Universidade de Lisboa Faculdade de Medicina de Lisboa Estudos Clínicos e Neurofisiológicos para a Compreensão e a Reabilitação da Fraqueza e da Fadiga Respiratórias na Esclerose Lateral Amiotrófica Susana Cristina da Costa Pinto Tese orientada pelo Professor Doutor Mamede Alves de Carvalho Doutoramento em Medicina Especialidade de Medicina Física e de Reabilitação Todas as afirmações efectuadas no presente documento são da exclusiva responsabilidade do seu autor, não cabendo qualquer responsabilidade à Faculdade de Medicina de Lisboa pelos conteúdos nela apresentados. A impressão desta dissertação foi aprovada pelo Conselho Científico da Faculdade de Medicina de Lisboa em reunião de 23 de Outubro de 2012.
A ti, Gui, Luz da minha Vida
Na Vida todos procuramos uma só coisa. Mas, de tanto procurarmos, de tanto querermos mais, negligenciamos as coisas simples e belas que Ela diariamente nos dá. É na simplicidade da Vida que reside a Felicidade. É na simplicidade do empenho que reside a Inteligência. É na simplicidade do complexo que reside a Sabedoria. Susana Pinto Índice Índice œš Lista de abreviaturas utilizadas no texto
11
Prólogo
17
Resumo
23
Summary
27
Capítulo 1.
63
A Esclerose Lateral Amiotrófica – Revisão
1.A.
Contextualização histórica
63
1.B.
Epidemiologia
66
1.C.
Apresentação clínica
72
1.D.
O espectro clínico da doença
83
1.E.
Diagnóstico clínico e neurofisiológico: alterações
electromiográficas, laboratoriais e imagiológicas
1. A neurofisiologia como método de quantificação da
86
93
progressão da doença
1.F.
2. A avaliação laboratorial
96
3. A avaliação imagiológica
97
Etiofisiopatologia
99
1. Factores genéticos
100
2. Excitotoxicidade induzida pelo glutamato e radicais livres de
106
oxigénio
3. Disfunção mitocondrial e apoptose
108
4. Disfunção da junção neuromuscular
109
5. Alterações da transcrição e do transporte axonal
110
6. Alterações do crescimento axonal
112
7. Agregados de neurofilamentos e agregados proteicos
112
8. Disfunção inflamatória e contribuição de células não-
114
neuronais
9. Deficiência em factores neurotróficos e disfunção nas vias de
116
sinalização
7
Susana Pinto 1.G.
Histopatologia
117
1.H.
Modelos utilizados para estudos na ELA
120
1.I.
Terapêutica
122
1. Riluzol e outras drogas anti-glutamatérgicas
125
2. Protecção neuronal
127
3. Modulação mitocondrial
129
4. Agentes anti-oxidantes
131
5. Anti-inflamatórios
132
6. Modulação da expressão genética
134
7. Células estaminais
134
8. Outros fármacos
135
9. Tratamentos não- farmacológicos
136
9.a) Gastrostomia
136
9.b) Exercício físico
137
Capítulo 2.
147
A Insuficiência Respiratória na Esclerose Lateral Amiotrófica
2.A.
2.B.
2.C.
8
A dinâmica ventilatória
147
1. A inspiração
147
2. A expiração
152
3. As vias aéreas superiores
153
4. O controlo da ventilação
154
4.a) Controlo cortical
154
4.b) Controlo metabólico – o centro respiratório
155
5. O sono e a mecânica ventilatória
157
Condicionantes da função respiratória na Esclerose Lateral
Amiotrófica – A fraqueza e a fadiga respiratórias
Avaliação laboratorial da função respiratória na Esclerose
Lateral Amiotrófica
1. Capacidade vital e Capacidade vital forçada
159
2. Pressões inspiratória e expiratória máximas
166
3. Pressão inspiratória nasal máxima durante um sniff (SNIP)
167
4. Ventilação voluntária máxima
168
5. Pressão de oclusão labial
169
6. Gasometria arterial
171
163
164
Índice 7. Estudo do sono
171
8. Oximetria de pulso nocturna (OPN)
173
9. Estudos neurofisiológicos específicos da função respiratória
176
na Esclerose Lateral Amiotrófica
9.a) Estudos de condução nervosa do nervo frénico e
176
do nervo espinhal
2.D.
2.E.
9.b) Métodos utilizados
182
9.c) Estudos neurofisiológicos complementares
184
Escalas de avaliação da função respiratória e de qualidade de
vida na ELA
1. Escala de dispneia
186
2. Escala de fadiga: EVA, FSS, Borg
187
3. Escalas de avaliação do estado mental
188
4. Escala de sonolência diurna
189
5. Escalas funcionais
190
6. Escalas de qualidade de vida
192
7. Percepção subjectiva de doença e da função respiratória
296
Tratamento da Insuficiência Respiratória em Doentes com ELA
197
Capítulo 3.
186
207
O interesse do estudo neurofisiológico dos músculos respiratórios:
contributo pessoal
3.A.
O envolvimento do diafragma e dos músculos inspiratórios
acessórios na ELA – relevância do seu estudo
1. Avaliação do envolvimento do diafragma
208
2. Associação entre a perda de unidades motoras do diafragma
212
208
e dos músculos para-espinhais
3. Envolvimento do músculo esternocleidomastoideu (SCM)
3.a) Estudo das respostas motoras do SCM em
216
218
controlos saudáveis
3.b) Estudo das respostas motoras do SCM em
222
doentes com ELA
9
Susana Pinto 3.B.
Relevância para a prática clínica do estudo das respostas
motoras do nervo frénico e dos parâmetros das provas de
função respiratória
1. Haverá um envolvimento respiratório mais precoce nas
230
230
formas de início bulbar?
2. Valor preditivo para a hipoventilação das respostas motoras
235
diafragmáticas
3. Valor preditivo de sobrevida das respostas motoras
243
diafragmáticas na ELA
4. A resposta motora do nervo frénico na progressão da doença
Capítulo 4.
251
259
Exercício respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica
4.A.
4.B.
4.C.
REALS – Programa de exercício respiratório na ELA
263
1. População e métodos
263
2. Resultados
269
REALS – Sobrevida dos doentes submetidos a programa de
exercício respiratório na ELA
1. População e métodos
277
2. Resultados
278
REALS – Discussão
282
Capítulo 5.
277
289
Discussão geral
5.A. Contribuição da presente Tese para a compreensão da fraqueza
e da fadiga diafragmáticas assim como de outros músculos
respiratórios na ELA
5.B. Contributo da presente Tese para a determinação dos factores de
prognóstico respiratório na ELA
5.C. Contributo da presente Tese para a melhoria da função
respiratória dos doentes com ELA – exercícios respiratórios
5.D. Ideias para o futuro
290
295
300
303
Referências bibliográficas
305
Agradecimentos
377
Adenda 1
379
Adenda 2
381
10
Lista de abreviaturas utilizadas no texto Lista de abreviaturas utilizadas no texto œš %Decr: Percentagem de decremento
AMPA: Ácido propiónico α-amino-3-
%Dips<4%/h: Percentagem de
hidroxi-5-metil-4-isoxazole
decremento superior a 4% da
AMPc: AMP cíclico
saturação média de oxigénio por hora
Ampl: Amplitude da resposta motora
aa: Aminoácidos
APM: Área pré-motora
AD: Autossómico dominante
AR: Autossómico recessivo
ADM: Músculo abductor do dedo V
Area: Área da resposta motora
ADMAmpl: Valor médio da amplitude
ASM: Área suplementar motora
pico-a-pico da resposta motora do
ATS: Sociedade Torácica Americana
músculo abductor do dedo V por
AUC: Área abaixo da curva
estimulação do nervo cubital
AVDs: Actividades de vida diária
ADT: Anti-depressivos tricíclicos;
BB: Músculo bicípede braquial
AINEs: Anti-inflamatórios não
BDNF: Factor neurotrófico derivado
esteroides
cerebral
ALSAQ-5: ALS Assessment
BMAA: Aminoácido β-N-
Questionnaire-5
methylamino-L-alanina
ALSAQ-40: ALS Assessment
C6: Músculos para-espinhais ao nível
Questionnaire-40
de C6
ALS-FRS: Escala funcional da
Esclerose Lateral Amiotrófica
Ca cálcio;
CAG: citosina-adenina-guanina
ALS-FRSb: Subtotal bulbar da escala
CECA: Comunidade Europeia de
ALS-FRS
Carvão e do Aço
ALS-FRS-R: Escala ALS-FRS revista
CHMP2B: Gene que codifica a
ALS-FRSr: Subtotal respiratório da
proteína 2B modificadora da
escala ALS-FRS
cromatina;
ALS-P-D: Complexo ALS-parkinson-
CMAPs: Potenciais de acção motora
demência
compostos
ALSSQoL-46: ALS-Specific Quality of
CMCT: Tempo de condução motora
Life Questionnaire-46
central
2+:
11
Susana Pinto CNTF: Factor neurotrófico ciliar
ELA: Esclerose Lateral Amiotrófica
Co: Colina
EMG: Electromiografia
CO2: Dióxido de carbono
ENG: Entubação naso-gástrica
Cox-2: Ciclo-oxigenase 2
EQ-5D: EuroQol-5D
CPK: Creatina-fosfo-quinase
Especif: Especificidade
CPT: Capacidade pulmonar total
Esq: Esquerdo
Cr: Creatina
ESS: Epworth Daytime Sleepiness
CRF: Capacidade de reserva
Ev: Endovenoso
funcional
EVA: Escala visual analógica
CSI: Carer Strain Index
FALS: Forma familiar de ELA
CV: Capacidade vital
FC: Frequência cardíaca
CVel: Velocidades de condução
Fibs: Fibrilhação
CVF: Capacidade vital forçada
Fibs-sw: Fibrilhação e ondas lentas
CVFlay: Avaliação da CVF em
positivas;
decúbito dorsal
FIG4: Fosfoinositido 5-fosfatase
CVFsit: Avaliação da CVF na posição
FSS: Fatigue Severity Scale
de sentado
FTD: Demência fronto-temporal
DAO: Oxidase da D-aminoácido
FUS: Gene que codifica para a
DCTN1: Dinactina
proteína fundida em sarcomas ou
Del: Músculo deltoide
translocada em lipossarcomas
Dextromet+quinidina:
GGUG: Guanina-guanina-uracilo-
Dextrometorfano+ quinidina
guanina
Dir: Direito
GH: Hormona do crescimento
DM: Diabetes mellitus
GNF: Factor neurotrófico glial
DNA: Ácido desoxirribonucleico
CR: cadeiras de rodas
DNM: Doença do Neurónio Motor
GWAS: Estudos de associação
DP: Desvio padrão
genómica generalizada
DPOC: Doença pulmonar crónica
H2O2 : Peróxido de hidrogénio
obstructiva
HCO3 : Ião bicarbonato
DTI: Imagem de Tensão-Difusão
HT: Hipertensão pulmonar
Dur: Duração da resposta motora
IAPs: Proteínas inibidoras da
(pico negativo)
apoptose
EAAT2: Proteína transportadora do
IC: Insuficiência cardíaca
aminoácido excitatório
Ig: Imunoglobulina
12
-
Lista de abreviaturas utilizadas no texto IGF1: factor de crescimento insulina-
mTDP-43: TDP-43 mutante
like;
MUNE: Motor unit number estimation
IM: Intra-muscular
MUNIX: Índice do número de
IMT: Treino muscular inspiratório
unidades motoras estimadas
IR: Insuficiência respiratória
mVAPB: VAPB mutada
IT: Intra-tecal
NFH: Cadeia pesada dos
Kda: Kilo-dalton
neurofilamentos
Lat: Latência da resposta motora
NF-kB- Factor nuclear kappa B
LMD: Latência motora distal
NG2: Proteoglicano sulfato de
LMN: Segundo neurónio motor
condroitina
Máx: Máximo/a
NI: Índice neurofisiológico
MCP-1: Proteína quimioatractiva de
NMDA: N-metil-D-aspartato
monócitos-1
Nr: Número
MEP: Pressão expiratória máxima
O2 : Ião superóxido
MEPlay: Avaliação da MEP em
O2: Oxigénio
decúbito dorsal
OH : Radical hidroxilo
MEPsit: Avaliação da MEP na
OPN: Oximetria de pulso nocturna
posição de sentado
OPTN: Optineurina
MFR: Medicina Física e de
OR: Odds ratio
Reabilitação
OX: Xantina oxidase
MI: Membros inferiores
P0.1: Pressão de oclusão bucal aos
MIE: Insuflação-exsuflação mecânica
100ms de uma inspiração forçada
MIF: Medida de Independência
PA: Pressão arterial
Funcional
PaCO2: Pressão parcial de dióxido de
Min: Minuto(s)
carbono
Mín: Mínimo/a
PaO2: Pressão parcial de oxigénio
MIP: Pressão inspiratória máxima
PBP: Paralisia Bulbar Progressiva
MIPlay: Avaliação da MIP em
Pdi: Pressão transdiafragmática
decúbito dorsal
PECF: Fluxo expiratório máximo
MIPsit: Avaliação da MIP na posição
durante a tosse
de sentado
Pes: Pressão esofágica
MRC: Medical Reseach Council
PET: Tomografia de emissão de
MS: Membros superiores
positrões
mSOD1: SOD1 mutante
PFasc: Potenciais de fasciculação
-
-
13
Susana Pinto PFN1: Profilina 1
RNAm: RNA mensageiro
PFR: Provas de função respiratória
ROC: Receiver operating
Phren: Respostas motoras
characteristics
diafragmáticas por estimulação do
RofALS-FRS-R: Subtotal respiratório
nervo frénico
da escala revista da ALS-FRS
PhrenAmpl: Amplitude pico-a-pico
ROTs: Reflexos osteotendinosos
das respostas motoras diafragmáticas
RR: Risco relativo
por estimulação do nervo frénico
SALS: Forma esporádica de ELA
PhrenArea: Área desde a linha de
SaO2: Saturação arterial de oxigénio
base ao pico negativo das respostas
SC: subcutâneo
motoras diafragmáticas por
SCM: Músculo
estimulação do nervo frénico
esternocleidomastoideu
PhrenLat: Latência das respostas
SCMAmpl: Amplitude pico-a-pico das
motoras diafragmáticas por
respostas motoras do músculo
estimulação do nervo frénico
esternocleidomastoideu por
PLS: Esclerose Lateral Primária
estimulação do nervo acessório
PMA: Atrofia Muscular Progressiva
SCMArea: Área desde a linha de
Ppl: Pressão pleural
base ao pico negativo das respostas
PSG: Polissonografia
motoras do músculo
PUM: Potencial de unidade motora
esternocleidomastoideu por
RE: Retículo endoplasmático
estimulação do nervo acessório
rHCNTF: Factor neurotrófico ciliar
SCMLat: Latência das respostas
recombinante humano
motoras do músculo
rHGSF: Factor recombinante humano
esternocleidomastoideu por
estimulador de colónias de
estimulação do nervo acessório
granulócitos
SD: Desvio padrão
rHIGF-1: Factor de crescimento
Sens: Sensibilidade
insulina-like recombinante humano 1
SF-36: Short Form Health Survey 36
rIFNβ-1a: Interferon recombinante β-
SIP: Sick Impact Profile
1a
SMA: Atrofia muscular espinhal
RMN: Ressonância magnética
SMN: Proteína da sobrevida do
nuclear
neurónio motor
RNA: Ácido ribonucleico
SNA: Sistema nervoso autónomo
14
Lista de abreviaturas utilizadas no texto SNAPs: Potenciais de acção
TDP-43: Proteína de ligação TAR-
sensitivos
DNA 43
SNC: Sistema nervoso central
TMA: Tosse manualmente assistida
SNIP: Pressão durante uma
TMS: Estimulação magnética
inspiração nasal forçada
transcraniana
SNIPlay: Avaliação da SNIP em
TNFα: Factor de necrose tumoral α
decúbito dorsal
Tox bot: Toxina botulínica
SNIPsit: Avaliação da SNIP na
Trap: Músculo trapézio
posição de sentado
UGG: Uracilo-guanina-guanina
SNP: Sistema nervoso periférico
UM: Unidade motora
SNPS: Sistema nervoso
UMN: Primeiro neurónio motor
parassimpático
USA: Estados Unidos da América
SNS: Sistema nervoso simpático
VAPB: Proteína membranar
SOD1: enzima Cobre-Zinco
associada a vesículas
superóxido dismutase-1
VAI: vias aéreas inferiores
Sp02<90%: Percentagem da
VAS: vias aéreas superiores
saturação da oxihemoglobina abaixo
VC: Volume corrente
de 90% da saturação média
VCP: Valosina
SPECT: Tomografia computorizada
VEGF: Factor de crescimento
de emissão isolada de positrão
endotelial vascular
SPG11: Espataxina
Vit: Vitamina
SpO2mean: Saturação média da
VNI: Ventilação não-invasiva
oxihemoglobina determinada por
VPN: Valor preditivo negativo
OPN
VPP: Valor preditivo positivo
SpO2min: Saturação mínima da
VR: Volume residual
oxihemoglobina determinada por
VRE: Volume de reserva expiratória
OPN
VRI: Volume de reserva inspiratória
Sw: Ondas lentas positivas
VVM: ventilação voluntária máxima
T5: Músculos para-espinhais ao nível
wtSOD: SOD wild type
de T5
TA: Músculo tibial anterior
TAC: Tomografia axial computorizada
TARDBP: Gene que codifica a
proteína TDP-43
15
Prólogo Prólogo œš Na procura incessante do conhecimento, característica de todos
os que não se contentam com a mediania do quotidiano, deparamo-nos,
diariamente, com uma vastidão totalmente desconhecida. Foi o prazer
na procura desse conhecimento na área da Saúde que, desde cedo, me
fez escolher Medicina como percurso de vida. Foi o prazer no estudo da
Neuro-Anatomia e da Neurologia, e as possibilidades da Reabilitação
Neurológica oferecidas pela Medicina Física e de Reabilitação (MFR)
que me fizeram escolher esta última como Especialidade, com particular
interesse no seguimento do doente com patologia do foro neurológico.
A MFR aliciou-me e cativou-me. É uma especialidade médica,
clínica, abrangente, que reune em si muito do conhecimento de outras
especialidades. Desde há muito considerada como lidando com a
doença e a deficiência, a incapacidade e a desvantagem do indivíduo
doente, a MFR adquire presentemente a positividade que sempre
objectivou. Visa a restauração da saúde, da funcionalidade e da
participação do indivíduo doente, nas suas vertentes física, psíquica,
emocional, familiar e social. Contudo, a par desta prática clínica diária
que me preenche por me fazer perceber que “Tudo pode ser
reabilitado”, existe um vazio científico desanimador, que penso ser
responsável pela desvalorização desta especialidade face às demais,
culminando no empirismo das terapêuticas de reabilitação prescritas.
Todavia, é surpreendentemente interessante que, nesta especialidade,
a Arte continue a par da Ciência. Se a Ciência resulta do estudo,
experiência e trabalho metodológico, a Arte nada será sem amor,
empenho e dádiva. Na verdade, Arte e Ciência apoiam-se e elevam-se
mutuamente.
17
Susana Pinto A realização do Estágio de Neurologia (com a duração de 3
meses) contemplado pelo Programa do Internato Complementar de
MFR na Unidade de Neuromusculares do Serviço de Neurologia do
Hospital de Santa Maria (Director: Professor Doutor José Ferro) assim
como o período de 7 meses de voluntariado na mesma Unidade durante
uma licença sem vencimento mostraram-me a potencialidade conjunta
da MFR e da Neurologia. Dirigida pelo Professor Doutor Mamede de
Carvalho, a Unidade de Neuromusculares é reconhecida nacional e
internacionalmente pelo seu valor clínico e científico, especialmente no
seguimento de doentes com paramiloidose e Esclerose Lateral
Amiotrófica
(ELA). A
esse
seguimento
acresce-se
a
formação
neurofisiológica dos neurologistas que integram a equipa, com trabalhos
reconhecidos pela comunidade científica internacional e que muito
contribuiram
para
a
melhor
compreensão,
acompanhamento
e
tratamento dos doentes com as patologias referidas. Em especial, a
ELA
tem
sido
particularmente
acarinhada,
presentemente
pelo
Professor Doutor Mamede de Carvalho e anteriormente pela Professora
Doutora
Maria
de
Lourdes
Sales
Luís
de
que
resultaram,
respectivamente, as suas Tese de Doutoramento e Lição de Agregação.
Apesar dos avanços científicos a que se tem assistido no campo
médico, a ELA continua a ser uma doença devastadora, sem cura
conhecida ou mesmo terapêutica efectiva capaz de travar a progressão
da doença. Os doentes perecem após uma sobrevida média de 3-5
anos, sendo a Insuficiência Respiratória (IR) a principal causa de morte.
A melhoria da qualidade de vida dos doentes tem sido conseguida pela
terapêutica sintomática, pela melhoria dos cuidados continuados/
paliativos e pela fisioterapia, pela adequada hidratação e nutrição
(através da realização de gastrostomia) e pelo suporte ventilatório
conseguido pela ventilação não-invasiva (VNI) e drenagem de
secreções. Nesta última área destaca-se o papel da Professora Doutora
18
Prólogo Anabela Pinto, fisiatra, que tem colaborado activamente na reabilitação
respiratória e neurológica destes doentes. A possibilidade que me foi
oferecida pelo Professor Doutor Mamede de Carvalho em seguir
doentes com ELA é-me particularmente gratificante e muito me tem feito
crescer pessoal e profissionalmente. Sem dúvida que a Vida é um bem
tão precioso e efémero, que deve ser diariamente valorizada e
apreciada. Sem dúvida que a compreensão de uma patologia como a
ELA, que representa um modelo único pelo envolvimento quase
exclusivo da via córtico-espinhal (monossináptica), é especialmente
aliciante por ainda tão desconhecidas a sua etiologia e a sua
fisiopatologia.
O cerne da presente Tese de Doutoramento resulta da aplicação
a doentes com ELA do conhecimento adquirido em técnicas de
reabilitação respiratória durante a realização do Estágio de Reabilitação
Cárdio-Respiratória com duração de dois meses no Serviço de Cirurgia
Cárdio-Torácica do Hospital de Santa Cruz (Director: Professor Doutor
Queiroz e Mello), sob a orientação do fisiatra Dr. Licínio Carneiro. Com
a mesma pretendeu-se manter e melhorar as condições respiratórios
dos doentes com ELA em fases precoces da doença, visando uma
eventual preservação da função respiratória por longos períodos e
consequente aumento da sobrevida e da qualidade de vida dos
doentes. Da participação na consulta de ELA resultaram, igualmente,
vários
trabalhos
com
os
quais
se
pretendeu
compreender
o
envolvimento de importantes músculos respiratórios, como o diafragma,
responsáveis pela alteração da dinâmica ventilatória nesta doença.
A presente Tese foi estruturada em 5 capítulos, devidamente
identificados no Índice, a que se segue o Resumo, as Referências
bibliográficas e os Agradecimentos.
19
Susana Pinto No primeiro capítulo faz-se uma revisão sobre a ELA, incluindo
contextualização histórica, conceitos fisiopatológicos, semiologia e
terapêuticas, sobretudo aquelas que demonstraram efectividade na
melhoria da sobrevida e da qualidade de vida dos doentes com ELA,
assim como várias intervenções presentemente em estudo.
No segundo capítulo introduz-se o tema da IR na ELA, revendose inicialmente a fisiologia da dinâmica ventilatória em indivíduos
saudáveis a que se segue um ponto referente à disfunção observada
em doentes com ELA (baseado no artigo publicado: Patologia
neuromuscular e distúrbios do sono (Pinto S, de Carvalho M)
Sinapse 2009, 9:22-31). Decidiu-se descrever neste capítulo os vários
testes que visam a avaliação da função respiratória, referindo-se os que
foram utilizados na metodologia dos vários trabalhos apresentados nos
capítulos seguintes, assim como as escalas de funcionalidade e de
qualidade de vida utilizados. Finalmente abordam-se várias terapêuticas
respiratórias que têm indicação nos doentes com ELA, fazendo-se
referência a alguns trabalhos que permitiram melhor perceber as
condicionantes à adaptação e aderência dos doentes à VNI e sua
monitorização (os trabalhos referidos são: Is a 4-hour use of noninvasive ventilation enough to define compliance? (Pinto S, de
Carvalho M) Amyotr Lat Scler 2010, 11:250-2; Home telemonitoring of
non-invasive ventilation decreases healthcare utilization in a
prospective controlled trial of ALS patients. (Pinto A, Almeida JP,
Pinto S, Pereira J, Oliveira AG, de Carvalho M) J Neurol Neurosurg
Psychiatry 2010, 81: 1238-42; Implementation of a wireless device
for real-time telemedical assistance of home-ventilated ALS
patients - A feasibility study (Almeida JP, Pinto AC, Pereira J, Pinto S,
de Carvalho M) Telemed J E Health 2010, 16: 883-8).
No terceiro capítulo pretende-se avaliar o interesse da avaliação
neurofisiológica para a compreensão do envolvimento dos músculos
20
Prólogo respiratórios na ELA, em particular do diafragma (baseado em vários
artigos já publicados: Symmetry of phrenic nerve motor response in
amyotrophic lateral sclerosis. (Pinto S; de Carvalho M) Muscle Nerve
2010, 42:882-4; Association between paraspinal muscles and
diaphragm denervation in ALS (de Carvalho M, Pinto S, Swash M)
Amyotr Lat Scler 2009, 11:63-66; Accessory nerve stimulation: motor
responses of the sternomastoid muscle. (Pinto S, de Carvalho M)
Neurophysiol
Clin
2008,
38:133-6;
Motor
responses
of
the
sternocleidomastoid muscle in patients with amyotrophic lateral
sclerosis. (Pinto S, de Carvalho M) Muscle Nerve 2008, 38:1312-7.
Avalia-se ainda a aplicação clínica destes estudos para a compreensão
da IR nos doentes com ELA (baseado nos trabalhos publicados: Do
bulbar-onset ALS patients have earlier respiratory involvement?
(Pinto S, Pinto A, de Carvalho M) Europa Medicophysica 2007, 43:50510; Predictive value of respiratory tests for respiratory insufficiency
in amyotrophic lateral sclerosis. (Pinto S, Turkman A, Pinto A, Swash
M, de Carvalho M) Clin Neurophysiol 2009, 120:941-6; Changes of the
phrenic nerve motor response in amyotrophic lateral sclerosis.
(Pinto S, Geraldes R, Vaz, N, Pinto A, de Carvalho M) Clin Neurophysiol
2009, 120:2082-85;
Phrenic nerve studies predict survival in
Amyotrophic Lateral Sclerosis. (Pinto S, Pinto A, de Carvalho M) Clin
Neurophysiol 2012, 123(12):2454-9.
O quarto capítulo reporta-se ao contributo pessoal para a
elaboração e implementação de um programa de treino respiratório nos
doentes com ELA em fases precoces da doença, numa altura em que
ainda não se verifica envolvimento respiratório. Este capítulo é baseado
nos seguintes trabalhos: Respiratory exercise in amyotrophic lateral
sclerosis. (Pinto S, Swash M, de Carvalho M) Amyotr Lat Scler 2012,
13: 33-43 e Can inspiratory muscle training increase survival in
early-affected Amyotrophic Lateral Sclerosis patients? (Pinto S, de
21
Susana Pinto Carvalho M) Amyotroph Lateral Scler 2012 (Epub ahead of print). Após
se ter revisto no primeiro capítulo o papel do exercício físico na ELA e
se ter discutido as controvérsias existentes quanto à sua realização
nestes doentes, assim como no modelo animal, neste capítulo
descreve-se o programa de treino respiratório que tem como objectivo a
preservação e eventual melhoria da dinâmica ventilatória nos doentes
com ELA de forma a retardar o aparecimento de IR, visando o aumento
da sobrevida e da qualidade de vida dos doentes.
No quinto capítulo elabora-se uma Discussão Geral dos vários
trabalhos apresentados a que se segue uma súmula da contribuição
pessoal.
Ao projecto de investigação visando a implementação de um
programa de treino respiratório nos doentes com ELA foi atribuído uma
Bolsa de Doutoramento pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia
(FCT – SFRH/BD/30714/2006), tendo sido submetido à Comissão de
Ética da Faculdade de Medicina de Lisboa, assim como os restantes
trabalhos apresentados.
22
Resumo Resumo œš A
ELA
é
uma
doença
neurodegenerativa,
rapidamente
progressiva, tradicionalmente descrita como envolvendo somente o
sistema motor. A disfunção dos primeiro e segundo neurónios motores é
responsável pelo envolvimento clínico dos músculos medulares,
bulbares e respiratórios. Contudo, alterações sensitivas, autonómicas e
extra-motoras podem ser objectiváveis por estudos neurofisiológicos,
imagiológicos e neuropatológicos, especialmente nas fases tardias da
doença. A observação clínica de um continuum entre a ELA e a
demência fronto-temporal (FTD) é realçada pela recente identificação
da elevada repetição da sequência “GGGGCC” no gene C9ORF72,
presente em doentes com SALS e FALS/FTD. De facto, a última década
foi particularmente frutífera para a ELA, dado o desenvolvimento de
várias
áreas,
melhorando
o
nosso
conhecimento
sobre
a
etiopatogénese, a fisiopatologia e o diagnóstico neurofisiológico da ELA.
Todavia, e apesar dos avanços verificados, não há qualquer tratamento
capaz de interromper o processo degenerativo.
As complicações respiratórias em doentes com ELA em
Insuficiência Respiratória (IR) são a principal causa de morte destes
doentes, consequência da fadiga e fraqueza dos músculos respiratórios.
Em casos pouco frequentes, a IR pode ser a forma de apresentação da
ELA. A
avaliação
da
função
respiratória
é
essencial para
a
monitorização da progressão da doença e na determinação da
necessidade de adaptação de ventilação não-invasiva (VNI), terapêutica
não farmacológica que aumenta a sobrevida e a qualidade de vida
destes doentes. Contudo, quando existe envolvimento bulbar, os testes
respiratórios são frequentemente pouco precisos pela fraqueza orofacial
presente. Vários factores mostraram ser preditivos de sobrevida na
23
Susana Pinto ELA, em particular aqueles que avaliam a função respiratória. Nesta
doença, o envolvimento diafragmático e a capacidade dos outros
músculos respiratórios manterem a função respiratória na presença de
fraqueza e fadiga diafragmáticas não são bem conhecidos. Desta forma,
a possibilidade de estudar músculos individuais ou grupos musculares,
possibilitada pela neurofisiologia, é fundamental para o conhecimento
da dinâmica ventilatória na ELA. De igual forma, apesar do exercício na
ELA ter sido pouco estudado e haver resultados controversos, é
particularmente tentador estudar o potencial benefício do exercício
respiratório nas fases iniciais da doença. Estes temas foram
investigados na presente Tese.
No primeiro capítulo desta Tese descreve-se o presente
conhecimento e os principais avanços científicos na ELA, enquanto que
no segundo faz-se uma revisão do sistema respiratório e do seu
envolvimento na ELA. Os resultados dos estudos neurofisiológicos
realizados são apresentados no terceiro capítulo enquanto que no
quarto capítulo apresentamos os resultados do nosso protocolo de
exercício respiratório na ELA.
Na presente tese vários trabalhos avaliaram as respostas
motoras diafragmáticas por estimulação eléctrica do nervo frénico em
grandes grupos populacionais de doentes com ELA. Foi evidenciado
que esta técnica não-volicional é simples e bem tolerada, fácil de
realizar
e
com
resultados
consistentes,
quando
realizada
por
neurofisiologistas experientes. Existe notável semelhança das respostas
entre ambos os lados, provavelmente relacionada como a disposição
medial do núcleo do nervo frénico na medula espinhal. O seu
envolvimento associa-se à perda de unidades motoras de outros
músculos axiais, de acordo com a impressão clínica de mau prognóstico
dos doentes que iniciam a doença por marcada parésia axial.
Demonstrámos, igualmente, que a eventual compensação da fraqueza
24
Resumo diafragmática por parte de músculos intercostais externos e músculos
inspiratórios acessórios, nomeadamente o esternocleidomastoideu
(SCM), e, inclusivamente, os músculos para-espinhais, é transitória,
dado
existir
um
envolvimento
concomitante
dos
mesmos.
Demonstrámos que a SNIP (mais dependente da amplitude de resposta
do nervo frénico) e MIP (mais dependente da amplitude da resposta do
SCM) podem dar informação complementar quanto à força muscular de
diferentes músculos inspiratórios, sendo preferível a utilização da
pressão durante a inspiratória nasal forçada (SNIP) em doentes com
parésia oro-facial.
Relativamente
aos
parâmetros
respiratórios
geralmente
avaliados em doentes com ELA, verificámos que estes têm baixo valor
preditivo positivo (VPP) para a presença de hipercapnia, mas com
sensibilidade, especificidade e valor preditivo negativo (VPN) elevados.
A amplitude da resposta motora do nervo frénico, para valores de corte
de 0.4mV, foi o único parâmetro que mostrou VPP/ VPN satisfatório
para a hipoventilação, para ambos os grupos de doentes com forma de
início medular e bulbar. A amplitude da resposta motora do nervo
frénico mostrou ser um factor independente preditivo negativo de
sobrevida para ambas as populações, sendo que valores iguais ou
inferiores a 0.4 mV aumentaram o risco de morte 1.657 vezes quando
comparativamente com aqueles acima de 0.4 mV. A variação da
amplitude de resposta do nervo frénico pode detectar a perda de UM no
diafragma em curtos períodos de seguimento (de cerca de 5 meses),
correlacionando-se com o decaimento, também significativo, de outros
testes respiratórios, nomeadamente da capacidade vital forçada (CVF) e
da SNIP. Concluímos que a amplitude de resposta do nervo frénico é
um bom biomarcador para a identificação precoce do envolvimento
respiratório na ELA, sendo preditivo de hipoventilação e de sobrevida, e
sendo adequado para o seguimento do progressivo agravamento
25
Susana Pinto respiratório nestes doentes. Consequentemente, sugerimos que seja
incluído na avaliação de rotina da função respiratória dos doentes com
ELA, particularmente relevante nos doentes não colaborantes ou com
envolvimento bulbar que impeça a adequada realização das provas de
função respiratórias convencionais. Nos doentes com forma de início
bulbar, demonstrámos, igualmente, não haver evidência que a fraqueza
diafragmática seja mais precoce que nos com forma de início medular.
Os nossos resultados são relevantes para a determinação da altura
ideal de início da VNI, com potencial impacto no prolongamento da
sobrevida.
Quanto aos nossos resultados do protocolo de exercício
respiratório em doentes com ELA nas fases iniciais da doença e sem
envolvimento respiratório, há uma clara indicação que o protocolo que
estabelecemos não tem riscos, havendo benefícios clínicos como
demonstrado pelas melhoria em alguns parâmetros e, sobretudo, pelo
provável aumento da sobrevida. Desta forma, sugerimos a realização de
um ensaio alargado, multicêntrico, duplamente cego e controlado contra
placebo está particularmente indicada.
Da clarificação dos pontos referidos surgem novas interrogações
que serão certamente objecto de estudo em trabalhos futuros.
26
Summary Summary œš Amyotrophic Lateral Sclerosis (ELA) is a rapidly progressive
neurodegenerative disease, traditionally described as involving the
motor system. Upper and lower motor neuron dysfunction is responsible
for the clinical involvement of spinal, bulbar and respiratory muscles.
Sensory, autonomic and extra-motor cortical involvement can also be
detected, especially at late stages of the disease, as confirmed by
neurophysiological, imaging and neuropathological studies. The clinical
observation of a continuum between ELA and fronto-temporal dementia
(FTD) was enlightened by the recent identification of the highly repeated
sequence “GGGGCC” in the C9ORF72 gene, present in patients with
sporadic and familiar ELA/FTD. In fact, last decade has been particularly
fruitful to ELA, as new insights have been made in several different
fields,
improving
our
knowledge
of
the
etiopathogenesis,
pathophysiology and neurophysiological diagnosis of ELA. Nevertheless,
there is still no available treatment to interrupt the degeneration process.
Respiratory complications account for the majority of deaths in
ELA due to Respiratory Insufficiency (IR), a consequence of the
weakness and fatigue of the respiratory muscles. Although usually a late
event, IR can be the presenting feature. Respiratory function
assessment is essential for monitoring disease progression and
determining the time for non-invasive ventilation (VNI), which increases
survival and quality of life in ELA. However, in bulbar-onset patients
respiratory function tests are not always reliable due to orofacial
weakness. Several different factors have been shown to predict survival
in ELA, in particular the respiratory function. Involvement of the
diaphragm in ELA and the ability of other respiratory muscles to maintain
27
Susana Pinto respiratory function in the presence of diaphragmatic weakness and
fatigue are not really well understood. In fact, the possibility to study
individual
muscles
or
groups
of
muscles,
as
given
by
the
neurophysiology, is critical to understand the respiratory dynamics in
ELA. Although exercise in ELA is controversial and the available clinical
studies are scarce, it is tempting explore the potential benefit of
respiratory exercise in early stages of the disease progression. These
issues were investigated in this thesis.
In the first chapter of this thesis we reviewed the main advances
in ELA. In the second chapter we present a overview of the respiratory
system and its involvement in ELA. Chapter III describes the results of
our neurophysiological studies. Chapter IV includes the results of our
trial on respiratory exercise in ELA.
Chapter
III
–
Neurophysiological
investigation
of
the
respiratory muscles and its clinical relevance
Symmetry of Phrenic Nerve Motor Response in ELA
Introduction
In this work we aimed to assess symmetry of the motor
responses of the diaphragm in a large population of ELA patients
grouped by the region of onset, as well as to correlate phrenic nerve
responses wth other muscles innervated by different cervical myotomes.
Population and Methods
Prospective study including 67 consecutive ELA patients, 16 with
definite and 51 with probable disease, as defined by the reviewed El
Escorial criteria. Patients with other medical conditions, a previous
28
Summary history of severe limb trauma, thoracic surgery, absent unilateral or
bilateral responses of the ulnar, axillar or phrenic nerves, and patients
unable to clearly identify the region of disease onset were excluded.
Patients were grouped in bulbar, right upper limb, left upper limb,
right lower-limb or left lower limb onset regions and were assessed with
neurophysiological studies of the diaphragm, deltoid (Del) and abductor
digiti minimi (ADM) - distal motor latency (ms), peak-to-peak amplitude
(mV), negative-peak area (mV.ms) and negative-peak duration (ms).
We applied Spearman correlation coefficient to test inter-side
correlations and to explore correlations between the pairs of muscles
diaphragm-Del, diaphragm-ADM and ADM-Del on the same side of the
body. We compared differences between sides for the same muscles
applying a non-parametric test (Sign test). A p value≤ 0.01 was
considered significant to overcome multiple comparisons.
Results
Mean age at onset of our total population was 58.3± 12 years
(range 28-80) and 39 patients were men. Mean disease duration at
study entry was 21.7± 20.5 months (range 3-110). Region of onset was
bulbar in 17 patients and spinal in 50 (upper limbs in 27 and lower limbs
in 23). Mean age at onset and disease duration were similar between
groups (p>0.05).
In all groups, phrenic responses showed no inter-side differences
and inter-side correlations were very high. In bulbar-onset patients,
proximal and distal segments of the upper limbs were affected
symmetrically. In upper-limb onset patients, ADM were smaller in the
first affected side, but there were no inter-side difference for Del. In
patients with lower-limb onset, there were no differences between sides
for both upper limb muscles, although inter-side correlations were not
significant for ADM.
29
Susana Pinto In bulbar, upper limb and lower limb-onset patients PhrenAmpl
did not correlate with DelAmpl or ADMAmpl in both sides (p> 0.05). In
bulbar and lower limb-onset patients, right ADMAmpl correlated with
DelAmpl (0.75, p=0.001; 0.57, p=0.007, respectively), the same was
observed for the left side (0.78, p<0.001; 0.54, p=0.01, respectively).
However, in upper limb-onset patient this last correlation was nonsignificant in both sides (p>0.1).
Discussion
In this study, there is a tendency for equal and symmetrical
involvement of both proximal Del muscles. This involvement was only
observed in the distal ADM in bulbar-onset patients. In fact, in ELA
patients presenting with upper limb weakness there is a predominant
distal asymmetrical weakness. In addition, these observations are
related to the usual focal onset of ELA and local continuous spread
during the progression of the disease.
Our results show that phrenic nerve motor responses are
symmetric in ELA, independently of the region of onset, as phrenic nerve
nuclei are close to midline in cervical spinal cord. However, phrenic
nerve nuclei have a particular susceptibility to neuron degeneration as
the size of its motor responses was not correlated with motor responses
from other cervical myotomes. In conclusion, unilateral phrenic nerve
response is sufficient to test diaphragm strength and to monitor its
progression. Therefore, there is no need to find the weakest hemidiaphragm when planning diaphragmatic pacemaker implantation in ELA
patients, as bilateral implantation increases efficacy.
30
Summary Association of paraspinal and diaphragm denervation in
ELA
Introduction
Lower motor neurons for axial muscles - diaphragm, paraspinal
and intercostal muscles, are more medially located in the anterior horn,
compared with the larger limb motor neurons innervating more distal
muscles. We tested if involvement of paraspinal and intercostal muscles
is associated with diaphragm weakness in ELA.
Patients and methods
We studied prospectively 44 ELA patients with mean age of 62
years
(range
36-83),
referred
for
diagnostic
neurophysiological
evaluation, 6 with definite and the remainder with probable ELA, based
on the revised El Escorial criteria. Thirteen were women. Mean disease
duration from first symptom was 12 months (range 3-36). The disease
was of bulbar-onset in 6 patients, upper limb onset in 21, lower limb
onset in 16 and respiratory onset in one. At the time of investigation, all
had an ALS-FRS score greater than 20 and ALS-FRSb equal or higher
than 8. All had full neurological and neuroradiological, haematological
and biochemical investigations. Nerve conduction studies ruled out
polyneuropathy.
Patients were assessed with: CVF, PhrenAmpl and needle EMG
of the diaphragm, internal intercostals, C6 and T5 paraspinal muscles,
biceps and tibialis anterior, to search for signs of denervation. The
evaluation was done at the right side provided that MRC strength in the
studied biceps was >3; otherwise the left sided muscles were studied
(10 patients). Tibialis anterior on the same side of the studied biceps
was investigated in a subset of 37 patients. EMG activity in diaphragm
(recognized by inspiratory bursts) and internal intercostal muscles
31
Susana Pinto (activated by voluntary coughing) was studied at a level inferior to the
surface markings of the lung.
For comparison of continuous data between patients with and
without respiratory impairment we used the unpaired t-test. For discrete
variables we used Fisher’s exact test. Statistical significance was
considered for p<0.05. The sensitivity, specificity and positive predictive
value (VPP) were calculated. ROC analysis was performed to quantify
discriminative value of the tested measurements.
Results
Mean CVF in the 44 ELA patients was 81.6 ± 14.6% (range 30105). In 14 patients CVF was less than 80% of the predicted. In this
group, PhrenAmpl and ALS-FRS were significantly lower (p<0.001 and
p=0.003, respectively) and fibs-sw were significantly more frequent in C6
(p=0.03) and T5 (p=0.001) paraspinal muscles, intercostal muscles
(p=0.002) and diaphragm (p<0.001). The VPP and specificity of these
abnormalities in relation to low CVF values was high and ROC analyses
confirmed good discriminative strength. There was no relation between
fibs-sw and CVF in biceps (p=0.31) or tibialis anterior (p=0.5) muscles.
Fibs-sw in the diaphragm were more closely associated with low CVF
than paraspinal fibs-sw. EMG of T5 paraspinal muscles of the three
patients with the lowest CVF values (range 30-60%) showed bursts of
activity coinciding with respiratory effort resembling the bursts of activity
characteristic of diaphragmatic recordings.
Discussion
Our findings support the hypothesis that medially located lower
motor neurons supplying diaphragm, internal intercostal muscles and
paraspinal muscles are affected concurrently in ELA. In some ELA
patients with respiratory involvement EMG of paraspinal muscles at T5,
32
Summary but not C6, revealed bursts of inspiration-related EMG activity
suggesting that these mid-thoracic axial muscles have a role as
accessory muscles of ventilation. Patients with weak thoracic muscles
are at risk of respiratory impairment and should be scrutinized carefully
with respiratory function tests.
Accessory
nerve
stimulation:
Motor
response
of
the
sternocleidomastoid muscle
Introduction
Sternocleidomastoid muscle (SCM) is essential for neck and
head movements, but it has also a relevant postural function. In addition,
it is an accessory muscle of respiration, essential when the diaphragm is
weak.
A consistent technique for recording motor responses in SCM
would be a useful tool for investigation in ELA. We aimed to describe a
standardized method to stimulate the accessory nerve and to record
motor responses from the SCM.
Population and methods
Fifty-four subjects referred to our laboratory with isolated diplopia
and clinical suspicion of ocular myasthenia gravis, in whom repetitive
nerve stimulation (including trapezius) and single-fiber EMG of the
orbicularis oculi were normal (23 females; mean age±SD 61.9±10.0
years;
range
35-80).
Clinical
follow-up
confirmed
idiopathic,
ophthalmologic, ischemic or an intracranial lesion causing compressive
oculomotor nerve paresis as the final diagnosis. Patients with diabetes,
polyneuropathy, other medical conditions or a previous history of neck
lesion were excluded.
33
Susana Pinto Experiment A: Thirty-nine subjects were included. The right and
left spinal accessory nerves were stimulated in each subject. A DantecKeypoint EMG machine (Dantec, Copenhagen, Denmark) was used for
the electrophysiological studies. A superficial bipolar stimulating
electrode was applied 1cm behind the posterior border of the SCM, a
few centimeters above the level of the upper margin of the thyroid
cartilage and 7cm above the active recording electrode. Squares pulse
of 0.2ms duration were given to obtain supramaximal stimulation.
Surface electrodes with a small recording area were used (7×4mm,
Medtronic 9013L0202). The active electrode was placed over the
midportion of the muscle, just behind the medial border. The reference
was placed over the internal clavicle extremity, with an interelectrode
distance of 7cm. Ground electrode was placed in the ipsilateral arm.
Standard amplifier filter settings of 20 Hz and 10 kHz were used. A gain
of 200 µV was used to define motor Lat. We defined peak-to-peak Ampl,
negative-peak area and negative-peak Dur.
Paired t test was applied to test side-to-side differences.
Correlations of all parameters between sides and between age and
tested measurements were evaluated with Spearman Rho test. Values
of p<0.05 were considered significant.
Experiment B: Fifteen subjects were included. Accessory nerves
were stimulated in two different sites on the right side. Position 1 (P1):
as described above; Position 2 (P2): in front of the anterior border of the
SCM and the mastoid process, which is closer to the jugular foramen.
We kept the stimulator at the same distance from the active recording
electrode (7cm). The recording set was defined in Experiment A.
Surface recording electrodes with a larger recording area were used
(15×20mm, Medtronic 9013S0241). We analyzed the distal Lat, peak-topeak Ampl, negative-peak area, negative-peak Dur and stimulus
intensity required to obtain a supramaximal response.
34
Summary Paired t test was applied to compare measurements obtained
from P1 and P2 in the same subjects. Differences between electrodes
(Experiment A and stimulation at P1 in Experiment B) were evaluated by
Mann—Whitney U test. Values of p <0.01 were considered significant.
Results
Experiment A: We did not find any significant side-to-side
difference for Lat (p = 0.81), Ampl (p= 0.15) or area (p= 0.45).
Correlation between sides was p= 0.72 for Lat and Ampl and 0.69 for
area (p< 0.001, for all measurements). Age did not correlate with Lat (p
= 0.47), Ampl (p= 0.12) or area (p= 0.47).
Experiment B: Distal Lat to stimulation at P2 was longer as
compared with the Lat at P1. Stimulus intensity was significantly lower at
P1 to attain the supramaximal response. No other difference was found.
No significant difference was found between different electrode types.
Discussion
We described a new method for stimulating the spinal accessory
nerve to evoke SCM motor responses, which can be relevant to localize
the lesion in distal accessory nerve damage as observed in surgical
lesion during lymph node biopsy. Consistent and morphologically welldefined SCM CMAP were obtained in every subject and the stimulation
was well tolerated in all, without brachial plexus stimulation as it was
performed a few centimeters above the Erb’s point. SCM CMAPs were
smaller than those from the trapezius, but with a large interindividual
size variation. There was no interside difference and age-factor was not
significant.
Stimulation at P2 needed higher stimulus intensity to attain
supramaximal responses. Distal Lats were significantly longer, although
with small differences (7%). Stimulation at P2 was more uncomfortable
35
Susana Pinto for the subjects as the stimuli were painful and of sufficient intensity to
stimulate the facial nerve. Stimulation at P1 is theoretically distal to the
origin of the branch innervating the SCM. Probably, stimulation at P1
depolarizes the branch to SCM by stimulus-spreading.
Motor responses of the SCM in ELA patients
Introduction
In healthy individuals, SCM is progressively recruited during
greater respiratory efforts, but not at rest. For maximal inspiratory efforts
all individuals use it. However, when the diaphragm is weak, SCM may
be recruited earlier, even at rest. Thus, it is particularly important to
address the involvement of the SCM on ventilatory dynamics in ELA.
We aimed to investigate the involvement of SCM and to
understand the roles of the diaphragm and SCM on respiratory tests
performed in ELA.
Material and methods
This is a prospective study including 45 consecutive ELA patients
with definite (9) or probable disease (36), as defined by the El Escorial
criteria. Patients with other conditions were excluded.
All patients were evaluated within an interval of less than 1 month
after study entry with: neck flexion strength (on MRC scale and
determined with the patient in the supine position), ALS-FRS, ALS-FRSb
and RofALS-FRS-R, respiratory function tests (SNIP, CVF, MIP, MEP
and P0.1), blood gas analyses, OPN (SpO2mean, SpO2min, SpO2<90%,
%Dips/h<4%) and neurophysiological studies (SCMLat and PhrenLat,
SCMAmpl and PhrenAmpl, Phren and SCMarea of the negative peak).
36
Summary Patients were divided in two groups: those with normal neck strength
(MRC=5) and those with neck weakness (MRC<5).
Paired t-test and Mann–Whitney U-test were applied for
continuous data. Spearman’s correlation with Bonferroni correction was
used for correlations between SCMAmpl and CVF, CV, MIP, MEP, ALSFRS, ALS-FRSb, RofALS-FRS-R and PhrenAmpl. Multiple regression
analysis was used to investigate the relationship between SCMAmpl and
PhrenAmpl to relevant respiratory measurements. Cut-off values were
considered for respiratory measurements, defined by the usual
normative range, namely 80% for CVF and P0.1 and 60% for MIP and
MEP. Values of p< 0.01 were considered statistically significant.
Results
Mean age of the ELA population was 60.6± 13 years (range 36–
83), and 30 patients were men. Mean disease duration was 20± 11
months (from 1–54). The disease onset was bulbar in 12 patients and
spinal in 33 (in upper limbs in 26).
As demonstrated before in controls, we found no inter-side
difference for the various neurophysiological measurements in the ELA
population (p>0.05), and there was a high inter-side correlation
(Spearman’s rank correlation coefficient, PhrenAmpl rs= 0.92; PhrenLat
rs= 0.88; Phren area rs= 0.84, SCMAmpl rs= 0.87, SCMLat rs= 0.77,
SCM area rs= 0.85, p< 0.01). Due to the significant correlation between
negative-peak area and peak-to-peak Ampl for both diaphragm and
SCM (rs= 0.7, p< 0.01), we used right-side SCMAmpl and PhrenAmpl
for subsequent statistical analysis.
Twenty-four ELA patients had normal neck flexion strength, and
this group was compared with 21 patients with neck weakness.
SCMAmpl was significantly smaller (2.39± 1.08 vs. 4.26± 1.01 mV) and
SCMLat significantly longer (2.10± 0.26 vs. 1.86± 0.12 ms) in the second
37
Susana Pinto subgroup (p< 0.001). All measurements were significantly more
abnormal in patients with neck weakness, except for OPN data.
SCMAmpl was significantly correlated with PhrenAmpl (rs= 0.45,
p<0.01), CVF (rs= 0.47, p<0.01), MIP (rs= 0.77, p<0.01), MEP (rs= 0.50,
p<0.01), and SNIP (rs= 0.80, p< 0.01). PhrenAmpl also showed a
significant positive correlation with CVF, SNIP, and MIP (p< 0.01). By
applying linear regression analysis, SCMAmpl can explain 60.5% of
SNIP, 59.3% of MIP and 18.2% of CVF. Although PhrenAmpl can
explain 78.8% of SNIP it can only explain 15.9% of the MIP and 18.9%
of CVF. When considering both SCMAmpl and PhrenAmpl (standard
multivariate linear analysis), 83.8% of SNIP values can be explained by
them (SNIP=0.327 SCMAmpl + 0.666 PhrenAmpl). Regarding MIP, only
58.1% of its values could be explained by the association of SCMAmpl
with PhrenAmpl (MIP= 0.747 SCMAmpl + 0.067 PhrenAmpl). CVF
values are explained in 23% by both SCM and PhrenAmpl (CVF= 0.293
SCMAmpl + 0.31 PhrenAmpl).
Discussion
It is possible to evaluate the function of the SCM in ELA patients
by assessing the SCMAmpl, dependent on the estimated number of
functional motor units. ELA patients with neck weakness had smaller
SCMAmpl and increased SCMLat as compared to those with strong
neck flexion, who had mean Ampl and Lat similar to a control population
matched for age. ELA patients with weak neck flexion and smaller
SCMAmpl had more severely abnormal respiratory function tests and
lower ALS-FRS, ALS-FRSb and RofALS-FRS-R. These observations
suggest that neck weakness predicts a poor prognosis in ELA. Loss of
motor units seems to be symmetrical in SCM and diaphragm, as
happens in tongue and axial muscles but opposite to the usual
asymmetrical observation in limb muscles.
38
Summary Our data suggest that SCM strength has a more important
contribution to MIP values than diaphragm strength, the opposite of what
happens with SNIP. Thus, SNIP and MIP can give complementary
information concerning inspiratory strength.
The progressive loss of motor units in the diaphragm is
accompanied by a parallel loss of motor units in SCM, with the
consequent loss of its efficacy and limited ability to compensate for
diaphragm weakness in ELA. In conclusion, when diaphragm weakness
develops the prognosis of ELA patients is poor. We observed smaller
mean SCMAmpl in patients with neck weakness and a moderate
positive correlation between SCMAmpl and ALS-FRSb (rs= 0.36, p<
0.05). As no other neurophysiological measurement has been proposed
as a surrogate marker of progressive bulbar involvement in ELA
patients, SCMAmpl can serve that function. However, longitudinal
studies are needed.
Do bulbar-onset ELA patients have an earlier respiratory
involvement than spinal-onset ELA patients?
Introduction
Bulbar-onset form is associated with shorter survival in ELA. As
the main cause of death is IR, we could expect an earlier respiratory
involvement in these patients as compared with spinal-onset patients.
Lip-seal weakness in bulbar-onset patients disturbs the performance in
tests that require a mouthpiece, as the conventional respiratory function
tests. Several mechanisms can contribute to the poor prognosis in these
patients, apart from respiratory muscle weakness, namely dysfunction of
the central respiratory drive, respiratory apraxia, hypotonia of the upper
airways, decreased lung compliance and dropped off blood oxygenation,
39
Susana Pinto swallowing
problems
with
malnutrition,
frequent
aspiration,
microatelectasis and pulmonary infection. It is not established if this
difference is related to an earlier respiratory dysfunction in bulbar onset
patients.
The aim of the present study was to assess respiratory function
in patients with bulbar and spinal-onset ELA to determine differences by
comparing otherwise similar populations of patients.
Materials and methods
We studied prospectively a large population of ELA patients in
our unit, in whom respiratory tests were performed longitudinally. ELA
patients with age at onset between 20-70 years and who were evaluated
between 6-18 months after disease-onset were enrolled. Exclusion
criteria included pulmonary disorders or signs of respiratory distress at
evaluation, diabetes, unable to cooperate. Patients were divided into two
groups according to the region of onset – spinal-onset (G1) and bulbaronset patients (G2).
All patients were evaluated within 1 month interval with ALSFRS, ALS-FRSb and RofALS-FRS-R, pulmonary function tests (CVF,
MIP, MEP, P0.1), arterial blood gases, OPN (SpO2mean, SpO2min,
SpO2<90% and %Dips/h>4%), bilateral diaphragmatic motor response
by phrenic nerve stimulation (PhrenLat and PhrenAmpl), needle EMG of
the diaphragm and internal intercostals muscle.
Mann-Whitney U test was applied for continuous data and χ2 test
for discrete variables. Spearman’s correlation was used to investigate
the correlation between MIP and MEP with ALS-FRSb. We accept as
significant p<0.01 (with Bonferroni correction).
40
Summary Results
From a total population of 238 patients, 82 patients were
included, 45 in G1 and 37 in G2. G2 patients were older, otherwise sex
distribution and disease duration at study entry were similar. ALS-FRS
and RofALS-FRS-R were not different between groups, but ALS-FRSb
was lower in G2. All patients were evaluated between 6-18 months after
disease-onset, with a mean of 12.2 months and 11.6 months for G1 and
G2, respectively (p=0.36).
From all the respiratory measurements evaluated, only MIP and
MEP were statistically lower (p=0.001 and p=0.006, respectively) in G2
as compared with G1, but no correlation was found between MIP and
MEP and ALS-FRSb (p=0.070 and p=0.138, respectively).
Discussion
In our study, age was higher and ALS-FRSb was significantly
lower in G2, as expected from the later disease-onset and marked
bulbar involvement in these patients. Mean diagnostic delay and mean
time between ELA-onset and evaluation was similar between groups.
RofALS-FRS-R was high in both groups, as patients with respiratory
distress were excluded. Neurophysiological evaluation of the respiratory
muscles did not show differences between groups, indicating that the
lost of motor units was comparable. Spirometric values, P0.1, blood
gases and OPN were also similar. Only MIP and MEP were statistically
lower in G2. As MIP and MEP depend on a good mouth sealing around
the mouthpiece, lower values could mirror facial muscle weakness in
G2. However, the lack of correlation between MIP and MEP and ALSFRSb casts doubts about this and additional tests using different
interfaces could give more information. It is possible that MIP and MEP
represent
a
more
sensitive
measurement
to
detect
respiratory
impairment in ELA. A more severe weakness of the respiratory
41
Susana Pinto accessory muscles in G2 is another possibility. These muscles have not
been systematically evaluated in ELA. As diaphragm and intercostals
muscles are similarly affected in both groups, we can hypothesize about
a central respiratory drive dysfunction in G2. However, P0.1 and OPN
did not show differences between them. We speculate that G2 have a
functional failure to perform efficient forceful respiratory movements,
probably related to a cortical dysfunction. Our recent report of a bulbaronset patient with respiratory apraxia can represent an example of this
central perturbation.
We conclude that there is no evidence to support that diaphragm
weakness develops faster in bulbar-onset ELA patients.
Predicting respiratory insufficiency in ELA: The role of
phrenic nerve
Introduction
In order to act more efficiently and rapidly in treating
hypoventilation, it is important to be able to detect and, better, to predict
its onset, usually by using respiratory function tests. We aimed to
evaluate the predictive value of respiratory tests in detecting IR in ELA,
as defined by hypercapnia. In particular we studied the value of motor
responses
to
phrenic
nerve
stimulation
and
compared
it with
conventional measurements of respiratory function.
Patients and methods
For 7 years we followed 350 consecutive patients with definite or
probable ELA, as defined by the modified El Escorial criteria. Routine
nerve conduction studies ruled out polyneuropathy. Patients were
excluded if older than 80 or younger than 25 years, with lung disorders,
42
Summary cardiac insufficiency, diabetes mellitus or other debilitating conditions, in
whom the region of onset could not be identified or unwilling to
participate. Presence of respiratory symptoms was not an exclusion
criterion when due to respiratory muscular weakness.
Patients were divided into two groups - Group 1 (G1) included
spinal-onset ELA patients; Group 2 (G2) included those with bulbaronset. Patients were assessed with clinical evaluation (ALS-FRS, ALSFRSb, RofALS-FRS-R), pulmonary function tests (CVF, MIP, MEP,
P0.1), blood gas evaluation (pO2, pCO2, pH) and neurophysiological
studies (PhrenAmpl).
For the whole population and for G1 and G2 sensitivity,
specificity, VPP and negative predicted value (VPN), as well as
discriminative power as determined by ROC analysis were determined.
At first, cut-off values were established in accordance with the generally
accepted normative limits: CVF– 80%; MIP and MEP– 60% PhrenAmpl0.40 mV. In a second phase, the abnormal test results were related to
hypercapnia in both groups in a logistic regression analysis to define a
new set of cut-off values which were then reassessed.
Results
Of the total population of 350 ELA patients, 199 (mean age± SD
61± 11 years, range 28–80) fulfilled the study entry criteria. Of these 52
had definite and 147 had probable El Escorial ELA. Half the patients
were women. Mean disease duration at study entry was 17.2± 15.6
months (range 1–72). The disease was bulbar-onset in 68 patients and
spinal-onset in 131 (upper limb onset in 63). Twenty-four (12.1%)
patients had hypercapnia at study entry. These clinical features showed
no statistical differences compared with the remaining patients in our
clinic records not included (p> 0.05, for all comparisons).
43
Susana Pinto PhrenAmpl data was merged from the two sides as there were
no differences between sides. In addition, no differences in PhrenAmpl
were found between G1 patients with initial upper limb and lower limb
weakness (p=0.46). Although CVF, MIP and MEP were different
between G1 and G2, there were no significant changes in PhrenAmpl,
P0.1 and pCO2 levels. These results suggest that, as clinically expected,
there were technical problems in measuring air pressures and airflows in
G2. CVF sensitivity in G1 was 50% and 90% in G2. However, specificity
of CVF in G2 was only 51.7% because many patients had weak facial
muscles and a falsely low value was obtained. ROC analysis revealed
high discriminative values for CVF and PhrenAmpl in the whole group,
and also in G1 and G2.
Logistic regression analysis, including all the variables, showed
that only PhrenAmpl for G1 and CVF and PhrenAmpl for G2 were
significant discriminators related to hypoventilation as defined by
hypercapnia. Logistic models using only those variables were developed
to derive a new set of cut-off values. Sensitivity of these new cut-off
values was lower for CVF in G2, since this new cut-off point (63.4%),
identified lower true hypercapnic patients. The new cut-offs for
PhrenAmpl were slightly lower in both G1 and G2 (0.37 and 0.25mV,
respectively), with increased specificity, sensitivity and VPN, indicating
that an abnormal PhrenAmpl is strongly associated with hypercapnia.
VPP of PhrenAmpl was not as high (19.6% in G1 and 33% in G2)
indicating greater uncertainty regarding hypercapnia when PhrenAmpl
was normal.
VNI was adapted during follow-up in 102 patients without
hypercapnia at presentation. It was adapted in 67 patients with initially
normal PhrenAmpl and in 35 patients with abnormal values (respectively
10 ± 10.6 months (range 0–60) and 3.9±4.5 months (range 0–13) after
study entry). Regarding CVF, VNI was adapted in 70 patients with
44
Summary normal CVF and in 32 with abnormal values (respectively 10.3 ±
12.7months (range 0-11) and 5.9± 6.7 months (range 0-21) after study
entry). These differences were significant, in particular for PhrenAmpl
(p<0.001 for PhrenAmpl and p= 0.046 for CVF).
Discussion
An important conclusion from our work is that PhrenAmpl is a
useful measurement of respiratory function. It is objective and nonvolitional, and is highly discriminative for hypoventilation in both bulbar
and spinal-onset patients. Small values suggests impending respiratory
failure and indicates the need for a more complete respiratory
evaluation. The decision to initiate VNI is determined by a combination
of clinical symptoms of fatigue, respiratory distress on effort and
disturbed sleep with morning headache or confusion, suggestive of
hypercapnia, with documentation of hypercapnia at rest, reduced CVF
and MIP and abnormalities in OPN. PhrenAmpl is particularly important
in bulbar-onset ELA patients in whom classical respiratory function tests
may be unreliable due to facial weakness. Reduced PhrenAmpl was
strongly associated with the need for VNI in the following months.
Changes
of
phrenic
nerve
motor
response
in
ELA:
longitudinal study
Introduction
Respiratory function assessment is essential for monitoring
disease progression and determining the time for VNI. We demonstrated
that the PhrenAmpl is predictive of hypoventilation in bulbar and spinalonset ELA patients. In particular, it has high VPN (95%), meaning that
45
Susana Pinto almost all ELA patients with hypoventilation have small diaphragmatic
motor responses by phrenic nerve stimulation.
