REVISTA CONTEÚDO ARTIGO O USO DAS FERRAMENTAS DE RECURSOS HUMANOS NA GESTÃO ESCOLAR Patrícia Almeida Piumbini Martins1 Shênia Soraya Soares Louzada2 RESUMO Este artigo defende a possibilidade de aplicação de práticas/ferramentas de Administração de Recursos Humanos ao espaço escolar. Traz o conceito de Recursos Humanos, bem como as interações do indivíduo com as organizações. Aborda a Gestão Escolar e algumas transformações ocorridas na história a esse respeito, fazendo do espaço escolar um local mais autônomo e menos burocrático. Por fim, refere-se às práticas dos Recursos Humanos numa empresa com o intuito de tentar despertar o interesse pelo estudo de sua aplicabilidade na Escola. Palavras-chave: administração; gestão escolar; recursos humanos. THE USE OF THE TOOLS OF HUMAN RESOURCES IN THE SCHOOL MANAGEMENT ABSTRACT This article defends the possibility of application of practices / tools for Human Resource Management to the school. It brings the concept of Human Resources, as well as interactions with the individual organizations. Covers the School Management and some changes occurring in the story about this, making the school a more autonomous and less bureaucratic. Finally, it refers to the practices of human resources in an enterprise in order to try to arouse interest in the study of its applicability in the School. Keywords: administration; school management; human resources. 1 Pedagoga, aluna do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Escolar da Faculdade Cenecista de Vila Velha/ES-FACEVV 2 Psicóloga, doutoranda em Psicologia, Professora da FACEVV © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.5, jan./jul. 2011 – ISSN 1807-9539 45 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO INTRODUÇÃO Há muito que práticas pedagógicas vivenciadas nos espaços escolares (análise, síntese, dramatização, resolução de problemas, produção de texto, jogos, montagem de quebra-cabeças e outras) oferecem contribuições para o setor de Gestão de Pessoas ou de Recursos Humanos (RH). Pensando na possibilidade da recíproca ser verdadeira passamos a indagar se as ferramentas/práticas de Gestão de RH das empresas também seriam úteis na Gestão Escolar. De antemão, entendemos que aceitar tal reciprocidade é correr o risco de tratar, simplesmente, a empresa como escola e a escola como uma empresa que se move na direção da economia de mercado e sair do seu foco educacional. Deixando claro que nosso objeto de interesse é a escola acreditamos que tomados os devidos cuidados podemos aplicar ferramentas disponíveis na área empresarial para melhorar a escola e, consequentemente, a educação. Entendemos, a priori, que a orientação para atuação do profissional ou sua formação continuada em uma instituição escolar pode servir-se de ferramentas de RH de uma empresa com bastante êxito. Diante do exposto, nosso objetivo é defender a possibilidade de utilizar tais recursos no processo da Gestão Escolar para melhorar a qualidade na educação. Nesse sentido, optamos por refletir, de forma resumida, sobre o setor de RH nas empresas, descrever Gestão Escolar e defender o uso das práticas de RH empresarial na Gestão Escolar. REFLETINDO SOBRE A ADMINISTRAÇÂO DE RECURSOS HUMANOS Após a Revolução Industrial, uma nova organização do trabalho se fez necessária. As atividades que eram manuais e familiares passaram a se desenvolver de forma mais organizada, esquematizada, num maior volume de trabalho e de pessoas envolvidas no processo. De acordo com Chiavenato (1985) novas teorias administrativas foram surgindo até que por volta de 1950, o que era visto como Relações Industriais passou a ser tratado de Administração de Pessoal. Buscava-se então, administrar as pessoas de acordo com as legislações trabalhistas vigentes. Já nos anos de 70, ainda no século passado, o conceito foi se ampliando e as pessoas sendo consideradas como parte fundamental para o sucesso de qualquer organização. Contudo, ainda predominava a ideia de que os trabalhadores deveriam apenas desenvolver atividades planejadas e controladas pela © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.5, jan./jul. 2011 – ISSN 1807-9539 46 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO instituição, embora as mudanças continuassem ocorrendo. Nesse processo, atualmente já existem gestores e empresas com uma visão de trabalho conjunto, tendendo a administrar para e com as pessoas. Adotar tal postura de trabalho conjunto significa, entre outras coisas, que as pessoas do grupo estarão envolvidas na administração e serão foco e participantes da gestão daquele negócio. Significa também passar a tratar cada um como colaborador que tem potencialidades para se desenvolver e desenvolver o trabalho da e na empresa. Ou seja, os funcionários ou colaboradores