SEMANÁRIO NACIONAL OPERÁRIO E SOCIALISTA
CAUSA OPERÁRIA
WWW.PCO.ORG.BR/CAUSAOPERARIA • FUNDADO EM JUNHO DE 1979 • ANO XXX • Nº 507 • DE 9 A 15 DE NOVEMBRO DE 2008 • R$ 3,00
AS ELEIÇÕES NORTE-AMERICANAS E A SITUAÇÃO MUNDIAL
QUAL O SIGNIFICADO
DA VITÓRIA DE OBAMA?
Os milhões de eleitores que votaram em Obama compraram, não há qualquer dúvida, gato por lebre. Ele, símbolo da nova geração do Partido Democrata, não é o homem da
mudança que muitos esperam, mas apenas o homem da mudança que o imperialismo necessita. Por trás dele estão os velhos cabeças grisalhas que, junto com os
republicanos, seguram as rédeas do mundo a serviço dos maiores trustes que a humanidade já viu. No entanto, a sua vitória reflete o completo esgotamento da política do
imperialismo nas últimas décadas e uma crise sem precedentes dos opressores do mundo. Leia o editorial e a cobertura completa nas páginas 18 e 19.
QUE OS PATRÕES PAGUEM PELA CRISE!
COBERTURA COMPLETA NESTA EDIÇÃO:
Não às demissões na General Motors!
• Uma frente popular à
americana?
• Derrota de Bush, uma derrota
política do imperialismo mundial
• O começo do fim do Partido
Republicano?
Os efeitos da crise financeira mundial estão atingindo as montadoras no
Brasil, que já estão cortando custos e
reestruturando as suas produções. O
corte de gastos e a reestruturação podem ser facilmente trocados pela pa-
lavra que os patrões mais gostam de
usar: demissão.
Com a desculpa de que estão em
grave situação financeira por conta
da recessão mundial, as montadoras,
para não perderem nada do lucro
estratosférico que possuem, estão
lançando mão do PDV (Plano de
Demissão Voluntária), que é uma
demissão camuflada que oferece
migalhas para os trabalhadores que
pedirem demissão. Página 6
FUNDIR PARA NÃO CAIR
ROUBO
RONDÔNIA
Itaú e Unibanco
vão realizar fusão
para conter
enorme crise
Norte-americanas
já exploram na
área pré-sal na
Bacia de Santos
Dezenas de
famílias ameaçadas
CRISE NO CONGO
por pistoleiros
A profundidade da crise financeira no Brasil pôde ser sentida
segunda-feira, dia três, com o
anúncio da fusão do banco Itaú
com o Unibanco. Foi propalada
aos quatro ventos como a mais
surpreendente notícia dos últimos
tempos. Página 7
A presença de empresas estrangeiras na área pré-sal da Bacia de
Campos é uma realidade. A Exxon
Mobil, a maior empresa petrolífera
dos EUA e do mundo está, junto
com a Amerada Hess, perfurando
o bloco BM-S-22 na Bacia de Santos. Página 6
“EU JÁ VI ESSE FILME ANTES...”
Operação déjà vu da Polícia
Federal prende diretor dos Correios
Diretor Comercial dos Correios,
Samir de Castro Hatem, é preso
junto com outras 16 pessoas por
formação de quadrilha e fraude em
licitações para favorecer agências
franqueadas. Página 10
A SANTA MÁFIA - PARTE III
A obra contrarevolucionária da Opus Dei
Cerca de 20 famílias do acampamento Terra Boa, em Rondônia,
no município de Rio Crespo, reocuparam esta semana suas terras depois de terem sido expulsos delas
no dia 21 de abril por 18 pistoleiros
que invadiram o acampamento fortemente armados. Página 5
O conflito na África:
diamantes, ouro e sangue
A CAMPANHA
REACIONÁRIA
Mais um
município de SP
proíbe pílula do
dia seguinte
O município de Ilhabella proibiu em
junho desse ano a distribuição e venda
da “pílula do dia seguinte” para menores
de 18 anos. Já são três as cidades do
interior de SP a proibir a contracepção
de emergência. Página 9
USP
As tropas do general tutsi Laurent Nkunda avançaram em direção a Goma,
a Oeste da República Democrática do Congo, onde tropas do governo
afirmaram não garantir nenhuma segurança. A crise regional africana é
um produto da crise mundial do imperialismo. Página 17
"AMARGO ESTÁ O MUNDO"
Psol quer eleição
clandestina para o A 70 anos do suicídio da grande
poetisa argentina, Alfonsina Storni
DCE da USP
Sem nenhuma divulgação e
discussão política, o Psol no DCE da
USP “convoca” eleição para a nova
diretoria. Página 14
Verdadeiro patrimônio da poesia argentina e latino-americana, Alfonsina
Storni configurou-se como uma das mais expressivas vozes da geração
poética que sucedeu o movimento de renovação das letras argentinas nas
primeiras décadas do século XX. Página 20
LEIA OS EDITORIAIS DE CAUSA OPERÁRIA NA PÁGINA 3
No dia 2 de outubro completaram-se 80 anos da organização católica Opus Dei, uma organização
até pouco desconhecida, apresentada geralmente como um tipo de
seita católica ou até mesmo uma
sociedade secreta. No entanto, a
idéia de “seita” só serviu para ocultar o fato de que esta poderosa organização formou dentro da Igreja
um lobby político decisivo e se fundiu ao longo dos seus oitenta anos
com todos os governos de direita e
extrema-direita, apoiando ditaduras
militares na América Latina e o imperialismo mundial. Sua história foi
construída em meio à corrupção,
perseguição e assassinatos, incluindo até mesmo a suspeita de assassinato de um papa. Página 16
Só a classe operária
pode dar uma saída
para a crise econômica
Diante do que é provavelmente
a maior crise econômica pela qual
passou o capitalismo, a burguesia
está colocando claramente seu programa: o de esfolar ainda mais a
população para salvar os bancos e
empresas da falência. É o que significaram os pacotes bilionários dos
CMYK PÁG. Nº 01 - JCO 507
governos norte-americanos, europeus e inclusive brasileiro.
A burguesia, no entanto, sabe
que essa crise não pode ter uma
resolução efetiva, mas apenas de
curto prazo e para o seu próprio
bolso, não para o sistema de conjunto.
• Obama
• Lula apresenta
sua solução para a
crise: confiscar os
trabalhadores
• Rui Costa
Pimenta: “Crise
política e militar e
O cineasta francês,
crise mundial”
Jean-Luc Godard
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
mação marxista
or
so de ffor
Cur
ormação
Curso
boração e publicação do manifesto comunista até a Revolução
de 1848. Vale lembrar que nesse ano o “Manifesto Comunista”, escrito e elaborado por Karl
Marx e Friedrich Engels completa 160 anos desde sua publicação.
Este curso será ministrado
pelo presidente nacional do
MARX - VIDA E OBRA
Do Manifesto Comunista à
Revolução de 1848
2
ferramenta
para atuar na
sociedade, de
acordo com
uma teoria científica que só
tem razão de
existir ao ser
aplicada na
prática. O cur-
tivos e outras atividades como
saraus, passeios etc.
Participe do XXIII Acampamento de Férias da AJR ,
promovido pelo Partido da Causa Operária que será
realizado na primeira quinzena de janeiro de 2008 com
tema sobre a vida e obra de Karl Marx
Em janeiro de 2009, o Partido da Causa Operária e sua
organização de juventude, a
AJR, Aliança da Juventude Revolucionária, irão realizar seu
tradicional curso de férias. Esta
será a 23ª edição do Acampamento de Férias, curso de formação marxista que preza pelo
estudo e compreensão do marxismo. Este tradicional curso é
realizado duas vezes ao ano, em
janeiro e julho, há mais de dez
anos pelo PCO e pela AJR. Este
é um curso que alia a discussão
política de alto nível em mais de
dez dias onde o assunto é deba-
ATIVIDADES
Marx Vida e Obra parte II
No próximo Acampamento
de Férias que será realizado em
janeiro, o curso apresentado
será, “Marx – Vida e Obra parte
II – Do Manifesto Comunista à
Revolução de 1848”. Neste
curso, será dada continuidade
ao tema tratado no curso anterior, realizado em julho deste
ano, a história da vida e a contribuição teórica do revolucionário, pai do marxismo, Karl
Marx. Na primeira parte foi tratada a elaboração da filosofia de
Marx, a filosofia marxista, o socialismo científico. Neste curso que será realizado em janeiro, será feito uma discussão em
torno do período que vai da ela-
tido sob vários aspectos de maneira aprofundada.
Os Acampamentos de Férias
da AJR reúnem jovens de todo
o País que acampam em meio à
natureza participando diariamente das atividades organizadas coletivamente, tais como a
realização das refeições e também a limpeza e manutenção do
local. Além do curso de formação marxista há também diversas atividades que promovem a
integração e o lazer dos participantes, como a exibição de filmes, gincanas culturais, grupos
de estudo, campeonatos espor-
COMO ENTENDER A CRISE FINANCEIRA
Férias da AJR será realizado na
primeira quinzena de janeiro de
2009 no litoral paulista. Aos
interessados, as aulas serão disponibilizadas na página do PCO
na internet (www.pco.org.br).
Participe!
PCO, o companheiro Rui Costa Pimenta que também é editor
do jornal Causa Operária.
O curso tem como objetivo
não apenas discutir e entender
o marxismo como uma entre
tantas correntes de pensamento, mas entender esta como uma
so também será uma ótima
oportunidade para entender a
atual crise histórica do capitalismo que está se desenvolvendo
com uma recessão mundial de
proporções nunca antes vista na
história da humanidade.
O XXIII Acampamento de
Informe-se sobre data, local
e custo, entrando em contato
com algum militante do PCO
por meio do endereço eletrônico: [email protected] ou pelo endereço: Rua Miguel Stéfano, nº
349 - Saúde - CEP 04301-010
- São Paulo/SP ou então ligue
para nós no telefone, (0xx11)
5584-9322.
WWW.PCO.ORG.BR/CAUSAOPERARIA
Participe do curso sobre a atual crise
Conheça a edição digital de Causa Operária
Causa Opeo financiamento
histórica do capitalismo por meio de uma rária
conta
tanto do jornal
agora
com
impresso e sua
análise marxista
uma versão diversão digital,
Em meio à discussão a respeito da atual crise financeira
mundial, o PCO (Partido da
Causa Operária) vai realizar
neste mês de novembro, um
curso sobre a recessão mundial e toda sua influência na sociedade.
O PCO é o único partido que,
por meio de sua imprensa regular, impressa, o jornal semanal
Causa Operária e digital, o jornal diário na internet, o Causa
Operária Notícias Online (CO
Online), está prevendo esta crise há mais de dois anos com
análises e notícias dando uma
ampla cobertura para todos os
acontecimentos que envolveram e ainda permeiam esta crise. Esta cobertura feita sempre
com uma análise marxista dos
fatos.
Assim como todos os cursos
ministrados pelo PCO, este não
terá apenas o intuito de ser informativo, mas e principalmente prático. Além de uma análise
precisa dos fatos e desdobramentos da crise, será feita a
apresentação de uma política
independente dos trabalhadores
para atuarem contra os inúmeros ataques que já começam a ser
contraponha aos interesses dos
capitalistas.
O curso tem a maior relevância, pois pretende aprofundar a
compreensão sobre esta crise
financeira usando como ferramenta o marxismo.
O tema do curso será “O
Colapso Financeiro
e a Atualidade do
Marxismo” que terá
como palestrante,
o companheiro Rui
Costa Pimenta, presidente do PCO e
também editor do
jornal Causa Operária.
Venha participar
do curso no auditório Friedrich Engels, na sede nacional e livraria do
PCO em São Paulo. Ou então
acompanhe a transmissão ao
vivo pela internet no sítio do
PCO (www.pco.org.br). Para
maiores informações não deixe
de ligar para (11) 5584-9322 ou
então envie um email para
[email protected] ou uma carta
pelo endereço: Rua Miguel
Stéfano, nº 349 - Saúde - CEP
04301-010 - São Paulo/SP
sentidos pela classe operária e a
população em geral como o
aumento a inflação, o arrocho
salarial, as demissões etc. que
são impostos pela burguesia e
pelos patrões.
O PCO, sendo uma organização marxista e socialista preza
pelo intenso debate de idéias
para, principalmente, esclarecer
as confusões que são veiculadas diariamente na imprensa
burguesa, que atua como um
braço da burguesia com o intuito de ocultar e distorcer os fatos para que os trabalhadores
não saibam a verdadeira dimensão da crise e assim evitar qualquer tipo de mobilização que se
gital e pode ser
lido na íntegra
via Internet.
Quem assinar o jornal impresso, ganhará também a
assinatura da
edição digital.
A assinatura
do semanário
custa R$ 150 e
pode ser dividida em três
parcelas contando também com uma promoção especial que garante
desconto de 20% para o pagamento à vista.
Participando da campanha
de assinaturas, o leitor receberá em casa um exemplar por semana no período de um ano e
também poderá acessar o site
www.pco.org.br e ler a versão
digital.
A assinatura também poderá
ser apenas da versão digital. Seu
valor será menor que o da edição impressa e o pagamento
poderá ser feito por boleto bancário, cartão de crédito ou até
mesmo débito em conta.
O Partido da Causa Operária
RECEBA SEU EXEMPLAR EM CASA TODAS AS SEMANAS
Assine o jornal Causa Operária
Código
do assinante
jornal CAUSA OPERÁRIA
CAMPANHA DE ASSINATURAS 2008
realiza a campanha de assinaturas todos os anos, visando a aumentar o número de leitores e fortalecer, dessa maneira, uma imprensa operária, socialista e independente
da burguesia. A
meta para
a campanha deste
ano é de
cinco mil
assinantes em nível nacional. A
campanha é para
quanto para o financiamento do
Causa Operária
Online, jornal
diário do Partido
na Internet.
Para maiores
informações,
entre em contato com a sede
do partido no
seu estado ou
com a Sede Nacional do Partido da Causa
Operária na av. Miguel Stéfano,
número 349, Saúde. CEP
040301-010, São Paulo, SP,
pelo telefone (11) 5584-9322,
ou por e-mail: [email protected].
Envie já o seu pedido
Preencha a ficha de assinante nesta página e envie para o endereço abaixo, ou, se preferir, envie seu pedido pela internet, acesse
o site: www.pco.org.br/causaoperaria.
Sede Nacional do Partido da Causa Operária à Rua Apotribu, 111, Saúde.
CEP 04302-000, São Paulo, SP; entre em contato também pelo telefone (11)
5584-9322, ou por e-mail: [email protected]
(não preencha este campo)
1 ano de Causa Operária
Preencha em letra de forma, de modo legível.
