Exercícios de Aprofundamento – Gramática – Complemento Nominal, Aposto e
Vocativo
1. (G1 - cps 2015) Comida é o nome de uma das músicas dos Titãs. Leia um fragmento dela.
“A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte” (...)
(Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto) (http://tinyurl.com/lwl3v2c Acesso em:
31.07.2014. Adaptado)
Podemos afirmar que os termos “comida, diversão e arte”, nesse trecho, exercem
sintaticamente a função de
a) complemento nominal.
b) sujeito composto.
c) objeto indireto.
d) objeto direto.
e) aposto.
2. (Insper 2014)
Os pais já perceberam e reclamam. Os especialistas em comportamento listam vários motivos
para o fenômeno – desde falta de autoestima até gosto por novidades. Mas agora é a vez de
os próprios jovens admitirem: "Somos consumistas mesmo!".
Para economizar sem abdicar das compras, a estudante carioca Camila Florez, 18, chegou a
trabalhar, por alguns meses, em uma loja de um shopping no Rio de Janeiro, onde podia
comprar modelos com desconto.
O guarda-roupa cheio motivou Camila e a amiga Roberta Moulin, 18, a criarem o blog
"Reciclando Moda", onde vendem peças que compraram e nunca foram usadas. "Já vendemos
muita coisa", comemora Camila, que gasta parte do dinheiro recebido em... roupas.
(Folha de S. Paulo, 27/07/2008)
Partindo do pressuposto de que a pontuação exerce importante papel na construção de textos
escritos, indique a alternativa que apresenta uma explicação correta sobre o emprego dos
sinais de pontuação do excerto acima.
a) No primeiro parágrafo, o travessão tem a finalidade de introduzir uma explicação e poderia
ser substituído, sem alteração de sentido, por ponto-e-vírgula.
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b) Ao longo do texto, as aspas foram empregadas, em suas três ocorrências, com a finalidade
de demarcar a presença do discurso direto.
c) Na passagem “(...) sem abdicar das compras, (...)”, a vírgula foi empregada para separar
elementos enumerados que exercem a mesma função sintática.
d) Em “(...), por alguns meses, (...)”, no segundo parágrafo, as vírgulas são necessárias para
separar o aposto da expressão a que se refere: “chegou a trabalhar”.
e) No último período, as reticências foram utilizadas como um recurso retórico para obter efeito
de suspense.
3. (Espcex (Aman) 2014) A oração que apresenta complemento nominal é:
a) O povo necessita de alimentos.
b) Caminhar a pé lhe era saudável.
c) O cigarro prejudica o organismo.
d) O castelo estava cercado de inimigos.
e) As terras foram desapropriadas pelo governo.
4. (Espcex (Aman) 2014) No fragmento: A designação gótico, na literatura, associa-se ao
universo cadente..., a expressão na literatura está separada por vírgulas porque se trata de
um(a)
a) adjunto adverbial deslocado.
b) aposto do termo gótico.
c) vocativo no meio da oração.
d) adjunto adverbial de assunto.
e) complemento pleonástico.
5. (Insper 2013) O poder da vírgula
Numa prova de português do ensino fundamental, ante a pergunta sobre qual era a função do
apóstrofo, um aluno respondeu: "Apóstrofos são os amigos de Jesus, que se juntaram naquela
jantinha que o Leonardo fotografou".
A frase, além de alertar sobre os avanços que precisamos na excelência da educação, é
didática quanto aos cuidados no uso da língua portuguesa, preciosidade que herdamos dos
lusos, do galego e do latim.
O erro gritante que o aluno cometeu ao confundir dois termos com sonoridade parecida foi
agravado com a colocação da vírgula depois de "amigos de Jesus".
