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VIVA BEM! Gerir a diabetes
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Índice
04 CIÊNCIA E DIABETES
08 ENTREVISTA
Com Isabel do Carmo
12 COMPORTAMENTO
Dez passos para gerir a diabetes
14 REPORTAGEM
APDP e o apoio à pessoa com
diabetes
18 EXERCÍCIO FÍSICO
Dez vantagens da marcha rápida
Ajudá-lo a manter-se
saudável
É pela sua vida e para a vida que deve cuidar a sua diabetes. Vigiar e controlar devidamente a doença é imprescindível para que se mantenha saudável e para evitar as
complicações.
Para o ajudar nesta missão, a Bial, através do seu médico, leva até si esta nova revista VIVA BEM – Informação útil para a Diabetes, que tem como missão oferecer-lhe
informação que o ajude a conhecer e a controlar melhor a sua diabetes ou dos seus
familiares.
Quadrimestralmente será lançada uma nova revista, sempre com novos e úteis conteúdos.
Nas primeiras páginas da nossa primeira edição vai poder ficar a conhecer algumas
das novidades dos avanços científicos relacionados com a diabetes. Conheça também
a opinião da conceituada médica endocrinologista Isabel do Carmo, que alerta os portugueses para a importância da alimentação saudável no controlo da diabetes, numa
entrevista exclusiva sobre o tema ”Porque Engordamos?”.
De seguida, no tema Dez Passos para Gerir a sua Diabetes encontrará conselhos úteis
e muito práticos para que comece hoje mesmo a gerir melhor a sua doença.
Damos-lhe ainda a conhecer a APDP – Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal na sua vertente de apoio à pessoa com diabetes.
A fechar, na secção de exercício físico, saiba quais as vantagens que tem para a sua
saúde fazer uma marcha rápida.
Esperamos que os conteúdos que lhe oferecemos hoje sejam de suma utilidade para
si e esperamos contar com a sua atenção na nossa próxima edição.
Ao seu lado, pela sua saúde.
Bial
Ficha Técnica
Propriedade: Grupo BIAL
Editor: Goody, SA • Sede Social: Avenida Infante D. Henrique, nº306
Lote 6 R/C – 1600 Lisboa Tel.: 218 621 530 • Diretor Geral: António
Nunes • Assessor da Direção-Geral: Fernando Vasconcelos •
Coordenadora Editorial: Violante Assude • E-mail: violante.assude@
goody.pt • Redação: Ana Margarida Marques • Fotografia: Mafalda
Melo; Dreamstime • Revisão: Catarina Almeida, Inês Gonçalves,
As opiniões expressas nesta publicação não refletem necessariamente os pontos de vista da Bial, mas apenas os dos autores.
Marta Pinho, Rita Santos • Design gráfico: Foradoras. com
A Bial não se responsabiliza pela atualidade da informação, por quaisquer erros, omissões ou imprecisões.
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Novos genes
associados
à diabetes tipo 1
Cientistas americanos analisaram seis bases
de dados de ADN e encontraram três novas
variantes de genes associadas à diabetes tipo 1.
As conclusões são avançadas pelo PLoS Genetics
e indicam que esta investigação fornece novas
pistas, o que pode levar à descoberta de potenciais
novos tratamentos, segundo os cientistas. A
notícia é anunciada a 29 de setembro de 2011 no
www.consumer.healthday.com.
2587
É o número de crianças e
de jovens (0-19 anos) em
Portugal com diabetes
tipo 1 em 2009, segundo
o Observatório Nacional
da Diabetes.
Sabia que...
Os adultos com diabetes podem beber quantidades moderadas de álcool
se comerem em simultâneo. Segundo um estudo do Diabetes Care, para
uma pessoa com diabetes, a ingestão deve ser limitada
a uma bebida para
as mulheres e duas
para os homens,
num dia. Por bebida entende-se
uma cerveja de
350 ml, um
copo de vinho de 150
ml ou um copo
de 45 ml de uma
bebida destilada.