(50 exemplares)
+
Nome
acesso à edição digital de
Causa Operária
Rua
Rua/Av
Av.
nº
+
Complemento
Distrito
um brinde especial
por apenas:
R$ 120,00
(20% de desconto à vista)
Bairro
Cidade
Estado
-
CEP
Fone (res.) (
Fone(trab.)(
Caixa Postal
)
)
-
-
ou 3 x R$ 50,00
País
-
CEP
Fax (
)
Celular (
)
-
E-Mail 1
E-Mail 2
CPF
-
RG
-
Escreva para o Causa Operária
Causa Operária está baseado em um claro programa político e no marxismo e, por este motivo, esforça-se para ser uma tribuna das necessidades e dos anseios das massas exploradas de trabalhadores da cidade e do
campo, dos negros, das mulheres e da juventude oprimida. Neste sentido,
as páginas do nosso jornal estão abertas para que qualquer trabalhador
faça dele um veículo das suas denúncias contra a exploração e opressão
de qualquer setor da sociedade. Convidamos, ainda, nossos leitores a fazer desta página um espaço para discussão das idéias relacionadas a esta
luta que julguem importante.
(obrigatório fornecer o CPF e o RG para pagamento por boleto bancário ou débito em conta)
________________________, ______/______/______, ____________________________________________
Local
Data
Assinatura do assinante
OBSERVAÇÕES:_______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
CAUSA
OPERÁRIA
Fundado em junho de 1979
Semanário de circulação nacional
Ano XXX - nº 507 - R$3,00
de 9 a 15 de novembro de 2008
Editor - Rui Costa Pimenta - Tiragem - seis mil exemplares - Redação - Av. Miguel
Stéfano nº 349, Saúde, São Paulo, Capital, CEP 040301-010 - Telefone (11) 55896023 - Sede Nacional - São Paulo - Av Miguel Stéfano, nº 349, Saúde, São Paulo,
Capital, CEP 04301-010, Fone (11) 5584-9322 - Correspondência - Todas as
cartas, pedidos de assinaturas ou de informações sobre as publicações Causa
Operária devem ser enviadas para a redação ou para o endereço eletrônico [email protected], página na internet - www.pco.org.br/causaoperaria
9 DE NOVEMBRO DE 2008
CAUSA OPERÁRIA
Editoriais
Só a classe operária pode dar uma
saída para a crise capitalista
D
iante do que é provavelmente a maior crise econômi
ca pela qual passou o capitalismo, a burguesia está
colocando claramente seu programa: o de esfolar ain
da mais a população para salvar os bancos e empresas
da falência. É o que significou os pacotes bilionários dos governos
norte-americanos, europeus e inclusive brasileiro.
A burguesia, no entanto, sabe que essa crise não pode ter uma
resolução efetiva, mas apenas de curto prazo e para o seu próprio
bolso, não para o sistema de conjunto.
A solução da crise pelos meios normais do capitalismo é inviável.
É o que provam as estatizações feitas pelos governos dos principais
países imperialistas, criticados pelas medidas “socialistas”.
De fato, a crise só pode ser solucionada em oposição ao atual
sistema, incapaz de dar respostas para a atual crise. No entanto,
tal programa não pode ser colocado em prática pela burguesia, como
o mostram as próprias estatizações, que serviram unicamente para
socializar os prejuízos dos bancos e doar dinheiro aos banqueiros
especuladores.
Por isso, as fórmulas parlamentares, com reivindicações parciais do governo e a apresentação ou rejeição de propostas no
Congresso, não podem ter qualquer futuro, uma vez que só poderão conduzir mais ou menos rapidamente a um único destino,
que é o de amenizar as perdas da burguesia ou compensar essas
perdas à custa da população.
A única solução está numa mobilização massiva da classe operária por um programa que além de ser o único capaz de verdadeiramente dar uma resposta à crise, só pode ser colocado em
prática pelos trabalhadores.
Nesse sentido é fundamental que os trabalhadores se organizem
e se unifiquem em torno de um programa que tenha como eixo o
confisco dos bancos e estatização de todo o sistema financeiro; o
fim dos subsídios aos grandes exportadores e o investimento nas
necessidades da população; a não entrega da riqueza nacional, a
começar pela estatização do petróleo nacional e de todas as suas
etapas de prospecção e industrialização; a suspensão de todos os
pagamentos referentes à dívida externa e interna; o fim das privatizações e cancelamento das já realizadas, a defesa do emprego e
do salário dos trabalhadores com o controle operário da produção
e a luta por um governo operário e camponês.
Este programa de maneira nenhuma pode ser colocado em prática pela burguesia ou em acordo com ela, mas somente em oposição a esta. É preciso ter claro que somente os trabalhadores podem dar uma saída para a atual crise que ameaça fazer desabar o
capitalismo.
Obama
Trade Center, Bush editou o chamado “Ato patriótico”, do inglês que
previa a retirada de todas as liberdades democráticas dos cidadãos
norte-americanos, sob o pretexto da “guerra contra o terrorismo”.
A partir daí, a interceptação de mensagens eletrônicas, chamadas
telefônicas e outras tornaram-se corriqueiras, bem como a legalização do uso da tortura em interrogatórios, da prisão por tempo indeterminado, da incomunicabilidade etc. etc. para os suspeitos de
terrorismo.
Ou seja, sob o pretexto do combate ao terrorismo, instaurou uma
verdadeira ditadura contra sua própria população.
Nunca a situação das massas norte-americanas foi tão precária,
com desemprego e ataque às condições de vida pelos sucessivos
governos norte-americanos.
Mas essas eleições representaram também, e principalmente a
derrota da ofensiva imperialista contra os povos.
O imperialismo já em crise procurou nesses oito anos de governo Bush, sair do sufoco através do massacre de populações de países
como o Iraque e o Afeganistão para saquear suas riquezas e estabelecer um novo quadro de poder regional e mundial.
A resistência iraquiana e afegã à invasão imperialista, bem como
a mobilização da população no mundo todo, desde a Ásia, em países
como Paquistão, Birmânia, Nepal e Bangladesh; até a América
Latina, onde entraram em crise todos os regimes pró-imperialistas, impuseram uma derrota a essa política.
Derrota que a vitória de Obama expressa de modo indireto, mas
que inegavelmente obrigará o imperialismo a dar uma guinada em
sua política para poder manter a luta pelos seus interesses em escala
doméstica e mundial.
As eleições mostraram ainda uma forte tendência da população
à esquerda, tendência que Obama vai procurar conter, mas que dado
o tamanho da crise que se formou, será difícil de controlar. Abrese toda a uma nova etapa para os EUA e para o mundo que é preciso
acompanhar.
A
vitória de Obama, “o primeiro presidente negro dos Es
tados Unidos”, foi festejada em todo o mundo, principal
mente pelos governos burgueses de toda espécie e sua
imprensa.
Segundo a imprensa capitalista, a enorme quantidade de pessoas que foi às ruas nos EUA para comemorar a eleição de Obama,
representou a “vitória da democracia”.
Essa propaganda visa a ocultar que a vitória de Obama significou na realidade a derrota da direita norte-americana, ou seja, a
derrota da política fundamental do imperialismo norte-americano
e da sua ofensiva mundial.
Essa direita, completamente identificada com Bush, pretendia
impor nesses oito anos em que governou um novo quadro político
internacional, que representaria a superação da crise mundial do
imperialismo.
O imperialismo mundial festejou com fanfarras o “fim do comunismo” e, agora, se vê face a face com maior crise da história
do capitalismo e o ponto baixo para a dominação imperialista
mundial.
Atacou as condições de vida da população norte-americana, levou uma política afinada com a Igreja em uma ampla ofensiva obscurantista na questão do aborto e da ciência e afundou a economia
do País com os altíssimos custos impostos pelas sucessivas guerras, tanto do Afeganistão como do Iraque.
O último golpe veio com o pacote de 700 bilhões de dólares para
os banqueiros falidos com a crise econômica.
Além das condições de vida, Bush procurou acabar também com
os direitos democráticos, que foram durante décadas o principal mote
dos governos norte-americanos, inclusive do próprio governo Bush.
Ainda no primeiro mandato, após a queda das torres gêmeas do World
Lula apresenta sua solução para a
crise: confiscar os trabalhadores
O
s empresários e banqueiros estão muito satisfeitos com
o governo Lula, e não é para menos. Todo o dinheiro que
a população brasileira suou para ganhar e pagou em
impostos nesses seis anos em que Lula governou, foi revertido em
parte para o pagamento direto aos bancos por meio da dívida externa
e em parte reservado em uma enorme poupança.
Essa poupança que, dizia-se, seria revertida para benefício da
população que involuntariamente investiu nela, está sendo confiscada rapidamente por Lula para salvar os banqueiros e empresários falidos diante da enorme crise econômica que está se espalhando por todo o mundo.
No mês de outubro Lula preparou um pacote de 200 bilhões de
reais para bancos e empresas, à semelhança do que fizeram os
governos europeus e norte-americano, mas sem apresentar de fato
como um pacote.
Entre as medidas estavam a redução dos pagamentos compulsórios dos bancos ao Banco Central, os leilões de reservas e a autorização para o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal comprarem qualquer outra instituição financeira ameaçada de falência.
As empreiteiras, que sofreram enorme desvalorização durante
a crise e ficaram reduzidas em ações a um décimo do seu antigo
valor, também serão beneficiadas pelo pacote.
Nesta quinta-feira, de uma só vez Lula anunciou um complemento do pacote que somará mais 40 bilhões de reais à doação anteriormente feita.
Char
ge da semana
Charg
Desta vez, as grandes beneficiadas serão as empresas. Isso apesar
de o governo insistir em falar que a crise não chegou ao Brasil, ou
que ela será fraca, passageira etc etc. Na realidade, a crise atingiu
em cheio o País e se reflete claramente na queda de consumo e conseqüentemente de produção e na crise geral em que se encontram
as empresas.
O novo pacote prevê dinheiro para as montadoras, para os exportadores e para as empresas em geral na forma do adiamento do
pagamento de impostos.
Ainda mais criminoso é o fato de que o mesmo Lula que está
doando centenas de bilhões de reais roubados da população brasileira para os bancos e grande empresários, anunciou cortes no
Orçamento. Ou seja, além de confiscar o dinheiro, não garantindo
sequer o emprego dos trabalhadores, quanto mais seus salários,
vai cortar também nos serviços mais essenciais a estes, como
moradia, educação e saúde, destruindo todo e qualquer amparo que
a população anteriormente poderia ter em um cenário de enorme
crise econômica como o que está se anunciando.
As medidas de Lula, copiadas dos governos dos países imperialistas, demonstram claramente a decadência do sistema capitalista, onde os grandes capitalistas para sobreviver necessitam da
intervenção cada vez maior do Estado.
Os trabalhadores não devem aceitar que, na crise criada pelos
próprios empresários e banqueiros, os bolsos desses sejam preenchidos com o dinheiro arrancado da sua magra carteira.
3
Crise política e militar
e crise mundial
RUI COSTA PIMENTA
H
á muitos momentos na história em que paradoxalmen
te, a crise econômica é um reflexo direto da crise
política. É o que vemos hoje na crise política e econômica mundial em marcha na esteira da crise da ocupação norteamericana no Iraque.
O imperialismo, assim como a dominação colonial antes dele,
é simplesmente impensável sem uma supremacia militar mundial. Após a II Guerra Mundial, tem sido o poder militar dos EUA
o responsável pela estabilidade internacional em um período de
crise histórica do capitalismo. Isso diz respeito também, diretamente, à estabilidade econômica. Sem polícia e repressão não
haveria nem o capitalismo nem nenhum outro regime de exploração econômica.
Um exemplo claro é o que ocorreu quando os EUA foram
derrotados no Vietnã. A economia mundial estava em declínio
desde o final dos anos 60, sem que isso viesse à tona em uma
crise geral, até 1974, quando estourou a recessão conjunta dos
principais países imperialistas. A situação era controlada pela
dominação incontestável do imperialismo norte-americano sobre
os demais países tanto política, como econômica e militarmente. A economia mundial deve ser compreendida como uma forma
específica de relação de forças entre as classes sociais e Estados nacionais e não como mera equação econômica, como quer
apresentar a burguesia mundial.
A crise do imperialismo deverá trazer à superfície a insegurança latente no mercado financeiro internacional, que já se expressa
na crise da Bolsa de Xangai e, mais propriamente, na crise da China,
que é um dos pontos nevrálgicos da economia norte-americana
e mundial, também como agudos sintomas de crise.
Estamos caminhando para uma recessão nos EUA que é um
reflexo evidente da fraqueza política do País. O enfraquecimento
geral da economia norte-americana já emite sinais de que vai levar
à desvalorização brutal do dólar, o que fará com que os bancos
invistam pesadamente para segurar a moeda. A queda da bolsa
de Xangai foi um dos fatores que evidenciou a gravidade da crise
que está por vir. A crise avança através da combinação da desestabilização dos elementos que compõem a economia mundial.
As tentativas do imperialismo mundial de superar a crise dos
anos 70 resultaram, como era de se esperar em um agravamento da crise e, potencialmente, em um agravamento de todos os
fatores de crise, como se pode ver na questão das finanças
internacionais e da dívida pública dos estados.
A crise do imperialismo mundial não é apenas um fenômeno
conjuntural, mas na realidade histórico, fazendo parte de um
longo processo de amadurecimento das contradições próprias
do capitalismo que se manifestaram claramente nas cinco primeiras décadas do século XX, sofrendo depois um breve recuo
para retomar a crise de uma plataforma superior. As crises
localizadas, como do Iraque, da Palestina, da América Latina etc.
não podem ser entendidas a não ser colocadas sobre o panorama mais amplo do processo histórico de crise mundial.
Como eles disseram...
“Uma rede de agentes que se formasse por si própria
trabalhando para a criação e a difusão de um jornal
comum, não "esperaria de braços cruzado" a palavra de
ordem de insurreição; realizaria exatamente uma obra
regular, que lhe permitiria maiores chances de sucesso, em
caso de insurreição. Obra essa que reforçaria os laços
com as massas operárias, em geral, e todas as camadas
da população descontentes com a autocracia, o que é tão
importante para a insurreição. É fazendo esse trabalho que
aprenderíamos a avaliar, exatamente a situação política
geral e, por conseguinte, a escolher o momento
favorável à insurreição.”
V. I. Lênin
Que fazer?
Datas
9 de novembro
1799 - Revolução Francesa: Golpe do
18 de Brumário de Napoleão.
9 de novembro
1988 - Greve da CSN é reprimida pelo governo Sarney. Um
massacre que culminou na morte de três operários.
10 de novembro
1937 - Getúlio Vargas anuncia a instauração do Estado
Novo no Brasil, na realidade um golpe de estado que
estabeleceria uma ditadura que duraria até 1945 e foi
responsável pela prisão de milhares de militantes comunistas
e inclusive de muitos intelectuais importantes, como
Graciliano Ramos
11 de novembro
1955 - Uma ala do Exército pretende impedir a posse de
Juscelino Kubitscheck. A tentativa de golpe é neutralizada
pelo general Lott.
