UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
SHAYENNE FIGUEIREDO DE SOUZA OLIVEIRA
PERFUMES COMO UMA PROPOSTA TEMÁTICA PARA A
CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
VIÇOSA - MINAS GERAIS
2015
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
SHAYENNE FIGUEIREDO DE SOUZA OLIVEIRA
PERFUMES COMO UMA PROPOSTA TEMÁTICA PARA A
CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
Monografia apresentada ao Departamento de
Química da Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências para a conclusão do
Curso de Licenciatura em Química.
ORIENTADORA: Profa. Regina Simplício
Carvalho
VIÇOSA – MINAS GERAIS
2015
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
SHAYENNE FIGUEIREDO DE SOUZA OLIVEIRA
PERFUMES COMO UMA PROPOSTA TEMÁTICA PARA A
CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
Aprovada em 03/07/2015
__________________________________
Profa. Regina Simplício Carvalho
Departamento de Química-UFV
Orientadora do trabalho
__________________________________
Prof. Vinícius Catão Assis Souza
Departamento de Química-UFV
Coordenador da disciplina
__________________________________
Profa. Renata Pereira Lopes Moreira
Departamento de Química-UFV
Membro da Banca Avaliadora
_________________________________
Prof. Efraim Lázaro Reis
Departamento de Química-UFV
Membro da Banca Avaliadora
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que é digno de toda honra e glória.
Aos meus pais, Wilson e Rosane, e ao meu irmão Arthur, pelo imenso apoio, força, e
amor incondicionais.
Ao meu esposo Vicente, pelo carinho, compreensão, e por estar ao meu lado em todos
os momentos.
As minhas amigas Gabriela e Aline pelo companheirismo e amizade.
A professora Regina Simplício Carvalho pela orientação e incentivo.
Ao professor Vinícius Catão Assis Souza, pelos ensinamentos e contribuições
oferecidos.
Aos professores, Efraim Lázaro Reis e Renata P. L. Moreira, que prontamente aceitaram
contribuir com o meu trabalho participando da banca de avaliação.
Ao professor Túlio Gomes de Oliveira, e aos alunos que participaram do meu trabalho.
4
“Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os
sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não
se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça
prioridades e corra riscos para executar seus sonhos.
Melhor é errar por tentar do que errar por se omitir”
Augusto Cury
“Combati o bom combate, completei a carreira,
guardei a fé”. 2 Timóteo 4;7.
5
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................8
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................9
2.1 Uma breve discussão sobre o ensino de Química: perspectivas e desafios.........9
2.2 O papel das atividades experimentais no ensino de Química.............................12
2.3 O perfume como um tema gerador para o ensino de Química..........................14
3 OBJETIVOS..............................................................................................................15
3.1 Objetivo geral..........................................................................................................15
3.2 Objetivos específicos...............................................................................................15
4 METODOLOGIA......................................................................................................16
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................17
6 CONCLUSÃO............................................................................................................27
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 28
ANEXOS.........................................................................................................................30
6
RESUMO
OLIVEIRA, Shayenne Figueiredo de Souza. Perfumes como uma proposta temática
para a contextualização no ensino de Química. Monografia de conclusão de Curso de
Licenciatura em Química. Universidade Federal de Viçosa, Julho 2015. Orientadora:
Profa. Regina Simplício Carvalho.
O presente trabalho tem como objetivo desenvolver uma atividade experimental
contextualizada, através da temática “perfume”, possibilitando aos estudantes uma
construção de conceitos de Química mais adequada, buscando desenvolver a capacidade
de associar a teoria com a prática. A partir desse tema gerador procuramos apresentar
aos estudantes, o quanto a Química está presente no nosso cotidiano. A pesquisa foi
realizada em uma Escola Estadual, localizada na cidade de Viçosa, Minas Gerais, com
26 alunos do 3º ano do Ensino Médio. O trabalho tem uma abordagem qualitativa, e a
coleta de dados se deu através de questionários e observação. Percebeu-se que a maioria
dos alunos tinha dificuldade em relacionar a teoria ensinada pelo professor com o
cotidiano, e após a atividade realizada, verificaram-se resultados favoráveis e foi
possível constatar que a aprendizagem dos alunos tornou-se mais significativa. A
atividade possibilitou aos alunos compreenderem melhor, principalmente, os conteúdos
de solubilidade, volatilidade, interações intermoleculares, e funções orgânicas. Esperase que os resultados deste trabalho possam favorecer a reflexão dos docentes sobre a
importância de diversificarem as aulas, bem como a importância do papel do professor
nas aulas para a mediação da construção dos conceitos científicos pelos alunos, e
também para à formação dos alunos como cidadãos críticos e participativos na
sociedade.
Palavras-chave: Contextualização, Experimentação, Perfumes.
7
1
INTRODUÇÃO
Uma das principais dificuldades dos alunos na aprendizagem da Química está em
relacionar o conhecimento adquirido em sala de aula e sua interação com o cotidiano.
Isso porque muitos professores não diversificam ou contextualizam suas aulas, por não
disporem de materiais didáticos com experimentos ou laboratórios adequados. Diante
dos métodos tradicionais de transmissão do conteúdo, os alunos memorizam os
conceitos e não conseguem relacioná-los com o cotidiano.
O papel do professor é buscar diferentes metodologias para despertar o interesse
dos alunos em aprender os conteúdos de Química, desenvolvendo atividades que
estimulem a evolução de seus conhecimentos prévios, e para que eles elaborem suas
ideias de forma mais significativa.
Sendo assim, as atividades experimentais é uma das formas de contextualizar os
conteúdos, propiciando aos alunos uma melhor articulação dos conhecimentos
adquiridos. Através dessas atividades experimentais contextualizadas é possível
conceder um momento de aprendizagem que permite ao aluno o desenvolvimento de
seu pensamento crítico. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio (PCNEM), quando a contextualização é relacionada a vivências da vida
cotidiana, é uma maneira eficaz de tornar a aprendizagem significativa (BRASIL,
1999).
