Empreendedorismo
Leste Asiático
América Latina
resumo
Empreendedorismo em
Economias Emergentes:
Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas
na América Latina e no Leste Asiático
BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO
Hugo Kantis
Masahiko Ishida
Masahiko Komori
Instituto de Industria
Japan Economic Research Institute
Universidad Nacional de General Sarmiento
Development Bank of Japan
EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES:
Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas
na América Latina e no Leste Asiático
RESUMO
Banco Interamericano de Desenvolvimento
Departamento de Desenvolvimento Sustentável
Subdepartamento de Empresa Privada e Mercados Financeiros
Divisão de Micro, Pequena e Média Empresa
Hugo Kantis
Instituto de Industria
Universidad Nacional de General Sarmiento
Masahiko Ishida
Masahiko Komori
Japan Economic Research Institute
Development Bank of Japan
Development
Bank of
Japan
Cataloging-in-Publication data provided by:
Inter-American Development Bank
Felipe Herrera Library
Kantis, Hugo.
Empreendedorismo em economias emergentes: criação e desenvolvimento de novas empresas na América
Latina e no Leste Asiático: resumo / Hugo Kantis, Masahiko Ishida, Masahiko Komori.
p.cm.
1. New business enterprises—Latin America. 2. New business enterprises—East Asia. 3. Small business—Latin America.
4. Small business—East Asia. 5. Entrepreneurship—Latin America. 6. Entrepreneurship—East Asia. I. Ishida, Masahiko. II.
Komori, Masahiko. III. Inter-American Development Bank. Sustainable Development Dept. Micro, Small and Medium
Enterprise Division. IV. Title.
658.114 K285—dc21
Março 2002
Para obter maiores informações sobre esta pesquisa, consulte o seguinte endereço eletrônico:
http://www.iadb.org/sds/sme ou http://www.iadb.org/sds/ifm_s.htm.
PRÓLOGO
T
anto nos países-membros da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômicos
(OCDE) como nos países em desenvolvimento, o
empreendedorismo é um dos temas que têm recebido
maior atenção nos círculos políticos e universitários.
Empresas dinâmicas recém-fundadas têm contribuído
para o desenvolvimento econômico de três formas
distintas: como um canal de conversão de idéias
inovadoras em oportunidades econômicas; estimulando
a competitividade pela renovação da cadeia produtiva;
e como uma das formas de aumentar a produtividade e
a oferta de novos postos de trabalho.
As últimas pesquisas enfocam mais detalhadamente o
processo de criação de novas empresas, abrangendo
desde a primeira motivação e processo de gestação até a
sua constituição e desenvolvimento inicial. Tais pesquisas,
no entanto, não conseguiram ainda identificar os fatores
mais significativos que incentivam ou limitam a entrada e
o aperfeiçoamento dos empresários nesse processo,
dentro dos distintos contextos locais. Este estudo tenta
responder a essas indagações, tão importantes como
práticas, mediante a análise dos dados proporcionados por
mais de 1.200 novos empresários pesquisados na América
Latina e no Leste Asiático.
Nos últimos cinco anos, o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) apoiou um número considerável
de programas orientados a promover a abertura de novas empresas, envolvendo uma gama variada de
operações que incluem a criação de incubadoras de
empresas, a capacitação de empreendedores, a criação de
fundos de investimentos, a simplificação de normas
burocráticas para a formalização de novas empresas e
assistência técnica aos que desejam iniciar uma carreira
empresarial. Futuramente, dada a importância que a entrada
de novas empresas tem na promoção do desenvolvimento
econômico de países e de regiões macroeconômicas
específicas, o Banco poderia incrementar sua participação
nesses programas, levando em consideração o resultado
deste estudo e suas implicações para a definição de políticas
de desenvolvimento empresarial.
Apresentamos nossos sinceros agradecimentos ao
Governo do Japão, cujo contínuo apoio através do Fundo
Fiduciário Japonês para Serviços de Consultoria e do
Programa Japonês tornou possível a realização e
publicação desta pesquisa. Estendemos nossos agradecimentos à direção do Banco Interamericano de
Desenvolvimento e às equipes de pesquisadores radicadas
em nove países, que trabalharam sob a coordenação de
três acadêmicos. O resultado final desse esforço é a
publicação de um estudo e deste informe compilando os
seus principais pontos e os dos trabalhos desenvolvidos
em cada um dos nove países incluídos na pesquisa.
Esperamos que este informe sirva de referência básica para
o desenvolvimento de políticas destinadas à criação e ao
desenvolvimento de novas empresas, e que os resultados
da pesquisa inspirem mais inovações nos programas
voltados à promoção do empreendedorismo.
Antonio Vives
Subgerente
Subdepartamento de Empresa Privada e Mercados Financeiros
Departamento de Desenvolvimento Sustentável
ÍNDICE
I. Empreendedorismo e desenvolvimento ................................................................................................................................. 1
II. Comparação do processo de criação de empresas ......................................................................................................... 2
1. Fase de gestação da empresa ............................................................................................................................................ 3
2. Fase de constituição da empresa .................................................................................................................................... 4
3. Fase de desenvolvimento inicial da empresa .......................................................................................................... 5
III. Implicações e recomendações de políticas ......................................................................................................................... 6
1. Implicações e recomendações globais........................................................................................................................ 7
2. Implicações e recomendações específicas ............................................................................................................... 8
Integrantes da Pesquisa
INSTITUIÇÃO
INTEGRANTES
Assessor Sênior
Kobe University
Akio Hosono
Equipe de Supervisão
Banco Interamericano de Desenvolvimento
Keisuke Nakamura
Juan Jose Llisterri
Hideki Kagohashi
Pablo Angelelli
América Latina
Instituto de Industria
Universidad Nacional de General Sarmiento
Hugo Kantis (Coordenador)
Rodrigo Rabetino
Javier Babino
Francisco Gatto
Mercedes Cano
Juan Federico
Leste Asiático
Japan Economic Research Institute
Development Bank of Japan
Masahiko Ishida (Coordenador)
Masahiko Komori (Coordenador)
Nao Ushiyama
Equipe de Coordenação
Equipes nos Países
(A primeira pessoa em cada
equipe de país é o coordenador
da equipe de estudo nacional)
Argentina
Instituto de Industria
Universidad Nacional de General Sarmiento
Hugo Kantis
Juan Pablo Ventura
Rodrigo Rabetino
Francisco Gatto
Brasil
Universidade de Campinas
Miguel Juan Bacic
José Newton Carpintéro
Luiz Antônio T. Vasconcelos
Maria Carolina A. F. de Souza
José Walter Martinez
Daniela Gorayeb
Costa Rica
Universidad Nacional de General Sarmiento
Juan Carlos Leiva Bonilla
Japão
Japan Economic Research Institute
Development Bank of Japan
Masahiko Ishida
Masahiko Komori
Hideshi Emoto
Nao Ushiyama
Coréia
Korea Institute for Industrial Economics and Trade
Nakki Baek
Wonchan Ra
México
Universidad Autónoma Nacional de México
Clemente Ruíz Duran
Brettzel Altamirano
Joel Vargas
Laura López
Peru
SASE Consultores
Fernando Villarán
Juan Julio Gutierrez
Singapura
National University of Singapore
Chee Leong Chong
Kwan Kee Ng
Dawn Tan
Taiwan
National Taiwan University
Chen-en Ko
Jennifer H.J. Chen
EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático
N
ovas empresas contribuem de forma significativa
para o desenvolvimento econômico, mormente
nos países em desenvolvimento. Ao ter sucesso, os
novos empresários criam empregos, expandem segmentos
de mercado, aumentam a produção de bens e serviços e
dinamizam a economia das comunidades onde operam.