12 de novembro
1927 – Leon Trotski é expulso do Partido Comunista
Soviético
Frases da semana
“Quando se tem qualquer aperto orçamentário,
corta-se nos projetos sociais. Infelizmente”, Jailton Nicácio, coordenador-geral de Acompanhamento e Avaliação Orçamentária da Prefeitura
de Maceió refletindo a opinião de todas as prefeituras diante da crise financeira e dos cortes
de gastos
“Com os estoques de produtos não-vendidos aumentando em ritmo recorde devido às vendas fracas,
mais cortes de produção e emprego devem acontecer nos próximos meses”, disse Chris Williamson, economista-chefe da agência de risco
Makrit Economics
"Em 2009, a economia da União Européia deve
desacelerar até parar". Comunicado da Comissão
Européia sobre os países da zona do euro estarem a beira da recessão.
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
POLÍTICA
ANÁLISE POLÍTICA SEMANAL
As eleições norte-americanas e a situação política mundial
As eleições norte-americanas acontecem em meio à
maior crise econômica dos últimos 80 anos e à falência
política do imperialismo nas suas empreitadas no Iraque
e Afeganistão e abrem uma nova etapa para o regime
político do imperialismo mais poderoso do planeta
A campanha mais longa e mais
cara da história deste país teve
início em 2006, quando tudo
indicava que as eleições do dia 4
de novembro seria um referendo
sobre a presença das tropas no
Iraque. Mas dois anos depois
muita coisa mudou. A grande
questão:o agora é saber como a
maior potência econômica do
mundo poderá suportar o mais
grave colapso financeiro desde a
Grande Depressão de 1929 e o
pântano completo em que caiu a
sua política em todo o mundo,
um fator influenciando poderosamente o outro em uma espiral
de crise sem precedente.
Barack Obama, eleito no último dia 7, terá pela frente uma
batalha ainda mais complexa do
que a que está travada pelas tropas norte-americanas no Oriente Médio. Trata-se de uma guerra dentro dos EUA, onde a recessão promete levar o país a uma
crise social sem precedentes que,
certamente, levantará a classe
operária mais poderosa do mundo contra o regime imperialista.
Se em dois anos muita coisa
mudou, em oito a situação política mundial é vertiginosamente
diferente. Bush inaugurou seu
governo com o maior atentado da
história dos EUA e termina sendo o presidente mais impopular
em meio ao maior movimento de
quebra de bancos que já vimos
nos últimos oitenta anos.
Como citou o The New York
Times em referência ao livro de
Michael
Mandelbaum,
Democracy’s Good Name, este
colapso ocorreu no contexto
daquela que foi “talvez a maior
transferência de riqueza desde a
Revolução Bolchevique na Rússia, em 1917”. No entanto não é
uma transferência da riqueza do
rico para o pobre, como de fato
fizeram os revolucionários russos. Só nos EUA foram sacados
US$ 700 bilhões de dinheiro
público para socorrer um punhado de banqueiros falidos. Europa e Japão também estão realizando o maior roubo da história.
Certamente, quem arcará com
esta crise será toda a humanidade, do mais pobre ao mais miserável.
As forças que
combatem o
imperialismo
O fracasso das guerras do
Iraque e do Afeganistão parece
pequeno perto da crise financeira. No entanto, não há qualquer
dúvida de que estão na origem da
explosão da crise atual.
Ao contrário do que dizem os
comentaristas da crise, da direita à esquerda, não se trata de uma
mera crise das finanças, mas de
um resultado da luta de classes e
de uma crise do capitalismo em
seu conjunto. A crise capitalista
acentua a luta de classes que
acentua a crise econômica em
uma espiral de aprofundamento
da crise.
A luta do próprio povo norteamericano faz parte da crise.
Assim como a derrota do
imperialismo no Vietnã coincidiu
e foi um acelerador e um detonador da crise capitalista dos anos
70 e 80, até hoje não superadas
pelo capitalismo, que encerrou
efetivamente o período de crescimento contraditório e artificial
do período pós Segunda Guerra,
as guerras atuais pesaram na
balança contra o capitalismo
norte-americano, servindo a sua
derrota como poderoso estopim
da crise.
Palestina, Iraque, Afeganistão,
Paquistão, Bolívia, Nepal, Birmânia e vários outros países, a luta
dos povos do mundo está por
detrás desta decomposição capitalista.
Os que previram apressadamente o fim do comunismo e da
luta de classes são, agora, obrigados e dizer, constrangidos, que
o capitalismo não está no fim.
Que mudança de papéis!
É preciso mudar
tudo para manter
as coisas no
mesmo lugar
Durante uma visita a uma sinagoga na Filadélfia, Obama não
só apoiou a ajuda militar dos
EUA a Israel como disse que irá
aprofundar e reforçar esta política.
“Quando for presidente, farei
de tudo para ajudar e proteger
Israel. Faremos o necessário
para que Israel tenha os meios
para se defender de ataques de
lugares próximos, como da
Faixa de Gaza ou de lugares
distantes como Teerã”. Nem
parece o Obama flexível e aberto ao diálogo que todos pensavam.
O “combate ao terrorismo”
parece não ter a mesma importância que antes. Tudo agora
gira em torno do “combate à
crise econômica”. Se antes as
eleições giravam em torno da
guerra do Iraque, hoje elas giram em torno do fracasso da era
Bush.
A falta de apoio à candidatura do Partido Republicano, e a
impossibilidade de que este partido consiga reunir alguma força depois de oito anos do desastre político e social promovido
pelo governo Bush, tendo a recessão e a guerra no Iraque
como seus principais expoentes,
joga mais pressão sobre os indicados pelo lado Democrata da
disputa.
É a mesma e não é a mesma.
Bush colocou fogo no país e
Obama é o bombeiro da crise,
não da crise futuro, mas da crise em plena viagem com as velas
enfunadas. Obama tem como
um dos seus principais motes de
campanha a promessa de retirada do Iraque. É claro que não é
bem assim. Haverá um prazo,
um processo lento e gradual. Finalmente, quem apóia hoje esta
guerra que só custou muito dinheiro e não trouxe nenhuma
gota de petróleo a mais?
Mais importante do que perguntar o que o próximo presidente fará é perguntar o que será do
Partido Republicano. Este sim
está acabado. Tão acabado que
faz os democratas parecerem,
apesar de ser absurdo, verdadeiros progressistas.
A alternância entre candidatos
do Partido Republicano e do
Partido Democrata na presidência do país, há mais de duzentos
anos, é, na sua essência, um
mecanismo de defesa e preservação do regime político imperialista. Democratas ou Republicanos,
todas as candidaturas mantém
seu compromisso com a estabilidade e a manutenção do regime
político norte-americano.
Bush e os republicanos são
um retrato fiel da crise de conjunto do imperialismo.
Está absolutamente claro, no
entanto, que se encerrou toda
uma etapa política que poderíamos traçar a partir dos governos
republicanos dos anos 60 ou,
mais modestamente, a partir do
governo Reagan.
Tudo indica que o regime
político norte-americano esteja
prestes a sofrer a maior mudança da sua história desde a guerra
civil de meados do século XIX,
com a emergência no cenário
político de novas forças, novas
organizações e novas poderosas
e explosivas contradições.
Os EUA enfrentam uma gravíssima crise econômica, enquanto que no resto do mundo
perdem cada vez mais influência, sinal inequívoco do debilitamento do imperialismo depois de
décadas de crise e de turbulência sem antecedente na história
do mundo. O imperialismo não
está perdendo só no Iraque e no
Afeganistão, mas estão perdendo em todo o Oriente Médio, em
toda a Ásia, na África, na América Latina e até na Europa e,
principalmente, dentro de casa.
Todos os seus enclaves também
estão em crise, um reflexo da
própria falência do imperialismo, causa e conseqüência da
crise.
O mundo não ficou mais perigoso após os atentados de 11
de setembro, como insiste
Bush, mas os EUA ficaram mais
perigosos para a política do imperialismo. Em oito anos, Bush
conseguiu fazer com que o
modelo da “democracia”, da
“liberdade” e da “terra das oportunidades” se tornasse o único
país do mundo a legalizar a tortura. Um país mais tirano do que
qualquer ditador do “eixo do
mal”.
Em oito anos, satélites norteamericanos foram instalados em
volta de todo o planeta, 760 bases do Pentágono foram instaladas em diversos países, onde
se realizam torturas nos lugares
mais remotos do mundo. Os
imigrantes passaram a ser brutalmente perseguidos e mortos
na fronteira com o México. Os
árabes e muçulmanos se tornaram as novas bruxas, qualquer
cidadão norte-americano pode
ter o seu telefone grampeado e
sua conta bancária revelada. Os
EUA são os maiores produtores
e exportadores de armas. Contam com inúmeras bases militares instaladas em diversos países. Possuem um poderoso arsenal nuclear capaz de atingir
com precisão qualquer lugar do
globo terrestre.
Esta política, que já é um sinal de declínio e de crise, trouxe
consigo ainda maiores contradições, uma vez que a sua função
essencial era a de fazer a classe
operária mundial, mas também
a norte-americana de pagar pela
crise. Ela se chocou fortemente
com a resistência das massas, de
Kandahar a Saint Louis e quebrou-se. Agora...
Alguém terá que administrar
tudo isso. Vai ter que inclinar a
demagogia social e política do
regime imperialista muito à esquerda para conter as tendências de luta presentes no centro do
imperialismo mundial. Vai ter
que dar um novo rumo à política internacional para preservar
os interesses fundamentais do
imperialismo mundial.
Obama foi o escolhido pelo
lobby imperialista para levar a
cabo o grande desafio de todo
imperialismo mundial: conter a
revolução na terra das oportunidades.
Vitória da
democracia ou
crise do regime
político?
Tendo reunido 63.084.590
votos, Obama ultrapassou seu
adversário, o senador Republicano pelo estado do Arizona,
John McCain, que ficou com
55.847.367 votos.
Trata-se de uma vitória esmagadora, apesar das tentativas do
Partido Republicano para manter uma pequena margem. O Partido Republicano sai das eleições
liquidado por todo um período e
com um enorme fracasso de
toda a sua ofensiva política internacional.
A votação apresenta, em contraste com as eleições de 2004,
não apenas um crescimento dos
democratas, mas acima de tudo
um recuo significativo na base de
apoio do Partido Republicano.
Em 2004, George W. Bush se
elegeu com 62.040.610 votos,
enquanto seu adversário Democrata, John Kerry, ficou com
59.028.444. Ou seja, ao passo
que os Democratas conseguiram aumentar sua votação em
mais de quatro milhões de votos,
os Republicanos encolheram
mais de seis milhões.
Desde o ano 2000, que resultou no primeiro mandato de
George W. Bush, derrotado no
voto popular por uma margem de
cerca de meio milhão de votos,
porém empossado após a decisão
do colégio eleitoral, a votação do
partido Republicano oscilou de
50,5 milhões de votos em 2000,
para 62 milhões em 2004 e 55,8
milhões em 2008 em uma eleição
em que podia entrever as tendências ao esgotamento do governo
Bush e que foi denunciada como
uma fraude.
Os Democratas, por sua vez,
alcançaram 50,9 milhões de votos em 2000, 59 milhões em
2004 e os atuais 63 milhões
obtidos por Obama em 2008.
Esta escalada nada tem a ver com
uma preferência popular em
relação aos democratas, mas
reflete de maneira indireta e atenuada a profunda queda dos
republicanos.
As eleições foram marcadas
também, por este mesmo motivo, pelo crescimento em geral da
participação do eleitorado, que
cresceu substancialmente desde
o primeiro mandato de Bush.
Obama se beneficiou deste
crescimento do eleitorado e, segundo o New York Times, particularmente do crescimento da
participação dos negros na eleição, uma vez que representam
cerca de 13% dos votantes,
comparados com os 11% nas
eleições parlamentares de 2006,
que garantiram uma maioria democrata na câmara dos deputados.
A grande votação, assim
como a mobilização das bases
democratas em torno de Obama,
mostra mais que as tradicionais
manobras da burguesia imperialista norte-americana, mostra a
tendência das massas a uma
enorme guinada à esquerda que
vai muito além do voto nos democratas.
Esmagamento da
política
imperialista
Os resultados não permitem
atribuir a vitória à vontade de
mudança como o fez o próprio
Obama e como o faz toda a imprensa capitalista internacional
para disfarçar o fundo do problema colocado pela eleição norteamericana.
Seria igualmente infantil atribuir o resultado eleitoral à crise
financeira ou ao criminoso pacote de Bush, amplamente repudiado na população, mas que
também foi apoiado pelos democratas e pelo próprio Obama.
O fenômeno fundamental que
se manifesta nestas eleições, e
que as eleições buscaram resolver, é o esmagamento da ofensiva política do imperialismo em
escala nacional e mundial pela
enorme resistência que lhe opuseram as massas do mundo inteiro.
No centro destes acontecimentos está a resistência iraquiana e afegã à invasão imperialista, mas também a crise dos regimes pró-imperialistas em todo
o mundo que agora atingiu um
novo patamar com a crise econômica.
Toda a festa em torno da vitória do “primeiro presidente
negro” busca esconder este fato
fundamental. Da mesma forma
que o governo Carter representou a liquidação da ofensiva do
imperialismo, em particular do
imperialismo norte-americano,
com as ditaduras na América
Latina e em todo o mundo como
resposta à Revolução Cubana e
à crise dos anos 60, a vitória de
Obama representa o reconhecimento pelo imperialismo da
ofensiva política, ideológica e
econômica iniciada com a crise
dos países do Leste Europeu e
que culminou na invasão do Iraque. Uma ofensiva que pretendia inaugurar uma “nova ordem
mundial” e que os neo-conservadores anunciaram como sendo o “século americano”.
O fracasso é completo e toda
a encenação eleitoral post festum
visa apenas e tão somente ocultar este fato fundamental da política mundial. O imperialismo
norte-americano e mundial foi
obrigado a dar uma guinada de
180 graus para enfrentar as conseqüências da crise. Obama neste sentido, não é uma vitória das
massas, mas é o resultado indireto e confiscado da vitória obtida até aqui pelas massas contra o imperialismo antes das eleições e, como tal, deveria refletir-se nas eleições.
O que revela claramente este
fato é que Bush, identificado
com a política que acaba de ser
impugnada foi cuidadosamente
escondido do eleitorado e de toda
a propaganda eleitoral, justamente para não chamar a atenção de
que foi esmagado e que o resultado eleitoral é, acima de tudo,
um reflexo da profunda rejeição
à sua política, que não é pessoal
e nem mesmo uma política isolada de uma ala direitista, mas é
política própria do imperialismo
mundial na sua tentativa de recuperar-se da crise através de
uma ampla ofensiva internacional contra as massas do mundo
inteiro.
O papel fundamental de Obama é o de controlar as fortes
tendências de crise presentes
dentro dos EUA onde é impossível já ocultar a tendência geral
ao ascenso das massas.
Neste sentido, Obama permitiu apenas que um dos partidos
do imperialismo norte-americano canalizasse temporariamente, em meio a uma situação de
crise interna, para o terreno do
regime imperialista o enorme
descontentamento popular para
as do regime político onde, por
um complexo mecanismo de
filtro, este descontentamento se
expressa no apoio a uma das
duas candidaturas do establishment. Nisso, nada de novo sob
o sol, exceto que Obama não era
a primeira alternativa do imperialismo e surge como produto do
colapso das alternativas, tanto
dentro do partido republicano
como do próprio partido democrata.
