D!J
Ana Cristina Mendes*
, N ão é fácil caracterizar
objectividade.
relativo
o sector da cerâmica
Elementos
artesanal
como a sua distribuição
com rigor
geográfica.
e
o peso
de cada um dos seus subsectores ( olaria. cerâmica figurativa.
faiançapintada.
etc.). dimensão das
de partida
empresas ou o número ou perfil dos seus
ponto
profissionais
(idade média. sexo. formação
pror~sional)
faltam ou são pouco fiáveis. mesmo nos relatórios
mais
recentemente
produzidos.
Por exemplo. o Estudo Sectorial
da Cerâmica.
editado em 2000 pelo INOFOR
-Instituto
para a Inovação na Formação
exclui
expressamente
o sector da cerâmica
-
artesanal.
o
Também
-Artes
a publicação
presas Comerciais,
Carlos Medeiros
registados,
Microempresas
e Ofícios Tradicionais
da responsabilidade
de
e Rui Pena, que apresenta
pintura
cerâmica
como o barro figurado
registam,
faianças
Artesanato
não se debruça,
36 oficinas, o que evidencia
sobre a cerâmica
Outra hipótese
artesanal
para obter alguma
ção, pelo rríenos do número
informa-
das unidades
desta base de dados
Felizmente,
âmbito
relativa
da legislação
do Artesão
existentes,
seria a partir da
nato, que irá ajudar a resolver
na base da Classifi-
outros
Económicas
artesanal
(das actividades),
industrial,
pelo que descartada
possibilidade,
Centro
mais esta
à base de
é uma base de dados do
nacional,
apresente
maior
na Região Norte, constitui
poucos registos
A cerâmica
de informação,
um dos
de âmbito
sobre o sector das Artes e ofí-
como aliás é caracte-
das artes e ofícios, é um
cios Com as suas naturais
lacunas, desta
fortemente
personificada,
dependente
do saber e talento
profissionais,
1264 artesãos
cerâmicos
dos seus
numa
que a produzem
se centra, assim, um primordial
estratégico,
se encontra
directamente
dos seus produtores,
palavra dos artífices
Neles
potencial
pelo que se torna indispensável
uma menção, mesmo que necessariamente
breve, a algumas das principais
1, 2 e 3
base constam
artesanal,
rístico no domínio
sector onde toda a actividade
Regional de Artes Tradicionais
detalhe
As profissões
do exercício
resta o recurso
(CRA T) que, embora
este e
problemas.
(CAE).
o exercício
dados Democrat
A Democrat
Artesanal
o Registo Nacional de Artesa-
organizada
não distingue
no
ao Estatuto
e Unidade Produtiva
está previsto
44 e
as fragilidades
produtivas
Esta, no entanto,
ou as
respectivamente,
estatística
cação das Actividades
CEARTE
e 44 em azulejaria
Sectores
o Sector do
em Portugal,
789 em
geral, 200 em olaria, 120 em
uma análise geral sobre
em particular,
Formacão
onde se destacam
cerâmica
e Microem-
cerâmicas
profissões
o
o oleiro
o oleiro, enquanto
No tradicional
ao nível
produção
forma
domínio
nacional,
inequívoca
Estremoz
sendo-lhes
contexto
para
se referem,
além
produções
características,
também
são exemplo,
produtores
mas
entre
como
Molelos
(Tondela),
Corvo)
ou Bajouca
que
que de produção
em oficinas
localizadas,
própria
exemplo,
no eixo Porto de Mós -Juncal
Nestes
locais,
o madeladar
outros,
mico
cen-
(Vila
Real),
(Miranda
nas oficinas,
Imuitas
do
fases do processo
quando
avançada
idade
regista-se,
novas
nais
ainda
oficinas
mais
mente,
profissional,
exteriores
Mesmo
produtivo,
nestes
que
surgem,
de
não decisivo
a
A importân
de
profissio-
normal-
altamente
o que tem
quente
enquanto
em empresas
mediados
por entidades
um custo significativo
laborar
criadas no final
veio dar novo alento a
esta actividade
de azulejos
No contexto
artesanais,
da cerâmica
significa
artesanal,
uma profissão
mais tradicional
conhecimentos
mesmo
técnicos
pintor
de
que a de modela-
dor, mas para a qual também
é pouco fre-
dimensão,
individualmente
Louça de
sobre porcelana,
de azulejos
profissional
especializado,
que de relativa
de que
a chamada
de oficinas de
dos anos oitenta,
Pintor
são artesanais
de formação
muito específicas
se
a
A multiplicidade
carácter
o modelador,
a sua presença
produtivas
nos seus serviços que, não
sendo tradicionais,
produtivas
dimensão,
cada vez mais circunscrita
poderá ser exemplo
pintura
é um profis-
tem levado à sua
autonomização,
percursos
às oficinas
emque
centros
por
em unidades
neste cenário,
Coimbra.