We aimed to evaluate PhrenAmpl rate of change over disease
course and to correlate it with other conventional measurements of the
respiratory function.
Population and methods
We prospectively followed 49 consecutive ELA patients. Inclusion
criteria were age at entry between 20-75 years, patients with other
medical conditions were excluded.
Patients were evaluated at study entry (time 0 –T0) and 4–6
months later (time 1 –T1). The following measurements were performed:
clinical evaluation (ALS-FRS, RofALS-FRS-R), conventional respiratory
tests (CVF, MIP, SNIP), OPN (SpO2mean) and neurophysiology studies
(Mean PhrenAmpl and ADMAmpl). Ten patients were submitted to a
third evaluation (T2) to assess the linearity of PhrenAmpl progression
curve. In this subgroup the interval T2–T1 was identical to T0–T1.
To test PhrenAmpl reliability, we investigated PhrenAmpl and
ADMAmpl applying the same protocol in a population of 7 PLS patients
(6 men, mean disease duration 6.2 years, range 5.5-8), investigated in
two sessions separated by 6 months. Mean values from both sides were
compared and the percentage of variation was calculated.
Wilcoxon signed rank test was applied for assessing differences
between T0-T1, and between T1-T2. It was considered as statistically
significant a p value< 0.05.
Results
Forty-nine patients were included, 12 had definite and 37
probable disease according to the revised El Escorial criteria. Mean age
was 56.5± 8.9 years (range 34-73) and 35 were men. Mean disease
46
Summary duration was 15.0± 12.2 months (range 3-55) at study entry. The
disease-onset was bulbar in 13 patients and spinal in 36 (in upper limbs
in 19).
In T0-T1 (mean duration of 5.2± 1.0 months) ALS-FRS, RofALSFRS-R, PhrenAmpl, ADMAmpl, CVF, SNIP (p< 0.01) and SpO2mean (p<
0.05) declined significantly. MIP did not (p= 0.203). Percentage of
change was marginal for SpO2mean (1.3%), low for RofALS-FRS-R
(7.3%), high for ADMAmpl (23.7%) and PhrenAmpl (18.7%) and
between 10.5-14% for the other measurements. However, there was no
statistically significant difference between PhrenAmpl and CVF or SNIP
percentage of change (p> 0.05), and no difference between bulbar and
spinal patients or between patients with short disease duration (less than
1 year) as compared with those with longer disease duration at entry (p>
0.05). The coefficient of variation (SD/mean value x 100) of the
percentage of change was higher for SNIP (191%) and CVF (125%) and
approximately 100% for the remaining measurements. The change of
PhrenAmpl between T0–T1 (13.7 ± 17.2%, range 0–60) was compared
with T1-T2 (14.8 ± 13.3, range 0–41.9) but no difference was found (p=
0.80).
Testing correlations we found significant correlations between
respiratory tests (CVF, SNIP and PhrenAmpl), except for CVF and SNIP
values that were not correlated.
In our population of PLS patients, mean PhrenAmpl and
ADMAmp did not change significantly (p> 0.2, Wilcoxon signed rank
test). The mean percentage of variation was 7.2± 1.37% (range 5.7–9.4)
for ADMAmp and 9.4± 5.4 (range 0–16.7) for PhrenAmpl.
Discussion
We followed a large group of ELA patients for about 6 months
(probably a target time for exploratory clinical trials). Over this period,
47
Susana Pinto ALS-FRS, RofALS-FRS-R, mean PhrenAmpl, ADMAmpl, CVF, SNIP
and SpO2mean declined significantly. MIP did not change significantly,
possibly related to floor effect since it shows low values at early phases
of disease progression. Neurophysiological values tended to decline
more than the other measurements. SNIP showed the highest variability,
which would diminish its utility as an outcome measurement in trials.
SpO2mean change was very marginal over 6 months. PhrenAmpl
decrement was not unequal in different sub-population of patients
(bulbar vs spinal-onset, short vs longer disease duration) and showed a
linear slope in a small group of patients submitted to a third evaluation.
Reproducibility was tested in a population of PLS patients and it was
good, and similar to ADMAmpl. PhrenAmpl rate of decay correlated to
other respiratory function tests such as CVF and SNIP, showing that it is
clinically meaningful. However, PhrenAmpl reduction did not correlate to
ADMAmpl change suggesting that these muscles follow a different
pattern of progression, which in accordance with the different lower
motor cell distribution in the cervical spinal cord.
In a short period of clinical follow-up, PhrenAmpl can detect loss
of motor units in the diaphragm that are correlated with other respiratory
tests (CVF and SNIP). Its decline is not related to hand muscle
weakness and shows an inter-individual variability similar to ALS-FRS
and smaller than SNIP and CVF. This neurophysiological test can be
useful to monitor respiratory function in uncooperative patients or in
those with marked facial weakness, and can be included in clinical trials
to assess respiratory function.
48
Summary Phrenic nerve studies predict survival in ELA
Introduction
Several different factors have been shown to predict survival in
ELA. The most consistent negative predictive factors for survival are
elderly age, female gender, short diagnostic delay, bulbar and
respiratory presentation, rapid clinical (ALS-FRS) and respiratory
function. Death in ELA is determined by hypoventilation and thus it
would be anticipated that markers of respiratory failure could prove to be
the most reliable preditors of survival. Lower CVF at diagnosis, the slope
of CVF and CV decline, SNIP and SpO2mean were described as
prognostic factors in ELA.
We have previously shown that mean PhrenAmpl is predictive of
hypoventilation, both in bulbar and in spinal-onset ELA patients, declines
significantly over a short-period of time and shows a very high inter-side
correlation, as a result of a symmetric degeneration of the phrenic motor
neurons in the cervical spinal cord. Phrenic nerve study is non-invasive,
reliable when used by experienced neurophysiologists, quick, easily
available in all devices and does not depend on patient’s cooperation. In
this study, we aimed to evaluate the survival predictive value of phrenic
nerve responses in ELA.
Patients and methods
We included the total population of patients followed in our ELA
unit from 1997 to 2006, with definite or probable ELA, as defined by the
modified El Escorial criteria. The following patients were excluded: older
than 80 or younger than 20 years; with lung disorders, polyneuropathy,
cardiac insufficiency, pace-maker, diabetes mellitus and with other
debilitating medical conditions; intolerant to the recumbent position;
confirmed clinical diagnosis longer than 3 months before study entry and
49
Susana Pinto when the region of onset could not be identified. Inclusion criteria
included informed consent, disease progression on follow-up and
confirmation of death time. Depending on the region of onset, patients
were split into two groups: G1 included patients with spinal-onset ELA;
G2 included bulbar-onset patients.
All patients were evaluated immediately after diagnosis (gender,
age at presentation, onset region and diagnostic delay were recorded)
and all tests were carried-out within the one-month interval - ALS-FRS,
RofALS-FRS-R (only patients included after August 2000 had this
score), mean PhrenAmpl, CVF.
Normally distributed variables were compared by Student’s t-test
for two groups. Logarithmic transformation allowed normalization of nonnormally distributed variables (total survival time and time from first
symptoms to first visit). Non-parametric tests were used if normality was
not achieved (ALS-FRS and RofALS-FRS-R). A p value< 0.05 was
accepted. Survival analysis was done by Kaplan-Meier log-rank test and
the multivariate Cox proportional hazards model. Survival was measured
from symptom onset to death or censor date (January 31st, 2012).
Continuous
variables
were
dichotomized.
Cut-off
values
were
determined by the median value of the variables whenever a normative
cut-off value was not possible (age, diagnostic delay, ALS-FRS and
respiratory subscore). Otherwise, the lower limit of normal was used as
the cut-off value: 80% of the predictive value for CVF; 0.4 mV for Mean
PhrenAmpl. Only covariables meaningful for α<0.05 were evaluated in
Cox regression.
Results
From the original population of 494 ELA patients, 254 (51.4%)
fulfilled the entry criteria (mean age 61 ± 11.2 years, range 28–80
years), 82 had definite and 172 had probable or probable-laboratory
50
Summary supported ELA, based on the revised El Escorial criteria. About half
were men. Mean diagnostic delay was 15.7±13.2 months (range 1–81).
Disease had bulbar-onset in 79 patients (31.1%) and spinal-onset in
175. In bulbar-onset patients, women were more frequent (p=0.001),
patients were older (p<0.001), CVF values were lower (p=0.006), the
diagnostic delay shorter (p=0.004) and survival was shorter (p=0.001).
Mean PhrenAmp, ALS-FRS and RofALS-FRS-R were similar between
G1 and G2.
The proportion of patients alive at censoring date was 5.5% (1
patient in G2 and 13 in G1). Median survival for the 254 ELA patients
was 33.5 months (95%, CI 30–38), mean 44.1 months (95%, CI 40–48),
range 206.2 months. Median survival for G1 was 39.6 (95% CI 34-44),
mean 50.1 months (95% CI 45-56), range 204.7 while for G2 was 28.4
(95% CI 24-31), 30.9 (95% CI 27-34) and 80.6, respectively. Significant
prognostic variables in univariate Kaplan-Meier analysis were: region of
onset; age at onset and CVF for the total population and G2; diagnostic
delay for the total population and G1; and mean PhrenAmpl for total
population and for G1 and G2. Gender and ALS-FRS at entry were not
significant prognostic factors for survival (p >0.05). RofALS-FRS-R was
a significant prognostic factor for the total population and G1. Bulbaronset form, age at entry, short diagnostic delay, small CVF and small
mean PhrenAmpl at entry were significant independent preditors of
mortality. For both groups, mean PhrenAmpl and diagnostic delay were
independent factors, but age at onset and CVF were independent
factors for G2 only. PhrenAmpl equal or lower than 0.4 mV increased the
hazard by about 1.657-fold compared to those above to 0.4 mV (HR=
1.653, 95%, CI=1.249-2.186; p<0.001, for the total population; HR=
1.574, 95%, CI=1.141-2.172, p=0.006, for G1; HR= 2.161, 95%, CI
=1.195-3.909, p=0.011, for G2).
51
Susana Pinto Discussion
Phrenic nerve stimulation is an accessible non-invasive test,
which is non-volitional and well-tolerated. A few patients with severe
orthopnea cannot tolerate the recumbent position, but we did not meet
additional technical problems in patients with respiratory impairment. We
believe this test has the potential of being universally applied but
requires some experience to avoid unreliable results. Standardization of
the technique is essential. We showed before that a small PhrenAmpl
suggests impending respiratory failure and indicates the need for a more
complete respiratory evaluation. The cut-off value of 0.4mV for
PhrenAmpl was defined by investigating a large population of controls
and validated by testing it in a large population of ELA patients.
In our study, survival was negatively affected by the independent
factors bulbar-onset, elderly
age, short diagnostic
delay (rapid
progressors), lower CVF and small PhrenAmpl. G2 patients had
significantly shorter mean survival time than G1 patients. Therefore, we
analyzed the prognostic factors for these two groups. In both, shorter
diagnostic delay was a negative prognostic factor. Elderly age was a
poor prognostic factor for G2 only. Age is generally not considered as an
independent preditor. However, in our experience, older bulbar-patients
are not compliant to VNI, an observation possibly related to cognitive
dysfunction. CVF determined at entry was an independent preditor of
survival, for the total population and for G2. Possible, poorer expiratory
function in G1 would influence CVF and its value as a predictive factor.
The main contribution of our study is to show the poor prognostic
outcome of patients with small PhrenAmpl at entry. When following ELA
patients we experience the limitations of volitional respiratory tests to
quantify the respiratory function, in particular in bulbar-onset patients.
Our results suggest that PhrenAmpl has a supportive role in measuring
respiratory function in ELA.
52
Summary Chapter IV – Respiratory exercises in ELA
REALS – Respiratory exercise in early affected ELA patients
Introduction
Although intuitively beneficial, the role of exercise in ELA is
controversial. High intensity exercise is deleterious in the transgenic
SOD1 mouse model, but exercise of moderate intensity appears
beneficial, both in this animal model and for ELA patients.
We hypothesized that inspiratory muscle training (IMT) in early
affected ELA patients with normal respiratory function could decrease
the rate of ventilatory function decline over the initial period of disease
progression. We approached this problem applying a delayed-start
design to assess the neuroprotective potential of respiratory exercise.
Patients and methods
In this prospective study, we studied 26 patients with definite (4
patients) or probable ELA (22 patients), as defined by the revised El
Escorial criteria. The following inclusion criteria were applied: age at
disease onset between 18-75 years; disease duration <24 months at
entry; ALS-FRS >24 at entry; informed consent. We excluded familial
cases, pregnant women, patients with additional medical problems,
subjectswith perioral weakness preventing adequate lip sealing and with
upper limb weakness severe enough to prevent respiratory training. We
also excluded patients with CVF <70% or MIP and MEP <50% of the
predicted value.
We applied a parallel, control-group, blinded, randomized,
delayed-start
design.
After
informed
consent
all
subjects
were
independently randomized into two treatment groups: active IMT
protocol twice-a-day for 8 months (G1) and placebo training for the first 4
53
Susana Pinto months, followed by an identical active IMT protocol twice-a-day training
for 4 months (G2). They were all informed that the trial was devised to
determine the best respiratory training protocol. Those included in G2
were not aware of the placebo training during the first half of the study,
as the device was set for the minimum load value.
IMT consisted in inhaling and exhaling through the Threshold
®
IMT device (Respironics ) consisting in a plastic cylinder with a
®
mouthpiece and a spring-loaded valve located at the top of the device.
Using a nose clip, the patient inhales through the mouthpiece to
generate a negative pressure within the plastic cylinder. The internal
valve opens once the pressure within the cylinder (i.e. intra-oral
pressure) overcomes the compression in the spring. The device is
graduated from 9 to 41 cm H2O. All patients were instructed to use the
device twice a day, for a 10min-period each, at the same time of the day.
In the active exercise period, the threshold load was set to 30-40% of
the MIP as determined by respiratory function testing performed by an
independent evaluator. The placebo-period exercise (first 4 months for
patients in G2) consisted in breathing through the device with the lowest
possible load - 9 cmH2O. Each patient was phoned weekly to ensure
compliance and completed a weekly chart that noted the duration of the
exercise; load; symptoms of dyspnoea (graded 0-10); fatigue (graded 010); well-being (graded 0-10); heart rate before and 1 minute after the
exercise. All patients were on riluzole 50mg bid. None were taking
bronchodilators.
Patients entered the study immediately after diagnosis and were
evaluated 3 times: at entry (T0), at the end of the first 4-month period
(T1) and at the end (T2) of the study. The first 12 patients included were
also evaluated one month after entry to assess their tolerance to IMT.
The primary outcome measure was ALS-FRS. We also evaluated
ALS-FRSb and RofALS-FRS-R. We recorded CVF, PEF, MIP and MEP,
54
Summary VVM, SNIP and P0.1 in the sitting (CVFsit, PEFsit, MIPsit, MEPsit,
VVMsit, SNIPsit, P0.1) and supine positions (CVFlay, PEFlay, MIPlay,
MEPlay, VVMlay, SNIPlay). Blood gas analysis was performed in all
patients. SpO2mean, SpO2min, SpO2<90%, Dips/h<4% of mean SpO2
and the graphical pattern of SpO2 were obtained from OPN. Instant
SpO2 and heart rate were recorded during the respiratory exercise
training at each of the three visits. There was neither desaturation nor
tachycardia during the exercise protocol. Neurophysiological studies
included PhrenAmpl and the NI, calculated in both ulnar nerves. We also
analysed EVA for dyspnoea and fatigue, FSS, Borg scale during
exertion, HRSD, ESS, FIM and EQ-5D.
An analysis of covariance within and between groups was used,
with repeated-measures analyses of covariance for the former and the
univariate analyses for the latter. significant levels of α=0.05. To
determine whether there was a difference in the decline of ALS-FRS we
calculated the slope between T0-T1 for G1 and G2. All patients
evaluated at T0 and T1 were included. To determine whether the
potential benefits observed at T1 in G1 were still present at T2, we
compared the slope between T0-T2 in G1 and G2. Moreover, we
estimated the rate of change in ALS-FRS between T1-T2. For the last
two comparisons we included all patients who finished the 8-month
period. Secondary outcomes were evaluated with the same approach.
Results
The 26 patients studied (8 women; mean age at entry 57± 8.9
years) had a mean disease duration of 12.1± 5.9 months. The disease
was bulbar-onset in 4 patients and spinal in 22 (10 in upper limbs and 12
in lower limbs). Thirteen patients were randomized to each group. Three
of the 4 patients with bulbar-onset were randomized to G1. There was
no significant difference between groups at entry.
55
Susana Pinto Compliance was excellent, as evaluated by weekly contact. At
the end of the first four months, all patients could breathe comfortably
through the device with a respiratory frequency between 14-16 cycles
per minute. returned to basal levels 1 minute after the ending of the IMT
training session. One patient in each group dropped-out less than 2
months after study-entry. Both were young and moderately affected at
entry (43 and 47 years; ALS-FRS 35 and 33, respectively) and with
upper-limb presentation. One (G1) had rapidly progressive spasticity; the
other (G2) was lost to follow-up. They were not included in the statistical
analysis. Twenty-four patients finished the first 4-months of the study. At
T1, for all patients, the load was readjusted to 30%-40% of the MIP as
determined at that time. All patients in G2 who started the active training
tolerated the inspiratory load, maintaining a respiratory rate of 14-16 per
minute during exercise. Four fast-progressing patients with short disease
duration at entry (range 3-6 months) one in G1 and three in G2 (one with
bulbar-onset), could not tolerate the IMT program in T1-T2. The four
developed clinical and laboratory signs of IR. VNI was suggested, but
two failed to comply. Eleven patients in G1 and 9 in G2 finished the 8month period of the study and were included in the analysis. For each
evaluation period there was no significant difference in ALS-FRS and
decline in ALS-FRS subscores and of respiratory tests between groups.
However, RofALS-FRS-R showed a non-significant increase after
exercise periods of 4 months and 8 months in G1 and G2 respectively.
Patients in G1 showed an increase in MIP, SNIPsit, PEFlay and VVM,
both sitting and supine in the T0-T1 period, significant for VVMsit
(p=0.017) and VVMlay (p=0.042). This improvement did not persist in
T1-T2. In G2, between T1-T2, MIPsit, PEF, VVM and SNIP in both
positions increased, but did not reach statistical significance; these
measures showed a clear decline in the initial period T0-T1. Comparing
the whole study period T0-T2 between groups, all respiratory
56
Summary measurements declined less in G1. NI showed a significant decline over
the course of the study in both groups. FIM, Epworth scale, EQ-5D,
FSS, EVA fatigue and EVA dyspnoea increased slightly in both groups
but these differences were not significant. FSS was qualitatively better in
G1. HRSD did not reveal significant differences. There were no adverse
effects.
Discussion
We tested a homogenous population of early-affected ELA
patients, with no respiratory involvement. IMT was performed for longer
periods than described in the literature for other diseases, during 8
months in G1, and 4 months in G2, using a constant inspiratory load of
30 to 40% of the individual MIP. Respiratory rate was spontaneously
maintained between 14-16 cycles per minute. The load was readjusted
at T1 for patients in G1 and G2, according to their current MIP values.
Interestingly, during exercise SpO2 increased slightly, associated with a
decrease of 5bpm in heart rate.
The delayed-start design applied enabled us to test the potential
additional advantage of earlier training. Overall ALS-FRS results did not
support a neuroprotective effect of IMT. RofALS-FRS-R did not decline
significantly in G1. In G2 it showed a significant decay before the onset
of the exercise protocol, but not during the exercise period, suggesting
that this exercise protocol is useful in preventing respiratory symptoms in
the early stages of ELA. We did not observe a statistically significant
difference in CVF and SNIP between groups. However, there was a
significant improvement in VVM in T0-T1 in G1 and some non-significant
improvement in MIPsit, PEF, VVM and SNIP occurred during T1-T2 in
G2. There were no changes in motor unit physiology in the diaphragm
during the exercise period.
57
Susana Pinto In conclusion, IMT is safe, well-tolerated and has transitory mild
benefits on clinical evaluation and in tests evaluating respiratory fatigue
in early-stage ELA patients. VVM studies are likely to be sensitive
measures in any future study. The potential role of exercise programmes
in the management of ELA has been relatively neglected, but should be
reinvestigated.
REALS - Can inspiratory muscle training increase survival in
early-affected ELA patients?
Introduction
We have previously implemented an IMT protocol in early
affected ELA patients. With the present study we intended to address
the impact of our IMT protocol on survival.
Patients and methods
Eigtheen patients who underwent the previous exercise protocol
for ≥ 8 months form group 1 (G1) in this report. Eleven patients are from
the early-intervention arm. Seven patients are from the late-intervention
arm, but who remained doing the exercise protocol for at least an
additional period of 4 months after the end of the study, thus
accomplishing a total exercise-period of at least 8 months. Overall,
seven patients did the training protocol for 8 months, five did it for 12
months, two for 18 months, three for 24 months and one for 32 months
(training duration: mean±SD 18.8±9.6months; quartiles 1 and 3 of 10
and 28 months). Two of them continued the IMT protocol after the
initiation of VNI. Threshold load was set as described and adjusted
every 4 months according to the MIP values recorded at each
evaluation. G1 patients were compared with a historical control group of
58
Summary 16 ELA patients (group 2 – G2), matched for gender, age at
presentation, onset form, diagnostic delay, ALS-FRS and respiratory
tests, including CVF and Mean PhrenAmpl. Inclusion and exclusion
criteria were identical to the previous study. All patients in both groups
were on riluzole 50mg bid. Gastrostomy was performed in two patients
in G1 and three patients in G2 before the study event.
Normally distributed variables were compared between groups
by the independent samples Student T-test; otherwise, the nonparametric test Mann-Whitney U test was used. String variables were
compared between groups by Pearson χ2. Survival analysis was
performed by Kaplan-Meier log-rank test and the multivariate Cox
proportional
hazards
model.
Time-to-event
was
measured
from
symptom onset to death, VNI or censor date (April 1st, 2012).
Categorical variables were included as dummy variables and continuous
variables were dichotomized. Cutoff values were determined by the
median value of the variables. Variables tested were onset form (bulbar
vs spinal), age at onset, diagnostic delay, gender, BMI, ALS-FRS,
RofALS-FRS-R, CVF and Mean PhrenAmpl.
Results
In total, 3 patients (8.8%) were alive with no respiratory support
at censoring date, two of them in G1 and one in G2. Disease duration at
censoring in those two patients included in G1 was 65.9 and 52.7
months and in the patient included in G2 was 12.7 months. VNI was
adapted in 11 patients in G1 and 10 patients in G2. Patients in G1
survived significantly longer than patients in G2 (36.99 ± 13.1 months vs
24.06 ± 11 months, respectively, p<0.001). No differences on survival
were found between the two subgroups in G1 (c2= 0.0; p=0.989).
Significant prognostic variables in univariate Kaplan-Meier analysis were
respiratory exercise and CVF for the total population. CVF was also a
59
Susana Pinto significant prognostic factor for G1 and diagnostic delay was a significant
prognostic factor for G2. In a final Cox model including all relevant
demographic and clinical covariates, the respiratory exercise, gender
and mean PhrenAmpl at entry were significant independent preditors of
mortality. Patients in G2 (no exercise) had an increased hazard of 2.284fold (HR=2.284, 95%,CI=1.075-4.85; 0.032). Values of PhrenAmpl ≤0.7
mV increased the hazard by about 3.038-fold compared to those > 0.7
mV (HR= 3.038, 95%, CI=1.245-7.415; 0.015); male gender had an
increased hazard by 4.145 (HR= 4.145, 95%, CI=1.567-10.962; 0.004).
Discussion
Although not being able to stop the progression of the disease or
preventing the involvement of the respiratory function, IMT protocol
showed to be a significant independent preditor of survival in earlyaffected patients.
In addition, the current results confirm the value of PhrenAmpl as
prognostic factor for survival in ELA.
In our study we had a similar number of men and women with
bulbar-onset disease and male gender was an independent negative
prognostic factor. Whether there is an hormonal protective role in spinalonset women is yet to be demonstrated.
The most critical point of our study is the validity of historical
controls as a comparative group. By using a well matched historical
control population and a clear event, we probably avoid a significant
bias. This exploratory approach supports a larger double-blind study to
evaluate the efficacy of this training program for increasing survival in
ELA.
60
Summary OVERALL IMPLICATIONS
Our results show that phrenic nerve studies are an useful
measurement of respiratory function and contribute to the understanding
of respiratory disturbances in ELA when used in conjunction with other
respiratory tests. We have not encountered people unable to tolerate
electrical stimulation of the nerve in the neck. Gross obesity may hamper
the recording and current spread to the brachial plexus may induce
artefact but it can be overcome by the stimulator from the Erb’s point. In
addition, diaphragmatic responses by phrenic nerve stimulation are
symmetrical either in controls and in ELA patients, pointing out towards
a focal and continuous involvement of phrenic nerve nuclei in the
cervical spinal cord. In fact, our results show that other respiratory
muscles that also have their nuclei close to midline (namely SCM, midtoracic paraspinal muscles at T5 as well as the internal intercostals
muscles) have a concomitant and also symmetrical involvement in ELA.
PhrenAmpl depends on the number of excitable motor units in
the diaphragm but other factors can influence it, such as body
morphology, body mass index and respiratory cycle. Our results show
that PhrenAmpl is discriminative in predicting hypoventilation as defined
by hypercapnia both in bulbar and in spinal-onset ELA patients. This is
particular relevant in bulbar-onset patients as conventional respiratory
tests may be unreliable due to facial weakness. PhrenAmpl has high
specificity, sensitivity and high negative predictive value (95%), meaning
that almost all ELA patients with hypoventilation have small responses
by phrenic nerve stimulation. In addition, it can detect loss of motor units
in the diaphragm over short periods of clinical follow-up, showing
correlation to the decline observed in other respiratory tests (CVF and
SNIP). Our results also showed that lower values of PhrenAmpl in the
initial assessment of ELA patients have a negative predictive value on
61
Susana Pinto survival and are strongly associated with the need for VNI in the
following months.
Being IR the usual terminal event in ELA, mainly due to
diaphragm weakness, associated with motor unit loss in intercostal and
axial muscles, we hypothesized that inspiratory muscle training (IMT) in
early affected ELA patients with normal respiratory function could
decrease the rate of ventilatory function decline over the initial period of
disease progression. Our results showed that the IMT tested is safe,
well-tolerated even during the progression of the disease and has
transitory mild benefits on clinical evaluation and in tests evaluating
respiratory function. Although not being able to stop the progression of
the disease or preventing the involvement of the respiratory function,
prolonged inspiratory training seems to me a significant independent
preditor of survival in these patients. This exploratory approach supports
a larger double-blind study to evaluate the efficacy of this training
program for increasing survival in ELA. RofALS-FRS-R, MIP, SNIP,
VVM and PhrenAmpl are adequate respiratory measures to assess its
efficacy.
62
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão Capítulo 1 œš A Esclerose Lateral Amiotrófica - Revisão
1.A. Contextualização histórica
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença
neurodegenerativa, relativamente rara e progressiva, em que,
classicamente, ocorre o envolvimento exclusivo dos primeiro e
segundo neurónios motores. Foi descrita pela primeira vez em 1868
por Jean-Martin Charcot, neurologista francês considerado como o
pai da Neurologia Moderna, apesar de hoje se reconhecer que os
cinco primeiros casos descritos correspondem a outra forma de
Doença do Neurónio Motor (DNM), a Esclerose Lateral Primária
(PLS, ver em O espectro clínico da doença, página 83). Desde
Charcot, muitos investigadores têm-se dedicado ao estudo desta
doença, mas os desafios iniciais mantêm-se. A ELA continua a não
ter cura conhecida, não existindo forma de travar a sua progressão.
Anteriormente a Charcot, várias observações importantes
sobre a clínica e a patologia das doenças do neurónio motor foram
feitas
por
Sir
Charles
Bell,
François-Amilcar
Aran,
Amand
Duchenne, Jean Cruveiller e Augustus Jacob Lockhart Clarke. Aran,
em 1850, introduziu o conceito de atrofia muscular progressiva
(PMA) (Aran, 1850), cuja descrição inicial é atribuída a Duchenne
em 1849 (Duchenne, 1849), que descreveu igualmente a paralisia
bulbar progressiva (Duchenne, 1860). Para estes autores, estas
manifestações tinham origem miopática. Bell, em 1824, e Cruveiller,
63
Susana Pinto em 1853 (Cruveiller, 1853), descreveram doentes com fraqueza
muscular dos membros superiores (MS) e com evolução fatal,
sugerindo, ao contrário dos autores anteriores, o envolvimento das
raizes espinhais anteriores. Um dos primeiros doentes descritos
pormenorizadamente, em 1853 por Cruveiller, foi um homem de 30
anos com fraqueza muscular progressiva da mão direita, posterior
envolvimento espástico dos membros inferiores (MI) e fraqueza da
mão esquerda, seguidos de disartria e disfagia, tendo ficado
confinado ao leito e falecendo 4,5 anos após o início dos primeiros
sintomas (Veltema, 1975). A degenerescência das células motoras
nos cornos anteriores da medula foi reconhecida simultaneamente
por Jules Bernard Luys em Paris (Luys, 1860) e por Augustus Jacob
Lockhart Clarke em Londres, este último referindo o adelgaçamento
da medula lombar e cervical, processo que se estendia ao longo do
tronco encefálico e mesmo na região pré-frontal. Lockhart Clarke,
anteriormente a Charcot, estudou e seguiu dois doentes com
sintomatologia e alterações histopatológicas típicas de ELA
(Radcliffe e Lockhart Clarke, 1862; Lockhart Clarke e Hughlings
Jackson, 1867).
Após os casos descritos inicialmente por Charcot em 1868,
dois
doentes
com
fraqueza,
fadiga
e
atrofia
musculares
progressivas e assimétricas dos membros, fasciculações e sinais
piramidais foram descritos por este e Joffroy (Charcot e Joffroy,
1869). Acentuando a necessidade da observação meticulosa aos
seus alunos, durante as suas célebres Leçons de Mardi no Hôpital
de la Salpêtrière, Charcot decide contratar uma empregada
doméstica com ELA, observando sistematicamente as suas
manifestações
clínicas
e
cuja
autópsia
lhe
permitiu
obter
conhecimentos histopatológicos sobre a ELA, nomeadamente o
envolvimento da via piramidal. Baseado em 20 doentes, Charcot
descreveu, há dois séculos, os aspectos clínicos e patológicos mais
64
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão relevantes da ELA, assim como o seu prognóstico reservado,
acreditando que a origem da ELA poderia estar nas células motoras
corticais, tendo a nevróglia um papel essencial na sua propagação.
Clinicamente, relatou a existência de fasciculações abundantes, de
fraqueza e atrofia musculares generalizadas, de sinais piramidais
mais
acentuados
nos
MI
e
a
ausência
de
envolvimento
esfincteriano. Descreveu a apresentação bi-braquial e correlacionou
a forma bulbar com a observação histopatológica da perda de
neurónios motores ao nível dos núcleos dos pares cranianos.
Constatou que a morte ocorria por falência respiratória ou por
desnutrição subsequente a disfagia grave. A “Esclerose Lateral
Amiotrófica”, designação proposta por Charcot, reporta-se à “perda
do trofismo muscular” devida ao “endurecimento” dos “cordões
laterais da medula”. Dadas as suas descrições e conhecimentos
notáveis, ainda hoje tão actuais, a ELA é igualmente conhecida por
“Doença de Charcot”.
65
Susana Pinto 1.B. Epidemiologia
Apesar de ser uma doença rara, tem-se verificado uma
incidência crescente da ELA nos últimos anos, fruto da melhor
assistência médica à população em geral e da melhor acuidade no
diagnóstico por parte dos profissionais de saúde. No entanto, não
se pode excluir um aumento real da incidência, que se estima
actualmente em 2.2/100 000 habitantes/ano na Europa (Logroscino
et al., 2009), não havendo um valor exacto determinado a nível
mundial (Cronin et al., 2007). A prevalência da ELA tem também
vindo a aumentar, em resultado dos melhores cuidados de saúde
disponíveis, em especial os suportes ventilatório e alimentar, para
além dos cuidados médicos em geral. Contudo, continua baixa, de
cerca de 7-8/100.000 habitantes, decorrente da curta sobrevida dos
doentes (Chiò et al., 2009a). Recentemente, um estudo da
população holandesa utilizando metodologia de captura-recaptura
refere uma incidência de 2.6/100 000 habitantes/ano e uma
prevalência de 10,3/100.000 habitantes (Huisman et al., 2011).
Alguns focos geográficos de maior prevalência a nível
mundial estão identificados, sendo a frequência da ELA cerca de 50
a 100 vezes superior à média mundial (Steele e McGeer, 2008).
Estes focos incluem populações de três ilhas do Pacífico Ocidental a população de Chamorro nas ilhas de Guam e Rota (da cadeia das
ilhas Marianas da Micronésia), as populações japonesas da
península de Kii da ilha de Honshu e as populações de Auyu e
Jakai na região de Kepi na Nova Guiné Ocidental, Indonésia.
Nestas, a ELA está associada a parkinsonismo e a demência
(complexo ALS-P-D) (Kimura et al., 1963; Gajdusek, 1963; Reed e
Brody, 1975; Plato et al., 2003; Waring, 2004; Kuzuhara e Kokubo,
2005). Argumenta-se recentemente que a elevada prevalência na
66
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão população de Chamorro está associada à ingesta de alimentos
locais
onde
se
nomeadamente
detectou
do
a
género
presença
Nostoc
de
(Bell,
cianobactérias,
2003).
Estas
cianobactérias, que vivem em simbiose com as sementes de cica
(C. Micronesica) a partir das quais é feita farinha (Kurland, 1988),
produzem o aminoácido neurotóxico β-N-methylamino-L-alanina
(BMAA, Vega e Bell, 1967). O mesmo aminoácido foi identificado
em morcegos (Pteropus mariannus mariannus), que fazem parte da
dieta local e que o contêm em concentrações mais elevadas que as
sementes (Banack e Cox, 2003). A descoberta do BMAA foi
motivada
pela
identificação
do
ácido
β-N-oxalil-L-α,β–
diaminopropiónico (Rao et al., 1964, Murti et al., 1964) nas
sementes de leguminosas Lathyrus, especialmente L. sativus mas
também L. cicera e L. clymenum, cultivadas no Médio Oriente,
China, Etiópia e Índia. O Latirismo, causado pela ingesta de
alimentos com a neurotoxina referida (Bell, 1964), caracteriza-se
por uma paraparésia espástica progressiva e irreversível. Nos
habitantes de Chamorro verificou-se uma diminuição do risco
relativo de desenvolver ELA quando estes alteravam o seu regime
alimentar, nomeadamente nos que imigraram para os Estados
Unidos da América (USA). A identificação deste factor de risco
possibilitou a alteração dos hábitos alimentares dos habitantes
locais, razão pela qual a incidência e a prevalência têm decrescido,
associado a um aumento da idade média de início da doença.
(Steele e McGeer, 2008; Plato et al., 2003; Waring, 2004; Kuzuhara
e
Kokubo,
2005).
Desde
então,
foi
possível
identificar
cianobactérias que produzem BMAA em vários locais no mundo,
nomeadamente em reservatórios de água contaminados e utilizados
para ingesta e outras actividades de recreio no Reino Unido
(Metcalf e Codd, 2009), em algumas águas urbanas holandezas
(Faassen et al., 2009), em águas pouco profundas da Florida
67
Susana Pinto (Brand, 2009), em lagos do New Hampshire (Caller et al., 2009), em
poços e pântanos no deserto de Gobi na Mongólia (Craighead et al.,
2009) e até nas poeiras do deserto do Golfo, sugerindo-se que
sejam
responsáveis
pela
maior
incidência
de
ELA
nestas
populações, incluindo nos veteranos da Guerra do Golfo (Cox et al.,
2009). As cianobactérias Nostoc são, inclusivamente, produzidas e
comercializadas mundialmente pela China, a preços elevados,
embora sendo geralmente consumidas em sopa apenas no Ano
Novo (Roney et al., 2009). Anteriormente já tinha sido colocada a
hipótese de poder haver um factor etiológico ambiental responsável,
dado haver casos descritos de casais nos USA, em Itália e em
França a quem foi diagnosticado ELA, assim como nos 3 doentes
judeus Ashkenazi que habitavam o mesmo apartamento em
Montreal (Melmed e Krieger, 1982; Hochberg et al., 1974). Outros
doentes habitavam as mesmas regiões, como perto do Lago
Michigan (Sienko et al., 1990) e outros trabalhando nos mesmos
locais, como os jogadores de futebol do Norte de Itália (Chiò et al.,
2005; Belli e Vanacore, 2005) ou os veteranos americanos da
Guerra do Golfo (Weisskopf et al., 2005; Horner et al., 2003; Haley,
2003).
Vários
mecanismos
têm
sido
propostos
para
a
neurotoxicidade da BMAA, nomeadamente lesão selectiva dos
neurónios motores pela sua interacção com os receptores
glutamatérgicos AMPA (Ácido propiónico α-amino-3-hidroxi-5-metil4-isoxazole)/cainato (Vyas e Weiss,2009) e pelo aumento do
glutamato extracelular e stress oxidativo resultantes do sistema
cistina/glutamato (Lobner, 2009).
O Konzo, outra forma de DNM, está também relacionada
com a ingesta de determinados alimentos, neste caso de mandioca
desidratada
com
baixos
níveis
proteícos
e
deficiência
em
aminoácidos sufurados. Têm ocorrido vários surtos epidémicos em
vários locais de África ao longo dos últimos anos, especialmente em
68
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão anos de seca intensa. Esta doença é caracterizada pelo início
súbito, após algumas horas da ingesta de mandioca, de taquipnea,
taquicárdia, cefaleias, confusão mental e convulsões, tonturas,
vómitos, dores abdominais e diarreia e, após uma semana, de
quadro de paraparésia espástica simétrica e não progressiva,
igualmente de instalação súbita. Formas ligeiras apresentam
apenas clónus da articulação tíbio-társica e formas graves
apresentam tetraparésia (Tylleskar et al., 1993). A lesão do primeiro
neurónio motor (UMN) parece ser devida a elevados níveis de
cianido que resultam da degradação da linamarina presente na
mandioca e que não é excretado por via renal pela ausência de
dadores sulfurados que permitam a sua transformação em
tiocianato (Tor-Agbidye et al., 1999). Os doentes podem ainda
apresentar parestesias e queixas álgicas nos MI, assim como
lombalgia (Tylleskar et al., 1993), neuropatia óptica, nistagmo
rotatório, hipoacúsia e disartria pseudobulbar (Tor-Agbidye et al.,
1999; Rosling e Tylleskar, 1995; Mwanza et al., 2003).
Mesmo exceptuando as formas de limitada expressão
regional acima mencionadas como o Konzo, o Latirismo e o
complexo ALS-P-D, a idade média de início dos primeiros sintomas
varia consoante os Centros de Referência. Situa-se geralmente
entre os 55-65 anos (Leigh, 2007; Haverkamp et al., 1995), sendo
discretamente mais elevada nas mulheres e nas formas de início
bulbar. É pouco frequente em idades inferiores a 35 anos, com
cerca de 5% dos casos ocorrendo antes dos 30 anos (Haverkamp
et al., 1995), apesar de haver um aumento do diagnóstico de formas
juvenis esporádicas (Gouveia e de Carvalho, 2007). Há raros casos
identificados antes dos 20 anos. É discutível se existe um aumento
progressivo da incidência à medida que a idade avança ou se existe
um pico de incidência máxima numa determinada faixa etária. No
primeiro caso, estaríamos a admitir um expectável aumento com o
69
Susana Pinto envelhecimento devido a ser uma doença neurodegenerativa,
enquanto que no segundo caso, estaríamos a admitir uma
distribuição que implica outros factores de risco para além do
envelhecimento. No estudo de Huisman e colaboradores os picos
de incidência e prevalência situam-se entre os 70-74 anos,
ocorrendo um rápido declínico após aquele período, o que suporta a
segunda hipótese (Huisman et al., 2011).
A ELA atinge igualmente ambos os sexos após os 65-70
anos (1: 1), embora sendo mais frequente no sexo masculino em
idades mais jovens (1,5: 1) (Worms, 2001; Zoccolella et al., 2008;
Logroscino et al., 2008). Em idades mais avançadas, assiste-se a
um aumento da incidência no sexo feminino, sendo nestas mais
frequente a forma de início bulbar. Tem sido sugerido um possível
factor protector hormonal nas mulheres e um aumento da exposição
dos homens a factores de risco (Armon, 2003; Nelson et al., 2000).
Contudo, outros autores não o confirmam (Huisman et al., 2011)
A forma de início bulbar é mais frequente em idades mais
avançadas e em mulheres, ocorrendo em 15% dos doentes com
idade inferior a 30 anos e de 43% em idades superiores a 70
(Haverkamp et al., 1995; Forbes et al., 2004a).
A sobrevida média da ELA está descrita como sendo entre 3
a 5 anos, mais baixa nas formas de início bulbar (de cerca de 3
anos) que na medular, possivelmente pelo início mais tardio da
doença. Quando as primeiras queixas são respiratórias, o
prognóstico é mais reservado. Contudo, a introdução atempada de
VNI resulta numa sobrevida média de cerca de 27 meses, ou seja,
similar à sobrevida dos doentes com forma de início bulbar
(Shoesmith et al., 2007). Na forma de inicío generalizada, a
progressão é particularmente rápida, podendo a morte advir nos
primeiros 12 meses. No entanto, cerca de 10% dos doentes com
forma de início medular estão vivos após 10 anos do início dos
70
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão primeiros sintomas. A sobrevida é maior quando ocorre em
indivíduos mais jovens, assim como nas formas com envolvimento
predominante do segundo neurónio motor (LMN) (Haverkamp et al.,
1995), sobretudo nas apresentações “flail-arm” e “flail-leg” (Hu et al.,
1998).
A idade média de início dos primeiros sintomas nas formas
familiares (FALS) de ELA é cerca de uma década mais cedo que
nas formas esporádicas (SALS), apresentando uma distribuição
normal, igual incidência entre homens e mulheres e tendo os
doentes uma sobrevida média menor que na SALS (Mulder et al.,
1986; Li et al., 1988; Veltema et al., 1990; Strong et al., 1991).
71
Susana Pinto 1.C. Apresentação clínica
A ELA tem, geralmente, um início insidioso, com diminuição
da força muscular num membro, geralmente distal e de forma
assimétrica.
A
progressão
da
doença
verifica-se
com
o
agravamento da parésia na região inicialmente afectada e pelo
envolvimento de outros segmentos contíguos, mais proximais, bem
como do membro contralateral, igualmente segundo o mesmo
padrão disto-proximal. É característico o envolvimento do MS ou MI
ipsilateral (consoante os primeiros sintomas tenham ocorrido no MI
ou MS, respectivamente) antes do envolvimento do MS ou MI
contralateral. Em situações raras poderá haver uma progressão
cruzada (envolvimento do MS e MI contralaterais, de Carvalho e
Pinto, dados não publicados). Os MS e os MI podem ser igualmente
acometidos, sendo que cerca de 70% dos doentes apresenta esta
forma de início, dita medular. Com a parésia advém atrofia
muscular, mais marcada nos segmentos inicialmente envolvidos. Os
doentes
apresentam,
frequentemente,
igualmente,
cãibras.
Estas
fasciculações
últimas
são
e,
muito
geralmente
de
localização gemelar, com alguma frequência nos flexores dos
dedos, quer nos MS quer nos MI, podendo ser particularmente
incapacitantes quando tóraco-abominais, não somente pela dor mas
especialmente pela limitação respiratória associada. A par desta
semiologia que reflete o envolvimento do LMN, o envolvimento do
UMN é responsável pelo quadro de hiperreflexia, incluindo o reflexo
masseterino
vivo.
A
espasticidade
pode,
por
vezes,
ser
particularmente incapacitante e de difícil controlo terapêutico,
embora seja geralmente moderada e funcionalmente útil quando
envolve os MI. Podem observar-se os sinais de Babinsky e de
Hoffman.
72
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão Como consequência do frequente atingimento distal, uma
das formas típicas de apresentação é a dificuldade nos movimentos
finos e destreza das mãos, traduzindo-se funcionalmente na
dificuldade em escrever, abotoar a roupa, rodar a chave na ignição
e segurar ou manusear objectos que impliquem a realização de
pinça fina. Associado à parésia torna-se evidente a atrofia muscular
dos músculos da região tenar e do primeiro interósseo dorsal, com
relativa preservação dos músculos da região hipotenar. Esta
semiologia é típica na ELA, sendo conhecida como split hand.
Embora a causa não esteja determinada, alguns autores sustentam
ter origem numa diferente representação cortical dos músculos das
mãos (Weber e Eisen, 2000; Wilbourn e Sweeney, 1994). O
envolvimento mais precoce dos músculos da cintura escapular é
menos frequente, mas pode suceder nas formas bi-braquiais de
ELA, com maior simetria que no envolvimento distal, geralmente
afectando homens com idade mais avançada e tendo a doença um
curso mais lento (Couratier et al., 2000; Czaplinski et al., 2004;
Vucic e Kiernan 2007a). O envolvimento inicial dos MI é tipicamente
caracterizado por fraqueza muscular dos músculos dorsiflexores da
articulação tibio-társica (músculo tibial anterior) e extensores dos
dedos, especialmente o músculo extensor próprio do dedo I.
Funcionalmente, este envolvimento distal assimétrico traduz-se por
uma marcha disfuncional, com deficiente ataque do calcanhar ao
solo e consequente queda do antepé e mediopé. No domicílio, o
doente tropeça frequentemente nos tapetes e, fora de casa, tem
dificuldade em caminhar em terrenos irregulares (especialmente na
calçada portuguesa). Os reflexos osteotendinosos (ROTs) dos MI,
em particular os rotulianos, são vivos e com área particularmente
aumentada. O sinal de Babinski pode estar presente. Pelo contrário,
quando o envolvimento inicial envolve os músculos da cintura
pélvica, em especial os flexores da anca, como o músculo psoas73
Susana Pinto ilíaco, os doentes descrevem dificuldade em subir escadas e
adquirir a posição ortostática a partir da posição de sentado, em
especial
se
em
planos
particulamente
baixos.
Menos
frequentemente, diagnostica-se amiotrofia monomélica, condição
benigna em que ocorre o envolvimento exclusivo de um MS ou MI
(Kiernan et al., 1999; Gourie-Devi, 2007). Raramente, a ELA
apresenta-se com envolvimento relativamente simétrico dos MS e
MI, estando apenas presentes sinais do LMN, sendo esta entidade
conhecida como PMA. Não sendo presentemente consideradas
como formas independentes de DNM, considera-se antes que PMA
e PLS são os dois extremos do mesmo espectro de doenças que
integram as DNM e representando a ELA cerca de 85% das
mesmas. (Ince et al., 2003; Tsuchiya et al., 2004; de Carvalho et al.,
2007).
Cerca de 20-25% dos doentes apresenta forma de início
bulbar, caracterizada por um envolvimento dos músculos na
dependência dos núcleos dos pares cranianos, especialmente o V,
IX- X, XI e XII pares. Nestes doentes, os primeiros sintomas
referidos são disartria e, posteriormente, disfagia de agravamento
progressivos, sendo característica a presença de língua espástica,
atrófica e com fasciculações, com reflexo masseterino presente ou
vivo e, por vezes, com snouting. A disartria é geralmente insidiosa
na sua forma de início, geralmente com componente espástica
importante. O seu agravamento progressivo alerta os familiares
para a dificuldade na articulação verbal, inicialmente apenas para
algumas consoantes, mas rapidamente tornando o discurso
difícilmente inteligível, especialmente se em locais com ruído
considerável. Aquando do envolvimento predominante do LMN, o
discurso é ocasionalmente anasalado.
A disartria ou mesmo a
anartria podem estar presentes durante vários meses sem
evidência de envolvimento medular. Em alguns doentes pode
74
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão ocorrer hipofonia consequente a IR, sem haver necessariamente
envolvimento
acentuada
bulbar.
para
A
líquidos
disfagia
do
que
é
característicamente
para
sólidos,
mais
levando
à
necessidade de utilização de espessantes ou de líquidos mais
consistentes que a água. Quando a disfagia para sólidos se
evidencia, os doentes optam inicialmente por ingerir alimentos
fraccionados, evitando outros (como o arroz ou a laranja). A
dificuldade centra-se quer na mastigação, quer no controlo do bolo
alimentar na boca (especialmente em doentes com língua
espástica), quer, e especialmente, na sua deglutição. Esta deve ser
feita com flexão da cabeça de forma a evitar a aspiração de
alimentos que ocorre se a glote não estiver encerrada. O
agravamento da disfagia condiciona a ingestão de dieta pastosa,
sendo a água ingerida através de palhinha ou por colher. A
desidratação e a malnutrição podem advir, estando esta última
associada a diminuição da sobrevida (p<0.01) enquanto que o nível
de massa gorda parece associada a prognósticos mais favoráveis
(Marin et al., 2011; Limousin et al., 2010). De facto, uma perda de
peso superior a 5% do peso inicial está associada a um aumento de
30% do risco de morte (p<0.0001) (Marin et al., 2011). De notar,
igualmente, que o hipermetabolismo tem sido descrito em doentes
com ELA (Desport et al., 2001), assim como intolerância à glicose
(Pradat et al., 2010) e dislipidémia, embora esta esteja associada a
um aumento da sobrevida de cerca de 12 meses (Dupuis et al.,
2008). A aspiração de secreções e de alimentos torna necessário a
opção por formas de alimentação alternativas à ingesta oral,
nomeadamente
a
realização
de
gastrostomia
(endoscópica
percutânea ou radioscópica) ou de entubação naso-gástrica (ENG).
A maioria dos doentes com envolvimento bulbar apresenta
sialorreia, por dificuldade na deglutição da saliva. O excesso de
saliva torna-se visível por deficiente encerramento oral, podendo
75
Susana Pinto condicionar o uso frequente do lenço, e que pode ser controlada
pela administração de anti-colinérgicos e mesmo pela injecção de
toxina
botulínica
nas
glândulas
salivares.
Sintomas
“pseudobulbares”, como a labilidade emocional com riso ou choro
incontroláveis
e
despropositados,
e
bocejo
excessivo
são
frequentes nos doentes com forma de início bulbar. A maioria dos
doentes com início bulbar apresentará hiperreflexia e parésia dos
membros no decurso da progressão da doença, assim como cerca
de 90% dos doentes com forma de início medular terá envolvimento
bulbar.
Para além das formas de início medular e bulbar, uma
pequena
percentagem
de
doentes
pode
ter
envolvimento
respiratório como forma de apresentação inicial da ELA. O
agravamento progressivo da dispneia, sucessivamente referida para
esforços elevados, moderados e ligeiros, pode mesmo ocorrer
durante as actividades de vida diária (AVDs), durante o discurso ou
em
repouso.
Alguns
doentes
podem
apresentar
ortopneia,
recorrendo à utilização de maior número de almofadas e/ ou de
elevação progressiva da cabeceira da cama, havendo doentes que,
sem apoio ventilatório, se vêem na contigência de dormir sentados,
com o tronco inclinado para diante (posição mais favorável à
contracção diafragmática). Em doentes com fraqueza muscular
diafragmática acentuada pode observar-se respiração paradoxal e
utilização em repouso dos músculos respiratórios acessórios, como
forma de compensação. A VNI nos doentes com envolvimento
respiratório tem possibilitado não somente um aumento da
sobrevida mas, em especial, uma melhoria da qualidade de vida
dos mesmos (Pinto et al., 1995a; Bourke et al., 2006).
Formas raras de apresentação da doença são a axial e a
generalizada. Na axial, os doentes referem particularmente parésia
cervical, com queda do pescoço e da cabeça para diante e
76
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão desequilíbrio, por envolvimento da musculatura para-vertebral
dorso-lombar. Na forma generalizada não é possível definir um
segmento corporal mais precocemente envolvido, mas antes
queixas difusas, geralmente associadas a uma rápida progressão.
Estas formas, conjuntamente com a forma de início respiratória,
representam cerca de 5% dos casos de ELA.
A presença de fasciculações é típica na ELA, sendo
frequente a sua descrição nas fases iniciais da doença, por vezes
referidas como o sintoma inicial. Esta contracção isolada e
involuntária
de
fibras
musculares
é
um
indicador
de
hiperexcitabilidade neuronal nas fases iniciais da ELA (de Carvalho
e Swash, 1998). As fasciculações podem ser clinicamente
observadas, palpadas ou identificadas por electromiografia (Mateen
et al., 2007). São frequentes, difusas e, por vezes, tão intensas e
sucessivas num mesmo músculo que alguns doentes aparentam
movimentos de reptação. A identificação de fasciculações ao nível
da musculatura da língua é virtualmente diagnóstica de ELA (Li et
al., 1991). O local da sua origem na unidade motora (UM) não é
consensual, podendo ser mais distal ou proximal, dependendo do
estado funcional das UMs envolvidas (Janko et al., 1989) e podendo
mesmo variar com a progressão da ELA (Guiloff e ModarresSadeghi, 1992; de Carvalho e Swash, 1998). Ao contrário das
fasciculações
benignas,
apresentam
geralmente
morfologia
complexa e instável no registo electromiográfico. Contudo, as suas
características diferem ao longo da evolução da doença - em
músculos sem aparente envolvimento clínico são geralmente
estáveis, mas com maior frequência e facilmente recrutáveis
(origem proximal à arborização neuronal distal); em músculos
moderadamente envolvidos tornam-se complexas e instáveis, não
recrutáveis (origem na arborização distal); nas fases finais da
doença, em músculos atróficos, são esporádicas e chegam mesmo
77
Susana Pinto a desaparecer (de Carvalho e Swash, 1998). Contudo, a sua
frequência e generalização parecem não ter valor prognóstico.
Recentemente foram incorporadas nos critérios electromiográficos
para o diagnóstico de ELA (ver a seguir, de Carvalho et al., 2008a).
A musculatura extrínseca dos olhos tipicamente não é
afectada, embora estejam descritos casos do seu envolvimento, em
especial dos músculos oculares externos, em doentes ventilados
durante vários anos. A par dos neurónios motores que inervam a
musculatura extrínseca dos olhos (III, IV e VI pares cranianos),
também a inervação dos esfincteres urinário e anal, em conexão
com o núcleo de Onuf, é raramente envolvida (e, quando ocorre, é
de forma subclínica ou ligeira). Este não envolvimento selectivo
parece ser devido a vários factores, nomeadamente a não
existência da via monossináptica directa com o cortex motor
(Iwatsubo et al., 1990; Eisen et al., 1992) e a manutenção da
expressão das proteínas de ligação ao cálcio, calbindina D28K e
parvalbumina, diminuída nos outros neurónios motores. Estas
proteínas participam no tamponamento do cálcio intra-celular e
protegem estes neurónios motores da lesão mediada pelo cálcio
após a activação dos receptores glutamatérgicos (Ince et al., 1993;
Alexianu et al., 1994). A função urinária é esporadicamente
afectada em doentes com espasticidade marcada, que podem
apresentar bexiga espástica, com urgência miccional. Dado a maior
imobilidade e deficiente ingesta de líquidos e de verduras, os
doentes referem frequentemente obstipação. Contudo, geralmente
não há envolvimento intestinal directo pela doença, embora possa
existir
moderada
desinervação
do
esfincter
anal
externo,
especialmente nas fases tardias da doença, mas sem incontinência
(de Carvalho et al., 2005). Também a função sexual não é
directamente afectada. Contudo, as alterações da auto-estima e da
imagem corporal, o aumento das dificuldades na mobilização e, em
78
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão alguns doentes, a espasticidade associada a espasmos musculares
dolorosos e incapacitantes são factores que contribuem para
perturbações na esfera sexual.
É característica da ELA a preservação da sensibilidade,
embora os doentes possam referir queixas álgicas articulares. Estas
são resultantes da imobilidade, da maior compressão tissular nas
zonas de pressão em doentes confinados a cadeiras de rodas ou ao
leito e da perda de massa muscular condicionando alterações
biomecânicas
osteo-articulares.
Quando
existe
envolvimento
sensitivo, este é ligeiro e não está associado a redução significativa
das amplitudes dos potenciais de acção sensitivos (SNAPs).
Alterações ligeiras do limiar da sensibilidade vibratória foram
descritas, havendo por vezes a descrição de dor tipo neuropática
nos MI. Pelo contrário, na doença de Kennedy (atrofia muscular
espinobulbar), verifica-se uma dissociação entre a ausência de
queixas sensitivas e a típica ausência de SNAPs, associada à perda
crónica das células do corno anterior da medula. Nesta patologia, o
estudo genético identifica a presença de 40 ou mais repetições do
tripleto CAG (normal entre 12 e 36) do receptor androgénico (Gallo
e Leigh, 2007).
Alguns doentes com ELA ventilados por longos períodos
morrem subitamente (Hecht et al., 2003; Shimizu et al., 1994) no
período nocturno, o que parece ser devido a alterações do sistema
nervoso autónomo (SNA), principalmente por envolvimento do
sistema nervoso simpático (SNS) mas também do sistema nervoso
parassimpático (SNPS). Nestes, parece haver uma menor redução
da pressão arterial (PA) nocturna e perda da correlação entre a PA
e a frequência cardíaca (FC) (Murata et al., 1997). A desinervação
simpática foi demonstrada estar precocemente presente em
doentes com ELA pela utilização de radionuclidos, nomeadamente
123I-MIBG-SPECT (Druschky et al., 1999) tendo sido também
79
Susana Pinto observada degenerescência dos neurónios simpáticos na coluna
intermediolateral torácica (Takahashi et al., 1993; Nakajima et al.,
1981; Asai et al., 2007). Esta diminuição é significativa e varia
inversamente com o aumento do intervalo electrocardiográfico QT e
com a dispersão do mesmo, que ocorre nas fases terminais da ELA
(Asai et al., 2007). Contudo, outros autores defendem uma
hiperactividade simpática, tendo sido identificados níveis elevados
de noradrenalina nos doentes com suporte ventilatório (Shimizu et
al., 1994; Barbieri et al., 2004) e aumento da FC a par da redução
da sensibilidade dos barorreceptores (Linden et al., 1998). Um
estudo recente incluindo 55 doentes com ELA comparados com 30
controlos revelou alterações do SNS e SNPS, com predominância
do primeiro, ocorrendo diminuição da variabilidade da FC e da
sensibilidade do reflexo barorreceptor (Pavlovic et al., 2010).
Segundo Oey e colaboradores, outras alterações autonómicas na
ELA, caracteristicamente ligeiras, e para além da sensibilidade
reduzida do reflexo barorreceptor, incluem aumento tendencial do
tónus simpático em repouso, atraso no esvaziamento gástrico e
cólico e envolvimento subclínico do esfincter anal externo (Oey et
al., 2002). Embora possa haver moderado compromisso funcional
dos SNS e SNPS em fases precoces da doença, tal será
provavelmente
mais
frequente
em
fases
muito
avançadas.
Recentemente, o nosso grupo descreveu que a redução da normal
variabilidade da FC durante o sono se associa a maior risco de
morte súbita em doentes com ELA bem adaptados a VNI (Pinto et
al., 2012c).
As funções nervosas superiores estão preservadas nos
doentes com ELA. Contudo, em cerca de 5-15% dos casos pode
haver associada demência fronto-temporal (FTD), particularmente
na FALS e nos doentes com forma de início bulbar (Leigh et al.,
2003; Lomen-Hoerth et al., 2002; Phukan et al., 2007; Phukan et al.,
80
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão 2012). Contudo, os doentes apresentam alterações na função
executiva em 20–40% dos casos (Leigh et al., 2003; Phukan et al.,
2012), como demonstrado por alterações da fluência verbal
(escrita), assim como perturbações na linguagem demonstradas por
deficiências na repetição por confrontação (Abrahams et al., 2004).
As alterações cognitivas podem mesmo anteceder ou manifestar-se
após a presença de sintomas de envolvimento motor, estando
associadas a pior prognóstico (Elamin et al., 2011). A disfunção do
lobo frontal, mesmo em situações subclínicas, pode ser identificada
através de exames de imagem, nomeadamente a ressonância
magnética nuclear (RMN) encefálica, a PET (“positron emission
tomography”) e a SPECT (“single positron emission computed
tomography”). Estes exames permitiram constatar que o subgrupo
de doentes com ELA-FTD constituem um espectro contínuo entre
os doentes com FTD pura e ELA (Ince et al., 1998, Phukan et al.,
2007). Ambas estão igualmente associadas à presença de corpos
de inclusão com agregados de ubiquitina e positivos para a proteína
TDP-43,
identificada
recentemente
(ver
a
seguir).
Mais
recentemente, a descrição da expansão intrónica no local
“C9ORF72” do cromossoma 21 como estando na origem de FTD e
ELA nos mesmos sujeitos, ou em diferentes indivíduos da mesma
família, estaleceu em definitivo o continuum entre aquelas duas
entidades (Renton et al., 2011; De Jesus-Hernandez et al., 2011;
Gijselinck et al., 2012). Estes avanços apoiam o conceito de que a
ELA é uma doença multissistémica.
Apesar de definida como doença progressiva, na ELA
poderá haver períodos de aparente estabilização clínica que estão
relacionados com o facto de os doentes poderem compensar
eventuais defices da força muscular de alguns músculos com a
utilização de outros para a realização da tarefa pretendida. De igual
81
Susana Pinto modo, um aparente agravamento funcional acentuado, poderá
corresponder a uma perda mínima de UMs, quando a realização de
determinada actividade é limiarmente conseguida. Por outro lado, é
frequente os doentes referirem períodos de oscilações nas
limitações sentidas, que estão particularmente relacionadas com a
dificuldade biomecânica matinal inicial, com o frio e com alterações
do humor, nomeadamente ansiedade e irritabilidade. Dependendo
da escala utilizada para avaliar a progressão na ELA, a redução da
capacidade funcional foi descrita como linear (Bryan et al., 2003),
apesar de existir um “efeito-chão” (Wicks et al., 2009), mas outros
autores defendem uma progressão não linear (Gordon et al.,
2010a). Desconhecem-se os motivos por que, em alguns doentes, a
doença
progride
de
forma
fulminante
(formas
familiares
rapidamente progressivas foram descritas em adultos jovens com a
mutação “A4V” do gene que codifica a enzima Cobre-Zincosuperóxido dismutase-1, SOD1, Juneja et al., 1997). Por outro lado,
em raros doentes a evoução é muito lenta, com sobrevida longa
(Grohme et al., 2001). Neste sentido, vários grupos procuram
identificar biomarcadores que permitam o diagnóstico precoce,
assim como antecipar o tipo de progressão, o que teria óbvias
vantangens em ensaios clínicos (Browser et al., 2011).
82
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão 1.D. O espectro clínico da doença
William Richard Gowers, no decurso das suas observações
e estudos, concluíu que as doenças progressivas do sistema motor
que envolviam em graus variáveis o primeiro e segundo neurónios
motores eram variantes sindromáticas de uma mesma condição,
apesar de designar a PLS como paraplegia primária espástica
(Gowers, 1893). O termo Doença do Neurónio Motor (DNM),
proposto por Lord Russell Brain, engloba o conjunto de doenças
que envolvem o UMN, LMN ou ambos (Brain, 1962), tendo em
comum o facto de se assistir a degenerescência progressiva dos
neurónios motores (Brain e Walton, 1969). Do ponto de vista
patológico, este grupo de doenças é caracterizado pela presença de
inclusões intraneuronais imunorreactivas à ubiquitina (Leigh et al.,
1998; Lowe et al., 1988). Desta forma, embora tradicionalmente
vistas como entidades distintas, defende-se actualmente que as
várias doenças consideradas neste grupo constituem um espectro
contínuo. Destas, a ELA é a forma mais frequente, representando
cerca de 85% dos casos, sendo que a PLS e a PMA, mais raras,
estabelecem os dois extremos desse espectro. Identificam-se ainda
outras patologias no grupo DNM, como a Paralisia Bulbar
Progressiva (PBP), que pode ser considerada como uma PMA de
expressão bulbar, os síndromas de “flail arm” (síndroma de VulpianBernhardt) e “flail leg” (forma pseudopolineurítica), para além da
associação ALS e FTD.
A PLS é uma doença neurodegenerativa lentamente
progressiva, que representa cerca de 1-3% das formas de DNM, em
que se observa envolvimento exclusivo do UMN. Apesar dos cinco
primeiros casos de DNM descritos por Charcot serem actualmente
reconhecidos como PLS, foi Spiller quem, em 1904, propôs esta
83
Susana Pinto designação e a identificou como uma entidade com características
clínicas e patológicas específicas (Spiller, 1904). Os critérios de
diagnóstico da PLS foram propostos por Pringle e colaboradores em
1992 (Pringle et al., 1992), pela reavaliação dos apenas 23 casos
publicados. Estabeleram a necessidade de exclusão de qualquer
causa possível para a espasticidade, geralmente com início nos MI.
