Pi PORONGA
"JUNTOS LAVRAR A
LIBERDADE
Informativo do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Afuá - Pa.
Centra de Pastoral Vergueira
^2 5 FEV1987
V
SETO»
DE DOCUMENTAÇÃO
v7I77
\ -
/
/ / /
0 Dragão colocou-se diante da Mulher,
que estava para dar a luz,
a fim de lhe devorar o Filho,
tão logo nascesse.
Ela deu ã luz um FILHO, um homem,
que ira reger todas as nações
com vara de ferro.
Seu Filho, porém,
foi arrebatado para junto de Deus
e de seu trono.
64p. 22, ih-5)
A
I
VOI€
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N A T A L
Selir
'86
IWAL DO MENINO JESUS
MENINO POBRE. SErl CASr PARA NASCER:
MENINO DEUS.
ACOLHIDO E FESTEJADO PELOS POBRES DE SEU TEÍ^PO
MENINO FRACO.
AMEAÇADO PELOS PODEROSOS
PELO DRAGÃO OUE O QUER DEVORAR,
MENINO VENCEDOR
NA FORCA DE DEUS. HUE SALVA SEU POVO.
f!ATAL DE DEUS.
OUE A^A OS POBRES E SE TORNA UM DELES.
TORNANDO-NOS FORTES.. CONTRA OS DRAGÕES.
NATAL'NOSSO
DE QUEM ACREDITA MAIS.NOS COMPANHEIROS
DO 0UE NOS DOUTORES.
NATAL DE POBRES
OüE APOSTAM MAIS EM SUA ORGANIZAÇÃO
DO QUE m% ESTRUTURAS BOS GRANDES.
NATAL DO POVO
OUE GERA NA LUTA O MUNDO'NOVO
CONTRA TODOS OS DRAGÕES DA HISTORIA.
NATAL DO PRESÉPIO.
DA COMUNIDADE. PARA VENCER A MENTIRA
^E PAPAI MOEL, DA PROPAGANDA, DO. CAPITAL.
NATAL ^UF ACONTECE;-■
MO MEIO DOS POBRES OUE SE UNEM
'.:. ■
E FAZEÍ' BRILHAR A ESTRELA DA NOVA SOCIEDADE.
SABENDO nllE DEUS "TOF!A CONTA DO MENINO"!
FELIZ NATAL A TODOS NOS, QUE ACREDITAMOS NO MENINO POBRE E EM SUA
VITORIA CONTRA O DRAGÃO:
Comissão Pastoral da Terra - região Amapá
■PAG. 02
s
DffllOvi
lOTlCífiS^OO STR-AFUA
ENCONTROS
REGIONAIS
G STR de Afuá, cumprindo seu
prograaa de trabalho, realizou mais1
dois erxCCintros regionais, nas locali
dades de Rio Morcego e Furo dos Pagãos, rara sócios e simpatizantes do
STR. Ao todo, participaram mais
de
2C0 agricultores.
0 assunto foi a situação política do Brasil, levando em conta as
transformações trazidas pela Nova Re
pública, em vista das eleições de 15
de Novembro.
Os encontros foram assessora
dos por Sandro e Anna Maria da CPT Macapá. Como costume neste Sindicato,
a parte organizativa foi muito bem '
assumida pelos delegados das áreas e
pelos demais participantes.
0 assunto, apesar de dificil
e complicado, foi acompanhado com in
térèsse por todos, procurando entender e conhecer os atuais partidos, '
sua história e1origem e as ligações
de.cada um.
Foi feita também uma analise
dos vários candidatos e de sua histó
ria e prática política.
0 que ficou claro prá todos,
foi a necessidade de fortalecer cada
vez mais as nossas organizações e mo
vimentos, "Como instrumento de ccbran
ça constante frente aos partidos e à
atuação do governo.
• -..
I\ão podemos abrir mão do que
é nosso,, da hpssa organização, que ça
rante nossos Uí-^eitos.
' ,
XONHECER
OS
NOSSOS
DIREITOS
No mês cie Setembro foi realizado
um cursinho para Delegados e Direto
res do STR-Afuá, para estudar o que,
a Lei diz sobre o relacionamento pa
trão-fregues.