um papel deter-
vindo a oriQinar unidades
especializadas
antigas,
de artífices
o aparecimento
dinamizadas
jovens
após
bastante
na posse
contudo,
peque-
cerâ-
que dominam
intervençãopessoaljoQa
proQressiva
desempenha
predominam
geralmente
delas
mais fácil de encon-
encontre
e o pintor/decorador
são profissionais
minante,
a tradição
cerâmico
sional especializado
produções
o modelador
(Leiria)
papel,
o pintor/decorador
embora,
cerâmica
de
Bisalhães
é
trar, integrado
cerâmica
e a pintar/decaradar
a que
de que
Carapinhal
onde
importante
por
industriais
ateliers cerâmicos
mesmo que de pequena
cia de que se revestem
um
ainda se
encontre
quer para empresas
quer para pequenos
artesanal,
embora
de
evocam,
dos lugares
cerâmicas
vincadas
mica, mesmo
de cerâ-
Barcelos,
ou Nisa são nomes
de imediato,
numa empresa
hoje pouco frequente,
cuja
e identificada
como
Neste
existem,
centros
é reconhecida
e específica
tros
da olaria
alguns
oficinas,
posto de trabalho
individualizado
o
se exigem
especializados,
para além de gosto e talento
pois representa
Encontramo-lo
a
ou em pequenas
o já mencionado
Cerâmica
Estudo Sectorial
em Portugal,
considera
da
que no
~
futuro
se reforçará
a tendência,
tente, para estes profissionais
trabalhar
com o mestre, observando-o,
já exispassarem
a
tarefas
cada vez mais em pequenas
oficinas, por conta própria
empresas
Entretanto,
como a Viúva Lamego
Fábrica Aleluia. que ocupam
muito significativo
e decoração
De uma forma
tornava-se,
(muito tempo),
Este modelo
duas guerras
memórias
mundiais
geográfico
e político,
século xx detentor
Portugal
haviam desaparecido
que há muito
Nos anos oitenta
ocorre
deiras.
ferreiros
também
raro.
Urgia
possível
e outros
facilmente
estes
actividade
seus
uma profunda
em Portugal,
encontrar.
artesãos
nal sofre grande
devido aos apoios
e notório
produtos
pois
eram
cada
preservar
transmitindo-os
pagar um trabalho
produção
a sua
e a procura
tradicionais,
dos
profissionais
tradicionais
do mercado,
zando, conservando
e reinventando
património
de técnicas,
formas,
Felizmente
que a cerâmica
executassem
mais
os motivos
nas preferências
era o de formar
formação
e que
as formas
disponibilizada
e
Cerâmica),
tas de formação,
ensino artístico
antigos
Mas qualificar
um profissional
de anos de convivência
para o futuro,
o seu futuro
é prepará-Io
Preservar
o
em centros
da
como
de Formação
existem
profissional
variada oferta
educativa
da
outras ofer-
umas integradas
especializado
identificar
de
e, nas Caldas da
ensino técnico
permite
é um
se situe no âmbito
o CEARTE em Coimbra
(a roda de oleiro, o
artesanal
fatia de qualificação
novos profissionais
os meios de
um ofício significava
um
padrões
dos novos artesãos
Embora a grande
e das técnicas
e reproduzissem
valori-
que suscita maior interesse
Indústria
saberes.
e
atitudes.
dos domínios
profissional
a goiva..)
rentável
capazes de respon-
o escopro
os seus
jovens
e de a tornar
de emprego,
Rainha, o CENCAL (Centro
e martelo,
tecnica-
capazes de desenvol-
forno a lenha, o velho tear desengonçado,
escassa
de
o
Por todo o país
que dominassem
vez mais
às gerações
Até então, aprender
idosos.
não
da formação
der às necessidades
e
desenvolvi-
que fossem os novos deten-
tores das competências
que.
profissio-
em que participa
cursos de formação
profissionais
tece-
profissionais.
rentável
de formar
geradora
pelo Fundo Social Euro-
cujo grande objectivo
no
oleiros.
se constatava
pouco
Trata-se
mutação
peu Todo o sistema de formação
surgem
da sua actividade.
o desafio central
novos artesãos.
de normalização
ensino das artes e ofícios
Mas se era ainda
o antes, o agora e o depois"
a um elenco de critéobjecto
mento, transformação
por quase toda a
Europa
exercício
"Juntar
mente competentes,
disponibilizados
do
de um vasto conjunto
de artes e ofícios tradicionais
o passado
ver uma actividade
no seu
chegou aos finais dos anos setenta
futuro
constitui
em
que apagaram
e saberes, "encravado"
isolamento
normalizada.
e certificação
de
um modo
ao passado.
com provas
cursos. aprendizagens
rios. eles próprios
do efeito devastador
reinter-
encontrar
mestre.
de aprendizagem
têm que obedecer
hoje a profissão?
não
da sua mera
necessário
reinventá-Io,
de dar um novo futuro
dadas no passado deixou de ser concor-
de azulejos e
profissional,
à promoção
torna-se
pretá-Io,
e
Tornar
à pintura.
que formadores.
