Índice 1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA Pág. 2 1.1- Historial 2 1.2- Recursos humanos e técnicos 3 1.3- Rede biológica/fenológica e meteorológica 3 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Utentes inscritos e Boletins emitidos 5 2.2- Resumo das condições meteorológicas 5 2.3- Resumo do ano agrícola de 2011 7 2.3.1- Pomóideas 7 2.3.2- Vinha 9 2.3.3- Oliveira 10 2.4- Evolução dos inimigos das culturas 2.4.1- Vinha 12 12 2.4.1.1 – Pragas 12 2.4.1.2 – Doenças 14 2.4.2- Pomóideas 20 2.4.2.1- Pragas 20 2.4.2.2- Doenças 27 2.4.3- Olival 30 2.4.3.1- Pragas 30 2.4.3.2- Doenças 35 2.5- Balanço fitossanitário 37 3- OUTRAS ACTIVIDADES 39 3.1- Condicionamento da vinha 39 3.2 – Acções de sensibilização/divulgação de 40 metodologias dos avisos 3.3- Ensaios inseridos na candidatura da ex-DRABL ao Programa Agro 40 1 1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA 1.1- Historial A Estação de Avisos de Leiria é um serviço da responsabilidade do Ministério da Agricultura, está afecta à Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPCentro)– Divisão de Protecção da Qualidade da Produção – e é supervisionado pelo Serviço Nacional de Avisos Agrícolas (SNAA). Territorialmente inclui a área dos concelhos de Leiria, Ansião, Pombal, Marinha Grande, Batalha, Porto de Mós e Alvaiázere, dispondo de uma rede meteorológica e biológica/fenológica. As principais culturas abrangidas, desde o início, são as pomóideas, a vinha e o olival. O papel dos Avisos consiste na emissão de uma circular de aviso com indicação para a realização dos tratamentos nas alturas mais oportunas bem como listas para os produtos fitofarmacêuticos homologados, dentro de uma boa prática agrícola. 1995 foi o ano de inauguração desta Estação de Avisos. Instalaram-se 8 Estações Meteorológicas Automáticas (EMAs), foi adquirido material informático (computador e impressora) e material de laboratório de apoio: frigorífico, estufa, microscópio, lupa biocular, pinças, bistoris etc… Em 1996 e 1997 decorreram as fases experimentais desta Estação através da testagem do software das EMAS. Em 1998 esta Estação de Avisos entrou oficialmente em funcionamento, formada por dois técnicos, tendo contado nas campanhas de 1998 e 1999 com a colaboração de uma técnica profissional. Em 2001 e 2002 esta Estação teve a colaboração de uma estagiária mas desde então restringe-se aos dois técnicos. 2 1.2- Recursos humanos e técnicos Desde 1995, fazem parte desta Estação de Avisos 2 elementos: Marta Maria Filipe de Oliveira Caetano (Eng.ª Agrária) e José Manuel Heleno Batalha (Engº Técº Agrário). A Estação de Avisos ocupa dois gabinetes do Edifício da DRABL em Leiria, sendo um dos quais um pequeno laboratório onde se encontra o material técnico usado na execução dos trabalhos: - 1 microscópio Olympus Ch-2, lâminas e lamelas - 1 lupa binocular Olympus SZ60 - 1 máquina dobradoura de papel - 1 Estufa Heraeus - 1 Frigorífico Edesa - 1 computador Azus Version New PCB R2.0 - 1 impressora/ scanner/ copiadora hp750 - 8 Estações Meteorológicas Automáticas (EMAs): 6 da marca Campbell e 2 da Vórtice - 1 insectário - 1 termopluviohumectógrafo - Material de laboratório (pinças, agulhas, placas de petri, lâminas, lamelas…) 1.3- Rede meteorológica e biológica/fenológica Para a elaboração dos boletins fitossanitários, a Estação de Avisos de Leiria, a mais recente estação pública, está equipada com 8 EMAs (não possuindo nenhuma estação meteorológica clássica de apoio) e vários postos de observação biológicos para as culturas que supervisiona (Fig. 1). Em 2007, a transmissão de dados das Estações Automáticas passou a ser feita via GSM tendo sido substituído o modem e requalificadas todas as Estações, algumas delas deslocalizadas. Na requalificação, os sensores de humidade e temperatura e folha molhada foram calibrados assim como os hudómetros. Para além desta tarefa, a empresa “Quantific” ficou também responsável pela manutenção de todo o equipamento. Toda esta remodelação 3 ficou abrangida pelo projecto AGRO 8.2 no que diz respeito à modernização do Serviço Nacional dos avisos Agrícolas e só ficou concluída em finais de 2007, pelo que até meados deste ano apenas era possível aceder aos dados de 4 EMAs tal como em 2006. As estações emitem dados diários e horários de temperatura (máxima, mínima e média), humidade e precipitação que chegam ao computador central da Estação de Avisos via modem. Os sensores de folha molhada permitem determinar o número de horas que a folha permaneceu molhada no dia. Este valor deverá ser comparado com o obtido no termopluviohumectógrafo para averiguar a sua fiabilidade. A Estação de Avisos recorre ainda a uma rede de postos de observação biológicos (POB), onde são colocadas armadilhas para acompanhamento do voo das pragas e onde se observam semanalmente os vários órgãos da planta de acordo com o estado de desenvolvimento da planta e o dos seus inimigos. Esta informação é depois cruzada com os dados climáticos extraídos das EMAS e com os conhecimentos sobre bioecologia dos inimigos para os quais emitimos avisos, permitindo, depois, determinar as alturas mais oportunas para a realização dos tratamentos. Figura 1 – Rede meteorológica e biológica/fenológica da Estação de Avisos de Leiria em 2010. 4 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS DE LEIRIA 2.1- Utentes inscritos e boletins emitidos Em 2009 registaram-se 150 inscrições, número que tem diminuído de forma gradual, consequência também do arranque da vinha. É notório o desânimo sentido por parte dos agricultores devido à falta de rendimento que esta actividade confere. A sua dureza e exigência em termos humanos e a falta de quem lhes suceda no sector tem poderá agravar ainda mais esta situação. Se antes sentiam esse trabalho monetariamente compensado, e eram muitos os que viviam exclusivamente dela, actualmente não conseguem competir com a elevada concorrência do mercado externo e os preços dos produtos não pagam, na maior parte das vezes, os encargos subjacentes. Num inquérito efectuado em 2005, por esta Estação de Avisos aos seus utentes, era-lhe reconhecido valor na sua actividade. Em 2006 voltamos a questionar se estavam satisfeitos com o serviço e quais as sugestões que propunham para melhorá-lo e sentimos que este serviço era muito importante para todos, no entanto, dada a conjuntura desfavorável que este sector atravessa, teme-se uma quebra sentida na adesão a este serviço. Os utentes incluem: agricultores, cooperativas e adegas, serviços oficiais e particulares, que por sua vez fazem chegar os avisos a outros agricultores não inscritos pelo que o número de agricultores a beneficiar deste serviço é muito superior ao número de utentes inscritos. O valor da assinatura anual foi de 13,31€. Foram emitidas 16 circulares contendo avisos para o tratamento das principais pragas e doenças das pomóideas, vinha e olival, bem como a indicação dos produtos homologados para o seu combate e informações para alguns inimigos do pessegueiro e citrinos. 2.2- Resumo das condições meteorológicas As condições atmosféricas são determinantes não só no desenvolvimento dos inimigos das culturas como das próprias culturas existindo fases particularmente sensíveis, nomeadamente altura da floração-vingamento dos frutos e crescimento dos frutos, no início quando ainda são pequenosl, para impedir que eles se deformem, e na parte final para se atingirem bons calibres e índices de maturação. 5 As condições atmosféricas ocorridas em 2010 estão resumidas nas figuras 2, 3 e 4 que revelam a temperatura e precipitação ocorridas em duas EMAs situadas em Leiria Porto Mós e Pombal. Analisando as figuras 2, 3 e 4, a precipitação foi superior comparativamente aos últimos 3 anos, sendo mais semelhante a 2008, intensa nos meses de Janeiro e Fevereiro, mas também em Março e Abril. Na Primavera devido aos períodos chuvosos alguns agricultores tiveram dificuldade em entrar nos tratamentos para tratar. O Verão foi mais seco do que em 2009 não facilitando a instalação de fungos e podridões, parasitas habituais nesta altura do ano, em vinha e olival, e facilitando a vindima e a apanha da fruta e da azeitona. Relativamente à temperatura, o Verão foi mais quente do que em 2009 com alguns picos que provocaram escaldão na fruta. O Inverno foi muito rigoroso, tal como nos dois últimos anos, embora as baixas temperaturas só se começaram sentir a partir de Janeiro com as temperaturas a descerem abaixo dos 0º durante dias seguidos. ºC Prec 300 35 250 30 T Máx 25 T. Med 200 T. Min mm 20 150 15 100 10 50 5 0 0 Meses Fig 2- Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados no posto meteorológico da Eiras da Lagoa, concelho de Leiria, em 2010. 6 ºC 35 250 30 200 25 150 mm 20 Prec T Min T Máx T Med 15 100 10 50 5 0 0 Meses Fig 3- Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados no posto meteorológico de Alcaria, concelho de Porto Mós, em 2010. . ºC 240 220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 40 Prec T Min 35 30 T Máx mm 25 20 15 10 5 0 Meses Fig 4- Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados no posto meteorológico de Abiul, concelho de Pombal, em 2010. 