?
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Pressão arterial mais alta
em jovens obesas
As adolescentes obesas com idades compreendidas entre 13 e 17 anos têm nove vezes
mais probabilidades de terem níveis elevados de pressão arterial, enquanto no caso dos rapazes o risco está aumentado em apenas 3,5 vezes, refere um estudo americano apresentado
por especialistas da Universidade da Califórnia numa conferência da American Physiological
Society, avança a BBC, dia 14 de outubro de 2011. A quantidade de atividade física feita pelos
rapazes e pelas raparigas pode explicar a disparidade do risco de as jovens terem mais problemas cardiovasculares, apontam os especialistas.
Risco
de cancros
aumenta
com diabetes
Uma análise a 14 estudos internacionais
apurou que os pacientes com diabetes têm
um risco de 38 por cento mais de desenvolver cancro do cólon, comparativamente com
outras pessoas que não tenham esta doença
crónica. Investigadores consideram também
que a diabetes está associada a mais 20 por
cento de risco de cancro no reto, no caso dos
homens. Os resultados foram divulgados no
American Journal of Gastroenterology, diz a
Reuters, dia 28 de setembro de 2011.
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Parentalidade
pode ser risco
de obesidade
Os adultos pais de crianças tendem a ganhar mais peso do
que aqueles que não têm filhos, revela um estudo publicado
no Social Science and Medicine. Uma investigação de 15 anos
feita com 3617 adultos demonstrou que a partir dos 55 anos
de idade, a média do índice de massa corporal (IMC) dos que
eram pais ultrapassou os 30, enquanto a dos restantes adultos
manteve-se nos valores 25-29. O estudo foi dado a conhecer,
dia 29 de setembro de 2011, no The Wall Street Journal.
Comer rápido
aumenta risco
de pré-diabetes
Sono
relacionado
com
obesidade
As crianças que vão para a cama e que
acordam a horas tardias têm 1,5 vezes mais
probabilidade de se tornarem obesas, segundo um estudo australiano sobre o sono.
Os investigadores analisaram diferentes
padrões de sono, de peso e de atividade em
2200 crianças, com idades compreendidas
entre 9 e 16 anos. A equipa concluiu que
os adolescentes que geralmente se deitam
tarde têm o dobro da possibilidade de virem
a ter uma vida sedentária, avança a 30 de
setembro de 2011 o site www.consumer.
healthday.com.
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As pessoas que comem mais rápido têm
o dobro do risco de desenvolver uma tolerância diminuída à glucose, comparativamente com aquelas que comem num ritmo
moderado, diz um estudo levado a cabo
por japoneses. O risco acrescido
da chamada pré-diabetes não
foi observado em pessoas
com outros padrões alimentares, tais como comer
a horas tardias ou fazer pequenos lanches diz o www.
dailymail.co.uk, a 1 de outubro de 2011.
4
É o número de
amputações por dia em
pessoas com diabetes
em Portugal , segundo o
Observatório Nacional da
Diabetes.
Comer snacks
mas com
moderação
As embalagens de snacks com 100 calorias com produtos como bolachas, biscoitos
e batatas fritas têm um valor nutricional
baixo e contêm uma elevada quantidade
de hidratos de carbono e gorduras, o que
aumenta os níveis de insulina e leva a problemas de nutrição, dizem os especialistas.
Este tipo de snacks pode ser muito útil para
controlar o excesso de apetite, mas pode
também levar a risco de obesidade já que as
pessoas geralmente tendem a comer mais
do que uma embalagem, segundo uma notícia, dia 29 de setembro de 2011, no www.
timesfreepress.com.