Salvaguardado
repetição,
à
gradual
com o tempo
num outro
rencial numa sociedade
se aprende
pode limitar-se
bem
painéis
Como
passado, em formação
repetindo-lhe
todas as
da oficina, da mais elementar
mais complexa.
lenta o aprendiz
um número
como os ateliers que se dedicam
manufactura
são
ou a
de profissionais,
os gestos, desempenhando
no
outras
no
Esta ampla e
e formativa,
um conjunto
de cursos
e
mais estabilizados
cerâmica,
como a modelação
a decoração
cerâmica,
aprender,
a azuleja
ria e a olaria
Formar novos profissionais
exige, contudo,
estar em permanente
interacção
mercado
estar atento
de trabalho,
possibilidades
oficinas
de sobrevivência
e, destÇ:l observação
da cerâmica
artesanal,
clara a necessidade
novo profissional,
dominasse
com o
às
decoração
permitindo
nal adaptar-se
mercado
de
e olaria)
fosse capaz de conceber
gerir o seu
negócio, antecipando
Manuel Areias e da Cristina
de algo que os preen-
à procura
um emprego
modas e
ao novo profissio-
com maior facilidade
cada vez mais exigente
a rotina de
como todos os jovens, sucesso
e realização
a um
compatível
ritmo de vida, que garanta
pessoal e familiar
comum
da técnica e dos materiais,
o sustento
imaginação
e que possa coadunar-se
e ainda, de forma
decisiva e
a persistência
e a resistên-
determinante,
Sobretudo,
que se deposita
importante,
procuram
um trabalho
que executem
mais
que os
explicar.
tíí~
" Coordenadora
do CEAR
TE
o teu pão com o suor do teu
de uma cultura judaico-
-cristã. que nos ensinou a ver o trabalho
Se no passado, cada vez mais longínquo,
como um sacrifício.
ser oleiro era um destino
mos como algo que possa ser feito. efecti
muito determinado
remediado,
pela família e, embora
economicamente
aceite, hoje, uma tal escolha
profissional
poderá surgir, aos olhos dos
provocação,
por prazer
como uma bizarria
ou uma
que nãoé
E é com
mais
gosto
diversos
pelo
E, no CEARTE, todos os anos os vemos
Jovens criativos
com vontade
de
que
Carlos
os vemos
e bem
a reinvençãodos
continuidade
chegar
o entende.
viável e
socialmente
menos atentos,
vamente.
barros
Lima
trilhar
sucedidos
e a Alexandra
da sua tradição
Lourosa,
os painéis
de azulejo
Pombal,
os vidrados
coloridos
os
caminhos
negros
-
de Molelos
Monteiro,
pelos
orgulho,
no que se faz, podem
com
prazer, com gosto, com paixão.
raramente
domínio
a criatividade,
cia que só o gosto e um legítimo
realize, um trabalho
a
irmãos
do Joaquim
da Rita
em
numa
a todos eles, e por
com estilos de vida mais soltos e informais
rosto". herdeiros
profissional
se jogam
certo a tantos outros, é o perfeito
com o seu
o que Ihes é claramente
quando
profissionais,
e inovação
Denominador
sem
e volátil.
e o que procura?
Figueiredo.
tensão tão positiva como bem sucedida.
pessoal, sob a
criativa,
os barros
de galeria do
Estes são apenas alguns exemplos
se pensa em percursos
de uma actividade
"Ganharás
Quem procura
jovens
formal
rotina, com horário
(modelação,
próprio
ser ceramistas,
inquietos,
forma
produção
preferências,
sabem que querem
profissional
do processo
e planear a sua produção,
da Isabel Lacerda, a cerâmica
Procuram,
com as suas diversas técnicas
da Célia Guerreiro,
ritmo da vida, da sua vida, jovens que
de um
produtivo
mas que também
pelo Paulo Sousa e a Edite Cruz, as peças
que tenha o
que tradição
que
"Ratinha"
sofisticadas
de uma profissão
a resultar
um profissional
da cerâmica
procura
do mercado
começou
e
Macedo, a reedição
"não quis" ou a quem "nada diz", jovens à
cha, jovens que não desejam
das novas
da formação
a totalidade
jovens a quem o ensino superior
I, 2 eJ
Formação
CEARTE
da Area
de Formação
a
Download

Ana Cristina Mendes* , N ão é fácil caracterizar o sector da