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17 de janeiro de 2012 às 10:37
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Ana Flávia Ramos: A mídia que
estupra
A mídia que estupra
por Ana Flávia Ramos, no Tab na Rede
Posted on 16 janeiro 2012
Quem não se lembra do filme The Accused (1988 – Jonathan Kaplan), protagonizado por Jodie Foster,
que consagrou a atriz por uma interpretação notável? Filme aclamado pela crítica, impactante e polêmico
em sua essência, narra a história de uma jovem, Sarah Tobias, que, após uma noite de diversão com as
amigas, é estuprada por vários homens nos fundos de um bar. No desenrolar da trama, com o auxílio de
uma advogada, Sarah, que no início é vista como “responsável” pela violência, consegue a condenação de
seus agressores, reafirmando a tese de que, independente do flerte, da bebida, das roupas ou de
qualquer outra coisa, estupro é sempre estupro.
No enredo, vitoriosamente prevalece a máxima: sim significa sim e não significa não! Durante o
julgamento, entretanto, outros agravantes foram mobilizados pela advogada para condenar também os
cúmplices daquele terrível caso: o estupro de Sarah morbidamente contou com uma platéia entusiasmada
que, aos gritos, incitava o ato de violência. A cada novo agressor, a platéia pedia “bis”.
Para quem esteve ligado nas redes sociais no último domingo (15/01/12), sabe que a lembrança do filme
não é fortuita. Desde ontem, o assunto do suposto estupro sofrido por Monique em rede nacional no Big
Brother Brasil não sai de nossas cabeças e nem de nossas timelines. A cena, para quem viu no paperview,
enoja, deprime e indigna. Uma mulher, desacordada e vulnerável, tem o seu corpo violado e invadido por
alguém que, ao que tudo indica, não foi convidado.
Aparentemente sem consciência e sem meios de reagir, a vítima estava entregue ao seu agressor, Daniel,
em frente às câmeras, à equipe técnica e à enorme platéia do outro lado da televisão e do computador. Aquilo que era feito nos fundos de um bar perde os seus “pudores” e se torna diversão pública e explícita
na TV.
Muitas questões têm surgido desde que a cena virou polêmica nacional: Monique sabia o que estava
acontecendo? Ela compartilhou as carícias de Daniel? Houve sexo? Ela se lembra do que ocorreu? A
despeito dos comentários moralistas, machistas e misóginos – que me recuso a discutir, pois já estou
farta de tentar argumentar com quem insiste na imbecilidade – outro fato me chamou a atenção: o papel
da platéia nesse “show de horrores”.
Quem estava presenciando a tudo e nada fez? A responsabilidade do ato, além de Daniel, se ficar
comprovado o estupro, deve ser estendida a quem mais? Assim como os espectadores do estupro no
filme The Accused, qual o papel da maior emissora de TV do país no caso?
Nas cenas do dia seguinte, Monique dava indícios de que não sabia exatamente o que havia ocorrido na
noite anterior. Intrigada, após ter sido chamada no confessionário, pergunta à Daniel o que, de fato,
acontecera naquela noite. O brother nega o sexo, dizendo que foram apenas beijos e umas passadas de
mão, e claramente se esquiva do assunto.
Monique, confinada em um reality show, sem contato com o mundo exterior, não sabe que o Brasil
discute seu suposto estupro. Possivelmente violentada enquanto dormia, ela é também “violentada” pela
produção do programa, quando esta se nega a informá-la exatamente sobre que está ocorrendo. Omissão
grave, já que esta era a equipe a quem a participante confiou sua segurança, ao aceitar participar do
programa, um ambiente teoricamente controlado e protegido por regras e parâmetros de bom senso,
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/ana-flavia-ramos-a-midia-que-estupra.html[17/01/2012 16:14:21]
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Entretanto, a produção se abstém de dizer o que de fato está acontecendo e deixa Monique, mais uma
vez, à mercê de seu eventual algoz. Embora ela tenha direito à verdade, ela continua indefesa na
escuridão, como a do quarto em que estava na noite de sábado, permanecendo também na insegurança
das camas compartilhadas do programa. Daniel, já anteriormente acusado de ter se aproveitado de
Mayara, segue ileso pelos corredores da casa e sequer é questionado pelos responsáveis do reality show.
Monique parece ser vítima duas vezes.
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Independente da posterior averiguação do caso e da condenação ou não de Daniel, existe um cúmplice a
quem não se pode negar a culpa: a Rede Globo de Televisão. A emissora, na madrugada do domingo,
reconheceu as evidências de um possível crime (no plantão de notícias do paperview os responsáveis pelo
programa escreveram que estava “rolando um clima”, mas que a “loira não se mexia”), se utilizou dessas
evidências para alavancar o seu ibope, incitando os telespectadores a continuarem a assistir às cenas,
mas, em momento algum, tentou (ou desejou) interromper o ato.
No dia seguinte, diante da polêmica e dessas evidências, se absteve, ainda, de revelar à Monique o que
ocorrera, negando assim o direito essencial da participante de decidir se devia prestar queixa à polícia ou
não. Os produtores, cúmplices da suposta violência, ao esconderem as cenas de Monique, negaram-lhe,
entre outras coisas, o direito de realizar o exame de corpo de delito, instrumento fundamental na
comprovação da agressão. E quem se responsabilizará por isso?
O histórico de barbaridades no BBB já não é novo, mas quais serão os limites do programa após um
suposto estupro em cadeia nacional? Como será interpretada pelas autoridades públicas e pelos
telespectadores a omissão da Globo diante do caso? A emissora, de forma tirânica e desleal, seguiu com
o espetáculo, reduzindo o episódio, através de seu fiel porta-voz, Pedro Bial, a “muito amor”. Através de
uma edição impregnada de machismo e, por que não, de moralismos arcaicos, deixou Monique à mercê
da situação e sequer prestou contas ao público, que ainda debate intensamente nas redes sociais a
saída/punição de Daniel. Como uma concessão pública, que serviços à comunidade são prestados por essa
emissora de TV? Qual a responsabilidade social da Rede Globo com seus telespectadores? Ou ainda a
pergunta que nos atormenta a cada dia: o que tem sido e para quê tem servido a grande mídia no Brasil?
Nesse sentido, a pressão e as críticas dos brasileiros e telespectadores é cada vez mais fundamental na
mobilização de forças não somente para a solução desse caso, mas também na construção de uma nova
mídia.
Ana Flávia C. Ramos
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