1. Introdução
Este Manual se destina a professores, professores especialistas e coordenadores do Programa IAB de
revisão para a Prova Brasil – doravante denominado Programa PB. O Manual serve de base para o
trabalho de todos e para a capacitação inicial. Na maioria dos casos ele é usado junto com o Programa
de Ensino Estruturado do IAB do 5o ano.
O objetivo do Programa PB é promover uma revisão dos conteúdos de Língua Portuguesa e
Matemática, de forma a melhor preparar os alunos para cursar o 5º ano e para fazer a Prova Brasil.
Esperamos também que esta revisão contribua para que professores, escolas e redes de ensino incorporem
procedimentos eficazes de revisão, avaliação e recuperação em suas práticas. Cabem dois alertas.
Primeiro alerta: não se trata de um cursinho, nem de um substituto para um ensino rigoroso nas
séries iniciais nem de substituito ao programa do 5º ano. O Programa PB contempla os conteúdos
do programa de ensino das quatro séries iniciais. O programa do 5º ano será iniciado logo após a
conclusão da revisão. A revisão é sempre uma atividade necessária para consolidar conhecimentos e,
dessa forma, dar segurança para os alunos seguirem no seu processo de aprendizagem.
Segundo alerta: os descritores da Prova Brasil referem-se a competências muito gerais. Eles não
detalham os conhecimentos específicos necessários para adquirir tais competências. Portanto os
professores devem entender com clareza que o que prepara para a Prova Brasil (ou qualquer outra
prova) não é apenas saber os descritores, mas saber o que está por trás deles, que é um bom currículo.
Dois exemplos devem ajudar a entender as implicações dessa falta de especificação e a importância de
ter um programa de ensino como referência.
•N
o caso da Matemática: um problema de geometria pode não explicitar que o aluno precisa fazer
cálculos, mas o educador deve saber que para resolver o problema o aluno precisa calcular com
rapidez e precisão. O fato de não haver itens de cálculo ou operações na prova não significa que
isso não seja essencial.
•N
o caso de Língua Portuguesa: as perguntas da Prova Brasil podem dar a impressão de que basta
treinar habilidades para identificar informações implícitas ou explícitas num texto, ou conhecer
suas características formais. Na verdade, o que mais explica a capacidade de entender um texto
é identificar corretamente as palavras e seu sentido, ou seja, saber ler com fluência e ter um
vocabulário amplo. São essas as atividades preparatórias mais importantes. No Programa PB o
aluno terá oportunidade de se preparar, de forma consistente, para enfrentar não apenas os desafios
da Prova Brasil, mas os desafios subsequentes da escola.
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Manual de Orientação
Normalmente o Programa PB – Matemática e Língua Portuguesa – é realizado nos primeiros meses
do ano letivo e será seguido da implementação regular do Programa de Ensino Estruturado do IAB
para o 5º ano. Algumas disciplinas – como Geografia, História e Ciências – deverão ter o seu início já
no primeiro dia letivo. O Programa PB inclui o livro de Ciências do 5º ano, que deve ser usado desde
o início do ano nas aulas de Ciências e serve como complemento importante para o ensino da Língua
Portuguesa, conforme explicado adiante.
2. Orientações gerais para o Programa PB
• CONTEÚDOS DA REVISÃO
A revisão inclui os conteúdos do 2º ao 4º ano do Ensino Fundamental. Os conteúdos do 1º ano não
são revisados diretamente, pois estão incorporados nos materiais de revisão.
• ESTRUTURA E SEQUÊNCIA
1. Estrutura e sequência dos conteúdos
Língua Portuguesa
• Pontuação
• Ortografia
• Sintaxe
Matemática
•
•
•
•
Números e operações
Grandezas e medidas
Espaço e formas
Tratamento da informação
Observações:
• Língua Portuguesa:
oo
Os conteúdos de cada tópico serão revisados independentemente da série em que foram
ensinados originalmente, pois o programa de Língua Portuguesa é em espiral, ou seja, a cada
ano retoma os mesmos tópicos de maneira mais aprofundada.
oo
Há testes para o final de cada unidade, dentro de cada tópico.
oo
As atividades de Leitura e Compreensão de Textos são desenvolvidas ao longo de todo o
Programa PB. Ou seja, metade da aula trata de leitura e compreensão de textos e a outra
metade de revisão de tópicos gramaticais.
• Matemática:
oo
6
Os conteúdos de cada tópico são revistos por série: 2º ano, 3º ano e 4º ano. Só depois de
revisados todos os conteúdos de cada tópico em cada série (2º ao 4º ano) é que se passa para
o topico seguinte, recomeçando pelo 2o ano.
