JOSÉ ARAÚJO
JOSÉ ARAÚJO
RICHTER 8.2
A FÚRIA DA NATUREZA
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JOSÉ ARAÚJO
JOSÉ ARAÚJO
RICHTER 8.2
FURIA DA NATUREZA
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RICHTER 8.2
A FÚRIA DA NATUREZA
Copyright© 2008 José Araújo
Título: Richter 8.2 – Fúria da Natureza
Edição: José Araújo
Revisão: José Araújo
Editoração eletrônica: José Araújo
Capa: José Araújo
1 - Literatura Brasileira. 2 - Ficção.
A reprodução de qualquer parte desta obra é
vedada sem a prévia autorização do autor.
Esta é uma obra de ficção, portanto é fruto da
imaginação do autor e, quaisquer semelhanças
dos personagens ou coincidências, com nomes e
pessoas reais, são apenas mera casualidade.
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“Para sermos respeitados é preciso respeitar e
principalmente, saber que não podemos subestimar o
poder arrasador de um ataque de fúria.”
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JOSÉ ARAÚJO
"Para dar ordens à natureza é preciso saber
obedecer-lhe."
Francis Bacon
"Não acuse a natureza, ela faz a parte que lhe
cabia. Agora, faça a sua."
John Milton
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JOSÉ ARAÚJO
São Paulo, quarta feira, 22 de abril de 2020.
O dia esta amanhecendo na capital
paulistana. São apenas seis horas da manhã e
Ana Laura já esta de pé desde as cinco e entre os
preparativos para levar Leninha para a escola e
para ir trabalhar. Uma rotina comum na vida de
centenas de milhares de habitantes da grande
metrópole.
Parecia ser igual a todos os outros, a vida
seguia seu rumo, cada habitante se preparava
para cumprir seus deveres, suas obrigações mas
ninguém na cidade imaginava o que aguardava
a todos, nem em sonhos poderiam adivinhar o
que estava por vir no decorrer daquele dia.
Ana Laura tem que se desdobrar em duas,
cuidando da filha, da casa e dela mesma, como
sempre o fez, dia após dia. Com toda a agitação
e correria das pessoas que vivem e trabalham
nas grandes metrópoles, é comum os pais
deixarem de dar a atenção necessária aos filhos,
pois na maioria dos casos, marido e mulher tem
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que trabalhar e ficam fora de casa a maior parte
do dia e os filhos, ficam sob a responsabilidade
de escolas particulares, publicas ou de pessoas
que são contratadas para cuidar delas em sua
ausência, mas com Ana Laura era diferente.
Quando o assunto era sua filha, suas
prioridades eram outras, como deve ser.
Desde jovem, ela sabia da importância de
uma criança ser bem monitorada e
acompanhada
pelos
pais,
sabia
das
consequências da ausência deles em suas vidas
e nunca deixou de dar todo o suporte e a
atenção que sua filha precisava.
Mesmo nas épocas de maior agitação em
sua vida profissional, ela não deixava de se
preocupar com o bem estar físico e psicológico
de sua filha e o resultado deste comportamento
como mãe, era uma relação baseada em amor,
carinho, reciprocidade de sentimentos, mas
principalmente, uma profunda confiança e
credibilidade mútua, o que fazia delas, uma
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família feliz e unida como poucas, num mundo
onde os valores haviam sido invertidos, desde
muito tempo atrás.
Leninha tinha apenas sete anos de idade,
mas tinha uma personalidade forte e à sua
maneira, possuía uma opinião formada sobre as
coisas que já conhecia da vida, o que era
incomum em crianças de sua idade.
Ela era uma menina que tinha uma vida
de criança e sabia que precisava agir como tal,
vivendo e divertindo-se, aprendendo viver,
cada coisa a seu tempo, mas tinha também a
capacidade de compreender e saber como agir
na ausência de sua mãe durante todo o período
em que ficava sozinha até ela chegar do
trabalho e com isto, ela nunca causou dores de
cabeça a ela, sempre soube se comportar e ainda
ajudava no que podia, na verdade, Leninha era
na expressão da palavra, uma criança exemplar.
Ana Laura era arquiteta e trabalhava
numa construtora de renome na Avenida
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Paulista e Leninha estudava numa escola no
bairro da Penha, zona leste da cidade e todos os
dias, ela deixava sua filha na escola, esperava os
portões se fecharem por medida de segurança e
ia para o trabalho, utilizando como via de regra
o transporte pelo metro, fazendo baldeações, na
estação Republica e depois na estação
Consolação, para descer na estação Brigadeiro,
próxima ao seu trabalho.
Leninha entrava às sete na escola e saia ao
meio dia, indo direto para casa e quando lá
chegava, tomava seu banho, almoçava, fazia
suas lições e o que mais pudesse fazer para
ajudar sua mãe e ia dormir o resto da tarde, pois
levantava muito cedo e precisava descansar.
Com todo o stress e correria da vida na
cidade, elas se davam muito bem, pois sabiam
como driblar os problemas causados por
contratempos e suas vidas, como mãe e filha,
não poderia ser melhor.
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Seu pai vivia no exterior desde que se
separou de sua mãe e esta circunstancia, nunca
foi encarada como uma infelicidade, muito pelo
contrário, elas se uniram mais do que nunca e
só o fato delas terem uma à outra, supria
qualquer falta ocasional que pudesse ser sentida
em suas vidas.
Ana Laura sempre foi uma profissional
extremamente competente, seus projetos eram
arrojados, futuristas, mas sua principal
característica era a atenção que ela sempre
dedicava à segurança do bem maior que temos
neste mundo, a vida.
