Isabel Mendonça . Hélder Carita . Marize Malta
Coordenação
A CemASA
S
ENHORIAL
Lisboa e no Rio de Janeiro:
Anatomia dos Interiores
Instituto de História da Arte
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa
Escola de Belas Artes
Universidade Federal do Rio de Janeiro
A CemASA
S
ENHORIAL
Lisboa e no Rio de Janeiro:
Anatomia dos Interiores
Coordenação
Isabel Mendonça . Hélder Carita . Marize Malta
A CemASA
S
ENHORIAL
Lisboa e no Rio de Janeiro:
Anatomia dos Interiores
Instituto de História da Arte
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa
Escola de Belas Artes
Universidade Federal do Rio de Janeiro
2014
FCT (PTDC/EAT-HAT/112229/2009)
ISBN: 978-989-99192-0-4
Coordenação
(Universidade Nova de Lisboa)
Isabel M. G. Mendonça
ISBN: 978-85-87145-60-4
Hélder Carita
(Universidade Federal
Marize Malta
do Rio de Janeiro)
A Casa Senhorial
em Lisboa e no Rio de Janeiro:
Anatomia dos Interiores
Design gráfico:
Atelier Hélder Carita
Secretariado:
Lina Oliveira
Tiago Antunes
Edição conjunta
Instituto de História da Arte (IHA) – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
da Universidade Nova de Lisboa
ISBN: 978-989-99192-0-4
Escola de Belas Artes (EBA) – Universidade Federal do Rio de Janeiro
ISBN:
© Autores e IHA
Os artigos e as imagens reproduzidas nos textos são da inteira responsabilidade dos seus autores.
Depósito legal:
383142 / 14
Tipografia:
Norprint
Tiragem:
300 exemplares
LISBOA – RIO DE JANEIRO 2014
Este trabalho é financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia,
no âmbito do projecto com a referência EAT-HAT.112229.2009.
ÍNDICE
MECENAS E ARTISTAS. VIVÊNCIAS E RITUAIS
18
Cátia Teles e Marques
Os paços episcopais nos modelos de representação protagonizados por bispos da
nobreza no período pós-tridentino em Portugal
44
Daniela Viggiani
“L’ Abecedario Pittorico” de Pellegrino Antonio Orlandi
64
Celina Borges Lemos
André Guilherme Dornelles Dangelo
Solar “Casa Padre Toledo”: o bem cultural como uma conjunção ritualística
de espaços e tempos limiares
86
Miguel Metelo de Seixas
O uso da heráldica no interior da casa senhorial portuguesa do Antigo Regime:
propostas de sistematização e entendimento
ARQUITECTURA, ESTRUTURAS E PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS
112
Isabel Soares de Albergaria
O Palácio dos Câmara “aos Mártires” – um caso excecional
da opulência seiscentista
134
João Vieira Caldas
Maria João Pereira Coutinho
O Nome e a Função: Terminologia e Uso dos Compartimentos
na Casa Nobre Urbana da Primeira Metade do Século XVIII
190
Hélder Carita
O Palácio Ramalhete, nas Janelas Verdes: uma tipologia de palacete pombalino
208
Ana Lúcia Vieira dos Santos
Formas de morar no Rio de Janeiro do século XIX: espaço interior
e representação social
ÍNDICE
7
224
Mariana Pinto da Rocha Jorge Ferreira
Tiago Molarinho Antunes
O Palácio dos Condes da Ribeira Grande, na Junqueira:
análise do conjunto edificado
248
José Pessôa
Padrões distributivos das casas senhoriais no Rio de Janeiro
do primeiro quartel do século XIX
272
José Marques Morgado Neto
As Casas Senhoriais da Belém colonial entre os séculos XVIII e XIX: sob a perspectiva dos relatos de viajantes, da iconografia da época e da remanescência
no centro histórico da cidade
292
Gustavo Reinaldo Alves do Carmo
O Palácio das Laranjeiras e a Belle Époque no Rio de Janeiro (1909-1914)
318
Patrícia Thomé Junqueira Schettino
Celina Borges Lemos
“O Palacete Carioca”. Estudo sobre a relação entre as transformações da arquitetura residencial da elite e a evolução do papel social feminino no final do século
XIX e início do século XX no Rio de Janeiro
338
Felipe Azevedo Bosi
Palácio Isabel: o Palácio do Conde e Condessa d’Eu
no Segundo Reinado brasileiro
346
Paulo Manta Pereira
A arquitetura doméstica de Raul Lino (1900-1918). Expressão meridional
do Arts and Crafts, ou síntese local de um movimento artístico universal
do último terço de oitocentos
A ORNAMENTAÇÃO FIXA
8
366
Ana Paula Correia
Memórias de casas senhoriais – patrimónios esquecidos
382
Sofia Braga
Sobre a Sala Pompeia do Antigo Palácio da Ega
A CASA SENHORIAL
EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO
404
Cristina Costa Gomes
Isabel Murta Pina
Papéis de parede da China em Casas Senhoriais Portuguesas
424
Ana Pessoa
As Artes Decorativas no Rio de Janeiro do século XIX: um panorama
444
Isabel Mendonça
Estuques de Paris e “parquets” de Bruxelas num palácio oitocentista de Lisboa
472
Isabel Sanson Portella
Análise Tipológica dos Padrões dos Pisos de Parquet dos Salões
do Palácio Nova Friburgo / Palácio do Catete
482
Alexandre Mascarenhas
Cristina Rozisky
Fábio Galli
A “Casa Senhorial” em Pelotas no século XIX: família Antunes Maciel
502
Miguel Leal
A Pintura Decorativa do Palacete Alves Machado: um estudo de caso
516
Rosa Arraes
A função social das decorações e seus ornatos dos palacetes
na Belle-époque da Amazônia
EQUIPAMENTO MÓVEL
536
Maria João Ferreira
Ecos de hábitos e usos nos inventários: os adereços têxteis nos interiores
das residências senhoriais lisboetas seiscentistas e setecentistas
562
Marize Malta
Sumptuoso leilão de ricos móveis... Um estudo sobre o mobiliário das casas
senhoriais oitocentistas no Rio de Janeiro por meio de leilões
ÍNDICE
9
A CemASA
S
ENHORIAL
Lisboa e no Rio de Janeiro:
Anatomia dos Interiores
Coordenação
Isabel Mendonça . Hélder Carita . Marize Malta
A CemASA
S
ENHORIAL
Lisboa e no Rio de Janeiro:
Anatomia dos Interiores
Instituto de História da Arte
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa
Escola de Belas Artes
Universidade Federal do Rio de Janeiro
2014
FCT (PTDC/EAT-HAT/112229/2009)
ISBN: 978-989-99192-0-4
Coordenação
(Universidade Nova de Lisboa)
Isabel M. G. Mendonça
ISBN: 978-85-87145-60-4
Hélder Carita
(Universidade Federal
Marize Malta
do Rio de Janeiro)
A Casa Senhorial
em Lisboa e no Rio de Janeiro:
Anatomia dos Interiores
Design gráfico:
Atelier Hélder Carita
Secretariado:
Lina Oliveira
Tiago Antunes
Edição conjunta
Instituto de História da Arte (IHA) – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
da Universidade Nova de Lisboa
ISBN: 978-989-99192-0-4
Escola de Belas Artes (EBA) – Universidade Federal do Rio de Janeiro
ISBN:
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Depósito legal:
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Tipografia:
Norprint
Tiragem:
300 exemplares
LISBOA – RIO DE JANEIRO 2014
Este trabalho é financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia,
no âmbito do projecto com a referência EAT-HAT.112229.2009.