Prova Brasil
2. Organização da revisão no tempo
• A revisão deve ser feita com o mínimo de duas horas/aula de Língua Portuguesa e uma hora/
aula de Matemática por dia. Além disso, deve haver pelo menos 3 horas/aula de Ciências a cada
semana.
• Para a revisão a ser feita ao longo de 3 a 4 meses o IAB recomenda:
LÍNGUA PORTUGUESA
Leitura e interpretação de textos
1 texto a cada 2 dias
Pontuação
2 semanas
Ortografia
2 semanas
Sintaxe
6 semanas
Revisão geral (Unidade 1 do Livro D)
5 semanas
MATEMÁTICA
Números e operações
Grandezas e medidas
Espaço e forma
Tratamento da informação
2º ano
1 semana
3º ano
1 semana
4º ano
2 semanas
2º ano
1 semana
3º ano
1 semana
4º ano
1 semana
2º ano
1 semana
3º ano
2 semanas
4º ano
3 semanas
2º ano
1 semana
3º ano
1 semana
4º ano
1 semana
3. Ritmo dos alunos e considerações práticas
• O ritmo da revisão dependerá do nível de entrada (base) dos alunos. Quanto mais atrasada
estiver a turma ou quanto mais lento o aluno, mais intensivo deve ser o ritmo da revisão. Como
o tempo da aula é fixo e limitado, o trabalho adicional deve ser feito em casa, na forma de deveres
adicionais.
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Manual de Orientação
• E
m princípio a revisão deverá durar até 4 meses, mas a duração poderá ser menor em alguns
casos. Quando esta for concluída, será retomado o programa de ensino regular.
• No caso de Língua Portuguesa, o final da revisão já inclui a realização da Unidade I do Livro D,
e que, dado o ritmo que os alunos já terão adquirido, poderá ser concluída, no máximo, ao final
do primeiro semestre do ano letivo.
• ESTRUTURA DA AULA – LÍNGUA PORTUGUESA
A revisão de Língua Portuguesa será feita por tópicos.
O ciclo de revisão sempre parte de um diagnóstico – que pode ser formal (um teste) ou informal
(atividades), e que dará ao professor e aos alunos uma ideia bem clara de onde estes se encontram em
relação ao tema em revisão. Normalmente cada tópico começa com uma atividade que se presta a esse
diagnóstico.
Após o diagnóstico deverão ser feitas atividades em classe e em casa. Elas foram desenvolvidas em
ordem de dificuldade crescente para permitir uma revisão completa e sistemática. Quanto melhor a
base dos alunos, mais rápida poderá ser a revisão.
1. Estrutura da aula:
As atividades em classe devem seguir a seguinte estrutura:
(a) correção do dever de casa;
(b) atividades do dia;
(c) atenção individual aos alunos com mais dificuldade;
(d) indicação do dever de casa.
a) Correção do dever de casa
Todas as atividades do dever de casa devem ser feitas no quadro, com a participação ativa dos
alunos e colaboração dos colegas. O objetivo é refletir sobre as perguntas, dificuldades, entendimento
dos comandos, e não apenas dar a resposta certa.
b) Atividades do dia
A aula de revisão de Língua Portuguesa inclui, além da correção do dever de casa:
8
oo
exercícios pertinentes ao tópico estudado, e que se encontram no PB Manual do Professor;
oo
treinos de atividades de fluência de leitura;
oo
leitura e interpretação de textos correspondentes a cada uma das 40 leituras do PB Caderno
de Atividades de Língua Portuguesa. Além disso, o professor poderá inserir outras questões
para aprofundar o conhecimento do vocabulário, comparar e contrastar com outros tipos e
Prova Brasil
gêneros de texto ou treinar algumas das estratégias que facilitam a compreensão de textos. Se
o programa de revisão durar 2 meses deverá ser feita uma ficha de leitura a cada dia. Se for de
4 meses, uma ficha a cada dois dias;
oo
o estudo e a realização das atividades previstas no Livro de Ciências do 5º ano constituem
um complemento importante do programa de ensino de Língua Portuguesa. Esses exercícios
envolvem não apenas a leitura e compreensão de textos do tipo informativo e didático, mas
também a exigência da escrita, que leva o aluno a desenvolver um rigor conceitual cada vez
maior.
c) Atenção individual aos alunos com mais dificuldade.
d) Indicação do dever de casa.
Diariamente o professor indicará como dever de casa:
oo
Preparação de uma leitura. Os alunos devem se preparar para ler em voz alta, se for o caso, e
também devem responder às perguntas da Ficha.
oo
Exercícios relacionados com as atividades desenvolvidas em sala de aula.