Pela dificuldade em diferenciar nas fases iniciais da doença a PLS
da ELA com predomínio de envolvimento do UMN foi sugerido que
o diagnóstico de PLS apenas fosse estabelecido 3 anos após o
início
dos
primeiros
sintomas
(Pringle
et
al.,
1992),
mas
recentemente este período foi alargado para 4 anos (Gordon et al.,
2006a). Tal como na ELA, os estudos patológicos revelam a
presença de inclusões com ubiquitina. O prognóstico da PLS é mais
favorável que o da ELA típica (Gordon et al., 2006a; Gordon et al.,
2009).
A PMA representa cerca de 5 a 10% dos casos de DNM,
decorrendo do envolvimento exclusivo do LMN (Norris et al., 1993;
de Carvalho et al., 2007), com início nos MS ou nos MI, apesar do
envolvimento bulbar poder também ocorrer durante a progressão da
doença. Até cerca de 50% dos doentes apresentará sinais de
envolvimento do UMN com a evolução da doença, resultando no
quadro semiológico de ELA (Traynor et al., 2000; Hu et al., 1998,
Salemi et al., 1989; Guidetti et al., 1996; Talman et al., 2008). As
variantes “flail arm” e “flail leg” são formas inicialmente localizadas
de PMA, respectivamente aos MS e MI. Na variante “flail arm” (ou
síndroma
de
Vulpian-Bernhardt;
Vulpian,
1886)
ou
diplegia
amiotrófica braquial (Katz et al., 1999), há envolvimento simétrico
predominantemente proximal dos MS, com hipotonia, fraqueza e
atrofias musculares marcadas, com presença de MS pendentes.
Nos MS os ROTs estão diminuídos ou ausentes. Não há
envolvimento dos MI, embora tal venha a suceder mais tarde. Nas
84
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão fases finais da doença surge disfagia e fraqueza diafragmática (Hu
et al., 1998; Couratier et al., 2000). Na variante “flail leg” (também
conhecida como forma pseudopolineurítica) (Patrikios, 1918), o
quadro é similar ao acima descrito mas envolvendo os MI, de
predomínio distal. Em ambas as variantes, quando se verifica
envolvimento assimétrico, poderá constatar-se ROTs vivos no
membro contralateral não envolvido (Alema et al., 1967).
85
Susana Pinto 1.E. Diagnóstico clínico e neurofisiológico: alterações
electromiográficas, laboratoriais e imagiológicas
Os conhecidos critérios de diagnóstico da ELA, os critérios
de El Escorial, têm vindo a ser actualizados desde a sua primeira
publicação em 1994 (Brooks et al., 1994). Foram revistos em 1998
pela World Federation of Neurology Research Committee on Motor
Neuron Diseases (“Airlie Meeting”) (Brooks et al., 2000) e os
critérios neurofisiológicos foram actualizados em 2006 em Awaji
(“Awaji Meeting”) (de Carvalho et al., 2008a). Na Tabela 1
representa-se esquematicamente a evolução dos critérios clínicos
de classificação da ELA.
Tabela 1 – Critérios de diagnóstico da ELA
Avaliação clínica e laboratorial
El
Airlie
Awaji
Escorial
(1998)
(2006)
(1994)
Sinais clínicos UMN ou LMN em 1
ELA
região
SUSPEITA
Não considerado
Sinais clínicos UMN + LMN em 1 região
ELA POSSÍVEL
ou sinais clínicos UMN ≥ 2 regiões
ou sinais LMN rostrais a sinais UMN
Sinais clínicos UMN + LMN em 1 região
ELA PROVÁVEL –
Não
ou sinais clínicos UMN 1 região e sinais
SUPORTE
conside-
LABORATORIAL
rado
EMG LMN ≥ 2 regiões
Sinais clínicos UMN + LMN em 2
ELA PROVÁVEL
regiões, com alguns sinais UMN
necessariamente rostrais a sinais de
LMN
Sinais clínicos de UMN + LMN
em 3 regiões
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
86
ELA DEFINITIVA
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão Clinicamente, o diagnóstico da ELA assenta na presença de
dados semiológicos reflectindo o envolvimento simultâneo do UMN
e LMN. Como referido anteriormente, a parésia, a plegia e a atrofia
musculares, as fasciculações e as cãibras, bem como ROTs
diminuídos ou ausentes indicam um envolvimento do LMN,
enquanto que a espasticidade, os sinais de Babinsky e de
Hoffmann, ROTs vivos e com aumento da área reflexogénea,
incluindo o reflexo masseterino, representam envolvimento do UMN.
A avaliação neurofisiológica, a par da avaliação clínica,
assume um papel fundamental para o diagnóstico da ELA. A
electromiografia (EMG) permite a avaliação do envolvimento do
LMN. O envolvimento do UMN é passível de avaliação pela
estimulação magnética transcraniana (TMS), embora sem valor
diagnóstico. Apesar de vários trabalhos na década de 50 referirem a
importância do electrodiagnóstico na ELA, é nos Critérios de
Lambert
(Tabela
2)
que
assentam
os
actuais
critérios
electrofisiológicos (Lambert et al., 1957; Lambert, 1969). Contudo, o
próprio autor concluiu que, com base nos mesmos, as alterações
encontradas na ELA não eram específicas, podendo ocorrer em
polineuropatias crónicas e noutras doenças degenerativas do
sistema motor. Por outro lado, sendo particularmente restritivos,
apenas doentes em fases avançadas os satisfariam, de tal forma
que 38% dos doentes avaliados por Behnia e Kelly (Behnia e Kelly,
1991) não preenchiam os critérios de Lambert.
Em 1994 foram publicados os Critérios de El Escorial,
elaborados numa tentativa de conseguir um aumento do número de
estudos clínicos, ensaios terapêuticos e estudos de investigação de
genética molecular (Brooks et al., 1994). Segundo estes critérios, o
EMG permitiria a confirmação do diagnóstico clínico de ELA. No
intuito de aumentar a sensibilidade destes critérios no diagnóstico
desta doença os mesmos foram revistos em Airlie Conference
87
Susana Pinto Center, na Virgínia, em 1998, revisão publicada em 2000 (Brooks et
al., 2000). O conceito de “ELA provável com suporte laboratorial” no
diagnóstico
de
ELA,
definido
pela
presença
de
achados
electromiográficos, foi incluído na referida revisão. Segundo os
mesmos, os doentes com diagnóstico clínico de ELA deveriam ser
avaliados por EMG de forma a confirmar o envolvimento do LMN
em regiões clinicamente afectadas, detectar a perda de UM em
regiões clinicamente preservadas e excluir outros processos. Os
sinais electromiográficos de disfunção do LMN necessários para
confirmar o diagnóstico de ELA teriam de ser registados em, pelo
menos, duas das quatro regiões do sistema nervoso central (SNC):
tronco encefálico (neurónios motores cranianos) e segmentos
medulares cervical, torácico e lombossagrado (neurónios motores
raquidianos). No caso dos segmentos medulares cervical e
lombossagrado as alterações electromiográficas teriam de ser
registadas em, pelo menos, dois músculos de diferentes miótomos
e inervados por nervos diferentes, sendo suficiente o seu registo em
apenas um músculo nos segmentos medular torácico e tronco
encefálico
(língua,
músculos
da
mímica
facial,
músculos
mastigadores ou mesmo o músculo esternocleidomastoideu, SCM).
Mas
também
os
critérios
revistos
do
El
Escorial
apresentavam algumas limitações. Segundo estes, os segmentos
só
eram
considerados
como
envolvidos
ou
clínica
ou
electromiograficamente e, por outro lado, seria obrigatória (para
considerar os músculos como afectados) a presença de sinais de
desinervação activa (potenciais de fibrilhação- fibs, e ondas lentas
positivas- sw) associada a sinais de reinervação crónica (presença
de potencias de unidade motora (PUMs) de grande amplitude
(Ampl) e com aumento da duração (Dur), assim como a diminuição
do padrão interferencial traduzindo a perda de LMN. Quando não
fosse possível observar fibs-sw em vários músculos, o diagnóstico
88
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão tornar-se-ia impossível (Behnia e Kelly, 1991; de Carvalho et al.,
1999), o que condicionava que um número importante de doentes
(cerca de 22%) faleciam sem chegarem a preencher os critérios de
diagnóstico de ELA (Traynor et al., 2000).
Tabela 2 – Requisitos para o diagnóstico de ELA
A. Critérios de Lambert
Estudos de condução nervosa
SNAPs
Normais
CVel
motoras
Dentro da normalidade quando registados em músculos
relativamente não afectados e não inferiores a 70% do limite
inferior do normal quando registados em músculos
gravemente envolvidos
EMG agulha
Alterações
neurogénicas
crónicas
Fibs-sw
a) PUM com aumento da Ampl/ Dur
b) Diminuição do número de PUM
Registados em músculos dos MS e MI (3
músculos) ou em, pelo menos, 2 músculos dos
MS e MI e um dependente de um par craniano
B. Critérios revistos de El Escorial (de Airlie House)
Evidência
de
envolvimento
do
A)
electrofisiológica ou neuropatológica)
Presença
de
Evidência de sinais clínicos do UMN
LMN
(clínica,
Progressão na mesma região ou para outras regiões, de
acordo
com
a
anamnese,
exame
objectivo
ou
electrofisiologia.
Evidência electrofisiológica ou patológica de outras doenças
B)
que possam explicar os sinais clínicos observados
Ausência
de
Evidência
neuroimagiológica
de
outros
processos
patológicos que possam explicar os sinais clínicos e
electrofisiológicos observados
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
89
Susana Pinto A necessidade de estabelecer um diagnóstico precoce
culminou na reavaliação destes critérios electrofisiológicos. De
acordo com o Consenso de Awaji, os achados electromiográficos
ganham uma importância equivalente aos sinais clínicos de
envolvimento do LMN, tornando redundante o diagnóstico clínico de
“ELA provável com suporte laboratorial” (ver Tabela 1). Embora
devam ser encontrados sinais de desinervação activa em músculos
atróficos e paréticos dos membros, os potenciais de fasciculação
(Pfasc) (sobretudo se polifásicos e instáveis) identificados num
músculo com sinais de reinervação, seriam equivalentes à presença
de fibs-sw, especialmente em músculos dos membros com força
conservada ou em músculos depedentes de pares cranianos (ver
Tabela 3). O registo de PUMs de grande Ampl, instáveis e
complexos, embora igualmente não específico de ELA, é útil e
informativo por traduzir reinervação recente (de Carvalho et al.,
2008a). De notar ainda a necessidade de exclusão de outras
alterações do LMN que simulem a ELA, como neuropatias motoras
com ou sem bloqueios de condução (de Carvalho et al., 2008a).
As normas de Awaji (ver Tabela 3) permitiram aumentar a
sensibilidade do diagnóstico sem diminuição da sua especificidade
(de Carvalho e Swash, 2009a; Douglass et al., 2010; Boekestein et
al., 2010; Chen et al., 2010; Noto et al., 2012; Schrooten et al.,
2011), apesar de haver diferenças nos valores dessa sensibilidade
entre as diferentes populações reavaliadas. De notar que esta
melhoria é particularmente relevante em doentes com forma de
início bulbar (melhoria da sensibilidade de 38% para 87% segundo
de Carvalho e Swash (2009a), e de 59% para 82% segundo Noto et
al., 2012) e nos doentes com ELA possível, de acordo com os
critérios revistos do El Escorial (de 50% para 86%) (de Carvalho e
Swash, 2009a), contribuindo para o seu diagnóstico mais precoce.
90
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão Tabela 3 - Características
segundo Awaji
electromiográficas
na
ELA
Estudos de condução nervosa
Lat e Dur distal do CMAP
Não superior a 50% do limite
superior do normal
CVel motoras
Não inferior a 25% do limite inferior do normal
Valor mínimo de Lat ondas F <130% do limite superior
do normal.
SNAP
Ampl normal e com CVel sensitivas normais na
ausência de neuropatias.
É aceitável ligeira alteração na presença de neuropatia
de etiologia identificada.
Bloqueios de condução
Ausentes
Dispersão temporal patológica
Ausente
EMG agulha
Alterações
neurogénicas
crónicas
a) PUM com aumento da Ampl/Dur, registados por
métodos qualitativos ou quantitativos;
b) Diminuição do padrão interferencial, por menor
recrutamento de UMs e aumento da frequência de
recrutamento, a qual pode não ser observável em
membros espásticos;
c) PUM instáveis e complexos
Fibs
Presentes, mas aceita-se que não sejam registadas
em músculos dos membros com força conservada ou
em músculos dependentes de pares cranianos
Pfasc
Significado
clínico
equivalente
a
fibs-sw,
preferencialmente de morfologia complexa, na
presença de alterações neurogénicas crónicas,
sobretudo em músculos dos membros com força
muscular preservada ou em músculos inervados por
pares cranianos.
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
Os estudos de condução motora são importantes na ELA,
como reforçado no Consenso de Awaji (de Carvalho et al., 2008a).
Apesar de serem assumidos como normais na ELA, pequenas
alterações são possíveis. A latência (Lat) motora distal (LMD) dos
potenciais de acção motora compostos (CMAPs) aumenta nos
músculos envolvidos, como consequência da condução nervosa
mais lenta através das fibras de reinervação e da perda aleatória
das fibras de condução rápida (Stalberg e Sanders 1992; Mills e
Nithi, 1998; de Carvalho e Swash, 2000). A diminuição das
91
Susana Pinto velocidades de condução (CVel) resulta, ainda, para além dos
factores acima considerados, da desmielinização secundária à
severa perda axonal, característica nesta doença. O aumento da
Lat e a redução das CVel correlacionam-se com o grau de atrofia
dos músculos considerados, apesar de também poderem estar
presentes em músculos ligeiramente envolvidos. Por outro lado, a
Ampl diminui, por depender do número de UMs funcionais. Quanto
às ondas F, observa-se ligeiro aumento da Lat (Argyropoulos et al.,
1978; Petajan et al., 1985; Cornblath et al., 1992; Mills e Nithi,
1998), lentificação das CVel com diminuição da frequência (Chroni
et al., 1996) e aumento da Ampl (Argyropoulos et al., 1978). Está
bem estabelecida a redução da frequência das ondas F com
aumento do número de respostas repetidas (Pieroglou-Harmoussi
et al., 1987), sendo que a referida redução se correlaciona com o
grau de força muscular no músculo abductor do dedo V (ADM) (de
Carvalho e Swash, 2000). Por outro lado, a Ampl e a área das
respostas motoras (ondas M) reduzem-se notoriamente em
músculos atróficos e paréticos, por dependerem do número de UMs
funcionais, sendo esta redução também proporcional ao grau de
força muscular (de Carvalho e Swash, 2000). Os SNAPs são
geralmente normais (Stalberg e Sanders, 1992; Ertekin, 1967; de
Carvalho e Swash, 2000) embora possa haver ligeira redução da
amplitude (Gregory et al., 1993; Mondeli et al., 1993; Shefner et al.,
1991), como admitido no Consenso de Awaji (de Carvalho et al.,
2008a). Recentemente, estas discretas alterações dos potenciais
sensitivos têm sido objecto de análise cuidada (Pugdahl et al., 2007;
Pugdahl et al., 2008).
Apesar da perda de UM ser exponencial, a diminuição da
força muscular tem um curso linear, resultante da capacidade de
reinervação de neurónios sobreviventes. Desta forma, o número de
fibras musculares em cada UM aumenta (ou seja, ocorre uma
92
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão aumento da densidade de fibra), já presente nas fases iniciais da
doença, e que continua até a reinervação ser impossível
metabolicamente, que parece ocorrer quando existem apenas 5%
das UMs iniciais. De notar que só se objectivará diminuição da força
muscular quando já ocorreu uma perda de cerca de 50% de UMs
(Hansen e Ballantyne, 1978).
1.E.1. A neurofisiologia como método de quantificação
da progressão da doença
Várias técnicas neurofisiológicas têm sido propostas como
efectivas para quantificar a progressão da ELA. Procuram, em
geral, estimar o número de LMN funcionantes por métodos nãoinvasivos sendo, consequentemente, bem toleradas pelos doentes.
Das várias técnicas sublinha-se o Índice Neurofisiológico (NI) e a
estimativa do número de UMs (motor unit number estimation) –
MUNE. Por outro lado, a TMS é um método que permite a avaliação
da função do UMN.
Na ELA, a avaliação do músculo ADM é interessante como
método de quantificação da perda de UMs. Por um lado, a força
muscular na ELA está directamente relacionada com a função do
LMN e não tanto dependente do envolvimento do UMN (Kelly et al.,
1990; Kent-Braun et al., 1998) estando a parésia muscular e a
perda do LMN relacionadas (Bromberg et al., 1993b; Kelly et al.,
1990; Mills et al., 1997; de Carvalho, 2004). Por outro lado, há um
envolvimento precoce na progressão da doença do miotomo C8-D1,
responsável pela inervação do músculo referido (Swash, 1980).
Contudo, os músculos da eminência hipotenar são geralmente
envolvidos mais tardiamente que os músculos da eminência tenar e
os músculos interósseos (Kuwabara et al., 1999, Weber et al.,
93
Susana Pinto 2000), o que torna o músculo ADM particularmente útil como meio
de avaliar a progressão da ELA (de Carvalho et al., 2001). Dada a
significativa correlação entre a força isométrica do músculo ADM e a
sua amplitude de resposta motora por estimulação do nervo cubital,
a sua LMD e a frequência da onda F foi estabelecido o NI (de
Carvalho e Swash, 2000; de Carvaho et al., 2001). Este é dado pela
equação (Ampl CMAP/ LMD) × percentagem de frequência da onda
F, tendo elevada correlação com a força do ADM (de Carvalho et
al., 2005). Foi demonstrado que o NI obtido pela estimulação do
ADM é sensível na detecção da redução do número de LMN em
doentes com ELA, independentemente da forma de início da
doença, é reproductível e correlaciona-se com a força muscular
isométrica deste músculo assim como com a escala funcional da
ELA (ALS-FRS) (de Carvalho et al., 2005). O NI tem sido aplicado
em estudos clínicos (Cheah et al., 2011) e em ensaios clínicos (de
Carvalho et al., 2010).
O MUNE engloba um vasto número de diferentes técnicas
(McComas et al., 1993; Shefner et al., 1999; Daube, 2006). A sua
aplicação confirma que na ELA assiste-se a uma perda rápida e
progressiva de LMN que tende a ser menos acentuada quando
apenas restam poucas unidades motoras. Contudo, estes métodos
são morosos e algumas técnicas são invasivas (Bromberg, 1993a)
ou requerem múltiplos estímulos (McComas, 1995; Doherty e
Brown, 1993; Stashuk et al., 1994). No entanto, algumas técnicas,
como o método estatístico descrito por Daube (Daube, 2006), têm
sido utilizadas em vários ensaios clínicos, em particular em centros
americanos. Recentemente, foi proposta uma nova técnica, o
MUNIX, cujo índice resulta da determinação da regressão linear
entre os logaritmos da contagem ideal das UMs e a área do padrão
interferencial determinada durante a contracção voluntária, quando
este última é igual a 20 mVms. A contagem ideal das UMs, por sua
94
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão vez, resulta da relação entre a potência e área dos CMAPs e da
área do padrão interferencial (respectivamente) e a área e a
potência dos mesmos (respectivamente). O MUNIX demonstrou ser
uma técnica simples e rápida, passível de ser aplicada em
músculos
distais
e
proximais, reprodutível e
bem
tolerada
(Nandedkar et al., 2004; Neuwirth et al., 2011).
A sensibilidade da TMS na detecção do envolvimento do
UMN em doentes com ELA varia com a metodologia utilizada,
sobretudo em doentes sem sinais clínicos de envolvimento
piramidal, situação em que a potencial utilidade desta técnica seria
de maior interesse (Eisen et al., 2000). Uma importante limitação
reside na impossibilidade de obter respostas
em músculos com
total ou quase total perda de LMN. Os sinais neurofisiológicos
compatíveis com envolvimento do UMN são o aumento do tempo de
condução motora central (CMCT), o aumento do limiar de
excitabilidade e a redução da relação entre a amplitude obtida por
TMS e a amplitude obtida por estimulação do nervo periférico
(Kobayashi et al., 2003; Rossini e Rossi, 2007). Outras técnicas de
TMS têm sido desenvolvidas para evidenciar a lesão da via motora,
assim como a hiperexcitabiidade cortical, que tem sido identificada
mesmo em fases precoces do envolvimento clínico. A estimulação
de duplo pulso com um curto intervalo entre o estímulo
condicionante e o estímulo teste (1-4ms) revela uma redução da
inibição intra-cortical (Ziemann et al., 1997). Este conceito tem sido
explorado e desenvolvido pelo grupo de Sidney (cortical threshold
technique) (Vucic e Kiernan, 2006; Vucic et al., 2011). A técnica de
tripla estimulação tem elevada sensibilidade para detecção de
disfunção da via córtico-espinhal quer nas fases precoces quer
tardias da ELA (Magistris et al., 1999; Komissarow et al., 2004;
Rosler et al., 2004; Kleine et al., 2010), mas tem o incoveniente de
ser desconfortável para os doentes.
95
Susana Pinto Recentemente, foi desenvolvida uma técnica de avaliação
da conductância muscular (Rutkove et al., 2002), que consiste na
medição do campo eléctrico gerado aquando da passagem da
corrente através dos músculos sob a zona dos eléctrodos
superficiais que se pretende estudar. A progressiva alteração
muscular que ocorre na ELA está associada a uma diminuição da
conductância muscular. Esta técnica permite avaliar precocemente
o envolvimento muscular mesmo na ausência de queixas de
fraqueza muscular (Rutkove et al., 2007). Contudo, não deverá ser
utilizada no diagnóstico de ELA dado que não permite o diagnóstico
diferencial de outras patologias neurológicas que condicionem
perda de UMs.
1.E.2. A avaliação laboratorial
Na ELA não foram identificados marcadores moleculares.
Assim sendo, a avaliação laboratorial é fundamentalmente realizada
para a exclusão de outras doenças que possam coexistir ou que
impliquem um diagnóstico diferencial. Tipicamente, existe uma
elevação ligeira a moderada dos níveis da enzima creatina-fosfoquinase (CPK), que parecem diminuir em fases mais tardias da
doença, pela redução da massa muscular (Lima et al., 2003). Esta
elevação
é,
provavelmente,
mais
notória
aquando
de
um
envolvimento predominante do LMN e nas formas de evolução
lenta. Deve-se excluir a presença de disfunção tiroideia, uma vez
que a miopatia ou mesmo a neuropatia associada à Tiroidite de
Hashimoto podem assemelhar-se à ELA (de Carvalho e Swash,
2009c). Em casos raros em que a suspeição seja suportada por
fortes razões clínicas, dever-se-á excluir infecção por Borrelia
96
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão burgdoferi (Waisbren et al., 1987), Treponema pallidum (el AlaouiFaris et al., 1990), herpes vírus (Ferri-De-Barros et al., 1998) e HIV
(Moulignier et al., 2001) e HTLV (Hoffman et al., 1985). Na ELA não
existem alterações relevantes no líquor, embora uma ligeira
hiperproteinorraquia seja, por vezes, observada. Em presença de
história familiar está indicada a realização de estudo genético.
1.E.3. A avaliação imagiológica
Tal como a avaliação laboratorial, os estudos de imagem
são particularmente importante para exclusão de outras patologias,
tal como referido pelos critérios de El Escorial (Brooks et al., 2004).
O diagnóstico de exclusão de canal estenótico cervical ou lombar,
assim como a existência de siringomielia, patologia da charneira
crânio-cervical e de formações tumorais é possível pela realização
de estudos de imagem. O envolvimento da via piramidal na ELA
pode ser identificado pelo hipersinal na ponderação T2 na RMN
encefálica, reconhecível ao nível do seu trajecto através da corona
radiata, cápsula interna, pedúnculos cerebrais, ponte e medula
oblonga, e mesmo na medula espinhal, com um aspecto
característico de “carris de comboio” (Luís et al., 1990). Esta
imagem deve-se à degenerescência waaleriana e desmielinização
secundária do feixe piramidal. A Imagem de Tensão-Difusão (DTI)
por RMN permite interpretrar a orientação dos axónios na
substância branca de acordo com as características de difusão da
água. Esta difusão é superior ao longo das fibras neuronais que
perpendicularmente às mesmas (Chenevert et al., 1990), e pode ser
descrita matematicamente por um tensor, cujo índice de anisotropia
quantifica a direccionalidade das fibras. Na ELA, este índice está
97
Susana Pinto alterado relacionando-se negativamente com o tempo de condução
central (obtido por TMS) e tendo uma maior sensibilidade que
outras técnicas para a detecção precoce de envolvimento do UMN
(Sach et al., 2004). A perda de densidade das fibras axonais da via
piramidal no trajecto referido é evidenciado pela tratografia, que
permite a visualização das vias córtico-espinhal e córtico-nuclear
(Agosta et al., 2010). A espectroscopia por RMN permite avaliar a
perda do UMN pela análise da razão entre o grupo N-acetil
(especialmente
N-acetil-aspartato
ou
N-aspartil-glutamato,
metabolitos encontrados quase exclusivamente nos neurónios) e a
creatina (Cr) ou a colina (Co) presentes na glia. Na ELA, foi descrita
a diminuição da concentração de de N-acetil , e das razões Nacetil/Cr, N-acetil/Co e N-acetil/(Co+Cr) na área motora cortical
(Pohl et al., 2001). A volumetria é outra técnica promissora, dado
permitir a avaliação do volume cortical, que se prevê estar reduzido
na área motora em doentes com ELA (Turner et al., 2007).
Infelizmente, todas estas técnicas têm várias limitações e a sua
investigação não demonstrou, à data, ter aplicação como métodos
de rotina (Kassubek et al., 2012).
A PET e a SPECT comprovam um menor metabolismo
cortical na ELA, quantitativamente no caso da PET, por diminuição
do metabolismo glucídico no cortex sensori-motor (Dalakas et al.,
1987; Cistaro et al., 2012) e qualitativo no caso da SPECT, pela
diminuição da vascularização regional da área motora e menor
absorção do isótopo administrado (Udaka et al., 1992; Waragai et
al., 2007).
98
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão 1.F. Etiofisiopatologia
A SALS é uma doença de etiologia desconhecida, sendo
factores de risco para o seu desenvolvimento a idade (Chancellor et
al., 1993), o sexo masculino, os níveis de testosterona pré-natais
(Vivekananda et al., 2011) e a história familiar (Al-Chalabi et al.,
2010). Apesar dos múltiplos estudos epidemiológicos envolvendo
diferentes
populações
expostas
a
diferentes
características
ambientais, não foi encontrada qualquer relação causal entre os
diferentes factores pré-mórbidos e a SALS, à excepção do tabaco.
Está estimado um risco relativo de desenvolvimento de ELA de 0.81.67 em fumadores quando comparativamente com não fumadores
(Weisskopf et al., 2004; Fang et al., 2006) e odds ratio de 1.6,
independente da idade, da escolaridade e da profissão (Sutedja et
al., 2007). No entanto, diferentes autores associam diferentes
factores exógenos e endógenos à maior predisposição para o
desenvolvimento da ELA (ver Tabela 4), sendo que o exercício
físico parece ser controverso, especialmente quando realizado em
intensidades elevadas.
A maioria dos autores defende a existência de uma
interacção complexa entre as componentes genética e ambiental
para a degenerescência dos neurónios motores, com prováveis
múltiplos
mecanismos
patogénicos
celulares,
bioquímicos
e
moleculares (Shaw, 2005; Cozzolino et al., 2008). A cascata
sequencial dos eventos patogénicos não é clara, estando muitos
intimamente interligados.
99
Susana Pinto Tabela 4 – Factores de risco que têm sido considerados
como predisponentes para o desenvolvimento de ALS
Deficiências
Défices
vitamínicos;
Disfunção
gastro-intestinal
nutricionais
absortiva
Contacto com
Alumínio; Cobre; Chumbo; Mercúrio; Manganês
metais pesados
Contactos com
Tinta; Lexívia; Gasolina; Tabaco; Álcool; Toxinas
agentes tóxicos
endógenas;
Pesticidas
e
herbicidas;
Toxinas
alimentares; Cianobactérias
Traumatismos
Cirurgias prévias; Lesões traumáticas; Exercício
físico intenso
Actividade física
Actividade física intensa (profissional ou de laser)
Infecções
Borreliose; Sífilis; HIV1 e 2; Virus da poliomielite;
Outros virus
Alterações auto-
Tiroidite de Hashimoto; Auto-anticorpos anti-canais
imunes
de cálcio e anti-células neuronais
Alterações
Hipotiroidismo; Hiperparatiroidismo; Disfunção do
metabólicas
metabolismo cálcio-fosfato; Deficiências no ciclo da
ureia; Disfunção dos receptores androgénicos
1.F.1. Factores genéticos
Existe história familiar positiva em 5-10% dos doentes com
ELA (Byrne et al. 2011). Considera-se geralmente como FALS a
presença de ELA em doentes com história familiar positiva em
familiares de primeiro ou segundo grau (Byrne et al., 2012), embora
o consenso seja insuficiente (Byrne et al., 2012). Ao longo dos
últimos anos, têm-se identificado diferentes mutações responsáveis
pela doença, quer num mesmo gene quer em diferentes genes em
cromossomas distintos. Em cerca de 15% de FALS e em 2% dos
doentes com SALS foi possível identificar uma mutação no gene
100
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão que codifica a enzima SOD1. Em 1993 foi identificada a primeira
mutação, estando actualmente identificadas mais de 100 mutações,
mas nem todas responsáveis por ELA (Rosen et al., 1993, Chiò et
al., 2008). A actividade anormal da SOD1 mutante (mSOD1) está
relacionada com a toxidade resultante da sua aglomeração na
célula e não por alterações à sua actividade anti-oxidante (Shaw,
2005). Contudo, alguns autores defendem que alterações na
bioquímica do cobre são responsáveis pela nitração de resíduos de
tirosina com produção de radical hidroxilo (OH-) tóxico (Tu et al.,
1997) ou produção do radical peroxinitrito (Barber et al., 2006). Nos
doentes com SALS, esta alteração funcional, não resulta da
presença de mSOD1, mas tem sido sugerida a possibilidade de
aglomeração da molécula quando em presença de ambientes
oxidativos lesivos (Ezzi et al., 2007).
A maioria das formas familiares tem uma transmissão
mendeliana autossómica dominante com elevada penetrância
(Mulder et al., 1986; Gros-Louis et al., 2006). Contudo, mesmo
numa mesma família com a mesma mutação, o grau de penetrância
e as características fenotípicas da doença são frequentemente
distintas, desde a idade de início dos primeiros sintomas à forma de
início e à sobrevida média. Apesar de geralmente autossómica
dominante, há formas autossómicas recessivas. Esta diversificação
genética torna difícil a elaboração dos mecanismos fisiopatológicos
envolvidos, dado que envolvem o mau funcionamento de diferentes
proteínas com funções distintas.
Recentemente, foram identificados dois genes que estão
envolvidos na FALS e que codificam proteínas que partilham
mecanismos de acção. São eles os genes TARDBP (que codifica a
proteína de ligação TAR-DNA 43 ou TDP-43) e do FUS/TLS (gene
que codifica para a proteína fundida em sarcomas ou translocada
em liposarcomas). Ambos ligam-se a ribonucleoproteínas nucleares
101
Susana Pinto heterogéneas assim como a prolongamentos de ácido ribonucleico
(RNA), especificamente à sequência “UGG” para o TDP-43 e
“GGUG” para o FUS. Na verdade, a acumulação de TDP-43
ubiquitinado está associado à SALS e certas formas de FTD, mas
não em controlos ou doentes com Alzheimer, ou com formas FALS
ligadas à mSOD1 (Neumann et al., 2006). A administração de
TARDBP-RNA mutante em embriões de galinha resultou no
desenvolvimento anómalo dos seus membros e prolongamento
caudal (Sreedharan et al., 2008). As mutações envolvendo o gene
FUS resultam em deficiências nos mecanismos de reparação do
ácido
desoxirribonucleico
(DNA), nomeadamente
instabilidade
cromossómica e sensibilidade à radiação (Hicks et al., 2000; Kuroda
et al., 2000). Foi demonstrado no modelo animal que os receptores
glutamatérgicos ajudam na regulação da localização do FUS nos
prolongamentos dendríticos (Fujii et al., 2005a), contribuindo este
para a organização e estabilização local da actina (Fujii e Takumi,
2005b). Quando ocorre exposição a radiação ionizante, o gene FUS
bloqueia a translação proteica (Wang et al., 2008b), postulando-se
que mutações neste gene permitam a continuação da translação,
com acumulação local de proteínas mutantes e resultante
toxicidade e morte neuronal. As mutações no gene TARDBP
ocorrem em 1%- 3% dos casos de ELA em ambas as formas SALS
e FALS (Yokoseki et al., 2008; Daoud et al., 2009; Conforti et al.,
2011), apesar de outros autores referirem incidências superiores,
sendo as mutações de TDP-43 e FUS responsáveis por 10% de
FALS (Lagier-Tourenne et al., 2010). Esta discrepância parece
dever-se, em parte, a estudos em amostragens de diferentes
dimensões, sendo superiores em amostragens menores (Conforti et
al., 2011). Sem dúvida que haverá grande variação consoante o
grupo populacional estudado dado que, na Sardenha a mutação do
102
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão gene TARDBP afecta 30% dos doentes com ALS (Chiò et al.,
2011).
Outros três genes foram identificados como mutados em
doentes com FALS, um codificando a valosina (VCP), outro a
optineurina (OPTN) e um terceiro a oxidase de D-aminoácido
(DAO). Identificaram-se quatro mutações no gene que codifica a
VCP ou ATPase do retículo endoplasmático (RE) transicional
(Jonhson et al., 2010), em famílias de doentes com ELA, com
penetrância completa mas com diferentes fenotipos de penetrância
variável, incluindo o FTD, parkinsonismo, miosite de corpos de
inclusão e doença de Paget. Estas diferentes condições podem
coexistir no mesmo indivíduo ou, pelo contrário, haver apenas uma
ou algumas delas, em diferentes associações. A VCP está ligada a
múltipos mecanismos fisiológicos em vários tecidos, nomeadamente
transcrição, divisão celular, funcionamento do aparelho de Golgi, e
autofagia, sendo particularmente importante o seu papel no
catabolismo
proteossómico
de
proteínas
ubiquitinadas.
As
mutações da VCP são responsáveis por 1-2% de FALS (Jonhson et
al., 2010). Mutações na OPTN, relacionadas anteriormente com o
desenvolvimento de glaucoma primário de ângulo aberto (Rezaie et
al., 2002), foram identificadas na patogénese da ALS (Maruyama et
al., 2010). Em quatro famílias japonesas foram encontradas 3
diferentes mutações da OPTN, que eliminam a activação do factor
nuclear kappa B (NF-kB), também podendo ser encontradas
inclusões intra-citoplasmáticas. Anticorpos anti-OPTN marcaram
inclusões positivas para TDP-43 e mSOD1 em doentes com SALS,
assim como nos doentes com FALS por mSOD1 (Maruyama et al.,
2010), assim como inclusões basófilas de FUS (Ito et al., 2011),
parecendo participar nos mecanismos fisiopatológicos envolvidos.
Noutra população japonesa, as mutações na OPTN foram
identificadas como correspondendo a 3.8% dos casos de FALS e
103
Susana Pinto 0.29% de SALS (Iida et al., 2012), sendo os casos de FALS na
população europeia de 1.2-2% (Belzil et al., 2010; Millecamps et al.,
2011; del Bo et al., 2011) e de SALS de 3.5% (del Bo et al., 2011).
Dada a elevada incidência em doentes com SALS encontrada por
estes últimos autores, os mesmos questionam se se tratariam
verdadeiras formas de SALS, ou antes FALS não diagnosticada por
factores confundidores (desconhecimento de história familiar,
mortes
precoces
em
familiares
portadores
de
mutação
e
diagnósticos incorrectos, ou baixa penetrância) (del Bo et al., 2011).
A DAO controla os níveis de D-serina, a qual se acumula na medula
espinhal de doentes com SALS e no ratinho transgénico, indicando
que esta alteração pode representar um componente fundamental
da patogénese da SALS e FALS. A mutação identificada da DAO
está associada à perda total da actividade enzimática da DAO com
acumulação de D-aminoácidos, especialmente a D-serina, coagonista da glicina nos receptores glutamatérgicos N-methyl-Daspartate
(NMDA),
aumentando
a
actividade
glutamatérgica.
Ocorre, igualmente, compromisso da viabilidade celular, formação
de agregados de ubiquitina e aumento da apoptose nas células
neuronais, incluindo neurónios motores e astrocitos (Mitchell et al.,
2010). A identificação recente de várias mutações associadas a
FALS levanta a hipótese de outros casos identificados como SALS
estarem associados a mutações ainda não identificadas e salienta a
multiplicidade de mecanismos fisiopatológicos que podem estar na
génese da degenerescência dos neurónios motores. Neste sentido,
foi identificado no final de 2011, através de uma recente técnica de
sequenciação genómica, a repetição da sequência “GGGGCC”
perto do gene “C9ORF72”, no cromossoma 9 de doentes escoceses
e holandeses com FALS e FTD (Renton et al., 2011; DeJesusHernandez et al., 2011). Esta mesma sequência, repetida entre 2 a
38 vezes em indivíduos saudáveis, estaria repetida de centenas a
104
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão milhares de vezes e presente em 46% dos casos de FALS e 21%
dos casos de SALS na Finlândia e em cerca de 38% de doentes em
Itália, Alemanha e América do Norte (Renton et al., 2011).
Em
alguns países do norte da Europa esta anormal expansão intrónica
estaria presente em cerca de 80% dos doentes com história familiar
de ALS-FTD, em 47% daqueles com FALS, em 16% dos casos
familiares de FTD e em 5% de SALS (Gijselinck et al., 2011). Mas
existe, igualmente, uma grande variação regional, a positividade
desta expansão anormal é de 38% nos casos de FALS em Itália
mas apenas de 22% na Alemanha (Chiò et al., 2012). Pensa-se
que, nestes doentes, haja um eventual mal-funcionamento do gene
“C9ORF72”, cuja função se desconhece, ou um funcionamento
anormal do ácido ribonucleico mensageiro (RNAm), com presença
de inclusões TDP-43 (ver a seguir). Esta descoberta está de acordo
com a hipótese de FALS e FTD fazerem parte de um mesmo
espectro clínico, com mecanismos fisiopatológicos comuns e
abordagens terapêuticas similares. Na Adenda 1 apresentam-se as
mutações
dos
genes
identificadas
à
data,
as
proteínas
disfuncionantes, a forma de transmissão e os fenotipos associados.
A possibilidade de estudar milhares de polimorfismos de um
único nucleotido em cada amostra tornou atractiva a realização de
estudos de associação genómica generalizada (GWAS). Três genes
foram propostos como estando associados a ELA - FLJ10986,
ITPR2 e DPP6, mas nenhum foi validado suficientemente a nível
funcional (Valdmanis et al., 2009).
Na SALS, várias outras mutações foram associadas a um
aumento da susceptibilidade para o desenvolvimento de ELA. São
exemplos as mutações na região de repetição “KSP” no gene da
cadeia pesada dos neurofilamentos (NFH) (Figlewicz et al., 1994;
Tomkins et al., 1998), o gene que codifica a apolipoproteina E4
(ApoE) (Al-Chalabi et al., 1996), a diminuição da expressão da
105
Susana Pinto proteína transportadora de aminoácido excitatório (EAAT2) humano
(Meyer 1999; Trotti, 2001) e o factor de crescimento endotelial
vascular (VEGF) (Lambrechts et al., 2003). Este último parece ter
um papel neuroprotector e neurorregenerador no SNC, havendo um
risco aumentado de SALS na presença de 3 haplotipos do VEGF
(Lambrechts et al., 2003) especialmente para a homozigotia “2578A” (Lambrechts et al., 2009). No entanto estes achados não
foram confirmados em outras populações (Fernández-Santiago et
al.,2006).
1.F.2. Excitotoxicidade induzida pelo glutamato e
radicais livres de oxigénio
Os neurónios motores diferem dos outros grupos celulares
do SNC por serem grandes células, com elevada razão entre o seu
comprimento axonal e o diâmetro do corpo celular, elevada
actividade
metabólica
e
elevado
conteúdo
em
proteínas
neurofilamentares e enzimas de anti-oxidantes (Mcllwain, 1991;
Lee e Cleveland, 1996; Shaw et al., 1997). São particularmente
ricos em receptores glutamatérgicos e são susceptíveis a níveis
elevados de cálcio por diminuta capacidade em o tamponar
(Alexianu et al., 1994, van den Bosch et al., 2006). O glutamato é
um
importante
neurotransmissor
excitatório
no
SNC
e,
especificamente, no sistema motor, incluindo vias córtico-espinhal e
córtico-nuclear (Young et al., 1983), vias excitatórias interneuronais
na medula espinhal (O'Brien e Fischbach, 1986) e vias de
associação córtico-corticais (Storm-Mathisen e Otterson, 1988). O
excesso de glutamato na fenda sináptica é responsável pela
activação
excessiva
dos
seus
receptores
glutamatérgicos
ionotrópicos pós-sinápticos - NMDA, AMPA (ácido propiónico α106
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão amino-3-hydroxy-5-methyl-4-isoxazole) e cainato, ou através de
despolarização dos canais de cálcio dependentes da voltagem
(Miller et al., 1989). Em alguns doentes os níveis de glutamato no
líquor estão elevados (Rothstein et al., 1990; Shaw et al., 1995;
Fiszman et al., 2010), elevação atribuída à perda do transportador
do glutamato EAAT2, de distribuição difusa nos astrócitos e
restantes células da glia (Rothstein et al., 1995). De notar que nos
neurónios motores há, em geral, há uma expressão diminuída da
subunidade GluR2 dos receptores AMPA glutamatérgicos (Williams
et al., 1997; Shaw et al., 1999) com eventual expressão atípica dos
mesmos. A permeabilidade desses receptores, em particular dos
AMPA, parece também estar aumentada nos doentes com ELA
(Kawahara et al., 2004). O influxo maciço de cálcio nos neurónios
motores associado ao seu tamponamento deficiente por diminuição
da expressão de calbindina “D28K” e parvalbumina (Ince et al.,
1993; Alexianu et al., 1994) resulta na activação em cascata de
eventos bioquímicos citotóxicos incluindo a hiper-activação de
vários sistemas enzimáticos (ácido araquidónico e formação de
lipases e fosfolipases, endonucleases, calpainas, óxido nítrico
sintetase, xantina oxidase (OX) e proteina quinase C), que podem
lesar os neurónios motores directa e indirectamente pela produção
de radicais livres de oxigénio, com consequente morte celular
(Meldrum e Garthwaite 1990; Shaw, 2005; Pasinelli e Brown, 2006).
A produção elevada desses radicais, como o peróxido de hidrogénio
(H2O2) e os radicais superóxido (O2-), OH- e peroxinitrito, causa
lesões e stress oxidativo (Barber et al., 2006). Estes radicais são
produtos intermediários da cadeia respiratória mitocondrial mas
também de outras enzimas oxidativas como a OX citoplasmática e o
citocromo P450 no RE. Ocorre lesão dos constituintes proteicos,
lipídicos e, inclusivamente, DNA, com disfunção de organelos e
macromoléculas
importantes.
O
potencial
de
repouso
107
Susana Pinto transmembranar fica igualmente comprometido pelas alterações
energéticas
consequentes
intracelular,
cuja
e
diminuição
pela
deplecção
condiciona
do
igualmente
glutatião
menor
protecção à lesão oxidativa (Murphy et al., 1989; Meister e
Anderson, 1983). Na ELA, têm sido encontradas alterações
bioquímicas reflectindo a lesão de radicais livres e metabolismo
anormal dos mesmos no liquor e em tecidos pós-morten (Shaw et
al., 1995; Ferrante et al., 1997; Ta et al., 1999; Smith et al., 1998).
1.F.3. Disfunção mitocondrial e apoptose
Alterações morfológicas e bioquímicas mitocondriais foram
inicialmente observadas em autópsias de doentes com SALS. São
também observadas em modelos celulares e no ratinho transgénico
mSOD1,
incluindo
no
músculo
esquelético
e
nervos
intramusculares, em axónios proximais e nos neurónos motores
medulares (Afifi et al., 1966; Atsumi, 1981; Hirano et al., 1984; Kong
e Xu, 1988; Siklos et al., 1996; Sasaki e Iwata, 1996; Krasnianski et
al., 2005; Hirano et al., 2008). Vacuolizações com consequente
dilatação mitocondrial são observados em estadios precoces da
ELA, formados a partir da expansão da membrana mitocondrial
externa e desintegração da interna (Higgins et al., 2003; Xu et al.,
2004).
Cerca de 1-2% da SOD1 localiza-se a nível mitochondrial
(Pasinelli e Brown, 2006) ligando-se à membrana mitochondrial
externa (Velde et al., 2008), especificamente ao nível da Bcl-2,
proteína associada à formação de poros. Esta proteína permite a
manutenção do potencial de membrana e inibe proteínas próapoptósicas. Foi demonstrado que mSOD1 provoca alterações
108
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão conformacionais na “Bcl-2”, com exposição do seu domínio tóxico
(“BH-3”) e originando um mecanismo de morte celular programada
similar à apoptose, para além de causar alteração da conductância
mitocondrial (Pedrini et al., 2010). São igualmente locais iniciais da
cascata apoptósica intrínseca que pode ser activada pela libertação
de factores pró-apoptósicos, como o citocromo c, associados ou
não a activação de caspases, enzimas responsáveis por morte
celular (Green e Kroemer, 2004 Guegan et al., 2001) e pela
activação excessiva da microglia (Burguillos et al. 2011). Na
verdade, marcadores bioquímicos de apoptose são detectados em
modelos animais de ELA e em doentes (Guegan e Przedborski,
2003; Pasinell et al., 1998; Pasinelli et al., 2000; Li et al., 2000,
Vukosavic et al., 1999, Sathasivam et al., 2001).
Adicionalmente, as mitocôndrias dos doentes com ELA
apresentam elevados níveis de cálcio e diminuição dos complexos I
e IV da cadeia respiratória, implicando deficiente metabolismo
energético (Siklos et al., 1996; Wiedemann et al., 1998) com
formação de radicais livres de oxigénio.
Foram igualmente descritas mutações do DNA mitocondrial
em doentes com ELA (Dhaliwal e Grewal, 2000; Falk et al. 2002; Ro
et al., 2003).
1.F.4. Disfunção da junção neuromuscular
A junção neuromuscular é a unidade morfo-functional da
contracção muscular. Após a libertação de acetilcolina na fenda
sináptica pelos neurónios motores, este potente neurotransmissor
liga-se a receptores específicos na membrana sarcoplasmática,
sendo
responsável
pela
sua
alteração
conformacional
e
109
Susana Pinto consequente abertura. Do influxo de sódio e de cálcio na célula
muscular resulta a despolarização e contracção muscular.
A
desinervação
muscular
nos
doentes
com
ELA
desencadeia uma cascata de eventos que culmina na regressão
muscular. Palma e colaboradores (Palma et al., 2011) observaram
em músculos de doentes com SALS (deltoide, quadricípede e tibial
anterior) que as subunidades proteicas dos receptores de
acetilcolina se alteram e há uma redistribuição dos mesmos por
toda a superfície celular e não apenas pela placa neuromuscular.
Para controlar estas alterações, foram biopsados músculos doentes
com desinervação muscular traumática e utilizaram oocitos de rãs
para cultivo dos músculos em estudo. Observou-se haver menor
afinidade dos receptors de acetilcolina na placa neuromuscular para
este neurotransmissor do que nas biópsias de doentes com
desinervação muscular após lesão. Os autores concluem que os
músculos dos doentes com ELA não são meramente músculos
desinervados, sugerindo-se o envolvimento directo do tecido
muscular esquelético na ALS (Palma et al. 2011). Desta forma,
poderá assistir-se a um processo de envolvimento primário do
músculo esquelético, com degenerescência axonal secundária,
disto-proximal, o que estaria de acordo com um processo
fisiopatológico de dying-back.
1.F.5. Alterações da transcrição e do transporte axonal
Para a transcrição do DNA em RNAm e a formação das
proteínas codificadas pelo primeiro é necessário a acetilação das
histonas ligadas a este. Por este motivo, a transcrição poderá ser
aumentada por inibidores da desacetilação. Eventuais disfunções
110
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão da transcrição parecem estar implicadas em vários processos
degenerativos (Kanai et al., 2004).
O transporte axonal nos neurónios motores, cujos axónios
têm comprimentos consideráveis, é crucial e possível pela
existência de sistemas de transporte intracelulares, que necessitam,
para o seu adequado funcionamento, de uma força motriz e de
complexos proteicos. O sistema de transporte anterógrado (rápido e
lento) depende do complexo proteico da quinesina e o retrógrado da
dineína-dinactina (Grierson e Miller, 2006). No ratinho transgénico
para mSOD1 foi demonstrado haver disfunção de ambos os
mecanismos de transporte (Williamson e Cleveland, 1999; Borchelt
et al., 1988; Murakami et al., 2001; De Vos et al., 2008). Mutações
em humanos envolvendo o complexo da dinactina (nomeadamente
na subunidade p150) são responsáveis por doença do LMN com
parésia das cordas vocais (Puls et al., 2003).
A importância destes mecanismos na génese da ELA é
suportada pela causalidade entre as delecções da proteína de
sobrevida do neurónio motor (SMN) e as atrofias espinhais. A SMN
é responsável pela adequada divisão do RNAm imaturo no núcleo
dos neurónios motores (Zhang et al., 2008) e pelo seu transporte
axonal (cuja presença foi demonstrada nos cones e processos de
crescimento dos mesmos, Fallini et al., 2010), assim como de
proteínas e de HuD (proteína neuronal que se liga ao RNAm).
Quando
alterada,
a
sua
inadequada
acção
impede
estes
componentes de chegar às terminações axonais, condionando
perda de neurónios motores (Fallini et al., 2011).
111
Susana Pinto 1.F.6. Alterações do crescimento axonal
Alterações no tamanho e na morfologia do cone de
crescimento axonal foram identificadas em duas famílias com FALS,
resultantes de alterações no gene da profilina 1 (Wu et al., 2012),
estando 4 mutações identificadas nos 7 doentes envolvidos. Estes
doentes
apresentavam
agregados
intra-citoplasmáticos
ubiquitinados insolúveis com depósitos de TDP-43 e inadequada
regulação da actina G pela actina F (com diminuição da relação
actina F/G).
Estas observações estão em consonância com a importância
do envolvimento do citosqueleto na fisiopatologia da ELA.
1.F.7. Agregados de neurofilamentos e agregados
proteicos
A presença de inclusões intra-citoplasmáticas e axonais nos
neurónios motores é típica da SALS e da FALS. Contudo, não é
claro se a formação destes agregados é responsável directamente
pela toxicidade celular e tem um papel primário na patogénese da
doença, ou se é um processo reactivo como mecanismo de defesa
para diminuição das concentrações intra-celulares de proteínas
tóxicas, ou ainda se os agregados são produtos intercalares
inocentes do processo neurodegenerativo (Shaw, 2005; Cozzolino
et al., 2008).
A produção anormal de neurofilamentos e a sua acumulação
é frequente em doenças neurodegenerativas, incluindo SALS e
FALS (Hirano et al., 1984; Carpenter, 1968). Em cerca de 1% dos
casos de SALS, esta produção anormal pode também resultar de
112
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão mutações na região de repetição “KSP” do NFH (Figlewicz et al.,
1994; Tomkins et al., 1998, Al-Chalabi et al., 1999). Estas proteínas
neurofilamentosas acumulam-se a nível axonal onde é também
detectada periferina, proteína de filamento intermediário, cuja
isoforma 61 é tóxica mesmo em pequenos níveis, tendo sido
detectada na medula espinhal de doentes com ELA mas não em
controlos (Corbo e Hays, 1992; Robertson et al., 2003).
A degradação destas inclusões intra-celulares é possível
através do sistema ubiquitina-proteossoma e da autofagia. O
primeiro é o principal sistema proteolítico, responsável pela
degradação
selectiva
da
maioria
das
proteínas
com
má
conformação ou lesadas (Cheroni et al., 2009). A autofagia permite
a degradação, menos selectiva, de proteínas e outros organelos
envelhecidos (Pasquali et al., 2009), estando activa na medula
espinhal do ratinho trangénico para a mSO1 (Morimoto et al., 2007;
Li et al., 2008) e levando à sua degradação por macroautofagia
(Cheroni et al., 2005). Contudo, a inibição dos sistema ubiquitinaproteossoma pela mSOD1 leva à acumulação desta e morte
neuronal (Urushitani et al., 2002; Cheroni et al., 2005). A
degradação de proteínas com má conformação acumuladas no
lúmen do RE está também alterada. Em condições normais, esta
acumulação activa a sua degradação por parte do RE, que funciona
conjuntamente com o sistema ubiquitina-proteossoma (Nishitoh et
al., 2008). Contudo, no mesmo modelo, não parece haver alteração
da redução da síntese proteica e na síntese de “chaperones”
(Harding et al. 2002).
113
Susana Pinto 1.F.8. Disfunção inflamatória e contribuição de células
não-neuronais
A ELA não é uma doença primariamente auto-imune, mas a
resposta imunológica pode desempenhar um importante papel na
sua patogénese, apesar das terapêuticas imunomodulatórias não
terem demonstrado, à data, papel neuroprotector.
A hiperactividade da microglia e dendrítica é reconhecida por
desencadear inflamação e consequente morte neuronal em doentes
com SALS e FALS e no ratinho transgénico (Troost et al., 1989;
Troost et al., 1990; Kawamata et al., 1992; Henkel et al., 2004;
Turner et al., 2004; Hall et al., 1998). Esta parece ser
desencadeada pela acção das caspases 3, 7 e 8 (Burguillos et al.,
2011) com consequnte produção de citoquinas inflamatórias como
interleucinas, ciclo-oxigenase 2 (Cox-2), factor de necrose tumoral α
(TNFα) e proteína quimioatractiva de monócitos 1 (MCP-1),
havendo evidência da sua hiper-regulação no liquor e medula
espinhal de doentes com ELA, em ratos transgénicos para a SOD1
e modelos in vitro (Almer et al., 2001, Robertson et al., 2001,
Sekizawa et al., 1998, Wilms et al., 2003). A caspase 3 é também
responsável pela inactivação proteolítica da EAAT2 glial (BostonHowes et al., 2006). De igual forma, os astrócitos, responsáveis
pelo crescimento e desenvolvimento neuronal, parecem tornam-se
letais quando expressam a mSOD1, por provável activação ou
recrutamento da microglia e, deste modo, desencadeando um
processo
inflamatório.
A
injecção
cervical
de
percursores
astrocíticos com mSOD1 foi responsável pela morte de neurónios
motores nas proximidades, não desencadeando ELA nos ratinhos,
mas diminuição da força muscular das patas dianteiras destes e do
diafragma. Registou-se o dobro da intensidade do marcador
microglial Iba-1 nos ratinhos transplantados com mSOD1 que nos
114
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão controlos, apesar desse valor corresponder apenas a metade do
valor determinado em ratinhos com mSOD1 em todas as células. A
administração de minociclina diminuiu esses valores e, apesar de
incapaz de salvar os neurónios motores perto dos astrócitos
mutados transplantados, pareceu proteger os neurónios motores
distantes, verificando-se igualmente redução da perda de força
muscular
nas
patas
dianteiras
e
melhoria
dos
registos
electromiográficos do diafragma por estimulação motora do nervo
frénico (Papadeas et al., 2011). Os mesmos autores tinham
anteriormente demonstrado que, pela injecção de percursores
astrocíticos wild-type em ratinhos com mSOD1, haveria um controlo
do processo inflamatório e melhoria da sobrevida (Lepore et al.,
2008). De facto, desde Don Cleveland que sugeriu inicialmente este
papel dos astrócitos na patogénese da doença (Ilieva et al., 2009),
outros autores demonstraram a destruição de neurónios motores
por astrócitos mSOD1 em culturas celulares (Nagai et al., 2007; Di
Giorgio et al., 2007; Di Giorgio et al., 2008; Marchetto et al., 2008)
assim como uma lentificação da doença e diminuição da activação
da microglia em ratos quiméricos com mSOD1 humana em todas as
células de astrócitos (Yamanaka et al., 2008).
A
activação
de
oligodendrócitos
foi
reconhecida
recentemente e, apesar da sua participação na fisiopatologia da
ELA ser ainda desconhecida, é sugerido o seu envolvimento
precoce na doença. Responsáveis pela mielinização dos neurónios
no SNC, a proliferação oligodendrocítica poderá representar um
processo
secundário
protector,
ser
nefasto
(por
incorrecta
reestruturação em torno dos neurónios lesados) ou poderá não ter
qualquer significado na patogénese da ELA (Kang et al., 2010;
Tripathi et al., 2010). Estas células proliferam a partir dos
percursores NG2 (proteoglicano sulfato de condroitina). Apesar de
sugerido que percursores NG2 positivos se diferenciam quase
115
Susana Pinto exclusivamente em oligodendrócitos, alguns estudos referem a sua
diferenciação em diferentes linhagens celulares em resposta a
processos lesivos (Levine et al., 2001), como microglia (Sellers et
al., 2009), células de Schwann (Zawadzka et al., 2010), pericitos
(Sellers et al., 2009) e astrocitos (Magnus et al., 2008).
1.F.9. Deficiência em factores neurotróficos e
disfunção nas vias de sinalização
Em autópsias de doentes com ELA e em modelos in vitro
(Anand et al. 1995, Elliott et Snider 1996; Oppenheim, 1996) foi
observada diminuição dos níveis de factores neurotróficos rHCNTF
(factor neurotrófico ciliar recombinante humano, ALS CNTF
Treatment Study Group 1996), BDNF (factor neurotrófico derivado
cerebral, BDNF Study Group1999), rHIGF-1 (factor de crescimento
insulina-like recombinante humano 1, Sorenson et al. 2008) e GNF
(factor neurotrófico glial), e rHGSF (factor recombinante humano
estimulador de colónias de granulócitos, igualmente com efeito antiapoptótico, Nefussy et al. 2010). Por outro lado, a delecção do
elemento de resposta à hipóxia no gene do VEGF é responsável
pela génese da doença no rato (Oosthuyse et al., 2001).
116
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão 1.G. Histopatologia
Na ELA ocorre degenerescência de neurónios motores no
cortex motor, tronco encefálico e medula espinhal, com gliose
astrocítica e a presença de corpos de inclusão intraneuronais e
gliais.
Esta
degenerescência
envolve
quer
o
UMN,
com
despovoamento das grandes células piramidais de Betz na área 4
de Broadmann e perda axonal córtico-subcortical e no trajecto da
via piramidal, quer o LMN, especialmente ao nível dos cornos
anteriores da medula espinhal, mas poupando os núcleos motores
da musculatura extrínseca do olho e de Onuf (Iwata e Hirano,
1978).
As alterações histopatológicas típicas identificadas na ELA
são a má conformação e agregação proteicas com identificação de
inclusões intra-celulares nos neurónios motores e células da glia.
Estas inclusões podem ser de quatro tipos – os corpos de bunina,
as inclusões de ubiquitina, os conglomerados de hialina e inclusões
basófilas.
Os
eosinofílicas,
corpos
que
de
coram
bunina
são
positivamente
inclusões
para
a
pequenas,
cistatina
e
transferrina (Mizuno et al., 2006; Okamoto e Fujita, 2008), estando
presentes em 70–100% dos casos (Bunina, 1962; Piao et al., 2003),
incluindo as células de Betz e o núcleo subtalâmico de Lewis, sendo
raramente encontradas noutras patologias. As inclusões de
ubiquitina são quase universais na SALS ocorrendo em cerca de
95% dos casos (Leigh et al., 1991; Leigh et al., 1988; Lowe et al.,
1988) sendo a principal proteína presente a TDP-43 (Neumann et
al., 2006; Arai et al., 2006). Incluem igualmente, e para além da
ubiquitina (Leigh et al., 1991 Murayama et al., 1989), SOD1
(Shibata et al., 1996; Shibata et al., 1994), periferina (He e Hays,
117
Susana Pinto 2004) e dorfina (uma ligase da ubiquitina E3 em anel) (Niwa et al.,
2002). As inclusões de TDP-43 são proteicas, tau e α-sinucleina
negativas e foram identificados nos UMN e LMN na ELA, na
degenerescência lobar frontotemporal com inclusões de ubiquitina
(com ou sem ELA) (Okamoto, 1991; Wightman et al., 1992). São
raras na PLS (Konagaya et al., 1998; Tan et al., 2003) sendo
negativas nas inclusões de SOD1 da FALS (Dickson et al., 2007;
Robertson et al., 2007; Mackenzie et al., 2007). Inclusões de
ubiquitina foram também encontradas na PMA (Ince et al., 2003;
Sasaki e Iwata, 1999; Ota et al., 2005) e no complexo ELA-P-D de
Guam (Matsumoto et al., 1990), sugerindo um mecanismo
molecular patológico comum. Inclusões de conglomerados de
hialina (neurofilamentos), corando para neurofilamentos fosforilados
e não-fosforilados, argirofílicas, estão associadas à FALS e
raramente à SALS, estando presentes nos neurónios motores
espinhais (Warton e Ince, 2003). Foram descritos noutras doenças
neurodegenerativas e em indivíduos saudáveis (Leigh et al., 1989).
Inclusões basófilas foram descritas em doentes jovens com DNM
(Gouveia e de Carvalho, 2007) em particular em formas familiares.
Actualmente,
sabe-se
positivamente
para
que
FUS.
muitos
Estas
destes
inclusões
casos
contêm
coram
múltiplas
estruturas filamentosas com material amorfo electrodenso, central,
de cerca de 15–20 nm de diâmetro (e onde se concentra grande
quantidade da FUS) e RE rugoso desorganizado e mitocôndrias, de
localização
periférica.
São
encontrados
no
citoplasma
dos
neurónios motores espinhais, mas também noutros pontos da via
corticomotoneuronal, córtex cerebral e núcleos próprios do tronco
encefálico, mas sem perda neuronal nessas localizações (Huang et
al., 2010). Apesar de alguns autores defenderem a não colocalização de FUS e TDP-43 nessas inclusões (Huang et al., 2010)
outros grupos demonstraram-na, assim como de ubiquitina, quer em
118
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão doentes com FALS quer SALS, mas não em FALS com mSOD1,
defendendo possíveis mecanismos patogénicos comuns (Deng et
al., 2010).
As
alterações
histopatológicas
foram
igualmente
identificadas em localizações extra-motoras como no córtex
frontotemporal,
hipocampo,
tálamo
(Brownell
et
al.,
1970),
substância nigra (Al-Sarraj et al., 2002), vias cerebelo-espinhais
(Swash et al., 1986), colunas posteriores (Lawyer et al., 1953) e
nervos periféricos sensitivos (Dyck et al., 1975; Bradley et al.,
1983).
119
Susana Pinto 1.H. Modelos utilizados para estudos na ELA
Vários modelos in vivo e in vitro têm sido utilizados para a
compreensão dos mecanismos moleculares e celulares envolvidos
na ELA, assim como para o estudo dos efeitos terapêuticos de
diferentes moléculas e fármacos. A maioria dos ensaios clínicos
utiliza
modelos
com
mSOD1,
com
diferentes
mutações,
especialmente em ratinhos transgénicos, testando os efeitos préclínicos (nomeadamente o tempo até ao aparecimento dos
primeiros sintomas), na progressão da doença e na sobrevida.
Contudo, tem-se assistido a uma deficiente translacção para os
doentes com ELA dos resultados positivos obtidos quer em culturas
primárias, quer no modelo animal. Na verdade, a utilização de
modelos animais não- primatas é particularmente limitativa na sua
representação do sistema motor humano, cujos movimentos
altamente
sofisticados
desenvolvimento
e
de
fraccionados
abundantes
são
possíveis
connexões
pelo
directas,
monossinápticas, entre o UMN e o LMN (Porter, 1985; Porter,
1987). Estas são inexistentes no ratinho e, deste modo, a doença
induzida é limitada ao envolvimento do LMN (Eisen et al., 1992).
Mesmo nos primatas inferiores estas conexões, apesar de
presentes,
são
menos
abundantes
e
estabelecendo-se
especialmente para a inervação contralateral dos músculos de
localização mais distal e não na região torácica ou abdominal como
no Homem (Iwatsubo et al., 1990; Plassman e Gandevia, 1990).