2.3 - Resumo do ano agrícola das culturas 2.3.1- Pomóideas Existe uma grande heterogeneidade na região derivada aos microclimas existentes e que são consequência do próprio relevo que a caracteriza, constituída por zonas 7 montanhosas, zonas de planalto e zonas mais baixas. Isto tem reflexos a todos os níveis e as diferenças nos concelhos de Porto Mós, Leiria e Batalha são muito evidentes. Em Porto Mós notaram-se maus vingamentos nas galas, mas em Leiria esta situação estendeu-se a outras variedades onde a uma boa floração seguiram-se as geadas e muita fruta se perdeu. Registou-se uma diminuição da produção cuja média rondou os 25%. Para esta redução contribuiu o facto da rebentação ter acontecido mais tarde e acolheita dentro da altura normal, ou seja, a fruta manteve-se menos tempo na árvore. No fim da campanha o tempo permaneceu seco e mesmo com as reservas de água existentes no solo, a rega e monda dos frutos que os agricultores já se habituaram a realizar e a aceitar como prática necessária para se atingir uma boa qualidade de fruta, os calibres revelaram-se pequenos, contrariamente a 2009 onde a temperatura amena e constante durante toda a campanha puxou pela fruta contribuindo para um aumento da produção e bom calibre. Em termos sanitários o pedrado surgiu em toda a região como em 2008 e 2009. Registaram-se vários períodos de infecção como em2009 onde os períodos de chuva foram intensos e mais frequentes do que no ano anterior e o pedrado espalhou-se pela região. É muito importante segurar a doença logo de início tratando com oportunidade e com os produtos adequados. Quem assim o fez não teve grandes problemas. Para além do pedrado, o cancro teve boas condições para se dispersar principalmente nas variedades vermelhas. Segundo os técnicos das fruteiras a incidência de bitter-pit está a ser tão evidente como em 2008, contribuindo para isso as oscilações de temperaturas ocorridas durante a campanha. As macieiras rebentaram mais tarde comparativamente a 2009, tal como a floração. A maturação foi muito rápida e os frutos chegaram ao fim com pouca cor. Enquanto que em 2009 as temperaturas amenas puxaram bem pela fruta que adiantou em toda a região, em certos locais em 3 semanas, este ano, os picos de calor registados bloquearam o desenvolvimento da maçã resultando ainda perdas devido ao escaldão. Na figura 5 estão referenciadas as datas dos estados fenológicos da macieira. Apesar da rebentação tardia, a colheita decorreu dentro do período normal resultando fruta de baixos calibres por ter permanecido menos tempo na árvore. A maturação depende das variedades, mas nas dominantes nesta região, esta fase decorre entre fins de Julho e meados de Outubro. 8 E. F. A Data Fev C 29– Mar D 5–Abr E E2 12-Abr 19-Abr F G I J 23-Abr 3- Maio 7– Maio 17-Maio Fig 5 – Datas dos estados fenológicos dominantes da macieira na região de Leiria em 2010. 2.3.2- Vinha Na vinha, e no que respeita á produção, o ano revelou-se ainda melhor que 2009, que já tinha sido superior que 2008. O ano foi seco no final da campanha como em 2008 e 2009 e correu bem na altura da colheita permitindo uma vindima sem complicações. Os cachos não se apresentaram tão cheios como em 2009. A chuva intensa que caiu, contribuiu para atestar o nível freático dos terrenos compensando as alturas de menor queda pluviométrica. O Verão foi ainda mais seco do que em 2009. Esta maior produção não foi acompanhada de maior qualidade uma vez que os vinhos têm menos cor e apresentam-se mais instáveis. Os picos de calor têm reflexos ao nível do desenvolvimento dos frutos bloqueando muitas vezes as reacções físico-químicas. Em 2009 a qualidade dos vinhos foi muito boa, tanto nos brancos como nos tintos. Quanto aos inimigos das culturas, o míldio manifestou-se de forma mais expressiva do que 2009 com prejuízos da ordem dos 20% para quem descurou os tratamentos. Quem travou a doença de início conseguiu chegar ao fim sem grandes problemas. Os sintomas no final da campanha verificaram-se essencialmente ao nível das folhas, uma vez que a partir de dada altura o fungo não consegue penetrar nos cachos. O bago negro “black rot” continua a aparecer embora de forma muito esporádica e por essa razão voltou a não ser feita qualquer referência a ele nas nossas circulares. O oídio é considerado nesta região o principal inimigo da vinha e este ano a sua manifestação foi evidente mas controlada. Os tratamentos à floração-alimpa são muito eficazes no controlo desta doença e ajudam a mantê-la controlada.. Em vinhas pouco arejadas 9 onde os cachos permanecem escondidos, esta doença contribuiu para alguma perda de produção. No que respeita ao ciclo vegetativo da cultura, as datas representam uma média na região uma vez que ela é distinta, constituída por vários microclimas, e para além disso as castas encontram-se misturadas. Na figura 4 estão definidas as datas dos estados fenológicos da vinha em geral. O abrolhamento tem acontecido incerto não só de uns anos para os outros, como dentro da região. O abrolhamento atrasou-se 2 semanas relativamente a 2009. O tempo, apesar de frio ocorrido no Inverno não antecipou o abrolhamento como aconteceu no ano passado, no entanto, não se registaram grandes diferenças nas alturas em que ocorreram os restantes estados fenológicos e o pintor teve início na mesma altura que 2009. Mantém-se a irregularidade da rebentação. Vindima E. F. Data A C Fev 22-Mar E F H 5-Abr 19-Abr 17-Mai I J 24-Mai 25- Mai 15- Jun K 23-Jun L M 13 –Jul 20-Jul 20 - Set Fig 4- Datas dos estados fenológicos (E. F.) dominantes nas vinhas da região de Leiria em 2010. 2.3.3- Olival No olival, a qualidade do azeite tem-se apresentadao boa, o que é uma realidade na região de á uns anos a esta parte. O rendimento deste ano tem variado conforme a altura da apanha da azeitona. Quem apanhou cedo apresenta uma funda de 10-12%, mas para colheitas mais tardias o rendimento tem sido superior a 16% uma vez que a azeitona apresenta mais óleo. O fruto apresentou-se engelhado devido ao tempo seco decorrido no Verão e final de Verão. Apesar do tempo seco, existiram dois períodos chuvosos intensos que despoletaram as infecções de gafa que se observaram em vários olivais mas sem prejuízos a considerar. O receio da doença alastrar motivou a colheita precoce de alguns olivais. O azeite 10 tem revelado ser de grande qualidade com um índice de acidez rondando os 0,5%. Em 2006 esta doença foi responsável em certos casos por perdas quase totais de produção e por azeites de má qualidade. A incidência da mosca foi ainda mais baixa do que 2009. O frio sentido durante o Inverno provocou uma elevada mortalidade das pupas (forma hibernante deste insecto durante o Inverno) e o nível populacional baixou. A produção no geral foi boa, verificou-se, contudo, uma heterogeneidade na região com olivais a produzirem muito bem e outros a denotar-se a contra-safra por o ano de 2009 ter sido muito produtivo. O tempo uniforme ocorrido por altura da floração contribuiu para um bom vingamento dos frutos, contrariamente a 2008 onde as chuvas ocorridas nesta altura contribuíram para a ocorrência de bagoinha e a produção no geral não foi uniforme. Como vem sendo habitual, a produção na região de Pombal e Alvaiázere foi menor do que em Porto Mós e Leiria. O abrolhamento é normalmente tardio e este ano assim sucedeu e a apanha acabou por atrasar quase duas semanas. As azeitonas começaram a pintar igualmente mais tarde. Na figura 6 pode observar-se os estados fenológicos da oliveira e respectivas datas dominantes na região. Em meados de Novembro os olivais da região de Leiria e Porto Mós estavam com a azeitona colhida, enquanto em Alvaiázere e Ansião a colheita só aconteceu início de Dezembro, por serem zonas mais tardias. E. F. Data A B C Mar 19 –Mar 5 –Abr E 10–Mai F 17- Mai I J 28 –Mai 10–Jun Fig 6 – Datas dos estados fenológicos da oliveira dominantes na região de Leiria em 2010. 11 2.4- Evolução dos inimigos das culturas 2.4.1- Vinha 2.4.1.1- Pragas Traça da uva (Lobesia botrana) Esta praga tem tido pouco impacto na região sendo mais evidente este efeito desde 2006. Este ano aquela curva foi ainda menos pronunciada do que a observada em 2008 e 2009, em todos os postos de observação biológicos (fig. 8), sendo que, no posto de Pombal, desde 2007 que o voo da traça é insignificante. Tal como em 2009, este ano a primeira geração foi a mais forte das três gerações que constitui o ciclo de vida desta praga, contrariamente ao que se tem passado em 2007 e 2008. Esta geração ataca as inflorescencias e o seu ataque tem o efeito de monda natural impedindo que os futuros cachos não fiquem demasiado compactos pelo que normalmente não se aconselha tratar tal como foi avisado a 20 de Maio (circular n.