ÍNDICE
MECENAS E ARTISTAS. VIVÊNCIAS E RITUAIS
18
Cátia Teles e Marques
Os paços episcopais nos modelos de representação protagonizados por bispos da
nobreza no período pós-tridentino em Portugal
44
Daniela Viggiani
“L’ Abecedario Pittorico” de Pellegrino Antonio Orlandi
64
Celina Borges Lemos
André Guilherme Dornelles Dangelo
Solar “Casa Padre Toledo”: o bem cultural como uma conjunção ritualística
de espaços e tempos limiares
86
Miguel Metelo de Seixas
O uso da heráldica no interior da casa senhorial portuguesa do Antigo Regime:
propostas de sistematização e entendimento
ARQUITECTURA, ESTRUTURAS E PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS
112
Isabel Soares de Albergaria
O Palácio dos Câmara “aos Mártires” – um caso excecional
da opulência seiscentista
134
João Vieira Caldas
Maria João Pereira Coutinho
O Nome e a Função: Terminologia e Uso dos Compartimentos
na Casa Nobre Urbana da Primeira Metade do Século XVIII
190
Hélder Carita
O Palácio Ramalhete, nas Janelas Verdes: uma tipologia de palacete pombalino
208
Ana Lúcia Vieira dos Santos
Formas de morar no Rio de Janeiro do século XIX: espaço interior
e representação social
ÍNDICE
7
224
Mariana Pinto da Rocha Jorge Ferreira
Tiago Molarinho Antunes
O Palácio dos Condes da Ribeira Grande, na Junqueira:
análise do conjunto edificado
248
José Pessôa
Padrões distributivos das casas senhoriais no Rio de Janeiro
do primeiro quartel do século XIX
272
José Marques Morgado Neto
As Casas Senhoriais da Belém colonial entre os séculos XVIII e XIX: sob a perspectiva dos relatos de viajantes, da iconografia da época e da remanescência
no centro histórico da cidade
292
Gustavo Reinaldo Alves do Carmo
O Palácio das Laranjeiras e a Belle Époque no Rio de Janeiro (1909-1914)
318
Patrícia Thomé Junqueira Schettino
Celina Borges Lemos
“O Palacete Carioca”. Estudo sobre a relação entre as transformações da arquitetura residencial da elite e a evolução do papel social feminino no final do século
XIX e início do século XX no Rio de Janeiro
338
Felipe Azevedo Bosi
Palácio Isabel: o Palácio do Conde e Condessa d’Eu
no Segundo Reinado brasileiro
346
Paulo Manta Pereira
A arquitetura doméstica de Raul Lino (1900-1918). Expressão meridional
do Arts and Crafts, ou síntese local de um movimento artístico universal
do último terço de oitocentos
A ORNAMENTAÇÃO FIXA
8
366
Ana Paula Correia
Memórias de casas senhoriais – patrimónios esquecidos
382
Sofia Braga
Sobre a Sala Pompeia do Antigo Palácio da Ega
A CASA SENHORIAL
EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO
404
Cristina Costa Gomes
Isabel Murta Pina
Papéis de parede da China em Casas Senhoriais Portuguesas
424
Ana Pessoa
As Artes Decorativas no Rio de Janeiro do século XIX: um panorama
444
Isabel Mendonça
Estuques de Paris e “parquets” de Bruxelas num palácio oitocentista de Lisboa
472
Isabel Sanson Portella
Análise Tipológica dos Padrões dos Pisos de Parquet dos Salões
do Palácio Nova Friburgo / Palácio do Catete
482
Alexandre Mascarenhas
Cristina Rozisky
Fábio Galli
A “Casa Senhorial” em Pelotas no século XIX: família Antunes Maciel
502
Miguel Leal
A Pintura Decorativa do Palacete Alves Machado: um estudo de caso
516
Rosa Arraes
A função social das decorações e seus ornatos dos palacetes
na Belle-époque da Amazônia
EQUIPAMENTO MÓVEL
536
Maria João Ferreira
Ecos de hábitos e usos nos inventários: os adereços têxteis nos interiores
das residências senhoriais lisboetas seiscentistas e setecentistas
562
Marize Malta
Sumptuoso leilão de ricos móveis... Um estudo sobre o mobiliário das casas
senhoriais oitocentistas no Rio de Janeiro por meio de leilões
ÍNDICE
9
Isabel Mendonça . Hélder Carita . Marize Malta
Coordenação
A CemASA
S
ENHORIAL
Lisboa e no Rio de Janeiro:
Anatomia dos Interiores
Instituto de História da Arte
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa
Escola de Belas Artes
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Resumo/Abstract
A Pintura Decorativa do Palacete Alves Machado: um estudo de caso
Palavras-chave
palacete,
Pereira Cão,
eclectismo,
romantismo,
sociologia
A pintura decorativa do palacete Alves Machado, sito na Rua do Salitre, artéria que sobe até ao antigo Monte Olivete, corresponde a um dos palacetes Oitocentistas que tem sobrevivido à política
de demolições de interiores e de “fachadismo” que tem vigorado na cidade de Lisboa.
Próximo da artéria nobre lisboeta – Avenida da Liberdade – é um dos raros exemplares, da zona,
da decoração de interiores de finais do século XIX que nos chegou intacta aos nossos dias e que
mantém o programa decorativo original. Neste estudo pretendo apresentar, estudar e analisar o
programa decorativo dos seus interiores, em particular, a sua pintura mural, da autoria do pintor
setubalense Pereira Cão (1841-1921), um dos principais pintores decoradores de finais do século
XIX, para além de cenógrafo, pintor de cavalete e pintor ceramista, artista que nos deixou uma
obra vastíssima, do Minho ao Algarve, e que continua muito esquecido nos estudos de História
de Arte.