Este estudo demonstra que um grande número de
microempresas se converte em pequenas e médias
empresas (PMEs) em um período de três anos, e que existe
uma relação positiva entre o número de novas empresas e
o crescimento econômico e entre a geração de empregos
para jovens e a modernização da estrutura empresarial.
Este estudo apresenta novos elementos sobre a capacidade
dos empresários de gerar empregos e de contribuir para o
dinamismo da economia interna. Os resultados encontrados
revelam, também, contrastes interessantes entre a América
Latina e o Leste Asiático. Neste último, as novas empresas
crescem mais rapidamente; tornam-se mais produtivas do
que as da América Latina; o número de empreendedores que
criam novas empresas é maior; e contam com o apoio de
parcerias para superar os problemas ocasionados pela falta
de financiamento. No Leste Asiático, os novos empresários
lançam-se em empreendimentos intensivos no uso de
tecnologia, e um grande número de empresas está envolvido
com exportação mais intensamente do que na América
Latina. Estas tendências sugerem um alto potencial das novas firmas para contribuir na modernização da economia da
região. Aproximadamente dois terços das novas firmas do
Leste Asiático operam no setor tecnológico, contra apenas
um terço nesse tipo de empreendimento na América Latina.
Os empresários asiáticos demostram maior mobilidade social do que os latino-americanos: cerca de 48% das empresas
dinâmicas nessa região da Ásia foram fundadas por
integrantes das classes média e baixa, enquanto na América
Latina esta percentagem é de somente 28,6%. O número de
pessoas que abre uma empresa pela primeira vez é muito
mais alto no Leste Asiático do que na América Latina,
indicando um ambiente mais favorável ao lançamento de
uma primeira empresa. Os novos empresários latinoamericanos precisam de um maior período de tempo para
desenvolver o processo de criação de suas empresas do que
os empresários do Leste Asiático.
empresas seja mais rápida no Leste Asiático. Observa-se isso
pela evolução do faturamento: as firmas asiáticas têm
vendas mais elevadas desde o seu primeiro ano de
existência e crescem em ritmo muito mais intenso do que
as latino-americanas. Embora, em ambas as regiões, a
entrada de recursos nas novas empresas seja inicialmente
baixa, o volume do faturamento no Leste Asiático é duas
vezes àquele da América Latina. Com o passar do tempo,
esta diferença se acentua: após três anos de operação, as
firmas do Leste Asiático vendem cinco vezes mais do que
as latino-americanas, chegando a maioria delas a vender
cerca de US$2 milhões anualmente. Somente algumas
poucas empresas latino-americanas alcançam esse volume
de vendas. A expansão da força de trabalho, entretanto, é
similar nas duas regiões. No primeiro ano, as firmas do Leste
Asiático empregam em média 12 trabalhadores enquanto
as latino-americanas empregam 15. No terceiro ano de
operação as firmas do Leste Asiático ascendem a 30
trabalhadores e as latino-americanas a 26 trabalhadores. Em
conseqüência, as vendas por empregado no terceiro ano
são em média de US$ 141.000,00 no Leste Asiático e de
apenas US$ 33.000,00 na América Latina. Esta disparidade
está provavelmente explicada por uma maior terceirização
e por uma maior proporção de empresas no setor
tecnológico no Leste Asiático.
O objetivo desta pesquisa foi identificar os principais fatores
que influenciam o processo de abertura de empresas
dinâmicas, para priorizar e destacar as ações que os governos
GRÁFICO 1: Crescimento das vendas das novas
empresas no Leste Asiático e na América Latina
75
50
25
0
1o ano
3o ano
< US$ 500
Nessas duas regiões, as novas empresas contribuem para o
crescimento econômico, embora a expansão dessas
América Latina
Leste Asiático
100%
% de empresas
I. EMPREENDEDORISMO E DESENVOLVIMENTO
ano 2000
1o ano
U$S 500-2.000
3 o ano
ano 2000
> US$ 2.000
(em US$ 1.000)
•1
EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático
QUADRO 1: CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO ESTUDO
◗
Amostra da pesquisa: entrevistados 1.271 novos empresários, sendo 582 no Leste Asiático e 689 na América Latina.
◗
Período da pesquisa: entrevistas pessoais realizadas entre novembro de 2000 e fevereiro de 2001.
◗
Amostras em cada de país: mais de 100 novas empresas dinâmicas e mínimo de 30 menos dinâmicas (grupo de
controle) em cada país estudado.
◗
Países: Japão, Coréia, Singapura, Taiwan, Argentina, Brasil, Costa Rica, México, Peru.
◗
Áreas metropolitanas estudadas: Tóquio, Kanagawa, Saitama, Chiba, Osaka, Hyogo, Kyoto, Aichi (Japão); Seoul,
Inchon, Pusan, Taegu, Kwangju, Taejon (Coréia); Taipei, Kaoshung (Taiwan); Singapura (Singapura); Buenos Aires (Argentina); São Paulo, Campinas (Brasil); San José, Alajuela, Cartago, Heredia (Costa Rica); Cidade do México, Guadalajara
(México); Lima (Peru).