Por se tratar de algo bastante conhecido e presente no nosso cotidiano, considerase que a temática perfume terá grande aceitação por parte dos estudantes que
participarão da aula. Esse tema está associado a muitos conceitos da Química,
propiciando ao professor diversas abordagens.
8
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Uma breve discussão sobre o ensino de Química: perspectivas e desafios
Na sociedade atual, a escola, bem como os professores, tem se tornado
responsável em possibilitar o desenvolvimento cognitivo dos estudantes, visando à
formação de cidadãos críticos. O professor é um agente importante para que haja esse
desenvolvimento, ao relacionarem as vivências do cotidiano dos estudantes, com os
conteúdos abordados em sala de aula, contribuindo para uma aprendizagem
significativa.
Segundo David Ausubel (apud Moreira, 2006), a aprendizagem significativa “é
um processo pelo qual uma nova informação se relaciona, de maneira substantiva (não
literal) e não arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura cognitiva do individuo”
(p. 14). Assim, para que haja aprendizagem eficaz, é importante avaliar os
conhecimentos prévios dos alunos e então ensinar de acordo com esses conhecimentos.
Para Schnetzler e Aragão (1995), durante as aulas de Química, os alunos
apresentam conceitos pré-estabelecidos vivenciados ao longo dos anos, tornando-os
muitas vezes resistentes a mudanças. Mas por outro lado, num processo mediado, essas
concepções podem determinar o progresso de atividades em sala de aula, de maneira a
promover a evolução destas.
Santos e Schnetzler (1996) consideram que a objetivo do ensino de Química é
evoluir a capacidade de tomada de decisão, o que acarreta a necessidade de articulação
do conteúdo com o contexto social em que o aluno está inserido. Esses autores afirmam
que:
O objetivo básico do ensino de química para formar o cidadão compreende a
abordagem de informações químicas fundamentais que permitam ao aluno
participar ativamente na sociedade tomando decisões com consciência de
suas consequências. Isso implica que o conhecimento químico aparece não
com um fim em si mesmo, mas com objetivo maior de desenvolver as
habilidades básicas que caracterizam o cidadão: participação e julgamento
(SANTOS & SCHNETZLER, 1996, p.29).
Com o conhecimento da Química, as pessoas têm mais possibilidades de exercer
efetivamente a cidadania, como citado nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+):
(...) a Química pode ser um instrumento de formação humana que amplia os
horizontes culturais e a autonomia no exercício da cidadania, se o
conhecimento químico for promovido como um dos meios de interpretar o
9
mundo e intervir na realidade, se for apresentado como ciência, com seus
conceitos, métodos e linguagens próprios, e como construção histórica,
relacionada ao desenvolvimento tecnológico e aos muitos aspectos da vida
em sociedade. (BRASIL, 2002, p.87)
A maioria dos professores não considera que há um processo de transformação
do conhecimento, desde o momento que ele se apropria desse conhecimento, até o
momento em que ele transmite para o aluno. A riqueza da interação entre professor,
aluno e objeto de conhecimento depende da maneira como o professor vai atribuir
significado ao comportamento do aluno. O processo de aprendizagem “resulta de uma
apropriação das formas de ação, que é dependente tanto de estratégias e
conhecimentos dominados pelo sujeito quanto de ocorrências no contexto interativo”
(Góes, 1991, p18).
É preciso que o professor tenha consciência qual o objetivo do seu trabalho,
refletindo sobre sua prática, e atuando como professor-pesquisador. Segundo Maldaner
(1994):
O professor-pesquisador que se pretende seja construído é aquele capaz de
refletir a sua prática de forma crítica, que vê a sua realidade de sala de aula
carregada de teorias e intenções de achar saídas para os problemas que
aparecem no dia-a-dia. É o professor-pesquisador que procura saber o
pensamento do aluno e o coloca em discussão para possibilitar a construção
de um conhecimento mais consistente, mais defensável, mais útil para a
tomada de decisões. (p. 7)
Professor e aluno trazem experiências de vida diversas, decorrentes de seus
contextos históricos e culturais, suas interações sociais e com o mundo. Com essa
diversidade é inevitável que exista diferentes visões sobre fenômenos que os envolvem.
Por isso há a necessidade de uma intensa conexão de significados em sala de aula.
Uma estratégia fundamental para a construção dessas significações é a utilização
da contextualização nas aulas. Essa construção constitui-se por meio de relações
vivenciadas e valorizadas no contexto em que se originam. Conhecer o contexto
significa ter melhores condições de se apropriar de um dado conhecimento
(MACHADO, 2005).
Os temas sociais representam papel fundamental no ensino de Química, pois
possibilitam a contextualização do conteúdo químico com o cotidiano do aluno, uma
das condições essenciais para a aprendizagem. Além disso, esses temas permitem o
desenvolvimento das habilidades relacionadas à cidadania, pois possibilitam discussões
de aspectos sociais importantes. É imprescindível que a abordagem dos temas seja feita
10
em torno dos conceitos químicos e que haja organização dos conceitos estudados, de
forma a respeitar os conhecimentos prévios dos alunos.
Ainda que reconhecida a importância de inserir os contextos sociais, políticos,
econômicos e culturais no ensino de Química, a situação que apresenta o ensino não
está adequado com relação a esse aspecto. Os conteúdos estão, na maioria das vezes,
desconectados da realidade do aluno, o que mantém o ensino descontextualizado. Nas
aulas de Química, em muitas escolas, há predominância de um verbalismo
teórico/conceitual, contribuindo para a formação de ideias/conceitos em que parece não
haver relações entre ambiente, ser humano e tecnologia.
O ensino tradicional de Química tem sido muito criticado, pois o aluno é tratado
apenas como um ouvinte das informações que o professor apresenta, que na maioria das
vezes não estão associadas com os conhecimentos adquiridos ao longo da vida. E, com
isso, os alunos possuem muita dificuldade em aprender os conteúdos de Química.