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Pequeno ecrã
reduz controlo
de HbA1C
Os jovens que permanecem quatro ou mais horas em frente
à televisão ou ao computador têm um risco acrescido
de apresentar níveis mais elevados de HbA1C (abreviatura
de hemoglobina glicada), avança a Reuters. A razão é
ainda desconhecida, mas investigadores afirmam que este
aumento poderá estar associado ao facto de que aqueles
que passam muito tempo defronte do ecrã tendem a comer
mais do que aqueles que não têm este hábito. Os resultados
foram divulgados online, a 16 de setembro de 2011, no
Diabetes Care, baseando-se numa investigação feita com
296 crianças e jovens com diabetes tipo 1.
50,4
Asma
relacionada
com obesidade
Um estudo publicado no Pediatrics observou um conjunto de crianças com diabetes
tipo 1, apurando que 15,5 por cento delas, as
quais sofrem também de asma, têm menos
controlo da glicose no sangue, comparativamente com 9 por cento daquelas que não
têm a mesma doença pulmonar. Os investigadores apontam ainda que há uma relação encontrada entre as crianças asmáticas
e as crianças com diabetes tipo 2, o que vem
evidenciar a ideia já defendida por outros
cientistas de que a asma está associada
à obesidade, segundo a Reuters.
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É a percentagem
de pessoas com
diabetes que sofrem
de hipertensão arterial
em Portugal, segundo o
Observatório Nacional da
Diabetes.
Sabia que...
Em muitos casos a média de calorias consumidas numa refeição depende se a companhia da pessoa é
feminina ou masculina. A conclusão
é de um estudo que aponta que os
homens tendem a optar por refeições
mais calóricas quando estão acompanhados de mulheres, enquanto estas
optam por refeições com menos calorias quando a companhia é masculina. Os autores do estudo são da Indiana University of Pennsylvania e da
University of Akron, cujos resultados
foram publicados no www.abcnews.
go.com a 5 de outubro de 2011.
Riscos
do aumento
de peso
Os adultos com obesidade que na infância foram obesos ou tiveram excesso de
peso têm um maior risco de ter diabetes
tipo 2, hipertensão, níveis elevados de colesterol LDL e doenças cardíacas. Contudo,
aqueles que em crianças tiveram excesso
de peso ou eram obesos e que perderam
peso na idade adulta não têm mais riscos
de saúde do que os que sempre tiveram um
peso normal, informa a Reuters, no dia 16
de Novembro, com base no The New England Journal of Medicine.
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VIVA BEM! Gerir a diabetes
7
Níveis de gordura
estudados no útero
Uma equipa de investigadores britânicos apurou que
os bebés de mães obesas acumulam gordura no abdómen
desde a sua vida no útero. Médicos estudaram 82
bebés dentro do ventre materno através de imagens
de ressonância magnética e foi descoberta uma ligação
precoce entre o índice de massa corporal (IMC) das mães
e a quantidade de gordura nos bebés. Os resultados
demonstram como o excesso de peso e a obesidade durante
a gravidez podem aumentar a predisposição dos bebés
para a obesidade mesmo antes de nascerem.
22,7
Dieta
vegetariana
faz bem em
todas as idades
A dieta vegetariana beneficia a saúde em
todas as faixas etárias, incluindo na infância. Uma das grandes vantagens é que se
encontra associada a uma redução do índice de massa corporal (IMC), diz um estudo
do The American Journal of Clinical Nutrition. A obesidade é menos frequente em
pessoas vegetarianas, sendo que a média
do IMC vai aumentando progressivamente à
medida que as pessoas comem mais carne.
Os que excluem da sua alimentação os produtos de origem animal na íntegra (vegans)
são os que têm o IMC mais reduzido, de seguida apresentam-se os vegetarianos que
comem ovos diariamente. Quem consome
carne tem um IMC mais elevado, alertam os
autores do estudo noticiado a 8 de outubro
de 2011 no www.naturalnews.com.
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É a percentagem de
pessoas com diabetes
que são obesas em
Portugal, segundo o
Observatório Nacional da
Diabetes.
Sabia que...
