EM EXPOSIÇÃO AS COLEÇÕES DE OBJETOS PARA O ENSINO INTUITIVO: A EXPOSIÇÃO PEDAGÓGICA DO RIO DE JANEIRO Analete Regina Schelbauer Universidade Estadual de Maringá [email protected] Ensino Intuitivo; Exposição Pedagógica do Rio de Janeiro; Escolarização Primária. Introdução A análise das coleções de objetos para o ensino intuitivo e das práticas escolares e educativas debatidas acerca do tema durante a Primeira Exposição Pedagógica do Rio de Janeiro, realizada em 1883, é o fio condutor desta comunicação. Nosso trabalho circunscreve-se à compreensão de como estas práticas foram colocadas em circulação, em âmbito mundial, por meio das exposições internacionais e ao entendimento das apropriações desses saberes no Brasil, tomando como referência os documentos produzidos a partir da Exposição Pedagógica do Rio de Janeiro, dentre eles: Primeira Exposição Pedagógica do Rio de Janeiro. Documentos (1884); Guia para os Visitantes da Exposição Pedagógica (1883) e Conferências Efetuadas na Exposição Pedagógica (1884). O método intuitivo nas Exposições Internacionais As exposições, congressos e conferências pedagógicas que movimentaram o cenário dos debates educacionais no final do século XIX, representam importantes veículos para compreensão das formas de circulação e apropriação das inovações educacionais em curso, dentre elas, as práticas escolares instituídas com o método intuitivo. Esses eventos fizeram parte da programação das Exposições Internacionais ou Universais que aconteceram entre 1851 e 1922 cuja finalidade, apontada por kulmann Jr. (2001, p.25), consistia na exposição dos produtos e serviços da nação sede ao público visitante, para mostrar o seu lugar no “concerto das nações” civilizadas: Cada país, ao sediar uma Exposição, mostrava aquilo que seria a prova de seu lugar no “concerto das nações” civilizadas. Demonstração tanto à sua própria população quanto aos visitantes dos demais países, que também ali compareciam para exibir seus produtos e atributos de modernidade e buscar o referendo das premiações. A inserção da temática educacional durante as exposições se deu primeiramente por meio de grupos específicos dedicados à instrução, a partir daí o tema ganhou relevo específico e obteve cada vez mais destaque, a ponto de tornar-se o primeiro grupo na ordem de classificação em alguns desses eventos (KULMANN JR, 2001). Além desses grupos, a educação foi tema de conferências pedagógicas que ocorreram durante as exposições, dos relatórios oficiais provenientes das mesmas e da realização de exposições dedicadas especificamente à temática, acompanhadas ou não das exposições internacionais. Esses fóruns possibilitaram tanto a divulgação dos novos saberes e práticas escolares e educativas, quanto à articulação entre os representantes de Estados, políticos, empresários, médicos, juristas, religiosos, militares, donos de escolas, professores, engenheiros que participavam desses eventos, ávidos pelas inovações educacionais consideradas, na época, como imprescindíveis à modernização da educação e das nações. Dentre esses saberes e práticas, destacam-se as relacionadas ao método intuitivo e as lições de coisas, que encontram nos congressos e exposições um terreno bastante profícuo para sua difusão. A temática do método intuitivo esteve em circulação a partir das primeiras exposições internacionais, vinculada ao ensino elementar do desenho (KULMANN JR, 2001; VILLELA, 2002, SCHELBAUER, 2003). Em 1867, durante a Exposição Internacional de Paris, ganha relevo específico nas conferências proferidas por Mme. Pape-Carpentier1. Mas foi durante as Exposições da Filadélfia e de Paris, em 1876 e 1878, respectivamente, que o método intuitivo esteve em maior evidência. Nessas duas exposições Ferdinand Buisson, enquanto representante do Governo francês, teve um papel de destaque na veiculação das práticas e saberes escolares relacionados ao método intuitivo. Em 1876, na Filadélfia, por meio de seu Rapport sur l’instruction primaire à l’Exposition Universelle de Philadelphie (BUISSON, 1876), no qual além de retratar o sistema educacional norte-americano e estabelecer sua relevância para a riqueza daquela nação, mostra o desenvolvimento das lições de coisas nas escolas americanas. A Exposição da Filadélfia, que também contou com a participação de uma comissão brasileira designada pelo Governo Imperial, e o Rapport de Buisson, serviram de referência a muitos intelectuais brasileiros em seus projetos de reformas e discussões educacionais, um