Assim, a disciplina acaba sendo vista como um amontoado de teorias. Por isso a
contextualização é um princípio importante para conduzir o ensino de Química,
considerando que ela é mais complexa do que uma simples exemplificação. Conforme
Wartha e Faljoni-Alário (2005):
Contextualizar é construir significados e significados não são neutros,
incorporam valores porque explicitam o cotidiano, constroem compreensão
de problemas do entorno social e cultural, ou facilitam viver o processo da
descoberta. Buscar o significado do conhecimento a partir de contextos do
mundo ou da sociedade em geral é levar o aluno a compreender a relevância
e aplicar o conhecimento para entender os fatos, tendências, fenômenos,
processos que o cercam (p. 43).
Para Chassot et al. (1993), uma Química contextualizada deve ser favorável ao
cidadão, devido a aplicação do conhecimento químico como forma de facilitar a
compreensão de fenômenos presentes em diversas situações na vida. Em outras
palavras, ensinar Química de modo contextualizado é “abrir as janelas da sala de aula
para o mundo, é promover relação entre o que se aprende e o que é preciso para a
vida” (CHASSOT et al., 1993, pág.50).
A implementação do ensino de Química para a formação de um cidadão crítico,
requer uma reforma da atual situação de ensino. E, nesse sentido, não basta apenas
incluir alguns temas sociais. É preciso adotar uma nova maneira de compreender a
educação. É imprescindível o comprometimento dos professores e alunos, para
11
contribuírem, de fato, com a construção de uma sociedade democrática, de cidadãos
conscientes e comprometidos com a própria transformação do espaço.
2.1 O papel das atividades experimentais no ensino de Química
Várias são as formas que podem favorecer o processo de ensino e aprendizagem.
Primeiramente, deve-se destacar a importância da participação ativa dos alunos no
processo de construção do conhecimento de forma interativa com o professor, para que
esse conhecimento seja significativo e possibilite a compreensão das aplicações práticas
dos conteúdos envolvidos.
Galiazzi et al. (2001) afirmam que as atividades experimentais foram incluídas
nas escolas há mais de um século, a partir de trabalhos desenvolvidos nas universidades.
Segundo estes autores, o objetivo era aprimorar a aprendizagem do conteúdo científico,
pois os alunos aprendiam os conteúdos, mas não sabiam aplicá-los.
As atividades experimentais em Química são muito importantes no processo de
ensino e aprendizagem, pois despertam o interesse do aluno e fazem com que eles
assimilem o que aprenderam na teoria com a prática, e os levam a uma melhor
compreensão de como a Química se estrutura e se desenvolve. A importância de incluir
as atividades experimentais está na caracterização de seu papel investigativo e por
auxiliar o aluno na compreensão dos fenômenos químicos. Quanto mais associadas
estão a teoria e a prática, mais eficaz se torna a aprendizagem de Química. A prática
contribui para a estruturação do conhecimento químico de forma transversal, ou seja,
interage o conteúdo com o dia a dia dos alunos de forma diversificada.
A realização de atividades práticas pode despertar o interesse dos alunos, mas
para isso é necessário que estes sejam desafiados. A Química é uma ciência
experimental e o mecanismo de ensino tradicional deixa a desejar, ocasionando
dificuldades de compreensão por parte dos alunos, já que prioriza a memorização dos
conteúdos. A falta de estímulo demonstrado pelos alunos pode ser uma consequência da
maneira como o professor conduz suas aulas. Apenas inserir os estudantes em
atividades práticas não é fonte de motivação. É preciso que haja interação com situações
presentes no cotidiano dos alunos.
Liso et al. (2002) destacam que não é suficiente utilizar a Química cotidiana
apenas para aplicar a teoria ou para introduzir conteúdos científicos. Para eles seria
12
importante que a partir das atividades diárias surgissem os conteúdos, e não partir dos
conteúdos para explicar situações do cotidiano (LISO et al., 2002).
Segundo Gil-Perez et al. (2005), muitas atividades experimentais tem
característica empírico-indutivista, em que evidencia o papel da observação, deixando
de lado o papel essencial das hipóteses como norteadoras das investigações, e desse
modo, podem contribuir para uma visão deformada do trabalho científico por parte dos
estudantes. Para Gil-Perez e Valdéz Castro (1996), as atividades experimentais podem
favorecer a reflexão dos estudantes sobre a importância das situações propostas,
considerar a elaboração de hipóteses como atividade central da investigação científica,
evidenciar o importante papel da comunicação e do debate.
O papel do professor e do aluno é fundamental para que o trabalho experimental
seja desenvolvido e executado para alcançar as metas do processo de ensino e
aprendizagem. O aluno passa a ser mais ativo na aula, questionando, pensando,
participando da construção do pensamento. O professor deixa de ser o transmissor de
conhecimentos e passa a questionar seus alunos, auxiliando-os na elaboração de
respostas com uma visão científica, gerando questões para serem discutidas e refletidas
à luz dos conhecimentos científicos, de forma a respeitar as diversas ideias e opiniões
em sala de aula (SHILAND, 1999).
Apesar de o aluno ser o agente responsável pela construção do conhecimento, o
papel do professor é de extrema importância para mediar essa construção, já que muitos
estudantes necessitam desta intervenção para alcançar respostas adequadas para as
situações problemas. Assim, o professor propõe situações para o processo de ensino e
aprendizagem de forma a procurar alcançar a aprendizagem do aluno.
Os alunos precisam estar inseridos em um meio onde possam exprimir suas
ideias em diversas situações, percebendo que o novo conhecimento é importante e útil, e
que suas ideias anteriores precisarão algumas vezes ser (re) interpretadas com o auxílio
dos novos conhecimentos (TEIXEIRA, 1992).
Ao
discutirem
as
potencialidades
das
atividades
experimentais
para
aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem, e para contribuição de um
ensino de Química contextualizado, Chassot et al. (1993) apresentam algumas reflexões.