A diabetes não impede as pessoas
de terem uma vida normal, desde que
assumam um papel de autovigilância e controlo da sua doença crónica.
Três recentes estudos publicados no
Archives of Internal Medicine vêm
evidenciar este facto, indicando que
a educação da diabetes ajuda os pacientes a gerirem mais facilmente
a sua doença crónica, em particular
controlando valores como a glicose no
sangue e a HbAC1, refere o HealthDay
News a 10 de outubro.
Perda de
memória
nas pessoas
com diabetes
Já se sabia que as pessoas com diabetes
tipo 2 têm um maior risco de desenvolver
doenças relacionadas com a demência e a
perda de memória. Agora, um grupo de investigadores concluiu que os tratamentos
intensivos para baixar os níveis de açúcar
no sangue em pessoas idosas com diabetes
tipo 2 preservam um maior volume do cérebro comparativamente com aqueles
que têm os cuidados ditos
normais, mas não representam quaisquer melhorias
para a perda de memória.
O estudo foi publicado no
The Lancet Neurology,
avança a Reuters, a
27 de setembro de
2011.
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VIVA BEM! Gerir a diabetes
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Porque
engordamos?
Texto Ana Margarida Marques
Conheça a opinião da
conceituada especialista
Isabel do Carmo, que
alerta os portugueses
para a importância da
alimentação saudável no
controlo da diabetes.
Fotografias Mafalda Melo
A diabetes pode ter origem em mecanismos que ocorrem no organismo associados
a comportamentos alimentares ao longo da
vida, como nos explica a responsável pelo
Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, do Hospital de Santa Maria, em
Lisboa.
Qual o mecanismo na origem
da diabetes no contexto da
alimentação?
É importante dizer que 80 por cento dos
diabéticos tipo 2 tem peso excessivo. Nas
pessoas com diabetes tipo 2 que têm peso
a mais o mecanismo é sempre um caminho
que vem de longe em que há resistência das
células à insulina, o que leva ao esgotamento do pâncreas ao fim de uns anos.
Como é que este processo
ocorre no organismo?
O açúcar no sangue surge dos alimentos
com açúcar que nós já conhecemos, mas
também de todos os alimentos que “acabam” em glicose, como as batatas, arroz,
massa, feijão, grão ou fruta [açúcares de
absorção lenta]. A insulina que é produzida
no pâncreas tem a finalidade de metabolizar a glicose, ou seja, de abrir as portas das
células à entrada da glicose. As nossas células precisam de glicose (açúcar) para funcionar e muito particularmente as células
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dos músculos, porque os músculos gastam
energia. Quando estamos a fazer exercícios
voluntários transformamos uma componente química em energia e, portanto, o
organismo humano necessita da insulina
produzida pelo pâncreas e do açúcar proveniente dos alimentos. Ora bem, os dois
encontram-se à entrada das células de maneira a que a insulina abra a porta da célula
para a entrada de açúcar e esse açúcar vai
ser transformado em energia.
O que acontece quando o
organismo reage de forma
diferente?
Algumas pessoas – e isto é uma longa história da humanidade – têm alguma resistência à entrada da insulina dentro da célula e
como tal, a insulina não consegue abrir bem
a porta ao açúcar. Como a insulina não entra
na célula ou entra em pouca quantidade na
célula, a insulina fica em excesso no sangue e
o açúcar fica a mais no sangue. Quando este
processo ocorre durante muitos anos, o pâncreas, sem que seja necessariamente um
“mau” pâncreas, entra em falência. Quando
o pâncreas se esgota já não tem mais insulina para fornecer ou tem pouca capacidade
de fornecer insulina e a pessoa tem diabetes, porque o açúcar já existe em excessiva
quantidade no sangue. A este fenómeno
chama-se, então, resistência à insulina.
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9
‘‘
Metade da população
portuguesa tem peso a mais.”
Perfil
Isabel do Carmo é médica,
endocrinologista e uma das
especialistas portuguesas mais
conceituadas em obesidade
e comportamento alimentar.