devem ser tratados como parceiros, [...] como agentes ativos e proativos dotados de inteligência e criatividade, iniciativa e decisão, habilidade e competências e não apenas de capacidades manuais, físicas ou artesanais. Assim, o conceito de Administração de Recursos Humanos migrou para Administração de Pessoas (ou Gestão de Pessoas) por entender que as pessoas participam da administração da empresa como parceiros e não como meros recursos (TORRES, 2010. p. 1). Com esta expressão do autor compreende-se que deixar de considerar as pessoas como meros recursos é uma atitude que converge para os ideais da Revolução Francesa, a essência da Declaração Universal de Direitos Humanos3-DUDH e o espírito de outros documentos afins que surgiram posteriormente. Todos eles preconizam a valorização da pessoa humana, o respeito à sua individualidade e o reconhecimento da diversidade existente na humanidade. Em sua trajetória as empresas se modernizaram, adotaram tecnologias cada vez mais avançadas, mas continuaram sendo conduzidas por pessoas. Nesse contexto, a Administração de Recursos Humanos- ARH é uma especialidade que surgiu com o crescimento e a complexidade dessas organizações tratando do “adequado aprovisionamento, da aplicação, da manutenção e do desenvolvimento das pessoas nas organizações” (CHIAVENATO, 1985, p. 17). Com efeito, é difícil separar as organizações das pessoas, ainda mais quando aceitamos a ideia de que as organizações são um sistema aberto4. Como em Biologia, o sistema aberto “[...] descreve as ações e interações de um organismo vivo dentro de um ambiente circundante” (CHIAVENATO,1985, p. 18), nas organizações o indivíduo age e interage com o ambiente, tendo com ele suas dependências e adaptabilidade. No sistema aberto das organizações aparecem as complexidades individuais e dos relacionamentos com o outro e com o meio. Acreditamos que este meio influencia 3 4 Adotada pela ONU em 10 de dezembro de 1948 Conceito emprestado da área de Biologia © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.5, jan./jul. 2011 – ISSN 1807-9539 47 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO o comportamento e as construções internas do indivíduo porque o ser humano não vive sozinho, isolado do mundo e quanto maior a interação ele tende a cooperar para o alcance de um objetivo comum. E isto é fundamental para a criação, o estudo, o planejamento e o sucesso da organização que precisa alcançar seus objetivos e que estes sejam ou se tornem também objetivos das pessoas que nela trabalham. Ter objetivos convergentes exige que a empresa se re-estude, se reprograme e a partir de uma postura mais contemporânea adote políticas de RH que visem ao crescimento e desenvolvimento dos colaboradores e da empresa; que considerem o indivíduo como parceiro, respeite seus direitos e requeira o cumprimento de seus deveres. Assim, uma política de RH não será unilateral ou autoritária porque terá “[...] regras estabelecidas para governar funções e assegurar que elas sejam desempenhadas de acordo com os objetivos desejados” (CHIAVENATTO, 1985, p. 90). Elas refletirão uma posição administrativa que previnem riscos e também “[...] servem para prover respostas às questões ou aos problemas que podem ocorrer com certa frequência […]” (CHIAVENATTO, 1985,p. 90). Ou seja, ao estabelecer regras para atingir objetivos, para orientar os funcionários e prepará-los para responder aos problemas que podem vir, a empresa está fazendo educação. É uma educação para o trabalho que, entretanto, não deixa de ser educação, evidenciando a similaridade entre empresa e escola. O preparo do ser humano para exercer a sua profissão reflete a política da empresa sobre educação, o que nesse caso é chamada de educação profissional, seja na Formação Profissional, que prepara para o exercício de uma profissão técnica ou superior; no Desenvolvimento Profissional, que visa ampliar, desenvolver e aperfeiçoar o crescimento profissional em determinada carreira na empresa ou cargo; e, no Treinamento, cujo foco é adaptar o profissional para as atividades e modo de ser de uma determinada empresa. Entendemos que essa visão de ARH voltada para os direitos e deveres do indivíduo, para a organização como sistema aberto, para a parceria, para objetivos comuns e para a educação do trabalhador da empresa tem pontos em comum com a educação escolar. Sendo assim, faz sentido discutir os caminhos da gestão escolar, principalmente, nos últimos anos. CAMINHOS E POSSIBILIDADES DA GESTÃO ESCOLAR Dentro de uma visão simplista, Gestão Escolar é a maneira como se dirige ou © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.5, jan./jul. 2011 – ISSN 1807-9539 48 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO conduz o espaço escolar e seus componentes. Porém, discutir