Ao se referirem à experimentação, defendem o “desenvolvimento de uma Química que
tenha na experimentação uma forma de aquisição de dados da realidade, utilizados
para a reflexão crítica do mundo e para o aprimoramento do desenvolvimento
13
cognitivo” (CHASSOT et al., 1993, p.48). Ao se referirem à contextualização,
defendem a utilização do ensino de Química como forma de educar para a vida,
determinando conexão entre os conteúdos e o cotidiano dos alunos, fazendo com que o
estudante reflita, compreenda e discuta sobre seu mundo.
2.1 O perfume como um tema gerador para o ensino de Química
Os primeiros perfumes tiveram origem certamente, relacionado a atos religiosos,
há mais ou menos 800 mil anos, quando houve a descoberta do fogo. A fumaça vinda da
queima de madeira e de folhas secas era utilizada para homenagear os deuses. Daí o
termo ‘perfume’ originar-se das palavras latinas per (que significa origem de) e fumare
(fumaça). O próximo passo foi a apropriação pelas pessoas para uso particular, que
provavelmente aconteceu entre os egípcios. Um avanço foi a descoberta que certas
flores e até animais, quando imersos em gordura ou óleo, deixavam parte de seu
princípio odorífero nestes. Os árabes aprimoraram a extração dos perfumes há cerca de
mil anos fazendo extrações a partir de flores maceradas, geralmente em água, obtendo
‘água de rosas’ e ‘água de violetas’, dentre outras. Outra contribuição foi a das
Cruzadas: retornando à Europa, os cruzados trouxeram toda a arte da perfumaria
oriental, além de informações relacionadas a óleos e substâncias odoríferas exóticas. Já
no final do século XIII, Paris tornara-se a capital mundial do perfume (DIAS; SILVA,
1996).
A utilização de temas geradores é uma das alternativas para colocar em prática o
ensino voltado para a formação do cidadão, conforme é o objetivo do Ensino de
Química no Ensino Médio. De acordo com Paulo Freire: "Estes temas se chamam
geradores porque, qualquer que seja a natureza de sua compreensão como da ação por
eles provocada, contém em si a possibilidade de desdobrar-se em outros tantos temas
que, por sua vez, provocam novas tarefas que devem ser cumpridas" (Freire, 2009).
Segundo Freire (2009), durante a discussão dos educandos, os temas geradores
alcançavam uma abrangência maior, pois suscitavam discussão, investigação e geração
de novos conhecimentos. Esses temas despertam os estudantes para decodificação do
meio, auxiliando-os a realizarem uma interpretação mais crítica de diversas
circunstâncias.
14
Conforme Freire (2009), um ensino com base nos temas geradores transcorre as
seguintes etapas: a etapa inicial é a pesquisa dos temas, é o momento de leitura do
mundo e dos conteúdos relacionados ao cotidiano dos envolvidos. Posteriormente, fazse uma análise mais crítica sobre o tema, e por fim é sugerida uma problematização que
permite um diálogo entre os conteúdos estudados e o dia a dia dos alunos.
Explorar um tema gerador, desperta a curiosidade e estabelece relações entre os
conceitos a serem trabalhados e o cotidiano do aluno. Nessa perspectiva, os perfumes
serão utilizados como tema gerador com o propósito de levar para os alunos uma visão
contextualizada, demonstrando a sua aplicabilidade no cotidiano.
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral:
Ministrar uma aula que proporcione a contextualização, através da temática
perfume, e facilite o processo de aprendizagem de Química para alunos do 3º ano de
uma Escola Estadual, localizada na cidade de Viçosa, Minas Gerais.
3.2 Objetivos específicos:
 Pesquisar os conhecimentos prévios dos alunos sobre a temática perfume e
alguns conceitos químicos que seriam abordados na aula.
 Ministrar uma aula em que os alunos vão produzir o perfume e estudar conceitos
de Química relacionados a essa temática.
 Verificar se a aula contribui para aprendizagem significativa dos conteúdos.
15
4 METODOLOGIA
O presente trabalho terá uma abordagem na perspectiva de pesquisa qualitativa, com
interpretação de diferentes significados contida nos resultados. Segundo Bogdan e
Biklen (1994), nesse tipo de pesquisa, a origem de dados é o ambiente natural. O
pesquisador é inserido num contexto, procurando esclarecer questões relacionadas à
educação, se tornando o principal meio da pesquisa, são suas concepções e
interpretações que levarão aos resultados.
A coleta de dados se deu através de questionários e observação. A princípio foi
aplicado o primeiro questionário dia 18/05/2015 (Questionário 1, Anexo 1) aos alunos
da escola participante do trabalho, com o objetivo de pesquisar o que eles sabiam sobre
os perfumes, e alguns conceitos de Química que seriam abordados na aula
posteriormente. Dia 27/05/2015, a aula contextualizada com a temática perfume foi
preparada e aplicada (Anexo 2). E dia 01/06/2015 foi aplicado outro questionário
(Questionário 2, Anexo 3) avaliando como a aula auxiliou os alunos no processo de
aprendizagem.
A pesquisa foi realizada em uma Escola Estadual, localizada na cidade de Viçosa,
Minas Gerais, com 26 alunos do 3º ano do Ensino Médio. Os estudantes tiveram 30
minutos para responder cada um dos questionários, e a duração da aula foi de 45
minutos.
A análise dos dados obtidos foi baseada nos pressupostos da Análise de Conteúdo
de Bardin (1977), que se baseia na junção de técnicas de análises de informações,
através de procedimentos objetivos e sistemáticos, para obtenção das ideias descritas
nos relatos. Essa análise de conteúdo é dividida em três fases, muito utilizado na
pesquisa qualitativa, sendo a inicial caracterizada pela leitura dos dados coletados para
obter as primeiras ideias dos resultados, o segundo momento é marcado por uma
exploração e leitura mais profunda do material formando classes de respostas/dados, ou
seja, as respostas são agrupadas em categorias conforme palavras ou frases em comum.