É diretora do Serviço de
Endocrinologia, Diabetes e
Metabolismo do Hospital
de Santa Maria em Lisboa.
Doutorada pela Faculdade de
Medicina de Lisboa, é autora de
diversos livros, tais como ”Saber
Emagrecer ” e ”Porque não
Consigo Parar de Comer ”.
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VIVA BEM! Gerir a diabetes
10
Qual a relação entre a
resistência à insulina e a
obesidade?
A resistência à insulina é um fenómeno
que existe em grande parte nas pessoas com peso a mais em pré-obesidade ou
em obesidade. Estas pessoas têm uma
predisposição para que o seu pâncreas se
esgote e por isso é que a maioria dos diabéticos tipo 2 tem peso excessivo. Quando
queremos prevenir a diabetes ou tratar a
diabetes vamos ter que alterar o peso, em
particular as calorias ingeridas e aumentar
as calorias despendidas.
Qual a importância da
alimentação no controlo da
diabetes?
O aumento do peso e a resistência à insulina são características do início da diabetes tipo 2 e ambas estão ligadas ao excesso
alimentar ou excesso calórico. O peso é uma
questão que está quase sempre relaciona-
da com a diabetes tipo 2 e portanto o controlo da alimentação tem de ser feito numa
perspetiva terapêutica.
A grande questão é: porque
engordamos?
Nós engordamos sempre pelo mesmo
motivo: ingerimos mais calorias do que
aquelas que gastamos. A diferença acumula-se sob a forma de gordura. É esta a
aritmética explicada de uma forma muito
simples. Muitas vezes o problema é que
as pessoas mantêm o peso que ganham,
pois num determinado momento da sua
vida comeram mais do que aquilo que gastaram.
Porque é que há pessoas
com mais tendência para o
excesso calórico?
É realmente uma explicação com múltiplos fatores. Entram em cadeia determinados efeitos bioquímicos, como acontece
quando uma pessoa já vem com determinação genética, porque há de facto um terreno genético mais propício para ganhar
peso, por exemplo, uma criança que durante
o tempo em que esteve no útero viveu um
ambiente para engordar como a diabetes
da mãe (diabetes gestacional); um bebé que
nasceu com peso a mais; quando há uma
alimentação excessiva em calorias durante
a primeira infância. Tudo isto desencadeia
mecanismos bioquímicos que acabam por
condicionar uma pessoa a que venha a ter
um excesso calórico – a comer mais do que
aquilo que gasta. Depois há outros mecanismos em que há o excesso calórico em
relação ao que se despende.
Por exemplo?
Na adolescência, na idade do ensino básico ou na mulher durante a sua gravidez
quando não consegue recuperar o peso
anterior. Portanto, há momentos de transformação metabólica na vida das pessoas,
!
«Os conselhos alimentares
são diferentes conforme
os graus de obesidade.»
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VIVA BEM! Gerir a diabetes
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!
«Está nas mãos
das pessoas
uma boa evolução
da sua diabetes.»
!
«Ingerimos mais
calorias do
que aquelas que
gastamos.»
nalguns casos em que elas não têm responsabilidade nenhuma e noutros em que
já têm alguma responsabilidade.
As pessoas com diabetes
têm sempre excesso de peso
ou obesidade?
Há pessoas com diabetes tipo 2 que têm
apenas uma pré-obesidade, que se situam num índice da massa corporal de 2530, a que vulgarmente se chama excesso
de peso, mas que é mais correto falar em
pré-obesidade. Outras estão já numa obesidade franca ou que têm mesmo uma obesidade grave ou mórbida, e portanto os conselhos são diferentes conforme os graus de
pré-obesidade, de obesidade franca ou de
obesidade grave.
Quais os principais conselhos
que podem ser dados?
