Ana Flávia Ramos: A mídia que estupra | Viomundo - O que você não vê na mídia DESAPEGA E COMPRE O QUE PRECISA NA OLX Ford Fiesta Iphone 3G Honda CG 150 A partir de A partir de A partir de R$ 13.000 R$ 400 R$ 4.500 rss sobre o site fale comigo twitter facebook inicial denúncias política entrevistas opinião do blog você escreve rádio linked in stumble upon tv Buscar Você escreve 17 de janeiro de 2012 às 10:37 e-mail Imprimir comentar Ana Flávia Ramos: A mídia que estupra A mídia que estupra por Ana Flávia Ramos, no Tab na Rede Posted on 16 janeiro 2012 Quem não se lembra do filme The Accused (1988 – Jonathan Kaplan), protagonizado por Jodie Foster, que consagrou a atriz por uma interpretação notável? Filme aclamado pela crítica, impactante e polêmico em sua essência, narra a história de uma jovem, Sarah Tobias, que, após uma noite de diversão com as amigas, é estuprada por vários homens nos fundos de um bar. No desenrolar da trama, com o auxílio de uma advogada, Sarah, que no início é vista como “responsável” pela violência, consegue a condenação de seus agressores, reafirmando a tese de que, independente do flerte, da bebida, das roupas ou de qualquer outra coisa, estupro é sempre estupro. No enredo, vitoriosamente prevalece a máxima: sim significa sim e não significa não! Durante o julgamento, entretanto, outros agravantes foram mobilizados pela advogada para condenar também os cúmplices daquele terrível caso: o estupro de Sarah morbidamente contou com uma platéia entusiasmada que, aos gritos, incitava o ato de violência. A cada novo agressor, a platéia pedia “bis”. Para quem esteve ligado nas redes sociais no último domingo (15/01/12), sabe que a lembrança do filme não é fortuita. Desde ontem, o assunto do suposto estupro sofrido por Monique em rede nacional no Big Brother Brasil não sai de nossas cabeças e nem de nossas timelines. A cena, para quem viu no paperview, enoja, deprime e indigna. Uma mulher, desacordada e vulnerável, tem o seu corpo violado e invadido por alguém que, ao que tudo indica, não foi convidado. Aparentemente sem consciência e sem meios de reagir, a vítima estava entregue ao seu agressor, Daniel, em frente às câmeras, à equipe técnica e à enorme platéia do outro lado da televisão e do computador. Aquilo que era feito nos fundos de um bar perde os seus “pudores” e se torna diversão pública e explícita na TV. Muitas questões têm surgido desde que a cena virou polêmica nacional: Monique sabia o que estava acontecendo? Ela compartilhou as carícias de Daniel? Houve sexo? Ela se lembra do que ocorreu? A despeito dos comentários moralistas, machistas e misóginos – que me recuso a discutir, pois já estou farta de tentar argumentar com quem insiste na imbecilidade – outro fato me chamou a atenção: o papel da platéia nesse “show de horrores”. Quem estava presenciando a tudo e nada fez? A responsabilidade do ato, além de Daniel, se ficar comprovado o estupro, deve ser estendida a quem mais? Assim como os espectadores do estupro no filme The Accused, qual o papel da maior emissora de TV do país no caso? Nas cenas do dia seguinte, Monique dava indícios de que não sabia exatamente o que havia ocorrido na noite anterior. Intrigada, após ter sido chamada no confessionário, pergunta à Daniel o que, de fato, acontecera naquela noite. O brother nega o sexo, dizendo que foram apenas beijos e umas passadas de mão, e claramente se esquiva do assunto. Monique, confinada em um reality show, sem contato com o mundo exterior, não sabe que o Brasil discute seu suposto estupro. Possivelmente violentada enquanto dormia, ela é também “violentada” pela produção do programa, quando esta se nega a informá-la exatamente sobre que está ocorrendo. Omissão grave, já que esta era a equipe a quem a participante confiou sua segurança, ao aceitar participar do programa, um ambiente teoricamente controlado e protegido por regras e parâmetros de bom senso, http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/ana-flavia-ramos-a-midia-que-estupra.html[17/01/2012 16:14:21] leia também Ana Flávia Ramos: A mídia que estupra Ainda o BBB Fátima Oliveira: “Há algo misterioso e perverso na história do escritor” Sobre alguns mistérios da vida privada de Lewis Carroll Justiça suspende reintegração de posse do Pinheirinho Despacho foi expedido às 4h45 desta terçafeira Vera Paiva: Como a PM deve atuar em toda a cidade de São Paulo? A agressão do estudante no DCE/USP deixa claríssimo que a sociedade tem de enfrentar já esse debate Urariano Mota: Quem não pode pagar, que