(Josué Gomes da Silva, Folha de S. Paulo, 02/09/2012)
A respeito da falha de pontuação cometida pelo aluno, é correto afirmar que o emprego da
vírgula
a) revela o caráter restritivo da expressão antecedente, indicando uma pausa desnecessária.
b) permite subentender que os apóstolos mencionados não eram os verdadeiros amigos de
Jesus.
c) produz uma informação incoerente, pois indica que os apóstolos eram os únicos amigos de
Jesus.
d) expressa desrespeito à figura religiosa, pois o aposto está associado a necessidades
mundanas.
e) provoca uma ambiguidade, pois o pronome relativo pode se referir a “amigos” ou “Jesus”.
6. (Enem 2013) Jogar limpo
Argumentar não é ganhar uma discussão a qualquer preço. Convencer alguém de algo
é, antes de tudo, uma alternativa à prática de ganhar uma questão no grito ou na violência
física — ou não física. Não física, dois-pontos. Um político que mente descaradamente pode
cativar eleitores. Uma publicidade que joga baixo pode constranger multidões a consumir um
produto danoso ao ambiente. Há manipulações psicológicas não só na religião. E é comum
pessoas agirem emocionalmente, porque vítimas de ardilosa — e cangoteira — sedução.
Embora a eficácia a todo preço não seja argumentar, tampouco se trata de admitir só verdades
científicas — formar opinião apenas depois de ver a demonstração e as evidências, como a
ciência faz. Argumentar é matéria da vida cotidiana, uma forma de retórica, mas é um
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Vocativo
raciocínio que tenta convencer sem se tornar mero cálculo manipulativo, e pode ser rigoroso
sem ser científico.
Língua Portuguesa, São Paulo, ano 5, n. 66, abr. 2011 (adaptado).
No fragmento, opta-se por uma construção linguística bastante diferente em relação aos
padrões normalmente empregados na escrita. Trata-se da frase “Não física, dois-pontos”.
Nesse contexto, a escolha por se representar por extenso o sinal de pontuação que deveria ser
utilizado
a) enfatiza a metáfora de que o autor se vale para desenvolver seu ponto de vista sobre a arte
de argumentar.
b) diz respeito a um recurso de metalinguagem, evidenciando as relações e as estruturas
presentes no enunciado.
c) é um recurso estilístico que promove satisfatoriamente a sequenciação de ideias,
introduzindo apostos exemplificativos.
d) ilustra a flexibilidade na estruturação do gênero textual, a qual se concretiza no emprego da
linguagem conotativa.
e) prejudica a sequência do texto, provocando estranheza no leitor ao não desenvolver
explicitamente o raciocínio a partir de argumentos.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
No português, encontramos variedades históricas, tais como a representada na cantiga
trovadoresca de João Garcia de Guilhade, ilustrada a seguir.
Non chegou, madre, o meu amigo,
e oje est o prazo saido!
Ai, madre, moiro d’amor!
Non chegou, madre, o meu amado,
e oje est o prazo passado!
Ai, madre, moiro d’amor!
E oje est o prazo saido!
Por que mentiu o desmentido?
Ai, madre, moiro d’amor!
E oje, est o prazo passado!
Por que mentiu o perjurado?
Ai, madre, moiro d’amor!
7. (G1 - ifsp 2013) No verso – Ai, madre, moiro d’amor! – a função sintática do termo madre é
a seguinte:
a) sujeito.
b) objeto direto.
c) adjunto adnominal.
d) vocativo.
e) aposto.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A(s) questão(ões) a seguir toma(m) por base uma passagem de um livro de José Ribeiro sobre
o folclore nacional.
Curupira
Na teogonia* tupi, o anhangá, gênio andante, espírito andejo ou vagabundo, destinavase a proteger a caça do campo. Era imaginado, segundo a tradição colhida pelo Dr. Couto de
Magalhães, sob a figura de um veado branco, com olhos de fogo.