º 7), um mês depois comparativamente a 2009, uma vez que este primeiro pico foi igualmente inferior. As capturas, no ano passado foram até às 150/semana em Porto Mós, e este ano apenas chegou às 70 no posto das Alcanadas. Nos restantes Postos de Observação Biológicos (POBs) as capturas não ultrapassaram as 30 capturas por semana. Foram observados poucos ninhos nesta geração, tal como nos últimos anos, e não se atingiu o NEA em qualquer POB. O acréscimo de incidência desta praga na primeira geração obrigou a uma maior vigilância para as duas gerações seguintes. O pico do voo desta geração foi atingido, tal como em 2009, na terceira semana de Abril, 1 mês mais tarde do que em 2008. A segunda geração foi muito inferior à primeira e dentro dos mesmos valores do observado em 2008 e 2009 para todos os POBs, com um pico pouco saliente a ser atingido na segunda semana de Junho e o posto de Pombal, contrariamente a 2007, novamente a registar o menor número de capturas. A 9 de Junho foi emitido um aviso que referia que o voo estava parado e não se aconselhava a tratar. A 22 de Junho referia-se que o voo da segunda geração já tinha começado, mas era fraco e para aguardarem por novas indicações. No dia 30 Junho emitiu-se a circular nº11 onde se aconselhava a tratar nas vinhas mais atacadas. O nível de posturas nos bagos foi baixo e não se fez referência a esta praga nas circulares emitidas. 12 ALCANADAS 80 P. MÓS 70 MOURÃ N.º Capturas 60 POMBAL 50 40 30 20 10 0 Fig 8 - Curva de voo da traça da uva em postos biológicos da região de Leiria em 2010. Em 2006 a terceira geração foi fraca, comparativamente às anteriores. Em 2007 e 2008 esta situação inverteu-se e em 2009 e este ano esta geração voltou novamente a revelar-se fraca reforçando a ideia da não existência de uma ligação directa nas capturas entre gerações, uma vez que a primeira foi forte mas as duas seguintes foram bem mais fracas. A última geração foi mais fraca que a segunda geração com o posto da Mourã a evidenciar-se mais este ano comparativamente a 2009 onde o posto de Porto de Mós se evidenciou. O voo teve início no final de Julho, tal como nos últimos anos e atingiu um pico em meados de Agosto, tal como em 2009. A 10 de Agosto, na circular n.º 13, referia-se que o voo da terceira geração já se tinha iniciado e aconselhava a tratar as vinhas mais atacadas, aconselhamento reforçado a 27 de Agosto. O NEA que nesta fase é muito curto: 1 a 10% de bagos atacados e foi atingido nos postos de Alcanadas (Batalha) e Porto Mós, mas com menos posturas comparativamente a 2008. Nesta fase, é necessário ter cautela nos tratamentos, uma vez que estamos já perto da colheita a temos que atender aos Intervalos de Segurança (I.S.) dos produtos. O tratamento aqui, mais do que evitar perdas de produção, vai prevenir a instalação da podridão que aproveita as feridas provocadas pelas lagartas nos bagos para se desenvolver. No final da campanha não se verificaram estragos causados pela traça. 13 Cochonilha algodão (Planococcus ficus) O panorama desta praga continua a ser o mesmo de anos anteriores. É uma praga que se apresenta muito localizada nas vinhas da região mas que se não for tratada pode dar cabo da produção. O tratamento de Inverno passa pela descamação da casca, uma vez que as cochonilhas se instalam debaixo do ritidoma, seguida de uma pulverização molhando bem o tronco com óleo de Verão a alta pressão. A 2 de Fevereiro e a 8 de Março aconselhava-se a descascar e pulverizar o tronco com um produto à base de óleo de verão ou clorpirifos. A 9 de Junho aconselhava-se a uma observação mais atenta e a tratar se detectasse as jovens larvas a passear, aplicando o clorpirifos ou óleo de verão, evitando mais tarde que os pampanos apresentem sintomas de ferrujão – presença de fumagina, facilitando também a vindima. 2.4.1.2- Doenças Míldio (Plasmopora viticola) 2010 foi um ano com mais míldio do que 2008 e 2009, no entanto, quem agarrou a doença de início, não teve grandes problemas. Foi notório que quem se descuidou nos tratamentos chegou ao fim com prejuízos que rondaram os 25%, mas que chegaram aos 50% em algumas situações. Como vem sendo habitual, os oósporos começaram a ser colocados na estufa em meados de Fevereiro demorando mais de 4 dias a germinarem a uma temperatura de 22ºC. A partir de 30 de Março o tempo de germinação diminuiu para 3 dias, tendo-se observado zoósporos no dia 7 de Abril. A germinação em menos de 24 horas só aconteceu na terceira semana de Abril, mais tarde um mês do que é habitual, em Leiria, e a germinação foi fraca. Os insectos de solo e a extrema humidade do solo dificultam esta operação uma vez que danificam e destroem as folhas. Em 2008 ficaram definidos 8 períodos de infecção desta doença, em 2009 diminuiu para 6 períodos e este ano temos apenas 4 períodos que podem ser observados ao longo do ano e que estão distribuídos na escala temporal definida na figura 9. Apesar do menor número de períodos de chuva, cada um deles foi muito intenso, chovendo 6 e 7 dias seguidos causando infecções graves. 14 O início de cada período está assinalado com um círculo oval, que corresponde ao dia em que ocorreu infecção, e termina com a data prevista para o aparecimento das manchas. Estão indicadas com setas as 6 circulares de avisos emitidas com referência a esta doença e os sms emitidos. SMS 13 1 ABR 15 ABR 4 1 MAI AVISO 28 ABR SMS 7 20 15 MAI AVISO 7 MAI 24 4 1 JUN AVISO AVISO 20 MAI 28 MAI SMS 8 15 15 JUN AVISO 9 JUN 1 JUL 15 JUL AVISO 30 JUN 30 JUL 15 AGO AVISO 10 AGO Figura 9- Períodos de infecção de míldio registados ao longo do ano de 2010. As vinhas e as culturas no seu geral, atrasaram-se este ano, contrariamente ao ano anterior. O primeiro período real de infecção ocorreu na semana de 13-18 de Abril, com a chuva a cair de forma continuada. A quantidade de precipitação foi muito superior a 10mm e os crescimentos dos pampanos rondavam os 10cm, quando no ano passado, nesta altura já tinham atingido os 15-20cm. As temperaturas mínimas situavam-se nos 10ºC, pelo que estavam reunidas as três condições para a ocorrência de infecções provocada por este fungo. Com o tempo frio que se fazia sentir, só se previa a eclosão das manchas daí a mais de 2 semanas, para o dia 4 de Maio. A 28 de Abril, foi emitida uma circular de aviso referindo que ainda não se tinha observado focos de míldio e desprezou-se este período de infecção por muitas das vinhas na região estarem atrasadas. Alertou-se para os agricultores se manterem atentos e usarem um produto de acção preventiva antes das chuvas e depois destas, dar preferência a um produto de acção curativo. Foi enviada uma listagem de substâncias activas e produtos homologados para o míldio, oídio e podridão cinzenta. A 7 de Maio, foi enviada uma circular de aviso e um sms. Tinha início o segundo período de infecção de míldio cujas manchas estavam previstas surgirem a 20 de Maio. Nessa circular referia-se que para quem tinha recebido o sms e tratado de imediato tinha ficado com a vinha protegida. Para quem assim não tivesse feito, para tratar antes do dia 20. 15 A 6 de Maio foi observada a primeira mancha de míldio na vinha da Mourã e a 10 em Porto Mós. Em Pombal foram observados focos de míldio com muita gravidade em 11 de Junho e que juntamente com o oídio foram-se agravando até ao final da campanha resultando daqui prejuízos na ordem dos 70%. Os tratamentos só ao fim-de-semana ditaram o sacrifício da cultura. O terceiro período de infecção teve início a 24 de Maio com previsão de ocorrência de manchas a 1 de Junho. Para cobrir esta infecção foi enviada a circular n.º 8 de 28 de Maio onde referia que existiam ataques fortes na região, devendo manter a vinha protegida tendo cuidado principalmente ao nível dos cachos uma vez que estes estavam numa fase muito perigosa. Aconselhava-se a utilizarem produtos mistos (sistémicos mais contacto) se o tempo decorrer chuvoso, ou só de contacto, no caso de permanecer seco, para combaterem o elevado número de manchas existentes. A 9 de Junho, na circular de aviso n.º 9, referia-se as chuvas ocorridas dos últimos dias, dando-se início ao quarto período de infecção que durou 7 dias e que agravou ainda mais o desenvolvimento desta doença. Foi mencionado o envio do sms e para quem tinha tratado nos três dias seguintes que tinha ficado com a vinha protegida, e para quem assim não tinha feito para o fazer até dia 15 com um produto de contacto caso o tempo decorresse chuvoso por essa altura. A 30 de Junho, na circular n,.º 11 referia-se a previsão de chuva para os próximos dias e para tratar quem não tivesse a vinha protegida, no entanto, não se confirmou este período de infecção. A incidência desta doença ditava contudo muito cuidado. A última circular de aviso emitida para esta doença foi a 10 de Agosto onde se mencionava que este fungo continuava activo ao nível das folhas localizadas na ponta dos ramos mas que ao nível dos cachos ele já não causava problemas. Para diminuir a incidência de inoculo para o próximo ano, aconselhava-se a tratar com um produto à base de cobre. Em 2007 manifestou-se um descontrolo no controlo desta doença a partir do início de Junho até ao fim da campanha. A incidência desta doença foi muito menor em 2008 e 2009, tendo sido bem controlada logo de início e não gerou prejuízos no final da campanha. Este ano, os ataque de míldio foram mais graves, embora não tanto como em 2007, apesar de apenas ter sucedido 4 períodos de infecção, menos dois que em 2009 e menos 4 que em 2008, e fez-se referência a esta doença em 7 circulares. 