A maioria do pessoal que mora na
região das Ilhas.trabalha em regime
de parceria ou arrendamento, isto é,
em terra de outro, tendo que pagar'
renda.
O Sindicato se apercebeu também d
que as pessoas não,conhecem as leis
que regulamentam este regime de tra
balhc e assim acabam sendo explora-,
das e injustiçadas.
Por isso, durante c cussc, com a
assessoria de um advogado, foram ejs
tudades os artigos de 92 até 96 üo
Estatuto da Terra, que tratam deste
assunto.
Os Delegados acharam muito intere£
sante e pediram para aprofundar o as
sunto, para poder levá-lo ao conhecimento dos sócios.,
É mais um compromisso do STR, para ajudar os trabalhadores a tomarem consciência de seus direitos e
a se organizarem para exigir o cum
orimentp da lei.
\/An05
ESll^AR
' V N0ÍÓ03
^T
^5
DIREITO
■PAG. 03
•NOTÕCIAS DO STR-AFÜA CONT.
AS
MULHERES
DIRETORES VISITAH NOVAS ( ÁREAS
RÊÜNEH |
Mais uma vez precisamos das
os pa-
Os diretores
do STR-Afuá, atenden-
rabéns âs mulheres do STR-Afuá, ciue realiza-
do convite dos agricultores, já foram visitar
ram mais um encontro, para estudar o seguin-
a região do rio Charapucú, para falar ao pe_s
te assunto:
soai de lã sobre nossa organização e sobre p
A POLÍTICA NO BRASIL, nos últimos'
Sindicato.
Foi uma experiência interessante, pois
vinte anos.
Participaram do encontro 25 senhoras
tiveram oportunidade de conhecer novos luga-
e jovens, bem animadas e interessadas. 0 As-
res, novos costumes e até novas maneiras de
sunto foi difícil, pois ainda estamos acostü_
trabalhar e produzir na terra.
madas a pensar que política é coisa para ho-
Foram recebidos muito bem e ouvidos
mens e muitas vezes, nós ficamos de fora,mes^
com interesse. Falaram no sindicato e da ne
mo assim, valeu o esforço feito, todas sai-'
cessidade de se organizarem cara poder vi-
ram satisfeitas de entender mais as coisas e
ver melhor e resolver cs problemas.
assim acompanhar e assumir com maior consci-
um tipo de trigo, que ninguém conhecia, pa-
ência a luta do Sindicato.
A organização foi ótima: todas troi£
xeram alguma coisa para ajudar na alimenta-1
ção e custearam sua viagem até a sub-sede.
ra tentar plantar em nossas roças.
Estas visitas são importantes, pois
nos permitem conhecer mais amigos e forta-
Os homens também, merecem elogios:
assumiram a cozinha
Quando vieram de lã, trouxeram até
lecem nossa organização com a entrada de no
naqueles dias, para dei-
xarem as mulheres estudarem ã vontade e sem-
vos companhei ros,
AMIGOS 00 CHARAPUCO, obrigado pela
pre davam um jeitinho de tirar as crianças '
sua acolhida e, daqui pra frente, contamos
de perto das mães, para que não
em tê-los com a gente, para discutirmos nos_
atrapalhas_
sss problemas e melhorar-nossas vidas.
sem demais.
Foi muito bom! Esta colaboração
é
A nossa força está na nossa união,
importante, pois precisamos cada vez mais da
quantos mais formos, mais força teremos pa_
presença da mulher em nossas organizações.
ra exigir nossoa direitos!
Com alegria soubemos também que al-
1/AM05
E^TS/^R
gumas esposas de diretores estão acompanhando os maridos em suas viagens de trabalho,
'
sempre que possível.
É isso aí, companheiras, com sacrt-'
fício e esforço nós chegarem a ter nosso lugar na organização do povo!
PARABÉNS! E CONTINUEM UNIDAS E ORGANIZADAS!!