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Vocativo
Todo aquele que perseguisse um animal que estivesse amamentando corria o risco de
ver Anhangá e a visão determinava logo a febre e, às vezes, a loucura. O caapora é o mesmo
tipo mítico encontrado nas regiões central e meridional e aí representado por um homem
enorme coberto de pelos negros por todo o rosto e por todo o corpo, ao qual se confiou a
proteção da caça do mato. Tristonho e taciturno, anda sempre montado em um porco de
grandes dimensões, dando de quando em vez um grito para impelir a vara. Quem o encontra
adquire logo a certeza de ficar infeliz e de ser mal sucedido em tudo que intentar. Dele se
originaram as expressões portuguesas caipora e caiporismo, como sinônimo de má sorte,
infelicidade, desdita nos negócios. Bilac assim o descreve: “Companheiro do curupira, ou sua
duplicata, é o Caapora, ora gigante, ora anão, montado num caititu, e cavalgando à frente de
varas de porcos do mato, fumando cachimbo ou cigarro, pedindo fogo aos viajores; à frente
dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho”.
Ambos representam um só mito com diferente configuração e a mesma identidade com
o curupira e o jurupari, numes que guardam a floresta. Todos convergem mais ou menos para
o mesmo fim, sendo que o curupira é representado na região setentrional por um “pequeno
tapuio” com os pés voltados para trás e sem os orifícios necessários para as secreções
indispensáveis à vida, pelo que a gente do Pará diz que ele é músico. O Curupira ou Currupira,
como é chamado no sul, aliás erroneamente, figura em uma infinidade de lendas tanto no norte
como no sul do Brasil. No Pará, quando se viaja pelos rios e se ouve alguma pancada
longínqua no meio dos bosques, “os romeiros dizem que é o Curupira que está batendo nas
sapupemas, a ver se as árvores estão suficientemente fortes para sofrerem a ação de alguma
tempestade que está próxima. A função do Curupira é proteger as florestas. Todo aquele que
derriba, ou por qualquer modo estraga inutilmente as árvores, é punido por ele com a pena de
errar tempos imensos pelos bosques, sem poder atinar com o caminho de casa, ou meio algum
de chegar até os seus”. Como se vê, qualquer desses tipos é a manifestação de um só mito em
regiões e circunstâncias diferentes.
(O Brasil no folclore, 1970.)
(*) Teogonia, s.f.: 1. Filos. Doutrina mística relativa ao nascimento dos deuses, e que
frequentemente se relaciona com a formação do mundo. 2.Conjunto de divindades cujo culto
forma o sistema religioso dum povo politeísta. (Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI).
8. (Unesp 2013) [...] à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho.
Eliminando-se o aposto, a frase em destaque apresentará, de acordo com a norma-padrão, a
seguinte forma:
a) à frente voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho.
b) à frente dele voam os vaga-lumes batedores, alumiando o caminho.
c) à frente dele voam seus batedores, alumiando o caminho.
d) à frente dele voam os vaga-lumes, alumiando o caminho.
e) à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando.
9. (Enem PPL 2012) Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que
não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E,
porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir todas as cortinas. E, porque não abre
as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma,
esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
COLASANTI, M. Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro, Rocco, 1996.
A progressão é garantida nos textos por determinados recursos linguísticos, e pela conexão
entre esses recursos e as ideias que eles expressam. Na crônica, a continuidade textual é
construída, predominantemente, por meio
a) do emprego de vocabulário rebuscado, possibilitando a elegância do raciocínio.
b) da repetição de estruturas, garantindo o paralelismo sintático e de ideias.
c) da apresentação de argumentos lógicos, constituindo blocos textuais independentes.
d) da ordenação de orações justapostas, dispondo as informações de modo paralelo.
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e) da estruturação de frases ambíguas, construindo efeitos de sentido apostos.
10. (Insper 2012) Ah, Scarlett, mulher sinestesia, seu nome tem o som da cor dos seus lábios:
Scarlett, scarlet, escarlate.