Neste sentido, é significativo
notar ainda a derrota imposta à
Hillary Clinton durante as prévias do Partido Democrata neste
ano, afastada pela preferência
dos eleitores que se registraram
para votar no partido. Hillary
seria a nomeação natural dos Democratas para a disputa. A imprensa internacional chegou a
assinalar ainda que, em grande
medida, esta derrota no decorrer das prévias, se deu em função de um grande número de
novos eleitores terem se registrado. Isto teria fortalecido a
candidatura Obama dentro do
Partido Democrata e se tornado
uma condição para a vitória juntamente com o esvaziamento
generalizado dos Republicanos.
Na realidade, Clinton foi uma
vítima da percepção que as cúpulas imperialistas têm da crise.
O imperialismo sentiu que não
seria capaz de controlar a crise
com um governo democrata,
mas bushista. Era necessária
uma mudança mais profunda
nos métodos. Não se sabe até
que ponto foram obrigados a
ceder à pressão interna do partido democrata contra os Clinton e a favor de Obama.
Embora Obama não seja capaz de promover qualquer mudança efetiva, estando sob o
controle de toda a cúpula Democrata e ligado aos interesses dos
verdadeiros donos do mundo,
os poderosos monopólios capitalistas norte-americanos, japoneses e europeus, saiu vitorioso,
pois o colapso do conjunto da ala
direita dos Democratas e dos
Republicanos o permitiu.
Isso significa que a vitória
democrata foi um plano de contingência e não o funcionamento normal do regime imperialista. Daí que a tendência de crise
do regime se manifeste tanto
dentro do próprio Partido Democrata como dentro do Partido Republicano.
O fim dos
Republicanos?
É incorreto dizer que a vitória do Partido Democrata é idêntica à do Partido Republicano.
Isso é assim para definir a classe social no governo, ou seja, a
burguesia imperialista, que não
mudou. No entanto, não é suficiente para definir em que condições se dá o governo desta
classe e este segundo fator é o
decisivo neste momento. A vitória de Obama não é como foi
a vitória de Bill Clinton, que em
todos os sentidos praticamente
deu continuidade ao governo do
velho Bush, assim como Lula
deu continuidade à política de
FHC.
A vitória de Obama expressa
um princípio de instabilidade no
regime político norte-americano. Expressa justamente como
tentativa do imperialismo de controlar esta instabilidade e esta
crise, mas de qualquer modo o
importante neste caso é o enfraquecimento do regime político
do imperialismo porque esta é a
condição fundamental para o
avanço da luta das massas.
Os Republicanos sofreram
um retrocesso em posições históricas do partido.
Os estados de New Hampshire, Novo México, Carolina do
Norte, Colorado e Virgínia foram os que reverteram os resultados das últimas eleições dando vitória aos democratas com
a indicação de 46 delegados dos
349 obtidos por Obama.
A vitória nos estados mais
importantes e com o maior número de delegados, como a Flórida (27) Nova Iorque (31) e
Califórnia (55) consolidaram a
maioria necessária à vitória de
Obama que já contava com uma
vitória segura em estados que
delegaram votos em favor dos
Democratas nas últimas eleições, como Washington, Oregon, Minnesota e outros.
A consolidação da maioria
Democrata no Congresso norte-americano também retira em
grande medida o poder da minoria republicana de exercer,
por meio do parlamento, uma
pressão decisiva sobre o novo
governo.
Os Democratas renovaram
um terço de sua bancada no
Senado garantindo a maioria na
4
câmara alta saltando de 51 para
56 cadeiras na casa. Figuras
Republicanas de renome como
Elizabeth Dole, da Carolina do
Norte e John Sununu em New
Hampshire foram engolidas pelo
crescimento da votação democrata.
A maioria de 60 cadeiras, suficientes para obstaculizar qualquer proposta dos Republicanos, está perto de ser atingida
pelo Partido Democrata, que
conta com 59 deputados, superando os 57 assentos na casa que
possuíam em 1994, durante o
governo de Bill Clinton. Os republicanos que contavam com
49 cadeiras, ficaram com 41.
Na Casa dos Representantes,
a câmara dos deputados norteamericana, a ampla maioria obtida já em 2006 foi confirmada.
Os Democratas saem das eleições com 258 assentos, contra
os 177 dos republicanos, em um
total de 435. Pela primeira vez em
35 anos, os Democratas garantiram a representação dos estados do Noroeste norte-americano, além de todas as vagas correspondentes.
Apesar da intensa campanha
conduzida pela imprensa burguesa internacionalmente para
transformar a eleição do novo
presidente dos EUA em uma verdadeira festa internacional, demonstrando o suposto júbilo e
congraçamento da população
mundial ao ver vitorioso nas
urnas o candidato negro e senador pelo estado de Chicago,
Barack Obama, as eleições são
uma expressão da profunda
derrota sofrida pela política do
imperialismo norte-americana e
do impedimento imposto pela
luta das massas mundialmente à
continuação de seus planos.
A intervenção das
massas na crise
A eleição de Obama não foi
um fato isolado, mas é um capítulo tanto da longa crise do
Partido Republicano e da política imperialista, bem como da
evolução das massas em escala
mundial e nacional.
A reação popular ao pacote de
salvação dos especuladores de
Wall Street foi um sinal claro da
evolução geral da população.
Os analistas superficiais que
vêem a crise capitalista como
crise econômica ou como fato
isolado em relação à luta de classes mundial, não compreendem
que a crise na economia é uma
parte no desenvolvimento geral
da crise mundial do imperialismo dada pela resistência dos
povos oprimidos e das massas
em todo o mundo e dentro dos
EUA e que a eleição de Obama
é um sinal de que esta crise tende a se acentuar de maneira
qualitativa no próximo período.
Os sinais estão aí na crise do
Estado de Israel, no desenvolvimento da crise latino-americana,
no colapso do governo pró-imperialista do Paquistão e em
muitos outros episódios menores.
O desenvolvimento da luta
das massas e da crise capitalista
estão dialeticamente entrelaçados e o processo central por
detrás da crise é a evolução da
luta das massas em todo o mundo contra os aparelhos de contenção estabelecidos pela burguesia mundial. A onda revolucionária dos anos 70 e 80 foi
contida por uma política mundial
de frente popular combinada
com uma política de violência
por parte do imperialismo. A
próxima etapa será marcada pelo
aprofundamento desta contradição e com a crise dos mecanismos de contenção, inclusive nos
países imperialistas.
Detrás da ofensiva ideológica do imperialismo, agora já anacrônica, contra a revolução proletária, desenvolve-se um amplo
processo de reagrupamento das
massas através da experiência
do último período com os amortecedores políticos democráticos em todo o mundo.
A vitória de Obama, retirando de cena os falcões do imperialismo e colocando uma pomba para fazer ampla demagogia
política e social é o mais importante sinal desta nova etapa política impulsionada pelo vendaval que varre a economia capitalista de um lado ao outro do
globo.
A derrota republicana não é
apenas a derrota de um partido,
mas da perspectiva fundamental do imperialismo representada por este partido. A função do
partido democrata será a de levar adiante a mesma política em
condições de crise e procurando controlar com seus próprios métodos as tendências das
massas.
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
RONDÔNIA
Dezenas de famílias são
ameaçadas por pistoleiros
Camponeses do Acampamento Terra Boa ao retomarem
suas terras foram ameaçadas de morte
Cerca de 20 famílias do
acampamento Terra Boa, em
Rondônia, no município de Rio
Crespo, reocuparam esta semana suas terras depois de terem
sido expulsos delas no dia 21 de
abril por 18 pistoleiros que in-
Segundo uma nota da Liga
dos Camponeses Pobres de
Rondônia (LCP-RO), “estão
acampados homens e mulheres
de todas as idades que lutam pelo
sagrado direito a um pedaço de
terra para trabalharem e criarem
Uma campanha pública contra a repressão brutal e a
ameaça de morte deve ser levantada entre todos os
trabalhadores, estudantes, assim como a denúncia contra
todas as direções do movimento sem-terra que se calam
diante do massacre.
vadiram o acampamento fortemente armados e humilharam os
camponeses, inclusive mulheres e crianças.
Há uma semana duas caminhonetes lotadas de pistoleiros
ameaçaram as famílias que se
encontram próximo à linha C100, como são chamadas as
pequenas estradas construídas
pelos próprios sem-terra.
seus filhos dignamente. Há vários meses que eles enfrentam a
enrolação do INCRA e as ameaças e ataques de pistoleiros a
mando de um consórcio de fazendeiros bandidos formado
para perseguir e expulsar os
camponeses.
O Sr. José Pierre Matias, que
se diz dono da área e de outras
cinco áreas vizinhas, foi o man-
dante de uma ataque contra o
Acampamento Terra Boa no
último 21 de abril” (Jaru, 4 de
novembro de 2008).
A área possui inúmeras terras griladas as quais o próprio
INCRA em uma reunião com
camponeses em Porto Velho em
outubro confirmou não terem
nenhum documento regularizado. No entanto, o INCRA se
cala em favor dos latifundiários e impede a regularização das
terras dos trabalhadores.
A Liga dos Camponeses
Pobres anunciou que “qualquer
coisa que aconteça com qualquer um dos camponeses do
Acampamento Terra Boa é de
total responsabilidade do INCRA e da Ouvidoria Agrária e
não ficará impune”.
A área de Terra Boa foi visitada pelo repórter do Causa
Operária em abril, quando as
famílias continuavam sob ataque e logo após matéria criminosa da revista IstoÉ publicada
em março na qual acusava os
sem-terra ligados à LCP de
formarem uma narco-guerrilha, se aproveitando da desinformação e do isolamento destas
famílias dos centros urbanos de
Rondônia e de todo o País.
A campanha pública contra
a repressão brutal e a ameaça de
morte deve ser levantada entre
todos os trabalhadores, estudantes, assim como a denúncia
contra todas as direções do
movimento sem-terra que se
calam diante do massacre no
campo se apoiando no INCRA
e órgão do governo para impedir uma luta dos sem-terra de
LUTA PELA TERRA
Bahia: índios tupinambás são
atacados pela Polícia Federal
Segundo denúncia feita pela
Liga Operária e pela Liga dos
Camponeses Pobres, a Polícia
Federal “entrou à força nas
casas e na escola da
comunidade e quebraram móveis e destruíram documentos, aterrorizaram e
agrediram crianças e
velhos, atiraram
bombas, tomaram os
instrumentos de trabalho. Os covardes
agentes da PF dispararam tiros e feriram
índios desarmados,
efetuaram sobrevôos
de helicóptero, e
A Polícia Federal tem realizado incursões para agredir famílias
montaram uma verindígenas sob a cobertura da imprensa burguesa
dadeira operação de
guerra para prender o
famílias indígenas sob a cober- camponeses isoladas são ataca- cacique (...) A Policia Federal
tura da imprensa burguesa que das com o apoio da desinforma- destruiu toda a aldeia, destruíram os carros que prestavam
se centra somente em ações li- ção.
O governo Lula é o governo
da repressão aos sem-terra e
indígenas. A Polícia Federal tem
realizado incursões para agredir
gadas aos movimentos dos semterra e indígenas ligados ao
governo.
Comunidades de indígenas e
LUTA PELA TERRA
Dois mil sem-terra ocupam
fazenda no Paraná
Uma grande ocupação de
camponeses ocorreu na madrugada de segunda-feira (3)
no Paraná. Mais de dois mil
trabalhadores rurais sem-terra ocuparam a fazenda de
foram encontradas pelo Ministério do Trabalho 17 pessoas em situação de escravidão,
e os sem-terra reivindicam a
expropriação do latifúndio. A
propriedade possui 1.362 hec-
prevê a expropriação para
fins de reforma agrária das
fazendas onde foram constatadas situações de escravidão. A proposta do MST, que
serve para atrelar os trabalhadores ao Ministério do Trabalho do governo
Lula e para frear a luta pela terra, no entanto,
mostra ser parte de uma crise,
mostrando que a
direção do MST
está sendo obrigada a realizar
manobras no
âmbito das ocupações de terra
e não apenas em
suas campanhas
demagógicas
com temas ligados à ecologia.
A ocupação dos sem-terra ocorreu uma semana depois que 1.500 famílias
A ocupação
ocuparam um terreno e foram duramente reprimidas por cerca de mil
dos sem-terra
policiais em Curitiba.
ocorreu uma
plantação de cana e criação tares e é conhecida pelas de- semana depois que 1.500 fade gado, em Variante, núncias de trabalho escravo. mílias ocuparam um terreno
Porecatu,Norte do Paraná, a
A direção do MST se apóia e foram duramente reprimicerca de 460 quilômetros da na Proposta de Emenda à das por cerca de mil policiais
capital Curitiba. Na fazenda Constituição 438/2001, que em Curitiba.
POLÍTICA
maneira independente.
Esta campanha tem um caráter fundamental tanto na defesa
da seqüência da luta dos sem-
terra em Rondônia, mas também contra a ofensiva dos latifundiários no campo pela dissolução do movimento campo-
5
nês, que tenta impor uma contra-ofensiva à crescente reorganização do movimento dos semterra.
RONDÔNIA
Camponês é solto, mas continua sob
vigilância da polícia e do INCRA
A Polícia Federal e o INCRA lância de agentes da PF.
Basta vermos a situação do
estão mantendo em sigilo a
Márcia Pereira, representan- presídio Urso Branco, com sulocalização e realizam interro- te do INCRA e da Comissão Paz perlotação, casos e mais casos
gatórios sem a presença de um no Campo, está tentando iludir de torturas, prisões sem julgaadvogado, com o pretexto de Gerolino com a promessa de mento nem acompanhamento
“proteger” um camjurídico, preponês da LCP.
sos que já deApós ter sido
viam estar
mantido preso no
em liberdaHospital João Paulo
de. Situação
II
acorrentado
gravíssima
numa cadeira por
que pode exsete dias e depois
plodir a qualmais 37 dias no prequer mosídio Urso Branco, o
mento.
camponês Gerolino,
E toda esta
de 56 anos, um dos
repressão do
sem-terra que vive
Estado a serno acampamento
viço do latiUnião dos Bandeifúndio é ainda
rantes, no estado de
pior contra
Rondônia, foi liberaqueles que,
tado no dia 23 de
como seu
outubro, sendo que
Gerolino, luApós ter sido mantido preso no Hospital João Paulo II
havia um mandato
tam por um
acorrentado numa cadeira por sete dias o camponês
de soltura desde o
pedaço de terpassou mais 37 dias no presídio Urso Branco.
dia 26 de setembro.
ra e se opõe a
Desde então, o setor de in- que irá assentá-lo em outra área grileiros inescrupulosos e povestigação ao crime organiza- e nada diz sobre a entrega das liciais corruptos. Quem está ludo da Polícia Federal e o IN- terras às famílias acampadas. tando por trabalho e terra não
CRA estão mantendo em sigiToda esta ação é uma das deve ser perseguido. O fim do
lo sua localização e realizam mais escandalosas que já ocor- latifúndio é uma das principais
interrogatórios sem a presen- reu em Rondônia. Despejo e tarefas dos trabalhadores braça de um advogado, com o prisões sem mandatos judiciais, sileiros e a regularização dos aspretexto de “protegê-lo”. Uma violência e tortura da polícia sentamentos, além de possibicomissão de professores, es- contra os camponeses, prisão litar a sobrevivência das famítudantes, advogados e apoia- de réus primários e sem julga- lias assentadas, inibe a ação dos
dores tiveram que insistir por mento no Presídio Urso Bran- jagunços e da polícia que atuvárias vezes para poderem co, cárcere privado.
am a mando dos latifundiários,
falar com Gerolino, mas a
Mas esta prática é regra e de apoiados nas leis burguesas
única coisa que conseguiram modo nenhum exceção em re- que representam apenas seus
foi uma conversa sob a vigi- lação aos pobres em Rondônia. interesses.
serviços à comunidade com
transporte escolar, invadiram as
casas quebrando as portas, janelas, telhados, camas, móveis, comeram a comida, destruíram os
arquivos escolares, documentos
dos alunos, a merenda escolar, tomaram até o leite destinado às
crianças e queimaram a roça de
cacau.”.