exemplo são os Pareceres de Rui Barbosa sobre a Reforma do Ensino Primário, de 1883 (BARBOSA, 1946). Em 1878, na Conférence sur l’Enseignement Intuitif faite aux Instituteurs delegues à l’Exposition de Paris (BUISSON, 1897), na qual o autor expõe as raízes históricas do método intuitivo e destaca as três espécies de intuição ou, mais exatamente, os três domínios no qual a intuição se exerce: a intuição sensível, que é feita pelos sentidos; a intuição intelectual, propriamente dita que se exerce pelo julgamento sem intermediação dos fenômenos sensíveis e nem de demonstração em regra e a intuição moral, destinada ao coração e à consciência. A partir dessa definição “francesa”, Buisson caracteriza as lições de coisas como a primeira forma de intuição – a intuição sensível – a mais comum dentro do método intuitivo e, principalmente, a mais conhecida no ensino primário. Esclarece que ela poderia ser aplicada como um exercício a parte ou inserida em todo o programa de ensino, a critério dos professores. Tal esclarecimento se deve a polêmica em torno da forma estéril como as lições de coisas estava sendo vulgarizada entre os professores, veiculando a idéia de uma aprendizagem sem esforços. Deve-se, também, a uma reação contra o abuso na forma como os exercícios de intuição eram empregados nas escolas primárias e em alguns manuais de lições de coisas do período. Em um rápido olhar para o panorama das exposições internacionais e para os fóruns em que nelas se debateu questões relativas à educação, observa-se que as práticas e saberes escolares relacionadas ao método de ensino intuitivo ocuparam um lugar de destaque nesses fóruns. Dada a grande participação internacional nesses eventos, inclusive de delegações brasileiras, e a forma de divulgação de seus resultados, por meio de relatórios das delegações, podemos considerá-las como peças-chave na circulação dos saberes pedagógicos em cena entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do XX. Assim como, tais eventos nos fornecem elementos para compreender as apropriações e os entendimentos sobre esses saberes na realidade brasileira. O método intuitivo na Exposição Pedagógica do Rio de Janeiro Inserida no contexto das Exposições Internacionais, dos congressos, conferências e exposições pedagógicas, está a Primeira Exposição Pedagógica do Rio de Janeiro, realizada em 1883. Consta das Atas das reuniões preparatórias do Congresso da Instrução do Rio de Janeiro, de fevereiro de 1883, que deveria ser realizada uma Exposição Pedagógica conjuntamente ao Congresso, para o qual a Mesa Preparatória manda oficiar às “Delegações Brasileiras em vários países da Europa e América, a fim de obter-se a remessa de objetos e publicações que possam interessar à mesma Exposição” (ATAS E PARECERES, 1884, p. 15). Os trabalhos de preparação do Congresso de Instrução foram realizados por uma comissão presidida pelo Conde D’Eu e composta pelo Visconde do Bom Retiro, Senador Manoel Francisco Correia, Conselheiro Franklin Américo de Menezes Dória, Conselheiro Leôncio de Carvalho, encarregada de apresentar um projeto de regimento interno para o Congresso da Instrução que deveria se realizar na capital do império a partir de 1º de junho de 1883. No entanto, dias antes de seu início, os trabalhos foram suspensos. Os motivos que teriam levado ao cancelamento do Congresso são apresentados à comissão pelo Conde D’Eu, através de dois avisos, o primeiro comunicando o adiamento da abertura do Congresso da Instrução até que o poder legislativo resolvesse sobre o crédito pedido para a realização do mesmo e o segundo declarando a suspensão da impressão dos pareceres sobre as questões do programa, que já haviam sido encaminhados à mesa organizadora. De acordo com Collichio (1987, p. 7): Alguns dias antes da abertura do Congresso da Instrução caiu o Gabinete Conservador e o Ministro do Império Pedro Leão Velloso foi substituído por Francisco Antunes Maciel, liberal representante da Província do Rio Grande do Sul. O recém empossado Ministro Maciel considerou inoportuna a realização do evento, em face das despesas extraordinárias que acarretaria, visto não ser suficiente a verba votada por seu antecessor, e, para espanto da Mesa do Congresso e dos convidados brasileiros e estrangeiros, suspendeu sua realização [...]