The decorative painting at the Alves Machado Palace/Mansion: a case study
Keywords
palace,
Pereira Cão,
eclecticism,
romanticism,
sociology
The decorative painting of the Alves Machado palace, situ Rua do Salitre , the street that goes to the
old “Monte Olivete”, corresponds to one of the nineteenth-century palaces that have survived to the
demolition of interior policy that has prevailed in Lisbon .
Near of Avenida da Liberdade, noble street of Lisbon, is one of the rare examples of the zone, that
the interior decoration of the late nineteenth century reached us intact to the present day and that
keeps the original decorative program. In this case study I intend to present, to study and to analyze
the decorative program of its interior, in particular, its murals, designed and conceived by the painter
borned in Setúbal, Pereira Cão (1841-1921), one of the leading decorators and artists of the late nineteenth century, such as set designer, painter and ceramist, a painter who left us a vast work, to the
Minho until the Algarve , and still very much overlooked in the studies of Art History .
Miguel Montez Leal. Investigador no IHA-EAC (Instituto de História de Arte-Estudos de Arte
Contemporânea) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Doutorando em História da Arte Contemporânea, aguardando a defesa da tese. Mestre em História
da Arte Contemporânea (FCSH-UNL), com a tese Pereira Cão (1841-1921) e a Pintura Decorativa
em Portugal. Pós-graduado em Formação Educacional - Ramo de História- FCSH-UNL e em Estudos
Europeus – Dominante Jurídica pela U. C. P. Licenciado em História (FCSH-UNL). Foi bolseiro de
mestrado e de doutoramento apoiado pela F. C. T. É genealogista cronista e poeta.
[email protected].
A Pintura Decorativa do
Palacete Alves Machado: um estudo de caso
Miguel Montez Leal
O
Palácio Alves Machado situa-se na Rua do Salitre1, artéria perpendicular
à Avenida da Liberdade, que sobe até ao antigo Monte Olivete ou Alto da
Cotovia. O edifício de três pisos, possui dois andares nobres, encontra-se pintado no tom de
rosa-velho e apresenta a sua fachada principal recuada em relação à rua e com um terraço
sobre um muro alto. Foi construído em 1875, num terreno que José Alves Machado comprou ao médico Adriano Salgueiro.
Estes Alves Machado, filhos de Bernardo José Alves Machado e de Cipriana Rosa, lavradores, nasceram no lugar de Cabriz, Ribeira de Pena, pequena povoação de Trás-os‑Montes, uma zona de paisagem agreste na transição para o Minho, e fizeram o percurso
clássico dos brasileiros do Norte de Portugal, ambos, José e Manuel Joaquim (1822-1915),
emigraram para o Brasil à procura de melhorar a sua vida.
Manuel Joaquim, nascido em 1822, no mesmo ano em que o Brasil declararia a sua
independência, partiu com o seu irmão, em 1834, para aquele novo País da América com o
intuito de melhorar a sua situação financeira e progredir na vida. Empregou-se em diversas
casas comerciais e foi subindo a pulso à custa de muito trabalho e dedicação, chegando a
adquirir uma posição de destaque entre a numerosa colónia portuguesa emigrada no Brasil
e que muito veio a proteger, mais tarde, quando enriqueceu, sobretudo a partir de um rentável negócio de café2.
No ano de 1873, depois de ter realizado uma grande viagem pela Europa, temporada
em que pode gozar da sua desafogada situação económica, decidiu ir viver para o Porto3,
onde chegou a fazer parte da Junta Distrital. Em breve abandonaria a cidade do Douro e
estabelecer-se-ia na cidade de Lisboa.
Era muito amigo e próximo de Fontes Pereira de Melo (1819-1887) e filiou-se no Partido Regenerador. O Rei D. Luís (1838-1889) agraciou-o em 1879 com o título de Visconde 4 e
foi elevado, mais tarde, em 1896, pelo Rei D. Carlos (1863-1908), à grandeza de Conde5. Foi
também comendador das Ordens de Cristo e da Rosa (no Brasil). Escreveria o romance jocoso O Senador Zacarias de Góis e Vasconcelos, Julgado pela Imprensa do seu País por ocasião
A ORNAMENTAÇÃO
FIXA
503
Ilustração 1
Palacete
Alves Machado
na Rua do Salitre,
nº 66.
504
do seu Falecimento, editado no Porto em 1879.
Quando José Alves Machado morre, a sua propriedade passou para o seu irmão Bernardo Joaquim que estava ainda emigrado no Brasil. Filantropo, altruísta, fazia parte de
várias associações de beneficência, teve uma relação próxima com os monarcas D. Luís I e
D. Carlos, e chegou a custear algumas despesas da família real6.
Em 1899 7 este palácio, poucos anos após a sua construção, foi vendido com todo o
seu recheio, pela quantia de trinta e cinco contos, ao Conselheiro Joaquim José Cerqueira.
Natural de Viana do Castelo emigrou, também, para o Brasil e foi um dos fundadores do
extraordinário Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro conviveu
e associou-se aos familiares do escritor Ramalho Ortigão (1836-1915).
O Conselheiro Cerqueira vivia em Lisboa, neste seu palacete, de Outubro a Junho e
chegou a ser, por duas vezes, deputado. No Verão residia na sua casa de Viana do Castelo,
donde era natural, e onde veio a falecer em 1916. No seu palacete do Salitre recebia e dava
festas, frequentava a alta sociedade e possuía frisa no São Carlos. A casa da rua do Salitre
adequava-se perfeitamente a esta função social, como adiante veremos.
As pinturas decorativas do seu interior vêm do tempo dos seus anteriores proprietários,
os Alves Machado. Acreditamos que o Conselheiro Cerqueira as manteve e terá feito muito
poucas alterações nesta residência. As pinturas devem-se ao trabalho do experimentado
pintor Pereira Cão, que ali concebeu quase um “catálogo” e decálogo de salas de diferentes
estilos e em que se destacam, pela sua originalidade, as pinturas que adornam as paredes da
escadaria nobre.
Vejamos, em traços largos, o percurso deste pintor.
José Maria Pereira Júnior8, que ficou conhecido por Pereira Cão (o seu pseudónimo
artístico9), foi considerado por Esteves Pereira “o mais operoso dos pintores decoradores
que nos ficaram do século XIX “10.
Nasceu na então vila de Setúbal, em 1841, filho de José Maria Pereira, militar (que fez
parte do regimento de infantaria 19, apoiante do exército de D. Miguel, até à sua derrota em
1834), e construtor civil e de Rosalina de Jesus Costa, filha de António Luís da Costa, major
e Governador Militar da Fortaleza de S. Filipe, em Setúbal e de Francisca Rosa das Chagas.
Viveu em Setúbal até aos 12 anos e influenciado pelo seu primo Mariano António Brandão11,
pintor, que, vendo a sua habilidade para desenhar e pintar, aconselhou o seu pai a enviá-lo
para Lisboa, para estudar.