No local, vivem 170 famílias
indígenas, que sobrevivem da
produção de farinha e que são
constantemente atacados pelos latifundiários que querem
dissolver a comunidade para
ocupar e explorar suas terras,
além de terminar com a concorrência da produção coletiva indígena.
A luta indígena é a luta pela
regularização das terras e a
completa independência destas famílias do controle do governo sobre suas terras.
Assim como a luta dos semterra, esta independência e autonomia para resguardar a sobrevivência destas famílias só
pode se dar com uma luta
igualmente organizada pela expropriação e o fim do latifúndio.
LUTA PELA TERRA
Três camponeses foram assassinados
Mais uma ação dos pistoleiros
dos latifundiários ocorreu na Bahia
sem qualquer cobertura por parte da imprensa burguesa.
No dia 15 de outubro, três
camponeses foram assassinados
no Município de Monte Santo,
Bahia, por pistoleiros dos latifundiários.
Tiago, de 48 anos, Luiz, de 24
anos e Josimar, de 23, eram
acampados do assentamento
Santa Luzia da Bela Vista e foram
mortos no mesmo dia no qual
ocorria uma reunião com o INCRA.
Somente nesta região da Bahia
no último ano, com este caso, seis
sem-terra foram mortos sob a
ação de pistoleiros, crimes estes
que continuam completamente
impunes e que são acobertados
pela imprensa burguesa.
Cada crime contra os semterra e cada ação dos latifundiários deve ser denunciada pela
imprensa operária e independente como parte de uma campanha nacional pela punição aos
assassinos dos sem-terra.
Punição imediata aos torturadores e assassinos dos semterra!
Pela libertação de todos os
presos da luta pela terra!
Reforma agrária: terra para
quem nela trabalha e expropriação do latifúndio sem indenização do Estado!
Novamente, o governador ses dos latifundiários, o que latifúndio e realizar de fato a
do Paraná, Roberto Requião encobre a maioria dos casos Reforma Agrária e não espe(PMDB), aliado de Lula, ame- de trabalho escravo no País. rar nada dos órgãos do goveraça milhares de famílias com
O atrelamento total da luta no como o INCRA que têm no
sua guarda.
dos sem-terra ao governo governo Lula superado o goOs latifundiários consegui- deve ser denunciado como verno FHC no impedimento
ram na manhã de terça-feira única forma de expropriar o aos assentamentos de terra.
uma liminar na
Justiça determinando a reintegração de posse
da área e a qualquer momento
A HISTÓRIA DE
os sem-terra poUMA CAMPANHA
dem ser despejaELEITORAL
dos a força e as
DIFERENTE
cenas de violência contra os traOU COMO O
balhadores vistas
POVO
na semana pasAPRENDEU
A
sada podem se
ACEITAR
O
repetir.
MENSALÃO
Enquanto os
sem-terra são
ameaçados pelos
Documentário
aliados de Lula, a
“Impugnado”, sobre
direção do MST
as eleições de 2006
os ilude com proe a impugnação do
jetos demagógicandidato
cos do governo,
presidencial do
como esta tentaPCO, Rui Costa
tiva de restringir
Pimenta, produzido
a reforma agrária
pela Causa
às fazendas com
Operária TV,
trabalho escravo,
departamento da
quando se sabe
Secretaria
que os fiscais
Nacional de
deste tipo de atiAgitação e Propavidade são funciganda do Partido
onários do próda Causa Operária
prio governo que
não recebem
LIVRARIA DO PCO: Av. Miguel Stéfano, nº 349, Saúde,
apoio algum para
bater de frente
São Paulo, CEP 04301-010, Fone (11), 5584-9322
com os interes-
Adquira seu DVD IMPUGNADO!
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
POLÍTICA
6
ROUBO
Norte-americanas já exploram na área
pré-sal na Bacia de Santos
As norte-americanas Exxon e a Amerada Hess dividem
os 80% do bloco BM-S-22, o bloco “Ogum”, na região
do pré-sal da Bacia de Santos e perfuram a área
A presença de empresas
estrangeiras na área pré-sal da
Bacia de Campos é uma realidade. A Exxon Mobil, a
maior empresa petrolífera dos
EUA e do mundo está, junto
com a Amerada Hess, perfurando o bloco BM-S-22 na
Bacia de Santos. A Exxon foi
formada em 30 de novembro
de 1999, na fusão da Exxon
com a Mobil, duas empresas
resultantes da divisão da
Standard Oil Company, que é
dominada por uma das famí-
lias mais ricas do mundo, os
Rockefeller.
O BM-S-22 está localizado
ao sul do pólo de Tupi, abaixo
do BM-S-9, região onde a Petrobras anunciou os blocos de
Tupi e Iara. Só estes dois podem possuir 12 bilhões de barris de petróleo, segundo estimativa da Petrobrás.
O bloco é uma área que é
uma das mais promissoras em
quantidade de Petróleo da bacia.
“Fontes que conhecem os
estudos geológicos da região
avaliam que a área é uma das
mais promissoras do pré-sal
sob concessão de empresas,
podendo, inclusive, superar as
reservas de Tupi e Carioca”
(Jornal do Brasil, 17/10/
2008).
O início da exploração do
pré-sal está a todo o vapor e a
entrega dos blocos para as
empresas estrangeiras também. Está marcado para dezembro, além da 10ª rodada de
privatizações de blocos petrolíferos pela Petrobras, um plano denominado de PlanSal, no
qual a Petrobrás e as empresas estrangeiras irão negociar
entre quatro paredes a divisão
BURACO SEM FUNDO
Lula vai dar R$ 4 bi para
montadoras e GM vai demitir
trabalhadores
A farra com o dinheiro público, que está sendo todo entregue para que os capitalistas
não sofram com a crise continua a todo vapor no governo
Lula.
O presidente do Banco do
Brasil, Antônio Francisco de
Lima Neto, confirmou ontem
que a instituição vai injetar R$
4 bilhões nos bancos das montadoras, para dar impulso ao financiamento de veículos.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresentou essa
ajuda para as montadoras, em
reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social, com empresários de
diversas áreas.
Para o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento), o setor
automotivo deve crescer 10%
em 2009, após as medidas do
governo. Segundo ele, o setor
não precisa de crédito para a
produção, mas para o consumidor.
Após reunião ontem com
Mantega, o governador de São
Paulo, José Serra (PSDB), disse que a Nossa Caixa também
vai fazer empréstimos para
bancos das montadoras.
Serra admitiu que essa medida pode não ser suficiente
para suprir a falta de crédito
para o setor. “O dinheiro não
é suficiente. Mas dá uma boa
ajuda.”
Segundo Lima Neto, o BB
aproveitará recursos disponíveis do compulsório- parcela
dos depósitos que as institui-
ções financeiras são obrigadas
a recolher no BC.
Com a liberação do compulsório, o BB ficou com R$ 11
bilhões disponíveis para dar liquidez a outros bancos, mas
só desembolsou R$ 3,8 bilhões até ontem. A Folha apurou que serão liberados mais
R$ 800 milhões nesta semana
e R$ 600 milhões na próxima.
O valor pode chegar a R$ 6
bilhões, além da ajuda às
montadoras.
Existem duas formas de
fechar a operação: ou o Banco do Brasil compra diretamente as carteiras de crédito
dos bancos das montadoras ou
faz um empréstimo, usando a
carteira de financiamentos
como garantia.
do bloco Pré-sal.
No bloco BM-S-22 na Bacia
de Santos a Petrobrás, por
exemplo, possui apenas 20%
da sociedade, enquanto as norte-americanas juntas possuem
80%.
A exploração no bloco será
feita pela plataforma West Polaris, construída recentemente
pela norueguesa Seadrill na Bacia de Guanabara.
“Estamos felizes em começar nossa primeira operação em
águas profundas no Brasil. É
um importante marco para nós,
já que temos três outras plataformas previstas para esta região nos próximos anos. O
Brasil deve se tornar uma de
Essa última modalidade funciona como o redesconto do
Banco Central. O BB oferece
um empréstimo e recebe como
garantia a carteira de crédito,
mas sem adquiri-la formalmente. Dos R$ 3,8 bilhões desembolsados, R$ 1,1 bilhão foi usado nesse modelo.
Ao injetar recursos dos bancos das montadoras, o governo facilita o acesso ao crédito
para compra de veículos. As
vendas de automóveis caíram
11% no mês passado se comparadas com as de setembro. A
redução em relação a outubro
do ano passado foi de 2,12%,
a primeira queda registrada no
ano.
Para as montadoras, disse o
ministro da Fazenda, esta linha
de crédito de R$ 4 bilhões, que
será implementada via Banco
do Brasil, deverá ser “mais do
que suficiente” para normalizar
o crédito. “Com essa medida,
o setor está atendido em novembro e dezembro”, disse ele,
lembrando que o setor responde por quase 25% do PIB industrial do país e que pertence
a uma cadeira produtiva “movida a crédito”.
QUE OS PATRÕES PAGUEM PELA CRISE
nossas principais áreas de atuação”, disse, em nota, o presidente da Seadrill Managment
AS, Alf Thorkildsen (revista
Exame, 15/10/2008).
A bacia na qual se encontra
o bloco reservatório pode possuir pelo menos 5 bilhões de
barris de petróleo e foi entregue de pronto para as empresas estrangeiras.
As discussões levantadas
pelo governo Lula sobre uma
nova estatal do Petróleo serviram para esconder o fato de
que a exploração do pré-sal já
está a todo o vapor. Diante do
roubo da maior riqueza nacional, toda a burocracia sindical se cala.
Deve haver uma ampla denúncia da privatização do petróleo nacional que quer entregar o País para o capital estrangeiro, enquanto o governo
Lula prepara cortes no Orçamento graças à crise econômi-
ca. Não está nos planos do
governo pró-imperialista de
Lula, que entregou R$ 100
bilhões do dinheiro público
para salvar os banqueiros da
crise nas últimas semanas, utilizar a riqueza sem precedentes descoberta no País, que irá
multiplicar a riqueza nacional
e elevar o país entre as dez maiores potências do Petróleo.
A descoberta do Petróleo
brasileiro é uma oportunidade
dos capitalistas internacionais
realizarem a maior operação de
rapina da história contra os brasileiros.
A campanha contra a entrega do Petróleo está na ordem
do dia a partir dos sindicatos
dos petroleiros e em todas as
categorias e deve ser uma das
plataformas a serem levantadas diante da crise mundial e a
recessão, junto à reivindicação
de estatização geral do sistema
financeiro.
ENTREGA DO PATRIMÔNIO
Não à privatização
dos aeroportos
Mais uma venda do patrimônio público está sendo organizada pelo governo Lula. Segundo
a ANAC (Agência Nacional de
Aviação Civil), as previsões são
de que as privatizações dos aeroportos brasileiros tenham início até o final do primeiro semestre de 2009. Os primeiros aeroportos que serão privatizados
são o de Viracopos, localizado
em Campinas, cidade do interior de São Paulo, e o aeroporto
do Galeão, no Rio de Janeiro.
O diretor da ANAC, Ronaldo
Serôa da Motta, disse que a licitação deve ocorrer nos próximos
seis meses “Imagino que seis
meses é um tempo bom para que
a gente comece a lançar os editais. Não vejo necessidade de
mais tempo. Mas veja bem, agora com a crise financeira e todas
essas questões que surgiram no
cenário, pode ser que os esforços sejam desviados” (Correio
do Estado, 31/10/2008).
A consideração do diretor da
ANAC sobre o adiamento da
privatização dos aeroportos de-
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), anunciou que o setor vai
ter crescimento de mais de 7%
na próxima década o que vai
tornar a privatização uma mina
de ouro para os capitalistas.
Este setor está apresentando
um crescimento gradativo nos
últimos cinco anos, com taxa
média de 10% por ano. O número de passageiros passou de
71,2 milhões em 2003 para
110,5 milhões em 2007. Isso
indica um mercado que pode ser
explorado, onde o lucro será
fácil. O governo se baseia neste
crescimento para levar os aeroportos à privatização, pois não
estariam sendo feitos os investimentos necessários. O BNDES
declarou que “Em decorrência
desse descompasso [crescimento e investimento], nos últimos meses ficaram evidenciadas restrições operacionais e
vulnerabilidades com graves
conseqüências para os usuários
dos serviços, empresas e agentes públicos. O setor de transpor-
Não às demissões na General Motors!
Os efeitos da crise financeira mundial estão atingindo as
montadoras no Brasil que já
estão cortando custos e reestruturando as suas produções.
O corte de gastos e a reestruturação podem ser facilmente
trocados pela palavra que os
patrões mais gostam de usar:
demissão.
Com a desculpa de que estão em grave situação financeira por conta da recessão
mundial, as montadoras, para
não perderem nada do lucro
estratosférico que possuem,
estão lançando mão do PDV
(Plano de Demissão Voluntária), que é uma demissão camuflada que oferece migalhas para os trabalhadores
que pedirem demissão.
A primeira montadora a
anunciar o PDV foi a General
Motors (GM) que vai aplicar o
plano em duas de suas mais
importantes fábricas. Em São
José dos Campos e em São
Caetano as férias coletivas já
foram implantadas na GM de
São Caetano, com 5 mil trabalhadores parados, em Gravataí,
no Rio Grande do Sul, férias
para 5.200 trabalhadores e em
São José dos Campos, outros
4 mil.
Os trabalhadores terão até o
dia 28 de novembro para pedir
demissão e receber uma esmola da empresa para abandonarem o emprego. A esmola será
de três salários para os que têm
até cinco anos de empresa e de
seis salários para os que têm
mais de 23 anos de empresa.
Nestas fábricas estão concentrados mais de 20 mil funcionários sendo que 16,3 mil
estão na produção.
Este já é o segundo PDV que
a fábrica de São José dos Campos lança este ano. Entre 17 e
30 de setembro cerca de 220
trabalhadores foram demitidos.
