A primeira safra, isto é, aquela cuja colheita ocorre no primeiro semestre, é a mais importante do Estado e representa mais de 90% do total de grãos produzidos em todo o ano. A Bahia está colhendo, nesta safra, 2,69 milhões de toneladas de grãos, registrando um discreto decréscimo de 1,2% em relação à mesma safra do ano passado. A área colhida cresceu em 7,94%, passando de 1,6 milhão de hectares, em 2001, para 1,72 milhão de hectares, neste ano. O rendimento médio por hectare sofreu uma retração de 8,42%, passando de 1.701 kg para 1.557 kg (Tabela 1). No final do ano passado, choveu bastante na região Oeste e em janeiro, as chuvas caíram em grandes quantidades nas outras regiões, quando se intensificou o plantio de milho e feijão em Irecê. Desenhava-se uma safra recorde, até que um veranico nos meses de fevereiro e março prejudicou a produtividade esperada de quase todas as lavouras nas principais regiões produtoras. O Oeste é responsável por 75% do total de grãos produzidos no Estado, constituindo-se na principal zona de excelência da agricultura baiana. A região responde por 100% da produção de soja e 91% da produção de algodão. O veranico deste ano prejudicou sensivelmente o rendimento médio das lavouras ali cultivadas, exceto a do milho, que obteve ganho de produtividade, passando de 3.991 kg/ha, no ano passado, para 5.212 kg/ha, em 2002.` Tabela 1 1ª Safra de grãos e variação percentual Bahia, 2001 - 2002 Área (ha) Produção (t) Rendimento(kg/ha) 200 1 (A) 2002 (B) B/A (%) 1.597.193 2.716.764 1.701 1.723.961 2.684.343 1.557 7,94 -1,19 - 8,46 Fonte: IBGE/SEAGRI Elaboração: SPA/ Coordenação de Conjuntura Agrícola A região de Irecê destaca-se na produção de feijão e mamona. Com relação à primeira cultura, houve evolução na produção, comparando-se com o ano passado, porém esperava-se um rendimento médio bem superior aos 381 kg/ha registrados nesta safra. A lavoura da mamona teve a área plantada reduzida em função do atraso das chuvas e falta de financiamentos, e a produtividade foi bastante prejudicada pela estiagem que se desencadeou a partir de fevereiro. Foto: Acervo Biblioteca/SEAGRI Edilson de Oliveira Santos* Zelma Maria de Lima Ferraz** Agrossíntese A primeira safra de grãos de 2002 na Bahia * Economista, Técnico em Serviços Públicos - SPA/SEAGRI e-mail: [email protected] ** Economista, Coordenadora de Conjuntura Agrícola - SPA/SEAGRI e-mail: [email protected] Bahia Agric., v.5, n.1, set. 2002 Agrossíntese 3 Os preços do algodão seguem firmes encontra as condições naturais (solo, na praça de Barreiras, onde a arroba de clima e pluviosidade) ideais e capacipluma está cotada entre R$ 31,00 e R$ dade empresarial dos produtores, 32,00 A colheita deste ano não deve favorecendo o seu desenvolvimento. derrubar os preços, pois, a produção no Isto resultou num crescimento expoEstado não cresceu e a produção nacionencial da lavoura na região, levando nal sofreu redução (Gráfico 1). a Bahia a retomar a sua posição de destaque na produção brasileira e a Gráfico 1 projetar-se para Algodão em pluma disputar o priComportamento do preço no mercado de Barreiras meiro lugar no 35,00 cenário nacional 30,00 nos próximos anos. 15,00 2001 (A) 2002 (B) B/A (%) 10,00 56.607 170.092 3.005 74.128 187.120 2.524 30,95 10,01 -15,99 5,00 ja Fonte: IBGE/SEAGRI Elaboração: SPA/ Coordenação de Conjuntura Agrícola – SEAGRI Fe v M ar A br Se t O ut N ov D e ja z n/ 02 n/ Área (ha) Produção (t) Rendimento(kg/ha) 20,00 Ju l A go Área, produção e rendimento de algodão e variação percentual Bahia, 2001 - 2002 25,00 01 Fe v M ar A br M ai Ju n Tabela 2 Reais por arroba A área