CIRCULAÇÃO
INTERNA
DO
STR -
AFUÃ - n9 4 -, SET./ DEzembro
'31
JS^-^6/j&Z
PAG. 04
/ *
^
2- parte
REStFINOQ:
Con,:inuar s nossc
estudo do PLANO NACIONAL DE REFORMA AGRARIA-PNRA.
Lembramos o que vimos ate agora: 0 PNRA é um passo atrás em relaçio ao Estatuto
d£ Terras que Já provou ser um fracasso. A preocupação principal i com a população da cidade, que não agüenta mais o numero crescente de desempregados. Precisa soltar a pressão...
Quanto ao interior, o que o PNRA prevê mesmo, e a criação e fortalecimento das
r
emp es5s agrícolas, deixando a desapropriação e distribuição de terras em segundo plano.
Neste número vamos ver o que o Pí\'RA prevê para os grandes proprietários e para'
os pequenos. '
.
GARANTIAS
DE
PROTEÇÃO PARA
0
LATIFÚNDIO
0 PNRA não é nada claro quanto as terras a serem desapropriadas, mas
diz quais não serão, com certeza, desapropriadas: AS EMPRESAS AGRÍCOLAS!
È o LATIFONDIOJ como fica? Se for improdutivo, poderá, como último
recurso, ser desapropriado, mao o Sarney garante: • / ; •,'. ., r* ^se estiver pro
çlusindo alguma coisa, independente do tamanho da área, este, não será desaproprie do, Se tiver pelo menos,, dois bois pastando, cada 100 hectares, por exemplo, não será desapropriado..,..
Isso é repetido várias vezes, para deixar bem claro que a Reforma
Agrária não é inimiga do latifúndio, muito pelo contrário!
Nãó'existe mais a desapropriação por interesse social, para beneficiar áreas de conflito, como previa o estatuto da Terra e tudo deve ser resol,
vido através da negociação e do intendimento, aplicando a desapropriação como
último recusso!
ív/AO íXlSTtli
E.aqui ficamos com muitas dúvidas:
Í.ONJ FL1 To/, .x
- como negociar com os latifundiários
que
Mflb
quiseram a terra só para especular?
- Ouanflo eles vão querer de indenização?
TEa^fis
- Quanto nós teremos que pagar para os especuladores da terra?
ca tà
- Quem marca os critérios para estabelecer se
.....i latifúndio é produtivo ou não?
O PNRA não responde a estas e outras
dúvidas e nós ficamos vendo a Reforma Aarária
se
LStando cada vez mais
C—-—<3 'esLíOíHJ>El 101)0$ 05 PO35EI/203
_>
...
____„_ pAGi 05
•ESTUDO
AS
AMEAÇAS
PARA
OS
PNRA - CONTINUA
PEQUENOS
E quanto a nós, os pequenos proprietários, o que fala o Plano?
•- Sarney garante que as pequenas propriedades não serão desapropriadas.
Mas várias vezes fala em "modificações", "transformações", "redifinição do sis
tema de posse e uso da terra", "Alternativas para o uso da terra". 0 que existe por baixo destas palavras quase incompreensíveis?
Apesar dos dados do IBGE, o governo acha que o trabalhador rural não
sabe fazer a terra produzir de maneira eficiente. No fundo, o outro objetivo
do Plano, além da fixação e fortalecimento das empresas rurais, é estimular a
organização dos pequenos agricultores em cooperativas.
Neste sentido, o Plano retoma novamente o Estatuto da Terra, com a pro
posta das Cooperativas Integrais de Reforma Agrária, as CIRÊá, que são controladas pelo Governo através do INCRA.
0 Governo daria a contribuição financeira e técnica, e fiscalizaria o
serviço destas cooperativas, com a finalidade, dizendo eles, de industrializar,
benefiaciar, preparar e padronizar a produção agro-pecuária.
Se a idéia pode até parecer interessante, a experiência nos deixa várias dúvidas, pois as CIRAs foram mais um fracasso que uma realização positiva
para os agricultores.
Ê interessante notar como, desta vez também, quando trata das associações, o Governo praticamente não fala em sindicatos e outros movimentos dos agricultores, como o "SEM TERRA". Por quê isso ?