A GM está anunciando o
PDV depois que o governo Lula
já declarou que vai repassar R$
4 bilhões de dinheiro do povo
para as montadoras. O que
prova que a política do governo não é para os trabalhadores,
mas para os patrões. Mesmo
SÃO PAULO
Kassab corta da população para
engordar capitalistas do transporte
O prefeito recém-reeleito de
São Paulo, Gilberto Kassab
(DEM), mais uma vez anunciou
logo após as eleições, medidas
para favorecer os empresários e
atacar a população. Desta vez o
prefeito anunciou um repasse de
R$ 90 milhões para as empresas
de transporte.
O anúncio, feito na última
sexta-feira (31/10), na realidade
é o terceiro aumento em três
meses.
Em setembro, foram repassados R$ 90 milhões para os empresários e, em agosto, mais R$ 30
milhões.
Estes são apenas os repasses
para o que a prefeitura de São
Paulo denomina como “compensação tarifária”, se apoiando na
promessa de que não irá aumentar até 2009 a passagem na cidade. Esta é uma promessa vazia,
já que a lei que regula o setor já
concede o direito à prefeitura de
aumentar a tarifa, tendo o último
aumento sido feito em 2006.
Na realidade, Kassab prepara
um golpe contra os trabalhadores,
a juventude e toda a população que
utiliza os transportes públicos
investindo nos capitalistas do
transporte ainda alegando que não
irá aumentar a tarifa quando esta
tem todas as condições legais de
aumentar a qualquer momento a
caríssima tarifa dos transportes.
O repasse total da prefeitura
vem sendo multiplicado em dois
anos e vai muito além do dinheiro
que está sendo dado aos empresários alegando o suposto não
aumento da tarifa.
Os repasses totais às empresas
de transporte já superam todos os
por Kassab desde o início de seu
mandato, há dois anos.
A prefeitura prevê gastar R$
600 milhões até o final do ano em
subsídios às empresas privadas
do transporte.
Até agora, neste ano já foram
repassados R$ 560 milhões às
empresas.
Os R$ 600 são o dobro do que
quando Kassab assumiu a prefeitura, em 2006, quando repassou
R$ 300 milhões.
Na semana seguinte em que se
reelegeu à prefeitura Kassab já deu
mostras de qual será o seu programa pós-eleitoral: o de atacar os
trabalhadores. Este declarou,
depois de escondê-lo durante toda
a campanha eleitoral, que pretende acabar até 2012 com todos os
camelôs na cidade de São Paulo.
A declaração teria sido feita no domingo retrasado pelo prefeito enquanto este acompanhava em seu
apartamento no Jardim Europa,
zona nobre da cidade.
A informação vazou e foi pu-
blicada no Jornal da Tarde. Kassab também declarou na última
quarta-feira (29), que pode realizar cortes na prefeitura de São
Paulo diante da crise, o que também ocultou por todo o período
eleitoral.
“Se identificarmos quedas nas
receitas, vamos atuar em relação
às despesas (...) Não vou dizer
onde cortaria, mas jamais cortaria em transporte, saúde e educação, que são áreas prioritárias”
declarou o prefeito ao jornal O
Estado de S. Paulo no dia 30 de
outubro.
Logicamente que o prefeito
não incluiu Saúde e Educação em
sua lista negra para encobrir que
este tem como prioridade engordar os capitalistas do transporte
aos quais é intimamente ligado.
Kassab reproduz de maneira
deliberada a política que todos os
governos burgueses tentarão aplicar diante da crise, que é a de tirar
o máximo possível da população
pobre e explorada até a última gota
para financiar os empresários e
banqueiros em falência.
No caso dos camelôs esta
é uma política deliberada para
aumentar os lucros dos empresários do comércio que
exigem do prefeito que os trabalhadores jogados ao desemprego e forçado ao trabalho
com todo este dinheiro as montadoras vão demitir milhares de
trabalhadores.
É necessário que os trabalhadores metalúrgicos se organizem para lutar contra estes ataques que têm como objetivo
central de fazer com que os
trabalhadores paguem pela crise que os próprios capitalistas
criaram.
Contra as demissões, redução da jornada de trabalho para
35 horas semanais sem redução
dos salários. Escala móvel de salários para que o reajuste seja
feito junto com o aumento da inflação. Contra o fechamento
das fábricas, ocupar e que a
produção fique sob o controle
dos trabalhadores.
nas ruas sejam reprimidos.
Kassab é um representante direto dos capitalistas dos transportes e do comércio, tendo presidido a Federação paulista dos Comerciantes e tendo seu irmão
Pedro Kassab como consultor das
empresas de ônibus.
Diante deste ataque e dos próximos que estão por vir, nos quais
os capitalistas utilizarão a crise
econômica como argumento para
tirar ainda mais da população miserável, é preciso organizar especialmente entre os setores mais
oprimidos pelas atuais medidas
das prefeituras, como os estudantes, os camelôs, desempregados
e todos os setores da classe trabalhadora, uma intensa campanha de
manifestações contra as medidas
de Kassab.
Somente os trabalhadores e a
juventude de maneira unificada
podem colocar abaixo as máfias
do transporte e colocá-las contra
a parede para impedir o aumento
da passagem e exigir que nenhum
repasse seja feito aos capitalistas
por meio do dinheiro da população
que empobrece cada vez mais para
engordar os multimilionários da
cidade, graças à ditadura que se
estabeleceu com o monopólio
privado dos quais as figuras eleitas para as prefeituras nas últimas
décadas foram meros testas-deferro.
Nesta perspectiva é necessário
levantar como principais bandeiras entre toda a população a reestatização de todo o transporte
público na cidade de São Paulo e
o passe-livre para a juventude e
para desempregados.
O projeto de privatização dos aeroportos inclui a
liquidação dos principais e mais importantes aeroportos
brasileiros.
vido a crise financeira, pode ser
facilmente desconsiderada, pois
os governos querem liquidar o
patrimônio público o quanto
antes. Um exemplo ocorreu com
a recente privatização de cinco
trechos de rodovias paulistas
entregues pelo governador José
Serra (PSDB) para a exploração
capitalista. Com a crise financeira
o governo ganha o álibi perfeito
para baixar o preço dos aeroportos e fazer o negócio da maneira
como mais gosta, entregar quase de graça as riquezas do País
para a os capitalistas lucrarem as
nossas custas.
Com a velha desculpa de que
o setor precisa de investimentos
e o “pobre” governo federal não
tem como fazê-lo, apesar de que
distribui bilhões aos bancos e
empresas falidos, é necessário
passar o controle, ou seja, a
exploração, para os capitalistas
desfrutarem do patrimônio nacional.
O projeto de privatização dos
aeroportos inclui a liquidação
dos principais e mais importantes aeroportos brasileiros. Além
do Galeão e de Viracopos, estão
na lista do governo Lula, Congonhas, Guarulhos, o aeroporto de Brasília e outros como os
de São José dos Campos, Jundiaí, Santos e Sorocaba.
A empreitada é deixar todo o
setor nas mãos dos capitalistas
nacionais e estrangeiros que vão
poder construir outros aeroportos, ampliar e gerir.
O próprio governo, por meio
te aéreo brasileiro requer uma
análise que identifique suas necessidades e subsidie a formulação de medidas de rápida implementação, assim como diretrizes para o desenvolvimento
futuro do setor” (Valor Econômico, 6/11/2008). O desavisado que lê uma declaração dessas
pode até achar que o governo tem
algum interesse real pelo progresso e bem estar do cidadão,
mas com o total descaso que
teve nos últimos anos com nenhum investimento público no
setor este apreço do governo é
pura ficção. Basta ver que a falta
total de investimentos fez com
que mais de 200 pessoas morressem no acidente de Congonhas. Há também a repressão e
as péssimas condições dadas
aos controladores de vôo que foram brutalmente acusados pelo
governo como responsáveis
pelo acidente. Com isto fica
completamente possível constatar que a privatização dos aeroportos vai levar o setor a uma
estagnação ainda maior e colocar toda a população sob o tacão
de ferro das empresas que vão
controlar livremente o setor
impondo as piores medidas
como péssimo atendimento,
tarifas altíssimas, demissões de
trabalhadores etc.
É preciso organizar uma
ampla campanha de denúncia e
de mobilização contra mais este
atentado aos interesses dos trabalhadores e da população em
geral.
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
FUNDIR PARA NÃO CAIR
Itaú e Unibanco vão realizar fusão
para conter enorme crise financeira
Os dois bancos brasileiros vão realizar fusão indicando
graves sinais da crise financeira e se transformarão no
maior banco do País e do hemisfério sul
A profundidade da crise financeira no Brasil pôde ser sentida segunda-feira, dia três, com
o anúncio da fusão do banco
Itaú com o Unibanco. Foi propalada aos quatro ventos como
a mais surpreendente notícia
dos últimos tempos.
É na verdade sinal de grande
aprofundamento da crise econômica brasileira, apesar de ser
anunciada como medida que vai
transformar o novo banco, Itaú
Unibanco Holding, no maior do
Brasil, o maior da América Latina e entre os 20 maiores do
mundo.
Somente de patrimônio são
R$ 51,7 bilhões. Sendo que nos
nove primeiros meses deste ano
o faturamento acumulado, somente do Itaú, foi de R$ 8,1
bilhões.
A fusão é do Itaú com o
lhões em emissão de ações ordinárias.
Também serão emitidas
ações preferenciais que juntas
totalizarão, 1.120.896 ações.
É na verdade sinal de grande aprofundamento da crise
econômica brasileira, apesar de ser anunciada como medida
que vai transformar o novo banco
Unibanco. As ações deste serão
trocadas pelas do Itaú, quase que
na relação de um para um. O Itaú
vai repassar o Unibanco R$ 1,2
bilhão mais outros R$ 550 mi-
Esta quantidade de ações corresponde a 27,4% de todas as
ações do Itaú. A presidência do
novo banco será dividida entre o Unibanco e o Itaú. O pri-
CRISE NAS EXPORTAÇÕES
Brasil exporta menos e tem
prejuízo de US$ 98 milhões
A balança comercial brasileira teve queda na quarta semana de outubro registrando um
resultado negativo de quase
US$ 100 milhões.
Pela oitava vez neste ano, o
Brasil apresentou volume maior de importações que de exportações. Em balanço divulgado no dia 28 de outubro pelo
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a balança comercial apresentou resultado negativo na
quarta semana do mês de ou-
tubro. Na última semana, as exportações somaram US$ 4,023
bilhões e as importações apresentaram resultado superior de
US$ 4,121 bilhões. A diferença negativa foi de US$ 98 milhões. Com relação ao balanço
mensal de outubro o saldo é
positivo, mas inferior ao mesmo mês do ano passado. Em
outubro de 2008, as exportações foram maiores em US$
776 milhões, já em outubro de
2007 o resultado foi quatro vezes maior, US$ 3,432 bilhões.
A soma total de outubro foi de
US$ 14,964 bilhões e as importações foram de US$ 14,188
bilhões.
As exportações estão caindo drasticamente nos últimos
meses. Nos dez primeiros
meses de 2008, a balança comercial está em alta de US$
20,432 bilhões, mas teve grande queda em comparação ao
mesmo período de 2007 que
registrou alta de US$ 33,589
bilhões. Em um ano, o País
deixou de arrecadar mais de
NOTAS
Governo francês libera 5 bilhões
de euros para salvar prefeituras
O Governo francês anunciou que irá liberar 5 bilhões de
euros até o final do ano para salvar diversas prefeituras do país
afetadas pela crise econômica
global.
Os créditos que serão encaminhados aos municípios deverão ser empregados nas operações de financiamento público orçadas somente para este
ano. Elas terão um prazo de 20
anos para quitar a dívida, com
taxas de juros a 0,66%.
Diversas prefeituras francesas estão em situação financeira emergencial, pois nos últimos anos, haviam contraído
créditos com ações de financiamentos imobiliários de alto
risco que se revelaram papéis
podres com o agravamento da
crise no final deste ano.
O dinheiro público para socorrer tais organismos deverá
sair, metade de entidades bancárias em débito com o governo, e a outra metade do banco
estatal francês Caisse dês
Dépôts et Consignations CDC.
Esta mega operação de desvio de verbas públicas faz parte de uma série de medidas encabeçadas pelo Estado francês
desde o mês passado, para evitar uma iminente quebra de sua
economia. Tais operações concedem garantias de financiamento da crise do sistema financeiro que devem chegar a
360 bilhões de euros na França, em meio ao maior fenômeno de desvio de verbas públicas para sustentar especuladores falidos que a história já
presenciou. Juntamente com
mega pacote norte-americano,
já fracassado que encaminharia 700 bilhões de dólares aos
bancos, e o também espantoso pacote japonês que chegou
a liberar 1 trilhão de dólares
para agiotas internacionais.
A divulgação da liberação de
verbas para os municípios
agrava ainda mais o quadro de
desmoralização do governo de
Nicolas Sarkozy, pois no mesmo dia havia sido anunciado
também dados que indicavam
uma retração ainda maior da
economia francesa em 2009.
A França é atualmente a
quinta maior economia do globo, sendo que a Alemanha e a
Inglaterra já anunciaram que
estão tecnicamente em recessão.
IGP-DI revela
avanço da inflação
doméstica
O IGP-DI (Índice Geral de
Preços - Disponibilidade Interna) apontou inflação de 1,09%
no mês de outubro, 0,73 ponto
percentual superior à apurada
em agosto (0,36%). O índice
ficou acima dos 0,87% esperados segundo o último relatório
Focus.
O indicador é composto de
três índices. Segundo dois deles, há aceleração da inflação do
mês de setembro para o de outubro. O que mais apresentou
variação foi o IPA (Índice de
Preços ao Atacado), que ficou
em 1,36%, 0,92 ponto percentual acima do medido em setembro.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) foi o outro índice que subiu, ficando em
0,47%. O único que apresentou
queda foi o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção),
com queda de apenas 0,18%
ponto percentual.
Crise irá suprimir
R$ 700 milhões do
governo do
Espírito Santo
Com os efeitos da crise financeira já sendo sentidos diretamente no Brasil, o governo
Paulo Hartung (PMDB) disse
que a crise financeira vai suprimir do governo capixaba pelo
menos R$ 700 milhões.
“Agimos rápido porque esta
crise é avassaladora. Temos
de nos preparar para atravessar a pior crise desde 1930,”
disse o governador do Espírito Santo.
Ao contrario do que vem dizendo o governo Lula, a crise
já está afetando diretamente o
Brasil e fazendo os governadores e prefeitos a cortarem gastos para o ano que vem. Além
de a crise estar afetando as indústrias obrigando-as a dar
férias coletivas, como foi o
caso das produtoras de moto
Yamaha e da Honda.
Desemprego na
Espanha registra
maior nível em 12
anos
Os sintomas da crise financeira estão cada vez mais sendo sentidos pela classe trabalhadora, para quem a burguesia procura transferir todos os
seus efeitos. A subida da taxa
de desemprego mostra isso.
Na Espanha, registrou-se o
maior índice de desemprego
desde abril de 1996, chegando a 2,82 milhões de desempregados em outubro. O crescimento deste número também é alarmante: 7,34% maior do que o número apresentado referente ao período anterior.