◗
Áreas locais*: Kanazawa, Suwa (Japão); Ansan, Shihung, Anyang Bucheon (Coréia); TaiChung-Xian, TaiPei-Xian, Cidade
De XienZhu (Taiwan); Rafaela, Mar del Plata (Argentina); Americana (Brasil); Jalisco, León, Guanajuato, Puebla, Taxco,
Guerrero (México); Trujillo (Peru).
◗
Localização das empresas por áreas estudadas: áreas metropolitanas: 76% no Leste Asiático e 72% na América
Latina; áreas locais: 24% no Leste Asiático e 28% na América Latina.
◗
Setores: manufatura convencional: 46,6% no Leste Asiático e 67,7% na América Latina; intensivos em tecnologia:
53,4% no Leste Asiático e 32,3% na América Latina.
◗
Legalização todas as firmas estão devidamente registradas, não foram incluídas microempresas informais.
◗
Destino das vendas: mercado doméstico: 62% no Leste Asiático e 82,7% na América Latina; exportação:15% das
vendas totais, 26% no Leste Asiático e 8,3% na América Latina.
◗
Validação dos questionários: mais de 90% das perguntas deviam estar respondidas.
(*) Áreas locais são cidades ou municípios fora das zonas metropolitanas que têm grande número de pequenas e médias empresas na
estrutura empresarial.
devem considerar no incentivo ao empreendedorismo. Para
conhecerem-se os fatores que podem afetar o bom
desempenho das novas empresas e determinar como os
empreendedores latino-americanos podem conceber e
desenvolver negócios bem-sucedidos, entrevistaram-se mais
de 1.220 empresários dos setores manufatureiros tradicionais
e de tecnologia intensiva1 em empresas recém-criadas no
Leste Asiático e na América Latina. A comparação entre essas
duas regiões permitiu chegar-se a conclusões sobre o
processo de criação de empresas em diferentes contextos
socioeconômicos. O desenvolvimento de novas empresas foi
concebido e analisado como um processo que é influenciado
por distintos fatores em seus diferentes estágios, desde a
gestação até sua constituição e funcionamento inicial. A
definição de empreendimento dinâmico é baseada na
1
•2
capacidade das novas empresas de expandir sua força de
trabalho. Assim, aquelas consideradas como mais dinâmicas
são as que aumentam sua força de trabalho de 15 a 300
empregados. A análise dos resultados da pesquisa, em que
se baseou o estudo, concentrou-se principalmente nas
empresas dinâmicas ou bem-sucedidas, por oferecerem
lições mais relevantes para promover o empreendedorismo.
II. COMPARAÇÃO DO PROCESSO
DE CRIAÇÃO DE EMPRESAS
O estudo analisou três fases críticas do processo de
criação de novas empresas: gestação; constituição; e
desenvolvimento inicial. Os processos motivacionais e de
Os empreendimentos intensivos em tecnologia correspondem aos que atuam nos setores de software, telemática e Internet.
EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático
GRÁFICO 2: Principal motivação
para iniciar um negócio
Leste Asiático
80
1. Fase de gestação da empresa
A experiência profissional é a fonte de mobilização e de
geração de capacidade empresarial mais importante para
os empresários de ambas as regiões. Os modelos utilizados por empresários exemplares (paradigmáticos) são
fatores de motivação para abertura de novas empresas
no Leste Asiático, onde os meios de comunicação têm
importante papel em sua divulgação. A educação
universitária, ainda que proporcione conhecimento
tecnológico aos empresários em potencial, tem papel
limitado na motivação e no desenvolvimento da
capacidade empresarial.
60
40
20
0
Realização
pessoal
Contribuir
para a
sociedade
Aumentar
a renda
Tornar-se
rico
Ser seu
próprio
chefe
Tornar-se
admirado
na imprensa
GRÁFICO 3: Fontes para identificar oportunidades
Leste Asiático
América Latina
90%
80
70
60
% de empresas
As pessoas pesquisadas informaram que desde o
momento em que sentem o desejo de abrir uma nova
empresa até àquele em que identificam a oportunidade
de negócios decorrem em média de dois a três anos na
região do Leste Asiático e de quatro a cinco anos na
América Latina. As motivações que geram novos
empreendimentos incluem tanto objetivos estritamente
econômicos como de desenvolvimento pessoal. No Leste
Asiático como na América Latina a “realização pessoal” é
a principal motivação para criar um novo negócio, sendo
o “aumento da renda” um objetivo econômico. Em ambas
as regiões, a segunda motivação não-econômica de maior
importância é a de “contribuir para a sociedade”. O apoio
familiar é um dos principais fatores que contribui para a
motivação dos novos empresários. A grande maioria
deles foi apoiada por seu núcleo familiar e grupo social
mais próximo. Somente 10% dos empresários latinoamericanos e 20% dos do Leste Asiático encontraram
alguma oposição por parte de suas famílias quando
demonstraram a intenção de abrir um negócio.
América Latina
100%
% de empresas
tomada de decisões, a busca por oportunidades, a
mobilização de recursos e os principais problemas de cada
fase são descritos a seguir. A primeira fase, a fase de
gestação da empresa, é relativamente longa, indo do
momento em que o empreendedor tem a idéia, identifica
o nicho de mercado e concebe a empresa até o momento
de fazer planos concretos para colocar a idéia em prática.
A segunda fase, a de constituição, vai do momento que o
empreendedor decide criar a empresa até quando reúne
todos os meios para inaugurá-la. A terceira e última fase, a
de desenvolvimento inicial, é a que cobre o período dos
três primeiros anos de funcionamento, críticos para a
sobrevivência da empresa.
50
40
30
20
10
0
Diálogo Artigos de Artigos
Trabalho
prévio com outros revistas de jornais
empresários
Feiras de
comércio
Internet
Pesquisas
acadêmicas
TV, Rádio
O principal nicho de mercado para abertura de novos
empreendimentos encontra-se na venda de produtos ou
serviços para outras companhias, particularmente para as
PMEs. Um número significativo de novos empreendimentos
fornece bens e serviços tecnológicos, incluindo-se software,
telemática e serviços relacionados à Internet. Principalmente
no caso asiático, a terceirização e a subcontratação também
•3
EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático
GRÁFICO 4: Principais motivos
econômicos para iniciar o próprio negócio
Leste Asiático
América Latina
atividades de inovação também são mais difundidas
entre as novas empresas dessa região, onde são mais
numerosas não só aquelas de cunho tecnológico, mas
também as que produzem manufaturados e
oferecem serviços baseados em idéias inovadoras.