Para além dos principais conselhos alimentares (comer de forma fracionada, evitar açúcares de absorção rápida), aconselho
a pessoa com pré-obesidade a fazer sobretudo exercício porque, na tal arimética do
que ingere e do que gasta, deve aumentar
aquilo que gasta. O exercício em si é tão benéfico sob o ponto de vista psíquico, em relação à respiração, aos músculos, que pode
ser o maior conselho. Por outro lado, os
músculos quando estão a funcionar permitem gastar mais calorias, mas têm também
a vantagem de consumir açúcar. A diferença é notória no controlo da diabetes, com
resultados nas glicemias mesmo que seja
um exercício moderado como andar meia
hora por dia.
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E perante casos mais graves
de obesidade?
Se estamos perante uma obesidade
franca, temos de fazer uma redução de
peso com uma dieta hipocalórica. Claro
que não se vai fazer uma restrição muito
grande, por exemplo um homem que habitualmente consumirá as suas 2500 quilocalorias por dia, fará uma redução até às
1500 quilocalorias bem distribuídas durante o dia.
O que pode ser dito às
famílias sobre a diabetes e a
obesidade?
A verdade é que nós temos metade da
população portuguesa com peso a mais.
Tem que se encontrar soluções com a família, porque muitas vezes a obesidade e a
propensão para a diabetes é algo familiar.
É aquilo a que agora se chama epigenética,
que é o estudo dos fatores para além da
genética que vão facilitar a expressão dos
genes.
Ideias-Chave
• Na diabetes o controlo
da alimentação tem um
fim terapêutico.
• Engordamos ao ingerir
mais calorias do que
aquelas que gastamos.
• A resistência à insulina
existe na maioria das
pessoas com excesso de
peso.
• Efeitos bioquímicos
na pessoa podem
condicionar um maior
excesso calórico.
Qual a mensagem que
gostaria de partilhar?
Atualmente o aumento da esperança de
vida é muito grande. Uma pessoa a quem a
diabetes é diagnosticada aos 60 anos pode
viver mais 30 com qualidade e autonomia.
Sabemos que a diabetes pode reflectir-se
nos olhos, nos rins, no coração e na circulação das pernas, mas que depende muitíssimo da forma como se consegue equilibrar
o açúcar no sangue. Portanto, está na mão
das pessoas uma boa evolução da sua diabetes! |
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12
10
conselhos
para gerir
a diabetes
Texto Ana Margarida Marques
Nem todas as pessoas lidam com
a sua doença da mesma maneira. Siga
as dicas do médico psiquiatra Carlos
Góis e torne-se um especialista a lidar
com as suas próprias dificuldades:
1. Aprenda a mudar
comportamentos.
Informe-se sobre o que tem de mudar
para gerir a diabetes. Não significa que
esteja preparado para uma mudança real
dos seus comportamentos. Dê um passo
de cada vez.
2. Prepare-se para a
mudança.
É importante aprender os ensinamentos
sobre a educação terapêutica, a medicação,
mas aja também no sentido de realizar
uma reformulação de si próprio como pessoa. Encare este como mais um desafio da
sua vida, sem ser necessariamente demasiado exigente consigo próprio.
3. Tente mudar algo que seja
concreto e realista.
Pequenas mudanças são quase sempre
alcançáveis. Quando tiver definido o que
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quer mudar, pense se alguma vez já o fez,
embora raramente. Se sim, porque terá
sido? Acha que poderá repetir, com a mesma ou com outra justificação? Uma boa razão para mudar é quase sempre uma boa
razão para continuar a mudar.
4. Aprenda a lidar com a
negação.
A negação é uma forma que o ser humano encontra para não se sentir angustiado,
permitindo-lhe encarar a aprendizagem
das competências com menos sofrimento.
Senti-la faz parte do processo, mas sem
esquecer a solução dos problemas. Negoceie consigo próprio o que vai ter de adaptar
na sua vida por causa da doença. Não deixe
de ser otimista.
5. Não viva numa
permanente zanga.