A taxa de desemprego também significa 11,4% da população economicamente ativa.
Apenas no último ano, o número de desempregados aumentou 37,56%, o que representa
cerca de 769 mil pessoas. A
estimativa é que o desemprego avance ainda mais para os
próximos períodos.
meiro terá o cargo de Presidente do Conselho de Administração, na presença de Pedro
Moreira Salles e o segundo, por
meio de Roberto Egydio Setubal, o cargo de Presidente Executivo.
Sob a fachada de fortalecimento das duas instituições
como a competição no mercado
internacional, ganho de escala em
todos os segmentos de clientes,
expansão da atuação no Brasil
etc. como disse o ministro da
Fazenda Guido Mantega, “É
importante, pois solidifica os
dois bancos. É normal que em
um momento de turbulência, de
problemas internacionais do setor financeiro, você tenha um
movimento de fusões. São dois
bancos tradicionais, dois bancos
sólidos, que têm uma atuação
importante para a atividade econômica” (Folha Online, 3/10/
2008).
Esta fusão indica, assim como
as inúmeras fusões realizadas
nos bancos e instituições financeiras dos Estados Unidos e
Europa, que a crise está se intensificando entre o setor bancário
que está recebendo bilhões em
subsídios do governo para se
manterem em pé.
US$ 10 bilhões.
Grande parte deste saldo negativo na economia deveu-se à
importação de petróleo e gás natural. Na quarta semana de outubro as importações de petróleo
bruto foram de US$ 436 milhões,
equivalente a 32,7% de tudo que
foi importado. Outros US$ 238
milhões foram gastos com a
importação do gás natural.
Esta foi a oitava queda neste
ano das exportações frente às
importações. A última tinha sido
registrada na quarta semana de
agosto.
Apesar de estar com saldo
anual positivo, há uma redução
bastante grande das exportações
em relação ao ano passado. São
efeitos diretos da crise financeira no Brasil. Esta desaceleração
vai acarretar em uma estagnação ainda maior da produção.
Ford registra 30%
de queda nas
vendas nos EUA
A Ford, mega montadora de
veículos, divulgou na segundafeira (3), uma queda acentuada
de 30,2% nas vendas de seus
automóveis dentro do mercado
norte-americano, um dos mais
afetados pela crise econômica
global. Esta queda, referente ao
último mês de outubro, demonstra já claros sinais de desaceleração da maior economia
do mundo, acentuando a desconfiança geral do consumidor
em uma possível saída para a
crise.
A montadora registrou um
prejuízo líquido de 8,7 bilhões
de dólares somente no segundo
trimestre deste ano. A Ford
deve divulgar até o final da semana, quais foram seus prejuízos no terceiro trimestre, data
do agravamento da crise financeira. A estimativa é que as perdas devem persistir ainda em
longo prazo.
Somente no mês de outubro,
as vendas de veículos nos Estados Unidos despencaram de
190.195, do ano anterior, para
132.838, queda que se estende
para todas as marcas de veículos comercializados da empresa.
Longe de ser um caso isolado da Ford, a gigante General
Motors também havia recentemente anunciado 45% em perdas no último mês nos Estados
Unidos, e suspendendo em
100% suas atividades nos mercados europeus.
Áustria nacionaliza
banco
Kommunalkredit
por crise
A Áustria anunciou a nacionalização do banco Kommunalkredit, a oitava entidade financeira do país, que está em
graves problemas por causa da
crise financeira internacional.
O Kommunalkredit, entidade
especializada no financiamento
de projetos públicos de infra-estrutura, estava até agora nas
mãos do austríaco Volksbank e
do franco-belga Dexia.
Foi determinado que o Estado austríaco assumirá 99,8%
das ações da entidade por um
preço simbólico de dois euros
para evitar uma queda da entidade, que sofre a falta de crédito interbancário como resultado da crise.
ECONOMIA
7
NO FUNDO DO POÇO
Zona do euro está em
recessão
Segundo informações da
ComissãoEuropéia, os 15 países que formam a Zona do
Euro terá crescimento negativo em 2009.
Na segunda-feira, dia
três, a Comissão Européia
declarou que os países que
pontos. Esta marca indica
perdas e forte recessão. Segundo o economista-chefe
da Economics, Chris Williamson “com os estoques de
produtos não-vendidos aumentando em ritmo recorde
devido às vendas fracas, mais
cortes de produção e emprego devem
acontecer nos
próximos meses” (BBC Brasil,
3/10/
2008).
Os países
em pior situação econômica
nesta região
são também as
maiores economias. Entre
eles dois já estão em recessão, a França,
onde as montadoras praticamente paralisaram toda a
produção e a
Inglaterra, que
Em todos estes países, os mais ricos de toda lançou um paa Europa, a crise financeira está se
cote de centeagravando gradativamente e gerando altos nas de bilhões
índices de inflação, queda constante na
de dólares,
mas mesmo
produção, aumento do desemprego, etc.
assim não se
compõem a Zona do Euro salvou . Outros que estão
estão à beira da recessão. muito próximos desta situaSegundo o órgão, esta região ção são a Alemanha, o país
terá crescimento negativo. mais rico da região, a EspaAs estimativas indicam redu- nha que está com desempreção no crescimento do PIB go acima de 12%, a Itália e
(Produto Interno Bruto) de Portugal que prevê cresci2008 e 2009. Para o terceiro mento zero para o desempree quarto trimestres deste ano, go no próximo ano. Há tamas estimativas são de cresci- bém os países que estão pramento abaixo de zero, - 0,1% ticamente falidos, como a
e para o ano de 2009 o cres- Islândia que estatizou os três
cimento seria de apenas maiores bancos do país, a Ir0,1%, valor que deve ser con- landa, Áustria, Dinamarca e
siderado praticamente nulo outros menores que estão gaou mesmo negativo, já que a rantindo com dinheiro públicrise tende a se desenvolver cos todos os depósitos dos
nos próximos meses.
bancos.
Este é o pior resultado da
Em todos estes países, os
Zona do Euro desde a sua cri- mais ricos de toda a Europa,
ação há nove anos.
a crise financeira está se agraForam feitas análises em vando gradativamente e getodos os 15 países e os resul- rando altos índices de inflatados foram os piores dos úl- ção, queda constante na protimos 11 anos e praticamen- dução, aumento do desemte todas as áreas como pro- prego, etc. Esta crise já está
dução, exportações, impor- se alastrando para os países
tações, pedidos etc. Segun- do Leste europeu como a
do o índice europeu Markit Rússia e da Ásia como o PaEconomics, a produção de quistão, e transformando o
bens de consumo caiu para continente europeu em uma
um nível abaixo de 50 pontos. bomba relógio prestes a exEste índice registrou 41,1 plodir.
CRISE PÁRA O BRASIL
Falta de crédito vai
paralisar 300 obras no País
Ao contrário das declarações do governo, crise de crédito no País vai gerar a paralisação de 300 obras de infraestrutura que necessitam de
R$ 90 bilhões para serem concluídas.
Mais de 300 obras de infraestrutura estão em vias de não
acontecer devido à crise do
crédito no País. No total são
324 empresas que estão com
obras ainda não começadas.
Estas obras são de vários setores como energia elétrica,
ferrovias, portos, rodovias
etc.
E tendem a nem serem iniciadas pela falta de crédito.
Para a construção destas
obras seria necessário, pelo
menos, R$ 90 bilhões. Deste
montante, mais da metade, R$
57 bilhões, ainda não foram
captados para o início das
obras.
Parte deste financiamento das obras vão sair dos cofres públicos, via Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) que financia até 70%
das obras. Mesmo com a
mamata oferecida pelo governo, as obras tendem a
não serem iniciadas, pois o
BNDES não tem verba suficiente para financiar de uma
vez todas as obras.
As empresas precisariam
então ir atrás de recursos por
outras vias, como bancos,
agência financiadoras nacionais e internacionais etc.
Como estas instituições estão
completamente sem dinheiro
sob os efeitos da crise financeira mundial os recursos para
a construção destas obras será
muito mais difícil.
Entre as obras que estão
embargadas está a das rodovias federais, que foram privatizadas no ano passado pelo
governo Lula. A empresa que
ganhou a concessão, a espanhola OHL, tem que realizar
investimento de até R$ 1,9
bilhões entre 2008 e 2009. Para
este ano seriam R$ 700 milhões
e para o próximo ano R$ 1,2
bilhões. Nos cinco primeiros
anos o total de investimentos
deveriam ser de R$ 4,1 bilhões.
A mesma situação das rodovias federais é observada na
construção de três portos que
já estão em construção, mas
que com esta crise devem também ser paralisados.
A solução para esta crise
com certeza será os cofres
públicos. Além do financiamento garantido do BNDES, o
governo deve transferir ainda
mais dinheiro para os capitalistas. O presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, já foi reivindicar para o governo Lula a
criação de mais uma poupança que sirva para socorrer os
capitalistas nacionais e internacionais.
Esta poupança seria formada por recursos dos fundos de
pensão, fundos de investimentos e recursos de bancos brasileiros, como a Caixa Econômica Federal. O fundo teria um
caixa de R$ 10 bilhões. Esta
medida reforça a prioridade da
política do governo Lula, que
é atender e salvar os capitalistas da crise e aprofundar ainda mais a exploração dos trabalhadores.
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
POLÊMICA
8
POLÊMICA A ESQUERDA DIANTE DA VITÓRIA DE OBAMA
Ventríloquos da burguesia e vendedores de ilusões
Defendendo seus interesses conservadores, os partidos
do governo Lula e da “frente de esquerda” não
conseguem ver além das aparências e propagam a
miragem não apenas do caráter progressista de Obama
como do “fortalecimento” do imperialismo e da
inviabilidade da revolução justamente quando a crise
mundial se abre plenamente
Como acontece diante da
maioria dos acontecimentos
importantes, a esquerda burguesa e pequeno-burguesa brasileira ficou a léguas de conseguir ter
uma avaliação realista dos resultados das eleições norte-americanas, limitando-se a repetir a
interpretação que a burguesia e
“seus” meios de comunicação e
“analistas” procuraram oferecer
para explicar a vitória de Barack
Obama.
Como ventríloquos da imprensa capitalista trataram de
repetir frases e idéias estampadas
na imprensa burguesa mundial
tais como “a mudança chegou”
(CNN, EUA, e Times, Inglaterra
- 05/11/08); “vitória impressionante” (Washington Post, 05/11/
08); fim da “barreira racial” (New
York Times, 06/11/08) e “eleição
histórica” (El País, 06/11/08).
Também na Espanha, em editorial o jornal El Mundo destacou
em manchete: “Obama mudou a
cor da história”.
Dando o tom, seguido pela
esquerda burguesa e pequenoburguesa brasileira, a imprensa
capitalista internacional não economizou palavras. O italiano
Corriere della Sera, destacou as
frases do dicurso do presidente
eleito: “A mudança chegou” e
“Mostramos que é possível um
governo do povo e para o
povo”; enquanto o francês Liberation, estampou: “Estados
Unidos, a revolução Obama”. O
cubano Gramma, destacou mais
comedidamente que “Barack
Obama completou uma jornada
histórica” e depois de ter “desenvolvido uma surpreendente e
meteórica campanha” (5/11/
08).
Lula: Obama,
melhor que o
“companheiro”
Bush
O Partido dos Trabalhadores
não conseguiu ir além da exaltação a mais superficial e demagógica possível dos resultados,
como nas declarações do presidente Luís Inácio Lula da Silva
de que o resultado teria sido um
“feito extraordinário”, pelo fato
da vitória de Obama ter sido “a
eleição de um primeiro negro na
história dos EUA” e não poupou
elogios a “uma pessoa que tem
demonstrado a competência
política do futuro presidente
Obama” (do sítio do PT, na internet, 6/11/08).
Mostrando um servilismo
diante do presidente eleito da
maior potência imperialista do
mundo, o presidente Lula dirigiu
elogios semelhantes aos que já
dispensou ao próprio Bush e que
provavelmente teria usado no
caso da vitória de MCcain: “Espero que tenha uma relação mais
forte com a América Latina”,
“que tenha uma política voltada
para o desenvolvimento produtivo” e “afirmou também estar
confiante que será construída
uma parceria construtiva”
(idem). É importante lembrar
que Lula “construiu” também
uma “parceria construtiva”
como o “companheiro” Bush.
Da mesma forma, outro partido que integra o governo e a
frente popular dirigida pelo PT,
o PCdoB, destacou em seu sítio,
declarações que apresentavam o
resultado como uma “alívio pelo
fim da ‘era Bush’” (Vermelho,
06/11/08) e a atividade eleitoral
de amplos setores da mafiosa
burocracia do sindicalismo dos
EUA “unido em torno da campanha de Barack Obama e a favor
de uma política econômica dirigida à criação de milhares de
empregos”. Os “comunistas”
saúdam o novo dirigente do
imperialismo mundial pelos seus
laços com a classe operária!
O PCdoB mostra a política
demagógica tradicional do partido democrata como uma realidade. Poderia haver uma posição mais pró-imperialista?
Uma “mudança”
para que tudo volte
ao que era antes
Desta forma, os partidos da
frente popular que integram o
governo Lula procuraram –
como fazem cotidianamente
diante das questões nacionais –
reproduzir, não uma verdadeira
análise baseada numa apreciação da realidade, mas a propaganda e os desejos da burguesia.
Assim, tal e qual a própria campanha do Partido Democrata,
apresentaram o resultado como
uma “mudança” nos marcos do
regime democrático norte-americano, expressando a vontade
de que o maior governo imperialista do mundo possa ter condições de debelar a crise do
ponto de vista dos interesses dos
grandes capitalistas.
Para estes partidos trata-se de
defender a “estabilidade” do
regime político capitalista e da
“democracia” imperialista, e
neste sentido é preciso fazer coro
com a propaganda da imprensa
capitalista de que a vitória de
Obama seria um passo nessa
direção por apontar em uma
perspectiva de superação da
crise atual. Como para os demais setores da burguesia, esta
“esquerda” burguesa procura
disseminar a crença de que as
únicas “alternativas” à atual crise capitalista seriam aquelas
apresentadas pelo próprio capitalismo e, mais particularmente,
pelas diferentes alas do imperialismo. Na realidade, a alternativa para a crise é justamente
aquilo que está na base da crise
e do violento ataque contra as
massas: os regimes democráticos reacionários e dominados
pelo imperialismo como o dos
EUA e o do Brasil.
Estas correntes, graças às
conquistas que fizeram para si e
para os setores que representam
politicamente, tornaram-se profundamente conservadoras e
reacionárias e não podem – nem
querem – enxergar no horizonte nada que não seja a continuação da atual dominação imperialista. Seu programa é a “democratização” da brutal opressão imperialista sobre a esmagadora maioria da humanidade e
não a supressão do imperialismo.