A terceira é a fase de interpretação e tratamento dos dados obtidos.
16
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Análise do primeiro questionário
Questão 1- Com que frequência você usa perfume?
( )Duas ou mais vezes por dia ( )Diariamente ( ) Semanalmente ( ) Somente em ocasiões
festivas
Com essa questão podemos ver que os perfumes são muito utilizados pelos
alunos, e considero que uma aula contextualizada explorando essa temática, seria de
muito interesse dos estudantes, pois está relacionada ao dia a dia deles, possibilitando
discussões importantes. De acordo com Chassot et al. (1993), uma Química
contextualizada deve ser favorável ao cidadão, devido a aplicação do conhecimento
químico como forma de facilitar a compreensão de fenômenos presentes em diversas
situações na vida.
17
Questão 2- Quais são os componentes presentes em um perfume?
Em relação a questão 2, as respostas dos alunos foram agrupadas em cinco
categorias conforme palavras em comum. As respostas categorizadas podem ser
observadas na Tabela 1 abaixo.
Tabela 01. Categorização das respostas apresentadas pelos alunos à questão 02.
Categorias
Essências e álcool
Respostas dos alunos
A2,A3,A4,A5,A6,A7,A8,A11,A17,A20,A22,A26.
Álcool e água
A13,A15,A19.
Água, essência e álcool
A12,A18,A25
Álcool
Não responderam
A10,A14,A16,A21,A23.
A1,A9,A24.
A maioria dos estudantes considerou a presença apenas das essências e do
álcool. A atividade prática auxiliará aos estudantes a encontrarem a resposta para essa
questão. Segundo Teixeira (1992), é importante que os alunos sejam inseridos em um
meio onde possam exprimir suas ideias em diversas situações, percebendo que o novo
conhecimento é importante e útil, e que suas ideias anteriores precisarão algumas vezes
ser (re) interpretadas com o auxílio dos novos conhecimentos (TEIXEIRA, 1992).
18
Questão 3- Qual a origem das essências utilizadas nos perfumes?
Semelhantemente à questão 2, as respostas dos alunos à questão 3 foram agrupadas
em três categorias conforme palavras em comum. As respostas categorizadas podem
ser observadas na Tabela 2 abaixo.
Tabela 02. Categorização das respostas apresentadas pelos alunos à questão 03.
Categorias
Respostas dos alunos
Plantas
A3,A13,A15,A17,A10,A14.
Flores
A2,A4,A5,A6,A7,A8,A18,A19,A20,A21,A22,A23,A24,A25,
A26.
Não responderam
A1,A9,A11,A12.A16
A maioria dos alunos respondeu que a origem das essências é de origem natural,
nenhum aluno considerou o papel da química na criação de essências sintéticas. Apesar
de o aluno ser o agente responsável pela construção do conhecimento, o papel do
professor é de extrema importância para mediar essa construção, já que muitos
estudantes necessitam desta intervenção para alcançar respostas adequadas para as
questões.
Abaixo estão algumas das respostas dadas pelos alunos a essa questão:
A7: “São de flores, entre outros elementos que podem dar um cheiro agradável”.
A17: “As essências utilizadas nos perfumes vem das plantas”.
19
Questão 4- Observe a seguir algumas estruturas de essências utilizadas na produção dos
perfumes. Classifique-as quanto as funções orgânicas, quanto ao número de ligações pi, quanto
a temperatura de ebulição e escreva a fórmula molecular do composto
Podemos ver pelo gráfico acima que a maioria dos alunos não respondeu a essa
questão. No período que foi aplicado o questionário e ministrada à aula os alunos
estavam estudando exatamente os conteúdos da questão. Percebi muito desinteresse por
parte dos estudantes quando viram que envolvia conteúdo de Química, alguns disseram
não lembrar o que era função orgânica, outros entregaram o questionário e disseram que
não iriam responder a questão 4, e os que responderam, associaram ao que estavam
estudando na aulas anteriores de Química e olharam no caderno. Podemos perceber que
muitas vezes os conteúdos estão desconectados da realidade do aluno, o que mantém o
ensino descontextualizado, fazendo com que o aluno não tenha interesse pelas aulas.
20
5.2 Análise da aula
A aula foi ministrada através de apresentação de slides, no dia 27/05/15, para 26
alunos do 3º ano do Ensino Médio. Iniciei a aula relatando sobre a história dos
perfumes, e como se deu a evolução dele. Logo após foi abordado a composição dos
perfumes, e a combinação das fragrâncias de acordo com as notas, estudando a
volatilidade das fragrâncias. Os perfumes têm em sua composição uma combinação de
fragrâncias distribuídas segundo o que os perfumistas classificam como notas de um
perfume. Nota superior (ou cabeça do perfume): é a parte mais volátil do perfume e a
que detectamos primeiro, geralmente nos primeiros 15 minutos de evaporação. Nota do
meio (ou coração do perfume): é a parte intermediária do perfume, e leva um tempo
maior para ser percebida, de três a quatro horas. Nota de fundo (ou base do perfume): é
a parte menos volátil, geralmente leva de quatro a cinco horas para ser percebida. Foi
discutida também a questão da fixação do perfume na nossa pele, abordando o conceito
de interação intermolecular. Foram apresentadas aos alunos diversas estruturas de óleos
essenciais utilizados na fabricação de perfumes, para que eles pudessem identificar as
funções orgânicas presentes em cada uma das estruturas. Os alunos assistiram a um
pequeno vídeo sobre formas de obtenção de óleos essenciais, dentre elas a destilação, a
enfleurage que consiste em usar uma espécie de solvente vegetal para absorver o óleo
essencial. No caso de flores frescas, por exemplo, as pétalas são colocadas sobre uma
placa de vidro com gordura, que vai absorver o óleo das flores, que são substituídas por
flores novas todos os dias, até que a concentração certa seja obtida, e com isso
relembramos alguns métodos de separação de misturas. Logo após os alunos iniciaram
os procedimentos para fabricação dos perfumes, e durante a prática discutimos um
pouco sobre a questão da miscibilidade dos materiais. E finalizei a aula com algumas
curiosidades sobre os perfumes.