16 OÍDIO (Uncinula necator) Este é considerado o inimigo chave da vinha nesta região. Em 2007 e 2008 os anos decorreram húmidos e apesar do crescimento exuberante dos lançamentos que fecharam as copas das vinhas, os ataques de oídio não foram tão intensos como em anos anteriores. A chuva, contrariamente ao míldio, não favorece o desenvolvimento desta doença. Os agricultores encontram-se já muito sensibilizados através de acções que já foram realizadas e pela referência nas nossas circulares no sentido de despamparem as vinhas favorecendo desta forma o arejamento e diminuindo a incidência desta doença. Foram observados ataques intensos em 2009, entre finais de Maio até meados de Agosto. Este ano a expressão desta doença foi dentro do que é habitual na região. Em vinhas onde habitualmente se forma o chapéu devido à rama excessiva, registaram-se elevados prejuízos de oídio. As referências a esta doença tiveram início a 14 de Abril alertando para o tratamento aos cachos visíveis, fase muito sensível da doença e aconselhava-se à realização de um tratamento à base de enxofre em pó na dose de 25kg/ha, deixando uma fina camada em cima das folhas. A partir desta fase e até ao pintor e desde que haja condições de humidade é necessário que as vinhas estejam protegidas, existem contudo, alturas de maior sensibilidade a esta doença. Aconselhou-se um segundo tratamento a 20 de Maio (circular n.º 7) numa altura em que a vinha estava em floração. Em 28 de Maio (circular n.º 8) as vinhas encontravam-se na fase da floração/alimpa devendo dar preferência também ao enxofre em pó que faz aumentar a temperatura junto às flores e favorece o vingamento dos frutos. Referia-se ainda para não se aplicarem sistémicos no caso da doença estar instalada para evitar resistências. Na circular de 9 de Junho fez-se referência aos focos intensos observados na região e para aplicar produtos sistémicos, devido à pressão da doença, se não se observassem sintomas. Em Pombal observaram-se intensos ataques desta doença e também de míldio a partir deste mês. Nas circulares de 22 e 30 de Junho e na circular de 16 de Julho, aconselhava-se a manterem as vinhas protegidas até ao pintor uma vez que a pressão da doença era muita devido aos orvalhos matinais serem nesta altura frequentes. Os enxofres molháveis nesta fase são pouco eficazes. Os produtos sistémicos sé devem ser utilizados quando a pressão da doença é muita e desde que não haja focos declarados de infecção devido aos problemas de resistência que podem causar devendo manter as vinhas protegidas devido à instabilidade 17 meteorológica aconselhando a aplicação de produtos à base de enxofre em pó ou dinocape evitando as horas de maior calor. PODRIDÃO CINZENTA (Botrytis cinérea) Tal como nos dois últimos anos, este ano voltou a decorrer sem problemas com esta doença, uma vez que o tempo que antecedeu as vindimas e as próprias vindimas decorreram sem chuva. Os casos pontuais que ocorreram deveram-se ao descuido em relação aos tratamentos e ao facto de manterem a vinha muito fechada impedindo o arejamento. Apesar da incidência de oídio, a traça foi um inimigo cuja presença foi muito pouco significativa. Estes dois inimigos são percursores da podridão, no entanto, foi a ausência de chuva a principal responsável pela baixa incidência desta doença. 28 de Maio (circular n.º 10) as vinhas encontravam-se no estado fenológico floração/alimpa, fase muito sensível a esta doença devido ao risco do fungo poder ser arrastado para as sementes, pelo que se aconselhava a tratarem. Chamava-se a atenção para a Primavera chuvosa que tinha provocado um desenvolvimento exuberante das cepas formando o típico “chapéu” aconselhando-se a travar o crescimento vigoroso dos pâmpanos e a retirar o excesso da rama através do desladroamento, desparra, desponta e embardamento tornando mais eficazes os tratamentos. A 30 de Junho (circular n.º11) referia-se que as vinhas se encontravam perto do fecho dos cachos, aconselhando-se a tratar nas castas mais sensíveis e nas zonas mais baixas. Para uma maior eficácia dos tratamentos aconselhava-se a arejarem os cachos fazendo uma desfolha gradual começando pelo lado nascente e mais tarde do poente evitando assim o escaldão nos cachos. Com a entrada do pintor a sensibilidade a esta doença aumenta. Apesar do tempo não se apresentar favorável ao desenvolvimento desta doença, para castas mais sensíveis aconselhava-se a 10 de Agosto a tratar até 3 a 4 semanas molhando bem os cachos e a respeitar o Intervalo de Segurança (IS) dos produtos. Considerou-se que a doença se encontrava controlada uma vez que o tempo permaneceu seco. Nos nossos postos de observação foram detectados ataques pontuais de botrytis mais tarde do que em 2009. Entre Maio e Agosto apenas foram detectados focos muito esporádicos que não justificavam qualquer tratamento. 18 ESCORIOSE (Phomopsis vitícola) É uma doença em progressão na região que deixou de ser exclusiva de vinhas velhas. A proliferação de viveiristas que vivem à margem da lei e que não cumprem os requisitos necessários na produção de garfos sanitariamente isentos de doenças, tem favorecido a disseminação desta doença. Vinhas com dois e três anos apresentam já sintomas de escoriose comprometendo logo de início o vigor da videira, a sua formação e o rendimento. A poda curta, a talão, a mais generalizada na região e a que apresenta menos custos por não necessitar de empa, pode ser muito prejudicial para o rendimento da vinha uma vez que em cepas com escoriose, os gomos da base podem não abrolhar e, a acontecer em talões, a produção fica logo comprometida. Apesar da Primavera não ter sido muito chuvosa é conveniente que nas vinhas atacadas sejam efectuados tratamentos. Não se considera que esta doença tenha progredido muito devido à sensibilidade cada vez maior dos agricultores relativamente a ela. Insistiu-se novamente nas medidas profilácticas na altura da poda de forma a evitar a sua propagação e, tratamentos químicos preventivos no estado D – E – Saída das folhas – folhas livres. Informaram-se os agricultores das medidas profilácticas a implementar contra esta doença a 2 de Fevereiro onde se chamava a atenção para: a) podar as videiras mais infectadas no fim, deixando nestas mais dois gomos para o caso dos da base não rebentarem, b) queimar a lenha da poda, c) não enxertar com garfos infectados, d) desinfectar com lixívia o material de poda depois de podar videiras infectadas para videiras sãs. Na luta química preventiva, aconselhou-se tratar a 17 de Março (circular n.º 4) dando à escolha duas estratégias: a) duas intervenções com produtos não sistémicos (enxofre, folpete, mancozebe, metirame, propinebe), sendo uma no estado D (saída das folhas) e outra no estado E (folhas livres), ou 19 b) uma só intervenção com um produto sistémico (azoxistrobina, famoxadona + fosetil de alumínio, folpete + fosetil de alumínio, mancozebe + fosetil de alumínio) no estado E (folhas livres). 2.4.2- POMÓIDEAS PRAGAS BICHADO (Laysperesia pomonella) Esta praga continua a ser muito importante, mas desde que tratada na altura oportuna não causa grandes prejuízos. Nos últimos anos o bichado tem mantido voos ininterruptos sem picos bem definidos durante toda a campanha. Em 2008 registaram-se 4 picos bem definidos na curva de voo, mas este ano os picos não são tão bem definidos, tal como em 2009, sendo a curva de voo muito semelhante ao ano passado mas com mais picos (Fig. 10). Verificou-se um ligeiro pico no início de Maio e outro em meados de Junho referentes à primeira geração desta praga e as capturas seguintes à segunda, com o número de capturas a elevar-se em meados de Julho e depois na segunda e terceira semanas de Agosto. As armadilhas foram colocadas no início de Abril, tal como em 2009. Na circular de 9 de Junho, emitida um mês mais tarde que em 2009, referia-se que já se tinha iniciado o voo da primeira geração, mais tarde que 2009 uma vez que a cultura também se atrasou, e que apesar dos ventos não estarem favoráveis as posturas, as capturas estavam a ser razoáveis, devendo tratar só se observasse entre 0,5 a 1% de frutos bichados . O posto de Porto Mós registou um índice de capturas entre 10 a 15/semana, valor elevado que justifica uma observação atenta aos frutos. Os outros dois postos registaram um índice de capturas inferior. A 30 de Junho o voo da primeira geração intensificou-se e aconselhava-se à realização de um tratamento no início da próxima semana. Foram colocados casais em mangas de posturas a meados de Maio, no entanto, não resultaram posturas possivelmente devido ao vento que se fazia sentir. Este facto foi visível pela observação dos 1000 frutos, onde não se atingiu o NEA em nenhum dos POBs. 20 Curva de voo do Bichado - 2010 CORTES P. MÓS 25 CONQUEIROS N.