. Mas não seriam apenas os recursos financeiros a causa de impedimento para realização do Congresso. A verdadeira razão, inferida a partir dos documentos, residia na oposição política a alguns dos componentes da mesa, sobretudo, “[...] ao Barão do Bom Retiro (o ”alter-ego do Imperador”, segundo Kozeritz), ao Conselheiro Dória e ao Presidente, o Conde D’Eu, cuja imagem os políticos liberais não desejavam promover” (COLLICHIO, 1987, p. 8). E, com certeza, um evento daquele porte promoveria. Apesar da não realização, os Pareceres, que já haviam sido encaminhados à Mesa do Congresso foram publicados em 1884, e se constituem numa importante fonte documental para acompanharmos o teor das discussões que ocorreriam a partir das diversas questões propostas sobre o ensino primário, secundário e superior, além das instituições afins a esses níveis de ensino. Mas, diante das dificuldades oriundas do cancelamento de viagem de representantes do estrangeiro, da impossibilidade de localizar caixas de materiais pedagógicos que já haviam sido descarregadas no porto, ficou liberada a realização tão somente da Exposição Pedagógica “em local cedido pelo Imperador – salas da Tipografia Nacional”, por iniciativa de D. Pedro II, do Conde d’Eu e de Leôncio de Carvalho (COLLICHIO, 1987, p. 5). Na ata da última sessão em que esteve reunida a Mesa do Congresso da Instrução do Rio de Janeiro, fica expressa a intenção de seus integrantes de continuarem os trabalhos, como simples cidadãos e com o auxílio daqueles que se interessassem pelo desenvolvimento da instrução pública no Brasil, no sentido de prestar serviços à organização da Exposição Pedagógica, que deveria ocorrer paralelamente ao Congresso da Instrução (ATAS e PARECERES, 1884, p.42). Com este teor realizou-se a Exposição Pedagógica, na Capital do Império, de 29 de julho a 30 de setembro de 1883. Nos documentos produzidos a partir da Exposição: Primeira Exposição Pedagógica do Rio de Janeiro. Documentos (1884); Guia para os Visitantes da Exposição Pedagógica (1883) e Conferências Efetuadas na Exposição Pedagógica (1884), podemos acompanhar o itinerário dos acontecimentos, as questões debatidas e os materiais pedagógicos expostos. O primeiro documento é organizado por Leôncio de Carvalho (1884, p. 3), no qual enfatiza a finalidade da referida Exposição: Na verdade, essa riquíssima exposição, que acaba de efetuar-se na capital do império, merecendo os maiores encômios da imprensa e a visita de numerosas pessoas, não foi lembrada com outro fim que não o de promover o ensino primário pelo exemplo dos povos cultos e pelo conselho dos autorizados mestres. Com esta finalidade, o Documento, além de um histórico sobre os acontecimentos transcorridos durante a Exposição e apresentados na Sessão Histórica, traz uma detalhada compilação sobre os princípios geralmente adotados na organização do ensino primário em diversos países, dentre eles as lições de coisas, apresentado na Sessão Filosófica, na qual, Leôncio de Carvalho esclarece muitas das dúvidas suscitadas por Rui Barbosa, em seus Pareceres, sobre o Decreto por ele apresentado em 1879 (BRASIL, 1879). O Documento também se constitui numa importante fonte para compreensão dos entendimentos e apropriações que o autor faz sobre a temática do método intuitivo e das lições de coisas. O autor inicia o primeiro capítulo da Sessão Filosófica declarando que: “Das coleções de leis e dos documentos expostos vê-se que os princípios geralmente adotados na organização do ensino primário são exatamente os que se acham compreendidos no Decreto de 19 de abril de 1879”. Faz uma rápida síntese sobre os princípios assegurados pelo Decreto, marcando sua intenção em considerá-los, nas páginas seguintes, “à luz da ciência e perante a legislação dos países cultos” (CARVALHO, 1884, p. 91). Dentre os princípios instituídos pelo Decreto, estão: a liberdade de ensino; a obrigação do ensino primário elementar; a co-educação dos sexos; as caixas econômicas escolares; a divisão das escolas primárias em escolas de 1º e 2º grau; a introdução de novas disciplinas a serem ensinadas nas escolas de 1º grau, dentre elas, as noções de coisas; a supressão da intolerância religiosa; a criação de bibliotecas e museus escolares; a criação de escolas profissionais destinadas à instrução técnica; a criação dos Jardins de Infância; a abertura de cursos noturnos nas escolas de 1º grau; a fundação de escolas normais para formar professores de instrução primária e secundária e a substituição dos métodos em uso “[...] por outros que se firmam no ensino prático e intuitivo” (CARVALHO, 1884, p. 91). Com esta ponderação, passa a tratar das disposições que mais interessam e que