Pereira Cão matriculou-se no Instituto Industrial, recém-criado e na Academia Nacional de Belas-Artes, que frequentará, no regime nocturno, durante três anos. Durante o
dia empregou-se a trabalhar ao lado de Cinatti e Rambois no restauro das salas do Palácio
A CASA SENHORIAL
EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO
Nacional da Ajuda, que teriam que estar prontas a tempo do casamento do Rei D. Luís com
D. Maria Pia de Sabóia; depois passou para o Teatro Nacional de São Carlos, onde trabalhou
como cenógrafo ao lado daqueles mestres. Em seguida, passou para a decoração de palácios
e palacetes, o que fazia na Primavera e Verão, trabalhando no Inverno como cenógrafo. Trabalhou ao lado de Cinatti e Rambois durante cerca de vinte anos e foi-se tornando, a pouco
e pouco, independente.
Activo, como artista durante mais de sessenta anos, são conhecidas as suas facetas artísticas de cenógrafo, pintor-decorador, pintor de cavalete (que fazia sobretudo em períodos
mortos entre as grandes encomendas públicas e privadas) e pintor de azulejos, área na qual
desempenhará também um papel principal, ao lado de Ferreira das Tabuletas e de outros,
como sendo um dos pais do “renascimento” do azulejo português, na década de 80 do século
XIX, um período de revivalismos e de historicismos.
Pereira Cão viajou por países como Espanha, França, Bélgica, Itália, Grécia e Inglater12
ra , onde se procurou documentar e inspirar nas mais recentes técnicas da pintura a fresco.
Foi premiado com a Medalha de Ouro na grandiosa Exposição Universal de Paris de 1889,
ano em que seria agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo. O monarca D.
Carlos quis torná-lo, também, Barão de Pancas, o que Pereira Cão recusou.
Foi também Presidente da Sociedade dos Artistas Lisbonenses e de várias agremiações
civis e religiosas da capital13. Teve um papel de destaque nas Comemorações do Tricentenário de Camões, em 188014, de que foi o principal animador artístico e para o qual construiu
dois carros alegóricos, e nas do Centenário do Marquês de Pombal, em 188215.
Para além da sua obra vastíssima enquanto pintor-decorador e azulejista, foi discípulo,
na azulejaria, de Ferreira das Tabuletas, como acabámos de afirmar e, mais tarde, ele próprio
director da Fábrica Viúva Lamego. Passou grande parte dos seus ensinamentos como pintor
de azulejos e, podemos mesmo dizer que foi mestre de Victoria Pereira (1877-1952)16, seu
genro, um militar de carreira que se tornaria num conhecido pintor ceramista.
Podemos dividir o seu percurso artístico em diversas fases: enquanto discípulo de Cinatti e Rambois (nas décadas de 50 e 60), foi sobretudo cenógrafo, e pintor-decorador; enquanto artista autónomo (da década de 70 até 1921) e pintor de frescos, com variada obra
pública e privada; enquanto azulejista (no final da década de 80 até 1921) e director da Fábrica Viúva Lamego, ao mesmo tempo que pintava a fresco, interiores palacianos; e enquanto
tutor artístico de Victoria Pereira (de 1904 a 1921). Nas encomendas públicas17, edifícios do
Estado ou Igrejas podemos destacar os seguintes trabalhos: no Palácio da Ajuda (os restauros e novos trabalhos de decoração); na Biblioteca da Ajuda (em 1880), a decoração das três
salas; no Palácio das Necessidades (os restauros das paredes da sala de jantar); nas antigas
A ORNAMENTAÇÃO
FIXA
Ilustração 2
Conde Alves Machado:
Manuel Joaquim Alves
Machado (1822-1915).
505
Ilustração 3
Pormenor do retrato de
José Maria Pereira Cão,
de Félix da Costa, 1888
Colecção particular.
506
Cortes (o actual Palácio de S. Bento), pintou a Câmara dos Deputados, o Gabinete da Presidência e a Sala do Bufete; no Palácio do Alfeite (o tecto da sala de jantar); nos Paços do
Concelho de Lisboa (a cúpula e os tectos do salão nobre); no Supremo Tribunal de Justiça;
no Tribunal da Relação; no Hospital de S. José (o vestíbulo); na Igreja da Graça; na Igreja do
Campo Grande (dos Santos Reis); na Igreja da Ajuda (dos Santos Fiéis de Deus); na Igreja
de São Roque (restauros); na Igreja dos Mártires; na Capela do Amparo (em Benfica); na
Capela do Santíssimo de Santa Isabel; na Capela de São Pedro (em Caneças); na Igreja do
Seixal; na Capela de São Pedro (em Palmela); na capela de São Saturnino (em Fanhões); no
Santuário da Carregosa18, e em muitos outros trabalhos.
No campo das encomendas particulares19, destacamos: os palácios do Duque de Palmela, ao Calhariz, no Lumiar e em Azeitão; no palácio de Bessone e Iglésias, no Largo da
Biblioteca, em Lisboa; no palácio do Conde de Fontalva (António Ferreira dos Anjos); no
palácio do Marquês de Viana, ou Marquês da Praia e Monforte (no Largo do Rato, Lisboa);
no palácio dos Condes da Penha Longa e Olivais (ao Pau da Bandeira, em Lisboa); no Palácio Alves Machado, depois Cerqueira (na Rua do Salitre, em Lisboa), como analisaremos
adiante; no palácio do Dr. Rebelo da Silva (a S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa); no palacete de José Ribeiro da Cunha, depois de José da Costa Pedreira (na Praça do Príncipe Real, em
Lisboa); no palacete de Cipriano Calleya (na Avenida da Liberdade, em Lisboa); no palacete
do Comendador José Nunes Teixeira (antigo palácio Pinto Basto, no Largo do Chiado, em
Lisboa); no palacete da Baronesa Samora Correia (na Avenida da Liberdade); nos palacetes
Sampaio e Ribeiro Ferreira (na rua do Salitre); no Palacete Alto Mearim (contíguo ao palacete Alves Machado); no palacete de José Félix da Costa (na Avenida da Liberdade); no
palácio da Condessa de Junqueira (em Almeirim), no palacete do Dr. Oliveira Feijão20 (na
Quinta da Mafarra, Azóia, Santarém); no palacete do negociante Alexandre da Silva Telhada
(em Santarém); no palacete do Dr. Costa Lobo (na Rua dos Coutinhos, em Coimbra); no
Paço do Bispo-Conde, em Coimbra; no palacete do estadista Lopes Branco (na Maiorca,
Figueira da Foz); no palacete do Largo do Carmo, em Braga; no chalet Barbosa Collen (no
Luso); na capela do Palácio Calheiros (em Ois do Bairro); na casa La-Roque (no Porto); no
Palácio da Bolsa (a sanca do vestíbulo); no Clube de Beja; na Casa Pia (em Beja); no palacete
do Visconde da Corte (em S. Brissos, arredores de Cuba); no palacete do Visconde da Esperança (em Cuba); no edifício o Grande Salão de Recreio do Povo (em Setúbal), em 1907,
com a decoração intitulada “Um Sonho Verde”; no palácio do Visconde de Estói (arredores
de Faro e actual Pousada de Portugal); no palacete de Marçal Pacheco, na Quinta da Fonte
da Pipa (em Loulé); no Palacete Magalhães Barros (actual Hotel da Bela Vista, Praia da
Rocha, Portimão, com tectos da sua autoria e azulejos da autoria do seu genro e discípulo,
A CASA SENHORIAL
EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO
Victoria Pereira); numa pastelaria da Rua D. Pedro V; na pastelaria Ferrari (no Chiado, em
Lisboa, e perdida no incêndio de 1988); no Teatro Apolo (em Lisboa, demolido em 1956); no
Teatro Rosa Damasceno (em Santarém, demolido, para dar lugar a um novo teatro de traços
modernistas, mas que manteve o mesmo nome).
