em HTML como em PDF, com buscas que podem ser realizadas
dentro do conjunto de títulos ou, de forma mais limitada, dentro de um título específico,
por listas, índices ou campos.
No lançamento, por trás do Portal (aquilo que é visualizado) o que existia eram
cerca de 240 artigos preparados manualmente para que pudessem ser lidos
eletronicamente e serem recuperados pelas ferramentas de busca da SciELO. Note-se a
importância de lançar o Portal não em um evento bibliotecário, mas em um evento da
área de atuação da Biblioteca. Com a divulgação junto ao público alvo (alguns editores
estavam presentes na apresentação), não só é gerado interesse em melhor conhecer o
PPeGeo como algumas adesões foram conseguidas. Também houve uma nota de
divulgação no boletim da Agência FAPESP, que resultou em alguns contatos.
Fig. 5 – Imagem da primeira página do Portal de Periódicos Eletrônicos em Geociências
4 Resultados Parciais/Finais
O Portal encontra-se me pleno funcionamento. Com o seu lançamento, o foco de
trabalho desloca-se para a abordagem de processo. O trabalho passa a ser feito de
maneira contínua, agregando continuamente novos fascículos. Efetivamente, uma
instituição chegou a bancar os custos da marcação dos 27 volumes de sua coleção.
Outras ainda estão com trâmites em andamento.
A tabela abaixo mostra um quadro comparativo dos números daquilo que existia no
lançamento e do que existe agora (junho de 2010):
Tabela 1 – Artigos completamente tratados
2009
074*
2010
375
*Havia, também, 166 artigos cujas bibliografias não haviam sido completamente marcadas
Alguns periódicos já estão com suas publicações 100% disponibilizadas no Portal:
Geologia USP. Séries Científica, Didática e Publicação Especial; Revista do Instituto
Geológico.
Mas o trabalho não pára. Pretende-se ainda neste ano de 2010 adicionar a coleção
do Boletim IG. Série Científica v. 15-29, 1984-1998. Em termos de plataforma tecnológica,
pretende-se implantar um novo servidor. Também serão implementados: a exportação de
metadados; os módulos de bibliometria e estatística; nova interface de acesso ao Portal, e
o fornecimento do DOI (Digital Object Identifier). Será um ajuste aos padrões de qualidade
e sistemas de gestão que citados no final do item 2.
Numa busca que empreendida no Google, verificou-se que já é possível recuperar
o Portal a partir do uso de palavras relacionadas ao seu conteúdo. Assim, a busca com a
palavras PERIODICOS GEOCIENCIAS ONLINE traz como primeiro resultado o PPeGeo7.
Quando a busca é pela expressão PORTAL DE PERIODICOS ELETRONICOS EM
GEOCIENCIAS, o PPeGeo aparece, de alguma maneira, 3 vezes entre os 5 primeiros
resultados (inclusive em 1º. lugar). Quando a busca é feita com aspas – “PORTAL DE
PERIODICOS ELETRONICOS EM GEOCIENCIAS”–, o PPeGeo aparece nos 10
primeiros resultados.
Acredita-se que esse é um dos indicadores de que o trabalho realizado está
contribuindo para ampliar a visibilidade dos periódicos da área.
Apesar da verificação da possibilidade de recuperar o Portal pelo Google, também
se percebeu que alguns acertos devem ser feitos para aperfeiçoar a recuperação, assim
como um trabalho intensivo para melhorar a recuperação com buscas em inglês. Essa se
coloca como mais uma implementação a ser feita ao longo deste ano.
Outro ponto importante no desenvolvimento deste trabalho é o contato mantido
entre a Biblioteca e os editores de periódicos científicos, o que possibilita uma maior
participação da biblioteca na cadeia da comunicação científica, não apenas como
disseminadora e organizadora da informação, mas como participante ativa de seu
processo de produção. Tomando a frente de projetos como o PPeGeo, a biblioteca
contribui para dar maior visibilidade à produção científica, facilitar o acesso dos usuários à
informação científica qualificada, além de proporcionar aos editores um ambiente
tecnológico de qualidade onde suas publicações possam ser disponibilizadas utilizandose metodologias internacionalmente reconhecidas. Todos esses fatores certamente
colaboram não apenas para o desenvolvimento de áreas específicas, mas da pesquisa
científica brasileira como um todo.
7
Buscas realizadas em 22 de junho de 2010.
5 Considerações Parciais/Finais
As formas de comunicação científica têm sido alteradas ao longo dos séculos e,
com as TICs, mais rapidamente ao longo das últimas décadas. Arena de desenvolvimento
das ciências, as universidades têm discutido cada vez mais a importância da
disseminação e acessibilidade da pesquisa que nelas é desenvolvida. Essa discussão,
entretanto, precisa tomar uma forma concreta e ser revertida em benefício para os
usuários. As bibliotecas têm importante papel na concretização das propostas que se
originam dessas discussões, pois têm recursos humanos capazes de efetivá-las. A defesa
do digital em si não é suficiente para garantir acesso, é preciso definir políticas de
trabalho bem como tornar arquivos de conteúdos importantes acessíveis e recuperáveis.
Assim como acontece com as bases de dados, não basta que exista a plataforma
tecnológica, é necessário inserir conteúdos de maneira qualificada para que o usuário
tenha acesso à informação de qualidade.
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