maior controvérsia tem provocado, dentre elas, as lições de coisas, às quais dedica o décimo primeiro capítulo da Sessão Filosófica. Inicia suas considerações a partir da polêmica gerada em torno do termo “lição de coisas”, nos Pareceres de Rui Barbosa, citando o juízo emitido por ele na Câmara dos Deputados: Bem procedeu o Decreto de 19 de Abril, introduzindo na escola popular as lições de coisas. Desacertou, porém, indigitando-as como capítulo singular, distinto, independente entre as matérias do programa. Nada contribuiria mais para inutilizar de todo essa inovação, para a levar a uma degenerescência imediata, do que uma especialização tal, que parte da compreensão imperfeita da natureza deste ensino. A lição de coisas não é um assunto especial no plano de estudos: é um método de estudo; não se circunscreve a uma seção do programa: abrange o programa inteiro; não ocupa, na classe, um lugar separado, como a leitura, a geometria, o cálculo, ou as ciências naturais: é o processo geral, a que se devem subordinar todas as disciplinas professadas na instrução elementar (BARBOSA apud CARVALHO, 1884, p. 217-218). Ao juízo emitido por Rui Barbosa, Leôncio de Carvalho responde não proceder a mencionada censura, uma vez que a comissão da câmara confunde lições de coisas e método intuitivo. Para mostrar a diferença entre os dois, ampara-se em Rousselot, Carré, Buisson, Brawn, entre outros “pedagogistas”. Inicia sua argumentação com uma citação de Carré (apud CARVALHO, 1884, p. 218), para afirmar que: “O método que está hoje mais em voga e cuja utilidade e vantagem todos proclamam, é sem dúvida o da lição de coisas”. Sobre essa afirmação pondera que, em primeiro lugar, é necessário compreender estas expressões do autor, uma vez que existem professores que querem que as lições de coisas se apliquem a tudo: a leitura, a gramática, a história, a geografia, a aritmética: “[...] assim compreendida a lição de coisas não é mais um processo especial e sim geral, aplicandose a tudo – é a intuição, se quiserem, é uma certa forma dada ao modo de ensinar” (CARVALHO, 1884, p. 218). Afirma não reprovar tal compreensão, mas acredita que ela traga sérios inconvenientes deixando claro não ser este o seu entendimento sobre lições de coisas: A lição de cousas, tal como a compreendo, é um processo especial, um exercício à parte, que deve realizar-se quotidianamente, se possível for, sobretudo no fim das classes da tarde, quando muitas vezes, durante o inverno, os alunos não vêm bastante para poderem ler ou escrever, e se acham fatigados com os exercícios feitos de dia. Então uma conversa interessante poderá despertar sua atenção enfraquecida. O que deve caracterizar a lição é o modo de dá-la por meio de cousas sensíveis, de objetos colocados sob a vista dos alunos, que destarte serão obrigados a refletir. Há, pois, necessidade de um museu escolar (CARVALHO, 1884, p. 218-219). Em seguida, traz as palavras de Brawn (apud CARVALHO, 1884, p. 219), para demonstrar o caráter universal do método intuitivo que, em alguns países, como o Japão, já se constituem na base do sistema pedagógico; outros têm adotado gradual e parcialmente; em alguns o exagero tem neutralizado os bons resultados do método: Pelas exposições parciais e pelas decisões do júri na exposição internacional de 1878, diz Brawn, ficou evidentemente provado que por toda a parte o espírito pedagógico passa por uma transformação profunda, seguindo todos os países quase que o mesmo caminho – o método intuitivo. De acordo com Carvalho, os partidários exclusivistas das lições de coisas sustentam a tese de que todos os conhecimentos provêm dos sentidos e que toda a instrução deve ser ministrada por meio deles. Afirma que, fundamentados em Locke, Condillac, Rousseau, Pestalozzi, Bosedow, Campe, Froebel, Disterweg, reconhecem: [...] ser o ensino que se faz por meio da demonstração sensível, visível e palpável, o mais conveniente à escola popular, a qual além disso apresentará um aspecto mais alegre, mais agradável, dando ao ensino o caráter prático. Chegam eles a banir as teorias em gramática e em aritmética sob o fundamento de que o ensino simples e positivo vale muito mais (CARVALHO, 1884, p. 219-220). Traz as observações de Brawn de que esta tese é uma dedução falsa de um princípio verdadeiro e que por mais que se tenha procurado simplificar o ensino substituindo “a verbiagem pelo realismo”, reduzindo algumas partes do programa, este não pode ser ensinado brincando: “Se a idéia do esforço, do