Como pintor de azulejos, foi, como anteriormente afirmámos, director da Fábrica Viúva Lamego; a partir do final da década de 80, aquando do restauro por si levado a cabo no
Convento da Madre de Deus, compôs para este edifício conventual dois painéis – A Partida
e a Chegada dos Painéis de Santa Auta (a partir de uma pintura a óleo existente no Museu
Nacional de Arte Antiga), ali colocados, e que são considerados a sua primeira experiência
no campo da azulejaria21. A partir de então, procurou sempre fazer renascer a azulejaria
em Portugal e dedicou-se cada vez mais à arte do azulejo e menos à pintura decorativa de
interiores.
Entre os diversos discípulos de Pereira Cão, na pintura decorativa, ou na azulejaria,
podemos destacar: Eloy Ferreira do Amaral22, José Basalisa, Caetano Alberto Nunes, Jorge
Maltieira e Victoria Pereira.
Regressemos ao palacete Alves Machado. A fonte segura que nos conduz à autoria indubitável destes frescos é Esteves Pereira23. João Manuel Esteves Pereira (Lisboa,
Santos-o-Velho, 1872; Lisboa, 1944), historiador, cronista, escritor e Secretário de Estado
do Comércio, era um dos filhos do primeiro casamento de Pereira Cão, com Maria do
Carmo de São José Esteves (Palmela; Lisboa). Durante a sua juventude, enquanto, estudava nas Belas -Artes, chegou a acompanhar o seu pai em várias obras de decoração, tendo
decidido, posteriormente, abandonar a área artística para se dedicar às Letras.
No artigo enciclopédico sobre Pereira Cão apresentado no Dicionário Portugal, Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Bibliográfico, Numismático e Artístico Ilustrado, diznos este autor rigoroso: “Na rua do Salitre, no predio que foi de Alves Machado, hoje Cerqueira, a escada é decorada com aves e flores, e a sala, no estylo (Luís) XVI, tem as paredes
imitando seda amarella de uma grande illusão”. Naturalmente que, num artigo de carácter
enciclopédico de quatro páginas, que apresenta uma curta biografia de Pereira Cão e nos
faz uma listagem das suas obras, nem todas estão contempladas, muito menos a descrição
das salas, uma a uma, o que se tornaria fastidioso para o leitor comum, numa enciclopédia
que foi saindo em folhetins e só posteriormente encadernada e vendida em volumes por
subscrição.
Ao entrarmos no palacete Alves Machado, passando o hall monumental, encontramos
uma escada em caracol de grandes dimensões, com uma guarda em ferro forjado e que, serpenteando e volteando pelos diferentes pisos, vai terminar num último andar iluminado por
A ORNAMENTAÇÃO
FIXA
Ilustração 4
Comissão executiva
da imprensa e dos
artistas que delinearam
os carros do cortejo
do Tricentenário de
Camões: Teófilo Braga,
Ramalho Ortigão,
Eduardo Coelho, Luciano
Cordeiro, Rodrigues da
Costa, Pinheiro Chagas,
Batalha Reis, Magalhães
Lima, Rodrigo Pequito,
Silva Porto, José Luís
Monteiro, Simões d’
Almeida, Pereira Cão,
Thomazini e Columbano
Bordalo Pinheiro
in O Occidente, 1880.
507
Ilustração 5
Detalhe de um tecto.
Repare-se no pormenor
decorativo que apresenta uma paleta de pintor.
Pereira Cão, 1889.
Ilustração 6
Pormenor do tecto da
Sala Etrusca. Pereira
Cão, 1889.
508
uma clarabóia decorativa. O edifício tem aproximadamente cinquenta divisões, entre salas,
quartos, salas de arrumos, cozinhas, copa, e diversas dependências. Alves Machado era, à
época, um dos homens mais abastados de Portugal.
Uma cúpula interior recebe a luz e permite inundar e repartir a luminosidade pelas
diferentes divisões. Esta cobertura está decorada com uma pintura a claro-escuro em trompe l’oeil e que nos dá a ilusão de relevo. Um friso percorre a clarabóia e representa diversos
personagens desconhecidos24.
As salas apresentam diversos estilos e são de dimensões relativamente reduzidas. A primeira apresenta um tecto que simula ser coberto por um tecido adasmacado e avermelhado,
apresentando um friso, a claro-escuro, e é decorada por rosas e outras flores estilizadas.
Nos cantos da sala faz-se uma alegoria à pintura: dois pincéis repousam sobre uma paleta e
surge-nos um bastão de pintor, que funciona como uma assinatura do pintor.
Numa sala contígua, sobre fundo verde, aparece-nos um profuso e emaranhado de
plantas. Numa pequena saleta duas andorinhas sobre um céu nublado parecem fazer jogos
de sedução.
Noutra sala apresenta-se um elaborado mundo romano (com alusões a Pompeia).
Noutra sala contígua é o mundo etrusco, pintado em tons de cinzento e dourado, que vemos
surgir.
A sala seguinte apresenta o mais convencional estilo Luís XVI, num requinte considerável. Por fim temos uma sala neo-árabe, com estuques trabalhados e certamente inspirados
no imaginário e na cultura visual do palácio granadino de Alhambra e em toda a tradição
romântica do exotismo e do movimento dos revivalismos e das arts and crafts Oitocentistas.