Mais uma vez, só vale o que for, de fato, controlado politicamente, fi
nanceiramente e tecnicamente pelo Governo! As nossas prganizações, que refletem o que nós queremos, não são levadas em consideração!
Continua a prática dos tempos dos militares!!!...na NOVA República.
ELA3
pabDuZEh
o Que!
/
/
n
^faj
PAG. 06
PIOR
DO
QUE
O
ESTATUTO DA
TERRA
Todo o Plano Macionao de Reforma Agrária ê uma nova Sdição do Estatuto da Terra, elaborado pelos militares. Não só isso, é também pior.
Vejamos aonde:
para Ggricultjj:£S
- o Estatuto previa a entrega de Licença de Ocupação (IX))que poderiam usar,
sem ser os donos, uma terra pelo prazo de 4 anos. Só depois deste período
receberiam o título definitivo. C PNRA esticou este prazo para até 5 anos
Isto quer dizer que, os eventuais beneficiários da Reforma Agrária receberiam a terra, mas feriara que esperar 5 anos para ser os donos, e em 5
anos acontece cada coisa...
- Foi eléminada a desapropriação por fim social, como instrumento para solucionar os reais conflitos existentes a as áreiis de conflito não podeic
entrar como emergência dentre dei plano.
- Foi proibido desapropriar as áreas com grande presença de. arrendatários e
,,.;;.,■;, parceiros; onde de fato, seria mais fácil iazer a Seforma Agrá- Continua sem esclarecimento oficie;.! o que significa "latifúndio produtivo
or inprodutivo"i-passando a desapropriação a "último recurso", depois da '
"negociação e do intendimento"
- Não são definidas as áreas prioritárias para Reforma Agrária, como manda
o Estatuto da Terra (art.PA.}. Sem isso^ nunca se fará Reforma Agrária.
Inclusive, os planos regionais que o Governo encomendou aos estados, foram
aprovados pelo Sarney sem as áreas prioritárias. Devem ser novamente estudados I
Tem mais: as áreas prioritária? deverão ser aprovadas pelo Presidente,
que sem dúvida, será pressionado pelos que não tem interesse na realização do plano!
Por todos estes motivos as organizações dos trabalhadores não aprovam
este Plano, estão contra mesmo. Plano assim é um recuo arras dos militares,, é
O plano PARA HÃO FAZER A REFORMA AGRÁRIA!!!
1,
_EENSâ3" (estas perguntas cão para ajudar a refletir e discutir üobre o assunto. Seria importante remeter as respostas para nos)f
estamos discutindo estas questões? Se c Pl^no do Governo r.ão serve pra nós s precisantes
2.
elaborar nessas propostas, como deveria ser a Reforma Agrária para atender ãs aeceíssidadea dos trabalhadores rurais? Vamos tentar colocar isso ao papel!
Na nossa região existem latifúndios (grandes propriedads)? Quais são? A quem pertencem?
PBE.C^SAMOS
L nosso ver, são produtivos ou não? Como ficam nossas terras parto dvlea?
5íQ==ÊBQ^Ü5S===Sy8ÜQ!
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P0R
^E O PLANO DD GOVERNO É
NA PRÁTICA.
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ÍMPOSSÍVCL DE SER REALIZADO
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OUTRAS
CURSINHO
PARA
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A C
/
CONSTITUINTE
JOVENS
POPULAR
A Comissão Pastoral da Terra-
Foi realizado, no dia 28 de' Se
CPT, região do Amapá, realizou um cur
tembro último o PLANÂRIO POPULAR,'
para discutir as propostas para a
constituinte encaminhadas pelos .'
Bairros e aprovar as propostas do
sinhp para jovens do interior, nos di_
as de 24 a 28 de Novembro de 1986.
Vieram 15 jovens do interior,
sendc 4 do município de Macapá, e os
demais de Afuá. Todos eles estão liga
dos aos Sindicatos de Trabalhadores '
Território todo.
Foram mais de 100 pessoas, reu
Rurais de seu município.