(Álvaro Pereira Júnior, em referência à atriz Scarlett Johansson. Folha de São Paulo,
17/09/2011)
O que melhor explica o aposto “mulher sinestesia” atribuído à atriz é o(a)
a) jogo de palavras com apelo sonoro ao final do período.
b) enumeração ascendente que intensifica a ideia relacionada à cor vermelha.
c) junção de planos sensoriais diferentes numa só impressão.
d) modo exagerado e dramático como o autor se refere à beleza da atriz.
e) personificação dos lábios da mulher, atribuindo-lhe vida própria.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Ele se encontrava sobre a estreita marquise do 18º andar. Tinha pulado ali a fim de limpar pelo
lado externo as vidraças das salas vazias do conjunto 1801/5, a serem ocupadas em breve por
uma firma de engenharia. Ele era um empregado recém-contratado da Panamericana –
Serviços Gerais. O fato de haver se sentado à beira da marquise, com as pernas balançando
no espaço, se devera simplesmente a uma pausa para fumar a metade de cigarro que trouxera
no bolso. Ele não queria dispensar este prazer, misturando-o com o trabalho.
Quando viu o ajuntamento de pessoas lá embaixo, apontando mais ou menos em sua direção,
não lhe passou pela cabeça que pudesse ser ele o centro das atenções. Não estava habituado
a ser este centro e olhou para baixo e para cima e até para trás, a janela às suas costas.
Talvez pudesse haver um princípio de incêndio ou algum andaime em perigo ou alguém
prestes a pular. Não havia nada identificável à vista e ele, através de operações bastante
lógicas, chegou à conclusão de que o único suicida em potencial era ele próprio. Não que já
houvesse se cristalizado em sua mente, algum dia, tal desejo, embora como todo mundo, de
vez em quando... E digamos que a pouca importância que dava a si próprio não permitia que
aflorasse seriamente em seu campo de decisões a possibilidade de um gesto tão
grandiloquente. E que o instinto cego de sobrevivência levava uma vantagem de uns quarenta
por cento sobre seu instinto de morte, tanto é que ele viera levando a vida até aquele preciso
momento sob as mais adversas condições.
In: MORICONI, Ítalo (org.). Os cem melhores contos brasileiros do século. R. Janeiro: Objetiva,
2000.
11. (Insper 2012) Em “... não lhe passou pela cabeça que pudesse ser ele o centro das
atenções”, os pronomes pessoais destacados exercem, respectivamente, a função sintática de
a) objeto indireto, sujeito.
b) complemento nominal, objeto direto.
c) adjunto adnominal, sujeito.
d) objeto indireto, predicativo do objeto.
e) adjunto adnominal, predicativo do sujeito.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
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E também vai amiúde
Co’os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
(Chico Buarque. Geni e o zepelim.)
12. (Unifesp 2011) Indique a alternativa que apresenta a função sintática do verso De tudo que
é nego torto.
a) Adjunto adverbial de modo.
b) Objeto indireto.
c) Predicativo do sujeito.
d) Adjunto adnominal.
e) Complemento nominal.
13. (Enem 2010) Negrinha
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de
cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos
escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa
não gostava de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com
lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma
cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando
audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma – “dama de grandes virtudes
apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva.
[...]
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão,
fora senhora de escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o
bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo – essa indecência de negro igual.
LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento).
A narrativa focaliza um momento histórico-social de valores contraditórios. Essa contradição
infere-se, no contexto, pela
a) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada com as amigas.
b) receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante para com as beatas.
c) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as crianças.
d) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no final do texto.
e) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com castigos.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Pensar em nada
A maravilha da corrida: basta colocar um pé na frente do outro.
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Vocativo
Assim como numa família de atletas um garoto deve encontrar certa resistência ao
começar a fumar, fui motivo de piada entre alguns parentes – quase todos intelectuais –
quando souberam que eu estava correndo. “O esporte é bom pra gente”, disse minha avó, num
almoço de domingo. “Fortalece o corpo e emburrece a mente.”