Estas sete salas perfazem um circuito, um desfilar de épocas, de estilos, cada uma delas
teria uma função específica25, e estariam todas abertas aos convidados nos dias de grandes
festas que se realizaram neste palacete, o que facilitaria a circulação, a fluidez, o convívio e
os encontros sociais, numa teia de relações, em que se combinavam alianças, casamentos,
conspirações e negócios.
As salas fazem citações e alusões ao mundo greco-romano da Antiguidade Clássica, ao
estilo francês Luís XVI (tão em voga nos palácios portugueses desta época), e existe, também, como não poderia deixar de ser e como vimos anteriormente, uma sala neo-árabe, que
seria, provavelmente, o fumoir ou o escritório do dono da casa. O edifício é bem o exemplo
dum palacete ecléctico dos finais do Romantismo.
Mas, talvez os trabalhos mais interessantes deste palácio e claramente românticos se
encontrem nas paredes que acompanham os patamares e da escadaria em caracol. Nestas
pinturas ultra-naturalistas, que parecem separar-se das paredes e ganhar vida, vemos vistas
A CASA SENHORIAL
EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO
idealizadas de Portugal, algumas talvez feitas a partir de pequenos apontamentos do natural,
outras talvez de memória. Num destes painéis localizávamos a data de Setembro de 1889,
executada sobre a pintura decorativa, que nos permite datar com precisão, a conclusão de
todo este conjunto mural.
De um lado vemos uma vista de Sintra com o palácio da Pena e a sua serra ainda pedregosa e sem vegetação, um documento histórico, pintado a fresco, de primeira importância, e
que destaca na serra nua, a mole majestosa do palácio do príncipe-consorte alemão26.
Nesta pintura vemos os dotes artísticos de Pereira Cão, que aqui parece ter pintado um
cenário para uma ópera verdiana. Não nos podemos esquecer que Pereira Cão foi um dos
cenógrafos do São Carlos e que colaborou com os mestres Cinatti e Rambois nos seus inícios
de carreira. Daí lhe viria a paixão pela Ópera, pelo canto, mas também de família27, pois o
seu pai, em Setúbal, cantava em festas e saraus privados da elite aristocrática, burguesa e
comercial, da cidade do Sado.
Noutra parede vemos uma vista de Braga, com o escadório do Bom Jesus, cidade que
Pereira Cão, aliás, conhecia muito bem e onde já estivera por diversas vezes para satisfazer
outras encomendas e onde voltaria repetidamente28.
Acompanhando estes cenários quase operáticos, vemos aves e flores de que Pereira Cão
era um exímio especialista, como pequenos pássaros, cisnes, cegonhas, avestruzes e faisões,
papagaios e catatuas, aludindo ao período da estada no Brasil da família Alves Machado.
Este é, sem dúvida, um dos melhores e inspirados trabalhos decorativos de Pereira
Cão, que pode, nesta encomenda, fazer desfilar os estilos que dominava e que seriam certamente do agrado do seu opulento encomendante. A encomenda teria sido bastante livre e
Pereira Cão ter-se-á divertido, como fazia habitualmente, a satisfazer este riquíssimo novo
aristocrata. Nas imediações viria a pintar, na Avenida da Liberdade, o palacete da Baronesa
de Samora Correia (demolido para se construir o edifício modernista do cinema São Jorge);
o palacete de José Félix da Costa 29; o palacete de Cipriano Calleya30; na Rua do Salitre, os
palacetes Sampaio e Ribeiro Ferreira (demolidos mais tarde); ou o palacete do Conde de
Fontalva (António Ferreira dos Anjos), na zona do Príncipe Real, assim como também o
palacete Ribeiro da Cunha.
Amigo de Cinatti (1808-1879)31, Rambois (c. 1810-1882), Columbano (1857-1929),
Malhoa (1855-1933), Alfredo Keil (1850-1907), Júlio de Castilho (1840-1919), Eduardo Coelho (1835-1889), Robles Monteiro (1888-1958) e tantos outros. O circuito artístico português era reduzido, num país onde toda a elite se conhecia e que não tinha ainda nos finais do
século XIX, alcançado o número de 4 milhões de habitantes.
De boca em boca, recomendado primeiro pelos seus pares, depois pelos seus clientes,
A ORNAMENTAÇÃO
FIXA
Ilustração 7
Pormenor do tecto da
Sala Luís XVI. Pereira
Cão, 1889.
Ilustração 8
Vista do Palácio da
Pena. Pintura mural da
escadaria do Palacete
Alves Machado. Pereira
Cão, 1889.
509
Ilustração 9
Pormenor decorativo
do mural da escadaria
do Palacete Alves Machado, fazendo claras
alusões à estada brasileira da família Alves
Machado.
Pereira Cão, 1889.
Ilustração 10
Pormenor (flores
ultranaturalistas) de um
mural da escadaria do
Palacete Alves
Machado.
Pereira Cão, 1889.
510
a sua fama foi num crescendo, num agrado fácil e num País com um reduzido número de
pintores-decoradores.
Moda e prática recuperada na segunda metade de Oitocentos, possibilitava também
aos artistas viverem com um razoável conforto, pois a pintura de cavalete nem sempre se
vendia, e o circuito de galerias, exposições e colecções era parco. Nem sempre Pereira Cão
ficou a salvo de dificuldades, tinha alma e excentricidades de verdadeiro artista, era pai de
trinta e dois filhos de dois matrimónios (catorze do primeiro casamento, dezoito do segundo), que muitas alegrias, desgostos, atribulações e preocupações lhe deram32.
Entre a pintura decorativa (a fresco e têmpera), a cenografia, as tabuletas pintadas, os
carros alegóricos33e a azulejaria, Pereira Cão deixou-nos uma obra vastíssima, que ultrapassa facilmente os mais de cem edifícios, e que infelizmente não tem recebido a devida atenção
de académicos e historiadores.
Agora que uma nova geração de historiadores está a chegar, na senda do trabalho valoroso de outras anteriores, as artes decorativas começam a ocupar o seu merecido lugar.
O século XIX português não pode ser plenamente entendido apenas através da pintura de
cavalete, escultura, urbanismo, arquitectura, ou coleccionismos. É tempo dos historiadores
contemporâneos deixarem de ser tão ou mais preconceituosos do que aqueles que criticaram por serem académicos, no sentido menos feliz da expressão. Se todos nos fecharmos
nos nossos campos e só considerarmos o Modernismo, os Modernismos e o Pós–Modernismo interessantes e passíveis de serem estudados, estaremos a perder uma parte considerável
do pano mental, social e cultural do Pais onde nascemos, crescemos, vivemos e queremos
continuar a viver. E sem o século XIX não se pode entender com propriedade o século XX!
A CASA SENHORIAL
EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO
ÁRVORE GENEALÓGICA ABREVIADA DA FAMÍLIA DE PEREIRA CÃO
Último quartel do século XVIII
Manoel de Oliveira
D. Joana de Oliveira
António Luís da Costa
Sines
Setúbal
Major e Governador da
Fortaleza de S. Filipe,
Setúbal. Participou na
Legião Portuguesa à
Rússia.