º Capturas 20 15 10 5 0 Figura 10 - Curva de voo do bichado em postos biológicos na região de Leiria em 2010. Na segunda geração, o voo registou dois picos não tão bem definidos como em 2008, mas mais do que em 2009, em meados de Julho e em meados de Agosto. A 16 de Julho com o posto das Cortes a ultrapassar as 15 capturas por semana aconselhava-se a tratar no caso de não terem efectuado o tratamento aconselhado na última circular. Na circular n.º 13 de 10 de Agosto, referia-se que o voo do bichado continuava muito activo e para observar 1000 frutos e tratar se observasse 0,5 a 1% de frutos bichados . O bichado atacou um pouco mais do que em 2009, registando-se no geral, muita captura mas devido aos ventos sentidos, os prejuízos felizmente não corresponderam LAGARTA MINEIRA (Phyllonorycter blancardella) Confirma-se que desde que os pesticidas utilizados no combate a outras pragas sejam oportunos, pouco agressivos para a fauna auxiliar e se rodem as famílias químicas dos produtos, esta praga é perfeitamente controlável com poucos ou nenhum tratamento. O desaparecimento do mercado de certas substâncias activas muito tóxicas para os predadores desta praga fez descer significativamente a importância do seu ataque, de tal maneira que nos últimos dois anos raramente verificamos ataques significativos desta lagarta. 21 Este ano a lagarta manteve-se em níveis ainda mais baixos comparativamente a 2009 (fig. 11). Em 2009 o posto das Cortes registou um nível de capturas acima das 400/semana, mas este ano não foi para além das 140. Nos restantes postos os níveis de capturas situaramse ao mesmo nível que 2009. Não foi enviada uma circular de aviso a referir esta praga uma vez que não se atingiu o NEA em nenhum dos postos observados: 100 galerias em 100 folhas. Curva de voo da lagarta mineira - 2010 CORTES P. MÓS 200 CONQUEIROS 180 N.º de capturas 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Figura 11 - Curva de voo da lagarta mineira em postos biológicos na região de Leiria em 2010. MOSCA DA FRUTA (Ceratitis capitata) A mosca é considerada uma praga chave da macieira por atacar com intensidade muito perto da colheita, existirem poucas soluções e o intervalo de segurança dos produtos não permitir ao agricultor o seu combate de forma eficaz. Nesta região a praga encontra hospedeiros e condições climáticas muito favoráveis ao seu desenvolvimento. Em 2008 o ano não foi tão mau em macieiras como se esperava devido aos ataques inesperados em variedades precoces do grupo gala. Os prejuízos apesar de existirem não foram maiores dos observados em anos anteriores devido não só à grande sensibilização por parte dos 22 agricultores na aplicação no cedo de insecticidas bem como a utilização da captura em massa e uso de medidas culturais para diminuir a densidade populacional desta praga. Quer em 2007, quer em 2008, o voo teve início em meados de Julho, antecipando-se um mês comparativamente a 2006, que foi um ano de baixa incidência da mosca. Em 2009 a praga situou-se em níveis muito baixos e este ano desceram ainda mais. Poderá dizer-se que a praga situou-se em níveis vestigiais uma vez que as capturas só tiveram início em Setembro e só em finais de Setembro é que as capturas aumentaram ligeiramente no posto dos Conqueiros que no ano passado chegou às 25 capturas por semana e este ano apenas às 7. No posto das Cortes e Porto Mós, as capturas não foram além das 2 por semana. Curva de voo da mosca da fruta - 2010 CORTES 8 P. MÓS 7 CONQUEIROS N.º da capturas 6 5 4 3 2 1 0 Figura 12- Curva de voo da mosca da fruta em postos biológicos da região de Leiria em 2010. É característico nesta praga ela intensificar-se a partir de meados de Setembro, altura em que a maioria das variedades de maçã na região estão a entrar na maturação ou já se encontram maduras e ficam mais susceptíveis. O ano passado e principalmente este ano os tratamentos para as variedades do grupo gala e até das golden foram perfeitamente dispensáveis, e mesmo das fuji que são colhidas em finais de Outubro. Na circular n.º 13 de 10 de Agosto, aconselhou-se a não tratarem as maçãs uma vez que não se justificava por não se observarem picadas nem se registarem capturas deste insecto nas nossas armadilhas. 23 A 27 de Agosto, apesar do voo ser inexistente, fizemos uma ressalva para quem tivesse a variedade golden e desejasse tratar por forma a respeitar o IS dos produtos. A ausência de ataques nos figos e nas prunóideas faziam adivinhar um ano sem grandes problemas no combate a esta praga. O frio excessivo que se fez sentir em Janeiro e Fevereiro com temperaturas negativas e a chuva durante dias seguidos causou uma elevada mortalidade nas pupas, forma através da qual esta praga permanece de um ano para o outro, resultando numa população final muito baixa. Esta situação foi semelhante à observada em outras regiões do país normalmente atacadas por esta praga. Em todos os avisos emitidos se chamou a atenção para o cumprimento para com os Intervalos de Segurança dos produtos uma vez que o ataque da mosca acontece junto à colheita. COCHONILHA S. JOSÉ (Quadraspidiotus perniciosus) Continua a ser uma praga interdita na comercialização da fruta e como tal de tratamento obrigatório nos pomares onde está instalada. Com a saída do mercado do metidatião, uma das substâncias activas que melhor a combate tem-se manifestado uma evolução da população em vários pomares da região. A cochonilha apresenta-se muito localizada quer na região, quer mesmo dentro dos pomares, obrigando o agricultor a fazer observações de forma a ficar a conhecer e a marcar as árvores contaminadas. Nesta Estação de Avisos o acompanhamento desta praga passa pela observação das eclosões das jovens larvas conjuntamente com a temperatura média acumulada acima dos 7,3ºC, a partir de 1 de Janeiro. A curva de voo dos adultos machos nunca se conseguiu traçar por a armadilha sexual com feromona, por razões que desconhecemos, não os capturar. Colocaram-se as cintas armadilhas brancas à volta dos troncos no princípio de Abril e detectaram-se as primeiras larvas no início de Maio, mas só em 10 de Maio se considerou a saída de larvas da primeira geração. Na circular n.º 7 de 20 de Maio referia-se esta situação e aconselhava-se à realização de um tratamento usando um produto que combatesse simultaneamente o bichado. O agricultor devia confirmar a presença da praga com a ajuda de 24 uma lupa de bolso. A semana de 17 a 21 de Maio foi muito quente e a saída das larvas deu-se de forma muito rápida. A temperatura acumulada para essa altura era de 521,8ºC e 606,5ºC em duas EMAs localizadas em Leiria e Porto Mós, respectivamente, situando-se o primeiro valor dentro do intervalo de valores estudado (500-525º) e o segundo acima. A eclosão da segunda geração deu-se na segunda semana de Julho com fraca incidência, tal como vem sendo habitual nesta praga, e a 16 de Julho (circular n.º12) referia-se que já se tinha observado a eclosão das larvas e aconselhava-se a tratar nos pomares onde ela estivesse presente. A temperatura acumulada rondava nessa altura os 1170ºC em Leiria e os 1357ºC em Porto Mós, valores respectivamente abaixo e acima do estudado -1270ºC- mas que não fogem muito daquele valor. Todos os tratamentos são apenas dirigidos aos pomares onde se verifique a presença da praga. AFÍDEOS (Aphis spp.; Dysaphis plantaginea) Dos vários piolhos que atacam as pomóideas o mais preocupante é sem dúvida o cinzento devido à deformação que provoca nos raminhos terminais e frutos que acaba por os proteger dos tratamentos. A sua presença nos nossos postos de observação não tem alcançado níveis preocupantes, no entanto, todos os anos fazemos referência a este afídeo. A 14 de Abril a circular de aviso n.º 4 alertava para o pilho cinzento referindo para estarem atentos e a tratar assim que observasse algum enrolamento. erde se Apesar deste ano a chuva tivesse abundado, não detectámos tanto piolho como nos anos anteriores, atingindo-se o NEA só no início de Junho nos nossos postos de observação biológicos. Esta praga aprecia órgãos verdes e tenros e a chuva ocorrida na Primavera favoreceu este desenvolvimento. A 28 de Abril (circular n.º 5) referia-se que começavam a surgir os primeiros focos de infecção desta praga e se observassem 15% dos ramos estivessem infestados, de piolho verde ou, no caso do piolho cinzento, 2 a 5%, antes das folhas começarem a ficar enroladas, deveriam tratar com um produto constante da lista que se anexava à circular de aviso. A 14 de Junho notou-se um aumento significativo do piolho e a 22 de Junho referia-se esta situação e aconselhava-se a observar 100 raminhos e a tratar se mais de 15% estivessem atacados. 