2. Didática para o ensino de Língua Portuguesa
O professor de Língua Portuguesa deve utilizar os métodos dedutivo, indutivo e a modelagem.
• Método dedutivo: o professor usa o método dedutivo quando dá uma explicação, apresenta
conceitos (por exemplo, as características de um gênero ou contrastes entre gêneros) e exemplifica.
É o método típico de uma explicação bem feita numa aula expositiva.
• Método indutivo: o professor usa o método indutivo quando parte de situações concretas para
levar o aluno a identificar e resolver/explicar problemas. O uso de um texto para explicar e
entender problemas gramaticais é um exemplo. A análise dos possíveis sentidos do comando de
uma questão e o uso de perguntas para discriminar entre os distratores de uma questão de múltipla
escolha é outro exemplo. Um terceiro exemplo é mostrar aos alunos como identificar pistas para
compreender o sentido de um texto em palavras-chave ou em aspectos formais do texto.
• Modelagem: o professor faz a modelagem sobretudo por meio do exemplo, ao demonstrar
o gosto pela leitura e ao fazer uso adequado da língua. O professor também faz modelagem
quando “pensa alto”, ele vai dizendo em voz alta o que está procurando ao ler um texto, o que
está observando, relacionando. Isso permite aos alunos entenderem como um bom leitor pensa
ao tentar lidar com a interpretação de um texto ou uma questão gramatical. Isso vale, de resto,
também para o ensino da Matemática.
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Manual de Orientação
Em qualquer dessas abordagens o professor deve usar estratégias que tornam o ensino ativo, tais como:
• metacognição, por meio de perguntas que levem o aluno a explicar o seu raciocínio, os passos
que vai percorrer ou a regra que se aplica a determinada situação;
• colaboração, por meio do trabalho em duplas, pequenos grupos e envolvimento de alunos para
ajudar os demais por meio de pistas, perguntas ou explicações.
•ESTRUTURA DA AULA – MATEMÁTICA
A revisão de Matemática será feita por tópico e por série. Dessa forma o aluno fará a revisão
sistemática de todo o conteúdo. Se os alunos já tiverem base e preparo, a revisão poderá ser feita mais
rapidamente.
A revisão de Matemática deve seguir o seguinte esquema:
• Aplicação do teste diagnóstico. O professor aplicará o teste no início da revisão de cada tópico.
Os alunos devem responder em folhas separadas, pois o teste será aplicado novamente ao final
da revisão.
• Correção do teste. A correção pode ser coletiva, individual, em duplas (um colega corrige o do
outro). Os resultados devem ser tabulados no quadro de giz, para que o professor e os alunos
identifiquem os aspectos nos quais têm mais dificuldade. Além disso, isso servirá para entender
o uso de tabelas e gráficos. O professor deve tabular o número de acertos para cada item, a
percentagem de acertos e a média de turma em cada teste. O professor deve recolher as folhas de
respostas dos alunos, para identificar aqueles que têm maior dificuldade.
• Aula inicial. O professor poderá usar o texto da aula inicial para começar a revisão de cada tópico.
A partir daí usará os exercícios de cada livro (2º, 3º ou 4º ano), conforme o estágio da revisão.
1. Estrutura da aula:
a) Correção do dever de casa
Os deveres devem ser feitos em casa e corrigidos em sala. Os deveres se encontram nos Cadernos de
Atividades de Matemática e deverá ser feito por escrito, na ordem prevista, ou seja, para cada tópico,
começar pelo 2o, depois 3o e em seguida 4o ano. Quando concluir, iniciar o outro tópico a partir do 2o
ano. O dever deve ser refeito no quadro de giz, o aluno chamado deve refazer o exercício, explicar o
que fez e como fez. O professor deve utilizar os acertos e erros para estimular os colegas a participarem,
ajudando com pistas, perguntas ou justificando a resposta.
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Prova Brasil
O professor também poderá utilizar outras estratégias como, por exemplo, correção em dupla (um
colega corrige o dever do outro) e no caso de erros ele é convidado a ir ao quadro explicar o erro e a
fazer a correção. O objetivo não é detectar o erro, mas refazer o processo que leva ao acerto, à explicação
correta.
b) Atividades em classe
No PB Manual do Professor encontram-se 5 aulas de introdução aos tópicos de Matemática e
exercícios adicionais que ilustram as técnicas de ensino.
Concluída a revisão do dever de casa o professor poderá:
• Explicar com mais detalhe o assunto – sobretudo se houver alunos com dificuldade de
entendimento. Para isso poderá usar tanto as informações correspondentes do MPP quanto
as explicações e exercícios apresentados nos livros do 2o, 3o e 4o anos. Para tanto o professor
deve escolher, previamente, as atividades que são mais adequadas para fazer no quadro-de-giz.