D. Francisca Rosa das Chagas
D. Rosalina de Jesus Costa
José Maria Pereira
Lisboa, Freguesia de Nossa Senhora da Ajuda, 1809;
Setúbal
Setúbal, Freguesia de Santa Maria da
Graça 1804;
Lisboa, Freguesia de Santos-o-Velho,
1888.
Militar (Apoiante de D. Miguel) e
posteriormente construtor civil em
Setúbal.
José Maria Pereira Júnior (Pereira Cão)*
Setúbal, Freguesia de São Julião, 1841;
Lisboa, 1921.
Cenógrafo, pintor-decorador e pintor azulejista.
Primeiro casamento: 14 filhos, entre eles
o historiador João Manuel Esteves Pereira.
D.Maria de São José do Carmo Esteves
Palmela
D.Adelaide Maria da Conceição Coelho Sousa
Lisboa
Segundo casamento: 18 filhos
José Estevão Cacella de Victoria Pereira
Maria Adelaide de Sousa Pereira
Leiria, 1877;
Lisboa; Freguesia de Alcântara,
Rua da Junqueira nº 200, 1952.
Coronel, cartógrafo e pintor ceramista.
Lisboa, Freguesia de Santos-o-Velho, 1887;
Lisboa; Freguesia de Alcântara, 1959
Maria Adelaide de Victoria Pereira
Francisco Ribeiro Freire de Oliveira Santos
Lisboa
Cartaxo
Pintora e directora fundadora da
Biblioteca Municipal
de Marcelino Mesquita, Cartaxo.
Com descendência...
Cartaxo
Lisboa
*Por saber ser descendente da família de Diogo Cão, José Maria Pereira Júnior, adoptou o nome Pereira Cão, como nome artístico. Uma das
suas filhas, D. Maria Adelaide de Sousa Pereira de Victoria Pereira, foi convidada durante as festas da Exposição do Mundo Português, em
1940, a desfilar num cortejo histórico como representante e descendente da família do navegador Diogo Cão.
A ORNAMENTAÇÃO
FIXA
511
NOTAS
Corresponde ao número 66 da Rua do Salitre e é, desde 1989, a sede da Fundação Oriente (ocupa os
números 62 a 66 desta mesma artéria lisboeta). Actualmente este edifício encontra-se à venda, e pode ser
consultado no site da Sotheby’s Portugal. Desejamos que o edifício, que se encontra bastante bem conservado, se mantenha nas mãos de quem o saiba manter e lhe saiba dar valor.
2
Alves Machado tinha a sua firma na Rua do Hospício, nº 26, no Rio de Janeiro. Casou com D. Antónia
Bernarda Dolores Rodríguez.
3
No Porto construiu também uma residência sobre a qual podemos cf. Paula Torres Peixoto - Palacetes de
Brasileiros no Porto (1850-1930), Do Estereótipo à Realidade. Porto: Edições Afrontamento, Março 2013,
pp. 156-183. Viveu também no Hotel Francfort, na cidade do Douro, durante cerca de quarenta anos.
4
Afonso Zúquete - Nobreza de Portugal e do Brasil, 1984, Vol. segundo, pp. 266-67. O título de Visconde
foi-lhe dado por Decreto de 15-5-1879.
5
Idem. Por Decreto de 18-6-1896.
6
Nas Memórias do Marquês de Lavradio, afirma-se que ofereceu ao Rei D. Carlos, para que o monarca
não tivesse qualquer tipo de privação, 10 000 libras; ao Imperador D. Pedro II, já no exílio, ofereceu 500
libras e ao monarca D. Manuel II, também já expatriado, 500 libras para a ajuda e manutenção da sua Casa
e lifestyle.
7
A sua filha, Maria Celestina Alves Machado, casou com o escritor e artista José Júlio Gonçalves Coelho
(Porto,1866; Gaia, 1927).
8
Vide Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues - Portugal, Dicionário …, Vol. V, pp. 635-638.
9
O seu sobrenome artístico foi criado com base na genealogia do pintor, que sabia descender do navegador
Diogo Cão. Ao pintor foi apenas colocado o apelido paterno – Pereira – e como era homónimo do seu pai,
foi-lhe acrescentado o “Júnior”, tal como era habitual no século XIX. Também não lhe colocaram o apelido
de sua mãe – Costa. E assim, tal como o próprio refere numa carta manuscrita, “para me distinguir dos
muitos Juniores que por aí há, a partir de agora sou Pereira Cão”. Uma das suas filhas mais novas, Maria
Adelaide de Sousa Pereira (Lisboa, 1887-1959), foi convidada durante a Exposição do Mundo Português,
em 1940, para desfilar num cortejo histórico como descendente da família de Diogo Cão. Sobre o mesmo
tema, cf. Miguel Leal - A Pintura a Fresco entre Dois Séculos: Pereira Cão (1841-1921) e a Pintura Decorativa
em Portugal, Tese de Mestrado em História da Arte Contemporânea apresentada à Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa, 2007, Vol. 1, p. 9.
10
Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues, Idem, p. 635.
11
Sobre o mesmo pintor vide Vítor Serrão e José Meco - Palmela Histórico-Artística, Um Inventário do
Património Artístico Concelhio. Câmara Municipal de Palmela: Edições Colibri, 2007, p. 165.
12
Ibidem, p. 635.
13
Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues, Ob. Cit., p. 638.
14
Vide Pedro Bebiano Braga - Os Carros dos Centenários ou as Rodas do Desejo. In Arte Efémera em
Portugal. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001, pp. 382 e 385.
15
Vide Centenário do Marquez de Pombal. Programma, Lisboa, Typographia Universal, s.d., p. 2.
16
Vide Capítulo 2.4. “Victoria Pereira, Discípulo e Continuador”, pp. 85-98. In Miguel Leal, A Pintura a
Fresco entre Dois Séculos: Pereira Cão e a Pintura Decorativa em Portugal, Tese de Mestrado em História
da Arte Contemporânea apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de
Lisboa, 2006.
17
Vide Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues - Portugal. Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Bibliográfico, Numismático e Artístico Ilustrado. Lisboa: Edição João Romano Torres, 1904-1915, Sete Vols.,
1
512
A CASA SENHORIAL
EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO
Vol. V, pp. 635-638.
18
Vide Bernardo J. Ferrão- A Quinta da Costeira em Oliveira de Azeméis: um Santuário Mariano e
Residência Episcopal Oitocentista com Relevante Valor Arquitectónico e Histórico-cultural, s/d e também A.