25 ÁCAROS (Panonychus ulmi Koch) As eclosões nas tabuinhas tiveram início em meados de Abril, mais tarde do que em 2009 devido ao frio que se fez sentir e que começou mais tarde se prolongou por mais tempo. O pico das eclosões ocorreu em finais de Maio, e no campo observaram-se as larvas de aranhiço a passear a 10 de Maio campo no posto das Cortes e nos Conqueiros e com maior intensidade na semana seguinte. Como o seu controlo deve ser feito logo de início, a 14 de Abril aproveitou-se o envio da circular de aviso para chamar a atenção para esta praga aconselhando um acompanhamento rigoroso. A humidade elevada no solo e a elevada seiva a circular favorecem o desenvolvimento desta praga. A presença de aranhiço, com intensidade, em variedades vermelhas foi muito intensa em 2009 e o controlo desta praga no final da campanha foi caótico. Na semana de 20 de Maio ocorreram calores intensos sendo favorável ao desenvolvimento desta praga. Na circular de aviso desta data, aconselhava-se a observar 100 folhas do terço médio do ramo e se 50 a 75% estivessem ocupadas, em macieira, ou 50% na pereira, deveriam tratar. A 22 de Junho, apesar das populações apresentarem níveis baixos nos nossos postos de observação, o aumento de temperatura justificava uma observação mais cuidada e aconselhava-se a recomendação dada na circular de 20 de Maio. Os pomares encontravam-se verdejantes, a chuva não favorece o desenvolvimento desta praga exercendo antes um efeito de lavagem. A 16 de Julho (circular n.º 12), referia-se que os ataques desta praga estavam a ser muito esporádicos e os calores não estavam a aumentar os níveis populacionais desta praga, no entanto, o tratamento deverá ser feito caso a caso e nas primeiras fases do desenvolvimento, devendo fazer as observações, com a ajuda de uma lupa de bolso. Detectamos a sua presença em todos os pomares em níveis não tão elevados que em 2009, no mês de julho. O tempo durante a campanha foi mais favorável e os níveis populacionais atingiram o NEA nos nossos postos de observação. A aplicação de produtos à base de abamectina também têm contribuído para manter a praga em níveis aceitáveis. A 10 de Agosto (circular n.º 13) voltou-se novamente a referir esta praga. Verificavamse ataques mais intensos em pomares alguns deles já bronzeados, caso dos Conqueiros, fase onde o seu controlo já não é possível. Aconselhava-se a intervir se observassem 2 a 3 formas 26 móveis em 45-50% das folhas do terço superior dos ramos, na macieira, ou em 30% das folhas na pereira. Os níveis desta praga, apesar de tudo, foram inferiores este ano comparativamente a 2009. Em Setembro registavam-se infestações com muita intensidade nos postos de Conqueiros, Cortes e Porto de Mós. 2.4.2-2- DOENÇAS PEDRADOS (Venturia spp.) O pedrado é uma doença que se tem manifestado com intensidade nos últimos anos devido às Primaveras chuvosas que se têm feito sentir. O seu controlo apertado logo de início é preponderante para dominar este inimigo. A chuva ocorrida este ano causou alguns prejuízos, principalmente devido à dificuldade dos agricultores em entrar nos terrenos para efectuar os tratamentos. Os períodos chuvosos consecutivos dificultaram esta tarefa e o pedrado foi difícil de controlar logo de início. Esta situação teve reflexos mais tarde pelo facto de depois de instalada esta doença ser de difícil controlo. Este ano não se observou um aumento de produção, antes pelo contrário, devido ao rebentamento tardio da fruta e maus vingamentos observados, pelo que a monda de frutos que habitualmente sucede e que incide em frutos atacados com pedrado não surtiu o mesmo efeito positivo que em anos anteriores, onde o excesso de produção é eliminada com a eliminação de frutos com pedrado compensando os restantes com o aumento de calibre. Este ano foram detectados tantos períodos de infecção como em 2009, tendo igualmente a chuva caiu de forma intensa gerando infecções também graves (Fig. 13). A 24 de Março foi enviada a circular n.º 3, onde se fez referência às variedades de macieiras mais precoces que se encontravam no estado fenológico C3-D (escarchamento do gomo – botão verde) e aconselhava-se a tratar se as condições climáticas decorressem desfavoráveis ao desenvolvimento desta doença. Este aviso foi enviado 3 semanas mais tarde que em 2009 devido ao atraso verificado na rebentação. Alertou-se ainda para a má eficácia na aplicação de alguns produtos a baixas temperaturas. Enviou-se aqui a listagem das substâncias activas homologadas para o pedrado. 27 A 2 de Abril deu-se início ao segundo período de infecção causado por este fungo cujas manchas se previam surgir a 19 de Abril, no entanto, a circular de aviso de 24 de Março cobriu este período de infecção uma vez que quem tratou, o produto ainda estava activo quando choveu. O terceiro período de infecção teve início a 13 de Abril e causou uma infecção grave pois choveram dias seguidos sem permitir a entrada no campo para tratar. Foi emitido um sms para prevenir esta infecção e a 14 de Abril foi enviada uma circular de aviso onde foi referido que as macieiras e as pereiras se encontravam numa fase muito sensível a este fungo e para quem não tivesse tratado a quando do envio do sms para o fazer de imediato utilizando um produto de acção curativa. Na circular de 28 de Abril foi referido que ainda não se tinha observado manchas de pedrado nos pomares das variedades mais comuns, mas que não significava que o fungo não estivesse já instalado em pereiras e variedades precoces de macieira. A meteorologia mantinha-se instável e aconselhava-se os agricultores a tratarem prevenindo não só alguma infecção que pudesse entretanto ocorrer, como iria também proteger as últimas infecções do período de infecção de 14 a 19 de Abril. A 6 de Maio foi observado o primeiro foco de pedrado no pomar das Cortes e a 10 e 17 de Maio nos pomares dos Conqueiros (Leiria) e no concelho de Porto Mós. A circular de 7 de Maio coincidiu com o início do quarto período de infecção. Foi um período de infecção grave que durou uma semana. Foi emitido um sms a 6 de Maio para tratar imediatamente antes da chuva ou logo a seguir à sua ocorrência. Que assim o fez ficou com o pomar protegido. Quem assim não fez, era referido na circular de aviso para tratar até ao dia 18 desse mês, altura que se previam a saída das manchas. Na circular de 20 de Maio foi referido que se previa a ocorrência de chuva para os próximos dias e para os senhores agricultores tratarem antes da sua ocorrência com um produto preventivo, ou depois da sua ocorrência com um produto de acção curativa. Esta previsão confirmou-se a 24 e 25 de Maio quando deu início o quinto período de infecção e esta recomendação cobriu esse período. A 28 de Maio, o tempo continuava instável aconselhando-se a manterem os pomares protegidos devendo optar por um produto de contacto. Quem recebeu esta indicação e tratou de imediato, conseguiu, para quem não tinha tratado, travar a infecção ocorrida a 24 e 25 de Maio cuja previsão das manchas estava para acontecer a 1 de Junho. 28 O sexto período de infecção de correu de 8 a 11 de Junho e foi grave. Foi emitido um sms antes da ocorrência das chuvas aconselhando a tratar antes das chuvas. A 9 de Junho, foi enviada uma circular de aviso onde era referido esta infecção e forte pressão da doença, aconselhando, para quem não tivesse tratado nos três dias a seguir à ocorrência das chuvas, para o fazer com um produto de contacto até ao dia 15, altura em que se previa a saída das manchas, com um produto de contacto se não chovesse. Referiu-se a 30 de Junho, na circular de aviso n.º 11 para manterem os pomares com manchas de pedrado protegidos, evitando que as folhas infectadas caíssem no chão e aumentassem o inoculo para o ano anterior. A 21 de Julho ocorreu um período de infecção ligeiro que não foi considerado. O Verão estava a decorrer muito seco. O último aviso para o pedrado foi enviado a 5 de Novembro onde se aconselhava a realização de um tratamento à base de ureia a 5% molhando bem as folhas nas árvores, bem como as já caídas, favorecendo a sua decomposição. 2 24 1 MAR 15 MAR 19 24 10 13 sms 1 ABR AVISO 24MAR 30 15 ABR AVISO 14 ABR sms 7 1 MAI AVISO 28ABR 1 19 15 MAI AVISO 7 MAI AVISO 20 MAI sms 8 15 1 JUN AVISO 28 MAI 21 15 JUN AVISO 9 JUN 1 JUL 29 15 JUL 1AGO AVISO 30 JUN Figura 13- Períodos de infecção de pedrado ocorridos em 2010. CANCRO (Nectria galigena) Nos anos chuvosos e nas variedades mais susceptíveis sabe-se que esta doença se desenvolve mais activamente. Como não existem produtos que combatam esta doença, o modo de actuação passa pela aplicação de medidas profilácticas que controlem a sua dispersão. 29 O tempo chuvoso, a geada e o frio são factores que aumentam o risco de disseminação pelo que, a 2 de Fevereiro foi dada uma indicação para limpeza de feridas e aplicação de cobres de forma a impedir a entrada dos esporos. A 8 de Março, como a Primavera estava a decorrer chuvosa, reforçava-se esta indicação. A 5 de Novembro chamava-se a atenção para limparem e desinfectarem bem as feridas existentes bem como as provocadas pela poda. As feridas causadas pela queda das folhas também são uma porta de entrada a este agente e que este tratamento também vai proteger. A queima dos ramos com cancro também vai cortar o ciclo de vida deste parasita. 