Durante toda a aula os alunos prestaram muita atenção, era perceptível o
interesse deles pela aula, ao responderem as questões que eram feitas, e algumas vezes
questionavam também. Uma pergunta que destaco foi: “Porque não pode usar água no
lugar do álcool pra fazer o perfume”? Essa pergunta foi até colocada no segundo
questionário posteriormente. Eles foram levados a pensar na miscibilidade da água e do
óleo, e veriam no experimento da fabricação do perfume que óleo essencial é miscível
21
no álcool. Ao decorrer da atividade prática foram respondendo o roteiro da aula,
participando efetivamente das atividades propostas. A seguir contém algumas fotos
tiradas durante a aula:
Figura 1- Primeira parte da aula ministrada em slides
Fonte: Foto gentilmente cedida pelo professor Túlio-Arquivo Pessoal
Figura 2- Alunos produzindo perfume
Fonte: Elaborada pela autora
22
Figura 3- Alunos produzindo perfume
Fonte: Elaborada pela autora
5.3 Análise do segundo questionário
Questão 1- Como se explica o fato de os perfumes fixarem na nossa pele?
Em relação à questão 1, as respostas dos alunos foram agrupadas em duas
categorias conforme palavras em comum. As respostas categorizadas podem ser
observadas na Tabela 3 abaixo.
Tabela 03. Categorização das respostas apresentadas pelos alunos à questão 01.
Categorias
Fixadores
Interação Intermolecular
Respostas dos alunos
A1,A2,A3,A9,A10,A12,A13,A14,A16,A22,A23,A24,A25.
A4,A5,A6,A7,A8,A11,A15,A17,A18,A19,A20,A21,A26
Podemos perceber que grande parte dos alunos considerou a Química na
questão, lembrando-se das interações existentes entre as moléculas presentes nos
perfumes e as moléculas da nossa pele, isso mostra que eles entenderam essa interação
que existe para que o perfume fixe na pele. Os outros alunos que responderam que
ocorre a fixação, devido a presença de fixadores em alguns perfumes se lembraram de
que foi comentado na aula que alguns perfumes contém alguns fixadores em sua
composição. Explorar um tema gerador, desperta a curiosidade e estabelece relações
entre os conceitos a serem trabalhados e o cotidiano do aluno. Segundo Freire (2009),
os temas geradores suscitam maior discussão, investigação e gera novos conhecimentos.
23
Questão 2-Quais os métodos utilizados para obtenção dos óleos essenciais?
(
) Filtração (
)Destilação (
) Decantação
(
)Centrifugação (
) Enfleurage
As respostas esperadas eram destilação e enfleurage, mas 100% dos alunos
marcaram destilação, nenhum aluno se lembrou do método de enfleurage. Isso
provavelmente se deve ao fato da destilação ser um método que eles estudam durante o
ensino médio, e o método da enfleurage seria um método até então desconhecido pelos
alunos. É importante a atuação do professor como mediador para que esse novo
conhecimento se relacione com algum aspecto relevante da estrutura cognitiva do
estudante para que haja aprendizagem eficaz e significativa. David Ausubel (apud
Moreira, 2006).
Questão 3- Qual o papel da Química na fabricação dos perfumes?
Do mesmo modo, na questão 3, as respostas dos alunos foram agrupadas em
três categorias conforme palavras em comum. As respostas categorizadas podem ser
observadas na Tabela 4 abaixo.
Tabela 04. Categorização das respostas apresentadas pelos alunos à questão 03.
Categorias
Respostas dos alunos
Desenvolver fragrâncias
sintéticas
A1,A2,A3,A4,A6,A7,A11,A12,A13,A14,A15,A22,A23,A24,A2
5,A26.
Preservação de plantas e
animais
A8,A17,A18,A19,A20,A21.
Não responderam
A5,A9,A10,A16.
Foi possível perceber com as respostas da maioria dos alunos, que ficou claro o
papel da química na produção de essências sintéticas para evitar que espécies de plantas
e animais possam ser extintos.
24
Questão 4- Identifique as funções orgânicas presentes nas estruturas dos compostos à
seguir, e escreva a fórmula molecular de cada composto.
Solvente (Etanol)
Todos os alunos acertaram a classificação das funções orgânicas. Percebemos nessa
questão uma grande diferença comparada a questão semelhante no questionário 1
(questão 4), em que a maioria dos alunos nem sequer respondeu a essa questão. Durante
a aula foram apresentadas aos alunos diversas funções orgânicas presentes nos óleos
essenciais, e até mesmo no solvente utilizado na fabricação dos perfumes, sendo esta
uma maneira de relacionar os conteúdos com o cotidiano dos alunos, contribuindo para
uma aprendizagem significativa.
Questão 5- Qual a característica de um óleo essencial que faz com que ele seja usado
como a nota superior de um perfume? (é a que detectamos primeiro, geralmente nos
primeiros 15 minutos).
Todos os alunos responderam corretamente a essa questão, ao lembrarem que
para ser utilizado como nota superior, o óleo tem que ter alta volatilidade. Inserir uma
temática na aula auxilia os alunos na aprendizagem, pois conseguem relacionar os
conteúdos estudados em sala de aula com situações vivenciadas no dia a dia.
Abaixo estão algumas das respostas dadas pelos alunos a essa questão:
A1: “O óleo precisa ser muito volátil, ou seja, de rápida evaporação”.
A7: “Ele tem que evaporar muito rápido”.
25
Questão 6- Qual a razão de utilizar o álcool e não a água como solvente na fabricação
do perfume?