trabalho viesse a desaparecer da escola, também fugiria da sociedade; e uma sociedade para quem a lei do trabalho e do sofrimento se tornou insuportável é uma sociedade preparada hoje para a anarquia e amanhã para o despotismo” (BRAWN apud CARVALHO, 1884, p. 220). E conclui seu capítulo sobre as lições de coisas trazendo os excertos de uma Conferência proferida por Buisson, na Sorbonne: A palavra – intuição –, cujo emprego não é ainda muito comum, é uma palavra perfeitamente formada, e exprime um fato muito simples. É mais fácil compreendê-la que defini-la. O primeiro que a empregou na linguagem do ensino oficial foi M. Cousin, aqui na Sorbonne, em 1817. A intuição é uma percepção imediata, sem esforço nem hesitação. É a própria alma humana percebendo aquilo que se passa em si ou fora de si, quer se trate de uma realidade material, quer de uma idéia ou de uma verdade. Há, pois, três espécies de intuição: a sensível, que se opera por meio dos sentidos; a mental, pela inteligência sem o auxilio do raciocínio, e a moral, pela consciência (BUISSON apud CARVALHO, 1884, p. 220-221). Para Buisson, a verdadeira intuição difere daquela que é compreendida pelos partidários exclusivistas do método, entenda-se lição de coisas, voltando a citar literalmente suas palavras: É o que diz ao mestre: Vossa tarefa torna-se cada vez mais árdua e complicada. Para a cumprirdes, deveis fazer-vos auxiliar. Por quem? Por bons livros, bons processos, bons programas? Sem dúvida, mas ainda pelo próprio discípulo. É vosso auxiliar mais seguro, vosso colaborador mais eficaz. Fazei com que ele não sinta o peso da instrução, porém que tome nela uma parte ativa, e tereis realizado o problema (BUISSON apud CARVALHO, 1884, p. 221). A forma como Leôncio de Carvalho compõe esse capítulo, sobretudo ao tratar das lições de coisas, indica claramente o tom de resposta ao parecer emitido por Rui Barbosa. O capítulo traz alguns dos documentos citados por Barbosa, com a finalidade de evidenciar o seu conhecimento sobre o assunto e mostrar seu entendimento acerca da diferença entre método intuitivo e lição de coisas, amparado nas palavras de Buisson (apud CARVALHO, 1884, p. 222), “[...] a lição de coisas é uma parte do método intuitivo; é preciso que este se aplique aos exercícios da inteligência e aos atos do raciocínio. A intuição sensível só serve quando prepara para a intuição intelectual”. Diante desta afirmação, Leôncio de Carvalho justifica sua adoção das lições de coisas como uma disciplina específica do programa, no Decreto de 1879, para não incorrer nos equívocos, apontados por Brawn, dos partidários exclusivistas dessas lições que, segundo aquele autor, chegam a banir as teorias em gramática e em aritmética sob o fundamento de que o ensino simples e positivo vale muito mais. Com isso, ele intenciona mostrar a Rui Barbosa, o motivo pelo qual não procede a censura dos Pareceres quanto à introdução das lições de coisas no programa das escolas primárias do 1º Grau. O Documento produzido a partir da Exposição do Rio de Janeiro contempla, ainda, o relato dos trabalhos dos diversos Grupos que a compuseram, dentre eles, o Grupo 13, destinado a apresentar as coleções de objetos para o ensino intuitivo, que nos é de grande interesse, tendo em vista o relato dos materiais expostos, dos visitantes e das premiações. Os relatos da comissão nomeada para dar parecer sobre os trabalhos apresentados no Grupo 13 evidenciam uma enorme quantidade de materiais expostos, evidencia, inclusive, a dificuldade em identificar os que deveriam ser submetidos a exame. Como critério, a comissão partiu das finalidades do método intuitivo, assim identificado: “o fim do método intuitivo, sendo principalmente desenvolver, por meio de observações exatas e rigorosas das cousas, todas as faculdades das crianças, devia fazer parte do grupo 13º tudo quanto diretamente concorresse para este fim” (GRUPO 13 apud CARVALHO, 1884, p. 121). Desta forma, a comissão decidiu examinar somente as coleções de objetos destinados às lições de coisas e à ornamentação escolar. Dentre os países e coleções apresentadas, destacam-se a Bélgica2, a Itália3, a França4 e a Inglaterra5. Além dessas, a comissão examinou as coleções apresentadas por dois Colégios da Capital do Império: o Colégio Menezes Vieira e o Colégio Abílio. Sobre o primeiro, observa que todos os materiais relativos às lições de coisas e ornamentação escolar são estrangeiros: “[...] encontramos aí o Museu de Saffray, a Caixa de Lição