2.4.3- OLIVEIRA 2.4.3.1- PRAGAS TRAÇA DA OLIVEIRA (Prays oleae) Esta praga tem 3 gerações distintas e o seu desenvolvimento está estreitamente ligado à fenologia da cultura. As larvas da geração filófaga começaram a aparecer no início de Março, altura em que terminam a fase mineira e começam a roer as folhas e os rebentos dos ramos jovens para completarem o seu desenvolvimento. Na observação de 100 raminhos, o número de galerias observadas atingiu um máximo no início de Abril. O tratamento a esta geração só se justifica em olivais novos por poder comprometer a sua formação. Em 2008 o índice de capturas foi significativamente abaixo do observado em 2007, em 2009, este índice foi significativamente mais elevado nas duas últimas gerações e em 2010, o índice de capturas foi de todos estes anos o mais baixo. Registou-se uma primeira geração –a antófaga- que foi mais forte que em 2009 e que decorreu entre meados de Março e início de Maio (Fig. 14), com o posto de Porto Mós a assinalar o maior índice de capturas, tal como no ano passado. Os adultos da geração filófaga fazem as posturas nos botões florais e as lagartas alimentam-se das peças florais tecendo de seguida uma teia à sua volta para puparem. A oliveira floresceu muito, as condições meteorológicas foram favoráveis na altura da floraçãovingamento dos frutos e não se fez referência a esta praga nesta altura, embora se justifique o tratamento em olivais com um baixo índice de floração. Não se atingiu o NEA. Normalmente esta geração funciona como uma monda natural dos frutos. 30 140 Alcanadas N.º de Capturas 120 Porto Mós 100 Pombal 80 Alvaiázere 60 40 20 0 Figura n.º 14 - Curva de voo da traça da azeitona em Leiria em 2010. A segunda geração, a carpófaga, ataca os frutinhos e provoca a sua queda quer à entrada como à saída das larvas. O voo da segunda geração foi um pouco menos intenso este ano do que em 2009, nos postos de Porto Mós e Alvaiázere e o de Pombal obteve o menor número de capturas de sempre, sendo que sempre foi de todos o que registou menor índice de capturas. Este tratamento deve posicionar-se logo a seguir ao pico de voo antes da lenhificação do caroço. O pico do voo deu-se sensivelmente a 9 de Junho, tal como em 2009 e a 22 de Junho (circular n.º 10) referia esta situação e aconselhava-se a tratarem quando o fruto tivesse dimensão de um grão de pimenta. Tem-se verificado que os ataques de traça não causam prejuízos de maior na região e os tratamentos só pontualmente se justificam, no entanto, dada a complexidade das observações a efectuar, não é possível ao agricultor acompanhar a praga sozinho pelo que, na dúvida, trata. Como já vem sendo habitual, durante os meses de Julho e Agosto não se registaram praticamente capturas nas nossas armadilhas, e a última geração – filófaga- registou valores elevados em Alvaiázere em 2009, este ano este nível foi muito inferior. Nos outros postos as capturas situaram-se nesta geração também abaixo do que é habitual. 31 MOSCA DA AZEITONA (Dacus oleae) A mosca continua a ser a praga chave dos olivais da região e responsável por perdas de produção. Este ano o voo da mosca foi significativamente mais baixo comparativamente a 2008, assim como o número de frutos atacados. A curva de voo deste ano (Fig. 15), foi crescendo ao longo da campanha e para o final as capturas no posto das Alcanadas sobressaíram comparativamente aos outros postos de observação, que registaram valores sensivelmente idênticos aos do ano passado. Apesar do índice de capturas não fugir muito ao observado em 2009, o índice de frutos picados foi inferior comparativamente a 2009, que já tinha sido inferior a 2008. As condições de temperatura e humidade foram mais desfavoráveis este ano devido aos picos de calor que provocaram mortalidade em ovos e larvas. As capturas em Porto Mós e Alcanadas mantiveram-se em níveis muito baixos, aumentando só a partir de meados de Setembro com as Alcanadas a atingirem as 180 capturas em meados de Outubro. No posto de Alvaiázere as capturas mantiveram-se não ultrapassando as 40 a 60 capturas por semana. Até início de Outubro não se observou nenhum pico comum de entre as capturas, registando-se na segunda semana de Outubro. A 16 de Julho referia-se na circular n.º 12 que o voo já tinha começado mas ainda não se aconselhava a tratar. Ainda não se tinha atingido o NEA: 8 a 12% de azeitonas com formas vivas. A 21 de Julho não se observou azeitona picada na Batalha e Porto Mós, mas a 23 de Julho em Pombal atingiu-se os 8% de nível de ataque e os 7% em Alvaiázere. A 10 de Agosto o tempo quente que se fazia sentir não favorecia o desenvolvimento desta praga e novamente não se aconselhou a tratar. A 27 de Agosto, na circular de aviso n.º 14 era referido que o voo se tinha intensificado principalmente nos concelhos de Pombal, Ansião e Alvaiázere e que sedevia realizar um tratamento logo que possível. A 4 de Outubro explicava-se na circular n.º 15 que o voo estava abaixo de que é habitual contribuindo para isso o rigor do Inverno, baixas temperaturas durante dias consecutivos juntamente com o ocorrência de chuva que provocaram uma elevada mortalidade das pupas. Verificava-se nesta altura uma humidade relativa muito baixa, apesar da temperatura não ser muito elevada, e que limita muito a taxa de sobrevivência desta 32 praga. O voo da praga tinha aumentado nessa semana, assim como o número de frutos picados. Chamava-se a atenção para a realização de um tratamento aos olivais que se encontravam desprotegidos. Aconselhava-se a tratarem tendo atenção ao IS dos produtos a aplicar. O panorama desta praga não foge ao observado em anos anteriores. Quem trata tem azeitona de boa qualidade e azeite de baixa acidez, quem não trata tem muita queda de fruto e azeite de péssima qualidade. 200 Alcanadas 180 Porto Mós 160 Pombal 120 Alvaiázere N.º de capturas 140 100 80 60 40 20 09-Nov 02-Nov 26-Out 19-Out 12-Out 05-Out 28-Set 21-Set 14-Set 07-Set 31-Ago 24-Ago 17-Ago 10-Ago 03-Ago 27-Jul 20-Jul 13-Jul 06-Jul 29-Jun 0 Figura n.º 15 - Curva de voo da mosca da azeitona em Leiria em 2010. CARUNCHO (Phloeotribus scarabaeoides Bernard) Não foi um ano onde os ataques desta praga se tivessem observado de uma forma especial como em anos anteriores. Os agricultores começam a ter a noção correcta de que deixar a lenha da poda no olival é fomentar o desenvolvimento desta praga. Não existem produtos químicos homologados para o combate do caruncho, passando o seu controlo pela aplicação de medidas culturais. Nesse sentido foi aconselhado a 6 de Março para não deixarem a lenha da poda junto ao olival pois é nessa lenha que este parasita se desenvolve. 33 A 8 de Março (circular n.º 2) aconselhava-se a queimar a lenha da poda se observasse serrim, sinal da sua actividade, antes de os adultos saírem para atacar a rebentação nova na axila dos ramos, comprometendo a formação a produção, principalmente em árvores jovens. COCHONILHAS As cochonilhas que se acompanharam com mais atenção no olival são o algodão e a cochonilha negra. Ambas devem ser combatidas respectivamente antes da formação do algodão e da carapaça que as protege contra os tratamentos impedindo que os produtos as atinjam directamente. O algodão tem cerca de uma a três gerações por ano e inicia a sua actividade em fins de Fevereiro início de Abril. A 28 de Abril deu-se indicação para tratarem o olival, caso observassem mais de 25% de inflorescências atacadas em 120 observadas pulverizando em alta pressão sobre as colónias caso apresentasse ataques desta praga, mas de forma localizada, com um produto que combatesse simultaneamente a traça. O tratamento da cochonilha negra (H), que habitualmente apresenta uma geração/ano, passa pela detecção da saída das larvas e deve incidir quando se atinge o pico da sua saída para abranger um maior número de larvas. Quando estas se fixam e começam a ganhar a carapaça ficam imunes aos tratamentos. São marcados alguns ramos com fêmeas adultas para facilitar a detecção daquele momento. Este ano o aviso saiu a 22 de Junho, na mesma altura que em 2009-, aconselhado a observarem as pequenas larvas junto às fêmeas adultas. Esta eclosão poderá demorar cerca de 3 semanas, portanto, em olivais muito atacados poderá justificar um segundo tratamento. Os ataques desta praga são pontuais e controláveis, apesar dela se encontrar em progressão nesta região. O ferrujão que ela provoca, devido à formação de fumagina, é responsável por uma diminuição da produção por interferir com a fotossintese dificultando que a seiva elaborada chegue a todos os órgãos da árvore. 