Desde que terminou a faculdade, ela
sempre se dedicou aos estudos complementares
para que pudesse ser uma profissional
competente, assistia a todos os cursos,
simpósios, palestras e convenções que surgiam
sobre a influencia da geologia na arquitetura
moderna, pois mesmo sendo uma recém
formada, sabia das consequências de um projeto
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mal elaborado, que uma vez executado, sem
preocupação com a segurança do ser humano,
poderia ser o inicio de um caminho que quase
sempre leva ao assassinato em massa de
pessoas inocentes.
Em 22 de abril de 2008, um tremor de terra
que atingiu 5,2 graus na escala Richter foi
registrado a 215 km de São Vicente, no litoral
paulista. Além da Grande São Paulo, o
terremoto foi sentido em Santa Catarina, no Rio
e no Paraná.
Sem consequências mais graves, não tendo
sido sentido em muitos lugares da cidade,
contudo, no apartamento da família de Ana
Laura a coisa não foi bem assim.
Ela era ainda adolescente quando isto
aconteceu, mas ficou muito impressionada e
preocupada com a segurança dos moradores de
seu prédio, pois em alguns andares as portas
ficaram travadas, não se abriam para que as
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pessoas pudessem sair para a rua e em seu
apartamento, não foi diferente.
Seu Pai teve que tirar as dobradiças da
porta para poder retira-la do lugar e só assim
todos puderam sair do apartamento, indo para
a rua até saber o que havia acontecido.
A experiência foi extremamente marcante
para Ana Laura e ela jurou a si própria que seria
uma arquiteta, mas seria uma profissional
diferente, uma pessoa que faria seu trabalho,
baseado nas necessidades de segurança dos
seus semelhantes e se não fosse assim, então ela
não o faria, nem por todo o dinheiro deste
mundo.
Ao longo dos anos, mesmo antes de se
formar na faculdade, ela já fazia suas pesquisas
por contra própria e aprendeu que ao contrário
do que era divulgado pela imprensa e pelas
autoridades competentes, os moradores da
região sudeste do Brasil estavam sob o risco de
serem atingidos por um terremoto de
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proporções incalculáveis a qualquer momento,
pois no território nacional haviam pelo menos
48 falhas mestras, a maioria concentradas em
escalas progressivas, estando a região Sudeste
em 1º lugar, a Nordeste em 2º, seguidas de
longe pelas regiões Norte em 3º e Centro Oeste
na 4ª posição e isto, sem contar que ano, após
ano, havia a possibilidade de descobrirem
novas e mais perigosas falhas nas placas
tectônicas e com a natureza não se brinca, seu
poder pode ser destruidor.
Na verdade, quando este poder imenso
manisfesta-se em sua fúria total, o resultado é
um desastre de proporções incalculáveis
Ana
estudou
minuciosamente
um
relatório sobre os terremotos ocorridos nos
últimos tempos no Brasil.
Em suas pesquisas ela descobriu que o
maior que havia sido registrado, tinha sido de
6.2 na escala Richter em 31 de janeiro de 1.955,
em Porto do Gaúchos, Norte do Mato Grosso,
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sendo sentido num raio de mais de 300
quilômetros e também que houve outro em São
Paulo, em 1.922 na região de Mogi Guaçu com
5.2 na escala Richter, que em novembro de
1.980, foi registrado um terremoto de 5.0 na
escala Richter em Pacajus no Ceará e em 1.986,
na cidade de João Câmara no Rio Grande do
Norte, onde cerca de quatro mil casas foram
derrubadas e desde o abalo daquele ano, mais
de 60 mil outros já haviam sido registrados.
Ela aprendeu muito lendo tudo que pode
encontrar sobre o assunto, pesquisando e
estudando com afinco o comportamento do solo
tanto no Brasil como em outros países por onde
viajou e, Ana Laura, mais do que ninguém,
chegou à conclusão de que a Terra é um enorme
ser que assim como nós, tem sentimentos, sente
alegrias, tristezas, dores e que pode, exatamente
como nós, entrar em stress profundo, refletindo
os efeitos desta pressão nos movimentos das
placas tectônicas, que causam os abalos sísmicos
e outras reações.
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Ela sentia em seu coração que o planeta
era como se fosse uma pessoa doente e carente,
precisando de amor, carinho, cuidados, atenção
e que os terremotos, nada mais eram do que
espasmos de dor, de um corpo doente e
cansado, sem esperanças de cura dos males que
o afligem.
Sua experiência, sua inteligência, a
fizeram chegar rápido ao posto de uma das
arquitetas e pesquisadoras mais renomadas do
país, tendo sido convidada varias vezes a
participar de simpósios e palestras, além de
manifestações em prol da proteção do planeta e
do meio ambiente, assim como os eventos
internacionais sobre a segurança obrigatória na
construção de edificações.
Todas as suas ideias, eram muito
aplaudidas em todos os lugares onde se
apresentava para expor e sugerir novas formas
de segurança na área de construção civil.
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Contudo, desde que se formou e
conseguiu seu primeiro emprego na área da
construção, Ana Laura encontrou inúmeras
vezes problemas na aceitação de seus projetos,
sendo que neles, o maior custo estava no item
segurança, do que ela não abria mão de forma
alguma e em consequência disto, outros
projetos feitos por seus colegas eram aprovados
por terem um custo muito menor e muitas
vezes, sem ter ao menos os requisitos básicos e
necessário, no tocante à segurança do ser
humano.
Por duas vezes ao longo dos anos, ela
perdeu o emprego por se recusar a assinar
projetos criados em grupo para as construtoras
para as quais trabalhou, pois neles, seus colegas
de trabalho atendiam às necessidades da
construtora, não dos futuros usuários ou
moradores que iriam ocupar a construção
depois de pronta.
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