de Coisas de Pape-Carpentier, os Mapas Italianos sobre ornamentação escolar, de Carena e Fanfani, diversos desenhos de animais e de várias plantas, quadro representando oficinas e cidades da Europa etc” (GRUPO 13 apud CARVALHO, 1884, p.124). Dentre os objetos feitos pelo “ilustrado diretor”, a comissão destaca os nove quadros “[...] representando as invenções e descobertas, o globo terrestre, o trigo, o vidro, a pesca marítima,o bicho da seda, o carvão de pedra, o ferro e a história do Brasil”, além de uma pequena coleção de cartas para prêmios aos alunos e um livro intitulado “Conheçamos a nossa pátria” (GRUPO 13 apud CARVALHO, 1884, p.124). Sobre o Colégio Abílio, a comissão repete a observação de que todo o material utilizado na escola é estrangeiro: [...] 20 quadros do reino vegetal (matérias primas e produtos manufaturados); 14 quadros do reino mineral; 12 quadros sobre artes e ofícios de L. Prang & Comp.; um museu industrial de Delagrave; nomenclatura de frutos, legumes, etc. por Marcius e N. A. Calkins; cartas de cores para instrução primária, pelos Drs. Hugo Magnus e Joy Joffries; quadros de animais e de plantas de Pape-Carpentier; Oliver e Boyd’s - object lesson - coleção de cartões como os de Delagrave. (GRUPO 13 apud CARVALHO, 1884, p.125). E observa que embora, nas salas referentes aos dois únicos colégios brasileiros que expuseram os objetos referentes ao 13º grupo, os materiais sejam estrangeiros, os mesmos são dignos de premiação, esclarecendo os motivos da deferência: [...] os diretores do colégio Abílio porque mostraram que desejam dar aos seus alunos o ensino intuitivo por meio dos bons aparelhos empregados modernamente nas escolas americanas. O diretor do colégio Menezes Vieira, porque, procurando preencher o mesmo fim com aparelhos franceses e italianos, emprega por si mesmo grandes esforços para formar material seu e com característico nacional, embora com alguns defeitos como são todas as obras impressas em nosso país, onde sem gastar muito dinheiro, é impossível alcançar estampas bem feitas, desenhos nítidos e convenientemente coloridos e tudo mais que, despertando a curiosidade das crianças, lhes inspire o gosto a aprender (GRUPO 13 apud CARVALHO, 1884, p.125). A comissão concede o diploma de 1ª classe, primeiramente, à Casa Walcker, pelo museu escolar de Deyrolle; em segundo lugar ao Ministério da Instrução pública da Bélgica, pelas preparações de couro e ferro de Mlle. Engels e, em terceiro lugar, ao Institut des Fréres des écoles chrétiennes, pelos planos móveis de J.J. Piron empregados para o ensino intuitivo de geometria. Os diplomas de 2ª classe são entregues primeiramente à casa Paravia, por seus mapas para ornamentação escolar de Carena e Fanfany; em segundo lugar à casa Delagrave, por seu Museu industrial; em terceiro, ao Colégio Menezes Vieira6, não só pelos quadros de ensino de sua invenção, como pelas coleções estrangeiras que apresentou, destinadas ao ensino intuitivo e, em quarto, ao Colégio Abílio, pela riquíssima coleção de objetos estrangeiros destinados ao ensino intuitivo. Os de 3ª classe foram entregues às casas Faro & Lino, Rousseau e Garcet & Nisi, todas pelas coleções de objetos expostos para o ensino intuitivo. Nesses grupos, inúmeros livros, manuais, coleções de materiais e instrumentos aperfeiçoados para o ensino de diversos países, foram expostos. A doação desses materiais possibilitou a criação da Associação Mantenedora do Museu Pedagógico Nacional, fundado em 18837. Inegável, portanto, foi a importância que esse evento teve no sentido de veicular o conhecimento em torno do método intuitivo, não só pelos livros e manuais, como também pelos instrumentos e experiências educacionais vinculadas ao método. Outro valiosíssimo documento, proveniente da Exposição, é o que contém as Conferências efetuadas durante a primeira exposição pedagógica, cujos temas tratados foram os seguintes: a educação da criança desamparada, pelo conselheiro Carlos Leôncio de Carvalho; higiene escolar, pelo Dr. Antonio de Paula Freitas; o ensino moral e religioso nas escolas públicas, pelo Dr. Amaro Cavalcanti; Colégio Abílio, pelo Dr. Joaquim Abílio Borges e a Conferência do Barão de Macahubas, o Dr. Abílio César Borges, na qual destaca os princípios educacionais adotados no Colégio Abílio da Corte e de Barbacena, todas realizadas a convite do Imperador. Na Conferência proferida por Joaquim Abílio Borges, o mesmo analisa ligeiramente o material técnico do Colégio Abílio, apresentado durante