Recentemente novos modelos emergiram, com diferentes modelos
animais (incluindo usando a mosca (Drosophila melanogaster); o
peixe zebra (Dania rerio), a rã (Xenopus Laevis), leveduras
(Saccharomyces cerevisiae) e vermes (Caenorhabditis elegans),
para além do rato e da ratazana ou mesmo do cão e do macaco).
120
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão Nestes, tem havido a criação de modelos animais com mutações
não apenas no gene que codifica a SOD1, mas também nos genes
TARDBP e o que codifica VAPB, cadeias pesadas 1 da dineina,
das cadeias leves dos neurofilamentos e mesmo no C9ORF72.
Modelos in vitro recentes incluem estudos em culturas de neurónios
motores e neurónios motores e astrócitos e estudos em neurónios
motores diferenciados a partir de células estaminais
121
Susana Pinto 1.I. Terapêutica
A ELA é uma doença sem cura conhecida e, à data, sem
terapêutica efectiva capaz de travar a progressão da doença. Desta
forma, o tratamento é essencialmente dirigido ao alívio sintomático
e à melhoria da funcionalidade, fundamentais para melhorar a
qualidade de vida destes doentes (ver Tabela 5). Deve ser
individualizado, centrado no doente e multidisciplinar, envolvendo
uma
vasta
equipa
(neurologista,
fisiatra,
pneumonologista,
gastrenterologista, psicólogo, enfermeira, dietista, fisioterapeuta/
terapeuta ocupacional, terapeuta da fala/ deglutição, ortoprotésico,
técnico
de
cardiopneumologia,
apoio
domiciliário,
cuidados
paliativos).
Apesar dos inúmeros ensaios clínicos efectuados (ver
Tabela 6), com diferentes desenhos e testando diferentes fármacos
(em número superior a 100), não se conseguiu identificar outros
agentes modificadores da progressão natural da ELA para além do
riluzol.
122
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão Tabela 5 – Tratamento sintomático na ELA
Sintomas
Sialorreia
Farmacoterapia
Anti-colinérgicos;
Outros tratamentos
Aspiração
Toxina botulínica
Secreções
N-acetilcisteína
Hidratação (incluindo gelatina e
gelo); MIE; Aspiração de secreções;
brônquicas
Sumo (papaia ou ananás)
Labilidade
Inibidores selectivos a
emocional
serotonina; ADT;
Apoio psicológico
Dextromet+quinidina
Disfagia
Espessantes de
PEG; ENG; Terapia da deglutição
líquidos
Disartria/ Anartria
Anti-espásticos se
Terapia da fala; Escrita; Tabelas de
predomínio do
alfabeto; Comunicação aumentativa
envolvimento do UMN
e alternativa
Pé pendente
Ortotese (“tala posterior”, foot-up® )
Alteração da
Anti-espásticos se
Fisioterapia; Ajudas técnicas (CR,
marcha
predomínio do UMN
bengala, canadiana, tripé, andarilho)
Espasticidade
Baclofeno; Tizanidina;
Hidrocinesiterapia quente;
Toxina botulínica
Fisioterapia; Terapia ocupacional
Paracetamol;
Fisioterapia (incluindo
Opioides; AINEs
posicionamentos e mobilidade
Dor
articular); Terapia ocupacional
Cãibras
Magnésio; Fenitoína;
Fisioterapia (incluindo massagem e
Carbamazepina
alongamentos); Hidroterapia
Fadiga
Creatina; Nandrolona
Fisioterapia
Insónia
Amitriptilina; Zolpidem;
Higiene do sono; Conforto
Mirtazipina;Trazodone;
Analgésicos
Depressão
Anti-depressivos;
Apoio psicológico
Emagrecimento
Anabolizantes
Suplementos alimentares
Obstipação
Laxantes, enemas
Hidratação; Treino intestinal, Ingesta
de fibras; Ingesta de fruta (papaia e
ameixas); Massagem abdominal
Insuficiência
Aerossolterapia;
VNI; MIE; Aspirador de secreções;
respiratória
Broncodilatadores
Aerossolterapia
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
123
Susana Pinto Tabela 6 – Tratamentos farmacológicos testados na ELA
Anti-
Riluzol, memantina, topiramato, talampanel, gabapentina,
glutamatérgicos/
pregabalina, naloxona, aa de cadeia ramificada (L-leucina,
anti-excitotóxicos
L-valina, L-isoleucina, L-treonina, glicina), lamotrigina,
dextrometorfano, dextromet+quinidina
Anti-apoptóticos/
Arimoclomol,
buspirona,
neuromoduladores
minociclina, pentoxifilina, pramipexole, TCH346, hormona
metabólicos
do crescimento (GH), testosterona, TRH (oral, ev, IM, IT)
Autofagia
Lítio
Agentes
CNTF, GNF, BDNF, IGF1 SC, xaliprodeno oral, aa de
neurotróficos
cadeia ramificada
Moduladores
Olexosima (Tro-19622), dexpramipexole (KNS-760704),
mitocondriais
edaravone (MCI-186)
Anti-oxidantes
Vit E (oral, ev, IM), Vit C, selénio, β-caroteno, Nacetilcisteína,
creatina,
L-cisteína,
eldepril,
selegelina,
ácido
lecitina,
lipoico,
melatonina, SOD1, glutationa, edaravone, citocromo c,
coenzima Q10, centrofenoxina
Ceftriaxone, hidroclorido de tilerone, azul de tripan,
Antibióticos
vermelho de tripan
Zidovudina, indinavir, amantadina, isoprinosina, factor de
Antivirais
transferência
Neostigmina,
Colinérgicos
fisostigmina,
3,4-diaminopiridina,
THA;
priscolina
Suplementos
aa ev, octacosanol, tiamina (Vit B1), piridoxina (Vit B6), Vit
nutricionais
B12, Vit B preparada com levedura, extracto de fígado cru
Anti-inflamatórios/
Celecoxibe,
Moduladores do
ciclosporina A, prednisolona, hidrocortisona (oral, IT),
sistema imunitário
talidomida e lenalidomida, tamoxifeno, plasmaferese,
nimesulide,
azatioprina,
ciclofosfamida,
interferão (SC, IT), Ig ev, levamisole, celastrol, acetato de
glatiramero, dextromet+quinidina, ONO-2506, irradiação
corporal
Bloqueadores dos
2+
canais de Ca e
Verapamil,
dantroleno,
edetato
disódico
de
cálcio,
nimodipina, penicilamina
quelantes
Células estaminais
Da mucosa olfativa, transplante autólogo
Outros
Anti-histamínicos, bromocriptina, guanidina, gangliosidos
bovinos, 5-hidroxitritofano,ftalazinol, propanediol toluloxi
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
124
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão 1.I.1. Riluzol e outras drogas anti-glutamatérgicas
O riluzol é o único medicamento aprovada no tratamento da
ELA por ter demonstrado, de forma consistente, que aumenta a
sobrevida dos doentes. Contudo, este aumento é modesto, sendo
provavelmente maior quanto mais precocemente for introduzido
(Bensimon et al., 1994; Lacomblez et al., 1996a; Bensimon et al.,
2002; Meininger et al., 2000; Mitchell et al., 2006; Turner et al.,
2001). Segundo uma meta-análise recente do grupo Cochrane, a
sobrevida média conseguida pela administração de 100mg diárias
de riluzol é provavelmente de 2–3 meses se tomado durante 18
meses (em doentes com ELA provável ou definitiva, com início dos
sintomas inferior a 5 anos, capacidade vital forçada nas provas de
função respiratória superior a 60% do predito e idade inferior a 75
anos (Miller et al., 2007b). O mecanismo de acção do riluzol é
complexo e não totalmente conhecido, mas pensa-se que iniba a
libertação pré-sináptica de glutamato e aumente a sua recaptação,
que interfira com os receptores NMDA, iniba os processos
dependentes da proteína-G e que estabilize os canais de sódio
dependentes da voltagem (Distad et al., 2008). É geralmente bem
tolerado, apesar de ter alguns efeitos secundários como astenia e
nauseas, assim como alteração das provas de função hepática,
nomeadamente aumento das transaminases, razão pela qual
devem ser regularmente avaliadas.
Outras drogas que visam a diminuição da excitotoxicidade
glutamatérgica e que têm merecido especial interesse nos últimos
anos são a memantina, o talampanel e o ceftriaxone. A memantina,
um
derivado da amino-adamantina, é um
antagonista dos
receptores NMDA, com efeito neuroprotector na doença de
Alzheimer. Foi alvo de um estudo fase 2/3 na nossa Unidade, não
125
Susana Pinto tendo demonstrado eficácia estatisticamente significativa como
definido pela escala funcional da ELA (ALS-FRS) ou por outras
escalas e parâmetros neurofisiológicos e respiratórios (de Carvalho
et
al.,
2010).
O
talampanel
(8-metil-7H-1,3-dioxolo(2,3)
benzodiazepina) desenvolvido primariamente como agente antiepilético, é um antagonista não competitivo dos receptores
glutamatérgicos
AMPA,
podendo
ter
igualmente
efeito
anti-
inflamatório (Greene et al, 2008) e e efeito anti-apoptótico pela sua
acção ao nível da caspase 3 (Denes et al., 2006). Num estudo de
fase 2 com 59 doentes, 40 dos quais incluídos no grupo activo (150
mg de talampanel, repartidos em três tomas diárias, após o mês
inicial de titulação) observou-se uma diminuição de 30% da taxa de
declínio da ALS-FRS e menor decaimento na força muscular
isométrica, embora a diferença não fosse significativa (Pascuzzi et
al., 2010). Em Setembro de 2008 teve início uma extensão do
ensaio clínico de fase 2 com o talampanel, incluindo cerca de 450
doentes
e
cujos
resultados
se
aguardam
(ClinicalTrials.gov
NCT00982150). O ceftriaxone é um antibiótico β-lactâmico que
demonstrou aumentar a expressão do EAAT2, com aumento da
captação do glutamato por astrócitos humanos in vitro (Lee et al.,
2008). No ratinho transgénico para a SOD1, a sua utilização
triplicou a actividade do EAAT2 no cérebro, com aumento da
sobrevida neuronal e aumento da força e da sobrevida dos ratinhos
(Rothstein et al., 2005). Contudo, desconhece-se se a sua utilização
prolongada em humanos é segura. Após um pequeno estudo fase
1, teve início em Maio de 2009 um estudo multicêntrico fase 3,
controlado com placebo, incluindo 600 doentes e que visa avaliar,
por um lado, os níveis deste fármaco no liquor e, por outro, a
segurança e eficácia do mesmo a longo prazo (ClinicalTrials.gov
NCT00349622).
126
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão AVP-923 (zenvia®) é uma combinação de hidrobromido de
dextrometorfano, que suprime a libertação de glutamato, e quinidina
(baixa dose), que previne a degradação do primeiro. Num estudo
multicêntrico
fase
3,
a
administração
bidiária
de
AVP-923
(associação de 30 mg de dextrometorfano e 30 mg de quinidina)
durante 28 dias revelou diminuir os sintomas pseudobulbares de
choro e riso inadequados nos doentes com ELA (Brooks et al.,
2004). Esta associação froi aprovada pelo FDA em 2010. A acção
isolada do dextrometorfano não demonstrou eficácia (Gredal et al.,
1997).
Os aminoácidos de cadeia ramificada (L-leucina, L-valina, Lisoleucine e L-treonina), testados por reduzirem os níveis de
glutamato, não foram efectivos na ELA (Parton et al., 2008).
De
igual forma os antagonistas dos canais de cálcio, como o verapamil
(estudo fase 2) e a nimodipina (estudo fase 3), foram testados na
ELA, mas sem resultados positivos (Miller et al., 1996a; Miller et al.,
1996b), assim como a gabapentina (Miller et al., 2001), a
lamotrigina (Ryberg et al., 2003) e o topiramato (Cudkowicz et al.,
2003).
1.I.2. Protecção neuronal
Vários estudos têm utilizados factores de crescimento
neurotróficos de forma a obter protecção neuronal, como rHCNTF
(ALS CNTF Treatment Study Group 1996), BDNF (BDNF Study
Group1999), rHIGF-1 (Sorenson et al., 2008) e rHGSF (Nefussy et
al., 2010) e GNF, todos sem resultados positivos. A negatividade
dos estudos pode ser devida a inadequado desenho dos ensaios
clínicos, deficiente dosagem administrada e inadequada escolha da
127
Susana Pinto via de administração. De facto, a administração endovenosa de
VEGF não teve resultados positivos, provavelmente pela sua
incapacidade de atravessar a barreira hemato-encefálica ou pela
sua depuração acelerada (Ruiz de Almodovar et al., 2009), já que
aumentou a sobrevida do ratinho transgénico para a mSOD1
aquando da injecção intra-muscular de lentivirus com VEGF
humano (com melhoria da função motora, Azzouz et al., 2004) e da
sua administração intra-ventricular (retardando igualmente o início
dos primeiros sintomas, Storkebaum et al., 2005). Por outro lado, o
cruzamento de ratinhos transgénicos para a mSOD1 e com
hiperexpressão de VEGF atrasou a perda neuronal (Wang et al.,
2007).
O arimoclomol é um derivado da hidroxilamina, que induz a
formação de proteínas de heat shock com aumento da acção de
protectores
moleculares
(“chaperones”)
que
ajudam
na
conformação tridimensional das proteínas e na prevenção da
formação de agregados proteicos. No modelo animal, a droga ajuda
na regeneração neuronal, acompanhando-se de melhoria da função
muscular e sobrevida (Kieran et al., 2004; Lanka et al., 2009), sendo
segura em humanos (Cudkowicz et al., 2008). Presentemente
decorrem dois estudos fase 2/3 com inclusão de 80 doentes com
FALS com mSOD1 e em 15 doentes sem mSOD1.
O xaliprodeno é um pequeno péptido com acção neurotrófica
e neuroprotectora, com boa penetração no SNC. Contudo, não
houve aumento da sobrevida nos doentes com ELA e teve efeitos
modestos no decremento da capacidade vital (Meininger et al.,
2004).
A pentoxifilina foi utilizada num estudo fase 3 tendo por base
a sua capacidade de aumentar o AMPc e GMPc, potenciais agentes
neuroprotectores
neuronais.
Contudo,
negativos (Meininger et al. 2006).
128
os
resultados
foram
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão Para supressão da activação imune, está planeado um
estudo fase 2 com ALSTDI-00846, anticorpo monoclonal que
bloqueia o receptor de células T, o CD40L. A sua administração
aumenta o peso corporal, diminui a deteriorização neurológica e
aumenta a sobrevida do ratinho transgénico.
1.I.3. Modulação mitocondrial
Como referido anteriormente, mutações na SOD1 parecem
ser responsáveis por disfunção mitocondrial (Pasinelli et al. 2004;
Liu et al. 2004). A utilização de moduladores mitocondriais capazes
de proteger a mitocôndria da mSOD1 demonstrou, à data, ser
seguro e tolerável no caso da KNS-760704 (enantiómero do
pramipexole ou dexpramipexole; Wang et al. 2008a; Cudkowicz et
al., 2011), da Tro-19622 (olexosima; Bordet et al, 2007) e do MCI186 (edaravone; Yoshino e Kimura, 2006), decorrendo para todos
estudos fase 3. Estas drogas interagem com a permeabilidade
mitocondrial ao nível dos seus poros de transição, possivelmente
impedindo a sua abertura e, desta forma, possivelmente prevenindo
a apoptose na ELA. A olexosima é igualmente um antagonista não
competitivo do glutamato e o edaravone regula positivamente a
expressão do bcl-2. No ratinho transgénico mSOD1, ocorreu um
atraso no início dos primeiros sintomas e um aumento da sobrevida.
Contudo, a companhia farmacêutica Trophos, responsável pelos
ensaios da olexosima, publicou a 13 de Dezembro de 2011, na sua
página da internet (www.trophos.com/news/pr20111213.htm), que o
ensaio fase 3 que decorria não atingiu os objectivos pretendidos,
nomeadamente na supremacia face ao riluzol na sobrevida. No
estudo
referido,
randomizado,
duplamente
cego,
paralelo
e
129
Susana Pinto controlado contra placebo, com a duração de 18 meses,
demonstrou-se
haver
uma
tendência
superior
na
medida
secundária, o declínio do ALS-FRS-R. De momento, não existem
planos futuros do seu estudo na ELA (apesar de se salientar a
continuação dos estudos na SMA e MS). O dexpramipexole
demonstrou nos 71 doentes que terminaram o estudo fase 2 de 40
semanas (dos 102 incluídos), ser seguro, tolerável e com
diminuição tendencial do declínio da ALS-FRS-R e da mortalidade
nos doentes a quem foram administrados doses mais elevadas
(300mg/d vs doses mais baixas vs placebo) (Cudkowicz et al.,
2011),
decorrendo
presentemente
um
estudo
fase
3
(www.clinicaltrials.gov NCT01281189).
A minociclina é uma tetraciclina de segunda geração que
previne a activação microglial (Kriz et al., 2002), inibe a libertação
pró-apoptótica do citocromo c e reduz a actividade enzimática da
família das caspases e do mitogeno p-38 da proteína quinase (Zhu
et al., 2002). No ratinho transgénico houve um aumento da
sobrevida média entre 6.4-16% (Kriz et al., 2002; Zhu et al., 2002,
Zhang et al., 2003; Van Den et al., 2002) e dois estudos fase 2 em
doentes com ELA (incluindo 19 e 23 doentes) demonstraram que é
segura e tolerada (Gordon et al., 2004). Os efeitos secundários
típicos
incluíram
desconforto
gastro-intestinal,
vertigem
e
fotosensibilidade cumulativa, dose-dependente. Contudo, o estudo
fase 3 que incluíu 400 doentes foi negativo (Gordon et al., 2007).
A molécula TCH346 bloqueia a reacção enzimática
catalizada pela desidrogenase gliceraldeído-3-fosfato. Este efeito
anti-apoptótico contudo não conseguiu alterar a progressão da ELA
num estudo fase 2/3 (Miller et al., 2007a).
130
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão 1.I.4. Agentes anti-oxidantes
A acetilcisteína protege os neurónios motores da lesão
causada pelos radicais livres de oxigénio mas um pequeno estudo
fase 3 foi negativo (Louwerse et al., 1995). A vit E retardou o início e
progressão da fraqueza muscular no ratinho trangénico mSOD1,
mas estudos fase 3 foram negativos em doentes (Desnuelle, 2001;
Graf, 2005). A selegilina, que inibe a monoaminoxidase (MAO)–B,
não teve resultados positivos num estudo fase 3 (Lange, 1998). Um
estudo utilizando coenzima Q10 em altas doses (componente da
cadeia
de
transporte
electrónico
mitocondrial)
foi
negativo
(Kaufmann, 2009).
A creatina aumenta a função mitocondrial e actua como antioxidante, aumentando a sobrevida no ratinho transgénico mSOD1
quando administrada antes dos primeiros sintomas, contudo os
ensaios em doentes foram negativos (Groeneveld et al., 2003;
Rosenfeld 2008). A associação de creatina em altas doses (20
gr/dia) e celecoxibe ou minociclina vs controlos históricos foi
favorável à realização de estudos fase 3 com a primeira associação
(Gordon, 2008).
AEOL-10150 é uma manganoporfirina anti-oxidante, análoga
ao local catalítico da SOD, que neutraliza o ião superóxido, H2O2 e
peroxinitrito, inibindo igualmente a peroxidação lípídica. Demonstrou
ser segura e bem tolerada no modelo animal, com aumento da
sobrevida (Crow et al., 2005) sendo igualmente bem tolerada em
doentes (Orrell, 2006).
131
Susana Pinto 1.I.5. Anti-inflamatórios
Dada a hipótese de envolvimento inflamatório na ELA, vários
fármacos foram testados com o objectivo de retardar a progressão
da ELA actuando ao nível de vários dos possíveis mecanismos
envolvidos.
O nimesulide é um inibidor preferencial da COX-2 com
propriedades anti-oxidantes. A sua administração diminui os níveis
de prostaglandinas (Pg)-E2 na medula espinhal do ratinho
transgénico com preservação da integridade motora (Pompl et al.,
2003). Contudo, a administração conjunta de celecoxibe, inibidor
selectivo da COX-2, e riluzol não apresentou benefício quanto à
função motora dos MS (Cudkowicz et al., 2006).
O celastrol
é um triterpeno com potente acção anti-
inflamatória e anti-oxidante, que suprime a acção do TNF-α e IL-1β,
com indução da produção de óxido nítrico (Allison et al., 2001) e da
resposta às poteínas heat shock (Westerheide et al., 2004).
Demonstrou diminuir o decaimento da perda ponderal, com
aumento da sobrevida no ratinho transgénico (Kipiani et al., 2004).
O tamoxifeno pode exercer o seu efeito neuroprotector pela
inibição da acção da proteina quinase C, que medeia a inflamação
na medula espinhal do ratinho transgénico (Hu et al., 2003). A sua
administração demonstrou aumentar a sobrevida no ratinho
transgénico (Brooks et al., 2005) e num estudo de fase 2, em 60
doentes, a sua associação com o riluzol condicionou aumento da
sobrevida em doentes sob dosagens maiores (Clinicaltrials.gov
NCT00214110). Decorre presentemente um estudo multicêntrico
fase 2 nos USA visando testar a eficácia do taxomifeno e da
creatina em dosagens de 40 e 80mg/d para o tamoxifeno e 30mg/d
para a creatina (Clinicaltrials.gov NCT01257581).
132
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão A talidomida, após a sua retirada do mercado mundial em
1961
devido
aos
seus
efeitos
teratogénicos,
tem
sido
selectivamente reintroduzida em determinadas patologias, tendo
actividade anti-angiogénica e imunomoduladora (Mujagic et al.,
2002). Suprime o TNF-α, reduz a perda ponderal e aumenta a
sobrevida no ratinho transgénico (Kiaei et al., 2006), mas está
associada
a
toxicidade
cardíaca
(Meyer
et
al.,
2008).
A
lenalidomida, um análogo da 4 amino-glutarimida, parece ter similar
eficácia
no
modelo
animal, sem
os
efeitos
neurotóxico
e
teratogénico (Kiaei et al., 2006), decorrendo um estudo fase 2.
O ONO-2506, um homólogo enantiomérico do ácido
valproico, restabelece a função astrocítica normal após uma lesão
cerebral, pela prevenção da astrocitose reactiva, activação dos
receptores GABA astrocíticos e supressão da transferase GABA
(Nilsson et al., 1992). Tem, igualmente, acção anti-glutamatérgica
(Katsumata et al., 1999) e anti-inflamatória por inibição da COX-2
(Shimoda et al., 1998). O estudo multicêntrico fase 2 na dosagem
diária oral de 1200mg (associado ao riluzol) foi continuado
aguardando-se os resultados no final de 2013 (ClinicalTrials.gov
NCT00694941). Contudo, num estudo fase 3 (ClinicalTrials.gov
NCT00136110), incluindo 163 doentes a quem foi administrado
1500mg de valproato de sódio ou placebo, não foi demonstrado
haver benefício deste fármaco na sobrevida e na progressão da
doença (Piepers et al., 2009).
O acetato de glamitero tem efeitos anti-inflamatórios e antiglutamatérgicos, para além de acção de factor de crescimento.
Contudo, os resultados do estudo fase 3 realizado foram negativos
(Meininger et al., 2009).
Não houve igualmente benefício na inibição de mecanismos
imunes pelo interferon recombinante (rIFN) β- 1a (Beghi et al.,
2000).
133
Susana Pinto 1.I.6. Modulação da expressão genética
A possibilidade de utilizar drogas dirigidas especificamente
para a SOD1 está actualmente a ser testada (fase 1) com ISIS
333611, um oligómero. Com este, pretende-se diminuir a expressão
genética
da
mSOD1,
conseguida
no
ratinho
transgénico,
lentificando a progressão da doença na FALS com mSOD1. Está
planeada a inclusão de 32 doentes.
Ainda só com resultados no modelo animal, a utilização da
terapia génica com adenovirus-like modificados geneticamente
modificados, permite fazer chegar os factores neurotróficos
(nomeadamente IGF-1) directamente aos neurónios motores
(Kaspar et al., 2003).
1.I.7. Células estaminais
Foi recentemente possível, no ratinho transgénico, a
diferenciação de células estaminais em neurónios motores, com
formação de sinapses e traduzindo-se no atraso do início dos
primeiros sintomas e na progressão da doença (Xu et al., 2006).
Decorrem já ensaios pretendendo testar a sua eficácia em humanos
pela administração medular de células estaminais neurais, depois
da realização positiva de ensaio fase 1, que incluiu 12 doentes
submetidos à sua administração a nível lombar (Glass et al., 2012;
Riley et al., 2012). A administração medular torácica alta de células
estaminais
autólogas
de
origem
mesenquimatosa
mostrou
igualmente ser segura em ensaio fase 1, que incluíu 10 doentes
(Mazzini et al., 2010).
134
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão Outros ensaios clínicos têm utilizado células estaminais, de
origens várias, como do sangue (Martinez et al., 2009) e da pele,
sem resultados concludentes.
1.I.8. Outros fármacos
Recentemente, houve grande agitação na comunidade
científica e nos doentes com ELA relativamente ao potencial efeito
benéfico do lítio. Este fármaco, aprovado para o tratamento da
psicose maníaco-depressiva, poderia ter efeitos neuroprotectores
por estimular a autofagia, nomeadamente acelerando o processo de
eliminação
de
inclusões
intraneuronais,
incluindo
agregados
proteicos, mitocôndrias anormais assim como supressão da
proliferação glial. A publicação de resultados positivos obtidos no
ratinho transgénico para SOD1 (aumento da sobrevida) e em 16
doentes com ELA (sem mortes no período de 15 meses e com
diminuição do agravamento clínico) (Fornai et al., 2008) levou à
auto-medicação de muitos doentes com ELA e ao planeamento e
execução
de
vários
ensaios
clínicos
duplamente
cegos,
randomizados e com maior número de doentes incluídos. Estes
foram, no entanto, negativos (Aggarwal et al., 2010; Chiò et al.,
2010; Miller et al., 2011; Verstraete et al., 2012).
Contudo, os
estudos revelaram o grande poder que os doentes presentemente
têm, por maior acesso e partilha de informação, assim como na sua
decisão e exigências face às terapêuticas instituídas. Revelaram,
igualmente, a facilidade com que a aceitação de estudos com falhas
pode condicionar elevadas expectativas, associando-se a elevando
consumo de tempo e de meios económicos e humanos (de
Carvalho e Pinto, 2011a).
135
Susana Pinto 1.I.9. Tratamentos não- farmacológicos
A ventilação não-invasiva (ver Capítulo 2) e a alimentação
entérica (por gastrostomia) demonstraram ser tratamentos não
farmacológicos capazes de melhoria da qualidade de vida e da
sobrevida dos doentes com ELA (Andersen et al., 2012).
Controvérsias existem quanto aos benefícios da realização de
exercício físico na ELA.
9.a) Gastrostomia
A gastrostomia permite a administração, em segurança, de
nutrientes e de líquidos, com consequente manutenção do peso e a
sua hidratação. Contudo, não é consensual quando a alimentação
por gastrostomia deve ser iniciada. Segundo o algoritmo proposto
pela Academia Americana de Neurologia (Miller et al., 2009), deve
proceder-se a educação nutricional após a detecção de disfagia
devendo a colocação de PEG ser discutida para estabilização do
peso e provavelmente prolongar a sobrevida se houver progressão
dos sintomas e perda de peso. A progressão da disfagia é avaliada
pelo aumento do tempo das refeições, termino prematuro das
refeições por fadiga, perda de peso acelerada por deficiente ingesta
calórica, preocupação dos familiares face às dificuldades de
alimentação. Os riscos do procedimento são particularmente
elevados quando a capacidade vital forçada é inferior a 30% do
predito
e
incluem
espasmo
laríngeo,
infecção
localizada,
hemorragia gástrica, falência na colocação da PEG por dificuldades
técnicas e morte por paragem respiratória. Apesar da realização de
gastrostomia, é possível a ingesta de determinados alimentos
oralmente, desde que em segurança, até a alimentação ser
exclusiva por esta via. É estética e psicologicamente mais
136
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão agradável que a entubação naso-gástrica (Park et al., 1992), por
estar encoberta pelo vestuário, podendo ser substituída por um
botão definitivo após alguns meses. A sua colocação está
provavelmente associada a uma melhoria da sobrevida dos doentes
com ELA (Mazzini et al. 1995; Del Piano et al., 1999; Sparato et al.,
2011; Chiò et al., 1999), embora não haja evidência consensual
(Desport et al., 2000; Mitsumoto et al., 2003; Mathus-Vliegen et al.,
1994; Shaw et al., 2006; Forbes et al., 2004b). A nossa experiência
de 151 doentes submetidos a PEG nos últimos 16 anos demonstrou
serem os doentes jovens com forma de início bulbar os que mais
beneficiaram da sua colocação, embora não tendo havido
diferenças de sobrevida entre os doentes com formas de início
bulbar e medular, já que estes últimos tinham elevada progressão
da doença aquando da sua colocação (Pena et al., 2012).
9.b) Exercício físico
“Exercício físico” e “actividade física” são expressões
frequente
e
indiscriminadamente
utilizadas
como
sinónimos.
Contudo, “actividade física” é um conceito mais generalista, definido
como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos
estriados
esqueléticos
com
gasto
energético
inerente.
Consequentemente, engloba o sono e as actividades ocupacionais
e as recreativas, quaisquer que estas sejam. O “exercício físico”,
por sua vez, é uma forma planeada, estruturada e repetitiva de
“actividade física” realizada no intuito de exprimir, manter ou
melhorar um ou mais componentes da “forma física” (Caspersen et
al., 1985). Estes foram englobados em dois conjuntos de aspectos,
aqueles relacionados com a saúde em si, nomeadamente a força e
a resistência musculares, a resistência cardio-respiratória, a
flexibilidade e a composição corporal, e os aspectos relacionados
com a perícia ou habilidade, que englobam a agilidade, o equilíbrio,
137
Susana Pinto a coordenação, a velocidade, a potência e o tempo de reacção
(Pate, 1983).
De forma a condicionar respostas adaptativas, consistentes,
e não apenas respostas fisiológicas agudas, o exercício, na sua
concepção
geral, deve
obedecer a
determinados princípios
relacionados com o estímulo de treino, como a especificidade, a
intensidade, a frequência e a duração, assim como a reversibilidade
(Holloszy, 1976; Faulkner, 1985). A resposta ao treino muscular é
especifica de algumas características do músculo – o treino de força
aumentará o número e, sobretudo, o volume das fibras musculares
(hipertrofia muscular) enquanto que o treino de resistência
aumentará o número de fibras oxidativas e a densidade capilar. Por
outro lado, um determinado músculo ou grupo muscular será capaz
de melhorar a sua condição específica e de melhor realizar um
exercício para o qual foi treinado, mas será incapaz de responder
de igual forma a uma exigência distinta, conceito que é a base do
treino do gesto desportivo. A intensidade refere-se ao facto de que
o músculo ou grupo muscular a ser treinado deverá ser submetido a
uma carga superior à usual para que o treino seja eficaz. Ao longo
do protocolo de treino, é necessário um aumento progressivo da
intensidade do estímulo de treino de forma a que os músculos
continuem a ser exercitados (princípio de sobrecarga). A duração e
a frequência das sessões de treino determinam o tempo e a
magnitude da resposta conseguida. Se o treino cessar, os
benefícios adquiridos serão progressivamente esbatidos até se
perderem (princípio do descondicionamento).
O
exercício
físico
afigura-se
como
uma
modalidade
terapêutica relevante na ELA, na qual, a par da fraqueza muscular
resultante da doença em si, ocorre diminuição marcada da
actividade física com consequente descondicionamento físico. O
exercício visaria minorar o declínio e talvez mesmo melhorar a força
138
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão muscular, minorar a fadiga muscular, prevenir a atrofia de desuso,
evitar encurtamentos tendinosos, rigidez articular, osteoporose e
dor, assim como prevenir os descondicionamentos cardiovascular e
respiratório. Estas seriam importantes repercussões quer a nível
funcional quer a nível da qualidade de vida dos doentes com ELA.
Contudo, ainda hoje não existe resposta consensual à pergunta
“Can exercise be harmful?”, formulada em 1998 por Lund-Olesen
(1998) neurologista acometido pela doença e que reconhecia a sua
progressão com o exercício realizado pelo fisioterapeuta. Na
verdade, um músculo enfraquecido está mais susceptível a lesões
de sobrecarga por se encontrar nos seus limites máximos (Coble e
Maloney, 1985) parecendo que exercícios de grande resistência ou
elevadas repetições poderão provocar diminuição da força muscular
em músculos lesados ou desinervados (Bennett e Knowlton, 1958;
Johnson e Braddom, 1971). O papel do exercício na ELA tem sido
questionado desde 1962 (Critchley, 1962) questão de particular
relevância face a algumas hipóteses fisiopatológicas para o
desenvolvimento
da
doença.
Estas
incluem
excitotoxicidade
glutamatérgica, “stress oxidativo”, produção excessiva de radicais
livres de oxigénio e elevação das concentrações sarcoplasmáticas
de cálcio (Rothstein et al., 1992; Curti, 1996; Siklos, 1996; Kim et
al., 2002; Simpson et al., 2002; Siciliano et al., 2002; Kiernan 2009).
É, pois, lícito pensar-se que a actividade física poderá ser
potenciadora destes mecanismos. Na verdade, na ELA existe um
aumento dos valores séricos de lactato quer em repouso quer
motivados pelo exercício físico (Siciliano et al., 2002) e aumento do
“turnover” de cálcio (Ca2+) pela acção excitatória glutamatérgica. A
disfunção da bomba de sódio (Na+)-potássio (K+) demonstrada no
modelo animal (Ellis et al., 2003), pode ser igualmente um factor
integrante da perda neuronal na ELA (Vucic et al., 2007b). Esta
regula o potencial de membrana em repouso e restaura os
139
Susana Pinto gradientes de Na+ e K+ após uma actividade de alta frequência. Se
disfuncional, o exercício pode motivar uma acumulação elevada de
sódio intracelular com alteração do potencial de repouso. A
acumulação de cálcio intra-celular é uma consequência secundária,
pela activação da bomba Na+-Ca2+.
O conceito de que a actividade física intensa é um factor de
risco para o desenvolvimento de ELA baseia-se igualmente em
várias referências. Inicialmente, Macdonald Critchley refere que
movimento
físico
desnecessário
pode
ser
causa
do
desenvolvimento de DNM num número significativo de casos
(Critchley,
1962).
Sinaki
e
Mulder
(1978)
afirmam
que
o
fortalecimento muscular só deverá ser realizado em doentes com
doença lentamente progressiva e recomendam para a maioria dos
doentes
a
restrição
da
actividade
às
AVDs,
por
ocorrer
agravamento da fraqueza muscular pelo sobreuso. Para além de
vários casos publicitados de jovens atletas de alta competição
acometidos pela doença, dos quais se destaca Lou Gehrig,
basebolista dos New York Yankees, nome pelo qual a doença é
também conhecida nos USA, vários estudos epidemiológicos
referem que a actividade física intensa, quer ocupacional quer
recreacional, poderá estar relacionada com um aumento da
incidência da ELA, assim como com o aparecimento dos primeiros
sintomas em idades mais precoces (Kurtzke, 1991; Strickland,
1996; Scarmeas et al., 2002; Chiò et al., 2009b). Outros estudos,
apesar de constatarem esta precocidade, não encontraram relação
entre o exercício físico e a ELA (Veldink et al., 2005) enquanto que
alguns grupos reportam a relação entre a duração da prática do
exercício físico e o desenvolvimento de ELA (Beghi et al., 2010). O
interesse pelo exercício físico na ELA foi estimulado pela referência
a 8 mortes por ELA em 24000 jogadores de futebol de equipas
italianas (Beretta et al., 2003). Vários estudos subsequentes
140
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão confirmaram o risco acrescido do desenvolvimento de ELA em
praticantes de futebol (Chiò et al., 2005; Belli e Vanacore, 2005;
Vanacore et al., 2006; Wicks et al., 2007b; Abel et al., 2007; Taioli,
2007; Chiò et al., 2009b). Num estudo retrospectivo incluindo 7325
futebolistas da liga professional italiana esse risco, acrescido,
estava associado ao surgimento mais precoce dos primeiros
sintomas e sendo mais predominante a forma de início bulbar. O
risco era particularmente elevado nos profissionais com idade
inferior a 49 anos, com actividade desportiva intensa superior a 5
anos e nos meio-campistas (Chiò et al., 2005). Contudo, o mesmo
grupo concluiu, num estudo posterior, que o exercício intenso, por si
só, não deveria ser considerado como factor de risco, dado não
haver qualquer ciclista ou jogador de basquetebol a desenvolver a
doença (Chiò et al., 2009b). Proposeram a existência de factores
ambientais que poderiam contribuir para um eventual aumento da
predisposição destes atletas de alta competição em associação ao
exercício físico intenso, nomeadamente consumo de suplementos
alimentares e substâncias ergogénicas, contacto com os pesticidas
e herbicidas com que os campos de futebol eram tratados e
traumatismos desportivos cefálicos repetidos. O mesmo é defendido
por outros autores (Vanacore et al., 2006; Wicks et al., 2007b).
Apesar
do
elevado
número
de
futebolistas
italianos
que
desenvolveram a doença, existe referência a futebolistas de outras
nacionalidades jogando noutros países (Wicks et al., 2007b; Abel et
al., 2007) assim como observado por nós na nossa Unidade (dados
não publicados). Ao contrário do referido por Chiò e colaboradores
(2009b) outros grupos encontraram um risco acrescido em
desportistas praticantes de outras modalidades (Scarmeas et al.,
2002; Beghi et al., 2010). Contudo, Valenti e colaboradores (2005)
não encontraram associação entre a realização de desporto ou a
existência de traumatismos desportivos com o desenvolvimento de
141
Susana Pinto DNM (Valenti et al., 2005). Mattsson e colaboradores (2012), num
estudo epidemiológico recente envolvendo 680000 indivíduos
suecos, relatam que o risco de desenvolver ELA está relacionado
com a boa “forma física” na fase de adulto jovem e não com a
“forma física” em si, a força muscular ou a frequência cardíaca em
repouso, sugerindo haver um fenótipo comum, caracterizado pela
presença de fibras musculares predominantemente de tipo I, típicas
dos atletas de resistência. A ELA estaria relacionada não com a
pratica desportiva mas com boa “forma física” que, por sua vez,
possibilita
determinado
tipo
de
actividade
física
desportiva.
Contudo, no estudo de Mattsson e colaboradores (2012) não foi
investigado a participação específica em competições desportivas.
Dado que a boa “forma física” e a “forma física” em si parecerem
estar relacionadas, parcialmente pelo menos, com componentes
genéticos, estão presentemente a decorrer estudos “GWAS” em
doentes com SALS e com bos “forma física” (Chiò e Mora, 2012).
Também no modelo animal, no ratinho transgénico para a
doença (Cu-ZnSOD1 G93A) o exercício intenso de resistência em
passadeira, de 9 a 22 m/min, durante 45min por dia, 5 dias por
semana, apesar de não ter repercussões no início dos primeiros
sintomas, parece acelerar o declínio do desempenho motor e a
morte nos ratos machos (Mahoney et al. 2004). Os ratinhos
transgénicos parecem ser igualmente mais activos na fase présintomática que os controlos (percorrendo distâncias de 15–20
km/dia vs 7–9 km/dia, respectivamente), verificando-se um declínio
do percurso médio percorrido seguido de diminuição da velocidade
antes dos primeiros sintomas, contudo sem repercussões na
progressão da doença neste segundo estudo que replicou o
primeiro (Bruestle et al., 2009). Alguns trabalhos são contraditórios,
referindo que, pelo contrário, o treino intenso poderá ser benéfico,
com uma tendência positiva para aumento da sobrevida nos
142
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão ratinhos sujeitos a treino de 10h diárias em roda motriz e sem
diferença significativa entre sexos para o início e tempo de
sobrevida quando comparado com controlos e com o grupo
sedentário (Liebetanz et al., 2004). Alguns autores referem ainda
que o encorajamento activo da actividade física vigorosa parece ter
sido benéfica na maioria dos casos (Norris, 1978) e que não será
um factor de risco para o desenvolvimento de ELA (Longstreth et
al., 1998a; Longstreth et al., 1998b; Veldink et al., 2005; Qureshi et
al., 2006; Armon., 2007).
Ao contrário dos efeitos prejudiciais do exercício físico
intenso, os benefícios da realização de exercício físico moderado
são referidos em vários trabalhos, quer em doentes com ELA quer
no ratinho transgénico. No modelo animal, o exercício em
passadeira a 13m/min, durante 30min e realizado 5 dias por
semana, atrasou o início dos primeiros sintomas e aumentou a
sobrevida dos ratinhos, significativo em machos e mostrando uma
tendência nas fêmeas (Kirkinezos et al., 2003). Os mesmos
resultados foram demonstrados em outro estudo, com exercício em
passadeira a 16m/min, mas somente significativo nas fêmeas
(Veldink et al., 2003). Também o exercício em roda livre durante
6h/dia demonstrou aumentar a sobrevida dos ratinhos, sinérgico
com a administração de IGF-1, com atenuação do declínio funcional
e melhores resultados quando iniciado em fase pré-sintomática
(Kaspar et al., 2005). A comparação entre um grupo de ratinhos
sedentários com dois tipos de intensidade de exercício em
passadeira (com período de treino de 20 minutos de corrida, 3
dias/semana a 5 e 10 m/min durante a primeira e segunda
semanas, respectivamente, seguido de protocolo de exercício
60min/dia, 5 dias/semana a 20 m/min (1.25 Km/h) e 30 min/dia, 3
vezes/semana a 10m/min (0.62 Km/h) para o exercício de alta e
moderada intensidade, respectivamente) demonstrou um atraso no
143
Susana Pinto desenvolvimento dos primeiros sintomas, uma maior densidade
neuronal na medula espinhal lombar e uma tendência para uma
maior sobrevida dos ratinhos submetidos a esforço moderado
(Carreras et al., 2010). Recentemente, um programa de treino de
ratinhos em água foi superior a um programa de corrida, com
aumento da sobrevida, atraso na morte neuronal, preservação de
astrócitos e de oligodendrócitos na medula espinhal e preservação
da unidades motoras de tipo II (Deforges et al., 2009), no entanto
contestado por outros, que interpretam os resultados como
conversão de fibras rápidas em lentas (ElBasiouny e Schuster,
2011), como observado durante o exercício isométrico máximo
funcional (Gordon et al., 2010b).
Nos doentes com ELA os estudos sobre exercício são
escassos e envolvem um número limitado de doentes. Um dos
primeiros estudos clínicos descreve a superioridade da facilitação
neuromuscular proprioceptiva (PNF) em comparação com o
fortalecimento muscular manual no aumento da força muscular num
doente (Bohannon, 2003). A cicloergometria realizada durante
30min diários (ciclos de 5 min de exercício e 5 minutos de repouso),
4 dias/ semana durante 6 semanas, com uma intensidade de
trabalho de 50% da capacidade máxima obteve resultados positivos
nos membros de um doente que tinha apenas sinais de
envolvimento do UMN, mas não nos membros com sinais clínicos
de lesão concomitante do LMN (Sanjak, 1987a). Por outro lado,
existe um aumento significativo do consumo de O2 durante o
exercício em doentes com ELA com capacidade de trabalho
diminuída, e cuja redução paralela se correlaciona com o declínio
da ALS-FRS, como demonstrado em 35 doentes com ELA
submetidos igualmente a treino submáximo em cicloergómetro
(Sanjak, 1987b). Contudo, o exercício em passadeira segundo os
protocolos de Bruce ou Naughton associado a VNI em 8 doentes
144
Capítulo 1 -­‐‑ A Esclerose Lateral Amiotrófica -­‐‑ revisão com IR total ou parcial, treinados até ao limiar anaeróbio, foi
responsável por melhoria significativa da escala de medida de
independência funcional (MIF) e atraso do declínio do total da
escala de Norris, assim como dos subtotais relativos à função
medular e bulbar e da CVF (Pinto et al., 1995b). Recentemente, o
treino rítmico repetitivo em passadeira com suporte parcial em 40%
do peso corporal (utilizando equipamento Biodex ) distribuído por
®
sessões de 60 minutos trissemanais (períodos alternados de 5min
de exercício e 5min de pausa) durante oito semanas demonstrou
ser seguro e bem tolerado, com melhoria funcional na escala ALSFRS-R e melhoria da capacidade de trabalho e da marcha em
doentes com ELA que utilizam ortóteses para a marcha (Sanjak et
al., 2010). Também o exercício de resistência, domiciliário, bi-diário
de 15min, individualizado (apesar de não especificado) para o
tronco, MS e MI (nas fases iniciais e intermédias da ELA) diminuiu
significativamente o declínio das escalas de ALS-FRS e Ashworth
ao fim de 3 meses, com uma tendência aos 6 meses (Drory et al.,
2001). O exercício de resistência moderado no domicílio associado
a alongamentos diários dos MS e MI quando comparado com um
programa de apenas alongamentos diários dos MS e MI trisemanal
reporta que aos 6 meses houve um aumento significativo da ALSFRS e melhoria da qualidade de vida (avaliada pelos subtotais
físicos funcionais da escala SF-36) e um menor declínio da força
dos MI, não tendo havido efeitos secundários (avaliado pela CVF e
contracção voluntária máxima isométrica) (Dal Bello-Hass et al.,
2007).
Uma revisão recente Cochrane cita a falta de estudos
clínicos randomizados que possibilitem uma discussão adequada
dos potenciais benefícios e riscos do exercício aeróbio na ELA (Dal
Bello-Haas et al., 2008). Contudo, parece ser consensual na prática
clínica que quanto mais precoce, menos grave e de progressão
145
Susana Pinto mais lenta fôr a doença, melhor a resposta provável ao treino
muscular. Apesar de inicialmente ter sido dada particular atenção
ao exercício isométrico (pela diminuição da força muscular
verificada) progressivamente passou a valorizar-se a realização de
exercício de resistência. Este deve ser isotónico (dinâmico),
aeróbio, de resistências inicialmente baixas e com aumento
progressivo, de intensidade moderada e limitada pela dispneia, pela
fadiga e pela dor, procurando atingir valores próximos do limiar
anaeróbio e envolvendo o maior número de grupos musculares.
Parece ter benefícios superiores quando iniciado precocemente.
Uma vez mais o modelo do ratinho transgénico utilizado parece não
ser o mais adequado e não somente por corresponder apenas à
mutação SOD1. Pelo contrário, o desenvolvimento neuromuscular
do ratinho é muito dispar do do Homem e os programas de treino
não são passíveis de ser reproductíveis em voluntários saudáveis
ou em doentes, quer relativamente ao tipo de exercício prescrito,
quer relativamente à intensidades e durações de treino, quer ao seu
início em fases pré-sintomáticas, pré-diagnóstico. Apesar de
logisticamente mais complicado, talvez fosse mais adequado o seu
estudo em outros modelos animais mais próximos do Homem,
nomeadamente no macaco.
146
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica Capítulo 2 œš A Insuficiência Respiratória na
Esclerose Lateral Amiotrófica
2.A. A dinâmica ventilatória
A ventilação é o processo fisiológico mediante o qual o ar
entra e sai dos pulmões permitindo as trocas gasosas a nível
alveolar e, em última análise, assegurando a respiração celular.
Enquanto que a respiração celular (interna) se reporta ao conjunto
de mecanismos que envolvem a perfusão, a difusão e o
metabolismo celulares, a respiração pulmonar (externa) é um
complexo conjunto de mecanismos que envolvem a ventilação, a
difusão e a perfusão pulmonares, visando a oxigenação sanguínea
e a homeostasia ácido-base. É possível pelo funcionamento
coordenado das vias aéreas superiores (VAS), da caixa torácica e
dos músculos respiratórios, na dependência de um controlo central,
e com características específicas em situações particularmente
exigentes como o sono e o exercício.
2.A.1. A inspiração
A inspiração é um processo sempre activo, na dependência
dos músculos inspiratórios, especialmente do diafragma. Este
extenso músculo estriado esquelético tem a forma de duas hemi147
Susana Pinto abóbadas, sendo constituído pelo centro frénico, fibroso, de
localização central e por duas cúpulas musculares. Estas são
formadas
por
características
uma
porção
particularmente
crural,
pouco
insercionais
extensa,
(sobre
os
com
corpos
vertebrais de L1-L2/3), enquanto que a sua extensa porção costal
tem importantes características funcionais (Celli, 1969). O diafragma
é inervado pelo nervo frénico, cujo núcleo medular, motor, de
localização interna e extendendo-se de C3 a C5, se dispõe
imediatamente para fora dos núcleos motores responsáveis pela
inervação da musculatura axial (Routal e Pal, 1999a; Routal e Pal,
1999b). A contracção do diafragma pode ser tónica (relevante para
a postura), ou fásica (responsável pela eficácia inspiratória).
Contudo, a força de contracção diafragmática não é constante,
adequando-se à intensidade da actividade requerida, segundo uma
norma de economia muscular. A pressão transdiafragmática
máxima (Pdi máx) registada durante a respiração espontânea
corresponde apenas a 12% da força de contracção diafragmática
máxima (pelo recurso apenas a fibras musculares de tipo I), mas
assegurando cerca de 75% da alteração do volume torácico
ocorrido. Os valores de Pdi máx sobem para 50% durante a oclusão
total das VAS, como acontece durante a realização das provas de
função respiratória (PFR). Apenas durante a tosse e o vómito é que
a Pdi máx corresponde a 100% da capacidade contráctil do
diafragma (Corne e Bshouty, 2005; Krimsky e Leiter, 2005; Lumb,
2000). A contracção dos feixes costais e crurais do diafragma é
responsável pelo abaixamento do centro frénico, condicionando o
achatamento do diafragma, com consequente aumento do diâmetro
vertical da caixa torácica. Num segundo tempo, a contracção dos
feixes costais, tomando como ponto fixo o centro frénico apoiado
sobre as vísceras abdominais, é responsável pela rotação,
afastamento e elevação das costelas inferiores e com consequente
148
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica aumento dos diâmetros ântero-posterior e transversal da caixa
torácica. O aumento progressivo da pressão intra-abdominal,
transmitida pela zona de aposição do diafragma, permite igualmente
a
expansão
torácica
inferior,
especialmente
lateral.
Pelo
relaxamento progressivo da musculatura ântero-lateral da sua
parede, o abdómen faz procidência, actuando sinergicamente com
o diafragma. Desta forma, ocorre uma diminuição da pressão
pleural (Ppl) e da pressão intratorácica, com consequente
insuflação pulmonar.
Durante a respiração espontânea, o diafragma desloca-se
cerca de 1,5 cm, valor que pode atingir os 6-10 cm para esforços
máximos. (Corne e Bshouty, 2005; Lumb, 2000; Celli, 1969).
Estudos
de
reconstituição
tridimensional
computacional
do
diafragma (Figura 1) a partir do modelo do cadáver permitiram
determinar a variação do posicionamento do diafragma durante a
respiração espontânea assim como o volume mobilizado, quer em
indivíduos saudáveis, quer em doentes com patologia. Na ELA, em
que a perda de inervação é randomizada em ambas as
hemicúpulas, haveria uma diminuição de 306cm3 se houvesse uma
perda de 50% de unidades motoras (UM), que seria de apenas
196cm3 no caso da parésia unilateral total de uma das hemicúpulas
diafragmáticas, com perda respectiva do deslocamento axial
máximo do diafragma de 5.55mm e 5.74mm (em situação normal de
564cm3 e 1.06cm) (Pato et al., 2010).
149
Susana Pinto A
B
C
D
Figura 1. Representação tridimensional computacional do diafragma.
A: No final da expiração;
B: Na inspiração máxima;
C: Na inspiração máxima no modelo da ELA;
D: Na inspiração máxima no modelo da lesão completa unilateral do nervo
frénico direito. (in Pato et al., 2010)
150
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica Os
músculos
intercostais
externos
são,
tal como
o
diafragma, músculos inspiratórios (Taylor, 1960). Apresentam uma
disposição característica, com direcção oblíqua para cima, para trás
e para fora. A contracção destes músculos durante a inspiração é
responsável pela ascenção das costelas e do esterno contribuindo
para o aumento do volume torácico e diminuição da pressão intratorácica. De notar ainda o papel sinérgico da porção intercartilagínea dos músculos intercostais internos, com orientação
oblíqua para cima, para diante e para dentro que, para além de
contribuir para a ascenção das costelas e consequente aumento do
volume torácico, permite a estabilização das cartilagens costais (de
Troyer e Sampson, 1982).
Os músculos inspiratórios acessórios são responsáveis pela
elevação das costelas superiores (respiração costal superior) com
aumento do volume torácico. Estabilizam as costelas superiores e o
esterno. É provável que, durante a respiração em repouso, na
posição de sentado ou ortostática, os músculos escalenos (anterior,
médio e posterior) sejam também activados. (Corne e Bshouty,
2005; Lumb, 2000). Para esforços inspiratórios mais intensos
assiste-se ainda ao recrutamento de outros músculos inspiratórios
acessórios, nomeadamente dos músculos SCM, trapézio (Trap) e
grande peitoral (Corne e Bshouty, 2005; Lumb, 2000). Estes
músculos, assim como os escalenos, são capazes de manter uma
ventilação adequada em repouso em patologias que condicionem
parésia diafragmática.
O gradiente de pressão entre o interior da caixa torácica,
negativa, e o ar ambiente (pressão atmosférica) possibilita o fluxo
de ar desde o ambiente até aos pulmões (alvéolos pulmonares), ou
seja, a inspiração.
151
Susana Pinto 2.A.2. A expiração
Tal como na inspiração, a expiração consiste num fluxo de
ar, mas de sentido oposto, entre os alvéolos pulmonares e o meio
ambiente. É gerado pelo gradiente de pressões entre a pressão
intra-torácica (positiva) e a pressão atmosférica e permite a
eliminação de CO2 por via respiratória. A expiração é geralmente um
fenómeno passivo que resulta do relaxamento da musculatura
inspiratória, da retracção da grelha costal e da diminuição da
compliance pulmonar. Ao contrário da expiração expontânea, a
expiração
forçada
é
um
fenómeno
activo,
possível
pelo
recrutamento dos músculos expiratórios, nomeadamente dos
músculos intercostais internos, da musculatura da parede ânterolateral do abdómen e também do músculo intertransversário do
esterno (Ewing et al., 1996). Os músculos intercostais internos,
localizados entre as costelas, têm uma direcção obliqua para cima,
para diante e para dentro. São responsáveis pelo abaixamento das
costelas e sua estabilização, com diminuição do volume torácico e
aumento da pressão intra-torácica. O músculo inter-transversário do
esterno, ao contrair, é responsável pelo abaixamento da porção
anterior das 2ª a 6ª costelas (onde se insere e tomando como ponto
fixo a sua inserção na porção inferior da face posterior do esterno) e
tem um papel importante na tosse. Os músculos da parede ânterolateral do abdómen (grande recto do abdómen, grande oblíquo,
pequeno oblíquo e transverso do abdómen), têm importantes
funções postural, expiratória e, inclusivamente, inspiratória. Durante
a expiração activa, permitem a tosse e o espirro, em que é
necessário um fluxo expiratório de 40 L/ min. A geração deste fluxo
é possível pelo aumento da pressão intra-abdominal resultante da
contracção dos músculos referidos associada ao encerramento da
152
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica glote, com consequente subida do diafragma e aumento da pressão
intra-torácica. Quanto ao seu contributo inspiratório, os músculos da
parede ântero-lateral do abdómen asseguram, como referido no
ponto anterior, a tonicidade da parede abdominal, necessária para a
eficácia do segundo tempo da contracção diafragmática. São ainda
responsáveis pela elevação da posição de repouso do diafragma,
que adquire uma curvatura mais fisiológica e funcionalmente mais
eficaz. Ao diminuir o volume pulmonar abaixo da capacidade
funcional residual (CFR) condicionam
ainda
um
movimento
inspiratório passivo.
2.A.3. As vias aéreas superiores
As VAS intervêm em quatro importantes funções que se
repercutem na ventilação - a humidificação, o aquecimento, a
filtração do ar inspirado e a condução do fluxo respiratório de e para
os pulmões. De forma a que esta se processe com normalidade e,
especialmente, para que não haja passagem do bolo alimentar quer
no sentido rostral para a cavidade nasal quer no sentido caudal
para a traqueia (pela partilha de orgãos pelos sistemas respiratório
e digestivo), é fundamental o bom funcionamento da musculatura
das VAS, nomeadamente da faringe e da laringe. O véu do paladar
é uma estrutura basculante muscular, que encerra a comunicação
entre a oro e a nasofaringe nos movimentos de deglutição e
fonação, evitando a regurgitação nasal e a normalidade da
ressonância vocal. A faringe é uma estrutura tubular, cujas paredes
são constituídas por um conjunto de músculos estriados, num
arranjo complexo. Estes músculos evitam o colapso da faringe, em
particular durante o sono, quando a hipotonia muscular é um
fenómeno indissociável e responsável pelo aumento fisiológico da
153
Susana Pinto resistência das VAS. O colapso resultante da fraqueza destes
músculos origina apneias ou hipopneias obstrutivas durante o sono
(van Lunteren e Strohl, 1986). A laringe prolonga a faringe no
sentido caudal, sendo constituída por estruturas cartilagíneas,
músculos e ligamentos, que protegem as vias aéreas inferiores
(VAI) durante a respiração e a deglutição. É no seu interior que se
encontram as cordas vocais. Durante a deglutição, a epiglote e as
cordas vocais encerram as VAI, impedindo a aspiração de alimento.
Durante a respiração, assiste-se à abdução das cordas vocais,
possibilitando a passagem do fluxo de ar. De referir ainda que a
produção do som, que ocorre durante a expiração, é possível pela
tensão gerada nas cordas vocais.
2.A.4. O controlo da ventilação
4.a) Controlo Cortical
A ventilação é um acto automático, não-voluntário. Contudo,
a frequência e a amplitude dos movimentos respiratórios podem ser
voluntariamente alteradas em actividades como o falar e o cantar.
Este controlo está dependente de um centro respiratório, que
recebe aferências corticais das áreas pré-motora (APM) e
suplementar motora (ASM) (Corne e Bshouty, 2005; Krimsky e
Leiter, 2005). Trata-se de uma via monossináptica de condução
rápida, constituída por um primeiro e um segundo neurónios
motores, o que facilmente pode ser confirmado por estudos de TMS
(Lissens, 1994). Este método estimula de forma preferencial, transsinapticamente, a via córtico-espinhal monossináptica. Através dele
é possível obter uma resposta motora do diafragma, pela excitação
dos neurónios motores localizados na sua área de representação
154
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica cortical. Outros métodos evidenciam a existência de uma via
voluntária do controlo ventilatório nomeadamente os métodos de
neuro-imagem, como a PET (Fink et al. 1996) e a RMN funcional
(Evans et al. 1999). Em vários destes estudos confirma-se a
presença de hiperactivação de áreas como o córtex motor primário,
as áreas pré-motora (APM) e suplementar motora (ASM), assim
como de outras regiões, nomeadamente a nível do lobo parietal.
4.b) Controlo Metabólico – O centro respiratório
Quando o controlo volicional do indivíduo diminui ou
desaparece, como acontece durante o sono, a respiração fica
totalmente assegurada por um sistema de controlo involuntário,
automático, cuja resposta se adequa a estímulos periféricos,
principalmente metabólicos mas também mecânicos. Localizados
nos seios carotídeos e no arco aórtico, os quimioreceptores
periféricos são particularmente sensíveis a alterações da pressão
parcial de oxigénio no sangue (PaO2), mas também a alterações da
pressão parcial de dióxido de carbono (PaCO2), de pH e de
perfusão (Corne e Bshouty, 2005; Krimsky e Leiter, 2005). Os
quimioreceptores centrais, localizados ao nível do bulbo raquidiano,
são especialmente sensíveis a alterações da PaCO2 e do pH. Deste
modo, a diminuição da PaO2, o aumento da PaCO2, a diminuição do
pH e a hipoperfusão constituem os estímulos geradores da
necessidade de uma adequação do ritmo ventilatório (Berger et al,
1977; Duffin, 2004). O mesmo sucede relativamente a alterações da
distensibilidade
torácica
(nomeadamente
a
sua
expansão
excessiva), detectadas pelos mecanorreceptores localizados ao
nível da caixa torácica. (Krimsky e Leiter, 2005; Manning e
Schwartzstein, 1995). O centro respiratório que assegura, de forma
automática, a ritmicidade ventilatória localiza-se no bulbo raquidiano
e
recebe
as
aferências
provenientes
dos
quimioreceptores
155
Susana Pinto periféricos e centrais. (Corne e Bshouty; Duffin, 2004). É constituído
por duas porções – uma anterior e lateral e a outra posterior e
mediana. A porção ântero-lateral constitui o núcleo respiratório
anterior. Este núcleo está na proximidade do núcleo ambíguo e
recebe as aferências deste provenientes dos nervos glosso-faríngeo
e pneumogástrico, que conduzem a informação periférica dos
corpúsculos localizados, respectivamente, nos seios carotídeos e
no arco aórtico. Na realidade, o núcleo respiratório anterior tem uma
organização complexa em sub-núcleos (Botzinger, Pré-Botzinger,
superior, intermédio e inferior), dos quais o Pré-Botzinger assume
um papel de destaque. Assume-se que possa ser o gerador do
ritmo respiratório, possível pelas características da membrana
destes neurónios, em particular pela evolução do potencial de
membrana
ao
longo
do
tempo.
Tem,
igualmente,
células
especializadas na interpretação dos valores de PaCO2 e de pH do
líquor que contacta com aquelas células. Deste núcleo partem fibras
eferentes que influenciam os neurónios do núcleo respiratório
posterior, também em conexão com o núcleo do feixe solitário. O
feixe motor retículo-espinhal tem origem no núcleo posterior, ou
neste e no núcleo anterior. Trata-se de uma via oligossináptica, de
condução mais lenta, com trajecto no cordão anterior da medula,
que termina ao nível do núcleo do nervo frénico, responsável pela
contracção do diafragma. (Corne e Bshouty, 2005; Krimsky e Leiter,
2005; Duffin, 2004; Lumb, 2000). De notar ainda a existência de um
centro pôntico a que chegam as aferências provenientes dos
mecanorreceptores
torácicos
mas
cuja
importância
é,
provavelmente, diminuta. Acredita-se que este centro tenha um
papel de “refinamento” do ritmo respiratório. (Krimsky e Leiter, 2005;
Lumb, 2000).
156
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica 2.A.5. O sono e a mecânica ventilatória
O sono, assim como o exercício, é particularmente exigente
para a função respiratória. Mesmo em indivíduos saudáveis,
observa-se um ligeiro aumento da PaCO2 (3-7 mmHg) e uma
diminuição da SaO2 (cerca de 2%) durante este período (Perrin et
al., 2007). Vários mecanismos parecem estar envolvidos, como o
aumento da resistência das VAS, a menor eficácia da contracção
diafragmática em decúbito dorsal pela pressão das visceras
abdominais sobre o diafragma e a perda do factor adjuvante da
gravidade, a hipotonia dos músculos intercostais externos e
acessórios da inspiração, a redução das necessidades metabólicas
e a redução dos estímuos centrais, a menor sensibilidade central à
hipercapnia, à hipoxemia e a estímulos aferentes mecânicos (Perrin
et al., 2007; Piper, 2002). Na fase REM do sono ocorre atonia
muscular da quase totalidade dos músculos estriados esqueléticos,
pela hiperpolarização tónica dos neurónios motores espinhais.
Contudo, alguns músculos mantêm a capacidade de contracção
(como os músculos extra-oculares), o que caracteriza esta fase.
Também as unidades motoras fásicas do diafragma continuam
activas, enquanto que as unidades tónicas são inibidas. Desta
forma, a respiração na fase REM fica completamente dependente
do esforço diafragmático, sem o auxílio dos músculos inspiratórios
acessórios (Perrin et al., 2007). Doenças que afectem a força
muscular do diafragma podem cursar com hipóxia na fase REM, por
parésia e fadiga diafragmáticas. Movimentos paradoxais da caixa
torácica ocorrem se houver parésia dos músculos da caixa torácica
com preservação diafragmática, deformidades da parede torácica
ou orofaciais acompanham-se de aumento da resistência das VAS
enquanto que a hipotonia muscular pode condicionar eventos
157
Susana Pinto obstrutivos no caso de envolvimento predominante dos músculos da
orofaringe (Perrin et al., 2007; Mezon et al., 1980). O ciclo torna-se
vicioso
quando
a
descompensação
respiratória
resultante
condiciona maior fadiga muscular. Finalmente a hipóxia alveolar
crónica conduz a hipertensão pulmonar (HT) e a cor pulmonale.