90%
80
70
% de empresas
60
50
40
30
20
10
0
Tamanho e
crescimento
do mercado
Aumentar
a renda
Tornar-se
rico
Número e
Expectativa Disponibilidade Recursos/
dimensão dos de crescimento financeira
renda
concorrentes
familiar
GRÁFICO 5: Principais fatores não-econômicos que
influenciam a decisão de iniciar o próprio negócio
Leste Asiático
América Latina
100%
90
80
% de empresas
70
60
50
40
30
20
10
0
Realização
pessoal
Enfrentar
desafíos
contínuos
Contribuir
para a
sociedade
Ser seu
próprio
chefe
Ser uma
pessoa
admirada
Ter influência Obter respeito
Estava
na comunidade
social
desempregado
são importantes oportunidades de negócios. Em ambas as
regiões, os empreendimentos mais dinâmicos posicionamse melhor em mercados com demanda crescente. A grande
maioria das novas firmas fornece para o mercado interno,
embora depois de uma década aproximadamente 40% das
empresas do Leste Asiático estejam exportando. As
•4
As redes — os contatos e relacionamentos do
empreendedor e seus sócios — são um dos dois
fatores mais vitais para o desenvolvimento de novas
empresas. Em ambas as regiões, mais de 70% dos
empresários informaram que a chave para identificar
as oportunidades de negócios é a “interação com as
pessoas” e a “experiência profissional prévia”. Em geral,
as empresas mais dinâmicas possuem um número
maior de contatos pessoais e comerciais (por exemplo,
com executivos de grandes, médias e pequenas
empresas) e os utilizam com maior freqüência do
que as menos dinâmicas. Na América Latina, a rede
de contatos pessoais é maior para as firmas dinâmicas,
mas a rede de contatos comerciais específicos (com
fornecedores e clientes) é mais restrita do que nas
empresas do Leste Asiático. Na América Latina, no
entanto, há um maior apoio através de contatos sociais
próximos, incluindo amigos e parentes.
Os novos empresários, aí considerados os sócios das
empresas mais dinâmicas, não se engajam
majoritariamente em atividades de planejamento
convencionais.A maioria procura informações técnicas
e de mercado antes do lançamento da empresa, mas
esta atividade não influi no alcance de um maior
dinamismo empresarial. De acordo com a pesquisa,
os empresários não se engajam sistematicamente na
elaboração de um plano de negócios. No Leste Asiático,
apenas 60% das empresas dinâmicas contam com um
plano quando começam o negócio, enquanto na
América Latina apenas cerca de 50% de todas as
empresas abertas os tem. Apenas uma minoria dos
novos empresários entrevistados calcula o custo de
oportunidade de seu projeto empresarial antes de
iniciá-lo, não sendo, também, prática generalizada a
elaboração de um fluxo de caixa comparando as
entradas atual e projetada do novo empreendimento.
2. Fase de constituição da empresa
A decisão do empreendedor de abrir um novo negócio é
fortemente influenciada por motivações econômicas e
EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático
não-econômicas similares às da
GRÁFICO 6: Onde conseguir financiamento no estágio inicial do negócio
fase de gestação. As motivações
pessoais mais importantes são “a
Leste Asiático
América Latina
auto-realização”, o “desafio de
Poupança dos sócios
enfrentar mudanças contínuas” e
Empréstimos bancários
o de “contribuir para a sociedade”.
Esta motivações prevalecem em
Parentes e amigos
ambas as regiões. Fatores do tipo
Instituções públicas nacionais
econômico como o tamanho e a
Créditos comerciais
expectativa de crescimento do
Comprar equipamentos de segunda-mão
mercado, o número e a dimensão
Investidores privados
dos concorrentes influem mais
Governos locais
nas decisões dos empresários do
Empreendimentos de capital
Leste Asiático do que nos da
Adiantamento de clientes
América Latina. A disponibilidade
Uso até seu limite do cheque especial
de financiamento, ainda que seja
Atraso no pagamento de impostos
um fator importante na decisão
0
10
20
30
40
50
60
70%
de lançar uma empresa, não
% de empresas
tem tanta relevância quanto os
fatores motivacionais descritos
anteriormente. Mesmo que o
financiamento externo seja escasso, os empreendedores
encontram mecanismos criativos e alternativas para
O acesso aos recursos financeiros é uma verdadeira “prova
desenvolver seus projetos.
de fogo” para a constituição e desenvolvimento inicial das
empresas. Em ambas as regiões, a poupança pessoal dos
A habilidade para alavancar recursos financeiros é essencial
novos empresários é a principal fonte de recursos
para o negócio ter uma boa garantia de sucesso. A
financeiros para o lançamento do seu empreendimento.
experiência profissional anterior e as redes de contato
Setenta por cento dos empreendedores lançam seus
ajudam a abrir as portas aos recursos necessários para
negócios com recursos financeiros próprios, enquanto
iniciar as operações de uma nova empresa. Em ambas as
outros 20% utilizam recursos de amigos e de parentes. As
regiões, mais de 80% dos empreendedores disseram que
fontes de financiamentos externas, como empréstimos
a experiência em trabalhos anteriores lhes ajudou a obter
bancários e investidores privados informais, estão mais
tecnologia e outros recursos não-financeiros, incluindo
disponíveis no Leste Asiático do que na América Latina,
informações, matérias-primas, equipamentos e instalações.
onde a falta de financiamento é um dos maiores
Também, em ambas as regiões, as empresas mais
obstáculos para os empreendedores. Os latino-americanos
dinâmicas tiram maior proveito e vantagem de suas redes
utilizam-se mais de fontes alternativas de financiamento
de contatos, para ter acesso aos recursos não-financeiros.
e de mecanismos que possam reduzir ao mínimo a
Os negócios dinâmicos possuem redes maiores e mais
necessidade de tomar empréstimos de terceiros. Entre
heterogêneas do que os menos dinâmicos. Além disso, no
esses mecanismos estão: i) créditos de fornecedores; ii)
Leste Asiático, os empresários bem-sucedidos contam com
adiantamentos de clientes; iii) atraso no pagamento do
contatos mais estáveis durante o processo, contatos estes
pessoal, serviços públicos e impostos; iv) compra de
que podem passar a ser clientes ou sócios da nova
equipamentos de segunda-mão.
empresa. O uso de redes de contatos pessoais, como meio
para chegar às fontes de recursos, é mais freqüente em
3. Fase de desenvolvimento inicial da empresa
áreas locais com alta presença de PMEs do que nas áreas
Nesta fase — referente aos três primeiros anos do
metropolitanas pesquisadas. Nas cidades com maior
empreendimento — as empresas dinâmicas de ambas as
concentração de pequenas e médias empresas, os vínculos
regiões dizem enfrentar competição em igual intensidade.
interempresariais e sociais tendem a ser mais fortes.