a Exposição. Dentre esses materiais, destaca os “Quadros para Lições sobre Objetos”: “estes quadros, valioso museu escolar de objetos, dos quais tiram-se importantes lições, compreendem espécimes dos principais minerais e minérios, dos mais comuns produtos químicos, do reino vegetal, diferentes espécimes de madeiras, artigos de uso doméstico, produtos do mar, de animais, e objetos manufaturados”. Menciona, ainda, algumas sessões da Exposição ricas em materiais para o ensino objetivo, dentre eles cita: o museu industrial escolar de Dorangean (Delagrave & C.A.), o museu escolar do Dr. Saffray (Hachette & C.A.), o museu de Deyrolle, o de Rousseau etc., cujas importantes coleções foram encomendadas pelo Colégio Abílio (CONFERÊNCIAS..., 1884, p.67-68). Considerações Finais No primeiro momento desta comunicação recuperamos, brevemente, o teor do discurso sobre o método intuitivo na última metade do século XIX, nas conferências, congressos e exposições pedagógicas, vinculadas as Exposições Internacionais, na Europa e nos EUA, identificando os entendimentos e as estratégias que comandaram a produção desse saber pedagógico e a forma como foi colocado em circulação, em plano mundial, por esses fóruns e seus relatórios e conferências publicadas. Evidenciando, inclusive, algumas das polêmicas em torno desse novo saber pedagógico e suas práticas escolares. Uma das polêmicas gerada no interior do debate sobre o método intuitivo foi em torno das lições de coisas. Seriam elas um processo aplicado a todas as matérias como um método de ensino ou uma disciplina específica do currículo? Buisson (1897) esclareceu, em conferência proferida aos professores primários, na Exposição Internacional de Paris, em 1876, que elas poderiam ser desenvolvidas sob as duas formas, no entanto crítica a segunda, apontando a esterilidade que a prática das lições de coisas, como um exercício à parte, poderia produzir. Enfatiza a necessidade de que essas lições estivessem inseridas em todo o programa, seguindo a forma como os americanos empregavam as suas object lessons. No Brasil, tal debate também esteve presente nas discussões educacionais que ocorreram a partir da década de 1870, inserido no calor das questões políticas que marcaram o fim do império e nas propostas de oferta de educação às classes populares. Esse saber pedagógico desembarcou na bagagem de nossos intelectuais como um dos principais elementos da almejada renovação do ensino. Na capital do império, esse discurso esteve presente, dentre outros fóruns, na Primeira Exposição Pedagógica do Rio de Janeiro. Nesse âmbito, o método intuitivo recebeu a mesma tônica que se evidenciou no plano internacional, principalmente, nos debates entre Leôncio de Carvalho e Rui Barbosa acerca do caráter que o método deveria assumir na reestruturação do ensino público primário. A polêmica se dava também em torno da definição das lições de coisas, como matéria especifica do programa ou aplicada a todo o ensino. Acompanhar essa polêmica nos permitiu apreender as fontes nas quais esses intelectuais se apropriaram do conhecimento sobre o método intuitivo. As principais fontes citadas por Rui e Leôncio se refere à literatura francesa e aos relatos do sistema de ensino norte-americano. Suas apropriações, em parte, foram provenientes dessas conferências, congressos e exposições internacionais, bem como de seus respectivos relatórios e publicações. Os materiais expostos no Grupo 13, durante a Exposição do Rio de Janeiro, não só evidenciam objetos e práticas escolares adequadas ao ensino intuitivo, em âmbito mundial, como também trazem sinais de suas práticas em escolas brasileiras, no final do império. O trabalho com os documentos originados a partir da Primeira Exposição Pedagógica do Rio de Janeiro, permitiu identificar, além do histórico da Exposição e dos princípios indicados para a escolarização primária, o relato detalhado dos materiais expostos como livros, manuais, coleções de objetos e instrumentos aperfeiçoados para o método de ensino intuitivo. Com esta comunicação procurou-se evidenciar, não só a relevância destas fontes para a análise dos entendimentos e apropriações sobre a temática do método intuitivo, como também para compreensão das novas práticas escolares e objetos de ensino que, a partir do final do século XIX, passam a configurar a escolarização primária como elemento de renovação do ensino. 