plantada com algodão na Bahia em 2002 foi de 74 mil hectares, 31 % superior a do ano passado, que foi de 56,6 mil hectares. A produção, cresceu 10%, saindo de 170 mil toneladas no ano anterior para 187 mil toneladas no ano em curso. Enquanto em 2001 o rendimento médio foi de 3.005 kg/ha, a produtividade na safra deste ano foi de 2.524kg/ha uma redução de 16% (Tabela 2). Embora, neste ano, a cotonicultura baiana não tenha conseguido repetir os mesmos níveis de produtividade dos anos anteriores, este segmento tem experimentado transformações radicais nos últimos anos. Primeiro, enfrentou a crise no início da década passada, quando a microrregião de Guanambi, tradicional produtora até então, começou a dar sinais de esgotamento, reduzindo sucessivamente a produção do Estado até 1996. A partir daí, o algodão migra para o Oeste, onde Foto: Acervo biblioteca/SEAGRI ALGODÃO Mês/Ano Foto: EMBRAPA ARROZ 4 Agrossíntese A produção de arroz na Bahia vem caindo sucessivamente nos últimos anos. Aliás, a rizicultura tem enfrentado problemas não apenas na Bahia, mas em todo o Brasil. O produto nacional tem se deparado com a concorrência do arroz que vem da Argentina e do Uruguai, provocando fortes quedas nos preços, de forma que as cotações no mercado interno, em muitos momentos, têm ficado abaixo do preço mínimo definido pelo Ministério da Agricultura. Por conta disso, O Governo Federal tem feito muitas intervenções no mercado com grandes aquisições, mas tem sido insuficiente para reverter a situação. Em 2002, a área plantada com arroz na Bahia foi de 25,8 mil hectares, 28,69% menos que a do ano de 2001. A produtividade total do Estado elevou-se de 1.130 kg/ha para 1.401 kg/ha, graças à introdução de 1.000 hectares irrigados no Oeste. Todavia, o rendimento médio por hectare nas áreas de sequeiro foi prejudicado pela estiagem, implicando em queda na produção. Na safra de verão de 2002, a Bahia colheu 36,2 mil toneladas, ao passo que na mesma safra de 2001, o volume produzido foi de 41 mil toneladas (Tabela 3). Bahia Agric., v.5, n.1, set. 2002 Tabela 3 Área, produção e rendimento de arroz e variação percentual Bahia, 2001-2002 2001 (A) 2002 (B) B/A (%) Área (ha) 36.203 25.818 -28,69 Produção (t) 40.911 36.176 -11,57 Rendimento(kg/ha) 1.130 1.401 23,99 Gráfico 2 Arroz em casca Comportamento do preço no mercado de Barreiras 25,00 Reais por saca/60 kg 20,00 Fonte: IBGE/SEAGRI Elaboração: SPA/ Coordenação de Conjuntura Agrícola – SEAGRI De setembro do ano passado a janeiro deste ano, o Governo Federal realizou vários leilões, deixando o mercado abastecido, fazendo com que a cotação do arroz se mantivesse baixa no primeiro semestre de 2002. Atualmente, a saca de 60 kg do produto em casca está cotada a R$ 22,50 em Barreiras. 15,00 10,00 5,00 ar A br M 02 Fe v D ez n/ ja O ut N ov Se t Ju l A go ai Ju n M ar A br M 01 n/ ja Fe v - Mês/Ano FEIJÃO Foto: Alceu Elias as chuvas só chegaram no final de dezembro, os bancos não financiaram, haja vista que liberar financiamento para plantio de culturas fora do calendário agrícola é considerado operação de risco. Os produtores de feijão da Bahia não estão enfrentando elevadas flutuações de preços, comuns nos períodos de colheita, embora o Estado tenha au- mentado a produção nesta safra. Os estados do Sul, produtores de feijão, sofreram uma forte estiagem no final do ano passado, frustrando suas colheitas e prejudicando o abastecimento interno. No mês de março, pico da colheita na Bahia, a saca de 60 kg de feijão estava cotada a R$ 52,00 na praça de Irecê. (Gráfico 3.) Tabela 4 Área, produção e rendimento de feijão 1ª safra e