•5
EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático
GRÁFICO 7: Principais problemas dos primeiros três anos
Leste Asiático
80%
70
60
% de empresas
50
40
30
20
10
0
•6
Este fato se deve, provavelmente, à escassez de
recursos próprios, de crédito bancário e de capital de risco.
América Latina
A capacidade de resolver problemas é
fundamental na fase de desenvolvimento
inicial das empresas mais dinâmicas. Em
ambas as regiões, elas compartilham do
mesmo tipo de problemas nesta fase:
encontrar clientes; contratar trabalhadores
qualificados; e ter um fluxo de caixa
equilibrado. Entretanto, há contrastes entre
essas regiões. Os empreendedores latinoamericanos têm maiores dificuldades para
financiar o fluxo de caixa e identificar
fornecedores apropriados. No Leste Asiático,
o problema principal é contratar pessoas com
Contratar
Contratar Financiamentos Adaptar o
Conseguir
Conseguir
Conseguir
as qualificações necessárias para gerenciar,
clientes trabalhadores gerentes
produto fornecedores equipamentos
qualificados
adequados
adequados
contatar e se relacionar com as grandes
empresas. As empresas mais dinâmicas na
América Latina informaram ter dificuldades
em selecionar pessoas qualificadas para gerenciar.
A estratégia empresarial dominante consiste em penetrar
em um nicho de mercado com demanda crescente, com
Nesta fase, as redes de contatos possuem, novamente, um
concorrentes que são outras PMEs, e oferecer produtos
papel fundamental, pois servem de canal de comunicação
diferenciados, com base na qualidade e no serviço.
entre os novos empresários, no diálogo sobre como reGeralmente, os empreendimentos mais dinâmicos não
solver seus problemas comuns. O relacionamento
competem através da fixação de preços mais baixos que
comercial se torna mais importante do que o social, pois
os de seus concorrentes. As firmas menos dinâmicas, no
nesta fase do processo, os novos empresários necessitam
entanto, participam de mercados onde existe menor
de conhecimentos mais específicos para solução de seus
presença de grandes concorrentes.
problemas, o que amigos e parentes em geral não
dispõem. Em ambas as regiões, mais de 85% dos
Ainda nesta fase, os novos empresários têm acesso a uma
empreendedores declararam que as instituições formais
escala maior de fontes de financiamento e as empresas
começam a obtê-los de seus fornecedores. Um número
existentes — governo, associações comerciais,
maior de novas empresas do Leste Asiático recorre mais a
universidades, agências de pesquisa, etc. — não foram
capazes de proporcionar um assessoramento adequado
créditos bancários (tanto comerciais como provenientes
de instituições públicas) do que suas similares na América
para resolver os problemas que surgiram no
Latina. Nessa última região, na fase de desenvolvimento
desenvolvimento inicial de seus negócios.
inicial das novas empresas, o uso de crédito bancário ou
público é marginal. Ainda que a presença de investidores
III. IMPLICAÇÕES E RECOMENDAÇÕES DE POLÍTICAS
privados informais decresça em ambas as regiões, à
medida que as empresas vão envelhecendo, no Leste
Desta pesquisa, pode-se destacar as principais áreas
Asiático a participação de capital de risco em tais
que requerem uma política para promover o
empreendimentos tende a aumentar, enquanto a
empreendedorismo na América Latina. Por sua vez, as
tendência na América Latina é oposta. Entre os
especificidades do processo de empreendedorismo em
empreendedores latino-americanos, o uso de técnicas de
cada país, apresentadas no relatório principal, permitem
bootstrapping (alternativas para reduzir as necessidades
uma reflexão mais adequada das políticas e programas
de inversão) tende a aumentar conforme a empresa cresce.
necessários para cada um. Poder-se-ia, também, aplicar
EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático
QUADRO 2: PRINCIPAIS RESULTADOS DA PESQUISA
1. Empreendedores: os empreendedores são predominantemente do sexo masculino, com graduação universitária ou
pós-graduados, idade média de 40 anos; abriram suas empresas quando tinham entre 30 e 35 anos e usaram recursos
próprios para financiar o empreendimento.
2. Experiência profissional: os empreendedores tiraram da própria experiência profissional a motivação, idéia, habilidade
empresarial e os contatos profissionais para embasar a criação de seus empreendimentos.
3. Redes: as empresas mais dinâmicas fazem maior uso de suas redes de contatos sociais com clientes, fornecedores
e profissionais.
4. Trabalho em equipe: a maioria das firmas dinâmicas é fundada por uma equipe de novos empresários com
qualificações complementares.
5. Ganhar dinheiro não é o único objetivo: as motivações dos empreendedores incluem o desejo de realização pessoal,
contribuição à sociedade e, também, o aumento da renda.
6. Um proporção preocupante dos empreendedores dizem que a instrução formal não tem um papel decisivo e não
estimula a criação de novos empreendimentos, embora reconheçam que os estudos universitários fornecem o
conhecimento técnico necessário para tal.
7. As firmas mais dinâmicas têm estratégias de negócio similares: entram em nichos de mercado com demanda crescente;
seus competidores são outras PMEs; e seus produtos são diferenciados pela qualidade e serviço.
8. Na fase de gestação, o capital vem, geralmente, da poupança pessoal do empreendedor, de seus amigos e parentes.
Durante a fase inicial de desenvolvimento, a tendência é utilizar fontes de financiamentos externas, tais como
empréstimos de bancos e instituições financeiras.
9. A economia latino-americana é menos atrativa para novos empreendimentos que a do Leste Asiático, em razão da
escassez do financiamento, da burocracia intensa e dos impostos e custos gerados pelos governos serem elevados.
No Leste Asiático, os financiamentos são mais fáceis e a terceirização é um nicho de mercado bastante utilizado.
10. As novas empresas do Leste Asiático crescem mais rapidamente e se tornam maiores do que os empreendimentos
latino-americanos. Contam, também, com redes de contatos mais variadas e mais estáveis.
11. A proporção de empreendimentos intensivos em tecnologia e de firmas exportadoras é mais elevada no Leste
Asiático do que na América Latina.