O assunto do curso foi bíbli-
dade pensaram e aprovaram o que ma
is deveria ajudar o nosso Pais e o
co, estudando 0 PÃO na Bíblia, para '
ver qual é o Projeto de Deus a respei
to do Pão. No fim do curso, todos con
Território.
Agora, as propostas sarao enca
cordanos era colocar como nome:
CURSINHO "REPARTIR 0 PÃO", pois foi'
esta 3 mensagem que a Palavra de Deus
nos ensinou.
As liturgias também foram muit;
to bonitasí no fim do dia, na■hera,'das
oração, a gente celebrava a luta, a es_
perança e as vitórias do nosso povo,
pedindo ao Pai que o pão seja cada vez
mais repartido e nos comprometendo
a
Da
;or isso,
â noite, tivemos a participação do Re. João Carlos, que nos Calou
sobre Pastoral da juventude e vocacio
nal e numa outra noite, foram feitos'
slides áobrorCoustituinte,
G compromisso assumido:-: por '
nidas o dia inteiro, que com serie
ratinhadas aos Deputados eleito%, pa
ra que se comprometam era defende Ias no Congresso Nacèónal.
Não quereraos que a Nova Consti
tuição do Brasil seja uma coisa só
de gabinete.» mas que leve em conta
os anseios e a vontade popular.
Para isso, a nossa Comissão con
tinuará vigilante, acompanhando os
trabalhos do Congresso, e mantendo
o povo informado do çue vem sendo'
aprovado, cem atenção especial â a
tuação dos nossos qpatro deputados.
Comissão Pró-Pai-iicipcção
Popular na ConstiPuínte.
GURUPÁ GANHA
SÍNDICAS
Depois de muita
luta
e
organiza-
todos na hora da despedida, foi o de
levar aos demais jovens com quem con-
ção, a oposição sindical de Gurupa consol_i_
vivemos a mensagem aprendida no
do STR,.que passa aasim as r.iaos dos traba_
so, para engajá-los cada vez mais
curna
dou sua vitória elegendo a neva diretoria
Ihadores, depois que os pelegos tentaram
nossa organização.
jovens do interior, contamos'
tudo para não larga-lo.
com vocês e esperamos suas notícias e
rabéns por esta vitória! Continuem sempre
sua visita.
do lado dos lavradores, contra os grandes!
Os arrrigos da
«
Aos'companheir.QS de Surupã nossos pa_
CPT-Amapá
-PAG. 08
*
A
M
\
Dia 12 da Dezembro foi o DIA NACIONAL DE PROTESTO contra o pacote do
29 plano cruzado. Foi o dia da Greve Geral convocada pelas centrais sindica
is: CUT, CGT e USI. Só esta foi a maior vitória; pela primeira vez todas as
forças trabalhistas estiveram UNIDAS.
Forque foi convocada a GREVE GERAL?
■'• .•'■";
Vamos' ver a história do plano cruzado.
Fim dce Fevereiro o governo decretou o plano cruzado: congelou salários
e pregos das mercadorias, com o objetivo da chamada :fInflação zero".
QUEM GOSTOU?
Quem gostou deste plano foi o povo, que até que enfim via a possibili
dade real de passar a viver numa economia mais ou menos equilibrada. Conseguiu
comprar alçuma coisa a mais; o crediário ficou mais fácil e isso também ajudou.
Quem gostou também foram os pequenos empresários, pois o dinheiro dos
bancos ficou mais "barato" e permitiu ampliar a produção e aumentar a oferta
de emprego. As pequenas empresas, no começo, cresceram mesmo.
QUEM NÃO GOSTOU?
Quem não gostou mesmo foram os banqueiros, pois sem ter mais os juros
o povo deixou de investir nos bancos, que,no começo, perderam bastante lucro.
Também os grandes empresários não gostaram, assim como os grandes pe,cuaristas, que não puderam mais repassar nos preços sua sede de lucro:
■
0 QUE ACONTECEU?
AS_COISAS QUE A GENTE VÊ_E_SENTE_:_
- 0 BOICOTE: começou a faltar mercadoria e a
faltar comida , (carne , leite,, ovos, etc.)