Hoje, dez anos depois daquele almoço, tenho certeza de que ela estava certa. O
esporte emburrece a mente e o mais emburrecedor de todos os esportes inventados pelo
homem é, sem sombra de dúvida, a corrida – por isso que eu gosto tanto.
Antes que o primeiro corredor indignado atire um tênis em minha direção (número 42,
pisada pronada, por favor), explicome. É claro que o esporte é fundamental em nossa
formação. Não entendo lhufas de pedagogia ou pediatria, mas imagino que jogos e exercícios
ajudem a formar a coordenação motora, a percepção espacial, a lógica e os reflexos e ainda
tragam mais outras tantas benesses ao conjunto psico-moto-neuro-blá-blá-blá. Quando falo em
emburrecer, refiro-me ao delicioso momento do exercício, àquela hora em que você se
esquece da infiltração no teto do banheiro, do enrosco na planilha do Almeidinha, da extração
do siso na próxima semana, do pé na bunda que levou da Marilu, do frio que entra pela fresta
da janela e do aquecimento global que pode acabar com tudo de uma vez. Você começa a
correr e, naqueles 30, 40, 90 ou 180 minutos, todo esse fantástico computador que é o nosso
cérebro, capaz de levar o homem à Lua, compor músicas e dividir um átomo, volta-se para uma
única e simplíssima função: perna esquerda, perna direita, perna esquerda, perna direita,
inspira, expira, inspira, expira, um, dois, um, dois.
A consciência é, de certa forma, um tormento. Penso, logo existo. Existo, logo me
incomodo. A gravidade nos pesa sobre os ombros. Os anos agarram-se à nossa pele. A morte
nos espreita adiante e quando uma voz feminina e desconhecida surge em nosso celular, não
costuma ser a última da capa da Playboy, perguntando se temos programa para sábado, mas a
mocinha do cartão de crédito avisando que a conta do cartão “encontra-se em aberto há 14
dias” e querendo saber se “há previsão de pagamento”.
Quando estamos correndo, não há previsão de pagamento. Não há previsão de nada
porque passado e futuro foram anulados. Somos uma simples máquina presa ao presente.
Somos reduzidos à biologia. Uma válvula bombando no meio do peito, uns músculos
contraindo-se e expandindo-se nas pernas, um ou outro neurônio atento aos carros, buracos e
cocôs de cachorro.
Poder, glória, dinheiro, mulheres, as tragédias gregas, tá bom, podem ser coisas boas,
mas naquele momento nada disso interessa: eis-nos ali, mamíferos adultos, saudáveis,
movimentando- nos sobre a Terra, e é só.
(Antonio Prata. Pensar em nada. Runner’s World, n.° 7, São Paulo: Editora Abril, maio/2009.)
14. (Unesp 2010) O esporte é bom pra gente, fortalece o corpo e emburrece A MENTE. –
Antes que o primeiro corredor indignado atire UM TÊNIS em minha direção (...) – Quando
estamos correndo, não há PREVISÃO DE PAGAMENTO.
Os termos grafados com letras maiúsculas nas passagens acima, extraídas do texto
apresentado, identificam-se pelo fato de exercerem a mesma função sintática nas orações de
que fazem parte. Indique essa função:
a) Sujeito.
b) Predicativo do sujeito.
c) Predicativo do objeto.
d) Objeto direto.
e) Complemento nominal.
15. (Enem cancelado 2009) Texto 1
No meio do caminho
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No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra [...]
ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2000.