12. Os empreendedores do Leste Asiático são mais influenciados por modelos empresariais apresentados pela mídia do
que os latino-americanos e, após se tornarem empresários, encontram mais oportunidades de uma mobilidade social mais efetiva.
uma metodologia similar à empregada nesta pesquisa em
áreas subnacionais para desenvolver políticas e programas
dirigidos à problemática regional.
1. Implicações e recomendações globais
Seguem-se dois tipos de recomendações: uma, de caráter
global, sobre os objetivos, fatores críticos a considerar,
temporalidade e importância estratégica das políticas de
apoio ao empreendedorismo na América Latina; outra, de
caráter mais específico, sobre como promover a abertura
de novas empresas na região.
O estudo identifica a presença de uma nova geração
de empreendedores e empresas dinâmicas nos países
latino-americanos. Em um contexto de mudança
estrutural, os novos empresários tiveram êxito na
criação e no crescimento de seus negócios. Na América
Latina os empresários geralmente são oriundos de
(a) Aumentar o número de empresas e melhorar as
condições comerciais para criá-las
•7
EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático
faixas restritas da sociedade — classes sociais média e
alta com elevado nível educacional —, o que sugere
acesso geral mais limitado ao empreendedorismo nessa
região do que no Leste Asiático. Esse fato limitaria o
aproveitamento de capacidades empresariais da
população e, conseqüentemente, a geração de riqueza.
Pela mesma razão, a contribuição dos empreendedores
à mobilidade social é menor nos países latinoamericanos. Adicionalmente, o número de empresários
que abre seu próprio negócio é muito menor do que
no Leste Asiático, o que restringe ainda mais o
empreendedorismo. Deve-se mencionar, ainda, que na
América Latina as empresas dinâmicas não crescem
tanto quanto suas similares do Leste Asiático. Assim,
uma política de incentivo ao empreendedorismo
deverá contemplar um aumento da base social, para
facilitar que novos empresários venham também das
classes menos favorecidas, com correspondente
receptividade no ambiente comercial onde possam
estabelecer e fazer prosperar seus novos negócios.
(b) Promover uma estratégia integrada voltada ao
empreendedorismo e apoiada por um conjunto
de instituições nacionais e subnacionais
Estimular o empreendedorismo e melhorar os ambientes
de negócios onde surgem e se desenvolvem novas
empresas é um processo complexo e multidimensional.
Uma política que inclua ações isoladas e desarticuladas
tem menor probabilidade de ter um resultado positivo
do que uma política abrangente. Uma estratégia
integrada deve contemplar programas que atendam a
cada um dos fatores que incidem sobre as diferentes
fases do empreendedorismo.
Uma estratégia integrada de apoio ao empreendedorismo
requer coordenação eficaz entre os programas que a
compõem e as diferentes agências e instituições que
participam em sua execução. É de suma importância que
sejam incluídas agências e instituições locais, para que
possam contribuir para o desenvolvimento econômico de
diferentes áreas das regiões e países da América Latina.
Os principais fatores que afetam o processo de criação de
empresas, identificados nesta pesquisa, podem e devem
ser utilizados como ferramentas para diagnosticar as
necessidades e condições das cidades e regiões
selecionadas para iniciar o programa estratégico de apoio
ao empreendedorismo.
•8
(c) Uma estratégia de médio e longo prazo
As iniciativas para promover o empreendedorismo
requerem horizontes e compromissos políticos,
econômicos e sociais de longo prazo, já que o processo
de identificar uma oportunidade empresarial e de
desenvolver o projeto toma alguns anos. A educação de
potenciais empreendedores é um processo longo que
começa durante os primeiros ciclos da formação escolar
e se estende até os primeiros anos de trabalho. Para uma
sociedade, ter empreendedores bem-sucedidos é tão
importante quanto ter uma infra-estrutura adequada. Os
empreendedores devem ser considerados como
“recursos humanos estratégicos”. Alguns programas que
promovem o empreendedorismo exigirão esforços com
impacto de longo prazo. Isto é particularmente
verdadeiro para programas focalizados nos fatoreschaves, tais como o estímulo motivacional, importante
no estágio inicial. Outros programas mostrarão resultados
em períodos de tempo mais curtos. Por exemplo, esforços
para apoiar os potenciais empreendedores que já têm
seu projeto de negócio elaborado ou já estão operando
um empreendimento novo.
2. Implicações e recomendações específicas
O planejamento de propostas e programas específicos vai
além desta pesquisa, e para esse fim seria necessário levar
em consideração o contexto de cada região ou país, os
tipos de medidas que se desejam implantar e as
experiências anteriores.Todavia, com os resultados obtidos
pela pesquisa, pode-se recomendar atenção especial a
cinco temas ou áreas de grande importância, quais sejam:
a) o estímulo à motivacão e ao empreededorismo; b) o
desenvolvimento de redes e equipes de empresários; c) a
redução do período de gestação de novas empresas; d) a
eliminação de barreiras ao empreendedorismo; e) o
fortalecimento institucional.
(a) Ampliação da base de empreendedores potenciais:
estímulo motivacional e capacidade empresarial
A motivação para estabelecer seu próprio negócio começa
cedo na vida de quem futuramente será um empresário.
Geralmente, essas pessoas são oriundas de famílias de classe
média. A maioria dos empresários latino-americanos
entrevistados nesta pesquisa começou a pensar em montar
seu próprio negócio quando tinha por volta de 25 anos e
abriu sua primeira empresa aos 30 anos. Portanto, para apoiar
EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático
o empreendedorismo, é necessário uma definição criteriosa
das características demográficas e profissionais do grupo
alvo, devotando-se atenção especial ao grupo mais jovem
da população. A disseminação de modelos de empresários
exemplares e a introdução de inovações no sistema
educacional podem contribuir para estimular e motivar os
jovens da América Latina a iniciar novas empresas.
planejamento e contabilidade. É necessário estimular
habilidades de importância crítica para o sucesso
empresarial como: capacidade analítica e criatividade para
a solução de problemas; disposição para assumir riscos e
incertezas; e qualidades para o trabalho em equipe, tais
como criatividade, diplomacia, capacidade de negociação
e desenvolvimento de habilidades interpessoais.
i) Disseminação de modelos de empresários
exemplares para motivar jovens empreendedores
A educação do futuro empresário requer, também,
experiência prática. Isto significa que o sistema educacional
deve estabelecer vínculos concretos com o meio
empresarial. Uma maneira de atingir esse objetivo é colocar
à disposição estágios que exponham os estudantes ao
ambiente empresarial. Para maior efetividade, esses
programas devem ser planejados com a cooperação e
participação do setor empresarial.