Semelhantemente, na questão 6, as respostas dos alunos foram agrupadas em
três categorias conforme palavras em comum. As respostas categorizadas podem ser
observadas na Tabela 5 abaixo.
Tabela 05. Categorização das respostas apresentadas pelos alunos à questão 06.
Categorias
Respostas dos alunos
Ponto de ebulição menor
A11,A12,A14,A15,A18,A19,A22,A23,A24,A25,A26.
Álcool e óleo essencial se
misturam
A1,A2,A4,A5,A6,A7,A8,A9,A10,A13,A16,A17,A20,A21
Álcool é mais volátil que a
água
A3.
Foi possível perceber com essa questão que os alunos têm dificuldade de
diferenciar o conceito de evaporação e ebulição. Nesse momento, é importante que haja
intervenção do professor para que os alunos alcancem as respostas adequadas para a
questão. “A evaporação ocorre à temperatura ambiente, de forma bem lenta,
predominantemente na superfície do líquido, sem o aparecimento de bolhas ou agitação
do líquido. Já a ebulição ocorre a uma determinada temperatura, específica para cada
substância pura e pode variar de acordo com a pressão atmosférica local. Acontece
quando o sistema é aquecido, e em toda a extensão do líquido, com agitação e
formação de bolhas” (Fogaça, 2015). Os alunos que responderam que álcool e o óleo
essencial se misturam lembraram-se da diferença de densidade entre óleo e água, que
eles já estudaram durante o ensino médio.
26
6 CONCLUSÕES
A utilização da temática perfume demonstra ser uma alternativa apropriada para
contextualizar as aulas de Química, visto que, esse tema permite a abordagem de
diversos conteúdos químicos, como por exemplo, métodos de separação de mistura,
propriedades dos compostos orgânicos, estudo de funções orgânicas, interações
intermoleculares, entre outros.
A contextualização utilizando um tema gerador possibilitou despertar e explorar a
curiosidade dos estudantes, contribuindo para facilitar a aprendizagem da química, e
propiciando uma maior interação professor-aluno e uma maior participação dos alunos
durante a aula.
Com a utilização da atividade experimental os alunos foram motivados no processo
de ensino e aprendizagem, por se tratar de uma metodologia que permite ao aluno
discutir em grupos e buscar seus próprios resultados, levando-os a perceber que a
Química é uma ciência presente no nosso dia-a-dia.
Assim, acreditamos que professores precisam diversificar suas práticas pedagógicas
com o intuito de permitir um processo de aprendizagem mais adequado aos alunos e
garantir uma participação de forma ativa e frequente dos mesmos.
Assim, a partir dos dados obtidos no questionário e das observações das aulas
realizadas, podemos afirmar que os alunos conseguiram assimilar com mais facilidade
os conteúdos de química estudados.
27
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Tradução Luís Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa:
Edições 70, 1977.
BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à
teoria e aos métodos. Portugal, Porto Editora, 1994.
BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
PCN+ Ensino Médio. Orientações educacionais complementares aos Parâmetros
Curriculares Nacionais: Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias.
Brasília: MEC/Semtec, p.87.2002.
BRASIL. MEC. SEMTEC. Parâmetros curriculares nacionais para o Ensino Médio.
Secretaria de Educação Média e Tecnológica: Brasília, 1999.
CHASSOT, A. I. SCHROEDER, E. O. et al. Química do Cotidiano: pressupostos
teóricos para a elaboração de material didático alternativo. Espaços da Escola, n.10,
p.47-53, 1993.
DIAS, S. M; SILVA, R. R. Perfumes uma Química Inesquecível. Química Nova na
Escola, n. 4, nov. 1996.
FOGAÇA, J. Tipos de vaporização. Disponível em:
Acessado em 12/06/2015
http://migre.me/qHnW9.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 48. reimp. São Paulo: Paz e Terra, 2009.
GALIAZZI, M. C. et al. Objetivos das Atividades Experimentais no Ensino Médio:
A pesquisa coletiva como modo de formação de professores de ciências. Ciência &
Educação, v.7, n.2, 2001.
GIL-PEREZ, D.; CACHAPUZ, A.; CARVALHO, A.M.P.de; PRAIA, J.; VILCHES, A.
A Necessária Renovação do Ensino das Ciências. São Paulo: Cortez Editora, 2005.
GIL-PEREZ, D; VALDÉS CASTRO, P. La orientacion de Las Prácticas de Laboratório
con Investigacion: Um Ejemplo Ilustrativo. Enseñanza de Las Ciências, 14(2), p.155163, 1996.
28
GÓES, M.C. A natureza social do desenvolvimento psicológico. Cadernos Cedes, n.
24, p. 17-24, 1991.
LISO, M. R. J.; GUADIX, M. A.; TORRES, E. M.; Química Cotidiana para la
Alfabetización Científica: ¿realidad o utopia? Educación Química, v.13, n.4, p.259266, 2002.
MACHADO, N. J. Interdisciplinaridade e contextuação. In: Ministério da Educação,
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM): fundamentação teórico-metodológica.
Brasília: MEC; INEP, 2005. p. 41-53.
MALDANER, O.A. A formação de grupos de professores-pesquisadores como fator de
melhoria da qualidade educacional no ensino médio e fundamental. Trabalho
apresentado no VII ENDIPE, Goiânia (GO) em 8 de junho, 1994.
MOREIRA, M.A. Aprendizagem significativa. Brasília: Ed. UnB, 2006.
QUEIROZ, S. L. Do fazer ao compreender ciências: reflexões sobre o aprendizado de
alunos de iniciação científica em química. Ciência & Educação, Bauru, v. 10, n. 1,
2004.
SANTOS, W. L. P.; SCHNETZLER, R. P. Função Social: o que significa ensino de
química para formar cidadão? Química Nova na Escola, n.4, nov. 1996.
SCHNETZLER, R.P. e ARAGÃO, R. Importância, sentido e contribuições de pesquisas
para o ensino de Química. Química Nova na Escola, n. 01, maio 1995. p. 27-31.