- 0 ÁGIO: começaram a cobrar um preço por fo
ra e acima da tabela. Aos poucos.os fiscais
j-có' -^
R^S /
do Sarney ficaram decepcionados e o governo ffomeçov» a perder a confiança do povo.
Bem que o governo tentou algum expediente pa
ra mostrar que estava com o povo: vários de
legados da SUNAB foram trocados, quaso que a
culpa do ágio fosse deles.
Até chegou a confiscar 2.000 bois, a importar carne e leite do exterior, mostrando que
estava preocupado com o abastecimento, mas a
nada serviu: boicote e ágio continuaram!!!
Esta foi a prova maior que o governo não tem
força nenhuma contra os grandes, não tem con
dições de barrar os interesses deles.
■PAG. 09
AS_COISAS QUE A GENTE NÃO VÊX MAS SENTE
Outras coisas aconteceram e que nós nem sempre sabemos, mas que são importan
tes: 0 GOVERNO TEM POUCOS DÓLARES. 0 boicote dos grendes fez o Brasil exportar menos e aasim ganhar menos dólares, justamente agora que o Brasil de
ve pagar os juros da dívida externa. Estão faltando dólares!
0 GOVERNO TEM POUCOS CRUZADOS. A dívida do governo, dentro do Brasil, cora
os bancos e os grandes empresários (construtoras, montadoras de carro, etc.)/
é grande;o Governo não tem dinheiro que chegue devido aos grandes gastos
que ele faz para manter sua máquina administrativa .
Estes problemas já vinham a tempo, mas o governo escondeu muito bem para poder
ganhar as eleições de Novembro.
•
Ganhou e, uma semana depois veio o pacote do cruzado dois.
O Governo precisa urgentemente de dinheiro, ele deve muito aos grandes,
eis porque não tem força contra eles.
Para poder pagar esta dívida o governo .aumentou os preços de muita coi
sa (gasolina, cerveja, cigarros, carros, etc.) De todos estes aumentos, a gran
de parte fica com o governo
Mas isso significa aumentar a inflação! Ê claro, mas o governo quis ta
par o sol com a peneira e disse: estes aumentos não vão ser calculados. Existe
a inflação mas vamos fazer de conta que não existe! Os salários não vão aumen
tar, porque a inflação não existe.
Ê a mesma piada que contava o Delfim e que ninguém gostava!
A RESPOSTA DOS SINDICATOS FOI A GREVE GERAL:
O trabalhador não é o culpado dos problemas do plano cruzado. ELE NÃO DEVE PA
GAR PELAS FALHAS DOS OUTROS! Dívida externa, dívida interna, ágio, boieete...
não são culpa do trabalhador.
0 Governo errou mais uma vez quando disse que a GREVE era de uns:: radicais
contra o plano cruzado, como se os culpados dos desmandos fossemos nós-r
0 Governo cedeu às pressões dos grandes e teve medo de uma greve gerai.
Agora ele diz que a greve foi um fracasso. É MENTIRA!
Pela primeira vez a greve atingiu todas as capitais brasileiras e várias delas ficaram praticamente paralizadas (Fortaleza, Salvador, Goiânia, floriano
polis...)mostrando que os sindicatos melhoraram sua força de articulação.
Obrigamos o Governo a mostrar que tinha medo: Brossard, Sarney, Funaro, foram
â televisão pedir que não fizéssimos greve, pois nunca o Brasil foi tão bem.
Obrigamos o governo a pedir às televisões que não dessem espaço ãgreve e o
obrigamos a botar milhares de policiais nas ruas e até o exército. Porque
esses peliciais não foram pegar os bois que eram retidos nos pastos?
Mas sobretudo obrigamos o governo a prometer que vai sentar na mesa com os
sindicatos, que vai rever o índice da inflação e que vai reajustar os salários. Era tudo o que queríamos e o alcançamos.
Plano nenhum vai dar certo no Brasil se não for discutido e decidido juntos
com os trabalhadores. Só nós podemos contra os grandes. 0 Governo, Não!
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