No Leste Asiático, os meios de comunicação desempenham
um papel importante na difusão de casos de empresas e
empresários bem-sucedidos. Estes exemplos servem de
estímulo e inspiração para aqueles que desejam abrir o seu
primeiro negócio. Esta divulgação, no entanto, não acontece
nos países latino-americanos, nos quais se poderia realizar
um esforço junto aos meios de comunicação para que
divulguem o paradigma empresarial, com completa
combinação de objetivos que despertem o espírito
empreendedor e inspirem os futuros empresários.
Alguns países fizeram progressos nesta área projetando
campanhas informativas que apresentam claros e positivos
exemplos de empresários-modelos que contribuem para o
desenvolvimento de suas comunidades. Essas campanhas
informativas servem, também, para aumentar o interesse no
empreendedorismo, como uma carreira atrativa e com
benefícios do ponto de vista das realizações pessoais e
pecuniárias. O planejamento de uma campanha deste tipo,
na América Latina, deve reunir líderes empresariais de
diferentes setores e classes sociais, assessorando os meios de
comunicação na produção do material de divulgação
necessário e que apresente modelos de negócios de sucesso.
ii) Desenvolvimento de programas educativos para
despertar a vocação empresarial
A pesquisa mostrou que o sistema educacional formal
das regiões pesquisadas — instituições secundárias,
universidades e institutos técnicos — não estimula em
seus estudantes o interesse no empreendedorismo. O
sistema deveria tomar medidas para fomentar tal interesse
nos negócios. Por exemplo, a escola secundária poderia
ensinar valores e qualidades empresariais; os institutos
de treinamento especializados e as universidades
poderiam assessorar os estudantes interessados em abrir
algum tipo de negócio. Para dar impulso à carreira
de empresário, é necessário ir além de cursos de
(b) Como incentivar e estabelecer redes de contatos
empresariais e equipes de empresários, que são
fatores chaves para o desenvolvimento do setor
Um dos fatores mais importantes do desenvolvimento
empresarial é a interação com outros empresários. Esta é
a maneira mais simples de que se valem para resolver uma
variedade de problemas que vão desde a identificação de
novas oportunidades de negócios e contatar possíveis
clientes até a obtenção de financiamento e planejamento
da estrutura organizacional de sua nova empresa. As
empresas mais dinâmicas são formadas e administradas
por uma equipe de sócios cujas qualidades e
especializações são complementares.
i) Promoção de redes empresariais
Programas de apoio ao empreendedorismo devem levar
em consideração novos modelos que ressaltam a
importância da formação de uma rede de pessoas
interessadas nesse tema. Por exemplo, devem concentrar
esforços para promover nas universidades reuniões ou
conferências com executivos de empresas, para que
compartilhem conhecimentos e estimulem os vínculos
sociais de estudantes interessados no mundo dos negócios
e empreendedores em potencial. Outras instituições
poderiam trazer executivos experientes e proprietáriosgerentes de PMEs para relatar suas experiências a futuros
empresários, criando um espírito de relacionamento e
coleguismo e gerando uma rede de contatos, recurso fundamental para lançar-se um novo empreendimento. Uma
variedade de iniciativas para promover o desenvolvimento
•9
EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático
de redes e equipes empreendedoras merece consideração.
Conferências especiais ou clubes de empresários podem
fornecer o ambiente para que potenciais empreendedores
se encontrem e troquem experiências com empresários,
consultores e conselheiros, investidores privados informais,
capitalistas não avessos ao risco e com formuladores das
políticas do setor empresarial. Em tal ambiente, os potenciais
empresários poderiam encontrar sócios e estabelecer
contatos estratégicos para a realização de seus planos de
negócio. Os contatos feitos em tais atividades ajudarão os
empreendedores a pensar estrategicamente, identificar
oportunidades, refinar os conceitos de negócio, alavancar
recursos e formar sua própria rede de contatos. Programas
de treinamento podem ser criados para agentes
facilitadores de redes que liderariam este tipo de iniciativa.
é necessário estimular o processo de terceirização das
grandes empresas, visando aumentar o número de
oportunidades para novas e inovadoras empresas.
Em alguns países, as redes de contatos regionais, as
conferências ou as feiras comerciais e eventos setoriais
possibilitam a identificação das necessidades da indústria
e do governo, que poderiam se transformar em
oportunidades para empresário inovadores. Outras
iniciativas, como a de apoio financeiro a jovens gerentes,
profissionais, pesquisadores e cientistas com idéias
inovadoras de negócios, propiciam maior liberdade para
que possam dedicar seu tempo ao planejamento e
lançamento de seus projetos.
ii) Facilitar o desenvolvimento de projetos empresariais
ii) Incentivos para a formação de equipes de empreendedores
Para promover o trabalho em equipe pode-se usar meios
diversos, como, por exemplo, programas de treinamento ou
concursos que premiem planos de negócios preparados
pelos grupos. Os programas educacionais multidisciplinares
podem estimular o trabalho conjunto de estudantes de
engenharia e de administração de empresas.
Desenvolver um projeto de negócio requer do
empresário dedicação integral para testar e refinar suas
suposições e definições básicas. Um conjunto de esforços
deve ser feito para ajudar a expandir redes onde possa
intercambiar informações sobre oportunidades no
mercado e sobre a possibilidade de se obter algum tipo
de apoio financeiro, durante a conceptualização e
desenvolvimento de suas idéias.
(c) Redução do período de gestação no processo de
criação de empresas
(d) Eliminação de barreiras ao crescimento e
desenvolvimento de novas empresas
Na América Latina leva-se mais tempo para criar um
empreendimento do que no Leste Asiático, pois os
empreendedores demoram mais para identificar novas
oportunidades de negócios. Isto se explica, provavelmente,
por haver menos vínculos na América Latina entre indústrias,
grandes e pequenas, e empresas no setor intensivo de
tecnologia do que no Leste Asiático. Para acelerar o período
de gestação das novas empresas e lograr que a economia
se beneficie da energia e talento empresarial dos futuros
empresários, é necessário promover as seguintes políticas.