Gestão Escolar não é tão simples, uma vez que a escola reflete a forma como a sociedade se organiza, os seus processos históricos, a relação com a democratização social e sua evolução. Basta que se recorde o que ocorreu após a Revolução Industrial no final do século XIX. A Escola passou a reproduzir o ambiente das indústrias e sua finalidade passou a ser principalmente o de preparar a mão-de-obra para atuar no mercado. De lá pra cá foram surgindo movimentos educacionais que defendiam teorias para que a educação pudesse cumprir um papel diferente na vida das pessoas. É bom lembrar que nenhum movimento educacional existe separado da conjuntura política e social e para evidenciar essa afirmação basta relembrar o período da Ditadura Militar no Brasil, iniciada em 1964. Naquele tempo, a escola pública possuía uma estrutura administrativa centralizadora e burocratizada em quase todos os estados e municípios. Entretanto, apesar e por causa do regime ditatorial, muitos educadores não deixaram de reivindicar uma maior autonomia escolar e a possibilidade de experimentar alternativas pedagógicas e administrativas que diminuíssem a evasão escolar e a repetência, um dos grandes problemas da escola e da sociedade. Dentre essas alternativas, a gestão escolar democrática e autônoma surge como forte possibilidade. “Os argumentos que defendiam a necessidade de uma gestão escolar autônoma como condição para melhorar a qualidade do ensino [...]” (KRAWCZYK,1999. p. 3) e a idéia de que no espaço escolar seria possível iniciar a diminuição dos problemas educacionais convergiam para a autonomia e a democratização da escola. Com a redemocratização do Estado Brasileiro nos anos finais do século XX, cresceu também o debate sobre a Gestão Escolar e a co-responsabilidade do estado, de alunos, de professores, de outros funcionários e da comunidade no processo educacional. Aqueles que lutavam na direção da democracia alcançaram sucesso porque segundo Krawczyk (1999, p. 1) “[...] uma das grandes vitórias das escolas no campo político-educativo foi a conquista da liberdade de ação e de decisão em relação aos órgãos superiores da administração e a maior participação da comunidade escolar [...]”.Tal liberdade possibilitaria ao gestor escolar não só a administração um pouco mais autônoma dos recursos financeiros e materiais como também a “[...] a concretização de idéias progressistas como eqüidade, justiça social, redução do clientelismo [...]” (KRAWCZYK, 1999, p. 3) na relação com as pessoas que lidam com a parte pedagógica, seja na formação continuada do pessoal ou na adoção de políticas © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.5, jan./jul. 2011 – ISSN 1807-9539 49 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO internas mais adequadas para o funcionamento de uma escola específica que tem suas demandas também específicas e reais. Pensando na parte especificamente educacional, não só no Brasil, mas em todo continente latino-americano os debates visavam à qualidade da educação oferecida dentro das novas exigências mundiais do setor produtivo e as novas tecnologias. As novas exigências do mercado de trabalho indicavam as propostas pedagógicas para uma melhor qualificação do indivíduo frente aos enfrentamentos econômicos que se tinha que fazer, ou seja a gestão educacional tinha um papel articulador Sobre o papel articulador, Krawczyk chama a atenção para as metas políticopedagógicas e as aplicações na atividade escolar. Nesse caso, “[...] é possível pensar a gestão escolar como um espaço privilegiado de encontro entre o Estado e a sociedade civil na escola” (KRAWCZYK, 1999, p. 5). Um espaço em que as ações financeiras, administrativas e pedagógicas são abrangentes e mais autônomas, de forma que os princípios administrativos das empresas podem ser considerados como possibilidades na gestão escolar. Nesse caso, a escola precisa estar aberta ao que ocorre em outros setores da sociedade que podem ajudá-la a cumprir seu papel de promover “[...] o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1996, art 2º) sem ficar refém da economia de mercado. Diante do exposto, com o conceito ampliado de gestão escolar, mesmo sabendo que nas empresas, “os fatores do processo educativo são vistos como insumos, e a eficiência e as taxas de retorno, como critérios fundamentais de decisão [...] de produção material e de competição do mercado” (MEZOMO apud KRAWCZYK,1999. p. 7) é possível defender o uso de estratégias e ferramentas da ARH na escola desde que não substitua a preocupação com a identidade moral e cultural pelo imperativo da eficácia (BALL apud KRAWCZYK, 1999, p. 8). DEFENDENDO O USO DAS PRÁTICAS DE RH NA EDUCAÇÃO Pensando nos objetivos da escola e na necessidade frequente de melhoria da educação defendemos