SHILAND, T. W. Construtivismo: Implicações para o Trabalho de Laboratório.
Journal of Chemical Education, 76 (1), 107-109, 1999.
TEIXEIRA, O.P.B. Desenvolvimento do conceito de calor e temperatura: a mudança
conceitual e o ensino construtivista. Tese de doutorado. Faculdade de Educação. USP,
São Paulo,1992.
WARTHA E; FALJONI-ALÁRIO, A. A Contextualização no Ensino de Química
Através do Livro Didático. Química Nova na Escola. Nº 22, nov/2005.
29
ANEXOS
Anexo1- Questionário 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de minha monografia sobre a Química dos
perfumes. A sua participação consiste em responder a esse questionário, que não oferece qualquer risco.
O seu nome será mantido em sigilo.
Eu, __________________________________________, RG nº _____________________ declaro ter
sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito.
Viçosa, ________de ___________de 2015
Assinatura do voluntário:___________________________________________________________
Pesquisadora: Shayenne Figueiredo de Souza Oliveira
QUESTIONÁRIO 1- 18/05/15
1) Com que frequência você usa perfume?
( )Duas ou mais vezes por dia ( )Diariamente ( ) Semanalmente ( ) Somente em
ocasiões festivas
2) Quais são os componentes presentes em um perfume?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3) Qual a origem das essências utilizadas nos perfumes?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4) Observe a seguir algumas estruturas de essências utilizadas na produção dos
perfumes. Classifique-as quanto as funções orgânicas, quanto ao número de
ligações pi, quanto a temperatura de ebulição e escreva a fórmula molecular do
composto.
30
Anexo 2- Roteiro da aula prática
Nome: _________________________________________________________
Data: ___/___/___
Ano:_____
Objetivo: Consolidar conceitos associados aos conteúdos de química orgânica, a partir
da temática perfume.
INTRODUÇÃO
Do ponto de vista químico, o que caracteriza uma fragrância?
Os perfumes têm sido parte da civilização há vários séculos, tanto para os
homens como para as mulheres. “Todos nós temos preferências por determinados
aromas que podem nos provocar fascínio e atração. Outros trazem lembranças até
mesmo de alguns momentos da nossa infância. Aromas podem causar sensação de bemestar ou nos dar a impressão de estarmos mais atraentes.” (REZENDE, 2011, pag.27)
Vamos fazer um perfume?
Observe a seguir algumas estruturas químicas de alguns materiais que vamos
utilizar:
Solvente (Etanol)
31
Propilenoglicol: (Se liga às moléculas da fragrância e desacelera a dispersão delas).
Algumas essências:
Nitro compostos
Aldeído
Ácido
carboxílico
Aldeído
Éter
Éster
32
PARTE EXPERIMENTAL:
MATERIAIS:




76 mL de álcool;
14 mL propilenoglicol;
10 mL de água destilada.
30 mL de essência
Ou 100 mL de base para perfume
 Béquer ou qualquer recipiente para misturar os componentes;




Vidro âmbar (vidro escuro);
Proveta 100 mL
Bastão de vidro
Funil de vidro
PROCEDIMENTOS:

Coloque todos os ingredientes no béquer. Com o auxílio da proveta, coloque
exatamente os volumes mencionados, pois é de extrema importância seguir
as proporções volumétricas. Vá misturando cada ingrediente, mexendo bem
com o bastão de vidro.

Depois coloque a mistura no vidro âmbar com o auxílio do funil, e deixe em
local escuro por aproximadamente 30 dias.

Após esse tempo, coloque, com a ajuda do funil, o perfume dentro do frasco
desejado, feche bem.
33
Questões:
1) O que é um perfume?
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
2) Como são produzidas as essências utilizadas na fabricação dos perfumes?
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
3) Qual o papel da Química na produção de perfumes?
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
Bibliografia
Fogaça, J. Fabricação de perfumes em sala de aula. Disponível em:
http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/fabricacao-perfume-sala-aula.htm
Acessado em 11/03/2015
DIAS, S. M; SILVA, R. R. Perfumes uma Química Inesquecível. Química Nova na
Escola, n. 4, nov. 1996.
Rezende C. M. Há algo no ar: A química dos perfumes. Disponível em:
http://www.academia.edu/6778026/A_QU%C3%8DMICA_E_OS_PERFUMES_A_QU
%C3%8DMICA_E_OS_PERFUMES. Acessado em 04/05/2015. Ciência Hoje, 283,
Julho de 2011.
34
Anexo 3- Questionário 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de minha monografia sobre a Química dos
perfumes. A sua participação consiste em responder a esse questionário, que não oferece qualquer risco.
O seu nome será mantido em sigilo.
Eu, __________________________________________, RG nº _____________________ declaro ter
sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito.
Viçosa, ________de ___________de 2015
Assinatura do voluntário:___________________________________________________________
Pesquisadora: Shayenne Figueiredo de Souza Oliveira
Questionário 2- 01/06/2015
1) Como se explica o fato de os perfumes fixarem na nossa pele?
______________________________________________________________________
__________________________________________________
2) Quais os métodos utilizados para obtenção dos óleos essenciais?
(
) Filtração
(
)Destilação (
) Decantação (
)Centrifugação (
) Enfleurage
3) Qual o papel da Química na fabricação dos perfumes?
______________________________________________________________________
__________________________________________________
4) Identifique as funções orgânicas presentes nas estruturas dos compostos à seguir, e
escreva a fórmula molecular de cada composto.
Solvente (Etanol)
35
5) Qual a característica de um óleo essencial que faz com que ele seja usado como a
nota superior de um perfume? (é a que detectamos primeiro, geralmente nos primeiros
15 minutos).
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
6) Qual a razão de utilizar o álcool e não a água como solvente na fabricação do
perfume?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
36
Download

universidade federal de viçosa centro de ciências exatas e