Adicionalmente, secreções, cãibras, queixas álgicas, dificuldade na
mobilização, ansiedade e depressão associam-se àqueles factores
para perturbar o sono.
O estudo do sono consiste no registo poligráfico durante o
sono, no período nocturno, de vários sinais fisiológicos, daí a
designação
de
polissonografia
(PSG).
Os
sinais
registados
permitem a avaliação dos estadios do sono, a identificação de
alterações ventilatórias durante o sono (apneias/ hipopneias) e
documentação de alterações do sono secundária a essas
alterações ventilatórias, assim como a avaliação da repercussão
cardíaca de eventuais apneias/ hipopneias. A monitorização inclui a
realização
de
electroencefalografia
(EEG),
electro-oculografia
(EOG), electrocardiografia (ECG) e EMG com registo mentoniano, a
avaliação do fluxo aéreo (ao nível do nariz e boca) e do esforço
ventilatório, o registo da SpO2 por OPN e a avaliação da posição
corporal e de movimentos dos membros (com possibilidade de
registo por EMG). Utilizam-se ainda câmeras de vídeo de baixa
luminosidade ou de infra-vermelhos para registo visual (AARC,
1995).
158
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica 2.B. Condicionantes da função respiratória na
Esclerose Lateral Amiotrófica –
A fraqueza e a fadiga respiratórias
Na ELA, a fraqueza muscular é particularmente evidente nos
grupos musculares dos membros. Contudo, também os grupos
musculares bulbares, axiais e respiratórios podem ser envolvidos. A
fraqueza dos músculos respiratórios é responsável pela génese da
IR, a principal causa de morte dos doentes com ELA (Braun, 1987).
Apesar desta ocorrer geralmente em consequência da evolução da
doença, a sua instalação é muitas vezes precoce podendo,
inclusivamente, ser a sua forma de apresentação (Braun, 1987; de
Carvalho et al, 1996; Chen et al, 1997). A sua presença é um factor
decisivo no prognóstico da doença (Fallat et al, 1979; Walling,
1999). Esta falência depende fundamentalmente da desinervação
do diafragma, como indicado em estudos electromiográficos (Braun,
1987; de Carvalho et al., 1996; Chen et al., 1997), com consequente
incapacidade de gerar pressões negativas inspiratórias adequadas
à manutenção da ventilação pulmonar. Pode também haver um
envolvimento de músculos inspiratórios acessórios, incluindo os
músculos intercostais e paravertebrais (Miller et al., 1999). A
fraqueza
dos
músculos
expiratórios
traduz-se
numa
tosse
ineficiente, com incapacidade de eliminar secreções e consequente
acumulação de expectoração, e aumento da susceptibilidade a
infecções respiratórias (Haverkamp et al., 1995). A aspiração de
secreções
(incluindo
saliva)
e/ou
alimentos,
decorrente
de
alterações do reflexo da tosse e disfagia ou por diminuição da
compliance pulmonar, contribuem igualmente para o agravamento
clínico (Braun, 1987; Kaplan e Hollander, 1994). A IR pode ser
também condicionada pela disfunção do centro respiratório, se não
como factor desencadeante, pelo menos como factor resultante do
159
Susana Pinto ciclo vicioso instalado pela hipóxia, hipoventilação e hipercapnia.
Após a hiperactividade inicial, provável compensação central da
deficiência ventilatória periférica, advém depressão do centro
respiratório aquando da instalação de hipercapnia, ocorrendo as
primeiras manifestações da mesma no período nocturno com
desaturações durante o período REM (Braun, 1987; Kaplan e
Hollander, 1994; Pinto et al., 1999).
Para além da fraqueza, verifica-se igualmente um aumento
da fatigabilidade muscular (Sharma et al., 1995; Sanjak et al.,
2001), assunto pouco estudado nas doenças neuromusculares em
geral, e na ELA em particular. A fadiga muscular esquelética é
definida como a diminuição da capacidade das fibras musculares
esqueléticas em gerar força e/ ou velocidade mantidas, reversível
pelo repouso (Haverkamp et al., 1990). A noção de que a fadiga
muscular pode ter uma origem central ou periférica já existia nos
finais do séc.XIX ocorrendo, respectivamente, por falência central
ou periférica (Edwards et al, 1995). Pode ocorrer a vários níveis:
impulsos excitatórios para e no cortex motor, comando motor
excitatório, condução neuronal e influências sinápticas, transmissão
neuromuscular,
excitabilidade
excitação-contracção,
sarcoplasmática,
mecanismos
contrácteis
acoplamento
e
suprimento
energético metabólico (Bigland-Ritchie, 1981). Operacionalmente,
para além da fadiga central, consideram-se dois tipos de fadiga
periférica – a verificada para altas frequências (50-100Hz), por
limitação da transmissão neuromuscular (Aldrich 1987; Aldrich
1988), e a para baixas frequências (1-20Hz), por limitação da
excitação–contracção muscular (Bazzy e Donelly, 1993). Na ELA, é
importante a consideração quer da fadiga central quer da periférica
(Thomas e Zijdewind, 2006). A presença de alterações dos padrões
de activação motora nas áreas motoras corticais (Konrad et al.,
2002), do comando voluntário (Sharma et al, 1995, Kent-Braun et al,
160
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica 1998; Kent-Braun e Miller, 2000; Nardone et al, 2005) e da
velocidade de condução centrais (Attarian et al., 2005; Kaufmann et
al., 2004; Komissarow et al, 2004; Mills e Nithi, 1998; Sanjak et al.,
2004) são factores potenciadores de uma eventual fadiga central
nesta doença, em especial aquando da realização de contracções
repetidas ou mantidas. A nível periférico, a desinervação muscular
parcial presente e a reinervação colateral (Buchthal et al, 1950;
Buchthal et al, 1953; Sobue et al, 1983; Terao et al, 1994; Sharma
et al, 1996) são factores predisponentes da fadiga. Na verdade,
grandes UM remanescentes são incapazes de gerar força
proporcional ao seu tamanho (Dengler et al, 1990). Como factor
favorável à maior resistência à fadiga observa-se marcada perda de
fibras musculares tipo II (não somente pela sua desinervação, como
pela reinervação proveniente dos pequenos neurónios motores que
inervam fibras de tipo I), do que resulta predomínio das fibras de
tipo I, aeróbias e resistentes à fadiga (Sanjak et al, 2004). Uma
hipótese recente para a maior fadiga face à esperada é a
inexistência de recrutamento selectivo das fibras musculares,
segundo o princípio de Henneman, sendo as fibras musculares tipo
II remanescentes recrutadas desde o início, conjuntamente com as
de tipo I (Sanjak et al, 2004; Schmied et al, 1999). Por outro lado, a
alteração na condução eléctrica pela membrana sarcoplasmática e
pelas tríades T poderá ser favorável à resistência à fadiga (Buchthal
et al, 1953), com alteração ao nível da excitação-contracção
musculares (Thomas et al, 2006, Sharma et al. 1996) e da
regulação do cálcio (Lenman et al, AJR 1989).
A fraqueza e a fadiga musculares respiratórias contribuem
para a hipoventilação, dispneia e maior susceptibilidade a infecções
respiratórias, para o descondicionamento muscular e a atrofia de
desuso. Estas alterações não se limitam aos músculos respiratórios
mas atingem os restantes grupos musculares, cuja fadiga e
161
Susana Pinto fraqueza são agravadas pelas primeiras (por menor aporte de
oxigénio e menor tolerância ao esforço). Consequentemente, ocorre
diminuição da funcionalidade e da qualidade de vida dos doentes
com ELA.
162
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica 2.C. Avaliação laboratorial da função respiratória
na Esclerose Lateral Amiotrófica
No intuito de melhor compreender a dinâmica ventilatória na
ELA, foram realizados vários estudos descritos nos Capítulos 3 e 4.
Nestes trabalhos, foi avaliado o envolvimento de músculos
respiratórios em doentes com ELA, através da realização dos testes
respiratórios
convencionais
e
de
técnicas
neurofisiológicas
especifícas. De forma a simplificar a descrição dos trabalhos
efectuados, decidiu-se detalhar, no presente capítulo, a metodologia
empregue para a avaliação da função respiratória na população de
doentes com ELA estudada, fazendo-se igualmente referência aos
conhecimentos científicos que suportam a sua realização.
As Provas de Função Respiratória (PFR) são o exame
complementar de diagnóstico mais frequentemente requisitado para
avaliação da função respiratória, existindo critérios padronizados
para a sua realização. Consistem na realização espirométrica e
pletismográfica no intuito de determinar volumes e débitos
respiratórios, bem como das pressões respiratórias. Outras provas
podem
ser
realizadas,
como
as
provas
de
provocação
(broncoconstrição, pela utilização de agentes irritantes), ou as de
broncodilatação (geralmente pela inalação de salbutamol), bem
como de estudos da difusão (pelo recurso a gases inertes). Dos
vários
parâmetros
determinados,
destacam-se
na
avaliação
respiratória de doentes com patologia neuromuscular a Capacidade
Vital (CV) e a Capacidade Vital Forçada (CVF), a Pressão
Inspiratória Máxima (MIP) a Pressão Expiratória Máxima (MEP), a
pressão de encerramento labial aos primeiros 100 ms (P0.1) e a
Ventilação Voluntária Máxima (VVM). Para além das PFR, outros
exames são importantes nos doentes com ELA, nomeadamente a
pressão inspiratória nasal máxima durante um sniff (SNIP), a
163
Susana Pinto gasometria arterial, a OPN e a PSG, assim como os estudos
neurofisiológicos dos músculos respiratórios.
2.C.1. Capacidade vital e Capacidade vital forçada
A CV é o parâmetro funcional respiratório mais antigo,
definido por Hutchinson em 1986 (Lumb, 2000) como o volume de
ar que pode ser mobilizado entre uma inspiração e uma expiração
máximas. Pode ser também calculado parcelarmente, quando
existe dificuldade na colaboração do indivíduo, já que é igual ao
somatório do Volume Corrente (VC), do Volume de Reserva
Inspiratória (VRI) e Volume de Reserva Expiratória (VRE).
Representa cerca de 65-75% da Capacidade Pulmonar Total (CPT),
sendo o seu valor normal quando superior a 75-80% do valor
predito (valor calculado de acordo com a idade, o sexo e a altura,
segundo a Comissão Europeia do Carvão e do Aço- CECA, Quanjer
et al. 1993) e correspondendo a cerca de 4800 ml. É usado como
índice da capacidade de distensão pulmonar, estando dependente
da colaboração do indivíduo e variando com a idade e o sexo, a
altura, o peso e a posição corporal (menor em decúbito). Valores
normais não excluem a presença de patologia mas se diminuído é
patológico (desde que com boa colaboração do doente). A CV e a
CVF são os parâmetros mais frequentemente avaliados em doentes
com fraqueza da musculatura respiratória (Gibson et al, 2002).
Ambas avaliam o volume de ar expirado durante uma expiração
realizada a partir do volume residual (VR), diferindo quanto à
velocidade atingida pelo fluxo de ar expirado (a CV é realizada de
forma lenta, enquanto que a CVF é realizada de forma forçada).
Quer a CV quer a CVF são técnicas acessíveis, fáceis de realizar e
com elevada reprodutibilidade (Gibson et al, 2002). Nos doentes
164
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica com fraqueza muscular respiratória são limitadas não somente pela
fraqueza dos músculos inspiratórios (que impede a insuflação
máxima) e expiratórios (que limita a expiração máxima), mas
também pela redução das compliances pulmonar (Gibson et al,
1977) e da caixa torácica (Estenne et al, 1983). Comparativamente
com a determinação das pressões respiratórias máximas, a CV e a
CVF são menos sensíveis nas fases iniciais da ELA. No entanto,
durante a progressão da doença, dada a relação curvilínea com a
MIP, ocorrem variações mais acentuadas na CV e CVF para
pequenas variações da MIP (de Troyer et al, 1980). Ambos os
parâmetros são sensíveis na avaliação da progressão da fraqueza
respiratória moderada a grave em doentes com fraqueza muscular
progressiva (Gibson et al, 2002), sendo a taxa do seu declínio
preditiva da sobrevivência em doentes com distrofia muscular de
Duchenne (Phillips et al, 1997). Na ELA, a CVF é considerada como
o teste que melhor se relaciona com os sintomas respiratórios.
Valores preditos de CVF mais elevados foram associados a
sobrevidas mais longas, sendo um factor preditor independente de
sobrevida (Bensimon et al 1994; Cudkowicz et al, 2003; Lacomblez
et al, 1996b; Moore et al, 2003; Stambler et al, 1998; Traynor et al,
2004). Num estudo observacional de uma grande série de doentes
(1034 doentes com ELA), a sobrevida média dos doentes com
valores à entrada de CVF<75% foi inferior à dos com CVF>75%,
independentemente do tratamento médico, apoiando a hipótese que
um valor isolado à entrada de CVF é preditivo de sobrevida
(Czalinspzy et al. 2006). Outros estudos confirmam que o valor da
redução da CVF por unidade de tempo é um factor preditor de
sobrevida (Fallat et al, 1970; Chiò et al, 2002; Magnus et al, 2002).
De referir ainda que a redução superior a 25% da CV predita
quando determinada em posição de decúbito relativamente à
posição de sentado indica fraqueza diafragmática (Lechtzin, 2002).
165
Susana Pinto 2.C.2. Pressões inspiratória e expiratória máximas
A
avaliação
da
força
muscular
diafragmática
era
tradicionalmente realizada de forma invasiva, envolvendo a
determinação da pressão transdiafragmática (Pdi) (Miller et al,
1985), sendo a pressão esofágica (Pes) uma medida da força
inspiratória global correlacionada com a Pdi (Laroche et al, 1988).
Contudo, estas medidas são invasivas, morosas e apenas
realizadas em alguns centros, sendo pouco adequadas para o
seguimento dos doentes. Desta forma, e a par da CVF, a avaliação
da força muscular respiratória é geralmente feita pela medição da
MIP e da MEP, determinadas ao nível da boca, contra uma oclusão
quase completa (Black e Hyatt, 1969). Realiza-se, respectivamente,
esforço inspiratório máximo (manobra de Mueller) próximo do
volume residual (VR) e esforço expiratório máximo (manobra de
Valsalva) próximo da CPT (Green et al, 2002). Nos doentes com
patologia neuromuscular, a fraqueza dos músculos respiratórios é a
principal condicionante da restrição respiratória existente, podendo
ser proeminente mesmo quando os volumes pulmonares ainda são
praticamente normais (Black e Hyatt, 1971). O declínio progressivo
da MIP permite a avaliação da fraqueza e fadiga respiratórias
(Supinski et al, 2002), tendo sido referenciado pela primeira vez por
Cohen et al. (Gross et al, 1979), em doentes com IR e naqueles em
que o desmame ventilatório não era conseguido. Também já foi
documentado pelo recurso à aplicação de cargas externas à
respiração (Aldrich, 1988), durante a hiperpneia voluntária máxima
(Bai et al, 1984), durante a maratona (Loke et al, 1982) e o parto
(Nava et al, 1992). Contudo, a interpretação dos valores de MIP e
de MEP é difícil, não quando normais mas quando inferiores a 60%
do valor predito (Hautmann et al, 2000), especialmente a
valorização da sua diminuição progressiva no percurso natural
166
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica destas patologias (Polkey et al, 1995). Podem resultar de um
recrutamento muscular incompleto (ultrapassável pelas técnicas de
interpolação “twich”) e de fugas de ar em torno do bucal se houver
fraqueza
da
musculatura
orofacial,
para
além
de
estarem
dependentes da motivação, cooperação e coordenação dos
doentes (Polkey et al, 1995; Syabbalo, 1998).
2.C.3. A pressão inspiratória máxima nasal durante um
sniff (SNIP)
Em 1994, Héritier et al. (1994) descreveram uma técnica
não-invasiva para a determinação da força muscular inspiratória,
em que a pressão nasal é medida numa narina ocluída durante uma
inspiração máxima pela narina contralateral, a partir da capacidade
residual funcional (CRF). Em indivíduos saudáveis esta técnica,
denominada de SNIP, é de fácil realização, com valores geralmente
mais elevados do que os obtidos para a MIP (Uldry et al. 1995),
mas de reprodutibilidade sobreponível (Maillard et al. 1999) (com
coeficiente de variação de 6%). É sensível na confirmação de
fraqueza muscular inspiratória em patologias várias (Huges et al.
1998), incluindo para as doenças neuromusculares (Stefanutti et al.
2000). Nestas, é sempre possível de realizar, tendo valores
absolutos superiores aos obtidos para a MIP, apesar de não
apresentar diferenças significativas. Contudo, as duas técnicas,
apesar da correlação existente, são complementares e não intersubstituíveis (Stefanutti et al., 2000). Durante a SNIP, o esforço
gerado é balístico enquanto que na MIP é mantido e, por outro lado,
o padrão de recrutamento muscular diafragmático é superior no
caso da SNIP (Nava et al., 1993; Pinto et al., 2009a), resultando em
Pdi superiores.
Para alguns autores, a sensibilidade da SNIP é
167
Susana Pinto superior à da MIP na avaliação da progressão da fraqueza muscular
inspiratória na ELA, e de realização mais fácil (Fitting et al., 1999).
Quando há envolvimento bulbar, a correlação entre os valores da
SNIP e da CV é menor, atribuído a dificuldades no encerramento da
cavidade oral, ao colapso das vias aéreas superiores e a dispraxia
das musculaturas das vias aéreas superiores e inferiores, que
condicionam
anteriormente.
também
Quando
os
valores
não
houver
da
MIP,
como
envolvimento
referido
bulbar,
a
correlação é elevada, podendo haver, no entanto, alterações da
SNIP para valores de CV normais (Chaudry et al., 2000). Enquanto
que na descrição inicial (Héritier et al., 1994) se preconiza a
realização de 10 determinações, 5 em cada narina, cada uma
intervalada da anterior em 30s, um estudo recente aconselha a
realização de 10 determinações adicionais quando os valores
obtidos estiverem diminuídos ou se se pretender o seguimento da
fraqueza da musculatura inspiratória, considerando-se sempre o
valor mais elevado (Lofaso et al., 2006). Apesar de ter valor na
determinação da fraqueza muscular, ainda não foi estabelecida a
sua utilidade na avaliação da fadiga (Supinski et al., 2002). A SNIP
mostrou ser um parâmetro sensível como preditor de sobrevida em
doentes com ELA (Morgan et al., 2005), embora na nossa
experiência tenha uma menor variação em estudos longitudinais na
ELA, quando comparado com outros testes da função respiratória
como a CVF ou a amplitude de resposta do nervo frénico (Pinto et
al., 2009b).
2.C.4. Ventilação voluntária máxima (VVM)
A ventilação voluntária máxima (VVM) avalia o volume de ar
mobilizado durante inspirações e expirações máximas, realizadas
168
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica durante 12 segundos, com correcção posterior para um minuto.
Tecnicamente, é pedido ao doente que respire o mais rápido e
profundamente possível durante o período referido, sem carga
extrínseca. É o teste mais fácil para avaliação da resistência dos
músculos respiratórios, dependendo do funcionamento do centro
respiratório voluntário, da resistência das vias aéreas e da força dos
músculos respiratórios (Lavietes et al. 1979; Aldrich et al. 1982). É
um bom indicador da fadiga muscular respiratória mas pode dar
resultados erróneos em doentes com ELA com envolvimento bulbar,
podendo
também
desencadear
o
reflexo
da
tosse.
Sendo
considerado um melhor indicador da fraqueza muscular do que a
CVF na fase inicial da ELA, é um método que exige bastante
esforço por parte do doente e considerado como não sendo um
bom indicador na fase tardia desta doença.
2.C.5. Pressão de oclusão bucal
Definido como a pressão labial gerada 100 ms após um
esforço inspiratório realizado contra a oclusão das vias aéreas, P0.1
reflecte o funcionamento do centro respiratório (Whitelaw et al.,
1975). Na ELA e em outras doenças neuromusculares com
fraqueza muscular respiratória progressiva, é frequente assistirmos
a um aumento compensatório do funcionamento central. Contudo,
este pode deixar de ser eficaz nas fases tardias, dada a exaustão
do centro respiratório, com consequente agravamento clínico
(Johnson et al., 1994). Para este parâmetro é considerado como
normativo o limite inferior de 80% do predito (Fallat et al., 1979;
Gardner et al., 1989).
169
Susana Pinto Para os vários trabalhos apresentados nesta fase, CVF,
MIP, MEP e P0.1 foram realizados pelo mesma clínica respiratória,
independente e cega em relação aos estudos. A espirometria e a
pletismografia
foram
realizadas
pela
utilização
de
três
equipamentos da Jager (dois Jager Masterlab e um Jager
Masterscreen, Erich Jager, GmbH, Wurzburg, Germany, software
4.30 para Windows 98), de acordo com as recomendações da
Sociedade Torácica Americana (ATS) (ATS, 1995). Os valores
preditivos dos parâmetros funcionais pulmonares convencionais
foram calculados pela normalização aos valores de referência
propostos pela CECA (Quanjer et al., 1993). Todos os doentes
foram avaliados na posição de sentado. O melhor de três manobras
expiratórias satisfactórias realizadas após um esforço inspiratório
máximo foi utilizado como o valor do CVF. MIP e MEP foram
igualmente
calculados.
Os
valores
máximos
obtidos
foram
comparados com os valores preditivos de um grupo controlo
comparável quanto a idade, sexo, altura e peso. A VVM foi
determinada no nosso laboratório pela utilização de um espirómetro
(Micro-Quark, Cosmed), quer nas posições de sentado (VVMsit)
quer deitado (VVMlay). Para cada variável, o valor percentual
resultante foi utilizado para análise. A SNIP foi determinada com os
doentes sentados (SNIPsit) e em decúbito dorsal (SNIPlay), pela
medição da pressão inspiratória máxima registada numa narina
ocluída através da colocação do sensor de registo durante a
realização de sniffs pela narina contralateral. Utilizou-se um
aparelho específico da MicroMedical (MicroMedical, Viasys). Foram
considerados os valores máximos de cinco manobras consistentes
realizadas em cada narina. Como não se verificou variação nos
registos obtidos nas duas narinas, foi considerado o valor médio de
ambas [(direito + esquerdo)/2].
170
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica 2.C.6. Gasometria arterial
Na ELA, como em outras patologias neuromusculares,
ocorre frequentemente hipoxémia, não por alterações da difusão,
mas
por
fraqueza
dos
músculos
inspiratórios.
Devido
à
impossibilidade de realização de inspirações profundas e à menor
eficácia da tosse, ocorrem microatelectasias, que, por sua vez,
aumentam o risco de hipoxémia. A oxigenação sanguínea é
avaliada pela interpretação dos valores de PaO2 e pela saturação
de hemoglobina em oxigénio (SaO2).
A avaliação do equilíbrio
ácido-base é possível pela determinação dos valores de pH, da
PaCO2 e do ião bicarbonato (HCO3-). No envolvimento respiratório
de patologias do foro neuromuscular é frequente a ocorrência de
acidose respiratória.
A gasometria arterial foi efectuada em cada doente na
mesma clínica respiratória independente onde foram realizadas as
provas de função respiratória, antes da realização da espirometria e
pletismografia. A colheira foi realizada com os doentes sentados e
respirando o ar ambiente durante, pelo menos, 30 min. A PaO2, a
PaCO2 e o pH foram determinadas pelo recurso a um analizador
automático (ABL 500, Radiometer, Copenhagen, Denmark).
2.C.7. Estudo do sono
As alterações respiratórias do sono são comuns na ELA e
estudos do sono têm sido realizados há várias décadas (Serpick et
al. 1968; Minz et al. 1979; Thorpy et al. 1982; Carre et al, 1988),
sendo a PSG uma indicação formal nesta doença segundo a AARC,
1995. Estas alterações podem ocorrer mesmo em fases precoces
171
Susana Pinto da evolução da doença (Pinto et al, 1999; Kimura et al, 1999) e
precedem, com frequência, a evidência clínica de disfunção
muscular respiratória. De facto, a fraqueza muscular ligeira em
presença da diminuição normal da actividade do centro respiratório
durante o sono pode ser responsável por hipoventilação nocturna
(Labanowski et al, 1996). Em doentes com função diafragmática
preservada (sem alterações nas PFR e com estudos de condução
motora do nervo frénico e EMG agulha do diafragma normal, mas
com alterações na OPN) desaturações ligeiras podem ser
observadas quer na fase REM quer na não-REM espelhando, deste
modo, a disfunção do centro respiratório ou a fadiga dos músculos
respiratórios (Atalaia et al, 2007).
fraqueza
diafragmática
grave,
a
Contudo, em doentes com
presença
de
períodos
de
hipoventilação são acentuados e com maior compromisso na fase
REM (Fergunson et al, 1996; Arnulf et al, 2000).
Os micro-
despertares frequentes e a diminuição ou ausência da fase REM
podem ser mecanismos protectores de um agravamento da
hipoxémia nestes doentes (Arnulf et al, 2000).
Apesar da maior incidência de apneias obstructivas nas
faixas etárias que mais frequentemente predominam nos doentes
com ELA, estas não são mais frequentes nos mesmos que na
população em geral (Partinen e Hublin, 2000). Não parece haver um
risco significativo de apneias-hipopneias obstrutivas quer em
doentes com importante compromisso bulbar, quer em estadios
muito avançados da doença (Fergunson et al., 1996; David et al.,
1997; Arnuf et al., 2000; Kimura et al., 1999; Lyall et al., 2001; Gay
et al., 1991; Minz et al., 1979). Os padrões respiratórios anormais
do sono frequentes na ELA são a hipoventilação não-obstructiva
relacionada com fraqueza diafragmática (Thorpy et al., 1982; Carre
et al., 1988) e, menos frequentemente, hipopneias e apneias
nocturnas centrais ou mistas
172
(Howard, 1989; Arnuf et al., 2000;
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica David et al., 1997; Gay et al., 1991). Estas são predominantes no
sono REM e melhoram com a VNI (Fergunson et al., 1996). As
alterações respiratórias do sono podem ser também devidas a
pertubações
psíquicas,
secreções
brônquicas
excessivas,
engasgamento com saliva e dor (Barthlen e Lange, 2000).
A sobrevida dos doentes com ELA com alterações
respiratórias do sono parece ser menor, apesar de ser incerta a
relevância clínica de desaturações nocturnas ligeiras sem sintomas
respiratórios significativos (Atalaia et al., 2007).
Nos nossos estudos, a PSG incluiu o registo durante 8h de
EEG de oito canais, EMG com registo mentoniano, EOG, ECG,
termistor para registo do fluxo nasal-bucal, bandas para registo do
esforço respiratório torácico e abdominal, OPN, EMG com registo
no músculo tibial anterior e registo de vídeo. Os estadios do sono
foram marcados manualmente. A PSG foi realizada nos dias
seguintes
após
a
OPN,
em
particular
em
doentes
com
dessaturações periódicas e testes respiratórios normais. Pelo
menos três dias antes da PSG os doentes interromperam toda a
medicação com acção ao nível do SNC (como medicamentos com
acção anti-espástica).
2.C.8. Oximetria de pulso nocturna (OPN)
A OPN é um exame não-invasivo que estima os níveis de
saturação da oxihemoglobina geralmente ao nível do leito ungueal
ou do lobo da orelha (SpO2), durante o período nocturno. Os
oxímetros de pulso combinam o princípio da espectrofotometria
(como usada nos hemoxímetros) com a fotopletismografia, que usa
a luz para detectar pequenas variações de volume que ocorrem nos
173
Susana Pinto tecidos vivos durante a passagem de corrente sanguínea pulsátil.
Assenta no princípio de que cada substância tem um padrão único
de absorção da luz, que varia de acordo com a sua concentração
(Lei de Lambert-Beer). Através da emissão alternada de duas
radiações com diferentes comprimentos de onda (vermelha- 660nm
e infra-vermelha- 940nm) a partir de um fotodiodo, é medida a
transmissão da luz através dos tecidos vivos interpostos no sensor,
sendo a intensidade da luz transmitida captada por um fotodetector.
O sinal final é filtrado e amplificado electronicamente e, através de
um microprocessador, é processado e representado gráfica e
numericamente (Scanlan et al. 2003). Para além do registo gráfico
das curvas de saturação média da oxihemoglobina (SpO2mean) e
da frequência cardíaca (FC), cujos valores são igualmente
fornecidos, apresentam valores mínimos de SpO2 (SpO2min), as
percentagens de tempo em que os registos de SpO2 foram inferiores
a 90% (SpO2<90%) ou inferiores a 4% da SpO2mean por hora
(%dips/h>4%).
A sensibilidade dos valores de SpO2mean determinados por
oximetria é elevada, sendo que os valores registados apresentam
uma variação de ± 3-5% em relação aos valores reais, com
aumento da variação à medida que se assiste a uma diminuição da
SpO2mean e considerando-se não sensível para valores de
SpO2mean inferiores a 70%. A OPN é frequentemente utilizada para
monitorização contínua nocturna, durante o sono, dos valores de
SpO2mean, com objectivo diagnóstico ou para monitorização de
terapêutica instituída (como a VNI). A possibilidade de registo da FC
e a integração do padrão da sua flutuação com o padrão de
flutuação da SpO2mean permitem ainda a avaliação do bom
funcionamento do sistema nervoso autónomo, nomeadamente na
resposta adaptativa do aumento da FC aquando das quedas na
SpO2mean (McMorrow et al. 2006).
174
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica Nos doentes com ELA, foi demonstrado que a OPN é
sensível e preditora de sobrevida, sendo que os doentes com
SpO2mean≥ 93% apresentaram sobrevida média de 18.5 ± 1.5
meses, sendo esta de apenas 7.5±1.6 meses para valores inferiores
(Velasco et al., 2002). A OPN é uma técnica simples, não-invasiva e
não dispendiosa que contribui para a avaliação da função
respiratória dos doentes com ELA durante um período de stress
respiratório como o é o sono, sendo um bom método para a
identificação da necessidade de adaptação de VNI nestes doentes
(Pinto et al., 2003). Permite igualmente identificar um conjunto de
doentes com desaturações periódicas nocturnas (definidas pela
presença de quedas superiores a 4% na saturação média da
oxihemoglobina, durante mais de 10 minutos e repetindo-se por
mais de uma vez), apesar de apresentarem testes respiratórios
normais e estudos neurofisiológicos dos músculos respiratórios
revelando integridade dos mesmos (Atalaia et al., 2007; de
Carvalho et al., 2009b). Um subgrupo de doentes com sinais
marcados de envolvimento do UMN apresentava igualmente valores
baixos da razão P0.1/CVF, com pior prognóstico, provavelmente por
disfunção respiratória central (de Carvalho et al., 2009b).
A OPN foi realizada de forma contínua durante o sono em
cada doente, através da utilização de um oxímetro de pulso com
dedeira de infra-vermelhos (Pulsox-3iA e SR-5C, Konica Minolta
Sensing, Osaka, Japan). Os registos digitais da SpO2mean e da FC
foram visualizados num monitor através de uma interface, um cabo
e software adequado para Windows XP (IF-3, I/F e DS-3, Konica
Minolta
Sensing,
Osaka,
Japan,
respectivamente).
Foram
considerados para análise registos com duração mínima de 6h.
175
Susana Pinto 2.C.9. Estudos neurofisiológicos específicos da função
respiratória na Esclerose Lateral Amiotrófica
Como referido no Capítulo 1, a principal causa de morte nos
doentes com ELA é a IR, resultante da fraqueza dos músculos
respiratórios, em especial do diafragma. Desta forma, o estudo
neurofisiológico do nervo frénico é particularmente relevante. A
perda de neurónios motores no núcleo do nervo frénico condiciona
fraqueza diafragmática, com ventilação deficiente e consequente IR,
com necessidade de apoio ventilatório. Contudo, a sua abordagem
é francamente limitada pela diminuta extensão em que este nervo é
superficial, o que ocorre ao nível do triângulo cervical posterior,
lateralmente ao SCM. A avaliação dos músculos inspiratórios
acessórios é igualmente importante pois estes, em caso de falência
diafragmática,
poderão,
teoricamente,
manter
a
dinâmica
respiratória. Também os músculos expiratórios são envolvidos
nesta doença e passíveis de estudo neurofisiológico.
9.a) Estudos de condução nervosa do nervo frénico e do
nervo espinhal
A avaliação das respostas motoras por estimulação eléctrica,
a nível cervical, do nervo frénico foi descrita inicialmente por
Newsom-Davis e Delhez (Newsom-Davis, 1967; Delhez, 1965).
Outras técnicas têm sido descritas desde então, nomeadamente a
estimulação magnética cervical (Similowski et al., 1989) e a
estimulação magnética cervical posterior (Mills, 1996), assim como
a TMS da área motora de representação cortical (Lissens, 1994;
Zifko et al, 1996a; Similowski et al., 1997) e os potenciais evocados
somatosensitivos (Zifko et al., 1996b).
176
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica A estimulação eléctrica percutânea pode ser realizada atrás
do bordo posterior do SCM ao nível da cartilagem tiroideia
(Newsom-Davis, 1967; Verin et al., 2002), da cartilagem cricoideia
(Markand et al., 1984; McKenzie et al., 1985; Sarnoff et al., 1951) ou
imediatamente acima da clavícula (Chen et al., 1995; Swenson et
al., 1992; Bolton, 1993; Resman-Gaspersc et al., 2008; MaréolotPanzini et al., 2009). É uma técnica não invasiva, simples e cujo
artefacto da co-estimulação do plexo braquial se consegue obviar
pelo reposicionamento do eléctrodo (Bolton, 1993). A estimulação
cervical poderá ser realizada igualmente pela utilização de agulha
monopolar (MacLean et al., 1981).
Também várias montagens para registo da resposta motora
têm sido descritas (Newsom-Davis, 1967; Markand et al. 1984;
Verin et al. 2002, Chen et al. 1995; Swenson e Rubenstein, 1992;
Luo et al. 2002), incluindo a utilização de eléctrodos de superfície
posicionados a nível da parede torácica (MacLean et al., 1981).
Contudo,
a
montagem
com
eléctrodos
de
superfície
mais
frequentemente utilizada consiste na colocação do eléctrodo activo
(G1) 5cm acima do vértice do apêndice xifoideu e o eléctrodo de
referência na margem costal ipsilateral, a 16cm de G1 (Bolton,
1993). De forma mais invasiva, poderá ser utilizada agulha
concêntrica posicionada ao nível das fibras diafragmáticas costais
(Delhez, 1965), cateter esofágico que permite o registo simultâneo
da Pdi e da actividade eléctrica do diafragma (McKenzie e
Gandevia,
1985)
ou
colocado
a
nível
do
hiato
esofágico
diafragmático (Delhez, 1965; Luo et al. 1998; Luo et al. 1999).
A intensidade (I) e a duração (Dur) do estímulo eléctrico
necessárias para obter a resposta motora variam igualmente,
havendo referência a I de 55.86 ± 14.33 mA (27.2-84) em indivíduos
saudáveis (Resman-Gaspersc et al. 2008). Valores idênticos foram
observados por Chen e colaboradores (1985) com a estimulação
177
Susana Pinto supra-clavicular, embora possam ser necessários estímulos com
maior I em indivíduos obesos (Markand et al., 1984). A Ampl e a
Dur das respostas motoras variam de acordo com a fase do ciclo
respiratório sendo a Ampl maior e a Dur menor na inspiração que
na expiração (Chen et al. 1995; Resman-Gaspersc et al. 2008).
Este facto parece ser devido à alteração do ângulo entre o
diafragma e os eléctrodos (Chen et al. 1995), assim como ao
encurtamento
e
espessamento
diafragmáticas
durante
a
das
inspiração,
fibras
musculares
associando-se
a
uma
diminuição do tempo de condução (Resman-Gaspersc et al. 2008).
Os valores normativos para os CMAP diafragmáticos com a
montagem proposta por Bolton et al. (1993) e Chen et al. (1995) são
de Lat: 5.5–8.1 ms, Ampl: >0.3 mV (do pico à linha de base), Area:
>4.0 µV.ms (Chen et al. 1995), parecendo ser, segundo Dionne et
al. (2009) a melhor montagem, com excelente reproductibilidade
entre-lados e tecnicamente fácil de realizar. A Lat motora depende
igualmente da altura dos indivíduos estudados (McKenzie e
Gandevia, 1985; Mier et al. 1987), da idade, do sexo e da
circunferência torácica (Mier et al. 1987; Chen et al. 1995), da
insuflação pulmonar (McKenzie and Gandevia, 1986), da natureza
do estímulo (Similowski et al. 1997) e dos locais de estimulação e
de registo (McKenzie e Gandevia, 1985). Para a Lat existe pequena
variação quer inter-individual quer entre-lados (Mier et al., 1987;
Chen et al., 1995), variação esta igualmente pequena para a Ampl
(Chen et al., 1995). Apesar da Ampl se correlacionar fortemente
com a pressão transdiafragmática (Luo et al., 1999), existe elevada
variação inter-individual pela variável
quantidade de tecido
pulmonar entre o eléctrodo de registo
e o diafragma (Newson-
Davis, 1967). A reduzida extensão em que o nervo frénico é
acessível à estimulação causa dificuldade técnica em calcular a
CVel deste nervo (Aldrich et al. 2002), que depende apenas das
178
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica propriedades do nervo frénico. Recentemente, Moréolot-Panzini e
colaboradores (2009) propõem o cálculo das CVel no segmento
cervical do nervo frénico, pela estimulação cervical imediatamente
acima da clavícula e 5 cm acima desta, com valores comparáveis
ao nervo cubital, de cerca de 55-56 m/s. Contudo, admitem
impossibilidade de aplicar esta técnica em sujeitos com pescoço
curto, de maior diâmetro ou de pequena estatura.
Na ELA, alguns estudos demonstraram que alterações dos
estudos de condução do nervo frénico ocorrem frequentemente em
doentes com alterações respiratórias, nomeadamente das PFR
(estudo em 5 doentes com ELA; Markand et al., 1984) ou da
SpO2mean nocturna (estudo em 21 doentes com ELA; Gay et al.,
1991). No primeiro, observou-se diminuição da Ampl mas com
valores
normais
de
Lat
(similar
ao
descrito
por
Chen
e
colaboradores (1997) em 7 doentes com IR aguda), enquanto que
no segundo considerou-se como anormal valores de Lat> 10ms e
Ampl< 0.3mV. Na nossa Unidade, um estudo prospectivo incluindo
31 doentes com ELA demonstrou que alterações dos estudos de
condução nervosa do nervo frénico ocorreram em 5 dos 13 doentes
que apresentavam IR e apenas em 2 dos 18 sem sintomas
respiratórios (Evangelista et al., 1995). Houve uma boa correlação
entre as PFR e a semiologia clínica e os valores aumentados de Lat
foram considerados como associados à desmielinização secundária
à perda axonal grave e à perda de fibras de grande calibre.
Respostas anormais são igualmente induzidas por estimulação
magnética cervical ou transcraniana em doentes com envolvimento
respiratório (Similowski, 2001).
O diafragma, como qualquer outro músculo estriado
esquelético, pode ser avaliado através do registo da sua actividade
eléctrica. Em repouso, e excluindo a actividade de placa, deverá
existir silêncio eléctrico. A contracção voluntária desse músculo
179
Susana Pinto recruta progressivamente UMs até à sua actividade máxima, em
que o traçado em contração máxima deverá ser interferencial.
Contudo, a análise dos PUMs diafragmáticos é difícil por não ser
possível a sua contracção voluntária parcial mantida.
A utilização de eléctrodos de superfície, especialmente para
estudo do diafragma, que é um músculo de pequena espessura (34mm), profundo, e cuja localização varia com o ciclo respiratório,
tem marcadas limitações, sobretudo pelo ruído eléctrico da
contracção de músculos vizinhos (Chen et al., 1996; Bellemare e
Grassino, 1982). Desta forma, utiliza-se preferencialmente eléctrodo
de agulha, concêntrico ou monopolar (Bolton, 1992; Chen et al.,
1996; McKeown e Bolton, 1998; Stewart et al., 2001), o que reduz a
interferência eléctrica de músculos próximos (Lansing e Savelle,
1989), mas não a elimina (Hodge e Gandevia, 2000). Deste modo,
foi proposto a utilização de filtros de banda passa alta (100-500 Hz)
(McKeown e Bolton, 1998; Stewart et al. 2001).
Três abordagens foram descritas para o registo do EMG
diafragmático, em que a agulha pode ser inserida a nível substernal
(Goodgold, 1984), subcostal (Saadeh et al. 1993; Silverman and
Rodriguez, 1994) ou intercostal, entre as linhas médio-clavicular e
axilar anterior (Koepcke et al., 1958; Bolton, 1992). As duas
primeiras são mais difíceis de realizar tecnicamente, sendo a
parede abdominal anterior e o tecido celular subcutâneo mais
espessos (Stewart et al., 2001) e com risco de lesão de orgãos e
tecidos, nomeadamente do pericardio e das artérias mamárias
internas
ou
abdominais
(Silverman
e
Rodriguez,
1994).
A
abordagem intercostal é preferível pelo menor risco envolvido,
havendo raros registos de pneumotórax (2 em 1000 segundo
Bolton, 1992). Permite ainda o estudo dos músculos oblíquo externo
e intercostais externos e internos à medida que se direcciona a
agulha para alcançar o diafragma. Coagulopatias, DPOC grave,
180
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica tosse
frequente
e
soluços,
distensão
abdominal
grave
e
incapacidade de assumir o decúbito são contra-indicações relativas
(Bolton, 1992).
A actividade eléctrica do diafragma é facilmente reconhecível
pelo registo eléctrico de PUMs que ocorrem a cada inspiração e
com recrutamento máximo durante uma inspiração profunda. Difere,
assim, da actividade dos músculos intercostais internos e oblíquo
externo, que são recrutados durante a expiração voluntária e,
especialmente, durante a tosse. Nestes, as UMs são maiores e
menos numerosas (Bolton, 1992). Em situações patológicas, e
como ocorre com qualquer outro músculo estriado esquelético,
pode ser detectada actividade espontânea anormal (fibs-sw, Pfasc)
assim como alterações nos PUMs registados, neste caso durante a
inspiração (Bolton, 1992). Um padrão pobre durante a inspiração
máxima, com PUMs polifásicos, instáveis e de grande Ampl, sugere
importante perda de UMs. Na ELA, poucos estudos, com escassos
doentes, avaliaram o EMG do diafragma. No primeiro, com apenas
um doente com ELA e IR, observaram-se alterações neurogénias
graves (Carre et al., 1988), o que foi confirmado em 3 doentes dos 4
observados por de Carvalho e colaboradores (1996) e em 5 de 6
doentes descritos por Chen e colaboradores (1997). Assim, a IR na
ELA está associada a severo compromisso diafragmático (Carvalho
et al., 1996a). Outros estudos confirmam que doentes de ELA com
alterações no EMG do diafragma têm alterações funcionais
respiratórias, tendo sido reportado ser o EMG mais sensível na
detecção de alterações respiratórias e, consequentemente, capaz
de detectar disfunção respiratória muscular subclínica (Stewart et
al., 2001).
O
estudo
dos
músculos
intercostais
internos
é
particularmente importante para avaliar a eficácia da tosse.
Aquando da realização do EMG de detecção do diafragma segundo
181
Susana Pinto a técnica intercostal é facilmente avaliada a actividade eléctrica dos
músculos intercostais internos (Stewart et al., 2001). Facilmente se
reconhece o registo destes músculos por haver um recrutamento
dos mesmos durante a expiração profunda ou quando se pede ao
doente para tossir, para além de apresentarem geralmente Ampl
superiores às registadas no diafragma durante a inspiração (Eisen,
2001). O envolvimento dos músculos intercostais internos pode ser
independente do envolvimento do diafragma, estando presentes em
59% e 35% dos doentes com e sem envolvimento diafragmático,
respectivamente (Stewart et al. 2001).
9.b) Métodos Utilizados
Nos estudos de condução motora descritos nos Capítulos 3
e 4 foram utilizados estímulos eléctricos gerados por corrente
contínua, de conformação rectangular, sem rampas de ascenção ou
de declínio. O eléctrodo estimulador percutâneo bipolar, mantido em
posição pelo examinador foi colocado na projecção cutânea do
nervo cuja resposta se pretendia registar, com o cátodo posicionado
distalmente. A Dur dos estímulos para a avaliação motora foi
estipulada como de 0.2 ms, sendo aumentada para 0.3 ou 0.5ms,
se necessário, de forma a obter a resposta máxima. A I do estimulo
foi estipulada como supra-máxima, ou seja
20% acima daquela
mínima que elicita a resposta motora de máxima amplitude. Para
cada hemidiafragma a resposta foi obtida através de eléctrodos de
registo superficial de Ag-AgCl, sendo que o electrodo G1 foi
colocado no ângulo costo-esternal ipsilateral ao lado da estimulação
e o electrodo de registo sobre a grelha costal, a cerca de 16 cm do
electrodo activo. O eléctrodo terra foi colocado no pulso ipsilateral
ao nervo frénico estimulado. As respostas foram filtradas entre 5Hz
e 10 KHz, de forma a que um mínimo de cinco respostas motoras
182
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica consistentes fossem obtidas, em cada lado. Foi seleccionada para
análise a resposta com a maior Ampl. Consideraram-se os
seguintes parâmetros para avaliação das respostas motoras do
nervo frénico: Lat motora (ms); Ampl pico-a-pico (mV); Area do pico
negativo (mV.ms) e Dur do pico negativo do CMAP (ms). Registouse a Ampl pico-a-pico e não a pico-linha de base, por a primeira ser
mais consistente e ter-se verficado uma elevada correlação entre a
Ampl pico-linha de base e a área do pico-negativo. Para todos os
estudos foi utilizado um electromiógrafo Medtronic Keypoint Classic
ou
Alpine
Biomed
KeypointNet
(Skovlunde,
Denmark).
A
temperatura cutânea foi sempre superior a 32ºC.
As
respostas
motoras
do
SCM
foram
elicitadas
bilateralmente por estimulação eléctrica bipolar percutânea do nervo
espinhal (XI par craniano), ao nível do triângulo posterior do
pescoço, atrás da porção média do bordo lateral do SCM. O seu
registo foi realizado com eléctrodos de superfície. As respostas
motoras do SCM foram captadas com colocação de G1 sobre a
porção média do músculo, a cerca de 7cm abaixo do eléctrodo
estimulador e G2 sobre o tendão esternomastoideu, 7 cm abaixo de
G1. O eléctrodo terra foi colocado em torno do punho homolateral.
A I dos estímulos foi supra-máxima e a sua Dur foi de 0.2-0.5ms.
Nos nossos trabalhos com recurso à electromiografia de
detecção do diaframa foi utilizado o mesmo equipamento já descrito
e agulhas concêntricas convencionais (com uma área de registo de
0.07mm2). Os filtros foram regulados para 5Hz-10 kHz, com ganho
entre 100-500µV/div e sweep speed de 10-100ms/divisão (para
análise qualitativa ou quantitativa das unidades motoras e do
traçado interferencial) a 4s/div (para estudo da ritmicidade
respiratória). A actividade electromiográfica do diafragma foi
estudada à direita, com os doentes posicionados confortavelmente
em decúbito dorsal, com flexão cervical de cerca de 30º. A agulha
183
Susana Pinto concêntrica foi introduzida ao nível dos 8º e 9º espaços intercostais
(nível inferior à projecção cutânea dos pulmões), entre as linhas
axilar
anterior
e
médio-clavicular. A
localização
da
agulha
concêntrica ao nível do diafragma foi reconhecida aquando da
obtenção
de
registos
electromiográficos
dos
movimentos
inspiratórios. Em cada espaço intercostal, introduziu-se a agulha em
dois locais distintos. Em cada ponto, foi pesquisada a presença de
actividade espontânea, a morfologia das unidades motoras ou a
ritmicidade do burst inspiratório com a respiração basal, assim como
o padrão interferencial, pedindo ao doente para realizar uma
inspiração profunda. Fibs-sw foram consideradas como presentes
se observadas de forma reproductível durante um ou mais
segundos após a inserção da agulha. A observação de um PFasc
durante a expiração foi suficiente para considerar como positiva a
presença de fasciculações no diafragma.
Nos nossos trabalhos, o EMG de detecção dos músculos
intercostais internos foi efectuado paralelamente ao estudo da
actividade do diafragma e, de igual modo, à direita, com os doentes
posicionados confortavelmente em decúbito dorsal. Em cada ponto,
foi pesquisada a actividade espontânea e o padrão interferencial,
pedindo ao doente para tossir.
9.c) Estudos neurofisiológicos complementares
O músculo deltoide (Del), inervado pelo nervo circunflexo,
recebe a sua inervação de raizes provenientes de C4-C5, estando o
seu núcleo medular localizado imediatamente para fora do núcleo
do nervo frénico (Routal e Pal, 1999a). Esta proximidade torna
interessante a avaliação deste músculo e comparação do seu
eventual envolvimento com o envolvimento do nervo frénico. Nos
nossos estudos, o nervo circunflexo foi estimulado bilateralmente no
184
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica ponto de Erb com um eléctrodo estimulador bipolar. G1 foi
posicionado sobre a porção média de Del, distando cerca de 20-25
cm do eléctrodo estimulador, dependendo do comprimento do
membro. G2 foi colocado ao nível do cotovelo, à mesma distância
de G1 que G1 do estimulador. O eléctrodo terra foi colocado no
punho homolateral. A I dos estímulos foi supra-máxima e a sua Dur
de 0.2-0.3 ms.
Como
referido
no
Capítulo
1,
o
nervo
cubital
é
frequentemente utilizado na avaliação dos doentes com ELA,
especialmente na quantificação do número de UMs. Nos nossos
estudos, o nervo cubital foi estimulado bilateralmente no punho, 7
cm acima do eléctrodo de G1, o qual foi posicionado ao nível da
porção média do músculo ADM (C8-D1). G2 foi colocado ao nível
da V articulação metacarpo-falângica enquanto que o eléctrodo
terra foi colocado entre o eléctrodo estimulador e de registo, ao
nível do punho (montagem “belly-tendon”). A I dos estímulos
utilizados foi determinada como referido anteriormente e a Dur foi
de 0.2 ms. No intuito de excluir bloqueios de condução motora do
nervo cubital este foi igualmente estimulado abaixo do cotovelo (a
15-20 cm do punho, geralmente a 2cm abaixo do olecrâneo), acima
do cotovelo (cerca de 10-12 cm acima da estimulação anterior), na
axila (10-13 cm acima da estimulação anterior) e no ponto de Erb (a
17-24 cm da estimulação na axila), permitindo o cálculo das CVel
entre os segmentos estudados. O SNAP foi igualmente obtido,
antidromicamente, ao nível do segmento punho-dedo V. Os nervos
cubitais com sinais de lesão focal foram excluídos.
185
Susana Pinto 2.D. Escalas de avaliação da função respiratória e de
qualidade de vida na Esclerose Lateral Amiotrófica
2.D.1. Escala de dispneia
Em 2007, Lechtzin e colaboradores (2007a) avaliaram a
dispneia em doentes com ELA através da escala Índice de Dispneia
Basal e Índice de Dispneia Transicional (este último para
seguimento dos mesmos). Encontraram uma boa correlação entre o
seu declínio e o da CVF (avaliados à entrada e após 4 e 12
semanas) melhor que a verificada para a sub-escala respiratória da
ALS-FRS-R (RofALR-FRS-R) e para a escala analógica visual
(EVA) de dispneia. Contudo, a aplicação do Índice de Dispneia
Transacional é limitado nos doentes com ELA com fraqueza
muscular acentuada devendo as causas não-respiratórias de
dispneia ser devidamente identificadas como não avaliáveis (Mahler
et al., 1984).
Recentemente, outros autores (Just et al., 2010) verificaram
que a escala de Borg modificada, avaliada quer na posição de
sentado quer, particularmente, em decúbito, é preditiva de fraqueza
muscular
respiratória
na
ELA,
com
boa
sensibilidade
e
especificidade, correlacionando-se com os valores de SNIP. Os
autores referem a necessidade da sua avaliação e correlação com a
RofALS-FRS-R.
Nos
nossos
trabalhos
a
dispneia
foi
avaliada
subjectivamente pedindo-se aos doentes para classificarem a sua
percepção da mesma segundo uma EVA graduada de 0 (ausência)
a 10 (dispneia máxima) (Aitken, 1969).
186
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica 2.D.2. Escalas de fadiga: EVA, FSS, Borg
Para além da EVA de fadiga, classificada de 0 a 10, a fadiga
muscular pode ser avaliada através de várias escalas. A Fatigue
Severity Scale (FSS) (Krupp et al. 1989) consiste num questionário
auto-administrado composto de nove itens, cada um podendo ser
classificado de 1 a 7. Para cada item, os doentes atribuem
pontuações de 1 (totalmente em desacordo) a 7 (totalmente de
acordo), reflectindo o quanto estão de acordo com cada afirmação.
Quanto maior fôr o total nesta escala maior a gravidade da fadiga,
sendo que um total superior a 40 revela fadiga clinicamente
significativa (Krupp et al. 1989). É uma escala frequentemente
mencionada na literatura e largamente validada (consistência
interna, sensibilidade e reproductibilidade). A FSS tem sido
frequentemente utilizada para avaliação da fadiga nos doentes com
ELA assim como no seu seguimento. Segundo um estudo recente,
a fadiga nos doentes com ELA é frequente e persistente,
aumentando ao longo do tempo (McElhiney et al., 2009),
contrastando com outras patologias como a Esclerose Múltipla
(EM), em que tem características flutuantes (Bakshi et al., 2000).
Segundo o mesmo estudo, apesar de haver doentes com fadiga e
depressão, a maioria dos doentes com fadiga (65%) não foram
diagnosticados como deprimidos e, pelo contrário, apesar da
maioria dos doentes deprimidos (68%) referem fadiga. Desta forma,
a fadiga isolada é independente (McElhiney et al., 2009; van der
Linden et al., 1999; Ramirez et al., 2008) e deverá ser tratada
especificamente,
sendo
o
modanifil
um
medicamente
potencialmente útil (Rabkin et al., 2009).
A Escala de Borg (Mahler e Horowitz, 1994) é um método
simples de classificar a percepção do exercício e pode ser utilizada
187
Susana Pinto para ajustar a intensidade do treino. É uma escala de 15 pontos (de
6 a 20), em que o treino de “endurance” corresponde a pontuações
entre 11 e 13 e o resistido entre 15 e 17. O valor de “9” corresponde
a “treino muito ligeiro, como o realizado por uma pessoa saudável
fazendo marcha ao seu próprio passo”, “13” representa treino “algo
intenso, mas em que nos sentimos bem para continuar” e “15”
“intenso e cansativo, mas continuar não é terrivelmente difícil”.
Mostrou ser uma escala válida (Gearhart et al., 2001) e sensível à
intensidade do esforço dispendido (Gearhart et al., 2001; Gearhart
et al., 2002; Lagally et al., 2004).
2.D.3. Escalas de avaliação do estado mental
As perturbações do humor são tipicamente avaliadas através
da realização de entrevistas clínicas utilizando os critérios da DSMIV. Contudo, estudos recentes sugerem que questionários autoadministrados
têm
elevados
níveis
de
sensibilidade
e
de
especificidade (Jefferies et al., 2006). A Beck Depression Inventory
(Beck et al., 1961) é frequentemente utilizada na medição de
sintomas depressivos. É constituída por 21 items, cada um dos
quais classificado de 0–3 de acordo com a gravidade dos sintomas,
variando o seu total entre 0 e 63. É pedido aos doentes que
classifiquem como se sentiram na semana anterior à avaliação. Um
indivíduo com um total entre 0–9 não estará deprimido, entre 10–18
haverá uma depressão ligeira a moderada e entre 19–29 esta será
moderada a grave sendo grave se 30–63. A escala de Hamilton
(Hamilton Rating Scale for Depression) (Hamilton, 1960), validada
para português, é um questionário de resposta múltipla que avalia a
gravidade de sintomas observados na depressão como alterações
do humor, insónia, agitação, ansiedade e perda de peso. Cada
188
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica pergunta tem entre 3 a 5 respostas possíveis com gravidade
crescente. A resposta a cada uma das 17 perguntas é cotada de
acordo com as respostas do doente e a observação da sua
sintomatologia.
Os doentes com ELA são classicamente vistos como tendo
um marcado estoicismo (Moore et al., 1998; Rabkin et al., 2000),
sendo a depressão pouco frequente (11–13%) (Rabkin et al., 2000;
Ganzini et al., 1999). A prevalência da depressão na ELA parece
ser mais elevada quando são utilizados auto-questionários (Moore
et al., 1998; Tedman et al., 1997; Trail et al., 2003) mas inferior aos
37–54% e 20-40% referidas noutras doenças como a EM (Patten et
al., 2003) e a doença de Parkinson (McDonald et al., 2003),
respectivamente.
Estudos
recentes
identificam
depressão
moderada a grave em 13–26% dos doentes avaliados (Wicks et al.,
2007a), que parece ser similar à de outros doentes com patologia
neuromuscular com envolvimento motor e/ou limitação nas AVDs
(Taylor et al., 2010). Pelo impacto negativo que a depressão tem
sobre os outros domínios da esfera humana, incluindo sobre a
motivação dos doentes para a sua reabilitação, foi utilizada a escala
de Hamilton para a sua avaliação em alguns estudos descritos nos
Capítulos 3 e 4.
2.D.4. Escala de sonolência diurna
A escala Epworth Daytime Sleepiness (ESS) (Johns, 1991) é
um pequeno questionário auto-administrado que pergunta ao
doente qual a sua probabilidade de adormecer no período diurno
durante a realização de 8 actividades específicas. Para cada item,
há uma probabilidade crescente de adormecer, a qual é graduada
de 0 a 3. Valores totais entre 0 e 9 são considerados como normais
189
Susana Pinto enquanto que valores entre 10 e 24 indicam a necessidade de
aconselhamento médico. Alguns estudos incluindo doentes com
ELA têm utilizado a escala ESS para avaliação da sonolência diurna
tentando, inclusivamente, estabelecer uma correlação entre esta e a
eventual fadiga muscular global. Teoricamente, a má qualidade de
sono e resultante sonolência diurna poderiam ser responsáveis pela
maior fadiga nos doentes com ELA (Fergunson et al., 1996;
Takekawa et al., 2001). Contudo, a fadiga e a sonolência diurna
podem ser factores independentes em doentes com distúrbios do
sono (Hossain et al., 2005). Alguns autores (Ramirez et al., 2008)
não encontraram diferenças significativas entre a sonolência diurna
entre grupos controlos e doentes com ELA estudados assim como
não houve correlação entre esta e a fadiga muscular.
2.D.5. Escalas funcionais
A escala funcional da ELA, ALS-FRS (Cedarbaum e
Stambler, 1997), é a escala funcional mais frequentemente utilizada
para avaliação dos doentes com ELA. É composta por 10 itens,
cada um com cinco hipóteses de resposta, cotadas de 0 a 4, do
mais grave para o normal, com um total máximo de 40. Os primeiros
três
itens
avaliam
o
componente
bulbar
–
ALS-FRSb,
nomeadamente a articulação verbal, salivação e deglutição,
aspectos que estão dependentes da musculatura bulbar (total
máximo de 12). O último item avalia o componente respiratório.
Contudo, aquando da revisão desta escala, este foi substituído por
3 novos itens, tendo sido proposta a escala revista ALS-FRS-R
(Cedarbaum et al., 1999). Estes três itens respiratórios são também
cotados de 0 a 4, pretendendo avaliar o envolvimento dos músculos
respiratórios, nomeadamente dispneia, ortopneia e a necessidade
190
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica de
suporte
ventilatório.
A
ALS-FRS-R
demonstrou
estar
significativamente relacionada com a sobrevida nos doentes com
ELA, sendo o subgrupo respiratório o seu componente isolado mais
significativo (Kaufmann et al., 2005). O declínio do total da escala
ALS-FRS-R, calculado pela diferença dos totais aquando do início
dos primeiros sintomas e o diagnóstico clínico (Kimura et al., 2006),
aos 100 dias após o diagnóstico e durante toda a doença (Kollewe
et al., 2008) mostraram igualmente estar fortemente relacionados
com a sobrevida. Para além de ser preditor de sobrevida, tem sido
utilizado como parâmetro na avaliação em vários ensaios clínicos
(ALS CNTF Treatment Study Group, 1996; Cedarbaum et al. 1999;
Cudkowicz et al., 2003; Groeneveld et al., 2003; Miller et al., 2001;
de Carvalho et al., 2010).
A Medida de Independência Funcional (MIF) (Keith et al.,
1987) é uma escala ordinal que avalia o nível de independência
funcional dos doentes nas suas AVDs. É constituída por 18 pontos
agrupados em 6 domínios: auto-cuidados, controlo dos esfincteres,
transferências, locomoção, comunicação e cognição social. Cada
item pode ser cotado de 1 a 7, com um valor total mínimo de 18 e
máximo de 126. Para cada item, as cotações de 6 e 7 representam
independência
funcional,
quer
modificada
quer
total,
respectivamente, enquanto que as cotações de 1 a 5 representam
dependência funcional, quer total (cotações 1 e 2) ou modificada
(cotações 3 a 5). Ao contrário da Escala de Barthel (Mahoney e
Barthel, 1965), a MIF inclui o importante domínio da comunicação e
cognição
social.
Apesar
de
inicialmente
desenvolvida
para
aplicação a doentes com EM, esta escala teve uma aceitação
generalizada, sendo comunmente utilizada para a avaliação
funcional nos centros de MFR, especialmente em doentes
internados mas também em ambulatório. Demonstrou ser válida,
reproductível e sensível a variações temporais (Granger et al.,
191
Susana Pinto 1993; van der Putten et al., 1999; Hobart et al., 2001; Freeman et
al., 2005). Contudo, a sua utilização na avaliação da funcionalidade
dos doentes com ELA e seu seguimento é limitada.
2.D.6. Escalas de qualidade de vida
O conceito “qualidade de vida” é lato, tendo sido anteriormente
definido como “a medida na qual os desejos e ambições dos
indivíduos são efectivamente correspondidos” (Calman, 1984). A
avaliação da qualidade de vida nos doentes com ELA foi
negligenciada até à última década, altura em que Michael Swash
aborda esta necessidade (Swash, 1997). Segundo o mesmo,
algumas escalas genéricas, como a Short Form Health Survey (SF36) ou a escala Sick Impact Profile (SIP) poderiam ser aplicadas em
conjunto com uma escala mais específica para a ELA, para além de
uma escala avaliando directamente a depressão (como a escala de
Hamilton ou a Beck Depression Inventory), assim como uma escala
para avaliação específica da carga da doença sobre os cuidadores
(como a Carer Strain Index - CSI). A criação de um grupo
particularmente preocupado e dedicado ao estudo da qualidade de
vida nos doentes com ELA, o “ALS Health Profile Study Steering
Group”, concluiu que a avaliação conjunta dos doentes com ELA
utilizando as escalas SF-36, ALS-FRS e a CSI são válidas para o
estudo do impacto da doença (Jenkinson et al., 2000), tendo sido
utilizados em vários estudos posteriores.
A SF-36 é uma escala genérica que avalia a qualidade de
vida sendo aplicada em patologias diversas e populações distintas.
É constituída por 36 pontos agrupados em 8 categorias –
funcionalidade física, limitações resultantes de problemas físicos,
limitações resultantes de problemas emocionais, functionalidade
192
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica social, saúde mental, energia e vitalidade, dor e percepção geral de
saúde. O seu total varia entre 0 (o pior estado de saúde) e 100 (o
melhor estado de saúde), mas podendo estabelecer-se dois
subtotais mais genéricos, um referente à funcionalidade física e o
outro ao estado mental. Vários estudos na ELA têm utilizado esta
escala, traduzindo o impacto da doença (Jenkinson et al., 2002) e
mostrando inclusivamente a relação entre CVF e a avaliação global
da força muscular global com alguns pontos da SF-36 (Bourke et
al., 2001), e a relevância da determinação dos subtotais físico e
mental no seguimento dos doentes (Norquist et al., 2003). Contudo,
há igualmente resultados contraditórios quanto à correlação da SF36 com a escala ALS-FRS, alguns afirmando essa correlação
(Jenkinson et al., 2000; Neudert et al., 2004)
e outros não a
encontrando (Smith et al., 2000; Bromberg et al., 2001). Da nossa
experiência na aplicação clínica da SF-36 como medida de
avaliação
secundária
do
potencial
efeito
neuroprotector
da
memantina na ELA que decorreu na nossa Unidade (de Carvalho et
al., 2010) concluímos ser uma escala psicologicamente agressiva
na avaliação longitudinal, face à progressão natural da doença.