se morda de dor Planos de saúde X anestesiologistas (2) Decisão de processo contra Eternit na Itália será anunciada em 13 de fevereiro Diz respeito à morte de 2.500 trabalhadores, vítimas do cancerígeno amianto Afeganistão: O ato selvagem dos fuzileiros navais Ana Flávia Ramos: A mídia que estupra | Viomundo - O que você não vê na mídia garantidores, ao menos, da integridade física dos jogadores. Estados Unidos tentam conter reação Entretanto, a produção se abstém de dizer o que de fato está acontecendo e deixa Monique, mais uma vez, à mercê de seu eventual algoz. Embora ela tenha direito à verdade, ela continua indefesa na escuridão, como a do quarto em que estava na noite de sábado, permanecendo também na insegurança das camas compartilhadas do programa. Daniel, já anteriormente acusado de ter se aproveitado de Mayara, segue ileso pelos corredores da casa e sequer é questionado pelos responsáveis do reality show. Monique parece ser vítima duas vezes. Heloisa Villela: Desânimo com processo político marca prévias nos EUA Independente da posterior averiguação do caso e da condenação ou não de Daniel, existe um cúmplice a quem não se pode negar a culpa: a Rede Globo de Televisão. A emissora, na madrugada do domingo, reconheceu as evidências de um possível crime (no plantão de notícias do paperview os responsáveis pelo programa escreveram que estava “rolando um clima”, mas que a “loira não se mexia”), se utilizou dessas evidências para alavancar o seu ibope, incitando os telespectadores a continuarem a assistir às cenas, mas, em momento algum, tentou (ou desejou) interromper o ato. No dia seguinte, diante da polêmica e dessas evidências, se absteve, ainda, de revelar à Monique o que ocorrera, negando assim o direito essencial da participante de decidir se devia prestar queixa à polícia ou não. Os produtores, cúmplices da suposta violência, ao esconderem as cenas de Monique, negaram-lhe, entre outras coisas, o direito de realizar o exame de corpo de delito, instrumento fundamental na comprovação da agressão. E quem se responsabilizará por isso? O histórico de barbaridades no BBB já não é novo, mas quais serão os limites do programa após um suposto estupro em cadeia nacional? Como será interpretada pelas autoridades públicas e pelos telespectadores a omissão da Globo diante do caso? A emissora, de forma tirânica e desleal, seguiu com o espetáculo, reduzindo o episódio, através de seu fiel porta-voz, Pedro Bial, a “muito amor”. Através de uma edição impregnada de machismo e, por que não, de moralismos arcaicos, deixou Monique à mercê da situação e sequer prestou contas ao público, que ainda debate intensamente nas redes sociais a saída/punição de Daniel. Como uma concessão pública, que serviços à comunidade são prestados por essa emissora de TV? Qual a responsabilidade social da Rede Globo com seus telespectadores? Ou ainda a pergunta que nos atormenta a cada dia: o que tem sido e para quê tem servido a grande mídia no Brasil? Nesse sentido, a pressão e as críticas dos brasileiros e telespectadores é cada vez mais fundamental na mobilização de forças não somente para a solução desse caso, mas também na construção de uma nova mídia. Ana Flávia C. Ramos Leia também: Carta Maior: Um grande golpe contra os trabalhadores vem aí Quando os líderes falam muito mas não mandam nada Entidades feministas repudiam MP do Nascituro Paulo Kliass: Brasil, importador de café moído Antonio Martins: A curiosa conversa da oligarquia financeira Ministra Iriny Lopes: A Secretaria de Mulheres não teve nenhuma participação na MP 557 Santayana: Só falta o Millenium adotar Getúlio Vargas Maierovitch: O silêncio sepulcral de FHC sobre operação na Cracolândia Emir Sader: As palavras e as coisas Noam Chomsky: Um mundo cheio de ‘não-pessoas’ 103102 Você Não à política “de dor e sofrimento” na Cracolândia Entidades e professores universitários apóiam nota de repúdio Fátima Oliveira: “A forma de chegar ao impossível é acreditar que é possível” Lições dos 150 anos de Alice no País das Maravilhas Juliana Borges e Pedro Martins: Polícia militar é incompatível com a democracia Sobre ações na USP e cracolândia e a necessidade de uma nova Segurança Pública em São Paulo Ministro Padilha: Cadastro não ferirá privacidade da gestante Sobre a MP 557 Churrascão da gente diferenciada, versão cracolândia Neste sábado, às 16h, rua Helvétia com Dino Bueno O estranho relatório da Funai sobre o caso do Maranhão Mas, e a Polícia Federal? 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