O professor deve levar em conta que as aulas de cada livro se organizam sempre a partir do
mesmo princípio: (a) entender uma situação familiar, (b) identificar a forma de representar
simbolicamente a situação e (c) abstrair progressivamente da situação particular para outras
situações. Esse princípio didático está mais detalhado no próximo item.
• Apresentar exercícios de metacognição, situações para o aluno “inventar” um problema a partir
de dados (conte uma história para 3 – 2 = ?) ou representar uma mesma situação problema
usando a reta numérica.
É importante que o professor acompanhe o progresso de cada aluno, individualmente. Os alunos
que ainda apresentarem dificuldade devem receber mais deveres para fazer em casa e, se necessário,
apoio extra, sobretudo dos colegas. A evidência mostra que o colega que explica para o outro que sabe
menos acaba aprendendo mais. Além disso, trata-se de um importante exercício de solidariedade.
2. Didática para o ensino de Matemática
O ensino de Matemática segue necessariamente 3 passos:
• Primeiro passo: sempre se parte de uma situação familiar – tipicamente uma situação problema.
Antes de resolver, o aluno precisa entender que compreendeu qual problema se coloca. Uma
das estratégias importantes é acostumar o aluno a formular o problema usando palavras,
números ou vice-versa. Para resolver o problema o aluno precisará ter automatizado as operações
fundamentais.
• Segundo passo: consiste em representar o problema usando símbolos matemáticos apropriados,
como, por exemplo, uma equação de soma ou subtração.
• T
erceiro passo: consiste na aplicação a situações parecidas e diferentes, para que o aluno chegue
à abstração daquilo que se aplica, ou não, a diferentes circunstâncias.
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Manual de Orientação
O professor deve estimular os alunos a sempre usarem estratégias de metacognição. Essas estratégias
levam o aluno a antecipar resultados de forma aproximada, identificar o tipo de modelagem ou conta
a fazer e explicitar os passos a serem seguidos. Este é um passo importante para ajudar o aluno a
entender os conceitos matemáticos de forma cada vez mais abstrata.
No ensino de Matemática, a prática espaçada de exercícios e o uso frequente de estratégias de
metacognição são tão importantes quanto resolver o problema e encontrar a solução correta.
ATENÇÃO: os deveres de casa de Língua Portuguesa e Matemática devem conter tarefas que
um aluno médio faça em cerca de 45 minutos cada (1:30h ao todo).
• TESTES E REVISÃO
Os testes usados no Programa PB são fornecidos pelo IAB.
Os testes de Matemática são aplicados duas vezes para cada tópico. Eles são aplicados no início e
no final da revisão de cada tópico, e para cada ano. Por exemplo, antes de iniciar o tópico “Números
e operações 2º ano” usa-se o teste para fazer o diagnóstico; terminada a revisão deste tópico, usa-se o
mesmo teste para avaliar e fazer a recuperação (caso seja necessária). Os testes serão aplicados da mesma
forma em todos os tópicos. Para poder reutilizar o teste, o professor deve cuidar para o aluno não
escrever nada nele, portanto, deve responder em uma folha à parte.
Em Língua Portuguesa, para cada tópico da revisão há vários testes relativos a cada um dos
conteúdos estudados. Por exemplo, dentro do tópico “Pontuação”, ao terminar o capítulo “Ponto
final, ponto de interrogação e ponto de exclamação”, aplicar o teste relativo a esse conteúdo; e assim
por diante. O teste é aplicado ao final de cada revisão.
Antes do teste o professor pode marcar um dia para rever os conteúdos e tirar dúvidas. O objetivo do
professor não é preparar para o teste, mas ensinar os alunos a reverem a matéria e entrarem confiantes
e bem preparados, sabendo que tipo de item será avaliado.
Após o teste o professor deve fazer a correção imediatamente. Na maioria dos casos isso pode ser
feito pelo próprio aluno, pelo colega ou no quadro. A correção do teste – especialmente dos erros
– deve ser feita como no dever de casa, buscando entender a origem do erro e compreender a sua
correção. Face ao resultado pode ser necessário:
oo
explicar novamente tópicos que muitos alunos erraram;
oo
promover sessões de recuperação, sobretudo utilizando colegas que sabem mais para refazer
exercícios pertinentes com os colegas que tiveram mais dificuldade.
Terminada a recuperação o professor passa para a unidade seguinte de revisão.
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Manual de Orientação - Instituto Alfa e Beto