Com as exigências de uma doença cróni-
ca, é normal haver altos e baixos. Mas também é fundamental que esta revolta seja
aceite pela própria pessoa, podendo dar
lugar à sua aceitação. Acredite que superar
tantas dificuldades faz com que mais tarde
ou mais cedo descubra em si uma força que
nunca tinha pensado ter.
6. Aja em conformidade com
os seus objetivos.
Ter informação e motivação para lidar
com a doença são pontos importantes, mas
será que age de acordo com os seus objetivos? Só quando o fizer de forma contínua
é que as ações se tornam hábitos. É sem
dúvida mais difícil. Perca (ou ganhe) algum
tempo avaliando o que fez diariamente. Jogue consigo próprio.
7. Lembre-se dos pontos
positivos.
Se assim for, não será o único a pensar
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dessa maneira. Num inquérito a 121 pacientes com diabetes do tipo 1 e diabetes
do tipo 2, 16 por cento respondeu que a sua
vida beneficiou de alguma maneira com a
doença (”Psychological adjustment to diabetes mellitus: highlighting self-integration
and self-regulation”; Carlos Góis, 2010).
8. Partilhe com os outros
aquilo que sente.
Só com os outros é que podemos avaliar
o que nós próprios pensamos, quais os efeitos que produzimos nos outros com as nossas ações e como nos sentimos com isso.
Aqueles que têm uma experiência de vida
idêntica à sua irão mais facilmente partilhar
os seus medos, alegrias e vivências.
9. Seja capaz de se zangar
com os outros.
bocadinho egoísta é saudável e ajuda a
tratar da diabetes. A diabetes é uma doença crónica e nem sempre é fácil obter
os resultados esperados. Origina receios
pouco compreensíveis nos outros, pois há
ainda um desconhecimento da sociedade
em geral sobre a doença. Para sua defesa,
solicite aos outros aquilo que precisa deles,
e esclareça-os. Aja assertivamente, protegendo-se.
10. Assuma o controlo da sua
vida, seja responsável por si
próprio.
A pessoa tem de compreender como vai
aprender a viver com a diabetes, assumindo
as rédeas da sua vida. O poder de autocontrolo da doença permite uma gestão mais
fácil e melhores resultados. |
Cuidar dos outros, vestir a camisola, ser
disponível, também se aplica a si. Ser um
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Ao serviço
da diabetes
Texto Ana Margarida Marques
Com 85 anos de história, a Associação
Protectora dos Diabéticos de Portugal é
reconhecida como a mais antiga associação
de todo o mundo ao serviço da pessoa com
diabetes. Saiba quais os serviços que tem
a oferecer ao doente crónico.
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A Clínica da APDP em Lisboa promove
serviços de saúde diferenciados ao doente.
Fotografia: Pedro Vilela
A Associação Protectora dos Diabéticos
de Portugal (APDP) tem por missão prestar
cuidados de saúde diferenciados, possibilitando o acesso das pessoas com diabetes
a estruturas que sejam capazes de dar resposta às suas necessidades.
reitos das pessoas com diabetes e a sua
integração na sociedade é um dos grandes
lemas desta estrutura associativa.
Decana da Federação Internacional da
Diabetes, a APDP é reconhecida em todo
o mundo como um modelo exemplar no
serviço que presta à pessoa com diabetes,
tendo sido fundada em 1926 por Ernesto
Roma, com o intuito de oferecer insulina
aos doentes carenciados.
A área científica e de investigação é outra
prioridade, o que motiva a APDP a participar
em estudos nacionais sobre a prevalência da doença e o respetivo impacto junto
das populações. Um objetivo é o incentivo
à investigação clínica sobre esta doença
crónica, que potencia a descoberta de novas
formas de tratamento.