variação percentual Bahia, 2001 - 2002 Bahia Agric., v.5, n.1, set. 2002 Área (ha) Produção (t) Rendimento(kg/ha) 2001 (A) 2002 (B) B/A (%) 292.587 112.499 384 380.479 165.838 436 30,04 47,41 13,36 Fonte: IBGE/SEAGRI Elaboração: SPA/ Coordenação de Conjuntura Agrícola - SEAGRI Gráfico 3 Feijão carioca Comportamento do preço no mercado de Irecê 80,00 70,00 Reais por Saca/60 kg A colheita de feijão da primeira safra de 2002 na Bahia foi de 165,8 mil toneladas contra 112,5 mil toneladas no ano passado, um acréscimo de 47,4%. Neste ano, a área colhida foi de 380 mil hectares, um incremento de 30%, comparando-se com a mesma safra de 2001. O rendimento médio passou de 384 kg/ha para 436 kg/ha, elevando-se em 13,36% (Tabela 4). A região de Irecê, principal produtora de feijão na safra de verão na Bahia, colheu 68,2 mil toneladas, ao passo que no ano passado a colheita foi de 43 mil toneladas. Normalmente, naquela região planta-se nos meses de novembro e dezembro. Mas, nesta safra, as chuvas atrasaram, fazendo com que o plantio ocorresse do final de dezembro ao fim de janeiro, período que choveu bastante, criando-se uma expectativa de uma super safra. Entretanto, a partir de meados de fevereiro, veio a estiagem, que prejudicou sensivelmente a produtividade da lavoura. Embora a região de Irecê tenha sido incluída no Zoneamento Agrícola do Ministério da Agricultura para a produção de feijão, os financiamentos por parte dos bancos foram insignificantes nesta safra. De acordo com o Zoneamento Agrícola, o plantio da lavoura na região deve encerrar no dia 20 de novembro. Como 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 jan/01 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez jan/02 Fev Mar Abr Mês/Ano Agrossíntese 5 Gráfico 4 Mamona Comportamento do preço no mercado de Irecê 35,00 30,00 Reais por Saca/60 kg 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 A br ar M Fe v D ez j an /0 2 N ov O ut Se t A go Ju l Ju n ai M A br ar M 1 Fe v - anj /0 A área plantada com mamona na Bahia em 2002 foi de 117,6 mil hectares, 20,6% a menos que a área do ano anterior, apesar de os preços estarem mais elevados no final do ano passado. As chuvas só chegaram na região de Irecê e Piemonte da Diamantina, principais produtoras do Estado, em janeiro, o que prejudicou a liberação de financiamento por parte das instituições financeiras. Nesta safra, pouco mais de 1000 hectares foram financiados pelos bancos, representando menos 1% do total da área plantada A Bahia produz cerca de 90% da mamona colhida no país, com destaque para a região de Irecê, responsável por mais 50% da produção estadual. A cultura da mamona desempenha um importante papel social no semi-árido, visto que, é cultivada por pequenos produtores, além de ser colhida praticamente o ano inteiro, constituindo-se numa fonte de receita mais prolongada para o sertanejo. Desde o início de 2001, a cotação da mamona vem se elevando na Bahia. Como não haverá aumento de produção, a tendência é que preços sigam em alta em 2002. Atualmente, a saca de 60 kg do produto está cotada a R$ 31,00 em Irecê (Gráfico 4). Foto: Manoel França MAMONA Mês/Ano MILHO Na safra de verão deste ano, a área colhida com milho no Estado foi de 296 mil hectares, enquanto que no ano passado, o plantio foi de 348,8 mil hectares. A produção decresceu em 19,85%, passando de 898,5 mil toneladas para 720 mil toneladas (Tabela 5). Do milho produzido na Bahia 60% provém do Oeste, onde o cereal é plantado mais cedo que as demais culturas. Isso o protegeu dos efeitos da estiagem, uma vez que choveu até meados de fevereiro, o suficiente