A
escala
SIP
adaptada
à
ELA,
a
SIP/ALS-19,
foi
desenvolvida por McGuire e colaboradores reunindo os 19 itens dos
136 da escala original que se afiguraram relevantes para aplicação
aos doentes com ELA (McGuire et al., 1997). Esta escala tem sido
pouco utilizada na avaliação da qualidade de vida dos doentes com
ELA, embora se correlacione com a ALS-FRS-R (Cedarbaum et al.,
1999). A SIP também se correlaciona com o decaimento da função
física (Robbins et al., 2001) permitindo a distinção de diferentes
velocidades de progressão da doença (Damiano et al., 1999).
Contudo, a versão britânica da SIP não se correlacionou com outras
escalas de qualidade de vida (Goldstein et al., 2002), estando
associada a uma maior pressão emocional no seu preenchimento
193
Susana Pinto (Neudert et al., 2001) devendo, portanto, ser ponderada a sua
utilização. A escala SF-12, uma forma reduzida da SF-36 (Bromberg
et al., 2001), foi considerada como adequada na avaliação
longitudinal da ELA (Bromberg et al., 2001).
Concomitantemente,
foi
proposta
uma
nova
escala,
específica para a ALS, a ALS Assessment Questionnaire-40 ou
ALSAQ-40 (Jenkinson et al., 1999a), constituída por 40 perguntas
agrupadas em 5 itens – alimentação, comunicação, AVDs/
independência, mobilidade física e estado emocional, e cujo total
varia entre 0 (o pior estado de saúde) e 100 (o melhor estado de
saúde).
Os
totais
das
sub-escalas
mostraram
relacionar-se
fortemente com os totais similares das escalas SF-36 e ALS-FRS
(Jenkinson et al. 1999a). Existe também uma forte correlação entre
o total das várias dimensões da ALSAQ-40 e o da EVA do EQ-5D
(Green et al., 2003; Kiebert et al., 2001). ALSAQ-40 é adequada
para comparações entre grupos ou indivíduos com ELA (Jenkinson
et al., 1999a; Jenkinson et al., 1999b). É sensível a variações ao
longo do tempo (Jenkinson et al., 2003; Norquist et al., 2004). Esta
escala tem sido calibrada de forma a ser utilizada em ensaios
clínicos através da consideração de que mudanças na qualidade de
vida são relevantes para os doentes (Norquist et al., 2003; Norquist
et al., 2004). A forma reduzida da ALSAQ-40, a ALSAQ-5,
constituída por cinco itens, um de cada uma das subscalas da
ALSAQ-40, é uma alternativa válida à escala original (Jenkinson et
al., 2001; Jenkinson et al., 2003).
A ALS-Specific Quality of Life Questionnaire (ALSSQoL-46)
foi recentemente proposta e desenvolvida por investigadores
americanos, tendo como objectivo abranger vários domínios
importantes na experiência dos doentes com ELA, nomeadamente
os aspectos físico e psicológico, religioso e espiritual (Simmons et
al., 2006). A escala é constituída por 46 perguntas agrupadas em 6
194
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica factores: emoções negativas, interacção com as pessoas e o
ambiente, intimidade, religiosidade, sintomas físicos e função
bulbar. Cada item é classificado de 0 (menos desejável) a 10 (mais
desejável).
A EuroQol-5D (EQ-5D) (Rabin e de Charro, 2001) é um
questionário de avaliação geral da qualidade de vida, constituído
por cinco questões que avaliam a mobilidade, auto-cuidados,
actividades diárias, dor/ desconforto e ansiedade/ depressão. Para
cada item pode ser atribuída uma classificação de 1 a 3, em que 1
corresponde a “sem problemas”, 2 a “alguns problemas” e 3 a
“problemas graves” (havendo assim 243 combinações possíveis). A
escala inclui ainda uma EVA global que pretende quantificar o
estado de saúde (físico e mental) do doente nesse momento da
avaliação, usando uma cotação de 0 (pior estado possível) a 100%
(melhor estado imaginável). Os resultados quer nas cinco perguntas
quer da EVA foram sensíveis ao estado de saúde de doentes com
ELA, correlacionando-se significativamente com as subscalas da
ALSAQ-40 (Riviere et al., 1998). Alguns estudos recentes em que
esta escala foi aplicada a doentes com ELA revelaram que a
qualidade de vida relacionada com a saúde decai sistematicamente
com o agravamento da doença (Kiebert et al., 2001).
Nos nossos estudos foi decidida a utilização de EQ-5D e, em
especial, da sua componente analógica visual, dado ser simples e
rápida de aplicar, dando uma impressão global que o doente tem de
si e da sua qualidade de vida e não sobrepondo perguntas de
funcionalidade já avaliadas na ALS-FRS e MIF.
195
Susana Pinto 2.D.7. Percepção subjectiva de doença e da função
respiratória
Durante as várias avaliações, todos os doentes foram
subjectivamente questionados sobre a sua percepção relativa à
progressão da doença e ao envolvimento respiratório, devendo
classificar a sua percepção em “pior”, “estável”, “melhor”.
196
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica 2.E. Tratamento da Insuficiência Respiratória em
doentes com ELA
Apesar da IR ser a principal causa de morte dos doentes
com ELA, a utilização de suporte ventilatório é relativamente
recente e beneficiou da necessidade de suporte respiratório a
doentes vítimas dos surtos de poliomielite no início do século XX.
Várias decadas decorreram desde a utilização do pulmão de aço
até ao desenvolvimento dos actuais ventiladores portáteis que
permitem suporte ventilatório não-invasivo.
Os critérios recomendados para a prescrição de VNI nos
doentes com ELA foram elaborados em 1999 pela Academia
Americana de Neurologia (Miller et al., 1999) e pelo Colégio
Americano de Cardiologia (ACCP, 1999), tendo sido os primeiros
actualizados recentemente (Miller et al., 2009). Como forma de
tratamento da hipoventilação crónica sintomática e com o objectivo
de prolongar a sobrevida dos doentes com ELA, a VNI deveria ser
proposta a todos os doentes com ELA sempre que existissem
sintomas respiratórios ou na presença de valores preditos de
CVF<50% (Miller et al., 1999). O Colégio Americano de Cardiologia
considerou como indicadores para o uso de VNI a presença de
sintomas respiratórios (como fadiga, dispneia e cefaleias nocturnas
entre
outras)
e
um
dos
seguintes
critérios
fisiológicos:
PCO2≥45mmHg, desaturações nocturnas na OPN ≤88mmHg por
5min consecutivos e MIP<-60mmHg ou CVF<50% do predito
(ACCP, 1999). Presentemente, a VNI deverá ser considerada
quando houver queixas que indiquem hipoventilação nocturna
(ortopneia, despertares frequentes, cefaleias matinais, sonolência
diurna excessiva e sono não reparador) e se um dos seguintes
estiver
presente:
CVF<50%
do
predito;
MIP<-60cmH2O;
SNIP<40cmH2O; na presença de OPN anormal (Miller et al., 2009).
197
Susana Pinto Recentemente,
a
proposta
Europeia
segue
recomendações
similares (Andersen et al., 2012), a VNI deve ser considerada em
doentes com pelos um sintoma de IR (dispneia; taquipneia;
ortopneia; alteração do sono por hipóxemia; cefaleias matinais; uso
dos músculos acessórios da respiração; respiração paradoxal;
fadiga diurna ou hipersonolência diurna) e com pelo menos um
dado objectivo a confirmar a insuficiência respiratória (CVF<80%;
SNIP < 40cmH2O; MIP < -60cmH2O; marcada desaturação nocturna
na oximetria; hipercapnia).
A decisão de quando iniciar VNI é crucial pelo risco de morte
súbita e dependência de ventilação mecânica se não houver um
planeamento prévio atempado (Barbè et al., 1996; Aboussouan et
al., 1997; Poponick et al., 1997) especialmente aquando de
hospitalizações de emergência (Cazzolli e Oppenheimer, 1996). É
fundamental discutir com os doentes e seus familiares a
necessidade de suporte ventilatório, de forma a conhecer a decisão
do doente sobre o mesmo. Esta deve ser respeitada, mesmo se a
escolha fôr pela não-ventilação (Andersen et al., 2012).
Os mecanismos pelos quais a VNI tem um impacto positivo
na melhoria dos sintomas respiratórios diurnos e nocturnos assim
como nas trocas gasosas não são totalmente conhecidos, embora
algumas
explicações
complementares
tenham
sido
dadas:
descanso dos músculos respiratórios; reajuste da sensibilidade do
centro respiratório ao CO2; alterações na mecânica pulmonar, com
aumento da expansividade e compliance pulmonares, assim como
resolução de regiões actelectásicas (Kramer et al., 1996). A VNI
demonstrou corrigir os sintomas de hipoventilação nocturna
melhorando, desta forma, a qualidade de vida dos doentes (Howard
et al., 1989; Pinto et al., 1995; Piper e Sullivan, 1996; Jackson et al.,
2001; Lyall et al., 2001b; Bourke et al., 2003; Butz et al., 2003). Com
a VNI observa-se uma melhoria da vitalidade (Bourke et al., 2003;
198
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica Lyall et al., 2001b), da dispneia, da sonolência diurna, da
depressão, das dificuldades na concentração, na qualidade do sono
e na fadiga física por períodos superiores ou iguais a 10 meses
(Butz et al. 2003). O impacto na qualidade de vida confirma-se em
doentes bulbares e medulares (Bourke et al., 2006). Sobretudo, a
VNI prolonga a sobrevida dos doentes com ELA em vários meses
(Pinto et al., 1995a; Cazzolli e Oppenheimer, 1996; Aboussouan et
al., 1997; Kleopa et al., 1999; Bourke et al., 2003; Bourke et al.,
2006). Nos doentes com forma de início bulbar ou já com marcado
envolvimento bulbar, os resultados na sobrevida são contraditórios.
A maioria dos autores refere que estes doentes não conseguem
tolerar tão bem a VNI (Aboussouan et al. 1997; Aboussouan et al.,
2001; Bourke et al., 2003; Gruis et al., 2005), apesar de haver
referência a igual tolerabilidade entre as formas de início bulbar e
medular (Pinto et al., 1995a; Kleopa et al., 1999). A dificuldade na
adaptação de VNI nestes doentes deve-se à diminuição da força do
músculo orbicular dos lábios com dificuldade no encerramento
bucal, sendo necessário a utilização de máscaras faciais. Estas,
sendo maiores, são consideradas, por vezes, como claustrofóbicas
e estão frequentemente associadas a lesões faciais nos pontos de
apoio e a fugas. Por outro lado, a sialorreia e a acumulação de
secreções, de difícil eliminação, dificultam a adaptação.
A adaptação de VNI em estadios mais precoces da doença
tem vindo a ser sugerida nos últimos anos (Pinto et al., 2003;
Bourke et al., 2006). Um grupo de investigadores americanos
demonstrou um aumento significativo da sobrevida dos doentes
com ELA quando adaptados a VNI usando como referência valores
preditos
de
CVF<65%,
quando
comparados
aos
critérios
convencionais (CVF< 50%) sugeridos pela Academia Americana de
Neurologia (Lechtzin et al., 2007b). Numa pequena série, outros
autores
demonstraram que a sobrevida ao fim de um ano de
199
Susana Pinto doentes ventilados tendo como limite CVF< 75% (16 doentes) foi
superior aos que a recusaram ou foram intolerantes à VNI (12
doentes), p=0.02, não tendo havido diferença entre os tolerantes à
VNI e aqueles com CVF>75% (44 doentes), por isso não ventilados
(Carratù et al., 2009). Por outro lado, a taxa média de declínio da
CVF nos doentes com CVF<75% foi inferior nos que toleraram VNI
quando comparados com os intolerantes (p<0.0001). Desta forma,
os autores sugerem que o valor de CVF indicador da necessidade
de adaptação dos doentes com ELA deveria ser de 75% do predito
(Carratù et al., 2009).
Presentemente ainda não existem parâmetros consensuais
que permitam afirmar a existência de uma boa tolerância à VNI.
Contudo, a maioria dos autores considera que a sua utilização por
um período mínimo de 4 horas durante a noite está associada a um
aumento da sobrevida e da qualidade de vida (Aboussouan et al.
1997; Kleopa et al. 1999; Bourke et al. 2003) com uma tolerância
variável de 49% (Aboussouan et al., 1997), 54%
(Kleopa et al.
1999) ou 70% (Gruis et al., 2005). Na adaptação inicial dos doentes
à VNI, os parâmetros ventilatórios programados geralmente
a09ceites são de 8 cmH2O para a pressão inspiratória (IPAP) e 3
cmH2O para a pressão expiratória (EPAP) (Melo et al., 1999; Mehta
e Hill, 2001; Gruis et al., 2005; Gruis et al., 2006) recorrendo-se à
utilização de sistema humidificador e máscaras nasais para
minimizar, respectivamente, a congestão nasal e claustrofobia das
máscaras faciais, caso possível (Mehta e Hill, 2001). Até se assistir
a uma melhoria sintomática está indicado o incremento semanal do
IPAP de 2 cmH2O (Mehta e Hill, 2001; Gruis et al. 2005). Segundo
Gruis e colaboradores (Gruis et al., 2006) o reajuste dos valores
será
pouco
frequente,
pois
78%
dos
doentes
estudados
necessitaram de um reajuste, 33% de dois reajustes, 11% de três
reajustes e em apenas 6% (1 doente) foram feitos pelo menos
200
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica quatro reajustes. Pelo contrário, outros autores defendem valores
diferenciais de IPAP e EPAP elevados, superiores a 10mmH2O,
com valores médios de IPAP de 16–18 cmH20 (Hill, 2002;
Oppenheimer,
2003).
Em
nossa
experiência
(dados
não
publicados), valores iniciais de IPAP muito elevados estão
associados à não adesão à VNI, por serem dificilmente toleráveis e
confortáveis para os doentes. Valores médios iniciais de 12cmH2O e
4cmH2O para, respectivamente, IPAP e EPAP estão associados a
um bom conforto permitindo uma boa tolerância, apesar dos valores
de IPAP necessitarem frequentemente de ser aumentados até se
conseguir a melhoria sintomática, assim como a correcção
oximétrica nocturna desejada. Doentes com ortopneia geralmente
necessitam de valores de IPAP mais elevados para corrigir a
mesma. Doentes do sexo feminino, idosas e com parâmetros
antropométricos
baixos
necessitam
geralmente
de
valores
inferiores, sendo frequente, nestas doentes, a regulação inicial de
valores de IPAP de 8 cmH2O. Também doentes muito espásticos
geralmente não necessitam de valores de IPAP elevados. O
reajuste dos valores é frequente, numa fase inicial para optimização
dos parâmetros, ocorrendo a segunda consulta geralmente 10 a 15
dias após o início da ventilação nocturna. Após a melhoria clínica e
oximétrica, com bom conforto dos doentes, as reavaliações são
menos
frequentes,
geralmente
trimestrais,
com
alterações
esporádicas dos parâmetros. A existência de intercorrências
respiratórias ou o agravamento da doença estão associados a
reajustes mais frequentes. De notar que outros parâmetros nunca
referidos nos estudos publicados são igualmente importantes, cuja
regulação é possível pelo tipo de ventiladores que utilizamos, como
a regulação da razão entre o tempo inspiratório e o tempo
expiratório (I:E), as sensibilidades inspiratória e expiratória assim
como a frequência respiratória de suporte. De igual modo, os
201
Susana Pinto registos recolhidos desses ventiladores permitem objectivar o
número de horas de utilização da VNI e em que períodos foi
realizada, a percentagem de respiração espontânea do doente, as
frequências respiratórias mínima, máxima e média, a percentagem
de realização dos IPAP e EPAP pré-estabelecidos e a existência de
eventuais fugas da máscara. Alguns ventiladores permitem ainda o
registo do volume corrente, do fluxo pico, do número de apneias e
da saturação da oxihemoglobina por integração com a OPN. Por
outro lado, o uso de VNI por períodos mínimos de 4h nocturnas não
deve ser o único parâmetro utilizado para assumir a existência de
tolerância a esta terapêutica (Pinto e de Carvalho, 2010), quando
esta é assumida como sendo eficaz.
Para uma resposta
terapêutica eficaz, a escolha do ventilador e o modo de ventilação,
o tipo e modelo das máscaras e a utilização ou não de sistema
humidificador, assim como a indicação dos parâmetros regulados e
a descriminação de quando e durante quanto tempo deverá ser
efectuada têm de ser considerados. O ensino ao doente e
cuidadores é fundamental dado que a não compreensão dos
benefícios
da
sua
utilização,
a
incapacidade
de
colocar
correctamente as máscaras e solucionar problemas relacionados
com o seu manuseio, e até mesmo a não desmistificação de
eventuais receios relacionados com a sua utilização, frequentes em
doentes idosos, podem condicionar a fraca aderência a esta
terapêutica. Finalmente, para a compliance do doente à VNI é
necessário a avaliação frequente e a monitorização da correcção do
padrão ventilatório nocturno, facilmente acessível pela realização de
OPN que permite a objectivação da saturação nocturna da
oxihemoglobina, assim como a correcção gasimétrica diurna.
Os avanços tecnológicos das últimas décadas permitiram a
leitura dos registos da utilização dos ventiladores portáteis não
somente através da sua ligação directa por cabo a um computador
202
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica que tenha o software apropriado, como também pela utilização de
ligação à internet (por protocolo TCP/IP) e interposição de modems.
Neste último caso, o doente não necessita de se deslocar
fisicamente à consulta. A central de recolha dos dados, com o
software apropriado, pode ser o próprio computador do médico
assistente que recebe, semanalmente, a horários estabelecidos, os
dados pretendidos. O próprio reajuste dos parâmetros ventilatórios
pode ser feito pelo médico no seu computador sendo recebido e
actualizado pelo ventilador no domicílio do doente. Foi demonstrado
ser um método seguro para seguimento do suporte ventilatório dos
doentes com ELA, com boa aderência, embora tendo como
limitações a necessidade de existência de linha telefónica e a
revisão dos registos colhidos
(Almeida et al., 2010). Com este
processo, foi demonstrado (Pinto et al., 2010c) que a frequência de
consultas, a necessidade de assistência em Serviços de Urgência e
as
admissões
hospitalares
foi
significativamente
menor
(p<0.0001).De referir ainda que a incidência de modificações nos
parâmetros ventilatórios foi superior nos doentes com modem na
fase inicial de adaptação, sendo posteriormente menores, com
aparente tendência para sobrevidas mais prolongada neste grupo.
A diminuição dos custos associados a este tipo de monitorização é
particularmente relevante pois, apesar do encargo associado à
prescrição do modem, consegue-se uma diminuição dos encargos
pessoais e familiares associados, assim como a diminuição dos
encargos para o sistema de saúde relacionados com à assistência
no Serviço de Urgência e a internamentos (Almeida et al., 2012). A
redução destes custos será de cerca de 50% (Pinto et al., 2010c).
A existência de máscaras faciais tornou possível a VNI
mesmo em doentes com envolvimento bulbar considerável (ACCP,
1999). Contudo, a Academia Americana de Neurologia recomenda
o uso de ventilação mecânica quando os doentes pretendem uma
203
Susana Pinto sobrevida prolongada, estando cientes da dependência total do
ventilador e dos custos económicos associados (Miller et al., 1999).
De facto, apesar da ventilação invasiva poder ser mais efectiva no
aumento da sobrevida que a VNI, está associada a custos
económicos e de suporte mais elevados (Cazzolli e Oppenheimer,
1996), mas não parecendo haver diferença na qualidade de vida
dos doentes que usam VNI e os doentes sob ventilação mecânica
por traqueostomia (Kaub-Wittemer et al., 2003). As indicações para
a
traqueostomia
nos
doentes
que
a
pretendem
e,
consequentemente, as contra-indicações relativas da VNI incluem
não-respondedores, não-cooperantes, ou aqueles que recusem
VNI, assim como os doentes que necessitem de protecção das vias
aérias de forma a permitir a eliminação de secreções (ACCP, 1999;
Andersen et al., 2012) para além de doentes em quem não se
consegue extubação após ventilação por IR aguda. Os doentes são
considerados como não-respondedores à VNI se, sob esta
terapêutica e na ausência de fugas da máscara, se registam valores
de SpO2<90% e PaCO2>45mmHg apesar da utilização de máscaras
faciais, de volumes de 1400ml (por VNI com ventiladores
volumétricos) e da realização de insuflação-exsuflação mecânica
(Servera et al., 2005; Sancho et al., 2007). A utilização de tubagens
sem “cuffs” para a realização de ventilação mecânica por
traqueostomia permite prolongar a sobrevida de doentes com ELA
até ser imperativo recorrer a tubagens com “cuffs”, por presença de
hipoventilação e fugas de ar (Sancho et al., 2010). As tubagens sem
“cuffs” permitem o suporte ventilatório com menores complicações,
como demonstrado em mais de 100 doentes com patologia
neuromuscular (Bach e Alba, 1990). As tubagens com “cuffs” estão
associadas a complicações várias, como alteração dos mecanismos
fisiológicos de eliminação das secreções das vias aéreas,
acumulação crónica de muco, incluindo formação de rolhões,
204
Capítulo 2 -­‐‑ A Insuficiência Respirtória na Esclerose Lateral Amiotrófica atelectasias, descondicionamento diafragmático e hiperventilação,
fistulas traqueo-esofágicas, hemorragia e elevadas taxas de
hospitalização por complicações respiratórias. Por outro lado, não
permitem a fala efectiva, apesar do desenvolvimento de tubagens
com canais independentes para possibilitar a passagem de fluxo
aéreo para a fala. A ventilação mecânica não é uma prática corrente
na nossa Unidade dado que a quase totalidade dos doentes não a
considera como alternativa, mesmo quando não existe tolerância à
VNI ou se esta deixa de ser efectiva.
A fraqueza muscular expiratória impossibilita uma tosse
eficiente com consequente retenção das secreções e maior
predisposição para infecções respiratórias, incluindo pneumonia.
Durante a tosse, são necessários valores de fluxo expiratório
máximo (PCEF) superiores a 160L/min de forma a haver uma
eliminação adequada das secreções (Bach, 1995). De forma a
obviar
a
expiratórios
acumulação
estão
de
secrecções
deficientes,
quando
poder-se-á
os
recorrer
músculos
à
tosse
manualmente assistida (TMA) ou mesmo à utilização de aparelhos
de insuflação-exsuflação mecânica (MIE), conhecidos comunmente
por Cough Assist e especialmente indicados quando PCEF< 270
®
L/min (Lyall et al., 2001b). A TMA consiste na tosse após air
stacking, em que se pede ao doente para suster o ar após uma
insuflação máxima espontânea, altura em que, com a glote
encerrada, se administram volumes de ar consecutivos através de
um resuscitador manual ou um ventilador volumétrico utilizando
máscaras faciais, até se atingir o volume máximo de ar conseguido
(Kang e Bach, 2000). Este volume máximo de ar inspirado pode ser
medido pedindo ao doente para expirar totalmente para um
pneumotacógrafo, permitindo também a medição da capacidade
inspiratória máxima. A diminuição da diferença entre esta e a CV é
sugestiva de dificuldade no encerramento da glote. As sessões de
205
Susana Pinto MIE consistem na realização de vários ciclos (8 a 10) de insuflações
e exsuflações com pressões respectivamente de -40 e 40cmH2O,
com thrusts tóraco-abdominais aquando da exsuflações, com razão
insuflação/exsuflação de 2/3, e pausas de 1s entre ciclos (Sancho
et al. 2007). São repetidas, se necessário, até se conseguir a
eliminação das secreções de forma a reobter valores de SpO2>95%.
A MIE permite o aumento do PCEF em 17% em controlos
saudáveis, 26% em doentes com forma de início bulbar e 28% em
doentes sem envolvimento bulbar (Mustfa et al., 2003), enquanto
que a tosse manualmente assistida aumentou o fluxo em 11% e em
13% em doentes bulbares e não bulbares, respectivamente. A MIE
através do tubo de traqueostomia e com insuflação do cuff foi mais
eficaz na eliminação das secreções que a aspiração usual de
secreções (Sancho et al., 2003). De notar ainda que a MIE pode ser
também utilizada com o objectivo primário de melhor expandir a
caixa torácica e manter uma boa compliance pulmonar e torácica,
prevenindo atelectasias e mantendo uma dinâmica ventilatória
adequada (Bach e Hon, 2010). A oscilação de alta frequência da
parede torácica, alternativa à eliminação das secreções, não
demonstrou ser eficaz em 9 doentes com ELA, não tendo tido
benefício na taxa de declínio da CVF ou na sobrevida (Chaisson et
al., 2006). Contudo, num estudo controlado com 46 doentes,
demonstrou estar associada a diminuição da dispneia e fadiga
respiratórias, embora com aumento da tosse nocturna (Lange et al.
2006).
206
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal Capítulo 3 œš
O interesse do estudo neurofisiológico dos músculos
respiratórios: contributo pessoal
Os estudos que neste capítulo se apresentam foram
realizados no intuito de melhor compreender o envolvimento
respiratório nos doentes com ELA. Os protocolos dos estudos
realizados foram submetidos e aprovados pelas Comissões de Ética
Locais - Comissão de Ética do Hospital de Santa Maria ou
Comissão de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade de
Lisboa. Todos os doentes incluídos nos mesmos expressaram o
seu consentimento, de forma informada, para a inclusão nos
estudos propostos.
207
Susana Pinto 3.A. Envolvimento dos diafragma e dos músculos
inspiratórios acessórios na ELA –
Relevância do seu estudo
3.A.1. Avaliação do envolvimento do diafragma
A ELA é uma doença característicamente assimétrica. Na
fase inicial, a parésia é tipicamente objectivável em apenas um dos
membros, geralmente de predomínio distal (Ravits et al., 2007).
Durante a progressão da doença, ocorre um envolvimento proximal
regional
assim
um
envolvimento
distal
contralateral,
por
contiguidade medular (Ravits et al, 2009). Contudo, temos
observado que as respostas motoras de diafragma por estimulação
eléctrica percutânea do nervo frénico são simétricas em doentes
com ELA. A avaliação da simetria destas respostas numa
população considerável de doentes com ELA (distribuídos de
acordo com a região de início da doença) é particularmente
relevante, atendendo a que o envolvimento respiratório é a principal
causa de morte nestes doentes. Por outro lado, a correlação das
mesmas com as respostas obtidas noutros músculos dependentes
de miótomos cervicais similares e distintos permitiria melhor
compreender a fisiopatologia da ELA e o prognóstico aquando do
envolvimento
destes
miótomos.
Desta
forma,
avaliámos
as
respostas motoras bilaterais diafragmáticas e dos músculos deltoide
(Del) e abductor do V dedo (ADM) em doentes com ELA com forma
de início bulbar, MS e MI, considerando-se nestes dois últimos
subgrupos o lado dos sintomas iniciais (Pinto e de Carvalho, 2010).
Com o presente estudo incluímos prospectivamente 67
doentes consecutivos com ELA (39 do sexo masculino), com idade
média aquando dos primeiros sintomas de 58.3 ± 12 anos (entre 2880 anos) e duração média da doença aquando da inclusão de 21.7
± 20.5 meses (entre 3-110 meses). Foram excluídos doentes com
208
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal outras condições médicas e história prévia de traumatismos graves
dos MS ou cirurgia torácica; polineuropatia, lesão focal do nervo
cubital, assim como com ausência de respostas uni ou bilaterais
dos nervos cubital, circunflexo e frénico; ou doentes com
impossibilidade de identificar claramente a região de início dos
primeiros sintomas. A forma de início da doença foi bulbar em 17
doentes e medular em 50, dos quais 27 com início nos MS e 23 nos
MI. As características demográficas entre os vários subgrupos
foram similares (bulbar, MS direito, MS esquerdo, MI direito e MI
esquerdo, p>0.05). Em todos os subgrupos de doentes, a Ampl e
área das respostas diafragmáticas não apresentaram diferenças
entre lados, sendo a correlação da Ampl entre os lados direitoesquerdo sempre superior a 0.8 (Tabela 7). Nos doentes com forma
de início bulbar, os segmentos proximais e distais dos MS foram
envolvidos simetricamente. Nos doentes com os primeiros sintomas
referidos aos MS, a ADMAmpl foi menor na região primeiramente
envolvida, mas não houve diferenças entre lados na DelAmpl. Pelo
contrário, nos doentes cujos sintomas tiveram início nos MI, não se
observaram
diferenças
entre
os
lados
direito-esquerdo
nos
músculos avaliados, apesar de não ter havido uma correlação
significativa entre lados para o ADM. Em todos os subgrupos,
PhrenAmpl não se correlacionou com DelAmpl ou com ADMAmpl
em ambos os lados (p>0.05). Nos subgrupos bulbar e MI, ADMAmpl
à direita correlacionou-se com DelAmpl (0.75, p=0.001; 0.57,
p=0.007, respectivamente), assim como à esquerda (0.78, p<0.001;
0.54, p=0.01, respectivamente). Contudo, estas correlações não
foram significativas em ambos os lados para o subgrupo de doentes
com forma de início nos MS (p<0.1).
209
Susana Pinto Tabela 7 – Resultados das respostas motoras
diafragmáticas, do deltoide e do ADM
Latência
distal (ms)
Amplitude
(mV)
Area
(mV.ms)
Bulbar (n = 17)
Del direito
Del esquerdo
Coeficiente correlação
Diferença entre lados
ADM direito
ADM esquerdo
Coeficiente correlação
Diferença entre lados
Phren direito
Phren esquerdo
Coeficiente correlação
Diferença entre lados
4.24 (0.32)
4.07 (0.34)
0.8 (p<0.001)
p =0.13
3.46 (0.49)
3.63 (1.19)
0.92 (p<0.001)
p=0.27
8.69 (1.45)
8.35 (0.83)
0.75 (p<0.001)
p =1.00
Del direito
Del esquerdo
Coeficiente correlação
Diferença entre lados
ADM direito
ADM esquerdo
Coeficiente correlação
Diferença entre lados
Phren direito
Phren esquerdo
Coeficiente correlação
Diferença entre lados
4.43 (0.55)
4.38 (0.60)
0.4 (p=0.04)
p=0.85
3.42 (0.47)
3.22 (0.45)
0.63 (p=0.002)
p =0.05
8.50 (1.46)
8.43 (1.32)
0.63 (p=0.001)
p =0.68
12.99 (6.60)
12.72 (4.86)
0.78 (p<0.001)
p =0.63
8.86 (4.56)
9.17 (4.72)
0.74 (p=0.001)
p=0.80
0.48 (0.24)
0.51 (0.31)
0.94 (p<0.001)
p=0.55
22.59 (11.8)
23.07 (9.95)
0.64 (p=0.011)
p =1.00
13.30 (6.80)
13.91 (6.53)
0.77 (p=0.001)
p =1.00
2.04 (0.84)
2.00 (1.19)
0.89 (p<0.001)
p=0.63
MS (n = 27)
9.11 (6.5)
9.52 (6.59)
0.7 (p<0.001)
p=0.69
5.09 (3.74)
6.99 (4.14)
0.3 (p=0.099)
p=0.44
0.51 (0.22)
0.62 (0.32)
0.9 (p<0.001)
p=0.06
17.10 (12.20)
17.75 (12.28)
0.76 (p<0.001)
p=1.00
7.27 (5.23)
10.53 (6.47)
0.43 (p=0.062)
p=0.12
2.58(2.37)
2.76 (2.3)
0.84 (p<0.001)
p=0.29
MI (n = 23)
4.12 (0.38)
13.84 (4.88)
24.79 (9.05)
Del direito
4.26 (0.53)
13.00 (5.17)
22.4 (8.42)
Del esquerdo
0.33 (p=0.125) 0.81 (p<0.001)
0.46 (p=0.03)
Coeficiente correlação
p =1.00
p =0.38
p =0.38
Diferença entre lados
3.43 (0.66)
8.14 (3.8)
13.79 (6.85)
ADM direito
3.39 (0.48)
8.64 (5.43)
14.38 (8.76)
ADM esquerdo
0.59 (p=0.003) 0.40 (p=0.058) 0.19 (p=0.407)
Coeficiente correlação
p =1.00
p =0.66
p =1.00
Diferença entre lados
8.55 (1.14)
0.50 (0.32)
1.83 (1.34)
Phren direito
8.20 (0.94)
0.54 (0.32)
1.95 (1.29)
Phren esquerdo
0.86 (p<0.001) 0.83 (p<0.001) 0.83 (p<0.001)
Coeficiente correlação
p =0.12
p =0.58
p =0.36
Diferença entre lados
Para abreviações consultar Lista de Abreviações.
A “bold” apresentam-se os resultados relevantes para p<0.05. Utilizou-se o
coeficiente de Spearman para correlações entre lados, e entre os pares
Phren-Del, Phren-ADM e ADM-Del ipsilaterais, e o Sign-test para
comparações entre os músculos contralaterais.
210
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal Os nervos frénico, circunflexo e cubital têm uma distribuição
cervical em diferentes colunas somato-motoras (Routal et al.
1999a). O nervo frénico tem origem no plexo cervical profundo,
resultando da reunião de ramos provenientes das segunda e
terceira ansas cervicais. O seu núcleo somato-motor tem uma
localização cervical mediana distribuindo-se geralmente de C3 a
C5. Os nervos circunflexo e cubital inervam respectivamente Del e
ADM, o primeiro com localização proximal e o último localizado
distalmente no MS. Têm origem no plexo braquial, resultando dos
troncos secundários dorsal e ventro-lateral, respectivamente. A
coluna
somato-motora
do
nervo
circunflexo
é
mediana,
imediatamente lateral à do nervo frénico, de localização C5;
enquanto que a do nervo cubital é lateral, extendendo-se de C8-T1.
O
presente
trabalho
evidencia
que
as
respostas
motoras
diafragmáticas por estimulação do nervo frénico são simétricas na
ELA, independentemente da região de início dos primeiros
sintomas. Contudo, a sua Ampl não se correlaciona com as
respostas motoras de outros miótomos cervicais, provavelmente
traduzindo que o núcleo do nervo frénico tem uma susceptibilidade
particular à degenerescência neuronal. Hipoteticamente, esta
diferente susceptibilidade poderá estar relacionada com a diferente
distribuição cervical das colunas somato-motoras dos vários
núcleos (Routal e Pal, 1999a). O Del tende a ser simetricamente
envolvido, o que apenas ocorre no ADM nos doentes com forma de
início bulbar ou nos MI. Este facto está relacionado com o início da
doença focal e a fraqueza prodominantemente distal nos doentes
cujos primeiros sintomas são referidos aos MS (Ravits et al., 2007;
Ravits e La Spada, 2009).
A avaliação da quantidade de LMN existentes pela
determinação dos CMAP é limitada, dado que existe compensação
parcial da progressiva perda neuronal pela reinervação colateral,
211
Susana Pinto como referido no Capítulo 2 da presente Tese. Contudo, a Ampl
dos CMAP decai claramente ao longo do tempo durante a
progressão da doença nos doentes com ELA, resultado da
parcialidade dessa compensação (de Carvalho et al., 2000; de
Carvalho et al., 2005).
Pelo envolvimento simétrico do nervo frénico, os nossos
resultados indicam que a resposta motora unilateral por estimulação
do mesmo é suficiente para testar o número de UM no diafragma e
para monitorizar a sua perda. Recentemente, foi proposto a
implantação selectiva de pace-maker diafragmático na hemicúpula
diafragmática mais parética em doentes com ELA (Onders et al.,
2009). Contudo, e de acordo com o presente estudo, parece não
ser necessário a pesquisa da hemicúpula mais fraca, devendo
antes ponderar-se a sua implantação bilateral para aumento da
eficácia terapêutica.
3.A.2. Associação entre a perda de unidades motoras
no diafragma e nos músculos para-espinhais
Os músculos para-espinhais são extensores da coluna
vertebral, estabilizando-a, com suporte das cargas impostas pelas
costelas durante o esforço ventilatório (Saumarez, 1986). A
avaliação quantitativa dos PUM registados nos músculos paraespinhais ao nível de C6, T5 e L5 pode ser importante no
diagnóstico precoce de ELA. Foi demonstrado previamente que a
Ampl média e Dur dos PUM, assim como a percentagem de
potenciais
polifásicos
estão
aumentadas
nesses
músculos,
traduzindo um processo de reinervação com PUM de morfologia
complexa, de grande amplitude e duração. Os músculos referidos
são tão sensíveis na detecção de fibs-sw como o músculo bicípede
212
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal braquial (BB), embora os PFasc sejam mais frequentes neste último
(de Carvalho et al. 2008b; de Carvalho et al. 2009d). Uma
correlação possível entre a presença de fibs-sw nos músculos paraespinhais torácicos e a função respiratória dos doentes com ELA
nunca foi estabelecida. Contudo, foi observado um envolvimento
mais precoce de desinervação diafragmática e IR grave em dois de
dez doentes com PMA com deservação dos músculos paraespinhais torácicos (de Carvalho et al., 2007). Os núcleos das
células motoras responsáveis pela inervação dos músculos
intercostais internos e para-espinhais assim como do diafragma têm
uma distribuição mais mediana no corno anterior da medula
espinhal (Routal e Pal., 1999a). Esta proximidade poderá traduzirse num envolvimento paralelo destes músculos, com implicações
respiratórias importantes, razão pela qual é relevante a sua
investigação.
Realizámos um estudo prospectivo incluindo 44 doentes
consecutivos com ELA, 6 com doença definitiva e os restantes com
doença provável de acordo com os critérios revistos de El Escorial
(Brooks et al. 2000), todos com valor funcional na escala ALS-FRS
superior a 20. Foram excluídos doentes com outras condições
médicas (DM, patologia pulmonar) e cirurgia torácica; polineuropatia
e ausência de respostas uni ou bilaterais do nervo frénico nos
estudos
de
condução
nervosa;
impossibilidade
de
localizar
especificamente a região de início dos primeiros sintomas; ALSFRSb inferior a 8 (por necessidade de avaliação da CVF). Foram
estudados o diafragma e os músculos intercostais internos, BB e os
para-espinhais ao nível de C6 e de T5 do lado direito desde que a
força muscular bicipital fosse superior a 3 na escala da MRC. Se
inferior, a avaliação foi efectuada do lado esquerdo (em 10
doentes). Em 38 doentes foi também avaliado o músculo tibial
anterior (TA) ipsilateral à avaliação do BB. Em cada músculo para213
Susana Pinto espinhal e dos membros foi avaliada a presença de actividade
espontânea (SA) - fibs-sw e PFasc, assim como foi quantificada a
morfologia
dos
PUM.
Os
valores
preditos
de
CVF
foram
determinados num laboratório independente no intervalo de um mês
da investigação neurofisiológica.
Incluíram-se 44 doentes (13 do sexo feminino), com idade
média aquando dos primeiros sintomas de 62 anos (entre 36-83
anos) e duração média da doença de 12 meses (entre 3-36 meses),
6 com forma de início bulbar, 1 com início respiratório e 37 doentes
com forma medular (dos quais 21 referiam início dos primeiros
sintomas nos MS). A CVF média foi de 81.6±14.6% (entre 30-105%)
do valor predito, sendo inferior a 80% em 14 doentes. Nestes,
PhrenAmpl e ALS-FRS foram significativamente menores que a
apresentada pelos 30 doentes com valores normais de CVF, assim
como foi significativamente mais frequente a presença de fibs-sw no
diafragma, músculos intercostais internos e para-espinhais C6 e T5.
O VPP e a especificidade destas alterações foram elevados quanto
ao valor reduzido da CVF. Por outro lado, a presença de fibs-sw
nos músculos BB e TA não foi preditiva de CVF anormal. Nos EMG
dos músculos para-espinhais torácicos ao nível de T5 dos 3
doentes com os valores mais baixos de CVF (entre 30-60%)
observou-se a presença de picos de actividade coincidentes com o
esforço ventilatório, similares à actividade caracteristicamente
registada no diafragma aquando da inspiração, o que indica o uso
dos músculos para-espinhais como auxiliares do esforço ventilatório
nestes doentes. As características demográficas e os resultados
neurofisiológicos estão representados nas Tabelas 8 e 9.
214
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal Tabela 8 – Características demográficas dos
doentes estudados
CVF≥ 80%
CVF <80%
30
14
Idade
60.9 (10.4)
66.2 (11.9)
0.14
Duração da doença
11.0 (9.2)
14.4 (8.6)
0.25
ALS-FRS
31.5 (4.3)
27.1 (4.4)
0.003
Início bulbar
4
2
0.63
Início MS
14
7
0.7
Início MI
14
4
0.21
Número de doentes
P
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
Em “bold” apresentam-se os resultados relevantes para p<0.05.
Tabela 9 – Resultados dos estudos neurofisiológicos dos
doentes estudados
PhrenAmpl
Fibs-sw TA
CVF≥
CVF
80%
<80%
P
0.7
0.35
(0.25)
(0.21)
13
7 (12)
0.5
Sens
Especif
VPP
ROC
<0.001
(25)
Fibs-sw BB
9
6
0.31
Fibs-sw C6
5
7
0.03
0.5
0.83
0.58
0.6
Fibs-sw T5
4
7
0.01
0.5
0.84
0.64
0.65
Fibs-sw
3
9
<0.001
0.64
0.9
0.75
0.77
3
8
0.002
0.57
0.9
0.73
0.74
diafragma
Fibs-sw
intercostais
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
Em “bold” apresentam-se os resultados relevantes para p<0.05. Para
comparação de variáveis contínuas entre doentes com e sem envolvimento
respiratório utilizou-se o teste t para amostras não emparelhadas e para
variáveis discretas o teste exacto de Fisher. Avaliou-se a Sens, a Especif e
VPP dos vários parâmetros relativamente a CVF < 80%, sendo o seu poder
discriminativo quantificado pela análise ROC.
Os nossos estudos suportam a hipótese de que os núcleos
motores localizados medialmente na medula cujos LMN inervam o
215
Susana Pinto diafragma e os para-espinhais são envolvidos concomitantemente
na ELA. Esta nossa observação corrobora o conceito de haver uma
susceptibilidade focal e regional na ELA, o que tem implicações
para a compreensão da fisiopatologia e da progressão da doença
(Ravits et al. 2007; Ravits e La Spada, 2009). Concluímos, que os
doentes com fraqueza dos músculos para-espinhais torácicos têm
um risco elevado de envolvimento respiratório e devem ser
prontamente avaliados.
3.A.3. Envolvimento do músculo
esternocleidomastoideu (SCM)
O SCM é um músculo fusiforme, espesso, localizado na
região ventro-lateral do pescoço. Insere-se na superfície lateral do
processo mastoideu e na porção lateral da linha occipital superior.
Desta inserção cefálica, atravessa obliquamente a porção lateral do
pescoço, para baixo, para diante e para dentro, até à sua inserção
por dois tendões distintos, na fúrcula esternal e na porção medial da
clavícula. É inervado, tal como o trapézio, pelo nervo acessório, que
cruza a sua face medial dirigindo-se para baixo, para trás e para
fora (Gray, 1991). Para além das suas funções posturais e na
mobilidade da cabeça e do pescoço, o SCM é também um músculo
inspiratório
acessório.
progressivamente
Em
recrutado
indivíduos
durante
saudáveis,
esforços
é
respiratórios
sucessivamente mais exigentes, mas não em repouso. No esforço
máximo, é sempre solicitado. Contudo, quando existe fraqueza
diafragmática, pode ser recrutado precocemente, inclusivamente
em repouso (Campbell, 1955). Daí a importância do seu estudo na
ELA e da compreensão do papel dos dois músculos - diafragma e
SCM, na dinâmica ventilatória nesta doença.
216
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal Os estudos de condução nervosa do nervo acessório
avaliam frequentemente as respostas motoras do músculo trapézio
(Trap) (Fahrer et al. 1974; Petrera et al. 1984; Green et al. 1985;
Shankar et al. 1990; Bahrami et al. 2004). Estas respostas foram
registadas no SCM em apenas um estudo (Krogness, 1974),
utilizando-se agulha concêntrica, e em que a Ampl do SCM
(SCMAmpl) foi inferior à do Trap. Contudo, o estudo do SCM
asseguraria, conjuntamente com o do Trap, a melhor localização de
uma eventual lesão do nervo acessório, quer distal se houvesse
apenas envolvimento do Trap, quer proximal se envolvimento de
ambos. De igual forma, o reaparecimento de resposta motora no
SCM após uma lesão proximal grave é indicadora de reinervação e
bom prognóstico. Na ELA, especialmente na forma de início bulbar
em que não existem marcadores de envolvimento dessa região, o
estudo das respostas motoras do SCM é, potencialmente,
promissor. Outras aplicações desta técnica são a avaliação da
lesão do nervo acessório por intervenção cirúrgica, neurite ou
envolvimento bulbar.
Nos dois estudos seguintes avaliámos a resposta motora do
SCM por estimulação do nervo acessório, primeiramente em
controlos saudáveis e, no segundo estudo, em doentes com ELA.
Para o efeito, apresentamos um novo método para obtenção das
respostas motoras do SCM por estimulação do nervo acessório,
que poderá ser relevante para a localização de lesões distais do
nervo acessório, como observadas após a biópsia de nódulos
linfáticos.
217
Susana Pinto 3.a) Estudo das respostas motoras do SCM em controlos
saudáveis
Foram avaliadas 54 pessoas (23 mulheres e 31 homens;
idade média de 61.9 ± 10.0 anos, entre 35-80 anos), referidas ao
nosso laboratório com diplopia isolada e suspeita clínica de
miastenia gravis ocular, nos quais a estimulação repetitiva
(incluindo do Trap) e o EMG de fibra única do músculo orbicular dos
olhos foi normal. O seu seguimento revelou uma etiologia
oftalmológica, isquémica, lesão intracraniana compressiva do nervo
oculo-motor ou idiopatia. Doentes com DM, polineuropatia e outras
condições médicas foram excluídos. Em 39 pessoas avaliou-se os
nervos acessórios direito e esquerdo (componente medular)
(Tabela 10) enquanto que nas restantes 15 (Tabela 11) foi apenas
estimulado o nervo acessório à direita mas com duas montagens
distintas, uma delas igual à realizada nos primeiros 39 (Posição 1P1, diferente da Posição 2- P2) (Figura 2). Em P1, o eléctrodo
estimulador bipolar de superfície foi colocado 1cm atrás do bordo
posterior do SCM, poucos centímetros acima do bordo superior da
cartilagem tiroideia e 7cm acima do eléctrodo de registo activo (G1),
enquanto que em P2 o eléctrodo estimulador foi colocado mais
acima, adiante do bordo anterior do SCM e do processo mastoideu,
perto do foramen jugular. A estimulação supra-máxima foi
conseguida pela utilização de impulsos rectangulares de 0.2ms de
duração. Utilizaram-se eléctrodos de superfície com pequena área
de registo (7×4mm, Medtronic 9013L0202), um pouco maiores no
caso das 15 pessoas estudadas com duas posições do estimulador
- P1 e P2 (15×20mm, Medtronic 9013S0241). G1 foi colocado sobre
a porção média do SCM, imediatamente atrás do seu bordo medial
e o eléctrodo de referência (G2) foi posicionado sobre o tendão
esternal do SCM, com uma distância inter-eléctrodos de 7cm. O
218
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal eléctrodo terra foi colocado no MS homolateral. Utilizaram-se filtros
de amplificação de 20Hz e 10 kHz. Um ganho de 200µV foi utilizado
para definir a Lat motora. Foram analizados a Lat distal, a Ampl
pico-a-pico, a área do pico-negativo e a Dur do pico negativo, bem
como a I de estímulo necessária para obter uma resposta supramáxima.
Figura 2. Representação da localização da estimulação do nervo
acessório e posicionamento dos eléctrodos de registo, assim como
as respostas motoras obtidas no SCM e Trap.
Traçado 1- Estimulação em P1 e registo no Trap (G1t).
Traçado 2- Estimulação em P1 e registo no SCM (G1scm).
Traçado 3- Estimulação em P2 e registo no SCM (G2).
Os
CMAP
obtidos
no
SCM
foram
consistentes
e
morfologicamente bem definidos em todos os sujeitos. Houve uma
boa tolerância em todos, não se tendo registado estimulação do
plexo braquial, por a posição de estimulação ser realizada alguns
centímetros acima do ponto de Erb. Os CMAP obtidos no SCM
foram mais pequenos que os do Trap, como constatado
anteriormente (Krogness, 1974). Contudo, houve menor variação
inter-individual na dimensão dos CMAPs que a dos Trap apesar de
219
Susana Pinto ainda considerável, não houve diferenças significativas entre lados
(p>0.1 para Lat, Ampl e área) os quais apresentam significativa
correlação entre si (0.72 para a Lat, 0.69 para Ampl e para a área)
e não houve influência significativa da idade. A I do estímulo
necessária
para
obter
uma
resposta
supra-máxima
foi
significativamente inferior em P1, com registo de uma LMD mais
curta que a obtida por estimulação em P2. A estimulação em P2 foi
também mais desconfortável por o estímulo ser mais doloroso e de
I suficiente para estimulação concomitante do nervo facial. Este
facto deve-se à localização anatómica mais profunda do nervo
acessório a este nível. Não foram encontradas outras diferenças
entre estimulações em P1 e P2, assim como entre os diferentes
tipos de eléctrodos de registo. Por o tronco do nervo acessório
atravessar a porção póstero-superior do SCM em direcção ao Trap,
a estimulação em P1 é, teoricamente, distal à origem do ramo que
inerva especificamente o SCM. Provavelmente, a estimulação a
este nível despolariza o ramo do SCM por dispersão do estímulo.
Contudo, não podemos excluir que a estimulação em P1
despolarize
antidromicamente
o
ramo
que
inerva
o
Trap,
desencadeando um potencial de acção que se propaga ao londo do
ramo para o SCM. Este processo seria similar ao proposto para
explicar o reflexo axonal, no qual a estimulação distal induz um
potencial de acção antidrómico que, dirigindo-se proximalmente,
viaja depois ortodromicamente por outro ramo e originando um
CMAP (Fullerton et al., 1965). Ambas as possibilidades podem
explicar a Lat discretamente mais curta obtida pela estimulação em
P1, pela proximidade à ramificação do nervo acessório.
220
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal Tabela 10- Resultados da Experiência 1 (39
pessoas incluídas)
Média ± DP
(máx-mín)
Limites do normal
(Média ± 2 DP)
Latência motora distal (ms)
Direito
1.72 ± 0.13 (1.46-2.0)
1.98
Esquerdo
1.71 ± 0.15 (1.42-2.1)
2.01
Ampl do pico negativo (mV)
Direito
3.66 ± 0.95 (2.3-5.7)
2.14ª
Esquerdo
3.50 ± 0.91 (2.3-6.2)
2.12ª
Área do pico negativo (mV ms)
Direito
18.43 ± 8.14 (7.0-41.0)
7.26ª
Esquerdo
19.31 ± 9.52 (7.6-41.1)
6.73ª
Duração do pico negativo (ms)
Direito
11.57 ± 2.42 (7.3-17.0)
16.41
Esquerdo
11.06 ± 1.83 (8.2-15.2)
14.72
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
a. Limite inferior do normal, após transformação logarítmica. O teste t
paired possibilitou a análise das diferenças entre estimulação à direita e à
esquerda. A correlação de Spearman Rho foi utilizada para avaliar a
correlação de todos os parâmetros entre lados e entre a idade e os
parâmetros avaliados. Valores de p<0.05 foram considerados como
estatisticamente significativos.
221
Susana Pinto Tabela 11 - Resultados da Experiência 2 (15 pessoas
incluídas)
Posições de
estimulação
P1
Média ± DP
(máx-mín)
1.76 ± 0.16 (1.5-2.0)
distal (ms)
P2
1.90 ± 0.18 (1.6-2.2)
Amp do pico
P1
4.37 ± 1.00 (2.7-6.0)
negativo (mV)
P2
4.22 ± 0.90 (2.7-5.8)
Área do pico
P1
18.63 ± 5.18 (11.0-29.8)
negativo (mV.ms)
P2
20.17 ± 4.84 (12.6-29.0)
Duração do pico
P1
11.65 ± 1.74 (9.0-14.7)
negativo (ms)
P2
12.13 ± 1.95 (10.0-14.8)
Intensidade (mA)
P1
49.92 ± 16.2 (25.0-71.0)
P2
68.93 ± 17.2 (38.0-98.0)
Latência motora
p
0.01
0.42
0.37
0.16
<0.001
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
Em “bold” apresentam-se os resultados relevantes para p<0.01.
O teste t paired foi utilizado para comparar as avaliações obtidas pela
estimulação em P1 e P2 nos mesmos sujeitos. Diferenças entre eléctrodos
(para os 39 doentes e para os 15 em P1) foram avaliados através do teste
Mann-Whitney U.
3.b) Estudo das respostas motoras do SCM em
doentes com ELA
Estudo prospectivo incluindo 45 doentes consecutivos com
ELA, com doença
pelos
critérios
definitiva (9) ou provável (36), como definido
revistos
de
El
Escorial,
cujos
aspectos
neurofisiológicos foram recentemente actualizados no consenso de
Awaji (de Carvalho et al., 2008a). Três doentes faziam VNI no
período nocturno. Foram excluídos doentes com outras condições
médicas (DM, patologia pulmonar) e cirurgia torácica; polineuropatia
e ausência de respostas uni ou bilaterais dos nervos frénico e
222
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal acessório nos estudos de condução nervosa; impossibilidade de
localizar especificamente a região de início dos primeiros sintomas;
ALS-FRSb inferior a 8 (por necessidade de avaliação da CVF).
Avaliaram-se os seguintes parâmetros, realizados no intervalo
máximo de 1 mês após a entrada no estudo: ALS-FRS e dos
subtotais ALS-FRSb e do RofALS-FRS-R; CVF, MIP, MEP e P0.1 e
SNIPsit; PaO2, PaCO2 e pH; SCMLat e PhrenLat, SCMAmpl e
PhrenAmpl, SCMArea e PhrenArea; OPN- SpO2mean, SpO2min,
SpO2<90%, %Dips/h <4%.
Incluiram-se 45 doentes com ELA (30 do sexo masculino),
com idade média aquando dos primeiros sintomas de 60.6 ± 13
anos (entre 36-83 anos) e duração média da doença aquando a
avaliação de 20 ± 11 meses (entre 1-54 meses). A forma de início
da doença foi bulbar em 12 e medular em 33 (26 dos quais com
envolvimento inicial dos MS). As características demográficas estão
representadas na Tabela 12.
Não houve diferenças entre lados
para as várias medidas neurofisiológicas (p>0.05), verificando-se
elevada correlação entre eles (PhrenAmpl =0.92; PhrenLat =0.88;
PhrenArea =0.84, SCMAmpl =0.87, SCMLat =0.77, SCMarea =0.85).
Devido à correlação significativa entre a área (pico negativo) e a
Ampl (pico-a-pico) das respostas motoras do SCM e do diafragma
(0.7, p<0.01) utilizou-se SCMAmpl e PhrenAmpl à direita nas
análises seguintes.
A força de flexão do pescoço foi avaliada com os doentes em
decúbito dorsal e classificada segundo a escala do MRC, permitindo
a sua separação em dois subgrupos – aqueles com força normal
(MRC=5) e os com fraqueza muscular (MRC<5), este último
incluindo os 3 doentes que faziam VNI nocturna. Nos 26 doentes
com fraqueza muscular cervical, SCMAmpl foi menor e SCMLat
maior que nos doentes com força muscular normal (p<0.001), estes
223
Susana Pinto últimos com valores similares aos obtidos na população de controlo
do estudo anterior (Pinto e de Carvalho, 2008a). Na Figura 3 estão
representados os traçados das respostas motoras do SCM por
estimulação do nervo acessório em doentes com e sem fraqueza
cervical.
Figura 3- Respostas motoras do SCM obtidas por estimulação
eléctrica do nervo acessório.
Traçado superior (A): CMAP de um doente com com força de flexão do
pescoço grau 5 segundo a MRC;
Traçado inferior (B): CMAP de um doente com fraqueza cervical;
Em A e B sobrepuseram-se 3 respostas para assegurar a reprodutividade.
224
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal Tabela 12 – Características demográficas da
população de doentes com ELA
Média ± DP
Mín-Máx
ALS-FRS
ALS-FRS
27.8 ± 6.0
13–37
ALS-FRSb
9.6 ± 2.7
2–12
RofALS-FRS-R
11.1 ± 1.5
6–12
Provas de função respiratória
(avaliadas com os doentes sentados)
CV (% predito)
80.9 ± 17.6
41.0–110.0
CVF (% predito)
81.3 ± 17.97
34.0–110.0
MIP (% predito)
52.7 ± 19.11
13.3–84.2
SNIP (cmH2O)
56.8 ± 25.43
15.7–111.7
MEP (% predito)
60.8 ± 22.8
15.0–98.0
P0.1 (% predito)
86.2 ± 22.3
53–145.6
pO2 (mmHg)
86.8 ± 10.0
59.7–106.0
pCO2 (mmHg)
40.1 ± 3.05
35.0–48.4
Oximetria de Pulso Nocturna
SpO2mean (%)
93.9 ± 2.62
87.8–97.1
SpO2min (%)
81.9 ± 9.33
56.0–93.0
SpO2<90%
10.7 ± 21.7
0.0–73.7
%Dips<4%/h
2.86 ± 4.14
0.0–16.5
Estudos neurofisiológicos
Phren CMAP (avaliado à direita)
Lat (ms)
8.70 ± 1.23
6.80–12.20
Ampl (mV)
0.54 ± 0.29
0.05–1.20
Area (mV.ms)
1.93 ± 1.05
0.10–4.10
SCM CMAP (avaliado à direita)
Lat (ms)
1.97 ± 0.23
1.67–2.7
Ampl (mV)
3.37 ± 1.40
0.40–6.6
Area (mV.ms)
15.43 ± 6.8
3.7–32.0
Para abreviaturas, consultar Lista de abreviaturas.
225
Susana Pinto Os doentes com fraqueza cervical e menor SCMAmpl
apresentavam alterações mais graves das PFR e valores de ALSFRS, incluindo os subtotais bulbar e respiratório, mais baixos (ver
Tabela 13).
Pela
correlação
moderadamente
positiva
entre
SCMAmpl e ALSFRSb (rs=0.36, p<0.05), SCMAmpl poderá ter um
papel relevante como marcador alternativo do envolvimento bulbar
progressivo nos doentes com ELA, dado nenhuma outra medida
neurofisiológica ter sido proposta, à data. Contudo, estudos
longitudinais são necessários.
A força muscular do SCM e do diafragma são essenciais para
as manobras que permitem determinar a MIP e SNIP, duas medidas
da força muscular inspiratória (Black e Hyatt, 1971; Hautmann et al.
2000; Stefanutti et al. 2000). A CVF está menos relacionada com a
força destes músculos, por depender também de outros factores,
como a força dos músculos expiratórios (Celli, 1989). Esta é a razão
pela qual a MIP e SNIP são mais sensíveis para avaliação da função
inspiratória (Black e Hyatt, 1971; Hautmann et al. 2000; Stefanutti
et al. 2000; Cha, 1989; Quanjer et al. 1993). No nosso estudo,
SCMAmpl correlacionou-se significativamente com SNIP (0.80,
p<0.01), MIP (0.77, p<0.01), CVF (0.47, p<0.01) e PhrenAmpl
(0.45, p<0.01). Houve igualmente correlação positiva significativa
entre CVF, SNIP e MIP (p<0.01). Segundo a regressão linear, a
SCMAmpl pode explicar os valores de SNIP, MIP e CVF em,
respectivamente, 60.5%, 59.3% e 18.2%. Apesar de PhrenAmpl
poder explicar os resultados de SNIP em 78.8%, no caso da MIP e
CVF esses valores são de 15.9% e 18.9%, respectivamente. Quando
se considera simultaneamente ambas as medidas (SCMAmpl e
PhrenAmpl), pela análise linear multivariada clássica, 83.8% dos
valores de SNIP, 58.1% dos de MIP e 23% dos de CVF podem ser
explicados por esta associação, segundo as fórmulas: SNIP= 0.327
226
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal SCMAmpl + 0.666 PhrenAmpl, MIP= 0.747 SCMAmpl + 0.067
PhrenAmpl e CVF= 0.293 SCMAmpl + 0.31 PhrenAmpl. Os nossos
registos sugerem que a força do SCM tem uma contribuição mais
importante para a determinação da MIP que a força do diafragma,
oposto ao que acontece com a SNIP. Deste modo, SNIP e MIP
podem dar informação complementar quanto à força muscular
inspiratória, como antes sugerido (Steier et al. 2007). A correlação
positiva entre SCMAmp e MEP (rs=0.50, p<0.01) pode parecer
contraditório. Contudo, apesar da expiração ser um processo
passivo, quando activo necessita não apenas da contracção dos
músculos expiratórios mas também da contracção dos músculos
inspiratórios acessórios, como o SCM. Por outro lado, como a função
normal dos
músculos
expiratórios
no
final da
expiração
é
particularmente importante para a inspiração máxima, também o
inverso se verifica para a expiração máxima (Cha, 1989). Foi ainda
observada correlação entre SCMAmpl e a os valores de P0.1 (0.41,
p<0.05), o qual avalia a actividade do centro respiratório. De facto,
a fraqueza dos músculos respiratórios é responsável pelo aumento
da actividade do centro respiratório, traduzindo-se no aumento da
frequência respiratória (Baydur, 1991) que, apesar de ser um
mecanismo compensatório, pode agravar a fadiga desses músculos.
Não houve correlação significativa entre SCMAmpl e as medidas
obtidas pela OPN. A SpO2mean parece ser mais dependente da
actividade do diafragma e da função do centro respiratório. O
envolvimento deste último explicaria as alterações oximétricas
nocturnas, nomeadamente o padrão oscilatório periódico da
SpO2mean, por vezes observado nos doentes com ELA com PFR e
EMG do diafragma normais (Atalaia et al., 2007).
227
Susana Pinto Tabela 13 – Comparação dos doentes com força de flexão
cervical normal e diminuída
Força de flexão
Força de flexão
cervical=5
cervical<5
Média ± DP (Mín-Máx)
Média ± DP (Mín-Máx)
ALS-FRS
ALS-FRS
29.5 ± 5.6 (17–37)
26 ± 5.9 (13–37)*
ALS-FRSb
10.4 ± 2.2 (4–12)
8.8 ± 3.1 (2–12)*
RofALS-FRS-R
11.6 ± 1.3 (6–12)
10.5 ± 1.5 (7–12)*
Provas de função respiratória
CV
(% predito)
84.2 ± 17.1 (46.9–110.0)
77.7 ± 18.0 (41–108.3)*
CVF
(% predito)
85.5 ± 16.7 (44.6–110.0)
76.9 ± 18.7 (34–102.1)*
MIP
(% predito)
63.6 ± 11.8 (46.82–84.2)
41.9 ± 19.1 (13.3–82.7)*
70.2 ± 22.4 (29.1–111.7)
38.1 ± 16.1 (15.7–66.2)*
SNIP
(cmH2O)
MEP
(% predito)
68.8 ± 17.3 (34.8–98.0)
52.8 ± 25.3 (15–88.8)*
P0.1
(% predito)
81.5 ± 18.5 (53–110.4)
91.8 ± 25.6 (53–145.6)*
Oximetria de pulso nocturna
SpO2mean (%)
94.6 ± 1.37 (92.4–96.1)
93.1 ± 3.0 (87.8–96.3)
SpO2min (%)
84.6 ± 5.8 (76.0–91.0)
80.3 ± 11.1 (56.0–93.0)
2.4 ± 3.8 (0.0–9.4)
17.7 ± 27.6 (0.0–73.7)
SpO2<90% (%)
CMAP do diafragma (avaliado à direita)
Lat (ms)
8.78 ± 1.37 (6.90–12.20)
8.6 ± 1.1 (6.8–11.3)
Ampl (mV)
0.66 ± 0.32 (0.05–1.20)
0.41 ± 0.18 (0.1–0.8)*
CMAP do SCM (avaliado à direita)
Lat (ms)
1.86 ± 0.12 (1.67–2.2)
2.10 ± 0.26 (1.67–2.7)*
Ampl (mV)
4.26 ± 1.01 (2.60–6.60)
2.39 ± 1.08 (0.4–4.3)*
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
*p<0.01 (teste de Mann-Whitney): todas as medidas foram
significativamente diferentes no subgrupo de doentes com fraqueza
cervical, à excepção dos registos oximétricos.