Na América Latina, o ambiente econômico é hostil e não
estimula o lançamento de novos negócios. Os novos
empreendedores queixam-se da falta de financiamento
como um dos principais entraves ao desenvolvimento de
novas empresas. Em alguns países ainda existe o problema
dos altos custos para cumprir as formalidades legais e
administrativas. Estes problemas são decorrentes de uma
combinação de fatores característicos nessas empresas,
tais como seu tamanho, falta de credibilidade e rápido
crescimento. Acrescente-se ainda que, operando em
mercados imperfeitos, enfrentam custos de transação
elevados nos mercados financeiros, de trabalho, de
tecnologia e de serviços profissionais.
i) Aumentar o número de oportunidades para novas
empresas através da inovação e do desenvolvimento
de seus vínculos
Para acelerar o processo de gestação das novas empresas
deve-se envidar esforços para promover a inovação e as
ligações entre os empresários já estabelecidos e os
empreendedores potenciais. Os sistemas de inovação na
América Latina são frágeis, restringindo as oportunidades
para o surgimento de novos empreendimentos. Também
• 10
i) Infra-estrutura de financiamento para novas empresas
A dificuldade de obter financiamento é citada pela maioria
dos empreendedores como um fator que os coloca em
desvantagem, forçando-os a começar com um porte menor
e um nível mais baixo de tecnologia. Na América Latina, o
capital de risco é praticamente inexistente para novas
EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático
empresas. Até mesmo nos mercados financeiros do Leste
Asiático estas fontes de financiamento também são
escassas. Na América Latina este tipo de financiamento é
canalizado, geralmente, para companhias já consolidadas e
não para as que estão iniciando. Isto significa que se deve
desenvolver soluções inovadoras para facilitar o acesso das
novas empresas aos recursos financeiros existentes.
São vários os instrumentos que possibilitam de maneira
efetiva a redução das dificuldades de financiamento enfrentadas. Por exemplo, pode ser útil a criação de incentivos
fiscais para que as empresas de capital de risco invistam
nas novas empresas e para incrementar a criação de redes
de investidores privados não formais (business angels).
Pode-se também aprovar reformas nos mercados de
capitais para facilitar aos investidores a recuperação de seu
capital. Seria igualmente benéfico fomentar a criação de
sistemas para reduzir a assimetria de informações que os
investidores têm ao seu alcance e a diminuição dos custos
das falências com empréstimos garantidos e com oportunidades de reescalonamento para os novos empreendimentos. Por último, pode-se, ainda, facilitar o acesso das
novas empresas a fontes de capital de giro com a aplicação
de esquemas de garantia de empréstimos, adiamento do
pagamento de taxas e impostos sobre lucros nos anos
iniciais do desenvolvimento do negócio e o apoio financeiro
indireto com créditos de cliente e de fornecedores.
ii) Reduzir os custos burocráticos
Em alguns países latino-americanos, os custos das
formalidades burocráticas legais e administrativas são
identificados como um obstáculo à criação de novos
empreendimentos. O ambiente seria mais convidativo se
fossem reduzidos ou simplificados os regulamentos que
aumentam o tempo necessário para conclusão dessas
formalidades, dado que tempo é o recurso mais valioso
para os futuros empresários.
iii) Apoio para resolver problemas iniciais enfrentados
pelos novos empreendedores
Muitos dos programas de desenvolvimento empresarial
existentes não conseguem atender a demanda dos novos
empreendimentos na resolução de seus problemas iniciais.
Neste estágio inicial de desenvolvimento do projeto, os
empreendedores enfrentam desafios específicos que
incluem conquistar os clientes, encontrar fornecedores de
confiança e contratar pessoal e gerentes qualificados.
A maioria dos novos empreendedores não utiliza os
programas de desenvolvimento empresarial já existentes
de apoio às PMEs e procura soluções através de suas
próprias redes de contatos. Levando isto em conta, os
responsáveis pela elaboração de novos programas de
treinamento e assistência técnica devem implantar
programas de acordo com as necessidades das novas
empresas e implementá-los através de redes de
organizações capazes de atender aos novos negócios em
seu estágio inicial de desenvolvimento. É possível que em
certos países não existam firmas capacitadas para oferecer
esses serviços, portanto, será necessário implementar
ações para estimular o seu desenvolvimento.
(e) Fortalecer o tecido institucional para promover
o empreendedorismo
Uma estratégia integrada de promoção do empreendedorismo deve incluir ações vinculadas aos distintos
fatores que incidem nas diferentes etapas do processo
de criação de novas empresas e, por sua vez, dar resposta
às particularidades e especificidades do processo
empreendedor em cada região. O responsável por tal
estratégia deve incluir, para tanto, diferentes organizações
especializadas na promoção do empreendedorismo. As
autoridades responsáveis pela formulação dessas
políticas devem trabalhar com o conceito de cadeia
institucional de valor para combinar e complementar as
habilidades e os recursos de diferentes instituições no
estabelecimento de uma estratégia inovadora integral e
que apóie a criação de empresas.
Partindo desse pressuposto, as universidades devem
desempenhar um papel chave no desenvolvimento do
empreendedorismo; é uma tendência internacional. Na
América Latina, onde a maioria dos estudantes freqüenta
universidades públicas, os responsáveis por essas políticas
devem assegurar que tais universidades estejam comprometidas com estratégias que apóiem o empreendedorismo. Caso contrário, a origem social dos novos
empreendedores continuará restrita às classes mais altas.
Outras instituições, incluindo institutos técnicos de
treinamento, fundações privadas, câmaras de comércio e
organizações da sociedade civil, devem, também, se
engajar nas atividades que promovam o empreendedorismo. Finalmente, os governos nacionais, especialmente os estaduais e os locais, devem agir como
catalisadores da conceptualização, mobilização e promoção das estratégias de apoio ao empreendedorismo.
• 11
Para obter maiores informações sobre esta pesquisa, consulte o seguinte endereço eletrônico:
http://www.iadb.org/sds/sme ou http://www.iadb.org/sds/ifm_s.htm.
Empreendedorismo em países de economias emergentes na América Latina e no Leste Asiático:
principais causas que afetam a criação e o desenvolvimento de novas empresas.
O estudo dos fatores que afetam o processo de criação de negócios foi baseado em uma pesquisa com mais de
1.200 empreendedores na América Latina e no Leste Asiático.
Banco Interamericano de Desenvolvimento
1300 New York Ave., N.W.
Washington, D.C. 20577
Esta pesquisa e sua publicação foram financiadas pelos fundos fiduciários do Japão.
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Empreendedorismo em Economias Emergentes: - Inter