para o bom desempenho da lavoura, que obteve um 2001 (A) 2002 (B) B/A (%) Área (ha) 348.844 295.967 -15,16 Produção (t) 898.485 720.105 -19,85 2.576 2.433 Rendimento(kg/ha) Foto: Acervo Biblioteca / SEAGRI Tabela 5 Área, produção e rendimento de milho 1ª safra e variação percentual Bahia, 2001 – 2002 -5,53 Fonte: IBGE/SEAGRI Elaboração: SPA/ Coordenação de Conjuntura Agrícola - SEAGRI 6 Agrossíntese Bahia Agric., v.5, n.1, set. 2002 rendimento médio de 87 sacas por hectare. Porém, as demais regiões não tiveram o mesmo desempenho, sendo que a produtividade total do estado passou de 2.576 kg/ha para 2.433 kg/ha. Os preços no mercado interno estão bastantes favoráveis, devido à queda na safra nos estados do Sul, o que prejudicou o abastecimento interno. As expectativas são de que as importações do produto neste ano, passem de 600 mil para um milhão de sacas. Isso tem pressionado para cima os preços nacionais, sendo que, em Barreiras, a saca de 60 kg está cotada entre R$ 12,50 e R$ 13,00 (Gráfico 5). Gráfico 5 Milho Comportamento do preço no mercado de Barreiras 16,00 14,00 Reais por Saca/60 kg 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 ar A br Fe v M 02 D ez n/ ja N ov Se t O ut Ju l A go ai Ju n M ar A br Fe v M ja n/ 01 - Mês/Ano Foto: Acervo Biblioteca/SEAGRI SOJA A desvalorização cambial no ano passado motivou os agricultores brasileiros a aumentarem a área de soja em detrimento à área de milho. Esse comportamento também foi verificado na Bahia, cuja área plantada com a leguminosa passou de 690 mil hectares, em 2001, para 800 mil hectares, em 2002, um acréscimo de 15,94%. Entretanto, a elevação da área, infelizmente, não foi acompanhada por uma elevação, na mesma proporção, no volume produzido. Toda a soja colhida na Bahia é oriunda da região Oeste, onde ocorreu falta de chuvas a partir de fevereiro deste ano, prejudicando a produtividade da lavoura, que passou de 2.040 kg/ha, no ano passado, para 1.830 kg/ha, no cor- rente ano. A produção foi de 1,46 milhão de toneladas, um incremento de 4% (Tabela 6). No segundo semestre do ano passado, a previsão de uma elevação da produção mundial de soja, passando de 159 milhões de toneladas, em 2001, para 179 milhões de toneladas, em 2002, pressionou para baixo as cotações internacionais do produto. De agosto do ano anterior até fevereiro deste ano, as cotações para entrega futura estiveram em queda na Bolsa de Chicago. Entretanto, o mercado de farelo deve crescer este ano 1,1 milhão de toneladas, em função do embargo da União Européia do uso de rações de origem animal, devido ao “mal da vaca louca”. No mercado interno, os preços foram baixos no primeiro semestre devido a elevação da produção nacional, mas, nas primeiras semanas de julho, a cotação se elevou substancialmente. Atualmente, a saca de 60 kg de soja no mercado atacadista de Barreiras está cotada a R$ 30,50 (Gráfico 6). Gráfico 6 Soja Comportamento do preço no mercado de Barreiras e Chicago 30,00 25,00 20,00 Tabela 6 Área, produção e rendimento de soja e variação percentual Bahia, 2001 - 2002 15,00 2001 (A) 5,00 Rendimento(kg/ha) 690.000 800.000 15,94 1.407.600 1.464.000 4,01 2.040 1.830 -10,29 - Ju l A go Se t O ut N ov D e ja z n/ 02 Fe v M ar A br Produção (t) B/A (%) ja n/ 01 Fe v M ar A br M ai Ju n Área (ha) 2002 (B) 10,00 Mês/Ano Barreiras R$ Saca Fonte: IBGE/SEAGRI Elaboração: SPA/ Coordenação de Conjuntura Agrícola – SEAGRI Bahia Agric., v.5, n.1, set. 2002 Chicago US$ bushell Agrossíntese 7 DOS COL AGRÍ AS, 3 s o s e o C s o l o s s o n a r u t Citricul leiros costeiros: u b a t s do gestõe s ESTU E I R É S u s e e s i anál