que é válido fazer uso de ferramentas que lhe possibilite melhorar sua atuação. Aqui se apresenta um grande desafio: a construção de um novo modelo gestão escolar ousado, que esteja aberta a novas possibilidades, mas não deixe de levar em consideração os princípios pedagógicos e culturais da sua atividade. © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.5, jan./jul. 2011 – ISSN 1807-9539 50 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO Reafirmamos que se a empresa aplica técnicas pedagógicas em seus espaços para conseguir melhores resultados, mesmo atenta à economia de mercado, dentro de uma visão sistêmica, acreditamos que a gestão escolar pode se beneficiar dessas práticas. Ressaltamos que fazer Gestão Escolar não é a mesma coisa que atuar na ARH de uma empresa, mas concordamos que existem similaridades entre elas. Por exemplo, tanto uma como outra deve promover o desenvolvimento das pessoas para também atingir seus objetivos educacionais, sendo que uma das formas de tal promoção é a [...] criação de ambiente propício a mudanças e aprendizagem organizacional, como um dos pré-requisitos para a inovação organizacional e tecnológica (SANTOS et all. 1997. p. 2). Dificilmente se consegue o desenvolvimento sem ambiente, principalmente em um Sistema Aberto5 como as empresas e a escola. Com esse pensamento, ao se pensar em articular práticas de RH com educação, há de se pensar como trabalhar princípios empresariais num ambiente acadêmico dentro de um modelo de gestão estratégica. De um lado, a ARH da empresa leva em conta os negócios, o trabalho em equipe, a aprendizagem e a cultura da organização numa interligação que faz com que cada um seja considerado essencial. De outro, na gestão de uma escola, o fato de montar um organograma, poderá evidenciar que todos fazem parte de um sistema interligado, onde o sucesso de um departamento depende da cooperação de todos os outros. Além da ideia de uso das ferramentas, de interdependência ou interligação, as práticas de RH na escola serão bem-vindas se também estimularem a motivação da equipe porque ela é responsável por fazer o indivíduo se esforçar por alcançar um objetivo. Entretanto, é necessário entender que motivação não é algo externo que alguém ou alguma instituição possa dar ao outro. A motivação consiste em muito mais, ela é um [...] conjunto de forças internas que mobiliza o indivíduo para atingir um dado objetivo como resposta a um estado de necessidade, carência ou desequilíbrio. É o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de uma determinada meta. A palavra Motivação vem do latim movere, que significa "mover”. É, então, aquilo que é suscetível de mover o indivíduo, de levá-lo a agir para atingir algo e de lhe produzir um comportamento orientado.( NOVAES, 2007, p. 4) 5 Conceito já citado no item anterior. © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.5, jan./jul. 2011 – ISSN 1807-9539 51 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO E nesse aspecto, a motivação está relacionada às necessidades do indivíduo. Se ele sente alguma necessidade ele terá motivo para satisfazê-la. A teoria das necessidades criada por Maslow, bem conhecida em alguns setores empresariais e também educacionais demonstra que os motivos do comportamento humano residem no próprio indivíduo: sua motivação para agir e se comportar deriva de forças que existem dentro dele e de suas necessidades. O esquema da teoria citada é apresentado na forma de hierarquia, o que ajuda a entender a motivação pessoal de acordo com a importância e influência. Fonte: http://www.portaladm.adm.br/ARH/arh1.htm. Esta figura, além de nos fazer compreender quais são as necessidades que precisamos satisfazer primeiro, ela também indica, por inferência, que caso isso não aconteça poderá trazer um quadro de desinteresse ou desmotivação para qualquer área, inclusive a do trabalho bem feito ou da realização profissional e pessoal. O importante para nós é que a motivação também tem a ver com as necessidades do ser humano, sejam elas primárias ou secundárias. Se o gestor conseguir perceber as necessidades de sua equipe e oferecer algo que venha como proposta de satisfação, ele conseguirá estimular a motivação em seu grupo na empresa ou na escola. Além da preocupação em estimular a equipe de forma que ela se sinta motivada, a escola pode usar outras ferramentas da ARH das empresas como o treinamento; o recrutamento ou a seleção por competência; a segurança; a higiene; a instituição do banco de talentos; a consultoria interna; a avaliação de desempenho; as dinâmicas de grupo; a valorização do funcionário por meio de retorno positivo;; o diagnóstico de setores; a capacitação e descoberta de líderes em potencial; a adoção de políticas de © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.5, jan./jul. 2011 – ISSN 1807-9539 52 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO pessoa avançadas que visem ao crescimento tanto dos membros da equipe quanto da organização. O treinamento, desde que não seja usado apenas como forma de adaptação a um esquema pré-determinado será útil quando as políticas, os objetivos e os projetos forem construídos em conjunto. Nesse caso, haverá sim necessidade de sistematizar as ações, as funções e as normas a fim de que todos trabalhem pelo objetivo comum. Outra ferramenta que pode ser utilizada pelo gestor são os mecanismos do processo de recrutamento e seleção de pessoal. Ressalva-se que no contexto de escola privada, o gestor local é quem faz a seleção e na escola pública, de modo geral, quem faz isso é o gestor que está trabalhando no sistema e não o gestor de escola. Tal condição não impede que o gestor do sistema utilize as ferramentas de ARH para esse processo porque elas poderão dar indícios de que o candidato tem ou não algumas competências exigidas para determinada função em uma escola. Assim como na empresa, a preocupação com a segurança e higiene de seus colaboradores também é importante, seja no espaço escolar público ou particular. É questão de formação, de sensibilização e de responsabilidade gestora. Uma outra prática do setor de RH que deveria ser adotada nas escolas é ter um banco de talentos. Essa prática ainda não é habitual entre os gestores escolares, o que prejudica o processo quando se precisa de alguém para cumprir determinada atividade ou função. Na escola, é muito comum acontecer licença médica de professores e a escola não saber onde buscar um substituto que possa substituí-lo com pouca mudança no processo em andamento, se houvesse um banco de dados, o gestor saberia onde buscar e a quem recorrer. Enfim, estes são exemplos de que os processos ligados à Administração de Recursos Humanos podem servir de propostas para o enriquecimento do gestor escolar. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho objetivou defender a possibilidade de utilizar práticas de RH no processo da Gestão Escolar por ser este o responsável pela administração do espaço acadêmico. Para tanto, conceituou-se RH, destacando a importância das interações entre indivíduo e a organização. Observou-se que no decorrer da história o enfoque do trabalho de ARH mudou, deixando de ser apenas um trabalho burocrático, com a aplicação de leis trabalhistas © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.5, jan./jul. 2011 – ISSN 1807-9539 53 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO para um contexto mais social. Nas empresas, já se considera as pessoas como parte da empresa e a preocupação com a interligação entre os diversos setores é cada vez mais presente nas organizações da atualidade. No espaço escolar, onde a preocupação pedagógica é a principal mas não sustenta uma gestão sem outras ações percebeu-se que há também possibilidade de aplicação dos princípios administrativos, uma vez que a nova organização acadêmica exige maior participação e inovação. Se a empresa contemporânea quer que os seus colaboradores tenham uma educação profissional que comece pela formação inicial e continue no desenvolvimento profissional com treinamentos específicos para atender aos objetivos da organização, a escola que é uma instituição educacional não deve se contentar apenas com a formação inicial de quem participa desse processo. Ela deve criar condições para o desenvolvimento das pessoas e numa gestão participativa deve definir os objetivos a serem atingidos. Objetivos definidos, não haverá contradição ente educação e treinamento porque eles existirão para um objetivo comum. Sendo assim, nada impede que o novo conceito de gestão da educação se interesse para o estudo das novas organizações sociais e seus conflitos, da aplicação de atividades que despertem a motivação ao ser humano, de um conhecimento maior sobre as práticas de RH nas empresas e contribuir de forma eficaz para um novo fazer pedagógico e uma ousada gestão escolar, com novos desafios e novas propostas sem abandonar os princípios educacionais e a concepção da escola como espaço educacional. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS BRASIL. Lei Federal nº 9394/96: Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional. Brasília: Presidência da República, 1996. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. Ed. Compacta. São Paulo: Atlas, 1985. KRAWCZYK, Nora. A gestão escolar: um campo minado... Análise das propostas de 11 municípios brasileiros. Educ. Soc.,, v. 20, n. 67, Campinas: ago. 1999. Disponível em http://www.scielo.br. Acesso em 01/12/2010. p. 1. NOVAES, Marília Vieira. 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