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Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1884. KUHLMANN JR., M. As grandes festas didáticas: a Educação Brasileira e as Exposições Internacionais 1862-1922. Bragança Paulista: Editora da Universidade São Francisco, 2001. SCHELBAUER, A. R. A constituição do método de ensino intuitivo na Província de São Paulo (170-1889). São Paulo: Faculdade de Educação (Doutorado em Educação), 2003. VILLELA, H. Da palmatória à lanterna mágica: a escola normal da província do Rio de Janeiro entre o artesanato e a formação profissional (1868-1876). São Paulo: Faculdade de Educação (Doutorado em Educação), 2002. Notas 1 Mme. Pape-Carpentier exerceu influência marcante no que se refere à educação dos sentidos – as lições de coisas e as salas de asilo – nas últimas décadas do século XIX, no Brasil, tendo sua metodologia adotada na introdução dos jardins de infância, por Menezes Vieira. Além disso, suas obras foram expostas e comercializadas pelos negociantes Faro & Lino durante a Exposição Pedagógica, de 1883, no Rio de Janeiro (BASTOS, 2003). Esta influência também fica registrada pela adoção da Caixa de Lições de Coisas de Carpentier, dentre os aparelhos de ensino utilizados na primeira cadeira – Gramática e Língua Portuguesa – da Escola Normal da Capital do Império, em 1878 (VILLELA, 2002). A Caixa Carpentier figurou também entre os aparelhos trazidos por Leôncio de Carvalho para compor o acervo do Museu Escolar do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, na década de 80 do século XIX (SCHELBAUER, 2003). 2 A) Colection de laines à tous les degrés de fabrication. Ècole communale de Dottignies, Flandre occidentale; B) Collection de cotons; C) Les diverses phases de la preparation du lin, par Mme. Moens-Vandersyp, institutrice à Ixelles, Brabant; D) Les principaux produits de l’industrie linière para la même; E) Les parties du chêne necessaires pour une leçon d’intuition sur cette arbre par M. Desmarez, instituteur en chef de l’école primaire communale de garçons, A Courtrai, Flandre occidentale; F) Le fer et ses diverses transformations par Mlle. Engels, directrice d’école communale à Bruges; Méthode pour la demonstration intuitive des projections par plants mobiles par Frère Memoire – directeur de l’etablissement de Malonne (GRUPO 13 apud CARVALHO, 1884, p.121-122). 3 Trinta mapas Arti e Mestriere - Daí Vocabolari di Carena e Fanfani – Expositor G.B. Paravia (GRUPO 13 apud CARVALHO, 1884, p.123). 4 Musée scolaire pour leçons de choses comprenant 700 échantillons en nature, 3.000 dessins coloriés, par Emile Deyrolle, naturaliste; Musée industriel scolaire Delagrave, casa Walcker; Livres d’images destinés à l’enseignement elémentaire par l’intuition, editeur Ract et Falquet; L’enseignement par les bons points, editeur Garcet et Nisius; Rousseau Specimens de choses usuelles, L. Prang & Comp; Faro & Lino: esta casa expõe o Museu Escolar do Dr. Saffray, acompanhado de um catálogo explicativo e metódico além dos livros do mestre e do discípulo. Sobre o museu, a comissão explica: “Para cada indústria importante acha-se a matéria prima em estado bruto, e se vê as transformações e preparações que por ela passa, até formar-se o produto industrial desejado”. Esta casa expõe também L’enseignement par les yeux de Pape-Carpentier (GRUPO 13 apud CARVALHO, 1884, p.123-124). 5 H. G. Edwards apresentou caixa semelhante à do Dr. Saffray, porém mais incompleta e um pouco menor (GRUPO 13 apud CARVALHO, 1884, p.124). 6 Como emenda, Leôncio de Carvalho propõe que o expositor Menezes Vieira receba o diploma de 1ª classe e não o de 2ª como propôs a comissão. (GRUPO 13 apud CARVALHO, 1884, p.125). 7 De acordo com Collichio (1987, p. 9): “a Comissão Diretora deliberou no final de suas Reuniões, conforme consta das Atas, aceitar a doação do material oferecido pelas Casas estrangeiras e instituir o Museu Pedagógico Nacional”. Cartolano (1996, p. 357) complementa: “Fundada pelos principais colaboradores da Exposição, a Mantenedora funcionou com catálogos e suplemento das obras de sua biblioteca, além do material do seu museu pedagógico; o governo havia cedido à Associação, todo material da Exposição Pedagógica que passou a fazer parte do seu acervo. Com a República e a nomeação, por Benjamin Constant, do Dr. B. Franklin Ramiz Galvão, para o cargo de Inspetor Geral da Instrução Primária e Secundária, o material originário da Exposição foi requisitado à Mantenedora para integrar o recém-criado Pedagogium (Decreto n.667, de 16/08/1890) projeto, aliás, da autoria do Dr. Ramiz Galvão”.