Educar o doente
Hoje, a APDP assume-se como uma instituição de saúde moderna, tendo o compromisso de educar o doente no sentido
de o tornar autónomo e conhecedor da sua
diabetes, doença que atinge já quase um
milhão de portugueses. A defesa dos di-
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Promover a investigação
Consulta de diabetes
A Consulta de Diabetes é assegurada por
uma equipa de médicos endocrinologistas,
diabetologistas, pediatra, enfermeiras, nutricionistas, dietistas e psicólogo. Esta consulta constitui o primeiro contacto de todas
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!
«A APDP assume-se
como uma instituição
de saúde moderna,
com o compromisso
de educar o doente.»
Em Lisboa, a Escola da Diabetes promove
cursos para profissionais de saúde
e pessoas com diabetes.
as pessoas com diabetes referenciadas que,
após avaliadas, são assistidas, em conjunto
com os outros departamentos, de acordo
com as indicações médicas.
Assim, o utente tem acesso a várias especialidades médicas: Diabetes, Endocrinologia, Cardiologia, Oftalmologia, Urologia,
Nefrologia, Pé Diabético, Pediatria, Psiquiatria, Patologia Clínica, Pré-concepção e Planeamento Familiar.
Apoio às estruturas do SNS
A APDP tem seguido, ao longo dos anos,
uma política de complementaridade e de
integração com as estruturas do Serviço
Nacional de Saúde (SNS).
Numa lógica de colaboração permanente,
a instituição recebe os pacientes dos clínicos gerais, com a finalidade de promover um
apoio especializado na área da diabetologia.
As pessoas com diabetes são referenciadas e reenviadas ao clínico geral depois de
terem cumprido o objetivo que as motivou a
dirigir-se à Clínica da APDP – aprendizagem
de um programa alimentar, ensino do auto
controlo, ensino da autoinjeção, estabilização metabólica e outros.
Fotografias: Mafalda Melo
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Graças a um contacto próximo com diversas unidades hospitalares, é também
possível encaminhar e acompanhar pessoas que carecem de soluções diferenciadas,
como hemodiálise, cirurgia geral, entre outras.
Serviços para utentes
e associados
A APDP dispõe de vários serviços de
apoio aos seus utentes e associados, como
o caso da Linha Diabetes, disponível aos
fins de semana e aos feriados.
Na Escola Ernesto Roma, em Lisboa,
promove-se formação dirigida às pessoas
com diabetes e seus familiares sobre diversas temáticas: diabetes tipo 1, diabetes tipo
2, insulinoterapia, prevenção e controlo da
diabetes, entre outras.
São organizados campos de férias para
jovens com diabetes entre os 13 e os 18
anos, proporcionando a partilha e a aprendizagem numa abordagem educativa e lúdica. Também na perspetiva de integração
do doente, promovem-se iniciativas desportivas para a pessoa com diabetes, orientadas por professores de educação física.
Os profissionais de saúde internos e externos à APDP têm à sua disponibilidade
formações técnicas diversas.
A diabetes em debate
Os congressos e seminários da APDP
têm a finalidade de promover o debate e a
partilha de informação sobre a doença. Informar a opinião pública, prevenir a diabetes e as complicações desta doença crónica
tem sido o grande foco da APDP, que tem
divulgado um trabalho de excelência em
muitas frentes ao serviço do doente. |
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Linhas de ação da APDP
• Educar o doente para
o tornar autónomo.
• Promover a
investigação sobre a
diabetes e alcançar novas
formas de tratamento.
• Prestar cuidados de
saúde integrados em
diversas especialidades
médicas.
• Assumir uma política
de apoio às estruturas
do Serviço Nacional de
Saúde.
• Promover a integração
da pessoa com diabetes.
!
«A APDP dispõe
de vários serviços
de apoio aos
seus utentes
e associados.»
!
«É também possível
encaminhar
e acompanhar
pessoas que
carecem de soluções
diferenciadas.»
• Promover formação
sobre a diabetes dirigida
a profissionais e aos
doentes crónicos.
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Projecto "VIVA BEM"