– 2011.01.20
Casas de baixa inércia térmica
– vantagem ou desvantagem?
Qual o significado de inércia
térmica? Tal como a conhecemos, a inércia é a tendência para
deixar tudo como está. Dinamicamente, se estava parado, é a
dificuldade em iniciar o movimento; se estava em movimento,
é a oposição á travagem. É uma
grandeza associada à massa:
quanto maior esta for, maior a
inércia. A inércia térmica
também é a resistência oposta à
alteração da temperatura instalada. Edifícios de baixa inércia
térmica terão uma massa baixa,
construídos com materiais leves.
As suas paredes não são em
alvenaria, nem em betão, menos
E qual a vantagem de uma baixa inércia térmica?
- Obviamente, grande:
Já verificou que, quando chega à sua tradicional casa de alta
inércia térmica, depois de todo o dia ausente, no inverno ela
estará fria - se não deixou nenhum aquecimento ligado. E, com
o elevado custo da energia e a tradicional falta de isolamento,
quem é que pode pagar o desperdício de um aquecimento
ligado quando estamos ausentes? Com a sua alta inércia
térmica, aquecê-la é uma questão de muita energia e tempo, ou
seja: aquecer uma casa tradicional é caro e o tempo até atingir
uma temperatura de conforto é, no mínimo, desconfortável!
Se a sua casa tiver paredes e tetos em placas de gesso cartonado e, por trás destas, lã mineral, a massa a aquecer, para além
do ar interior, terá uns simples 15 a 30mm de espessura de
gesso, já que a lã que está por trás retarda a dissipação do
calor através da parede. Ou seja, ligado o aquecimento, muito
rapidamente o calor se fará sentir no espaço interior,
resultando rapidamente no desejado conforto térmico, com
baixo custo energético. Se, associado ao factor de baixa inércia
térmica, tiver também um bom isolamento do conjunto, o
calor não se perde, não sendo necessária muito mais energia
para manter uma temperatura estável.
Qual a desvantagem da baixa inércia térmica?
- Muito pouca!
No Verão, uma fonte de calor interior faz também facilmente
subir a temperatura. Há que ter portanto como arrefecer. É
necessário, ou desejável, ter um bom sombreamento, ventilação adequada, ou um equipamento de arrefecimento do ar.
A actual certificação energética dos edifícios, contra aquilo que
aqui foi dito, premeia a alta inércia térmica. Considera que no
Inverno, durante o dia, um edifício exposto à luz solar absorve
ainda em pedra ou muito espessas. Serão tradicionalmente casas
com paredes em madeira, ou,
mais recentemente, em perfis
metálicos ligeiros e revestimentos de baixa espessura, como o
gesso laminado e contraplacados
ou aglomerados, envoltos em
materiais isolantes.
na sua massa esta energia, a qual se manterá presente em
quantidade suficiente para nos dar o desejado conforto
térmico durante a noite.
Estas condições, que eu tenha verificado, só se dão na Primavera e Outono, alturas em que o conforto interior é fácil de
alcançar. No Verão a frescura da noite, absorvida pela sua
elevada massa, fornece durante o dia uma frescura no interior.
Aqui podemos estar de acordo, desde que a massa seja tão
elevada que não seja necessário arrefecer, tal como nas casas
de paredes muito espessas e com janelas pequenas. Nada do
que a arquitectura e construção actuais executam.
Vivi durante tempo suficiente e conheço muita gente que,
infelizmente, ainda vive nestas condições de falta de conforto
das tradicionais casas de alvenaria e betão. Atualmente vivo
numa casa em estrutura metálica ligeira, com paredes em
Pladur, lã mineral, placas de aglomerado de madeira e
isolamento térmico pelo exterior. Gozo, agora, das condições
térmicas que uma casa de baixa inércia térmica me proporciona e já não abdico de andar durante o inverno em mangas
de camisa dentro de casa, com muito baixo custo energético.
Quanto ao índice da certificação energética, com este critério,
passo bem sem a melhor nota. É um facto conhecido, que têm
maior sucesso profissional os alunos de catorze, do que os de
vinte. Ou seja: a realidade prática é o mais importante.
Estamos em pleno século 21! Tempos de alta tecnologia,
produzindo se inúmeros materiais desenhados para cada
função específica. Por quanto tempo mais ficaremos agarrados
ao multifuncional, e de medíocre desempenho, tijolo de barro.
É caso para perguntar se não haverá nos métodos construtivos
tradicionais, tal como nos critérios de certificação energética
também alguma inércia á evolução da construção!
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