Nogueira Gonçalves - Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Aveiro, Zona Norte, Lisboa: Academia
Nacional de Belas-Artes, 1981, p. 130.
19
Vide Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues, Ob. Cit., Vol. V, pp. 635-638.
20
Francisco Augusto de Oliveira Feijão (1850-1918), foi um dos médicos particulares do Rei D. Carlos.
Comprou em finais do século XIX a vasta propriedade da Quinta da Mafarra (na Azóia, arredores de Santarém) à família Ribeiro de Oliveira Freire, e contratou o pintor Pereira Cão para pintar as salas deste palacete. Vide Oliveira Feijão, Augusto - Portugal Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Bibliográfico,
Numismatico e Artístico Ilustrado. Lisboa: Edição João Romano Torres, 1904-1915, Sete Vols., Vol. 2, 1907.
21
Sobre a azulejaria praticada por Pereira Cão, vide António Caldeira Pires - História do Palácio Nacional
de Queluz. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1925, p. 296; Francisco Xavier de Ataíde Oliveira - Monografia de Estoi (A Vetusta Ossonoba). Porto: Companhia Portuguesa Editora, Cap. XI, “O Jardim de Estói”,
pp. 105-106; José Meco - Azulejaria Portuguesa, Col. Património Português. Lisboa: Bertrand Editora,
1985, pp. 79 e 84; Marcus Binney (texto) e Manuel Pedro Rio Carvalho (int.) - Casas Nobres de Portugal.
Lisboa: Difel, 1987, pp. 112-114; Norberto de Araújo - Peregrinações em Lisboa. Lisboa: Ed. Vega, 1992,
Liv. III, p. 62; Hélder Carita e Nuno Calvet,- Os Mais Belos Palácios de Portugal. Lisboa: Verbo, 1992, pp.
252-255; Luísa Arruda - Caminho do Oriente. Guia do Azulejo. Lisboa: Livros Horizonte, 1998, p. 64;
22
Nasceu em Setúbal em 1839. Trabalhou sob a direcção de Cinatti e colaborou mais tarde com Pereira
Cão, de quem era conterrâneo. Foi professor na Escola Industrial Afonso Domingues, onde teve como
aluno Francisco Augusto Flamengo. As suas principais obras são: o tecto da Igreja dos Mártires, em
Alcácer do Sal, pintando a tela a óleo; a pintura a fresco da capela privada, do Colégio de S. Francisco,
em Setúbal, a fresco; foi também pintor de cavalete, especializado em naturezas-mortas e especialista em
restauro de obras antigas. Participou na preparação do pavilhão português da Exposição Universal de
Paris de 1900. Faleceu em 1927.
23
Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues - Dicionário Portugal, Vol. V, p. 636. Afirma José Amado Mendes
na História da História em Portugal séculos XIX e XX, Lisboa: Círculo de Leitores, 1996, pp. 216 e 217:
“(…) João Manuel Esteves Pereira (1872-1944) adquiriu uma sólida formação escolar, tendo frequentado
a Academia de Belas-Artes de Lisboa, o Instituto Industrial e Comercial da mesma cidade e o Curso Superior de Letras, que concluiu em 1896. (…) Esteves Pereira não era somente um erudito, coleccionador
de dados, mas também um historiador infatigável. Por isso, o seu célebre Portugal. Dicionário histórico
…, em muitos aspectos ainda não envelheceu, continuando a ser, para certos temas e autores, de consulta
imprescindível. Nem sequer outras obras de referência, publicadas posteriormente –Grande Enciclopédia
Portuguesa e Brasileira, Verbo, Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura e Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão, o tornaram dispensável. De certo modo, o Dicionário… de Esteves Pereira
pode considerar-se precursor do dirigido por Joel Serrão – tendo presente que os separa cerca de meio
século, embora, de modo algo surpreendente, o autor do Portugal, Dicionário histórico … não conste do
Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão”.
24
A sensação é que esta pintura foi posteriormente restaurada e adulterada, não evidenciando a mesma
qualidade de todas as restantes pinturas deste palácio.
25
Hoje em dia, sem mobiliário de época, constituem os gabinetes de trabalho da Fundação Oriente.
26
Esta pintura parece um cenário de Opera e faz lembrar outras pinturas do palácio das Necessidades,
onde colaboraram Cinatti, Rambois e Pereira Cão em conjunto.
27
Pereira Cão procurará, mais tarde, dar uma educação musical aos seus filhos, e pelo menos duas das suas
A ORNAMENTAÇÃO
FIXA
513
filhas se destacaram como cantoras amadoras, e frequentadoras na sociedade Academia de Amadores de
Música, ao Chiado: Maria Adelaide de Sousa Pereira de Victoria Pereira (Lisboa, Santos-o-Velho, 1887;
Alcântara, 1959) e Hermengarda de Sousa Pereira, ambas chegaram a dar récitas, actuar em festas de
caridade e gravar discos.
28
Em Braga pintaria o palacete do Largo do Carmo, e várias igrejas.
29
Os dois irmãos Félix da Costa eram seus amigos pessoais.
30
Este edifício foi até há pouco tempo o Arquivo Histórico do Ministério das Obras Públicas.
31
Vide Joana Cunha Leal, Giuseppe Cinatti (1808-1879): Percurso e Obra, Tese de Mestrado em História
de Arte, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 1997, II Vols.,
policopiada. Este trabalho é fundamental para conhecer o trabalho de Cinatti enquanto arquitecto. Não
contempla, contudo, o estudo da pintura decorativa da sua autoria, ou a produção enquanto decoradores
da conhecida dupla Cinatti & Rambois.
32
No final da sua vida vivia num vasto apartamento, na Travessa de S. Domingos, na Baixa pombalina,
pegado à Igreja de São Domingos, e mais tarde sede da conhecida casa comercial e armazém Braz e Braz.
Pereira Cão, encontra-se sepultado em jazigo de família, no Cemitério dos Prazeres, ao lado da sua segunda mulher, filha (1887-1959), genro, o coronel e pintor Victoria Pereira (1877 -1952) e netos.
33
Os carros alegóricos foram realizados para o Tricentenário de Camões e para o Centenário de Pombal.
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Idem - Pereira Cão e a Pintura Decorativa da Cúpula dos Paços do Concelho de Lisboa. In Revista Ar 6.
Lisboa: Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, 2006.
Idem - A Pintura a Fresco entre dois Séculos: Pereira Cão (1841-1921) e a Pintura Decorativa em Portugal.
Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas /Universidade Nova de Lisboa, 2006. Tese de Mestrado
em História da Arte Contemporânea apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas /Universidade Nova de Lisboa, policopiada.
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realizada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, (aguardando
defesa).
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A ORNAMENTAÇÃO
FIXA
515
Download

A pintura decorativa do Palacete Alves Machado