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Classificação do artigo 11 dez 2014
O Globo RENATO GRANDELLE [email protected]
Verão será ainda mais quente que o
último
Estação começará com chuvas, mas umidade diminuirá em fevereiro, levando a
aumento da temperatura
Estudo prevê janeiro chuvoso e recorde de calor no Rio em fevereiro e março. Quem acha que o calor
do último verão carioca não seria superado tão cedo precisa se preparar. O próximo trimestre será ainda
mais quente do que os meses de janeiro a março deste ano, segundo estudo do instituto Climatempo. Os
termômetros começarão relativamente tímidos — no início de 2015, as temperaturas máximas, em
média, ficarão em torno dos 32 graus Celsius. Mas, no fim da estação, a média vai pular para 36 graus
Celsius, com direito a dias seguidos em que a quentura baterá os 40 graus.
GABRIEL DE PAIVA
Lá vem o sol. Amanhecer na Praia de Copacabana: sem bloqueios atmosféricos, chuva poderá
baixar os termômetros em janeiro, mas calor dominará o resto da estação
O último verão foi marcado por dois bloqueios atmosféricos, que impediam a passagem da frente fria
para o Atlântico Sul e o Centro­Sul do país. Com isso, o Sul, o Sudeste e parte do Centro­Oeste ficaram
praticamente sem chuvas entre meados de dezembro de 2013 e o início de fevereiro passado. Esses
“escudos” naturais não vão dar as caras agora. A alta umidade será a marca de janeiro.
— De forma geral, será um verão mais quente. O grande diferencial é que tínhamos semanas seguidas
de calor por causa do bloqueio atmosférico (no último), e isso não vai ocorrer agora — destaca Alexandre
Nascimento, meteorologista do Climatempo. — Em janeiro, a chuva estará acima da média na maior parte
no Sudeste. É uma condição favorável aos reservatórios. Mas infelizmente haverá problemas já comuns
na estação, como o deslizamento de morros na região metropolitana e na Serra fluminense.
De janeiro deve vir boa parte dos dias chuvosos da temporada. De acordo com a média histórica, o Rio
registra chuvas em 40 dias na estação como um todo. Nascimento acredita que, no primeiro trimestre de
2015, serão menos de 30.
A umidade e as frentes frias sofrerão um forte revés a partir de fevereiro, quando a seca ressurgirá no
Rio. O índice de chuvas ficará abaixo da média histórica até o fim da estação.
— Não acredito que o Sudeste terá chuvas dentro da média em algum momento do ano que vem —
ressalta o meteorologista. — Durante o verão, janeiro será difícil para ir à praia, mas, a partir de fevereiro,
o calor estará muito acima da média. Até março podem ocorrer valores extremos, chegando à casa dos 40
graus Celsius, mas não em tantas tardes seguidas, como no último verão.
Nascimento destaca que a temperatura do Oceano Pacífico Equatorial está um grau Celsiu acima da
média, e por isso é possível a formação do fenômeno El Niño nos próximos meses. O “menino”, porém,
não teria forte influência sobre o verão.
No Rio, a média das temperaturas máximas seguirá em 32 graus Celsius, em janeiro, e subirá para
34, em fevereiro, e 36, em março.
Em todo o país, e durante a estação, as temperaturas estarão sempre equivalentes ou superiores à
média registrada nos últimos 30 anos.
As precipitações, porém, variam de acordo com a época e a região. Em janeiro, a faixa entre o Paraná
e o Sul de Minas Gerais terá chuvas acima da média, enquanto em praticamente todo o resto do país
ocorrerão menos precipitações. Nos dois meses seguintes, a situação deve se inverter.
O Rio fecha 2014 lembrando o décimo aniversário do fim da estação meteorológica de Bangu.
Pesquisas da UFRJ indicaram que o bairro é a maior ilha de calor carioca. A grande concentração de
prédios, a distância do mar e a pouca ventilação podem fazer a temperatura variar até 10 graus Celsius
num raio de três quilômetros.
O bairro tinha uma estação meteorológica até março de 2004, quando a fábrica de tecidos que a
hospedava deu lugar à construção de um shopping. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia
(Inmet), não há planos para reativála em outro local. Hoje, o órgão mede as temperaturas da Zona Oeste
usando dados colhidos em Realengo e na Vila Militar.
COMO FRITAR UM OVO NO ASFALTO
Mesmo depois de seu fechamento, a estação manteve por um tempo significativo o recorde histórico
de temperatura da cidade — em janeiro de 1984, registrou 43,1 graus Celsius. A marca só foi quebrada
em dezembro de 2012, quando a instalação de Santa Cruz detectou 43,2 graus Celsius.
— Foi um índice mantido por muito tempo. A estação talvez pudesse medir temperaturas ainda mais
altas caso ainda existisse, mas isso é uma incógnita — explica Marlene Leal, meteorologista do Inmet.
A quentura dos bairros mais escaldantes da cidade pode favorecer uma gastronomia insólita. Segundo
Jivaldo do Rosário Matos, professor do Instituto de Química da UFRJ, as temperaturas mais altas do
próximo verão podem, finalmente, permitir a lendária (e jamais comprovada) fritura de ovos no asfalto
carioca.
— O asfalto é um material escuro e absorve a radiação solar, tornando­se muito mais quente do que a
temperatura ambiente — explica Matos, que é especialista em análise térmica. — A proteína albumina,
que está na clara e é responsável pela consistência do ovo, passa por um processo de destruição a partir
dos 60 graus Celsius. É mais fácil fazer esta experiência entre as 11h e 13h, quando o sol está a pino:
pode levar de cinco minutos a meia hora.
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