(fragmento)
Texto 2
A comparação entre os recursos expressivos que constituem os dois textos revela que
a) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser vulgarizado por histórias em
quadrinho.
b) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas linguísticas o tornam uma réplica
do texto 1.
c) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes, caracteriza-os como pertencentes
ao mesmo gênero.
d) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados
com finalidades distintas.
e) as linguagens que constroem significados nos dois textos permitem classificá-los como
pertencentes ao mesmo gênero.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
MEU CARO DEPUTADO
O senhor nem pode imaginar o quanto eu e a minha família ficamos agradecidos. A
gente imaginava que o senhor nem ia se lembrar de nós, quando saiu a nomeação do Otavinho
meu filho. Ele agora está se sentindo outro. Só fala no senhor, diz que na próxima campanha
vai trabalhar ainda mais para o senhor. No primeiro dia de serviço ele queria ir na repartição
com a camiseta da campanha mas eu não deixei, não ia ficar bem, apesar que eu acho que o
Otavinho tem muita capacidade e merecia o emprego. Pode mandar puxar por ele que ele dá
conta, é trabalhador, responsável, dedicado, a educação que ele recebeu de mim e da mãe foi
sempre no caminho do bem.
Faço questão que na próxima eleição o senhor mande mais material que eu procuro
todos os amigos e os conhecidos. O Brasil precisa de gente como o senhor, homens de
reputação despojada, com quem a gente pode contar. Meu vizinho Otacílio, a mulher, os
parentes todos também votaram no senhor. Ele tem vergonha, mas eu peço por ele, que ele
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Exercícios de Aprofundamento – Gramática – Complemento Nominal, Aposto e
Vocativo
merece: ele tem uma sobrinha, Maria Lúcia Capistrano do Amara, que é professora em Capão
da Serra e é muito adoentada, mas o serviço de saúde não quer dar aposentadoria. Posso lhe
garantir que a moça está mesmo sem condições, passa a maior parte do tempo com dores no
peito e na coluna que nenhum médico sabe o que é. Eu disse que ia falar com o senhor, meu
caro deputado, não prometi nada, mas o Otavinho e a mulher tem esperanças que o senhor vai
dar um jeitinho. É gente muito boa e amiga, o senhor não vai se arrepender.
Mais uma vez obrigado por tudo, Deus lhe pague. O Otavinho manda um abraço para o
senhor. Aqui vai o nosso abraço também. O senhor pode contar sempre com a gente.
Miroel Ferreira (Miré)
16. (Puccamp 1995) Em relação à frase "O Brasil precisa de gente como o senhor, homens de
reputação despojada, com quem a gente pode contar", a única afirmação correta é:
a) A expressão "homens de reputação despojada" funciona como aposto de um sujeito.
b) As duas ocorrências de GENTE referem-se ao mesmo segmento humano.
c) O termo BRASIL é equivalente a TERRITÓRIO NACIONAL.
d) A regência do verbo CONTAR não foi respeitada.
e) O adjetivo DESPOJADA está empregado inadequadamente.
17. (Puccamp 1995) Como ocorre nos textos das cartas em geral, é muito atuante na
linguagem desta
a) a função emotiva, de que é um bom exemplo a frase "o serviço de saúde não quer dar
aposentadoria".
b) a função conativa, em expressões como "o senhor não vai se arrepender".
c) a exploração de frases argumentativas, como "eu disse que ia falar com o senhor".
d) o discurso indireto, como em "eu acho que Otavinho tem muita capacidade".
e) o emprego de vocativos, como na frase "ele tem uma sobrinha, Maria Lúcia Capistrano do
Amaral, que é professora".
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
LEITO DE FOLHAS VERDES
Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.
E sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores.
Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.
Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!
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A flor que desabrocha ao romper d'alva
Um só giro do sol, não mais, vegeta:
Eu sou aquela flor que espero ainda
Doce raio do sol que me dê vida.
Sejam vales ou montes, lago ou terra,
Onde quer que tu vás, ou dia ou noite,
Vai seguindo após ti meu pensamento;
Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!
Meus olhos outros olhos nunca viram,
Não sentiram meus lábios outros lábios,
Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
A arazóia na cinta me apertaram.
Do tamarindo a flor jaz entreaberta,
Já solta o bogari mais doce aroma;
Também meu coração, como estas flores,
Melhor perfume ao pé da noite exala!