228
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal Os nossos resultados indicam que os doentes com parésia
cervical devem ser cuidadosamente avaliados. Apesar do SCM ser
um importante músculo inspiratório acessório, a sua capacidade
compensatória
é
provavelmente
limitada
na
ELA,
tal
como
justificado pela elevada correlação encontrada no nosso estudo
entre SCMAmpl e PhrenAmpl, sugerindo perda progressiva paralela
de UM nos músculos SCM e diafragma. O SCM e o Trap
correspondem ao mesmo miótomo e são inervados pelo mesmo
nervo periférico, mas o SCM recebe inervação cortical bilateral,
enquanto que o Trap recebe apenas inervação cortical contralateral.
Na medida em que ambos apresentam o mesmo grau de
envolvimento na ELA tal parece contradizer possível hipótese
corticomotoneuronal
como
base
etiofisiopatológica
para
o
desenvolvimento da ELA (de Carvalho et al. 2011b).
229
Susana Pinto 3.B. Relevância para a prática clínica do estudo das
respostas
elevâncmotoras do nervo frénico e dos parâmetros
das provas de função respiratória
3.B.1. Haverá um envolvimento respiratório mais
precoce nas formas de início bulbar?
Em doenças progressivas e sem cura conhecida como a
ELA é particularmente relevante estabelecer um prognóstico
adequado. Vários factores têm sido associados a um pior
prognóstico nos doentes com ELA, estando a forma de início bulbar
associada a uma menor sobrevida (Chiò et al., 2002; Del Aguilla et
al., 2003; Rosen, 1978; Tysnes et al., 1991; Pinto et al., 2009a).
Outros factores de mau prognóstico são a idade mais avançada
aquando dos primeiros sintomas (Haverkamp et al., 1995), a
dispneia como forma de início da doença (Ringel et al., 1993), a
rápida progressão (Haverkamp et al., 1995) e a curta duração da
doença até ao diagnóstico (Ringel et al., 1993; Pinto et al., 2009a).
Nas formas de início bulbar, desconhece-se se o pior prognóstico
está relacionado com um envolvimento respiratório mais precoce ou
com outros factores, como o início da doença mais tardio ou por
disfagia, com consequente malnutrição, aspiração de alimentos e
infecções respiratórias. Dado a IR ser a principal causa de morte da
ELA, poder-se-ia esperar um envolvimento respiratório mais
precoce nestes doentes do que nos com forma de início medular.
Contudo, este facto não foi anteriormente demonstrado. Estes
doentes apresentam fraqueza peri-oral, dificultando a realização de
testes respiratórios que necessitem de um bucal. Foi anteriormente
demonstrado que outros testes como a SNIP e a medição invasiva
da pressão transdiafragmática (Pdi) não são preditores de
hipercapnia em doentes com forma de início bulbar, por provável
envolvimento de outros mecanismos (Lyall et al. 2001a). Causas
230
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal possíveis são a disfunção do centro respiratório, frequente
aspiração
de
alimentos,
microactelectasias,
diminuição
da
compliance pulmonar e a queda da oxigenação sanguínea
(Robbins, 1987).
No intuito de estudar a função respiratória nos doentes com
formas
de
início
bulbar
mas
também
medular,
avaliámos
prospectivamente 238 doentes com idade de início da doença entre
20 e 70 anos, decorrendo a avaliação entre 6 a 18 meses após o
início dos primeiros sintomas. Foram excluídos doentes com
patologia pulmonar ou com sinais de envolvimento respiratório ou
outras condições médicas (como a DM), submetidos anteriormente
a cirurgia torácica, com polineuropatia ou ausência de respostas uni
ou bilaterais do nervo frénico nos estudos de condução nervosa,
com valores de ALS-FRSb inferiores a 8 (por necessidade de
avaliação da CVF) ou em que não era possível localizar
especificamente a região de início dos primeiros sintomas. Os
doentes foram subdivididos em dois subgrupos, de acordo com a
forma de início da doença – G1, subgrupo medular, se a fraqueza
muscular de um membro foi a primeira queixa e G2, subgrupo
bulbar, se os primeiros sintomas foram disartria e/ou disfagia. Dos
238 doentes, foram seleccionados os 82 que preenchiam os
critérios de inclusão, dos quais 45 foram incluídos em G1 e 37 em
G2 (ver as características demográficas dos doentes incluídos na
Tabela 14). A idade média dos doentes foi mais elevada em G2,
como esperado, por os primeiros sintomas serem mais tardios em
doentes com forma de início bulbar (Haverkamp et al. 1995), sendo
nestes doentes os valores de ALS-FRSb mais baixos. O RofALSFRS-R foi elevado em ambos os grupos, pela exclusão de doentes
com envolvimento respiratório. A distribuição por sexo e a duração
da doença aquando da inclusão foram similares, assim como os
totais da escala ALS-FRS e o RofALS-FRS-R. No intervalo de um
231
Susana Pinto mês, avaliámos eventuais diferenças nos valores de ALS-FRS,
incluindo ALS-FRSb e RofALS-FRS-R, nas provas de função
respiratória (CVF, MIP, MEP e P0.1), gasometria arterial (PaO2,
PaCO2
e
pH);
OPN
(SpO2mean,
SpO2min,
SpO2<90%
e
%Dips/h>4%) e estudos neurofisiológicos (do frénico e intercostais PhrenLat e PhrenAmpl, e EMG de agulha do diafragma dos
intercostais internos à direita) em doentes com formas de início
bulbar e medular.
A avaliação neurofisiológica dos músculos inspiratórios e
expiratórios não demonstrou diferenças significativas entre G1 e
G2, traduzindo uma perda paralela de UM. Nas PFR, só MIP e MEP
foram significativamente menores em G2 (p=0.001 e p=0.006,
respectivamente). Como a determinação destas pressões depende
de um bom encerramento da boca em torno do bucal utilizado na
medição, valores baixos de MIP e MEP podem espelhar a fraqueza
orofacial presente nos doentes com forma de início bulbar. Contudo,
a inexistência de correlação entre MIP e MEP e ALS-FRSb
(p=0.070 e p=0.138, respectivamente) põe em causa esta
explicação. Testes adicionais utilizando diferentes interfaces para a
medição das pressões máximas poderiam, por esta razão, dar um
importante contributo. É também possível que MIP e MEP
representem medidas mais sensíveis na detecção de envolvimento
respiratório na ELA. Como o diafragma e os músculos intercostais
estão similarmente envolvidos em ambos os grupos, pode-se
igualmente discutir a existência de uma possível disfunção do
centro respiratório em G2. Mas esta hipótese não foi evidenciada
pelos valores de P0.1 e parâmetros da OPN. Poder-se-á ainda
especular se os doentes em G2 apresentam menor coordenação
para a realização eficiente dos movimentos respiratórios. Outra
provável explicação é o possível envolvimento mais grave dos
232
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal músculos inspiratórios acessórios nos doentes com forma de início
bulbar, nomeadamente do SCM.
Em conclusão, não há evidência que suporte que a fraqueza
diafragmática seja mais precoce nos doentes com ELA com forma de
início bulbar, sendo o seu potencial de reabilitação respiratória
provavelmente similar ao dos doentes com forma de início medular.
233
Susana Pinto Tabela 14 – Comparação entre os doentes em G1 (forma de
início medular) e G2 (forma de início bulbar)
Idade no início da
G1- Medular
(n=45)
G2- Bulbar
(n=37)
P
55.3 (10.3)
61.46 (7.5)
0.004*
,,,24 (53%)
413 (35%)
, 0.15
11.2 (3.2)
10 (3.9)
0.14
12.2 (3.0)
11.6 (2.6)
0.36
doença (anos)
Sexo masculino
Duração da doença
no diagnóstico (meses)
Duração da doença
na inclusão (meses)
ALS-FRS
ALS-FRS
32
32
0.88
ALS-FRSb
12
7
,<0.001*
RofALS-FRS-R
12
12
0.77
Provas de função respiratória
CVF (% predito)
88.7 (27.9)
81.7 (19.6)
0.123
MIP (% predito)
50.7 (24.5)
31.5 (23.3)
0.001*
MEP (% predito)
62.9 (29.3)
44.2 (21.5)
0.006*
P0.1 (% predito)
86.4 (41.6)
92.3 (47.4)
0.62
PaCO2 (% predito)
38.5 (4.8)
39.4 (5.7)4
0.92
PaO2 (% predito)
88.5 (9.3)
88.9 (12.8)
0.45
Oximetria de pulso nocturna
94.7 (2.1)
95.2 (1.4)
0.31
83.84 (9.1)4
87.3 (4.5)
0.16
SpO2<90% (%)
4.3 (12.4)
1 (3.7)
0.04
%Dips/h>4%
5.5 (10.1)
1.5 (1.5)
0.06
SpO2 mean (%)
SpO2min (%)
Estudos de condução nervosa do nervo frénico
Ampl (dir/ esq)
0.4 (0.3)/0.4 (0.3)
0.4 (0.2)/ 0.4 (0.2)
0.94/ 0.88
Lat (dir/ esq)
8.4 (1.2)/8.2 (0.9)
8.3 (1.1)/ 8.1 (0.9)
0.52/ 0.43
Para abreviações ver Lista de abreviações.
O teste de Mann-Whitney U foi utilizado para análise dos dados contínuos
2
e o teste de χ para as variáveis discretas. Aceitou-se como significativo
valores de p<0.01, pelas múltiplas comparações efectuadas, com
correcção de Bonferroni.
234
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal 3.B.2. Valor preditivo para a hipoventilação das
respostas motoras diafragmáticas
A
sobrevida
dos
doentes
com
ELA
depende
fundamentalmente do surgimento de hipoventilação (Fallat et al.,
1979), geralmente definida como presente quando se identifica
hipercapnia. Outros factores são igualmente importantes, como o
sexo e a idade (factores constitucionais), o envolvimento bulbar, o
maior predomínio de sinais do primeiro ou do segundo neurónio
motores e o grau de progressão da doença (Zoccolella et al., 2008)
assim como presença de desidratação e mal-nutrição (Limousin et
al. 2010). A hipoventilação pode ser compensada de forma efectiva
pela VNI, melhorando a sobrevida e a qualidade de vida dos
doentes (Bourke et al. 2006). Deste modo, é relevante a
identificação de testes respiratórios capazes de, de forma segura e
reproductível, predizer a sua presença. Várias medidas da função
respiratória têm sido estudadas na ELA, especialmente no intuito de
detectar precocemente um eventual envolvimento respiratório. A
CVF é preditiva do prognóstico na ELA, sendo comunmente
utilizada nos vários ensaios clínicos (Fallat et al., 1979; Czaplinski et
al., 2006a). Recentemente, a SNIP (Morgan et al., 2005) e a OPN
(Velasco et al., 2002; Pinto et al., 2003) foram igualmente
consideradas como medidas sensíveis e preditivas de sobrevida em
doentes com ELA. Lyall e colaboradores (2001a) num estudo com
81 doentes, concluiram que SNIP e a pressão transdiafragmática
avaliada invasivamente têm valor preditivo de hipercapnia em
doentes com forma de início medular. Contudo, nos doentes com
forma de início bulbar, nenhum teste demonstrou valor preditivo
satisfactório. Em geral, as PFR necessitam de uma excelente
colaboração dos doentes, especialmente na realização de esforços
inspiratórios e expiratórios máximos. A estimulação do nervo frénico
235
Susana Pinto é um teste não-volicional, facilmente realizável e bem tolerado. A
obesidade pode dificultar o registo, enquanto que a dispersão da
corrente pode produzir artefactos por estimulação do plexo braquial
(de Carvalho, 2004). A PhrenAmpl depende do número de UM
excitáveis do diafragma (Evangelista et al., 1995) mas outros
factores podem influenciá-la, como a morfologia e o índice de
massa corporal e os ciclos respiratórios (Chen et al., 1995). Por este
motivo, a estimulação é realizada em repouso, no fim de cada ciclo
respiratório.
Na tentativa de prever, aquando da primeira observação, o
eventual desenvolvimento de IR em doentes com ELA, avaliámos o
valor preditivo dos principais parâmetros respiratórios das PFR e
das respostas motoras do nervo frénico.
Nos
últimos
7
anos
foram seguidos na Unidade de Neuromusculares do HSM 450
doentes consecutivos com ELA definitiva ou provável segundo os
critérios modificados do El Escorial (Brooks et al. 2000). Dos 450
doentes, 199 foram incluídos (99 do sexo feminino), dos quais 52
com ELA definitiva e 147 com ELA provável. A forma de início da
doença foi bulbar em 68 doentes e medular em 131 (com início nos
MS em 63) e a sua duração média aquando da inclusão foi de 17.2
± 15.6 meses, registando-se hipercapnia em 24 doentes. Excluíramse doentes com idade superior a 80 ou inferior a 25 anos, com ALSFRSb inferior a 8 (por necessidade de avaliação da CVF) com
outras condições médicas (DM, patologia pulmonar, doenças
debilitantes) com realização de cirurgia torácica prévia, com
polineuropatia ou ausência de respostas uni ou bilaterais dos
nervos frénico nos estudos de condução nervosa, ou nos quais foi
impossível localizar especificamente a região de início dos primeiros
sintomas. A presença de sintomas respiratórios não constituíu um
critério de exclusão quando devida a fraqueza muscular respiratória.
De acordo com a forma de início, os doentes foram subdivididos em
236
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal dois subgrupos - G1 (com forma de início medular) e G2 (com forma
de início bulbar). Apesar de nenhum doente estar adaptado a VNI
aquando da sua primeira avaliação, esta terapêutica foi necessária
em muitos durante a progressão da doença. A hipoventilação foi
definida pela presença de hipercapnia, PaCO2≥ 45mmHg (Lyall et
al. 2001a; Roussos et al. 2003). No intervalo de um mês foram
avaliados ALS-FRS e os subtotais ALS-FRSb, ALS-FRSm e
RofALS-FRS-R; provas de função respiratória (CVF, MIP, MEP e
P0.1); valores gasométricos (PaO2, PaCO2 e pH); parâmetros
neurofisiológicos (PhrenLat, PhrenAmpl e PhrenArea) e valores
oximétricos (SpO2mean, SpO2min, SpO2<90%, %Dips/h<4%). As
características demográficas dos 199 doentes e dos subgrupos G1
e G2 estão representadas na Tabela 15, não havendo diferenças
demográficas significativas em relação aos restantes doentes
seguidos na nossa Unidade (p>0.05). As respostas motoras por
estimulação do nervo frénico apresentavam uma morfologia
bifásica, com início abrupto a partir da linha de base (Figura 4). A
PhrenAmpl, como indicado na Tabela 15, representa o valor médio
das Ampl determinadas em ambos os lados, pela elevada
correlação existente entre a Ampl bilateral (0.92, p<0.001). Apesar
das diferenças na CVF, MIP e MEP entre G1 e G2, não se observou
diferenças significativas relativamente a PhrenAmpl e PaCO2. Estes
resultados sugerem, como esperado clinicamente, que poderá ter
havido problemas técnicos na medição de CVF, MIP e MEP em G1.
Para toda a população e para cada um dos subgrupos foram
calculados a Sens, a Especif, os VPP e VPN assim como o poder
discriminativo, este último pela análise ROC. Inicialmente, os
valores de corte para os parâmetros a seguir indicados foram
estabelecidos de acordo com os valores normativos geralmente
aceites: para a CVF 80% do predito; para a MIP e MEP 60% do
predito; para a P0.1 80% (Fallat et al. 1979; Gardner et al. 1989;
237
Susana Pinto Hautmann et al. 2000); 0.40 mV para PhrenAmpl (de Carvalho,
1994). A utilização de valores de corte clássicos demonstrou que o
VPP dos mesmos era baixo, como esperado, dado muitos doentes
com valores anormais de CVF, MIP, MEP ou PhrenAmpl não terem
hipercapnia. No entanto, as Sens, Especif e VPN eram elevados. A
análise ROC demonstrou que a força descriminativa dos mesmos
era elevada para a CVF e PhrenAmpl em ambos os grupos e MIP
em G2, como definido por valores superiores a 0.70 de área abaixo
da curva (Metz, 1978) (ver Tabela 16). A análise de regressão
logística indicou que apenas a CVF (p=0.01) e PhrenAmpl (p=0.03)
para G2 e PhrenAmpl (p=0.01) para G1 estavam significativamente
relacionados com a presença de hipercapnia (Tabela 17). Assim,
um modelo logístico incluindo PhrenApml e CVF para G2 e
PhrenApml para G1 permitiu derivar um novo conjunto de valores
de corte, recalculando-se Sens, Especif, VPP, VPN e ROC (Tabela
18) do qual resulta melhoria da Especif e, consequentemente, do
VPP. A Sens da CVF em G2 foi inferior para o novo valor de corte
(63.4%). Os novos valores de corte para PhrenAmpl foram
ligeiramente inferiores para G1 e G2, mas associados a aumentos
consideráveis
das
Especif
e
Sens
e
dos
seus
valores
descriminativos. VPN foi quase de 100%, indicando que valores
anormais de PhrenAmpl estão fortemente associados a hipercapnia.
Pelo contrário, o VPP foi inferior (19.6% em G1 e 33% em G2)
indicando maior incerteza quanto à hipercapnia quando PhrenAmpl
é normal.
238
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal Figura 4. Estudos de condução motora do nervo frénico. Respostas
motoras registadas no diafragma com eléctrodos de superfície por
estimulação do nervo frénico.
A. Respostas em doentes com ELA sem envolvimento respiratório.
B. Respostas em doentes com ELA com hipercapnia, demonstrando
diminuição da resposta diafragmática.
Durante o seguimento dos doentes, foi adaptada VNI a 102
doentes que não apresentavam hipercapnia aquando da avaliação
inicial. Em 67 doentes com valores de PhrenAmpl normais, a VNI foi
adaptada após 10 ± 10.6 (0–60) meses, enquanto que nos 35
doentes com valores anormais, a adaptação ocorreu precocemente,
após 3.9 ± 4.5 (0-13) meses. Nos 70 doentes com valores normais
de CVF, a VNI foi iniciada 10.3 ± 12.7 (0-11) meses após a
observação, enquanto que nos 32 doentes com valor reduzido de
CVF o tempo médio foi de 5.9 ± 6.7 (0-21) meses. Estas diferenças
foram significativas, em particular para PhrenAmpl (p<0.001 e
p=0.046 para PhrenAmpl e para CVF, respectivamente).
239
Susana Pinto Tabela 15 – Características demográficas e resultados dos
testes respiratórios dos 199 doentes com ELA
Todos os
doentes
G2 (bulbar)
G1 (medular)
Nr de doentes
199 (100%)
68 (34.2%)
131 (65.8%)
Sexo feminino
99 (49.8%)
45 (66.2%)
54 (41.2%)**
Idade (anos)
61 ± 11 (28–80)
64.8 ± 9.2 (36–80)
59.2± 11.1 (28–79)**
Duração da
17.2 ± 15.6 (1–72)
12.3 ± 7.5 (1–45)
19.8 ± 18 (1–72)**
24 (12.1%)
10 (14.7%)
14 (10.7%)
30.9 ± 5.3 (14–39)
31.0 ± 5.5 (16-37)
30.9 ± 5.3 (14–39)
ALS-FRSb
9.1 ± 2.8 (3–12)
6.9 ± 2.0 (3-9)
11.35 ± 1.1 (8–12)**
RofALS-FRS-R
11.3 ± 1.1 (8–12)
11.2 ± 1.2 (8–12)
11.41 ± 0.9 (8–12)
PhrenAmpl
0.45 ± 0.3 (0–1.4)
0.39 ± 0.2 (0.1–
0.48 ± 0.3 (0–1.4)
doença (meses)
Nr de doentes
com hipercapnia
ALS-FRS
0.8)
CVF (% predito)
84.13 ± 23.5
76.6 ± 21.7
88.1 ± 23.5
(18.4–137)
(31.7–124)
(18.4–137)**
44 ± 23.67
32.6 ± 20
49.9 ± 23.3
(6.2–119.7)
(7.1–84.2)
(6.2–119.7) **
58.2 ± 27.6
46.85 ± 22.5
64.1 ± 28.2
(5.12–142)
(5.1–105.9)
(11.5–142) **
90.2 ± 43.0
101.3 ± 57.6
84.4 ± 31.7
(14.2–310)
(19.1–310.4)
(14.2–237)
PaCO2 (%
39.2 ± 4.25
39.5 ± 3.9
39.0 ± 4.4
predito)
(28.1–62.6)
(31.9–51.4)
(28.1–62.6)
MIP (% predito)
MEP (% predito)
P0.1 (% predito)
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
Os resultados referem-se a média ± desvio padrão (mínimo-máximo).
**valores significativos para p<0.01 (teste de Mann–Whitney).
240
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal Tabela 16 – Valor preditivo dos testes respiratórios aplicando
os valores de corte normativos convencionais
Valores de
corte
Sens
(%)
Especif
(%)
ROCAUC
VPP
(%)
VPN
(%)
93.6
Todos os doentes
CVF
80%
66.7
66.3
0.723
21.3
MIP
60%
100
26.9
0.671
15.8
100
MEP
60%
75
52.0
0.626
17.7
93.8
P0.1
80%
45.8
56.6
0.546
12.6
88.4
0.4mV
75
62.9
0.772
21.7
94.8
PhrenAmpl
G2 - Grupo bulbar
CVF
80%
90
51.7
0.788
24.3
96.8
MIP
60%
100
10.3
0.531
16.1
100
MEP
60%
80
31.0
<0.5
16.7
90.0
80%
50
65.5
0.640
20.0
88.4
0.4mV
80
58.6
0.810
25.0
94.4
P0.1
PhrenAmpl
G1 – Grupo medular
CVF
80%
50
73.5
0.680
18.4
92.5
MIP
60%
100
35.0
0.730
15.6
100
MEP
60%
71.4
62.4
0.687
18.5
94.8
P0.1
80%
42.9
52.1
<0.5
9.7
88.4
0.4mV
71.4
65.0
0.797
19.6
95.0
PhrenAmpl
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
Tabela 17 – Análise de regressão logística
G2– Grupo bulbar
G1– Grupo medular
Coeficientes
P
Coeficientes
P
CVF
-0.11
0.01*
0.01
0.46
MIP
0.03
0.5
-0.03
0.2
MEP
0.08
0.06
-0.01
0.63
P0.1
-0.01
0.25
0
0.97
PhrenAmpl
-8.88
0.03*
-4.09
0.02*
Para abreviações consultar Lista de abreviações. *Diferença
estatisticamente significativa para p<0.05. Neste modelo, todas as
variáveis foram incluídas na análise.
241
Susana Pinto Tabela 18 – Novos valores de corte derivados da análise de
regressão logística
Novos
valores de
corte
AUC
Sens
(%)
Espe
cif
VPP
VPN
(%)
(%)
(%)
G2 – Grupo bulbar
0.84
90.0
65.5
31.0
97.4
63.4%
0.79
70.0
84.4
43.8
94.2
0.25 mV
0.77
80.0
72.4
33.3
95.5
65.0
19.6
95.0
PhrenAmpl + CVF
CVF
PhrenAmpl
G1 – Grupo medular
PhrenAmpl
0.37mV
0.768
71.4
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
Na ELA, o declínio da CVF e de MIP e MEP correlacionamse com um pior prognóstico (Stambler et al., 1998). Contudo, a
parésia oro-facial torna os resultados nestes testes nem sempre
fidedignos (Lyall et al., 2001a) explicando, provavelmente, porque
os nossos doentes com forma de início bulbar apresentavam
valores reduzidos dos mesmos mas não de P0.1 e PhrenAmpl. Por
P0.1 ser normal, não parece haver envolvimento do centro
respiratório. Nas doenças neuromusculares, os valores de P0.1
estão geralmente preservados (Bégin et al., 1980) ou elevados por
compensação da fraqueza dos músculos respiratórios (Bayden,
1991). Um valor diminuído em doentes com ELA seria de esperar
se houvesse um hipofuncionamento do centro respiratório (Pinto et
al., 1999). Os valores de SNIP não foram apresentados por não
terem sido sistematicamente realizados em todos os doentes.
Contudo, em doentes com envolvimento restrictivo pulmonar grave,
a SNIP pode sobrevalorizar a fraqueza dos músculos inspiratórios
(Hart et al., 2003). Uma conclusão importante é que PhrenAmpl é
um parâmetro útil na avaliação do funcionamento da função
respiratória. É objectivo, independente da vontade e altamente
discriminativo de hipoventilação nos doentes com forma de bulbar e
242
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal medular. Respostas de pequena amplitude indicam envolvimento
respiratório,
implicando
a
necessidade
de
uma
avaliação
respiratória cuidadosa.
A decisão para iniciar VNI é determinada pela combinação
de sintomas clínicos como a dispneia de esforço, alterações do
sono e a presença de cefaleias matinais, confusão e sonolência
diurna,
sugestivas
de
hipercapnia,
com
documentação
de
hipercapnia em repouso e diminuição da CVF (Andersen et al.,
2012). A OPN é uma investigação útil (Pinto et al., 2003) revelando
quedas de SpO2mean durante o sono. O valor dos estudos
neurofisiológicos do nervo frénico é importante nos doentes com
forma de início bulbar, nos quais os testes respiratórios clássicos
podem ser não fiáveis devido à parésia oro-facial presente. No
nosso estudo, a diminuição de PhrenAmpl mostrou forte associação
com a necessidade de VNI nos meses seguintes.
Conclui-se que a hipercapnia nos doentes com forma de
início bulbar, tal como nos com início medular, parece depender
sobretudo da força diafragmática. Os estudos de condução motora
do nervo frénico podem contribuir para a compreensão das
alterações respiratórias na ELA, quando utilizados em conjunto com
as PFR convencionais, especialmente em doentes com forma de
início bulbar.
3.B.3. Valor preditivo de sobrevida das respostas
motoras diafragmáticas na ELA
A
demonstração
de
que
as
respostas
motoras
diafragmáticas por estimulação eléctrica transcutânea cervical do
nervo frénico (nomeadamente PhrenAmpl) têm uma valor preditivo
de hipoventilação, nas formas de início bulbar e medular da ELA
243
Susana Pinto (Pinto et al. 2009a), tem implícita a questão do valor preditivo
daquelas
respostas
quanto
à
sobrevida.
Como
referido
anteriormente, vários factores foram demonstrados como sendo
preditivos de sobrevida na ELA. Os factores mais consistentemente
referidos são a idade avançada (Kaufmann et al., 2005; Kollewe et
al., 2008; Chiò et al., 2009a), o sexo feminino (Chancellor et al.
1993; del Aguilla et al. 2003), a menor duração da doença até ao
diagnóstico (Kaufmann et al., 2005; Kollewe et al., 2008; Chiò et al.,
2009a), as formas de início bulbar e respiratório (Kaufmann et al.,
2005; Kollewe et al., 2008; Chiò et al., 2009a) e o rápido declínio
clínico (ALS-FRS) e respiratório (Kauffmann et al., 2005; Kollewe et
al., 2008; Chiò et al., 2009a). Relativamente à função respiratória e
prognóstico, foi demonstrado que a CVF (Fallat et al., 1979;
Czaplinski et al., 2006a; Czaplinski et al., 2006b; Kollewe et al.,
2008), os decaimentos da CVF (Magnus et al., 2002) e da CV
(Shiffman and Belsh, 1993), a SNIP (Morgan et al., 2005) e a
SpO2mean determinada por OPN (Velasco et al., 2002; Pinto et al.,
2003) são indicadores de sobrevida na ELA. Contudo, noutros
estudos,
a
CVF
não
demonstrou
ser
um
factor
preditivo
independente (Kaufmann et al., 2005), provavelmente por depender
da cooperação dos doentes e do adequado encerramento dos
lábios em torno do bucal, especialmente difícil em doentes com
envolvimento bulbar. Nestes doentes, a SNIP é consensualmente
mais
adequada.
Contudo,
não
parece
ser
preditiva
de
hipoventilação nos doentes com início, apesar das limitações dos
estudos existentes (Lyall et al. 2001a). A correcta informação
àcerca do prognóstico é fundamental não só para os próprios
doentes, mas também para os familiares e cuidadores, assim como
para os clínicos. Com o presente estudo (Pinto et al., 2012d),
pretendemos avaliar o valor preditivo de sobrevida das respostas
motoras diafragmáticas por estimulação do nervo frénico na ELA.
244
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal Foram incluídos todos os doentes seguidos na nossa
Unidade de 1997 a 2006, com critérios de diagnóstico provável ou
definitivo de ELA, segundo os critérios modificados de El Escorial
(Brooks et al. 2000), que deram o seu consentimento, nos quais
houve progressão da doença durante o seu seguimento e com data
de morte (evento) definida. Todos tinham avaliação neurológica,
neurorradiológica, hematológica e bioquímica. Excluíram-se os
doentes com idade inferior a 20 ou superior a 80 anos, com
insuficiência cardíaca ou portadores de pace-maker, com doença
pulmonar, polineuropatia, diabetes mellitus ou outras doenças
médicas debilitantes. Excluíram-se igualmente doentes intolerantes
à posição de decúbito dorsal, com um tempo superior a 3 meses
desde o diagnóstico até à inclusão no estudo e quando não era
possível a identificação clara da forma de início da doença (bulbar
vs. medular). Os doentes foram divididos em dois grupos, em G1
aqueles com forma de início medular e em G2 os de início bulbar.
Para além do registo do sexo, da idade aquando do início dos
primeiros sintomas e da duração da doença aquando do
diagnóstico, avaliaram-se os seguintes parâmetros, realizados no
intervalo máximo de 1 mês após a entrada no estudo: ALS-FRS;
RofALS-FRS-R;
CVF
e
PhrenAmpl
média,
como
descrito
anteriormente.
Dos 494 doentes com ELA, 254 (51.4%) preenchiam os
critérios de inclusão (idade média 61 ± 11.2 anos, 28–80 anos),
tendo 82 forma definitiva e 172 forma provável ou provável com
suporte laboratorial, segundo os critérios revistos de El Escorial.
Cerca de 50% eram do sexo masculino. A duração da doença até
ao diagnóstico foi de 15.7±13.2 meses (1–81 meses). Dos 254
doentes, 79 (31.1%) tinham forma de início bulbar e 175 início
medular. As características clínicas dos doentes incluídos estão
representadas
na
Tabela
19,
não
havendo
diferenças
245
Susana Pinto estatisticamente significativas quando comparativamente com os
doentes
não
incluídos
no
estudo
(p>0.05,
para
todas
as
comparações). Em G2 os doentes tinham idade média mais elevada
(p<0.001), havendo mais mulheres (p=0.001), menor valor médio de
CVF (p=0.006) e tempo de duração da doença mais curto (p=0.004)
quando comparados com G1. A sobrevida foi menor em G2
(p=0.001). Contudo, os valores médios de PhrenAmp, ALS-FRS e
RofALS-FRS-R não eram diferentes entre grupos. Do total de
doentes avaliados, 71 não tinha registo do RofALS-FRS-R por
terem sido incluídos antes de Agosto de 2000.
A proporção de doentes vivos aquando da data de censura
(31 de Janeiro de 2012) foi de 5.5% (1 doente em G2 e 13 em G1).
Nos 254 doentes, a mediana da sobrevida foi de 33.5 meses (95%,
IC 30–38) e a média de 44.1 meses (95%, CI 40–48),
significativamente mais elevado em G1, como descrito em vários
estudos anteriores (Chiò et al. 2009a) (Tabela 19; Figura 5). No
nosso estudo, as variáveis com valor prognóstico significativo na
análise univariada de Kaplan-Meier foram a forma de início da
doença, a idade aquando dos primeiros sintomas e a CVF para a
população total e para G2 (possivelmente uma má função
expiratória possa ter influenciado o desempenho na realização da
CVF dos doentes em G1); a duração da doença antes do
diagnóstico (como demonstrado noutros estudos; Chiò et al. 2009a)
e a RofALS-FRS-R para toda a população e para G1; e PhrenAmpl
médio para toda a população, para G1 e G2 (Tabela 20). A idade
geralmente não é considerada como um factor preditivo de
sobrevida independente (Chiò et al. 2009a). Contudo, os doentes
mais idosos com forma de início bulbar não aderem facilmente à
VNI, provavelmente relacionado com concomitante disfunção
cognitiva (Olney et al. 2005). No nosso estudo, o sexo e os valores
de ALS-FRS à entrada não foram significativamente preditivos de
246
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal sobrevida (p >0.05). Um modelo incluindo todas as covariáveis
significativas permitiu verificar serem factores independentes de
sobrevida a forma de início e a duração da doença, a idade
aquando dos primeiros sintomas, a CVF e a PhrenAmpl média.
Para G1 e G2, a PhrenAmpl média (Figura 6) e a duração da
doença foram factores independentes, enquanto que a idade de
início e o sexo foram também para G2 e não para G1. Valores de
PhrenAmpl iguais ou inferiores a 0.4 mV aumentaram o risco de
morte 1.657 vezes quando comparativamente com aqueles acima
de 0.4 mV (HR= 1.653, 95%, CI=1.249-2.186; p<0.001, para a
população total; HR= 1.574, 95%, CI=1.141-2.172, p=0.006, para
G1 e HR= 2.161, 95%, CI =1.195-3.909, p=0.011, para G2) (Tabela
21).
PhrenAmpl média depende do número de UM excitáveis no
diafragma (Evangelista et al., 1995). Verificámos anteriormente que
pequenas respostas motoras sugerem envolvimento respiratório,
indicando necessidade de uma completa avaliação respiratória
(Pinto et al., 2009a). O valor de corte de 0.4mV para PhrenAmpl foi
definido previamente em populações extensas de controlos (de
Carvalho, 2004) e de doentes com ELA (Pinto et al., 2009a). A
contribuição
fundamental
do
presente
estudo
reside
na
demonstração de que pequenas respostas motoras diafragmáticas
por estimulação do nervo frénico aquando da avaliação inicial dos
doentes com ELA são negativamente preditivas de sobrevida. A
estimulação do nervo frénico é um teste não-invasivo, independente
da vontade e bem tolerado, a posição de decúbito necessária para
a sua execução é difícil ou impossível de tolerar em poucos doentes
com ortopneia, que foram excluídos no nosso estudo). Este teste
tem a potencialidade de ser globalmente utilizado, apesar de
necessitar de alguma experiência. No futuro, dever-se-á avaliar o
interesse da sua monitorização ao longo da progressão da doença,
247
Susana Pinto de forma a verificar se as características da redução da resposta é
um mais forte preditor de sobrevida. Esta monitorização é
particularmente interessante em doentes com ELA com limitações
na cooperação da realização dos testes respiratórios clássicos,
especialmente em doentes com envolvimento bulbar ou cognitivo
(Lyall et al. 2001a).
Tabela 19 – Características demográficas dos 138 doentes
com ELA incluídos
Idade de início
Todos os
doentes
(n=254)
60.9± 11.2
G1
(medular)
(n=175)
59.1± 11.5
(28-80)
G2
(bulbar)
(n=79)
64.9± 9.7
(36-80)
p
<0.001*
(anos)
(28-80)
Sexo
132 (52%)
103 (58.9%)
29 (36.7%)
0.001*
15.7± 13.2
(0-101)
17.5± 14.7
(0-81)
11.8± 7.4
(0-47)
0.004*
31.3± 5.6
(13-40)
11.4± 1.1
(5-12)
0.44± 0.25
(0-1.25)
31.4± 5.7
(13-40)
11.4± 1.1
(5-12)
0.45± 0.27
(0.0-1.25)
31.2± 5.5
(17-38)
11.3± 1.1
(7-12)
0.41± 0.19
(0.1-1)
0.834
85.6± 24.3
(18.5-153)
88.3± 24.4
(18.5-152.6)
79.3± 23.3
(31.7-79.3)
0.006*
44.1± 33.7
(7.1-213.3)
50.1± 37.8
(8.6-213.3)
30.9± 15.9
(7.1-87.7)
0.001*
masculino
Duração da
doença (meses)
ALS-FRS
RofALS-FRS-R
PhrenAmpl
(mV)
CVF
(% predito)
Sobrevida total
(meses)
0.136
0.138
Para abreviações consultar Lista de abreviações. Os resultados referemse a média ± desvio padrão (mínimo-máximo).
*valores significativos para α=0.05 (teste de Mann–Whitney).
248
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal Tabela 20 – Análise de sobrevida (Kaplan-Meier)
Todos os
doentes
(n=254)
χ2; p
Forma de início
Forma
medular
(G1, n=175)
χ2; p
Forma bulbar
(G2, n=79)
χ2; p
26.897; <0.001**
Sexo
0.068; 0.795
0.073; 0.786
1.349; 0.245
Idade
7.128; 0.008**
2.019; 0.155
10.271;0.001**
29.914; <0.001**
22.598; <0.001**
2.83; 0.093
0.77; 0.38
0.416; 0.519
0.296; 0.586
3.213; 0.04*
7.166; 0.007**
1.391; 0.238
6.943; 0.008**
0.733; 0.392
21.019;<0.001**
6.34; 0.012*
3.989; 0.046*
11.295; 0.001**
Duração da
doença
ALS-FRS
RofALS-FRS-R
CVF
PhrenAmpl
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
*Valores significantes para α=0.05; **Valores significantes para α=0.01.
Figura 5. Curva de sobrevida (evento: morte) na população total
(254 doentes com ELA), de acordo com a forma de início medular
ou bulbar.
Forma de início
Medular (G1)
Bulbar (G2)
censorados
Sobrevida total (meses)
249
Susana Pinto Tabela 21 – Preditores de sobrevida na nossa população
(Modelo de Cox)
Todos os
doentes
(n=254)
HR (95% IC); p
Forma de início
Forma
medular
(G1, n=175)
HR (95% IC); p
Forma bulbar
(G2, n=79)
HR (95% IC); p
2.081 (1.55-2.19);
<0.001**
Idade
Duração da
doença
CVF
PhrenAmpl
1.286 (0.99-1.68);
2.17 (1.31-3.61);
0.064
0.003**
2.247 (1.7-2.97);
2.37 (1.70-3.28);
2.43 (1.44-4.09);
<0.001**
<0.001**
0.001**
1.492 (1.12-1.99);
2.97 (1.62-5.43);
0.007**
<0.001**
1.653 (1.25-2.19);
1.57 (1.14-2.17);
2.16 (1.2-3.91);
<0.001**
0.006**
0.011*
Para abreviações consultar Lista de abreviações.
Todas as variáveis foram incluídas no mesmo modelo para cada grupo.
*Valores significantes para α=0.05; **Valores significantes para α=0.01.
250
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal Figura 6 – Curvas de sobrevida (evento: morte) para PhrenAmpl,
ajustadas para a idade, duração da doença até ao diagnóstico, CVF
e forma de início.
A. População total (n=254); B. Forma de início medular (n=175); C.
Forma de início bulbar (n=79).
A.
População total
(n=254)
A. G1,
forma medular
C.
G2,
forma
bulbar
PhrenAmpl
Sobrevida total (meses)
3.B.4. A resposta motora do nervo frénico na
progressão da doença
A
função
respiratória
é
comunmente
utilizada
como
parâmetro de avaliação em ensaios clínicos de ELA. A CVF é útil na
detecção de envolvimento precoce e na monitorização da função
respiratória na ELA (Fallat et al., 1979). MIP é uma medida sensível
da função respiratória em doenças neuromusculares (Maillard et al.,
1999). Contudo, em doentes com ELA com parésia oro-facial, a
determinação da CVF e da MIP podem ser incorrecta. Por esta
razão, SNIP, um parâmetro fácil e seguro (Maillard et al. 1999), foi
proposto para avaliação respiratória nos doentes com ELA (Fitting
et al., 1999). O seu declínio é preditor de sobrevida nos doentes
com ELA (Morgan et al., 2005), mas pode ser algo difícil de realizar
251
Susana Pinto em doentes com envolvimento bulbar, pelo possível colapso das
vias aéreas superiores na inspiração ou pela incapacidade de
fechar completamente os lábios (Chaudri et al., 2000). A OPN é um
teste não dependente da vontade com valor preditivo da sobrevida
(Velasco et al., 2002) mas a sua variação ao longo da progressão
da doença não foi avaliada.
PhrenAmpl (como demonstrado
anteriormente) é preditiva de hipoventilação nos doentes com ELA,
não apenas nos com forma de início medular mas também bulbar
(Pinto et al., 2009a). Em particular, PhrenAmpl demonstrou um
elevado VPN (95%) significando que, na quase totalidade dos
doentes com ELA com hipoventilação, registaram-se pequenas
respostas por estimulação do nervo frénico. Contudo, não existem
estudos avaliando a variação longitudinal de PhrenAmpl ao longo
da evolução da doença.
O decaimento da função respiratória ao longo da evolução
da ELA é passível de ser avaliado e monitorizado. Assim sendo, a
identificação de exames respiratórios que sejam sensíveis na
detecção
de
variações
num
curto
espaço
de
tempo
é
particularmente relevante, sobretudo para a realização de estudos
clínicos exploratórios. Com o presente trabalho pretendeu-se avaliar
a sensibilidade de PhrenAmpl na detecção do envolvimento
respiratório em curtos intervalos de tempo (de cerca de 6 meses) e
a sua correlação com as variações encontradas em testes
respiratórios convencionais.
Incluiram-se 49 doentes consecutivos com ELA (35 do sexo
masculino), seguidos prospectivamente, com idade aquando dos
primeiros sintomas entre 20 e 75 anos (média 56.5 ± 8.9 anos, entre
34-73 anos), duração média da doença aquando da inclusão de
15.0 ± 12.2 meses (de 3-55 meses) e ALS-FRSb superior ou igual a
8 (por necessidade de avaliação da CVF). Segundo os critérios
revistos de El Escorial, 12 tinham ELA definitiva e 37 ELA provável
252
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal (Brooks et al., 2000) sendo a forma de início da doença bulbar em
13 doentes e medular em 36, dos quais 19 referiam queixas iniciais
envolvendo os MS. Os doentes incluídos não apresentavam outras
condições médicas (DM, patologia pulmonar, IR, IC ou outras
doenças debilitantes) e não tinham história de cirurgia torácica
prévia. Excluíram-se doentes com polineuropatia ou sinais de lesão
e ausência de respostas uni ou bilaterais dos nervos frénico e
cubital. Doentes em que não se constatava progressão da doença
ou sem clara localização da região de início dos primeiros sintomas
foram igualmente excluídos. Todos os doentes foram avaliados à
entrada (T0) e 4 a 6 meses após (T1), tempo de seguimento
adequado para ensaios clínicos exploratórios. Foram efectuadas as
seguintes avaliações: ALS-FRS e RofALS-FRS-R; PFR (CVF, MIP e
SNIP); parâmetros neurofisiológicos (PhrenAmpl e ADMAmpl); OPN
(SpO2mean). Dez doentes foram avaliados uma terceira vez (T2)
após cerca de 6 meses de T1, para análise da progressão da curva
de decaimento de PhrenAmpl. Foi avaliada ADMAmpl (como
descrito anteriormente) em T0 e T1 nos doentes com força muscular
acima de 3 na escala da MRC. Em 21 doentes ambas as mãos
apresentavam
fraqueza
muscular
acentuada,
não
se
tendo
realizado estimulação do nervo cubital. Em doentes com resposta
unilateral, o valor da resposta foi utilizado para calcular a
percentagem de decremento (%Decr) da ADMAmpl enquanto que
nos com resposta motora bilateral utilizou-se a média da ADMAmpl
das respostas motoras de ambos os lados [(direito + esquerdo)/ 0.5]
por não haver diferenças entre ambos. O RofALS-FRS-R, SNIP,
MIP e OPN foram avaliados em 31 doentes. Todas as outras
medidas foram avaliadas em todos os doentes. Não houve
diferenças demográficas entre os doentes que participaram e os
que não participaram em cada teste relativamente à idade média, à
253
Susana Pinto duração da doença, à região de início, ao ALS-FRS e CVF à
entrada (p>0.05).
Assistiu-se a um decaimento significativo para ALS-FRS,
RofALS-FRS-R, PhrenAmpl, ADMAmpl, CVF e SNIP (p<0.01), bem
como de SpO2mean (p<0.05) intervalo entre T0 e T1 (média de 5.2
±
1
meses).
MIP
não
variou
significativamente
(p=0.203),
provavelmente relacionado com o efeito chão, por demonstrar
valores baixos em fases iniciais da progressão da doença. Estes
dados estão esquematizados na Tabela 22 enquanto que na
Tabela 23 são apresentadas as correlações entre os diferentes
parâmetros. A %Decr foi mínima para SpO2mean (1.3%), baixa para
RofALS-FRS-R
(7.3%),
elevada
para
ADMAmpl
(23.7%)
e
PhrenAmpl (18.7%) e entre 10.5% e 14% para as outras medidas.
Não houve diferenças significativas entre CVF ou SNIP (p>0.05).
Igualmente, não houve diferenças entre os doentes com forma de
início bulbar e medular ou entre os com curta ou longa duração da
doença (inferior ou superior a 1 ano, p>0.05). A %Decr de
PhrenAmpl não foi diferente em G1 e G2, nem dependeu da
duração da doença, demonstrando uma queda linear nos 10
doentes avaliados em T2 (%Decr T0–T1 de 13.7 ± 17.2%, entre 0–
60 e T1-T2 de 14.8 ±13.3%, sem diferença entre os dois períodos
(p=0.80). O coeficiente de variação (desvio padrão/ valor médio X
100) da %Decr foi mais elevada no caso do SNIP (191%) e da CVF
(125%), sendo cerca de 100% para os restantes parâmetros. Um
valor mais reduzido da variabilidade tem relevância em ensaios
clínicos (de Carvalho e Swash, 2006).
254
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal Tabela 22 – Decaimento das várias variáveis ao longo do
tempo, entre T0 (avaliação inicial) e T1 (5 meses após)
ALS-FRS
(n=49)
R da ALS-FRSR (n=31)
T0
Média±DP
(min–max)
T1
Média±DP
(min–max)
ALS-FRS
32.47 ±5.1
27.7 1 ±7.26
(18–39)
(9–38)
11.73 ±0.7
11.03 ±1.50
(9–12)
(7–12)
p
%Decr
Média±DP
(min–max)
<0.001**
14.0 ±15.1
(2.56–56.7)
0.004**
7.32 ±10.2
(0.0–41.67)
Provas de função respiratória
CVF
94.3 ±13.7
81.72 ±19.21
(n=49)
(72–123.6)
(35.8–120.6)
MIP
59.1 ±21.6
52.83 ±24.7
(n=31)
(17.6–101)
(19.1–98.0)
SNIP
59.8 ±19.6
51.24 ±22.97
(17.6–90)
(16.1–100.8)
(%predito)
(%predito)
(%predito)
(n=31)
<0.001**
10.5 ±13.1
(0.0–41.9)
0.203
NS
0.005**
13.5 ±25.8
(15.6–62.5)
Avaliação neurofisiológica
PhrenAmpl
0.67 ±0.27
0.56 ±0.30
(mV) (n=49)
(0.05–1.5)
(0.05–1.31)
ADMAmpl (mV)
9.41 ±3.87
7.91 ±4.65
(n=28)
(2.3–16.3)
(1.4–16.0)
<0.001**
18.7 ±19.3
(0.0–66.0)
0.001**
23.7 ±20.7
(0.0–66.67)
Oximetria de pulso nocturna
SpO2mean (%)
95.78 ±1.2
94.94 ±1.96
(n=31)
(93.0–97.5)
(88.50–98.1)
0.028*
1.33 ±1.27
(0.0–5.09)
Para abreviações ver Lista de abreviações.
Na %Decr o símbolo + representa um valor mais elevado em T1. *Valores
estatisticamente significativos para p<0.05; **Valores estatisticamente
significativos para p<0.01; NS – variação sem significado (teste de
Wilcoxon signed rank).
255
Susana Pinto A reproductibilidade de PhrenAmpl foi previamente testada
avaliando-se as respostas motoras dos nervos cubital e frénico
segundo o mesmo protocolo numa população de doentes com PLS,
definida pelos critérios de Pringle e colaboradores (1992). Foram
incluídos 7 doentes (6 homens; idade média de duração da doença
de 6.2 anos, entre 5.5-8 anos), avaliados em dois períodos com 6
meses de intervalo. Compararam-se os valores médios de ambos
os lados para PhrenAmpl e ADMAmp, que não variaram
significativamente (p>0.2, teste de Wilcoxon signed rank) e a %Decr
média foi de 7.2 ± 1.37 (5.7–9.4) para ADMAmpl e 9.4 ± 5.4 (0–
16.7) para PhrenAmpl. Houve boa reproductibilidade de PhrenAmpl
(Kimura, 2001) similar à da ADMAmpl.
Houve correlações significativas entre os testes respiratórios
(CVF, SNIP e PhrenAmpl), assim como entre SNIP e ALS-FRS,
entre ADMAmpl e ALS-FRS (Tabela 23). Usando o teste de
Kendall’s tau encontrou-se correlação entre PhrenAmpl e CVF
(p<0.05) e uma tendência de correlação com SNIP (p=0.05) mas
não entre CVF e SNIP. ALS-FRS correlacionou-se com CVF e SNIP
(p<0.05). Nesta população de doentes com função respiratória
preservada, o RofALS-FRS-R decresceu ligeiramente durante este
curto intervalo, decremento não correlacionado com as outras
medidas.
A %Decr de PhrenAmpl correlacionou-se com CVF e
SNIP, demonstrando que PhrenAmpl tem um relevante significado
clínico. Contudo, a diminuição de PhrenAmpl não se correlacionou
com as alterações em ADMAmpl sugerindo que estes músculos
apresentam diferentes padrões de progressão, o que está de
acordo com a diferente distribuição dos neurónios motores
responsáveis pela sua inervação na medula cervical (medial para o
núcleo do nervo frénico e lateral para o do ADM) (Brodal, 1981;
Pinto e de Carvalho, 2012). Ensaios clínicos curtos com marcadores
alternativos sensíveis a pequenas variações são uma nova
256
Capítulo 3 – O Interesse do Estudo Neurofisiológico dos Músculos Respiratórios: contributo pessoal abordagem para testar novas moléculas promissoras na ELA (de
Carvalho e Swash, 2006). Um bom marcador deve ser confiável e
variar ao longo da progressão da doença, ter significado, ser barato
e fácil de determinar.
Tabela 23 – Coeficiente de correlação de Pearson (r)
entre as %Decr para os parâmetros significativos
avaliados (após transformação logarítmica).
ALSFRS
Phren
Ampl
ADM
Ampl
CVF
SNIP
0.26
0.25
0.24
0.47**
0.25
0.38**
0.38*
ADMAmpl
0.38*
0.34
SNIP
0.50**
ALS-FRS
PhrenAmpl
*Valores estatisticamente significativos para p<0.05; **Valores
estatisticamente significativos para p<0.01.
Como demonstrado anteriormente, valores anormais de
PhrenAmpl são preditores de hipoventilação nos doentes com forma
de início medular e bulbar (Pinto et al., 2009a). É específico,
objectivo e independente da cooperação. De acordo com o presente
estudo, pode detectar a perda de UM no diafragma em curtos
períodos de seguimento, estando correlacionado com outros testes
respiratórios (CVF e SNIP) e com variabilidade inter-individual
similar à ALS-FRS e inferior a SNIP e CVF. Este teste
neurofisiológico é um parâmetro útil para a avaliação da função
respiratória, sobretudo em doentes não colaborantes ou naqueles
com fraqueza oro-facial marcada.
257
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica Capítulo 4 œš
Exercício respiratório
na Esclerose Lateral Amiotrófica
Os músculos respiratórios, assim como os músculos
esqueléticos dos MS e MI, podem ser objecto de um programa de
treino muscular. Na verdade, o programa de treino muscular
respiratório deve seguir os mesmos princípios básicos que o treino
de qualquer outro conjunto de músculos estriados esqueléticos.
Exercitar os músculos ventilatórios é particularmente interessante
em doenças em que se verifica diminuição da força muscular dos
músculos respiratórios e aparecimento de fadiga. Os doentes
podem
referir
fadiga
descondicionamento
respiratória
assim
cárdio-respiratório
em
como
dispneia
situações
e
ligeiras
enquanto que em situações moderadas a graves assiste-se ao
desenvolvimento de IR, associada a aumento da susceptibilidade
para atelectasias e infecções respiratórias.
O primeiro estudo sobre treino muscular respiratório (Leith e
Bradley, 1976) em voluntários saudáveis, data de 1976. Um ano
mais tarde, foi publicado o primeiro estudo de treino muscular
respiratório em indivíduos com patologia (Keens et al., 1977)
nomeadamente com fibrose quística, demonstrando-se que a
hiperpneia isocápnica melhora a resistência muscular respiratória,
sendo eventualmente benéfico o treino desses músculos em
doentes susceptíveis à fadiga muscular respiratória. O treino
muscular
inspiratório
(IMT)
com
carga
à
inspiração,
foi
posteriormente objecto de estudo frequente em doentes com
259
Susana Pinto doença pulmonar crónica obstructiva (DPOC). Nestes doentes, os
músculos respiratórios necessitam de vencer o aumento da
resistência
das
hiperinsuflação,
vias
aéreas,
condicionando
para
além
aumento
da
das
permanente
necessidades
energéticas dos músculos respiratórios (Rochester et al., 1979)
sendo possível que tal resulte em menor força muscular (Grassino
et al., 1979; Pardy et al., 1981). Estudos iniciais com aparelhos para
treino inspiratório eram responsáveis por uma respiração resistida
não-linear, por as cargas à inspiração variarem de acordo com as
dimensões dos orifícios inspiratórios dos aparelhos e com a
frequência do fluxo inspiratório gerada por cada doente (Belman et
al., 1986). Esta parece ser a razão pela qual houve resultados
contraditórios dos efeitos do IMT relativamente à força e à
resistência dos músculos inspiratórios, tolerância geral ao exercício
e efeito sintomático(Sanne e Davis, 1982; Falk et al. 1985; Larson e
Kim, 1984; Jederlinic et al. 1984; Belman et al. 1986). Ao contrário
dos estudos anteriores, Clanton e colaboradores (Clanton et al.,
1985) utilizaram pela primeira vez um aparelho respiratório com
carga regulável para fortalecimento dos músculos respiratórios em
voluntários normais enquanto que outros investigadores (Goldstein
et al., 1989) o utilizaram em doentes com DPOC. O grupo de
Larson (Larson et al., 1988) testaram duas pressões inspiratórias
distintas em doentes com DPOC e concluíram que a utilização de
pressões de 30% da MIP possibilitavam aumento da força e da
resistência musculares respiratórias e tolerância geral ao exercício,
ao contrário de cargas de 15% que não obtiveram resultados
positivos. Na DPOC, o IMT com estes aparelhos demonstrou um
alívio da dispneia (Harver et al., 1989) melhoria da força e da
resistência dos músculos respiratórios (Weiner et al., 1992b) bem
como da tolerância ao exercício (Weiner et al., 1992b; Hill et al.,
2006). Na asma brônquica (Weiner et al., 1992a) e na fibrose
260
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica quística (Enright et al., 2004) foi demonstrada uma melhoria da
força e da resistência inspiratórias, com redução dos sintomas, das
hospitalizações, do absentismo escolar ou laboral e do consumo de
medicação (Weiner et al., 1992a). Em doenças neuromusculares, o
IMT com aparelhos com carga regulável demonstrou melhorar a
força e a resistência musculares respiratórias na miastenia gravis
(Fregonezi et al., 2005), na atrofia muscular espinhal tipo 3 e na
distrofia muscular de Duchenne (Koessler et al., 2008; Gozal e
Thiriet, 1999), para além de melhorar os movimentos da caixa
torácica e do padrão respiratório nos doentes com miastenia
(Fregonezi et al., 2005). Estes efeitos mantiveram-se até períodos
de treino de dois anos no caso da atrofia muscular espinhal tipo 3 e
da distrofia muscular de Duchenne (Koessler et al. 2008). Em
doentes com lesão completa e aguda da medula cervical verificouse uma melhoria da função ventilatória, da resistência respiratória e
redução da dispneia (Liaw et al., 2000). O IMT facilita, igualmente, o
desmame ventilatório (Martin et al., 2002; Sprague e Hopkins,
2003).
Estudos esporádicos avaliaram especificamente o treino
muscular respiratório em doentes com ELA (Fallat et al., 1987;
Gross e Meiner, 1993; Schiffman e Belsh, 1999; Nardin et al., 2008;
Cheah et al., 2009). A primeira referência na literatura data de 1987,
altura em que foi utilizado um inspirómetro em doentes com ELA
com CVF entre 50-70% do predito (Fallat et al., 1987). A realização
de respiração resistida em dois doentes com ELA e em quatro
doentes com envolvimento exclusivo do LMN por um período de 3
meses demonstrou melhoria na força e na resistência muscular
respiratórias (Gross e Meiner, 1993). Este estudo demonstrou ainda
resultados positivos em dois outros grupos de doentes com
patologia neuromuscular, nomeadamente na miastenia e em
miopatias. Um outro estudo, incluindo 8 doentes com ELA e
261
Susana Pinto envolvimento respiratório, descreveu resultados positivos para a
força muscular e fadiga respiratórias pela realização de um
programa de treino respiratório após infusão de teofilina (Schiffman
e Belsh, 1999). O treino diafragmático realizado em 8 doentes com
ELA através do controlo respiratório de acordo com técnicas de
yoga
durante
12
semanas
não
demonstrou
ter
resultados
estatísticos relevantes na CVF (Nardin et al., 2008). Recentemente,
um estudo com 19 doentes com DNM, no qual foi instituído um
programa de treino inspiratório com carga à inspiração durante 12
semanas não identificou diferenças entre os grupos activo e de
controlo na progressão natural da doença. Não foram registados
efeitos secundários pela instituição deste programa de treino
inspiratório (Cheah et al., 2009). Em resumo, nos estudos referidos,
o treino muscular respiratório parece ser seguro e estar associado a
uma tendência para um menor declínio na CVF. Contudo, foram
incluídos
um
número
reduzido
de
doentes,
com
marcada
variabilidade de expressão clínica. Dos poucos estudos realizados,
apenas um incluía um grupo controlo, mas sem a uniformidade
necessária dado haver doentes com diferentes formas de DNM
(Cheah et al., 2009). Por outro lado, e tal como uma terapêutica
farmacológica, também os programas de exercício deverão
mencionar vários aspectos quanto à sua prescrição, o que é
frequentemente descurado, nomeadamente o tipo de exercício, a
carga utilizada, a duração e a sua frequência (tal como analizado
numa meta-análise, em que 11 dos 17 ensaios randomizados
utilizando IMT na DPOC referiam resultados não favoráveis, por
eventuais
262
problemas
metodológicos
(Smith
et
al.,
1992).
4.A. REALS – Programa de exercício respiratório
na ELA
Como referido anteriormente, a IR é a principal causa de
morte dos doentes com ELA, resultado da fraqueza diafragmática
(de Carvalho et al., 1996; Pinto et al., 2009a) associada à perda de
unidades
motoras
dos
músculos
inspiratórios
acessórios,
expiratórios e axiais (de Carvalho et al., 2009e).
Apesar dos poucos trabalhos existentes testando o exercício
respiratório em doentes com ELA, colocámos a hipótese de que a
realização de treino inspiratório nas fases iniciais da doença, em
doentes com ELA sem envolvimento respiratório, poderia reduzir a
progressão da doença e da função respiratória. Pretendemos,
igualmente,
avaliar
o
potencial
benefício
neuroprotector
do
programa de treino respiratório precocemente instituído (Pinto et al.,
2012a).
4.A.1. População e métodos
a) Amostra
Neste estudo prospectivo consideraram-se os seguintes
critérios de inclusão: idade aquando do início dos primeiros
sintomas entre 18 e 75 anos, duração da doença não superior a 24
meses no momento da inclusão; valores de ALS-FRS superiores a
24 na inclusão; consentimento informado. Foram excluídos doentes
com FALS, grávidas e doentes com outras doenças, como diabetes,
doenças
respiratórias, demência frontal, fraqueza peri-bucal
impossibilitando adequado encerramento labial, fraqueza dos
membros superiores impeditiva da realização do treino respiratório
com o aparelho pretendido. Excluiram-se, igualmente, doentes com
valores de CVF inferiores a 70% ou de MIP e MEP inferiores a 50%
dos valores preditos, assim como doentes com lesão do nervo
cubital ou respostas motoras do nervo cubital ausentes (por
Susana Pinto impossibilitar a aplicação do nosso método de avaliar as unidades
motoras).
O recrutamento decorreu no período de um ano.
b) Desenho do estudo
Foi realizado um desenho de estudo clínico denominado de
“delayed start design” , paralelo, parcialmente cego, randomizado e
controlado contra placebo (Figura 7). Após o consentimento
informado, os doentes foram randomizados de forma independente
em blocos de 6 num dos dois seguintes grupos de tratamento:
protocolo
de
treino
muscular
inspiratório
activo,
realizado
bidiariamente por um período de 8 meses (Grupo 1 – Gp1) e treino
muscular placebo durante os primeiros 4 meses, seguido de
período idêntico de IMT activo, bidiário (Grupo 2 – Gp2). Os
doentes foram treinados a realizar o exercício pelo mesmo fisiatra
que, deste modo, conhecia o grupo a que cada doente pertencia.
Todos foram informados que o ensaio visava conhecer qual o
melhor protocolo de treino respiratório. Os doentes incluídos em
Gp2 desconheciam estar a realizer o treino placebo nos primeiros 4
meses do estudo, dado que a carga imposta à inspiração para o
aparelho foi igualmente regulada, mas para o mínimo valor possível.
c) Intervenção
O treino muscular inspiratório foi realizado pela utilização do
aparelho Threshold IMT (da Respironics ), consistindo num tubo de
®
®
plástico com um bucal numa ponta e uma uma mola no interior, que
regula a válvula em silicone localizada no topo. O doente inspira
unicamente através do bucal por encerramento das narinas com
pinça plástica. A pressão negativa gerada no interior do cilindro
possibilita a abertura da válvula sempre que a pressão intra-oral
264
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica ultrapassa a pressão da válvula. O aparelho está graduado de 9 a
41 cm H2O.
O
aparelho
foi
fornecido
a
todos
os
doentes
independentemente do grupo a que foram randomizados. Todos
foram instruídos a utilizar o aparelho duas vezes por dia, por
períodos de 10 min cada, na mesma altura da manhã e da tarde. No
periodo de exercício activo, em ambos os grupos, a carga
inspiratória foi regulada para 30-40% da MIP determinada durante
as PFR realizadas por um avaliador independente. O período de
exercício placebo (durante os primeiros quatro meses para os
doentes em Gp2) consistiu na respiração através do aparelho
respiratório
com
a
menor
carga
possível
(9
cmH2O).
Semanalmente, cada doente foi contactado telefonicamente pela
fisiatra, para assegurar a adesão ao treino.
Cada
doente
preencheu
semanalmente
um
quadro,
anotando que anotou a duração do exercício e a carga, e indicando,
numa escala de 0 a 10, a sensação de dispneia, de fadiga e de
bem-estar. A FC antes e 1 minuto após o exercício foi igualmente
registada.
Todos os doentes tomavam 50 mg de riluzol bidiariamante.
Nenhum estava medicado com broncodilatadores.
265
Susana Pinto Figura 7 – Representação esquemática do desenho do estudo.
T0
T2
T1
4 meses
Gp1
Gp2
4 meses
Carga inspiratória eficaz
Carga inspiratória ineficaz
Carga inspiratória eficaz
Gp1- Grupo de doentes randomizados para o grupo de treino eficaz; Gp2Grupo de doentes randomizados para o grupo de treino retardado; T0avaliação à entrada; T1- avaliação no final dos 4 primeiros meses do
estudo; T2- avaliação no final do estudo, após os 8 meses.
d) Avaliação
Todos os doentes foram incluídos no estudo imediatamente
após o diagnóstico. Foram avaliados três vezes: à entrada (T0), no
fim do 4º mês (T1) e no fim do estudo (T2) (Figura 7). Os 12
primeiros doentes incluídos foram igualmente avaliados 1 mês após
a inclusão no estudo, de forma a determinar a tolerância ao
exercício, dados que não foram incluídos na avaliação final.
O ALS-FRS foi a medida primária avaliada (Cedarbaum e
Stambler, 1997) sendo as medidas secundárias os parâmetros das
PFR, dos estudos neurofisiológicos e a qualidade de vida. A ALSFRS foi aplicada por um avaliador independente, que desconhecia a
randomização realizada, registando-se o valor máximo e os
subtotais ALS-FRSb e RofALS-FRS-R (Cedarbaum et al., 1999). As
PFR
foram
realizadas
no
mesmo
laboratório
respiratório,
independente ao estudo e de acordo com as recomendações da
ATS e como descrito no Capítulo 2 (ATS, 1995; Quanjer et al.,
1993). CVF, MIP e MEP foram avaliados com os doentes sentados
(CVFsit, MIPsit, MEPsit) e deitados (CVFlay, MIPlay, MEPlay). O
pico de fluxo expiratório foi avaliado igualmente em ambas as
posições (PEFsit e PEFlay). P0.1 foi avaliado com os doentes na
266
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica posição de sentado, como medida do funcionamento do centro
respiratório (Whitelaw et al., 1975). As melhores de cada três
medidas
consistentes
foram
comparadas
com
os
valores
normativos. Foi utilizada na análise a percentagem do valor predito.