34 2.4.3.2- DOENÇAS GAFA (Gloeosporium spp) A gafa é uma doença de grande importância económica. Ataca os frutos que ficam enrugados e acabam por cair com facilidade. Se o ataque é intenso os ramos podem ficar desprovidos de folhas acabando por secar. Cultivares como a galega são muito susceptíveis aos ataques da gafa. O ano de 2009 foi caracterizado com uma Primavera muito húmida e um Verão quente e seco. Os meses de Setembro e Outubro foram secos e quentes, não facilitando o estabelecimento desta doença que necessita de água da chuva para dissolver a massa gelatinosa que envolve os esporos deixando-os livres para efectuarem as contaminações. Apesar do tempo ter permanecido seco , os períodos de chuva ocorridas foram intensos e provocaram alguns focos na região. Com os orvalhos intensos que se sentiam nessa altura, muitos agricultores com receio de perder alguma produção, colheram a azeitona mais cedo que o habitual. Apesar de tudo, a gafa não foi problema na região que se traduziu na boa qualidade de azeite, contrariamente ao que aconteceu em 2006, onde a queda de chuva de forma contínua provocou graves ataques em zonas do país onde habitualmente ela não é problema. Os agricultores encontram-se muito sensibilizados para esta doença pelo que iniciam os tratamentos mais cedo reduzindo o risco de desenvolvimento desta doença. Fez-se uma primeira referência a esta doença a 4 de Outubro (circular n.º 15). A azeitona estava a mudar de cor, mais tarde do que em 2009 e previa-se a ocorrência de chuva para o fim-de-semana aconselhando-se a aplicação de produtos à base de cobre. Os orvalhos e nevoeiros matinais quando contínuos também podem provocar infecções. A 5 de Novembro (circular n.º 16) emitiu-se uma circular a referir esta doença, o olho de pavão e a cercosporiose, todas desencadeadas através da queda da chuva. A azeitona estava muito sensível a estas doenças e como os tratamentos de vem ser preventivos e se previa queda de chuva a partir da próxima semana, aconselhou-se tratamento com um fungicida à base de cobre. 35 OLHO DE PAVÃO (Spiloceae oleagineae) Esta doença desenvolve-se melhor com a Primavera e Outono chuvosos e temperaturas entre os 10 e 15ºC. Tal como em 2008 e 2009, a Primavera foi chuvosa mas o final do Verão foi este ano ainda mais seco equilibrando a incidência desta doença. Alguma desfoleação observada no início vegetativo, bem como contaminações que permaneceram latentes durante o Verão, não se manifestaram de forma intensa no final do ciclo da cultura. A variedade galega apresenta-se muito resistente a esta doença contrariamente à cobrançosa e picual. Foi aconselhado um tratamento a 8 de Março, mesma altura que em 2009, referindo a necessidade de proteger o olival nesta fase contra o olho de pavão a fim de evitar futura queda das folhas, utilizando produtos à base de cobre, zirame ou difenoconazol. Como a Primavera foi este ano mais chuvosa, reforçámos esta recomendação, principalmente para as variedades cobrançosa e picual, muito sensíveis a esta doença e olivais jovens. No final de Verão a 4 de Outubro (circular n.º 15) fez-se referência a esta doença juntamente com a referência à gafa para tratarem com um produto à base de cobre. Reforçou-se novamente esta indicação a 5 de Novembro, para o olho de pavão e cercosporiose, referindo que o tratamento deve ser preventivo, devendo acontecer antes das primeiras chuvas pelo que se aconselhava a fazê-lo pois a previsão era de chuva para os próximos dias. É importante que o agricultor recorra às práticas culturais de forma a favorecer a ventilação das copas através de uma poda arejada, prevenindo a incidência de doenças. CERCOSPORIOSE (Cercospora cladosporioides) É normalmente no Outono que esta doença ganha expressão ficando a página inferior das folhas enegrecidas e a página superior amarelecida ocorrendo depois a desfoleação. Este ano devido à Primavera chuvosa começaram a verificar-se fortes ataques de cercospora no cedo. No final de Verão as recomendações de 4 de Outubro e 5 de Novembro para o olho de pavão e gafa faziam também referência a esta doença. Não se fazem tratamentos exclusivos para a cercospora uma vez que os produtos que combatem a gafa e o olho de pavão também 36 a controlam. Considera-se importante a sua referência para a sua correcta identificação. A variedade galega é susceptível a esta doença principalmente em zonas húmidas como é o caso dos olivais da região de Ansião. 2.5 – Balanço fitossanitário Quadros resumo dos tratamentos Nos quadros n.º 1, 2 e 3 estão indicadas as datas em que foram emitidos avisos com referência, respectivamente, aos inimigos da vinha, pomóideas e olival, abrangendo todas as estratégias de luta. Estão definidos o número de tratamentos para cada inimigo. Os tratamentos condicionados estão identificados por alguns símbolos. VINHA Quadro 1- Quadro resumo das datas dos avisos referentes à vinha na campanha de 2010. Data/ inimigo Míldio Escoriose Jan Fev Mar Abr Mai Jun 28 20, 28 9, 30 Jul Ago 10 M.P. 2 Traça Coch. 2* 8* Algodão *-Tratamento condicionado M.P. –Medidas Profilácticas Out Nov Dez N.º de trat. 6 1 Botrytis Oídio Set 14 28 30* 20 9, 22, 30 30* 10* 16 1+2* 6 10, 27* 2+1* 2* 37 Pomóideas Quadro 2 - Quadro resumo das datas dos avisos referentes à macieira em 2010. Data/ Inimigo Cancro Pedrado Jan Fev Mar 2 MC 8 24* Aranhiço vermelho Piolhos INV 8 Coch. S. José Bichado INV 17 Abr Mai Jun 14, 28 14 7,20 28 20* 9, 30 14* 28 22* Jul Ago 16* 10* Set Out Nov Dez 2+4* 22* 20 7,20 1+2* 16 9*, 30 N.º de trat. 2 7+1* 16* Mosca da Fruta * Tratamento condicionado ---- Aconselhamento a não tratar INV. –Inverno; MC – Medidas Culturais 3 10* 27* 10--27* 3+4* 1* Oliveira Quadro 3- Quadro resumo das datas dos avisos referente ao olival em 2010. Data/ Inimigo Cercosporiose Gafa Olho de pavão Mosca Jan Fev Mar 8 Abr Mai Jun Jul Ago 14* 16--- Traça 22, 30* Caruncho 10--27 Set Out Nov 4 5 4 4* 4 5 5* Dez N.º de trat. 2 2 1+3* 2 1+1* 1 MP Coch. negra Coch. Algodão 22* 28* 1* 1* MP- Medidas Profilácticas ---- Aconselhamento a não tratar 38 3- OUTRAS ACTIVIDADES 3.1- Condicionamento da vinha Em 2009 continuámos a assegurar o serviço do condicionamento do plantio da vinha na região de Leiria. Este ano decorreu o terceiro e último período de candidatura ao arranque definitivo da vinha que decorreu entre 1 de Junho e 31 de Julho. A afluência de pessoas foi ainda mais baixa do que em 2009 e todos os utentes foram atendidos em tempo útil. A candidatura ao arranque da vinha pressupõe a regularização de todo o património vitícola do candidato, ou seja, todas as parcelas de vinha devem ter enquadramento legal. Todos os procedimentos foram efectuados numa aplicação informática sendo no final atribuído ao agricultor o registo vitícola do seu património. - Não se verificou desfasamento entre a atribuição do registo vitícola e o período de candidatura. A actualização do registo vitícola efectuou-se sem compassos de espera, contrariamente ao que verificou em 2008. - Continua a faltar meios informáticos, nomeadamente um computador e daqui para a frente, de meios humanos, uma vez que os dois técnicos já têm a seu cargo outro serviço e compromissos que não podem ser descurados, de forma a tornar o serviço mais expedito. - O período de candidatura incidir numa altura de férias não é deforma alguma uma vantagem para a execução deste serviço sem contratempos. - Continuou a verificar-se alguma, descoordenação entre os serviços, nomeadamente IVV e DRAPCentro, na delegação de alguma informação. Este período de candidatura beneficiou de não ser o primeiro, e da maioria das situações serem idênticas às registadas à do ano anterior. Para além do registo vitícola, ficaram os técnicos com a responsabilidade de recepcionar as candidaturas fazendo uma primeira abordagem aos documentos exigidos na candidatura, ficando um dos técnicos com a responsabilidade de analisar pormenorizadamente cada candidatura e observar se toda a documentação estava conforme e caso assim não se encontrasse redigir cartas de audiência prévia a solicitar a documentação em falta num prazo definido. 39 As vistorias ao campo ficaram a cargo dos técnicos do condicionamento da vinha e foram feitas a 100% dos candidatos ao prémio de arranque devido ao baixo número de candidaturas. Foram efectuadas as vistorias pós arranque a todos os candidatos, não existindo nenhuma situação irregular ou de conflito. Os proponentes da candidatura 2009/2010 têm vindo a receber o prémio ao arranque, não tendo sido recebida nenhuma reclamação. 3.2- Acções de sensibilização / Divulgação das metodologias utilizadas nos avisos A Estação de Avisos de Leiria interviu em diversas acções de sensibilização/divulgação que visaram o esclarecimento de algumas metodologias aplicadas por esta Estação de Avisos: - 6.º Encontro da Estação de Avisos de Leiria – 8 de Abril – St. Antão - Batalha - Dia de campo dedicado ao pomar – 16 de Julho Porto Mós - Dia de campo dedicado ao olival – 17 de Outubro - Alvaiázere - 2.º Encontro Nacional dos Avisos Agrícolas – 24 e 25 de Novembro- Anadia 3.3 – Ensaios inseridos na candidatura da ex-DRABL ao Programa Agro Na sequência da candidatura da ex- DRABL à acção 8.2 – Medida 8 do Programa AGRO que visou a Modernização e Reforço da Capacidade do Serviço Nacional dos Avisos Agrícolas, a Estação de Avisos de Leiria participou em vários ensaios, tendo-se destacado na captura em massa como método biotécnico alternativo ao controlo da mosca da azeitona e mosca da fruta. Este ano apenas se manteve a o controlo à mosca da fruta mas só com recurso aos copos tephry. Estes trabalhos foram fruto de relatórios à parte. 40