Não me escutas, Jatir! Nem tardo acodes
À voz do meu amor, que em vão te chama!
Tupã! Lá rompe o sol! Do leito inútil
A brisa da manhã sacuda as folhas!
(DIAS, Gonçalves. OBRAS POÉTICAS, II, p.17)
VOCABULÁRIO
arazóia - variante de araçóia, saiote de penas usado pelas mulheres indígenas.
bogari - arbusto, trepador, cultivado em jardins, que apresenta flores alvas, de perfume
penetrante.
tapiz - tapete.
viração - vento brando e fresco, aragem, brisa.
APELO
Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a
verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi
ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de
relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos
poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa
era um corredor deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora,
fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua
presença e todas as aflições do dia, como a última luz na varanda.
E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada - o meu
jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? As suas violetas, na janela, não lhes poupei
água e elas murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o sacarolhas? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas
mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.
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Exercícios de Aprofundamento – Gramática – Complemento Nominal, Aposto e
Vocativo
(TREVISAN, Dalton. "II - Os Mistérios de Curitiba", In OS DESASTRES DO AMOR - Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira, 1968)
18. (Unesp 1990) a) Articulado o sentido de ausência, manifesta-se, no texto de Gonçalves
Dias e no de Dalton Trevisan, o sentimento amoroso. Porém, isso se constrói sob perspectivas,
ou pontos de vista, distintas em cada texto. Qual o aspecto básico dessa diferença?
b) O imperativo e o vocativo são utilizados no final do texto "Apelo" e no final de "Leito de
Folhas Verdes". Entretanto, a ação sugerida por esses recursos em cada um dos textos é
diferente. Explique essa diferença.
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Exercícios de Aprofundamento – Gramática – Complemento Nominal, Aposto e
Vocativo
Gabarito:
Resposta da questão 1:
[D]
A gente quer (VTD) comida, diversão e arte (OD).
Resposta da questão 2:
[E]
[A] O travessão especifica os “vários motivos”, e o uso do ponto-e-vírgula interferiria na coesão
da frase.
[B] O segundo uso das aspas ("Reciclando Moda") indica o nome do site.
[C] A vírgula foi empregada pois a ordem direta do período está invertida: o período é iniciado
pela Oração Subordinada Adverbial Final Reduzida de Infinitivo.
[D] As vírgulas separam o Adjunto Adverbial de Tempo.
[E] Correta, pois as reticências indicam a intenção do autor em prender a atenção do leitor em
clima de suspense.
Resposta da questão 3:
[B]
No período “Caminhar a pé lhe era saudável”, o pronome “lhe” complementa o predicativo do
sujeito, o adjetivo “saudável”.
Resposta da questão 4:
[A]
Nesse fragmento, “na literatura” é adjunto adverbial, e os adjuntos adverbiais, quando são
antepostos ou intercalados, devem ser separados por vírgula.
Resposta da questão 5:
[C]
A colocação da vírgula antes do pronome relativo “que” transformou o que deveria ser uma
oração adjetiva restritiva em adjetiva explicativa, gerando uma informação incoerente ao admitir
que os apóstolos eram os únicos amigos de Jesus, como se afirma em [C].
Resposta da questão 6:
[C]
Na transcrição por extenso do sinal de pontuação está configurada a função metalinguística da
linguagem, o que tornaria válida a alternativa [B]. No entanto, a alternativa [C] também está
correta, pois a transcrição dos dois pontos por extenso enfatiza as afirmações que são
apresentadas imediatamente depois (função de aposto) para exemplificar que a violência não é
física e sim emocional. “Um político que mente descaradamente pode cativar eleitores. Uma
publicidade que joga baixo pode constranger multidões a consumir um produto danoso ao
ambiente.”