O VVM na posição de sentado (VVMsit) e deitado (VVMlay) foi
determinada pelo encorajamento dos doentes a respirar o mais
rápido e profundo possível, sem carga externa, durante 12
segundos, de forma a avaliar a resistência dos músculos
respiratórios (Lavietes et al., 1979). SNIP foi determinado com os
doentes sentados (SNIPsit) e deitados (SNIPlay) usando o aparelho
da MicroMedical, Viasys (Fitting et al., 1999).
A gasometria foi
realizada no laboratório respiratório antes da realização das PFR,
usando um analisador de gases automático (ABL 500, Radiometer,
Copenhaga, Dinamarca). A OPN foi medida continuamente durante
o sono, através de oxímetro de pulso de infravermelhos. Foram
registados SpO2mean, SpO2min, SpO2 <90%, Dips<4%/h e o
padrão gráfico da SpO2 mean (de Carvalho et al., 2009b). Foram
considerados registos com um mínimo de 6 horas nocturnas.
Valores instantâneos de SpO2 e FC foram registados durante o
exercício respiratório realizado aquando das três observações. Não
houve episódios de dessaturação ou de taquicardia durante o
protocolo de exercício. As respostas motoras diafragmáticas e do
SCM foram realizadas como anteriormente descrito nesta tese (ver
Capítulo 3) e na literatura (Pinto e de Carvalho, 2008a; Pinto e de
Carvalho, 2008b; Pinto e de Carvalho, 2010). O NI foi calculado
como descrito anteriormente (ver Capítulo 2) para ambos os nervos
cubitais, após exclusão de compressão deste nervo (Swash e de
Carvalho, 2004; de Carvalho et al., 2005). A presença de dispneia
foi avaliada pedindo aos doentes para escalonarem a dispneia
sentida de 0 a 10, segundo a EVA (Aitken, 1969). A fadiga global foi
avaliada pela escala FSS (Krupp, 1989) enquanto que a fadiga
267
Susana Pinto durante o treino respiratório foi avaliada através da escala de Borg,
possibilitando o ajuste da intensidade do treino à sensação de
percepção de fadiga (Mahler e Horowitz, 1994). A depressão e a
sonolência diurna foram avaliadas através das escalas HRSD
(Hamilton, 1960) e ESS (Johns,1991). O nível de independência
funcional dos doentes foi avaliada pela MIF (Keith et al., 1987) e a
qualidade de vida pela EuroQol-5D (EQ-5D) (Rabin e de Charro,
2001). Todos os doentes foram avaliados clinicamente e foram
questionados sobre a sua percepção individual do estado de saúde,
classificado em “melhor”, “pior” ou “sem alterações”.
e) Análise estatística
Foi utilizada uma análise de covariância intra e inter-grupos,
com análise de medidas repetidas no primeiro caso e univariada no
segundo, tendo como efeitos fixos a carga do treino de cada grupo
e os períodos de avaliação. Para cada variável analisada, a
dimensão do efeito foi definido como a diferença entre as médias
marginais estimadas, com correcção de Bonferroni para ajuste a
múltiplas comparações e intervalo de confiança de 95%.
Valores nominais de p são referidos em todas as análises
(com níveis de significância de α=0.05). A análise de subgrupos de
post hoc não foi realizada pelo facto de haver apenas dois factores
dependentes analizados de cada vez no caso das diferenças intragrupo.
Para determinar eventuais diferenças no declínio da ALSFRS, o parâmetro primário de avaliação, foi calculado o declínio
entre T0 e T1 para Gp1 e Gp2. Todos os doentes avaliados em T0
e T1 foram incluidos nesta análise. De forma a avaliar se os
potenciais benefícios observados em T1 se mantinham em T2 para
Gp1, foi igualmente comparado o declínio entre T0 e T2 para Gp1 e
Gp2. Foram ainda estimadas as alterações observadas para a ALSFRS entre T1 e T2, sendo incluídas nestas duas últimas análises
268
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica todos os doentes que terminaram o período de 8 meses de estudo.
Os objectivos secundários foram avaliados segundo a mesma
abordagem.
4.A.2. Resultados
a) Características demográficas e progresso ao longo do
estudo
Foram incluídos 26 doentes com ELA, dos quais 4 com o
diagnóstico de ELA definitiva e os restantes com ELA provável, de
acordo com os critérios revistos do El Escorial (Brooks et al, 2000).
Os doentes estudados (8 mulheres; idade média e desvio padrão
aquando a inclusão no estudo de 57±8.9 anos) apresentavam uma
duração média da doença de 12.1±5.9 meses. Em 4 doentes a
forma de início da doença foi bulbar e medular nos restantes 22
(dos quais 10 com envolvimento inicial dos MS e 12 dos MI). O
índice de massa corporal médio foi de 24.5±3.5. Treze doentes
foram randomizados para cada grupo (Figura 8), tendo três dos
quarto doentes com forma de início bulbar sido randomizados em
Gp1.
Não
havia
diferenças
demográficas
estatisticamente
significativas entre os dois grupos aquando da inclusão (Tabela 24).
269
Susana Pinto Figura 8 – Randomização dos doentes entre os dois
grupos.
26 doentes com
ELA incluídos
Grupo 1 (Gp1)
13 doentes randomizados para o
treino inspiratório de início
precoce
1 “drop-out”
imediatamente após a
inclusão: não cooperação
Grupo 2 (Gp2)
13 doentes randomizados para o
treino inspiratório de início
retardado
1 “drop-out”
imediatamente após a
inclusão: desapareceu
Fase de treino activo para ambos os grupos
12 doentes realizaram o
treino respiratório activo
3 doentes excluídos por
progressão rápida
11 doentes terminaram o
período de 8 meses
270
12 doentes realizaram o
treino respiratório activo
3 doentes excluídos
por progressão rápida
9 doentes terminaram o
período de 8 meses
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica Tabela 24 – Características demográficas dos doentes com
ELA incluídos no estudo (valores médios e desvio padrão
das variáveis testadas para ambos os grupos em T0).
T0 (avaliação inicial)
Gp1
Gp2
(13 doentes)
p
7
11
0.35
57.14±9.3 (41.5-72.5)
56.8±8.7(38.3-73.4)
0.76
10
12
0.67
11.5 ± 5.3 (3.2-24)
12.6 ± 6.6 (4-24)
0.76
24.2 ± 4.2 (18.0-31.6)
24.7±2.7 (19.9-30)
0.88
ALS-FRS
34.39±3.64 (25-38)
33.5 ± 3.8 (26-38)
0.55
ALS-FRSb
11.08±1.32 (9-12)
11.5 ± 1.13 (9-12)
0.51
RofALS-FRS-R
11.9 ± 0.4 (11-12)
11.8 ± 0.44 (11-12)
0.76
115.1±14.5 (68-124)
115.5 ±7.7 (97-124)
0.51
EVA de dispneia
0.7±2.0 (0-7)
0.923 ± 1.66 (0-5)
0.55
EVA de fadiga
4.35±1.6 (2-7)
5.19 ± 1.75 (3-8)
0.22
Escala de Borg
11.77 ± 1.7 (7-13)
11.15 ± 1.46 (7-13)
0.15
Escala de FSS
31.2 ± 17.54 (9-63)
40.8 ± 12.7 (17-59)
0.08
Escala de ESS
3.54 ± 4.9 (0-13)
3.23 ± 4.4 (0-15)
1
5 ± 2.5 (1-9)
3.23 ± 1.74 (1-6)
0.06
EQ5D
61.9 ± 23.8 (25-90)
61.2 ± 20.2 (30-85)
0.88
pO2 (mmHg)
85.5 ± 7.1 (75-100)
89 ± 7.7 (78-102)
0.32
pCO2 (mmHg)
38.7 ± 2.9 (33-43)
37.56 ± 3.1 (32-41)
0.49
CVFsit (%predito)
96.9±21.4 (70.2-118)
86 ± 15.47 (74-119)
0.08
PEFsit (%predito)
84.2±24.9 (22.1-119)
89.6±24.8(44.2-129)
0.36
MIPsit (%predito)
70.3 ±27.7 (50.2-120)
78.5±25.9(57.3-117)
0.45
MEPsit (%predito)
79.5 ± 33.5 (54-138)
87.1±26.5(60.1-132)
0.48
VVMsit (%predito)
76.1±31.8(50.2-
78.6±8.58(55.7-
0.69
129.4)
106.3)
SNIPsit (%predito)
74.2 ± 24.4 (50-112)
84.5±25.1 (55.2-135)
0.36
P0.1 (%predito)
82.2± 21.4 (51.8-120)
91.8±29 (48.6-150.8)
0.44
CVFlay (%predito)
90.4±22 (50.5-122.9)
84± 21.2 (56.5-129.3)
0.42
PEFlay (%predito)
74.0 ± 32 (60-124.7)
79.8± 23.4 (65-120)
0.76
(13 doentes)
Sexo masculino
Idade nos primeiros
sintomas (anos)
Início medular
Duração da doença
(meses)
Índice de massa
corporal
MIF
Escala de Hamilton
271
Susana Pinto MIPlay (%predito)
63.7 ± 26.4 ( 45-106)
72.5 ± 27.2 (49-111)
0.45
MEPlay (%predito)
79.2 ±35.7 (48.4-136)
79.2 ± 35.7 (53-136)
0.88
VVMlay (%predito)
64.8±33.8(22.7-137)
64.8 ± 17.4 (25.7-86)
0.80
SNIPlay (%predito)
73.2 ± 25.8 (26-117)
89.9 ± 27.6 (47-135)
0.17
SpO2mean (%)
95.8 ± 1.2 (93.6-97.2)
94.9±1.01 (93.1-96.9)
0.05
91.3 ± 2.6 (86-94)
86 ± 4.24 (75-91)
0.001**
0.19 ± 0.64 (0-2.23)
0.499 ± 0.69 (0-2.4)
0.003**
0.5 ± 0.66 (0-1.9)
2.15 ± 2.03 (0-6.7)
0.007**
FC média (bpm)
65.2 ± 6.3 (55.9-75.1)
66.1 ± 5.5 (55.1-73.3)
0.31
PhrenAmpl (mV)
0.86 ± 0.3 (0.45-1.45)
0.8 ± 0.2 (0.43-1.3)
0.65
PhrenArea media
3.1 ± 1.2 (1.36-5.5)
3.19 ± 0.9 (2.1-5.2)
0.84
SCMAmpl (mV)
3.9 ± 1.4 (2.4-6.6)
4.26 ± 1.1 (1.7-5.6)
0.36
SCMArea media
16.7 ± 5.2 (7.1-23)
17.1 ± 6.3 (8-32.7)
0.96
NI media
2.7 ± 1.17 (0-5.2)
2.7 ± 1.7 (0.3-5.0)
0.61
SpO2min (%)
SpO2<90% (%)
%Dips/h>4%
Para abreviaturas ver Índice de Abreviaturas. *estatisticamente
significativo para p<0.05; **estatisticamente significativo para p<0.01
A adesão ao exercício foi excelente, tal como avaliado
semanalmente por contacto telefónico. No final do período inicial de
4 meses, todos os doentes respiravam confortavelmente através do
aparelho, com uma frequência respiratória de 14-16 ciclos por
minuto. Os valores instantâneos de SpO2 avaliados por OPN
melhoraram durante a sessão de treino em cerca de 1-2% e a FC
diminuiu cerca de 5bpm. Estes valores retomaram os valores basais
1 minuto após o término da sessão de treino respiratório.
Dois doentes, um em cada grupo, foram excluídos antes de
completarem 2 meses após o início do estudo (Figura 8). Ambos
eram jovens (com 43 e 47anos), com forma de início da doença
medular (início nos MS) e com moderado envolvimento aquando da
inclusão no estudo (ALS-FRS 35 e 33, respectivamente). Um dos
doentes, randomizado para Gp1, apresentava espasticidade grave,
que limitava o treino; o outro, incluído em Gp2, abandonou a
consulta. Vinte e quarto doentes terminaram os 4 meses iniciais de
272
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica treino (Figura 8). Em T1, para todos os doentes, a carga foi
reajustada para 30%-40% do MIP determinado durante as PFR
realizadas naquela altura. Todos os doentes em Gp2 que iniciaram
o treino activo toleraram a carga inspiratória, mantendo um ritmo
respiratório de 14-16 por minuto durante o exercício. Quatro
doentes com progressão rápida e curta duração da doença
aquando da inclusão (entre 3-6 meses), um em Gp1 e três em Gp2
(um com forma de início bulbar), não toleraram o programa
respiratório no período de T1-T2. Estes 4 doentes desenvolveram
sinais clínicos e laboratoriais de IR. Foi proposto início de VNI, mas
dois recusaram. Onze doentes em Gp1 e 9 em Gp2 terminaram o
período de 8 meses de estudo e foram incluídos na análise perprotocol.
b) Análise de eficácia do programa de treino respiratório
Os resultados para as comparações realizadas entre grupos
e em cada grupo estão esquematizados na Adenda 2 e Figura 9.
Como registado, não houve diferenças significativas entre grupos
para os vários parâmetros avaliados excepto, como previsto e
determinado pelo próprio desenho do estudo, na escala de Borg,
cujos resultados foram inferiores para Gp2 no período treino
respiratório não activo (T0-T1) por menor fadiga.
Relativamente aos resultados obtidos em cada grupo, nos
diferentes períodos de avaliação, não se encontraram diferenças
significativas no declínio da escala funcional ALS-FRS, ou dos
subtotais bulbar e medular. O subtotal respiratório demonstrou uma
melhoria não significativa após os períodos de exercício de 4 meses
e de oito meses, respectivamente para Gp1 e Gp2 (Figura 9). Os
doentes em Gp1 tiveram um aumento nos valores de MIP, SNIPsit,
PEFlay e VVM, quer na posição de sentado quer em decúbito no
período T0-T1, significativo para VVMsit (p=0.017) e VVMlay
273
Susana Pinto (p=0.042). Todavia, esta melhoria não persistiu no segundo período
de treino activo (T1-T2). Em Gp2, no período de treino activo (T1T2), MIPsit, PEF, VVM e SNIP determinados em ambas as posições
aumentou não significativamente. Estas medidas que tinham tido
um claro declínio no período inicial de treino não-activo (T0-T1).
Comparando todo o período de estudo (T0-T2) entre grupos, todas
as medidas respiratórias tenderam a decair menos em Gp1, cujos
doentes realizaram o exercício activo desde T0, que em Gp2, cujo
exercício activo foi apenas realizado no segundo período (T1-T2),
mas sem que as diferenças tenham atingido valor estatisticamente
significativo. Houve um declínio significativo da NI e do MUNE
durante o estudo de forma igual em ambos os grupos. Os valores
nas escalas FSS, VAS da fadiga e da dispneia, Epworth, MIF e
EQ5D aumentaram discretamente em ambos os grupos mas de
forma não significativa. FSS foi qualitativamente melhor em Gp1.
Não houve efeitos adversos referenciados.
274
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica Figura 9- Representação gráfica da progressão de algumas
medidas analizadas.
RofALS-FRS-R
ALS-FRS
35.2
33.6
Média ± 1DP
31.3
33.8
30.0
29.2
11.8
2
11.7
8
CVF
Média ±
1DP
101.8
11.7
11.4
101.4
84.8
82.5
83.7
90.1
75.4
SNIPmax
MIPsit
91.7
66.9
76.3
81.0
70.6
81.4
11.6
VVMsit
88.4
90
11.9
75
80.4
73.6
66.6
71.8
89.8
75.8
93.8
75.2
275
Susana Pinto NI
PhrenAmpl
0.9
Média ±
1DP
0.8
0.8
0.7
3.2
2.9
2.8
2.3
2.2
0.7
0.6
1.5
Legenda Gp1 ________
Gp2 _ __ _ __
Para abreviações ver Índice de Abreviações.
Nos gráficos foram incluídos todos os doentes que terminaram o período de 8
meses do estudo. Os doentes de Gp1 estão representados pelas linhas cheias
enquanto que as linhas ponteadas representam os doentes em Gp2. Os resultados
(apresentados em valores médios ± 1 desvio padrão) foram avaliados em três
alturas, aquando da inclusão (T0), no final do 4º mês (T1) e no final do 8º mês
(T2).
276
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica 4.B. REALS – Sobrevida dos doentes submetidos a
programa de exercício respiratório na ELA
Neste segundo trabalho, analisámos a sobrevida dos doentes
com ELA que fizeram exercício com um grupo controlo (Pinto et al.,
2012b).
4.B.1. População e métodos
Foram incluídos 18 doentes que realizaram o protocolo
descrito no estudo REALS por um período mínimo de 8 meses (G1).
Destes, 11 tinham sido incluídos no braço que realizou o exercício
precocemente e os restantes 7 fizeram parte do braço que iniciou o
exercício de forma activa 4 meses após a inclusão no estudo, mas
que continuaram o programa de treino por, pelo menos, 4 meses
adicionais. O programa de treino foi realizado durante 8 meses por 7
doentes, 12 meses por 5 doentes, 18 meses por 2 doentes, 24
meses por 3 doentes e 32 meses por 1 doente (duração de treino:
média ± DP 18.8 ± 9.6meses; quartis 1 e 3 de 10 e 28meses). Dois
doentes mantiveram o programa de treino após a adaptação a VNI.
A carga à inspiração foi determinada como descrita anteriormente e
ajustada a cada 4 meses de acordo com os valores de MIP
conseguidos a cada avaliação.
Estes 18 doentes foram comparados com um grupo de
controlo histórico englobando 16 doentes com ELA (G2), sem
diferenças quanto a sexo, idade aquando dos primeiros sintomas,
forma de início da doença, duração da doença aquando do
diagnóstico, ALS-FRS e testes respiratórios, incluindo CVF e Mean
PhrenAmpl.
Os critérios de inclusão e de exclusão foram sobreponíveis
aos descritos no estudo anterior. Todos os doentes faziam riluzole
277
Susana Pinto 50mg bidiário. Cinco doentes realizaram PEG antes do término do
presente estudo, 2 em G1 e 3 em G2.
As
comparações
entre
grupos
foram
realizadas
pela
utilização do teste-t para amostras independentes no caso de
variáveis com distribuição normal e o teste de Mann-Whitney U para
as não normalizadas. Valores de corte foram determinados pela
mediana das variáveis (Tabela 25). Variáveis dicotómicas foram
expressas pelo seu valor absoluto e comparadas entre grupos pelo
teste do χ2 de Pearson. A análise de sobrevida foi realizada pelo
teste de “Kaplan-Meier log-rank” e a independência entre variáveis
relevantes foi ajustada pelo “Cox proportional hazards model” pelos
métodos “enter” e “backward” (eliminando-se sucessivamente as
não significativas). Considerou-se como tempo até ao evento o
tempo decorrido desde o início dos sintomas até à morte, à
adaptação a VNI ou à data de término do estudo (01 de Abril de
2012). Utilizou-se o software SPSS v20.0 (IBM SPSS Statistics) para
®
®
a análise estatística efectuada.
4.B.2. Resultados
As características demográficas dos doentes incluídos no
estudo estão representadas na Tabela 25. No total, 3 doentes
(8.8%) estavam vivos sem sintomas respiratórios aquando do
término do estudo, dois fazendo parte de G1 (duração da doença de
65.9 e 52.7 anos) e um de G2 (duração da doença de 12.7 anos). A
VNI foi iniciada em 11 doentes em G1 e em 10 em G2. Os doentes
que fizeram o exercício respiratório (G1) tiveram sobrevida
significativamente mais longa que o não fizeram (36.99 ±
13.1meses vs 24.06 ± 11 meses, respectivamente, p<0.001).
Não foram encontradas diferenças na sobrevida nos dois
subgrupos de doentes incluídos em G1 (χ2= 0.0; p=0.989). As
278
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica variáveis de prognóstico significativas na análise de Kaplan-Meier
foram o exercício respiratório e a CVF para a população total. A
CVF foi igualmente um factor significativo de prognóstico para G1 e
o tempo dos primeiros sintomas até ao diagnóstico foi para G2
(Tabela 26). No modelo final de Cox incluindo todas as variáveis
demográficas e clínicas relevantes, foram identificados como
preditores significativos independentes de mortalidade a não
realização de exercício respiratório, o sexo masculino e valores não
superiores a 0,7 de PhrenAmpl média. Os doentes que não fizeram
exercício tiveram um risco acrescido de 2.284 vezes (HR=2.284,
95%, CI=1.075-4.85; p=0.032*). Os doentes do sexo masculino
apresentaram um risco aumentado de 4.145 vezes (HR= 4.145,
95%, CI=1.567-10.962; p=0.004**) e valores de PhrenAmpl não
superiores a 0.7 mV aumentaram o risco em cerca de 3.038 vezes
comparativamente com os doentes com valores inferiores ou iguais
a 0.7 mV (HR= 3.038, 95%, CI=1.245-7.415; p=0.015*).
279
Susana Pinto Tabela 25 – Características demográficas dos doentes com
ELA incluídos no estudo
População
total
(n=34)
Grupo do
exercício
(G1, n=18)
Grupo
controlo
(G2, n=16)
p
Início medular
27 (79.4%)
15 (83.3%)
12 (75%)
0.594
Sexo masculino
20 (58.8%)
9 (50%)
11 (68.8%)
0.268
Idade nos
57.0 ± 8.2
57.13 ± 6.9
56.9 ± 9.7
0.932
primeiros
(38.3-71.2)
(41.5-64.6)
(38.3-71.2)
34.0 ± 2.8
34.3 ± 2.4 (30-
(27-38)
38)
11.7 ± 0.51
11.7 ± 0.49
(10-12)
(11-12)
99 ± 13.9
101.9 ± 14.8
95.7-12.6
(79.8-127.3)
(81.7-127.3)
(79.8-119.3)
PhrenAmpl
0.7 ± 0.3
0.8 ± 0.3 (0.42-
0.63 ± 0.16
média (mV)
(0.4-1.45)
1.45)
(0.4-0.9)
34.03 ± 2.8
37 ± 13.1
24.06 ± 11
(27-38)
(20.3-65.9)
(7.9-45.7)
sintomas (anos)
ALS-FRS
RofALS-FRS-R
CVF (% predito)
Sobrevida média
(meses)
33.8 ± 3.3
0.596
(27-38)
11.8 ± 0.54
0.365
(10-12)
0.202
0.076
<0.001**
Para abreviaturas ver Índice de Abreviaturas.
Para todas as variáveis excepto sexo e forma de início os valores representam
média ± desvio padrão (min-max). Para sexo e forma de início os valores
representam o número absoluto (percentagem).
*Valores estatisticamente significativos para p<0.05; **Valores estatisticamente
significativos para p<0.01.
280
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica Tabela 26 – Sobrevida para a população total e para ambos
os grupos – exercício e não exercício (análise de KaplanMeier)
População
Grupo de
Grupo de
total (n=34)
exercício
controlo
(G1, n=18)
(G2, n=16)
χ2; p
χ2; p
χ2; p
Exercício respiratório
5.217; 0.02*
Forma de início
3.641; 0.06
2.623; 0.11
0.787; 0.38
Idade nos primeiros
0.318; 0.57
0.424; 0.52
0.055; 0.81
0.135; 0.713
0.187; 0.665
0.272; 0.60
Sexo
3.302; 0.069
0.201; 0.654
3.055; 0.08
Duração da doença até
3.781; 0.052
0.104; 0.747
4.474; 0.034*
ALS-FRS
0.874; 0.35
1.106; 0.293
0.365; 0.546
RofALS-FRS-R
0.016; 0.9
0.779; 0.378
0.014; 0.905
CVF (% predito)
5.671; 0.017*
5.713; 0.017*
0.505; 0.477
PhrenAmpl média (mV)
1.619; 0.203
0.383; 0.536
0; 0.989
sintomas (anos)
Índice de massa
corporal
ao diagnóstico (meses)
Para abreviaturas ver Índice de Abreviaturas.
*Valores estatisticamente significativos para p<0.05; **Valores
estatisticamente significativos para p<0.01.
281
Susana Pinto 4.C. REALS – Discussão
Exercitar
os
músculos
ventilatórios
é
potencialmente
importante em doenças em que ocorre diminuição da força e da
resistência ao esforço dos mesmos, como a ELA. Os doentes com
envolvimento respiratório podem referir fadiga respiratória e
dispneia, enquanto que em situações moderadas e graves ocorre
IR,
associada
a
aumento
da
susceptibilidade
para
o
desenvolvimento de atelectasias e infecções respiratórias. Os
músculos ventilatórios podem ser treinados como qualquer outro
músculo esquelético, segundo os mesmos princípios básicos. Um
determinado músculo responde melhor a um protocolo de treino
específico, a base do treino desportivo. O protocolo de treino, a sua
duração e a sua frequência determinam a velocidade e a extensão
da resposta. Se o treino cessa, os seus benefícios serão
gradualmente perdidos, por descondicionamento.
Em doenças em que ocorre desinervação crónica, como na
poliomielite, o exercício intensivo pode ser nefasto (Einarsson,
1991; Bennett e Knowlton, 1958) o que está de acordo com o
trabalho experimental do exercício intensivo no modelo animal com
lesão neuronal (Tam et al., 2002). Bello-Haas e colaboradores
(2008) elaboraram para o grupo Cochranne uma revisão dos
estudos publicados na ELA em que analizam ensaios clínicos
randomizados ou quasi-randomizados em que exercício físico
muscular de resistência ou de elevada intensidade foi comparado
contra placebo. Dos vários estudos analizados, apenas dois
satisfaziam os critérios em análise (Drory et al., 2001; Bello-Haas et
al., 2007). O exercício de resistência, domiciliário, bi-diário de 15
minutos, individualizado para o tronco, MS e MI diminuiu
significativamente o declínio funcional (nas escalas de ALS-FRS e
282
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica Ashworth) ao fim de 3 meses, mas sem significado aos 6 meses
(Drory et al., 2001); Por outro lado, o treino de resistência
domiciliário associado a alongamentos diários dos membros
mostrou melhorar, aos 6 meses, os valores da ALS-FRS e da
qualidade de vida (avaliada pelos subscores físicos funcionais da
escala SF-36) com menor declínio da força dos MI e sem efeitos
secundários (Dal Bello-Hass et al., 2007). Contudo, o número de
doentes incluídos em ambos os estudos foi diminuto (14 doentes no
grupo activo no estudo de Drory e colaboradores e 13 no de BelloHaas e colaboradores) tendo havido doentes excluídos no decurso
dos mesmos, do que resulta dificuldade na interpretação dos
resultados.
Estudos abordando o treino muscular respiratório específico
em doentes com ELA são, como referido anteriormente, escassos.
As limitações de todos estes estudos são várias, nomeadamente a
inclusão de um grupo não homogéneo de doentes, com várias
formas de DNM e não apenas ELA e, inclusivamente, em diferentes
estadios da doença, como no estudo de Cheah e colaboradores
(2009). De referir ainda, e de particular importância, o número
limitado de doentes incluídos em cada estudo (inferior a 10 no
grupo activo) a inexistência de grupo controlo e o curto tempo de
seguimento dos doentes (geralmente de 3 meses, de 5 meses no
caso do estudo de Cheah e colaboradores). O nosso estudo incluiu
uma
população
homogénea
de
doentes
com
ELA,
sem
envolvimento respiratório aquando da inclusão, seguida durante um
período relativamente longo face à rápida progressão da doença.
No REALS os doentes foram seguidos durante 8 meses, sendo que
os doentes incluídos em G1 realizaram o treino durante esse
período e os de G2 durante 4 meses. Contudo, e após o término do
estudo, a quase totalidade dos doentes concordou em continuar o
período de treino, pela melhoria subjectiva sentida na ventilação,
283
Susana Pinto com melhor controlo voluntário sobre a mesma e a constatação da
melhoria dos níveis oximétricos de saturação de oxigénio possível
pela expansão torácica realizada. Desta forma, 18 doentes foram
incluídos no segundo estudo, de análise de sobrevida, e em que a
duração média de realização do treino inspiratório foi de 18.8 ±
9.6meses (média ± DP; quartis 1 e 3 de 10 e 28meses). Para o
treino referido utilizou-se, em ambos os estudos, um simples
aparelho que permite impôr uma carga constante à inspiração, de
forma graduada e individualizada, de acordo com os valores
inspiratórios máximos realizados pelos doentes durante as provas
de função respiratória, correspondendo a 30 a 40% do valor predito
individual da MIP. Dado que, em indivíduos saudáveis, a fadiga
diafragmática resulta da utilização de cargas inspiratórias que
impliquem pressões transdiafragmáticas superiores a 40% do seu
valor máximo (Roussos e Macklem, 1977) e dado que, para cargas
inferiores,
a
ventilação
pode
ser
mantida
indefinidamente
(Bellemare e Grassino, 1982), os valores regulados permitiriam um
treino inspiratório seguro e potencialmente não causador de fadiga
respiratória. Esta
carga
é, igualmente, a
recomendada
no
tratamento da DPOC, tendo demonstrado reduzir a fadiga
respiratória em indivíduos saudáveis. A carga à inspiração foi
ajustada no REALS em T1 em ambos os grupos e a cada 4 meses
no estudo de análise de sobrevida, de acordo com os valores de
MIP obtidos nas várias avaliações. A frequência respiratória foi
espontaneamente mantida entre 14 a 16 ciclos por minuto, de forma
a que os doentes respirassem calma e profundamente. Este padrão
respiratório é importante porque assegura que a carga instituída
não seja mais elevada e indeterminada e, por outro lado, porque
permite recrutar quer o diafragma quer outros músculos inspiratórios
acessórios de forma a vencer a resistência à inspiração.
Interessantemente, houve um discreto aumento da SpO2 durante o
284
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica exercício, associado a uma diminuição de 5 batimentos por minuto
da FC. Larson e colaboradores referiram observações similares em
outras patologias (Larson et al., 1984).
Foi inicialmente aplicado o “delayed-start design” como
forma de testar o eventual efeito neuroprotector do exercício
respiratório. Este desenho foi inicialmente introduzido em doentes
com
Doença
de
Alzheimer
(Leber,
1996;
Leber,
1997)
e
amplamente aplicado em ensaios clínicos com doentes com
Doença de Parkinson (Parkinson Study Group, 2004; Olanow et al.
2009). Neste tipo de desenho, o tratamento em estudo é ministrado
a ambos os grupos, sendo que qualquer efeito cumulativo resultante
do início mais precoce do tratamento é considerado como uma
possível protecção relativamente a determinada variável. A nossa
medida de avaliação primária foi o total da escala ALS-FRS, que
declina rapidamente na ELA (Kaufmann et al., 2005) e que é
preditor de sobrevida (Kaufmann et al., 2005; Kimura et al., 2006;
Gordon e Cheung., 2006b). Os nossos resultados na escala ALSFRS não apoiam a existência de um efeito neuroprotector deste
IMT. Contudo, não houve decaimento significativo do subtotal
respiratório em Gp1 e para Gp2 no segundo período, o que sugere
que este protocolo de exercício é útil na prevenção dos sintomas
respiratórios nas fases iniciais da ELA.
A função ventilatória, especialmente a CVF (Czaplinski et al.,
2006a; Czaplinski et al., 2006b; Schmidt et al., 2006; Baumann et
al., 2010) e a SNIP são preditores de sobrevida na ELA (Morgan et
al., 2005). No REALS, não observámos diferenças estatisticamente
significativas nestas medidas entre os dois grupos. Todavia, foi
notada uma melhoria significativa da VVM nos primeiros 4 meses
do tratamento activo em Gp1 (Figura 9), aumento que ocorreu
igualmente mas de forma não significativa na MIPsit, PEF, VVM e
SNIP após os 4 meses de treino activo para Gp2 (Figura 9). Não
285
Susana Pinto houve alterações quanto à perda de unidades motoras no diafragma
entre grupos, tal como avalido pela resposta à estimulação do nervo
frénico.
A análise de sobrevida dos 18 doentes que realizaram
treino
respiratório
durante
pelo
menos
8
meses,
quando
comparados com um grupo controlo sem diferenças demográficas e
clínicas, igualmente seguidos na nossa Unidade segundo os
mesmo critérios clínicos mas não submetidos a programa de treino
respiratório,
revelou
que
os
primeiros
sobreviveram
significativamente mais que os segundos. Embora não sendo capaz
de travar a progressão da doença ou de evitar o envolvimento
respiratório, este programa demonstrou ser um factor preditor de
sobrevida nos doentes com ELA quando iniciado precocemente,
nas fases iniciais da doença. Em alguns trabalhos, o sexo feminino
tem estado associado a um pior prognóstico na ELA, provavelmente
por maior prevalência de forma de início bulbar na ELA (del Aguilla
et al., 2003). Contudo, no nosso estudo em que a forma de início
bulbar foi similar em homens e mulheres, o sexo masculino foi um
factor preditor negativo significativo de sobrevida. Poder-se-á
especular um eventual factor protectivo hormonal nas mulheres com
forma de início medular, o que não foi anteriormente demonstrado
(Choi et al., 2008). De referir ainda a confirmação com este trabalho
do factor prognóstico de sobrevida de PhrenAmpl nos doentes com
ELA (Pinto et al., 2012b).
Os nossos estudos apresentam algumas limitações. Embora
o número de doente incluídos tenha sido superior ao dos outros
estudos é, todavia, relativamente pequeno. Por outro lado, só foi
estudado um programa de exercícios respiratórios. Dado o tipo de
exercícios realizado e atendendo às limitações da escala ALS-FRS
para avaliação de variações da função respiratória em estudos
como o presente é provavelmente mais adequado utilizar, no futuro,
286
Capítulo 4 – Exercício Respiratório na Esclerose Lateral Amiotrófica medidas mais sensíveis como a MIP e a VVM como medidas
primárias de avaliação. No estudo de análise de sobrevida, o ponto
passível de maior crítica é a validação do grupo de controlo
histórico utilizado como grupo comparativo. Contudo, trata-se de um
grupo sem diferenças demográficas e clínicas significativas quando
comparativamente com o grupo do exercício, seguido até ao
mesmo evento pelos mesmos profissionais e segundo os mesmos
critérios, não havendo o conhecimento da sua futura utilização
como grupo controlo, o que provavelmente evitou qualquer possível
enviezamento.
Em conclusão, o treino muscular inspiratório é seguro, não
apresentando efeitos nefastos e podendo, pelo contrário, ter
benefícios nas fases iniciais da ELA e aumentando a sobrevida
desses doentes. Apesar de não parecer ser possível evitar o
declínio da função respiratória em doentes com ELA com curta
evolução da doença e com função respiratória normal, os nossos
resultados sugerem que existe um efeito benéfico, detectável pela
escala clínica e pelos testes respiratórios e com repercussões na
sobrevida destes doentes. O potencial papel dos programas de
exercício
no
tratamento
da
ELA
tem
sido
relativamente
negligenciado mas merece ser reinvestigado. Estes estudos
suportam a realização de um estudo multicêntrico duplamente cego
visando avaliar a eficácia no aumento da sobrevida deste programa
de treino respiratório em doentes com ELA.
287
Discussão geral
Capítulo 5 œš Discussão geral
Não havendo cura ou qualquer tratamento capaz de travar a
evolução da doença, a ELA é uma doença particularmente
devastadora, especialmente pela imobilização progressiva que
condiciona, com total dependência de terceiros, geralmente com
preservação das funções cognitivas. A fraqueza dos músculos
inspiratórios e expiratórios ocorre tipicamente durante a evolução da
doença, apesar de poder ser a sua forma de apresentação (de
Carvalho et al., 2006). A Insuficiência Respiratória (IR) resultante
associa-se a diminuição da qualidade de vida dos doentes (Bourke
et
al.,
2001).
A
sobrevida
dos
doentes
com
ELA
está
particularmente dependente do aparecimento de hipoventilação
(Fallat et al., 1979). Nestes doentes, a ventilação não-invasiva (VNI)
tem um impacto positivo na sobrevida (Pinto et al., 1995a;
Aboussouan et al., 1997; Kleopa et al., 1999), melhorando
igualmente a sua qualidade de vida (Bourke et al., 2006).
289
5.A. Contributo da presente Tese para a compreensão
da fraqueza e da fadiga diafragmáticas assim como de
outros músculos respiratórios na ELA
A fraqueza muscular inspiratória foi identificada como o
determinante primário do aparecimento de sintomas respiratórios e
do desenvolvimento de falência ventilatória (Polkey et al., 1998). A
mesma é tradicionalmente avaliada pela realização de provas de
função respiratória. Como referido anteriormente, a MIP, a SNIP e a
VVM traduzem a força dos músculos inspiratórios (Black e Hyatt,
1971; Hautmann et al. 2000; Stefanutti et al. 2000). Contudo,
enquanto que a MIP e a SNIP traduzem a força de contracção
instantânea, a VVM traduz a resistência ao esforço respiratório. A
CVF depende igualmente da força dos músculos expiratórios (Celli,
1989), razão pela qual MIP, SNIP e VVM são mais sensíveis na
avaliação da função inspiratória (Black et al., 1971; Hautmann et al.,
2000; Stefanutti et al. 2000; Cha, 1989; Hautmann et al., 2000;
Quanjer et al., 1993). Contudo, a determinação destas medidas
resulta do recrutamento não apenas do diafragma e dos músculos
intercostais externos, mas também de outros músculos inspiratórios
acessórios. O estudo do envolvimento do diafragma e dos outros
músculos é particularmente relevante em doentes com ELA. Mas
será
possível
avaliar
o
contributo
individual
dos
músculos
respiratórios para a dinâmica ventilatória? Até que grau a fraqueza
e fadiga diafragmáticas condicionam alterações na mecânica
ventilatória
destes
doentes?
No
fundo,
será
possível
a
compensação da fraqueza diafragmática pelos restantes músculos?
É possível a obtenção, em indivíduos saudáveis, de
respostas motoras diafragmáticas por estimulação transcutânea do
nervo frénico a nível cervical, quer por estímulos eléctricos
(descrições iniciais por Newsom-Davis, 1967 e Delhez, 1965) quer
magnéticos (Similowski et al., 1997). Respostas motoras do
Discussão geral
diafragma são igualmente induzidas por estimulação magnética
transcraniana (Similowski, 2001). Estes testes são independentes
da vontade, quantificando a força de contracção diafragmática,
verificando-se na ELA uma redução das amplitudes motoras e um
aumento da latência. A redução das amplitudes está relacionada
com a diminuição do número de unidades motoras funcionais,
enquanto
que
o
aumento
da
latência
pode
resultar
da
desmielinização segundária à degenerescência axonal ou da perda
de axónios de condução rápida (Evangelista et al., 1995). Na ELA,
alguns estudos iniciais, com poucos doentes, demonstraram que
alterações
da
condução
motora
do
nervo
frénico
ocorrem
frequentemente em doentes com alterações respiratórias (Markand
et al., 1984; Gay et al., 1991). Um estudo preliminar na nossa
Unidade (incluindo 31 doentes com ELA) demonstrou que cerca de
39% dos doentes com IR apresentavam respostas motoras do
nervo frénico anormais, em comparação com 11% no grupo de
doentes sem sintomas respiratórios (Evangelista et al., 1995). Na
presente tese, vários estudos avaliaram as respostas motoras
diafragmáticas por estimulação eléctrica do nervo frénico em
grandes
grupos
populacionais
de
doentes
com
ELA.
Foi
evidenciado que esta técnica é simples e bem tolerada, fácil de
realizar e com resultados consistentes, quando realizada por
neurofisiologistas experientes (Pinto e de Carvalho, 2010; Pinto e
de Carvalho, 2009b). Por outro lado, e independentemente da forma
de início da doença, foi verificada uma notável semelhança das
respostas entre ambos os lados (Pinto e de Carvalho, 2010),
provavelmente relacionada como a disposição medial do núcleo do
nervo frénico na medula espinhal (Routal e Pal, 1999b). Esta
observação suporta o recente conceito de um envolvimento
contíguo dos neurónios motores na ELA, decorrente de um factor
tóxico micro-ambiental, como se da propagação de “prions” se
291
Susana Pinto tratasse (Polymenidou and Claveland, 2012). Na mesma linha, o
envolvimento diafragmático associa-se à perda de unidades
motoras dos músculos axiais (de Carvalho et al., 2009), de acordo
com a impressão clínica de mau prognóstico dos doentes que
iniciam a doença por marcada parésia axial. Estas nossas
observações corroboram, novamente, um envolvimento regional
temporalmente
próximo
dos
núcleos
de
neurónios
motores
medulares localizados na posição mais medial do corno anterior da
medula (de Carvalho et al., 2009), concordante com as actuais
correntes de compreensão da progressão da doença (Ravits et al.,
2007; Ravits e La Spada, 2009). Contudo, a amplitude da resposta
motora do diafragma não se correlaciona com as amplitudes
registadas
noutros
músculos
de
miótomos
cervicais,
nomeadamente do deltoide e do ADM, provavelmente traduzindo
que o núcleo do nervo frénico tem uma susceptibilidade particular à
degenerescência neuronal. O deltoide, cujo núcleo motor é
igualmente medial mas localizado mais lateralmente que o do
frénico, tende a ser simetricamente envolvido, o que apenas ocorre
no ADM nos doentes com forma de início bulbar ou nos MI. Este
facto
está
relacionado
com
o
início
da
doença
focal
e
predominantemente distal nos doentes cujos primeiros sintomas
são referidos aos MS (Ravits et al., 2007; Ravits e La Spada, 2009).
Como implicação prática das nossas observações, sugerimos que a
eventual colocação de pace-maker diafragmático em doentes com
ELA, técnica recente desenvolvida por Onders e colaboradores
(2009), deverá considerar a estimulação bilateral e não unilateral
deste músculo, o que poderia ser empiricamente ponderado dada a
assimetria típica de envolvimento segmentar a que se assiste na
ELA.
Visando compreender a fisiopatologia respiratória na ELA,
foram realizados vários estudos que pretenderam avaliar os
292
Discussão geral
músculos inspiratórios acessórios. Demonstrou-se que a eventual
compensação da fraqueza diafragmática por parte de músculos
inspiratórios acessórios, nomeadamente os músculos intercostais
externos (Pinto et al., 2007a), SCM (Pinto e de Carvalho, 2008b) e,
inclusivamente, os músculos para-espinhais (de Carvalho et al.,
2009d), é transitória, dado existir um envolvimento concomitante
dos mesmos. Os músculos intercostais externos e o diafragma são
similarmente envolvidos como demonstrado por electromiografia,
não havendo diferenças entre doentes com forma de início medular
e bulbar (Pinto et al., 2007a). No caso do SCM, e para além da
SCMAmpl se correlacionar significativamente com PhrenAmpl, o
mesmo foi verificado para SNIP, MIP e CVF. Contudo, e apesar das
correlações, o contributo da SCMAmpl e da PhrenAmpl para os
valores de SNIP, MIP e CVF são diferentes, segundo as fórmulas:
SNIP= 0.327 SCMAmpl + 0.666 PhrenAmpl; MIP= 0.747 SCMAmpl
+ 0.067 PhrenAmpl; CVF= 0.293 SCMAmpl + 0.310 PhrenAmpl.
Desta forma, SNIP (mais dependente da PhrenAmpl) e MIP (mais
dependente da SCMAmpl) podem dar informação complementar
quanto à força muscular de diferentes músculos inspiratórios, como
anteriormente sugerido (Steier et al., 2007). Por outro lado, das
nossas fórmulas é evidente a importante contribuição dos músculos
expiratórios para a CVF (Pinto e de Carvalho, 2008b). Apesar de
não sobreponíveis, a SNIP pode ser particularmente utilizada
quando os doentes apresentam parésia oro-facial que impeça a
correcta avaliação da MIP, por deficiente encerramento da boca em
torno do bucal. De referir ainda que a SCMAmpl também se
correlacionou positivamente com a CVF, a MEP e a P0.1,
mostrando que a expiração está também dependente da inspiração
e que o funcionamento do SCM depende também da actividade do
centro respiratório (Pinto e de Carvalho, 2008b). Estes resultados
só foram possíveis após se estabelecer uma nova técnica para a
293
Susana Pinto determinação das respostas motoras do SCM (Pinto e de Carvalho,
2008a).
294
5.B. Contributo da presente tese para a determinação
dos factores de prognóstico respiratório na ELA
Em doenças progressivas e sem cura conhecida, como a
ELA, é particularmente relevante estabelecer um prognóstico. A
correcta informação àcerca do mesmo é fundamental não só para
os próprios doentes, mas também para os familiares e cuidadores,
assim como para os clínicos. Vários factores têm sido associados a
um pior prognóstico nos doentes com ELA, estando a forma de
início bulbar associada a uma menor sobrevida (Chiò et al., 2002;
Del Aguilla et al., 2003; Rosen, 1978; Tysnes et al., 1991; Pinto et
al., 2009a), assim como a forma de início respiratório (Ringel et al.,
1993; Kauffmann et al., 2005; Kollewe et al., 2008; Chiò et al.,
2009a). Outros factores de mau prognóstico são a idade mais
avançada aquando dos primeiros sintomas (Haverkamp et al., 1995;
Kauffmann et al., 2005; Kollewe et al., 2008; Chiò et al., 2009a), o
sexo feminino (Chancellor et al., 1993; del Aguila et al., 2003), a
rápida progressão da doença (Haverkamp et al., 1995; Zoccolella et
al., 2008), a curta duração da doença até ao diagnóstico, que traduz
igualmente uma rápida progressão (Ringel et al., 1993; Kauffmann
et al., 2005; Kollewe et al., 2008; Chiò et al., 2009a; Pinto et al.,
2012d), o predomínio de sinais do primeiro ou do segundo neurónio
motores (Zoccolella et al., 2008), a presença de desidratação e malnutrição
(Limousin
et
al.,
2010),
o
rápido
declínio
clínico
(determinado pelos valores de ALS-FRS) e respiratório (Kauffmann
et al., 2005; Kollewe et al., 2008; Chiò et al., 2009a). O padrão de
envolvimento regional segmentar (Gargiulo-Monachelli et al., 2012)
e o tempo entre o envolvimento sucessivo de uma segunda região
(Turner et al., 2010) foram recentemente identificados como
factores de prognóstico importante.
A função respiratória é sempre utilizada como medida de
selecção em ensaios clínicos de ELA, dado que a IR e as suas
Susana Pinto complicações são as principais causas de morte dos doentes com
ELA. Foi demonstrado que a CVF (Fallat et al., 1979; Czaplinski et
al., 2006a; Czaplinski et al., 2006b; Kollewe et al, 2008), o
decaimento da CVF (Magnus et al., 2002) e da CV (Shiffman and
Belsh, 1993), a SNIP (Morgan et al., 2005) e a SpO2mean
determinada por OPN (Velasco et al., 2002; Pinto et al., 2003) são
indicadores de sobrevida na ELA. Apesar da CVF ser utilizada em
ensaios clínicos, poderá não ser um factor preditivo independente
segundo alguns autores (Kaufmann et al., 2005), provavelmente por
depender da cooperação dos doentes e do adequado encerramento
dos lábios em torno do bucal, especialmente difícil em doentes com
envolvimento bulbar. Outros autores sugerem a determinação da
CVF em decúbito dorsal (Lechtzin et al., 2002). Também a MIP é
uma
medida
sensível
da
função
respiratória
em
doenças
neuromusculares (Maillard et al., 1998) mas, tal como referido para
a CVF, depende da colaboração dos doentes e do adequado
encerramento dos lábios. Sendo mais sensível que a CVF na
detecção de hipoventilação (Jackson et al., 2001), o seu declínio
tende a ser mais rápido nas fases iniciais da progressão da doença,
razão pela qual não é um bom biomarcador respiratório no
seguimento destes doentes. Nos doentes com parésia oro-facial a
SNIP é consensualmente mais adequada. É um parâmetro fácil e
seguro (Maillard et al., 1998), tendo sido proposto para avaliação
respiratória nos doentes com ELA (Fitting et al.,1999) sendo o seu
declínio preditor de sobrevida nos mesmos (Morgan et al., 2005).
Apesar de mais adequada que outras medidas respiratórias nos
doentes com forma de início bulbar, pode ser algo difícil de realizar
pelo possível colapso das vias aéreas superiores na inspiração ou
pela menor coordenação dos movimentos inspiratórios (Pinto et al.,
2007b). De facto, a SNIP não é preditiva de hipercapnia nos
doentes bulbares com ELA (Lyall et al., 2001a). A OPN é um teste
296
_______________________________________________________
______________Resumo preditivo de sobrevida não dependente da vontade (Velasco et al.,
2002) mas que varia menos que outras medidas de função
respiratória quando os doentes são seguidos num curto período de
tempo (Pinto et al., 2009b).
Na ELA, como em qualquer outra doença, um biomarcador
óptimo, incluindo biomarcador respiratório, deve ser fácil de obter,
de
baixo
custo,
bem
tolerado,
ter
significado
clínico,
ser
reproductível, sensível e confiável, variando ao longo de curtos
períodos de progressão da doença. De facto, ensaios clínicos de
cura
duração,
com
biomarcadores
sensíveis,
em
grupos
populacionais homogéneos, são uma nova abordagem para testar
novas moléculas promissoras (de Carvalho and Swash, 2006).
Como
descrito,
vários
testes
respiratórios
mostraram
ser
biomarcadores de sobrevida e de progressão da doença, embora
nenhum
teste
fosse
identificado
como
biomarcador
da
hipoventilação em doentes com forma de início bulbar.
A Mean PhrenAmpl é um parâmetro simples e rápido de
determinar, não-volicional e bem tolerado, reprodutível e adequado
para estudo do envolvimento respiratório nos doentes com ELA.
Mas será preditivo de hipoventilação e de sobrevida nestes
doentes? De forma a esclarecer estes pontos, desenvolvemos
vários estudos para avaliar o envolvimento respiratório na nossa
população de doentes, servindo-nos dos parâmetros respiratórios
clássicos, mas avaliando também a PhrenAmpl e a SNIP. Num
primeiro estudo (Pinto et al., 2009a), verificámos que os parâmetros
respiratórios geralmente avaliados têm baixo valor preditivo positivo,
mas com sensibilidade, especificidade e valor preditivo negativo
elevados. Mean PhrenAmpl, para valores de corte de 0.4mV (de
Carvalho, 2004), foi o único parâmetro que mostrou correlação com
a hipoventilação, quer nos doentes com forma de início medular
quer bulbar. Valores anormais de PhrenAmpl (inferiores a 0.37mV
297
Susana Pinto para os doentes com forma de início medular e a 0.25mV para os
com forma de início bulbar, determinados por regressão logística)
estão fortemente associados a hipercapnia e, consequentemente, a
hipoventilação (valor preditivo negativo de 95%) (Pinto et al.,
2009a). Em trabalho subsequente (Pinto et al., 2012d), PhrenAmpl
mostrou ser um factor independente preditivo negativo de sobrevida
para ambas as populações, sendo que valores iguais ou inferiores a
0.4 mV aumentaram o risco de morte 1.657 vezes quando
comparativamente com aqueles acima de 0.4 mV (HR= 1.653, 95%,
CI=1.249-2.186; p<0.001, para a população total; HR= 1.574, 95%,
CI=1.141-2.172, p=0.006, para formas de início medular e HR=
2.161, 95%, CI =1.195-3.909, p=0.011, para os doentes com forma
de início bulbar). Finalmente, num terceiro estudo (Pinto et al.,
2009b), observámos que a variação de Mean PhrenAmpl pode
detectar a perda de UM no diafragma em curtos períodos de
seguimento (de cerca de 5 meses). O decaimento de Mean
PhrenAmpl
foi
significativo
e
linear
ao
longo
do
tempo,
correlacionando-se com o decaimento, também significativo, de
outros testes respiratórios, nomeadamente CVF e SNIP. A
percentagem do seu decremento, independente da forma de início e
da duração da doença, foi de 18,7% sendo que o seu coeficiente de
variação foi similar à da ALS-FRS mas menor que a da CVF e
SNIP, sendo portanto relevante em ensaios clínicos (de Carvalho e
Swash, 2006). Sem dúvida que Mean PhrenAmpl parece ser um
bom biomarcador para a identificação precoce do envolvimento
respiratório na ELA, sendo preditivo de hipoventilação e de
sobrevida, e sendo adequado para o seguimento do progressivo
agravamento respiratório nestes doentes. Deste forma, sugere-se
que seja incluído na avaliação de rotina da função respiratória dos
doentes com ELA, particularmente relevante nos doentes não
colaborantes ou com envolvimento bulbar que impeça a adequada
298
_______________________________________________________
______________Resumo realização das provas de função respiratórias convencionais. Nos
doentes com forma de início bulbar, demonstrámos igualmente não
haver evidência que a fraqueza diafragmática seja mais precoce
que nos com forma de início medular (Pinto et al., 2007a).
Os nossos resultados são relevantes para a determinação
do melhor “timing” de início da VNI, com potencial impacto no
prolongamento da sobrevida. Contudo, impressionante número de
doentes bem ventilados, tal como determinado por OPN, tem morte
súbita durante o sono, o que é sugestivo de disautonomia. Na
verdade, estudo preliminares sobre este tema realizados na nossa
Unidade, indicam haver redução da normal variabilidade da
frequência cardíaca ao longo da evolução da doença, sendo que a
morte súbita é mais frequente no grupo de doentes com menor
variabilidade, apesar de bem ventilados (Pinto et al., 2012c). Outros
factores
podem
estar
implicados
na
falência
da
VNI
no
prolongamento da sobrevida dos doentes, em particular a disfunção
do centro respiratório. O padrão de dessaturação períodica
verificado por nós na OPN de alguns doentes (de Carvalho et al.,
2009b) e, sobretudo, a redução da razão P0.1/CVF (de Carvalho et
al., 2009b), estando esta última associada a mau prognóstico,
podem traduzir envolvimento do centro respiratório. Desta forma,
será necessário investigar outras intervenções para garantir uma
melhor sobrevida destes doentes.
299
5.C. Contributo da presente tese para a melhoria da
função respiratória dos doentes com ELA –
Exercícios respiratórios na ELA
O exercício físico em doentes com ELA tem interessado a
comunidade
científica
nos últimos anos. Contudo, marcada
controvérsia existe quanto à sua eficácia já que vários trabalhos e
estudos epidemiológicos defendem maior potencial de agravamento
pela sua realização, enquanto que outros estudos evidenciam que a
realização de exercício moderado é benéfico. Um número diminuto
de trabalhos incidiu na realização de treino respiratório específico
em doentes com ELA (Fallat et al, 1987; Gross e Meiner, 1993;
Schiffman e Belsh, 1999; Nardin et al., 2008; Cheah et al., 2009),
suportados em estudos positivos realizados noutras doenças com
envolvimento respiratório, nomeadamente na DPOC (Larson et al.,
1988; Harver et al., 1989; Weiner et al., 1992a; Weiner et al., 1992b;
Hill et al., 2006), e outras doenças neuromusculares (Fregonezi et
al., 2005; Koessler et al., 2008; Gozal e Thiriet, 1999). A
manutenção da função respiratória por períodos mais prolongados,
com melhoria do padrão ventilatório, a diminuição da fadiga e
fraqueza
musculares
respiratórias,
a
prevenção
do
descondicionamento cardio-respiratório e, em particular, o atraso no
aparecimento
importantes
de
na
semiologia
ELA.
Nos
de
IR
estudos
seriam
realizados
particularmente
anteriormente
realizados na ELA, o treino muscular respiratório parece ter sido
seguro e estar associado a uma tendência para um menor declínio
na CVF. Contudo, foram incluídos um número reduzido de doentes,
com marcada variabilidade de expressão clínica, incluindo doentes
com envolvimento respiratório e com outras formas de Doença do
Neurónio Motor, sendo que apenas um estudo incluíu um grupo
controlo. Por outro lado, não é claro que tipo de exercício foi
_______________________________________________________
______________Resumo realizado, a carga utilizada, a duração do treino (geralmente curto)
ou a sua frequência.
Apesar dos poucos trabalhos existentes testando o exercício
respiratório em doentes com ELA, colocámos a hipótese de que a
realização de treino inspiratório nas fases iniciais da doença, em
doentes com ELA sem envolvimento respiratório, poderia reduzir a
Gp2
progressão
da doença e deterioração da função respiratória.
Pretendíamos,
igualmente,
avaliar
o
potencial
benefício
neuroprotector do programa de treino respiratório precocemente
instituído. O estudo prospectivo (Pinto et al., 2012a) incluiu 26
doentes com ELA sem envolvimento respiratório, randomizados em
dois grupos segundo um desenho de estudo “delayed start design”,
como forma de testar o eventual efeito neuroprotector do exercício
respiratório.
Os
doentes
no
grupo
activo
realizaram
treino
inspiratório durante um período relativamente longo, de 8 meses,
enquanto que os restantes o realizaram nos últimos 4 meses
desses 8 meses (uma intervenção “placebo-like” foi idealizada para
os primeiros 4 meses). O treino muscular inspiratório foi realizado
bidiariamente no domicílio, pela utilização do aparelho Threshold
®
IMT (da Respironics ). Por períodos de 10 min, na mesma altura da
®
manhã e da tarde, os doentes, confortavelmente sentados,
inspiravam pelo bucal do aparelho (com encerramento das narinas
por pinça plástica) com carga inspiratória entre 30-40% da MIP
determinada durante as PFR. Assistiu-se a um decaimento similar
nos dois grupos dos valores da escala ALS-FRS, o que não suporta
um efeito neuroprotector do exercício, não tendo igualmente
ocorrido alterações quanto à perda de UM no diafragma entre
grupos, avaliado por Mean PhrenAmpl. Não foram observados
efeitos secundários do programa de exercício instituído. Na
verdade, foi observado um ligeiro efeito benéfico transitório,
detectável pela escala clínica e pelos testes respiratórios em ambos
301
Susana Pinto os grupos, após a introdução do programa de exercício. Em
particular, houve uma melhoria significativa da VVM nos primeiros 4
meses do tratamento activo nos doentes que iniciaram o treino
precocemente, aumento que ocorreu igualmente, mas de forma não
significativa, na MIPsit, PEF, VVM e SNIP após os 4 meses de
treino activo para os que iniciaram o treino mais tardiamente.
Num segundo estudo (Pinto et al., 2012b) avaliámos a
sobrevida de 18 doentes que realizaram durante, pelo menos, 8
meses o protocolo de treino inspiratório descrito. Comparámos
estes doentes com grupo controlo histórico sem diferenças
demográficas e clínicas, igualmente seguido na nossa Unidade
segundo os mesmo critérios mas não submetido a treino
respiratório. Importante realçar que a duração média da realização
do treino foi extensa, de 18.8 ± 9.6meses. Os doentes que fizeram o
exercício respiratório tiveram sobrevida significativamente mais
longa que os que o não fizeram (36.99 ± 13.1meses vs 24.06 ± 11
meses, respectivamente, p<0.001). Não sendo capaz de travar a
progressão da doença ou de evitar o envolvimento respiratório, este
programa demonstrou ser um factor preditor de sobrevida nos
doentes com ELA quando iniciado precocemente, nas fases iniciais
da doença.
O nosso ensaio clínico sobre exercício respiratório na ELA,
incluindo doentes precocemente envolvidos pela doença e sem
perturbação da função respiratória, claramente indica que esta
intervenção não tem riscos, havendo benefícios clínicos como
demonstrado pelas melhoria em alguns parâmetros e, sobretudo,
pelo aumento da sobrevida. Desta forma, a realização de um ensaio
alargado, multicêntrico, duplamente cego e controlado contra
placebo está particularmente indicado.
302
_______________________________________________________
______________Resumo 5.D. Ideias para o futuro
Temos
a
esperança
de
desenvolver
algumas
ideias
fundamentais que resultaram do nosso persistente trabalho nos
últimos anos.
Gostariamos de perceber qual o parâmetro ventilatório mais
precocemente atingido nesta doença, embora reconheçamos uma
extrema variabilidade decorrente de diferentes fenotípos. A análise
de uma extensa e detalhada base de dados com mais de 600
doentes, que fomos contruindo, pode dar algumas pistas sobre este
complexo tema.
A ecografia diafragmática surge como técnica promissora a
ecografia para avaliar de forma não-invasiva a mobilização e
mesmo a espessura do diafragma (Yoshioka et al., 2007).
Pretendemos introduzir esta técnica e correlacionar os seus
resultados com as respostas motoras do diafragma.
Sobre a pertubação da variabilidade da frequência cardíaca
ao longo da evolução da doença foi iniciado um registo cuidado do
sinal electrocardiográfico e de outros parâmetros, num grupo de
doentes, com o objectivo de procedermos a uma análise espectral
do sinal.
Iremos explorar as potencialidades de executar técnicas de
imagem funcional incidindo sobre as áreas de representação dos
músculos respiratórios.
O potencial papel dos programas de exercício no tratamento
da ELA tem sido relativamente negligenciado mas merece ser
reinvestigado. A inclusão de maior número de doentes é
aconselhado, assim como a realização de um programa de
exercícios respiratórios que incida não apenas no treino muscular
inspiratório mas igualmente no treino expiratório, que traria
303
Susana Pinto benefícios na adequação da tosse, com eventual diminuição do
número de infecções respiratórias e melhoria da sobrevida. No
futuro, medidas mais sensíveis como a MIP e a VVM ou escalas
específicas para avaliação da função respiratória deverão ser
utilizadas como medidas primárias de avaliação deste tipo de treino.
Tentaremos prosseguir nesta via, preferencialmente no âmbito de
um estudo multicêntrico.
304
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375
Agradecimentos œš
Aos meus pais, Maria dos Prazeres e Francisco Costa, não
tenho palavras para agradecer todo o Amor, apoio e estabilidade
que me dão e, em especial, todo o Amor, protecção e segurança
que, diariamente, dão ao meu filho. Sem o vosso apoio
incondicional esta Tese não teria sido possível;
Ao meu Gui, meu filhote, agradeço toda a força que sempre
me dá quando me passa a mãozita quente, inocente e sincera pela
face, que me aquece o coração. Sempre me esforcei por não te
prejudicar no tempo que dispendi a construir tabelas, escrever
artigos e, especialmente, escrever esta Tese, mas claro que nem
sempre o consegui. Que o futuro te seja risonho e que lutes sempre
pelos teus ideais;
Ao Professor Doutor Mamede de Carvalho, meu Amigo
antes de mais, o meu profundo reconhecimento profissional.
Agradeço-lhe os ensinamentos transmitidos e as orientações
curriculares, a confiança em mim depositada, o incentivo constante
e as oportunidades proporcionadas;
Ao Dr Licínio Carneiro, fisiatra, o meu agradecimento pela
sua simpatia e Amizade e, em especial, pelos ensinamentos na
área da Reabilitação Cárdio-Respiratória que estiveram na base da
concepção dos exercícios respiratórios propostos nesta Tese;
À
Respironics ,
®
pela
simpatia
e
disponibilização
dos
aparelhos Threshold IMT , indispensáveis ao treino respiratório
®
®
377
Susana Pinto proposto
que,
aquando
do
início
do
estudo,
não
eram
comercializados em Portugal;
Ao Professor Doutor Joaquim Ferreira, pela sugestão da
realização do tipo de estudo clínico utilizado nos exercícios
respiratórios e à Dra Ana Noronha pela randomização dos doentes;
À Linde Sógas pelo apoio financeiro mas, sobretudo, pela
®
forma cuidadosa e apoio constante e tão precioso que sempre
disponibilizam aos nossos doentes com ELA;
À Professora Doutora Anabela Pinto, pelas calorosas e
frutíferas discussões sobre a Insuficiência Respiratória na ELA;
A Vitória Ribeiro, Isabel Duran e Margarida Fernandes,
secretárias da Unidade de Neuromusculares do Serviço de
Neurologia do HSM, pela alegria, simpatia e carinho, assim como o
apoio de secretariado, a disponibilidade e o incentivo;
A todos os meus Amigos que comigo se preocuparam e me
deram força para sempre continuar. Vocês sabem quem são. Um
agradecimento especial à minha Amiga Vanda Carmelo, com quem
sempre poderei incondicionalmente contar e ao meu Amigo Duarte
Martelo, fisiatra, que me auxiliou quando precisei;
Aos doentes com ELA e seus familiares, que tanto precisam
e que com tão pouco se contentam, agradeço todos os
ensinamentos transmitidos assim como a sua participação e
colaboração nos estudo desenvolvidos na presente Tese.
378
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Universidade de Lisboa Faculdade de Medicina de Lisboa Estudos