Resposta Oficial: [C]
Resposta da questão 7:
[D]
Trata-se do vocativo, termo que não possui relação sintática com outra expressão da oração e
é usado para chamar ou interpelar o interlocutor, real ou imaginário. É correta a opção [D].
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Vocativo
Resposta da questão 8:
[D]
A expressão “seus batedores” exerce função sintática de aposto na oração. Assim, ao eliminálo, a frase correta seria “à frente dele voam os vaga-lumes, alumiando o caminho”, como se
observa na alternativa [D].
Resposta da questão 9:
[B]
A progressão textual é o processo pelo qual o texto se constrói com a introdução de informação
nova, ligada à informação que já é do conhecimento do leitor ou que lhe é fornecida no próprio
texto. Na crônica de Marina Colasanti, essa continuidade é conseguida através da repetição de
orações coordenadas sindéticas aditivas iniciadas que acrescentam uma nova justificativa às
ideias expostas no último segmento. Ou seja, a repetição das conjunções “e” e “porque”
garantem o paralelismo sintático e de ideias. Assim, é correta a alternativa [B].
Resposta da questão 10:
[C]
Dá-se o nome de sinestesia à associação de natureza psicológica de sensações de caráter
distinto. Na frase “ Ah, Scarlett, mulher sinestesia, seu nome tem o som da cor dos seus lábios:
Scarlett, scarlet, escarlate”, a sonoridade do nome da atriz gera também a sensação de cor
“escarlate”, vermelha,ou seja, estabelece-se uma junção de planos sensoriais diferentes numa
só impressão, como se afirma em [C].
Resposta da questão 11:
[C]
No contexto, o pronome oblíquo “lhe” apresenta valor possessivo, exercendo função sintática
de adjunto adnominal. O pronome pessoal “ele” é sujeito da oração subordinada substantiva
subjetiva “que pudesse ser ele o centro das atenções”.
Resposta da questão 12:
[E]
O excerto faz parte do período “De tudo que é nego torto/Do mangue e do cais do porto/Ela já
foi namorada” a que corresponderia, na ordem direta: ela já foi namorada de tudo que é nego
torto do mangue e do cais do porto. Assim, “De tudo que é nego torto” é complemento do
substantivo “namorada”, regido de preposição, portanto, complemento nominal, como se
enuncia em [E].
Resposta da questão 13:
[D]
Monteiro Lobato, autor inserido no período pré-modernista, apresenta a personagem “Patroa”
como uma mulher “amimada” pelos padres, com “camarote de luxo reservado no céu”, referida
pelos padres como uma “dama de grandes e virtudes apostólicas”. Percebe-se a ironia do
narrador (não do padre, como refere a opção d)) quando a apresenta como uma mulher
maldosa e racista, pois gostava de “judiar de crianças” e nunca aceitara a liberdade dos
negros.
Resposta da questão 14:
[D]
Os termos grafados no texto completam verbos transitivos diretos (emburrecer e atirar), logo
são objetos diretos.
Resposta da questão 15:
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Vocativo
[D]
As alternativas versam sobre o gênero literário. O texto 1 pertence ao gênero lírico –
faz uma reflexão sobre a constância dos obstáculos encontrados ao longo da vida, a partir da
repetição da palavra pedra e da repetição da estrutura. Há a presença do quiasmo – figura de
estilo pela qual se repetem palavras invertendo - se – lhe a ordem; conversão: “No meio do
caminho tinha uma pedra / Tinha uma pedra no meio do caminho...”
Já o texto 2 é um cartoon (história em quadrinhos) que retoma o poema de Drummond,
realizando a intertextualidade (diálogo entre textos).
Resposta da questão 16:
[E]
Resposta da questão 17:
[B]
Resposta da questão 18:
a) No poema de Gonçalves Dias a perspectiva é feminina e no texto de Trevisan, masculina.
b) No poema o eu lírico pede a Tupã que apague os vestígios da espera vã. Em "Apelo" pedese o retorno da ausente diretamente a ela.
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