Assim, nem passa pela cabeça destes senhores que tenha se
manifestado nas eleições norteamericanas a crise da ofensiva
política do imperialismo em escala mundial, levada adiante nos
últimos anos, isso porque seu
governo, no Brasil, atua como
colaborador desta ofensiva,
dentro e fora do País, promovendo a expropriação das massas
brasileiras em favor dos grandes
monopólios (privatização do
Petróleo, distribuição de dinheiro para os bancos etc.) e apoiando a ação do imperialismo
contra as massas em outros
países (como no caso da ocupação do Haiti; pressão sobre o
governo da Bolívia ao lado da
direita; apoio ao governo colombiano; pressão contra o governo Chávez etc.).
Desta forma, suas “análises”
servem apenas como ações complementares à enorme propaganda imperialista que procura
ocultar que o resultado das eleições dos EUA reflete, ainda que
de forma invertida – como todas
as eleições – o esgotamento da
ofensiva econômica, política e
ideológica do imperialismo acerca da supremacia do governo
“neoliberal” dos EUA, em um
mundo supostamente marcado
pela supremacia total e absoluta
dessa potência.
No limite, esta esquerda burguesa – e toda a burguesia –
procuram apresentar a vitória de
Obama, como um sinal de crise
e de esgotamento da “era Bush”,
frente ao que estaria colocada
uma nova era “dos democratas”,
“de Obama”, para quem sabe em
seguida dar lugar a uma nova era
“dos republicanos” “de um novo
Bush”, ou seja, o funcionamento cíclico da política capitalista
de alternância de partidos, assim
como a devastadora crise capitalista expressa apenas o funcionamento cíclico da economia
capitalista. Em outras palavras,
nada nunca muda, a não ser para
voltar onde estava. Esta é a teoria imperialita do mais absoluto confirmismo, repetida por
muitos supostos esquerdistas.
Para estes partidos capitalistas não existem outros caminhos
que não sejam os supostamente
estabelecidos pela burguesia e à
classe operária, e a toda humanidade não restaria outra coisa
que não seja segui-los ou quando muito “torcer” pela “alternativa” mais “democrática”, “mais
competente” etc.
Um “novo chefe” e
uma “nova cara”
para o
imperialismo
Procurando se situar “do
outro lado” desses partidos, a
esquerda pequeno-burguesa não
consegue apreciar a situação
como resultado de um processo dialético de luta de classes e
procura apresentar a vitória de
Obama como uma mera continuidade da situação anterior.
Este é o caso do PSTU e dos
grupos que circulam em sua órbita, no Conlutas. Para eles, Obama seria o “bombeiro da crise” ou
apenas uma “nova cara” do imperialismo que “vem para, entre
outras coisas, tentar melhorar a
imagem dos EUA que Bush arranhou nas arenas nacional e internacional” (do sítio do PSTU, 05/
11/08). Que “arranhão”!
Estes grupos não mediram
esforços para endeusar a vitória
do democrata, chegando a apresentá-lo como novo “chefe do
imperialismo mundial”, expressando sua crença nas instituições da democracia burguesa e
no imperialismo que escolheria
seus verdadeiros chefes não
com base no poder econômico
mas pelo método do sufrágio
universal, garantido aos negros
e à toda classe operária o direito
de opinar (ainda que sob severas limitações) quem vai, de fato,
chefiar o imperialismo. Algo
poderia ser mais infantil?
Lançando mão de afirmações
óbvias como as de que o candidato do Partido Democrata, de
Bill Clinton e dezenas de ex-presidentes dos EUA, apoiado por
poderosos monopólios terá
como “missão manter a dominação imperialista” e “preservar os
interesses fundamentais do imperialismo”, procuram apresentar a tese de que o imperialismo
necessitava de Obama e que,
portanto, a sua presença na presidência nos Estados Unidos são
será mais do que uma manobra
do imperialismo, vitoriosa às
custas de “ilusões vendidas aos
trabalhadores”, como anuncia o
Editorial do jornal Opinião Socialista, órgão oficial do PSTU
(05/11/08).
Deixando de lado uma verdadeira análise da realidade, dos
Estados Unidos e de todo o
mundo, esta esquerda pequenoburguesa, tal como faz a burguesia, procura apresentar a situação apenas como resultado da
ação e da vontade dos atores
políticos da própria burguesia.
Não existiria por detrás destes e
de todas as classes sociais uma
realidade econômica (em primeiro lugar) e, conseqüentemente
social, ou seja, da luta de classes, que condicionasse suas
ações.
O governo Obama não seria
um resultado da luta de classes
condicionado pelo imperialismo, seria o produto puro da
vontade do imperialismo mundial. Uma análise política onde não
há contradições ou luta ou resultado desta luta.
Como ensinava
Marx, é a
economia e a luta
de classe que ela
impulsiona
Simplesmente desconsideram o esgotamento do governo
Bush, em si mesmo uma enorme derrota do imperialismo,
com conseqüências revolucionárias, que não é obra do acaso,
nem tampouco resultado da
vontade do imperialismo de adotar uma “nova cara”, mas da
profunda revolta das massas do
mundo inteiro contra a política
imperialista, a começar pelas
massas iraquianas e do Afeganistão, que estão derrotando
militarmente o mais poderoso
exército de todos os tempos, e
pela própria classe operária norte-americana (destacadamente o
proletariado negro, os milhões
de imigrantes) e a juventude que
esgotaram e liquidaram o governo Bush não nas eleições, mas
através da sua mobilização política de massas, uma luta que
está muito longe de restringir-se
apenas ao Partido Republicano
e ao governo Bush, mas atinge
todo regime “democrático” dos
EUA e ao Partido Democrata,
cuja ala oficial (Clinton e CIA.)
foi a primeira a ser derrotada no
processo de escolha do candidato do partido.
As eleições são um resultado
sobre a base deste esgotamento, desta crise e desta derrota e,
portanto, condicionado por eles.
Este elemento da análise faz toda
a diferença para a política revolucionária diante da situação
mundial. Afinal, estamos diante
de um enfraquecimento ou de
um fortalecimento do imperialismo? As eleições são condicionadas pela crise e abrem um
período de crise ou encerram a
crise e abrem um período de
estabilidade?
Esta forma “idealista” e metafísica de analisar a situação, ou
seja, de apresentá-la como resultado da vontade onipotente de
alguns poucos capitalistas, de
apresentar todo o processo eleitoral norte-americano como
uma mera manobra do imperialismo – que teria resolvido “mudar de cara” – mostra a incapacidade desta esquerda em analisar os acontecimentos de um
ponto de vista marxista, como
parte de um processo submetido a leis e determinado pela
evolução da luta de classes.
O mesmo fundamento tem as
análises de que o governo Obama é uma operação preventiva.
Tal análise deixa de fora o fato
de que ele não apenas responde
a uma situação de crise e mobilização futura, mas é ele mesmo
um resultado da mobilização
passada e presente.
Assim, a luta de classes não
é parte do processo político e da
revolução, mas a revolução
transforma-se em uma abstração
para o futuro que nada tem a ver
com o processo presente.
Obama não é igual
a Bush
Na “análise” desta esquerda
pequeno-burguesa, tudo seria a
mesma coisa, não como orientação política estratégica, mas
como processo da luta de classes. Seriam iguais Bush e Obama; a direita fascista da Bolívia
e Evo Morales; a direita golpista
do “não” do plebiscito venezuelano (que eles apoiaram) e o
governo Chávez; o governo
FHC e o governo Lula. Seriam
apenas opções do imperialismo,
totalmente independente da realidade e da luta de classes. A
luta de classes não seria a que
descreve Marx no Manifesto
Comunista, mas uma abstração
onde burguesia e proletariado
enfrentar-se-iam em um determinado tempo abstrato como
dois gladiadores em um arena.
Confundem-se com o marxismo todas as avaliações que
consideram a revolução como
um processo exterior à luta de
classes real, que se dá de modo
permanente e determina todas as
etapas da crise. Para os marxistas, no entanto, a análise política somente tem sentido como a
análise do desenvolvimento
da revolução proletária e isso,
logicamente, em todos os
momentos. Uma revolução que
virá depois dos acontecimentos
somente existe na cabeça dos
esquerdistas pequeno-burgueses que se dizem marxistas.
Justamente a definição fundamental é deixada de fora: o que
expressa o processo político
norte-americano e, dentro dele,
as eleições, do ponto de vista da
evolução geral da revolução
mundial?
A vitória de Obama está entrelaçada com a luta do povo iraquiano (revolução mundial), palestino (revolução mundial), boliviano (revolução mundial), paquistanês (revolução mundial) e
norte-americano (revolução
mundial). A vitória de Obama é
uma manobra contra-revolucionária do imperialismo face à
revolução e não uma manobra de
uma força onipotente. Seu alcance, suas condições, suas conseqüências e suas limitações foram, são e serão determinadas
pela evolução da luta de classes,
ou seja, da revolução proletária,
em escala mundial.
contrário, Obama mais do que
uma medida defensiva do capitalismo e sinal do seu impasse e
da sua derrota e crise, seria um
sinal do “fortalecimento” de sua
enorme capacidade de renovação, o que se anuncia como um
ponto de unidade fundamental
com os partidos da “esquerda”
do governo Lula (PT e PCdoB):
a revolução, a vitória das massas frente ao imperialismo seria
impossível, porque as massas
são incapazes de ter uma ação
independente da burguesia, atuam simplesmente à reboque de
suas posições, comprando as
“ilusões” que lhes são vendidas.
A vitória de Obama não estaria expressando a luta entre a
revolução proletária mundial,
hoje, e a contra-revolução imperialista, mas apenas esta última.
A revolução proletária coloca-se
no futuro fora do tempo, de tal
modo que o imperialismo quer se
prevenir diante da sua possibilidade, mas não reage a ela aqui e
agora... por que ela não existe
senão como realidade imaginária, utópica.
Haveria apenas uma diferença temporal, PT e PCdoB não
acreditariam na possibilidade do
afundamento do imperialismo e
na vitória da revolução, com o
triunfo da classe operária em
tempo algum; já para o PSTU e
seus satélites, essa realidade
seria impossível agora e por todo
um período, uma vez que o
imperialismo, apesar da decadência histórica (agonia, segundo Leon Trótski) do capitalismo, estaria cada vez mais forte
e de “cara nova”, mas quem
sabe em algum dia longínquo?
O denominador comum destas forças todas, que já expressou na sua análise da crise mundial, é o completo ceticismo
diante da revolução e da luta dos
povos e da classe operária mundial, que não seria um ator efe-
tivo do processo político, mas
apenas o imperialismo, os estados nacionais e os partidos burgueses e pequeno-burgueses.
A função da análise, tanto das
eleições norte-americanas como
da crise capitalista, dois acontecimentos profundamente entrelaçados, não é outra que mostrar
a vigência e os problemas do
programa da revolução proletária mundial, não imaginária, mas
a que as massas estão realizando neste momento e que progride na forma da mobilização de
milhões, massas que adquirem
experiência, se organizam e
buscam um programa revolucionário, em todo o mundo e que
deverá entrar em uma nova etapa em breve.
A burguesia busca permanentemente instilar o ceticismo nas
massas e nos militantes operários e do movimento de massas
para ocultar-lhes a sua própria
força e as possibilidades reais de
desenvolvimento político. Por
isso, a direita e toda a burguesia
gritaram vitória diante do colapso da burocracia stalinista contra-revolucionária, mas a esquerda é incapaz de colocar em destaque o completo impasse, a crise
e a derrota dos grandes vitoriosos de ontem. São partícipes do
mesmo ceticismo da burguesia,
porque são, em última instância,
parte dela e buscam reduzir as
massas e aos militantes à impotência com seus prognósticos
superficiais de fortalecimento e
onipotência do capitalismo.
Os militantes que buscam o
caminho da revolução devem
aprender a conhecer o movimento histórico e político da
revolução proletária, ou seja, da
luta de classes, que é um movimento permanente, e apoiar-se
nele como uma base de granito
para que as suas lutas do dia a dia
tenham uma clara perspectiva
revolucionária e socialista.
CAUSA OPERÁRIA ONLINE
Leia o jornal diário do
PCO na Internet
No portal do Partido da Causa Operária na Internet você
pode encontrar as informações sobre o partido, seu programa, estatuto, sua organização pelos diversos estados do País,
textos teóricos e de análise política, a programação de atividades e a ligação para as páginas das outras organizações
que apóiam a luta da classe operária; como o coletivo Rosa
Luxemburgo, de mulheres do PCO, do coletivo João Cândido, de negros e da Aliança da Juventude Revolucionária.
Além de todas as informações a respeito do Partido e de suas
atividades, o portal do PCO abriga ainda o jornal diário do
Partido na Internet, o Causa Operária Notícais Online.
Tratando dos mais diversos assuntos com uma cobertura especial para os problemas políticos centrais da política nacional e internacional, além do tema de mulheres, negros e juventude, o Causa Operária Notícias Online traz ainda um
grande número de matérias especiais com entrevistas e reportagens, além da cobertura regional, a publicação de cursos e palestras em áudio e reportagens em vídeo.
Acompanhe diariamente o Causa Operária Notícias Online.
O portal do PCO na Internet abriga ainda a Rádio Causa
Operária e a Causa Operária TV que trazem diariamente
reportagens, entrevistas e a reprodução das principais atividades de discussão política e formação marxista promovi-
Revolução
impossível?
das pelo Partido da Causa Operária. Basta entrar na página
do PCO na Internet para assistir a reportagem do dia e visitar
as páginas da Rádio e da TV para ter acesso às matérias publicadas anteriormente bem como todo o arquivo multimídia
disponível no portal do PCO.
Para o PSTU e muitos dos
grupos que o circundam,ao
Acesse: www.pco.org.br
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
A CAMPANHA REACIONÁRIA
Mais um município de São Paulo
proíbe a pílula do dia seguinte
O município de Ilhabella proibiu em junho desse ano a
distribuição e venda da “pílula do dia seguinte” para
menores de 18 anos. Já são três as cidades do interior de
SP a proibir a contracepção de emergência
Na véspera do recesso de
julho, na última sessão da Câmara Municipal da cidade de
Ilhabella, no interior de São
Paulo, em junho desse ano, os
vereadores aprovaram o fim da
distribuição da pílula do dia seguinte pela rede pública de saúde e sua comercialização para
menores de 18 anos. Mais uma
vez, a direita passa por cima da
constituição nacional para levar
adiante os seus ataques contra
as mulheres.
O Projeto de Lei 37/2008, de
autoria do vereador Beto Campos (PV) é draconiano e define
que os estabelecimentos comerciais que descumprirem a
lei terão seus alvarás cassados
e os funcionários públicos que
infringirem ou ajudarem a infringir o disposto, passarão por
processo administrativo disciplinar a ser instaurado para apuração de responsabilidade e
aplicação das penalidades.
A principal alegação apresentada pelo vereador para justificar o projeto foi que “Esse
tipo de pílula, na maioria dos
casos, não atua apenas como
anticonceptivo ou contraceptivo, mas, após ter se dado a
concepção, funcionando, portanto, como abortivo”. (Jornal
Canal Aberto, 03/06/08)
Uma verdadeira pérola! No
entanto, se assim fosse porque
não entrar com um pedido de
banimento do medicamento em
escala nacional? A direita atua
pela beirada, para evitar o debate. É o método típico dos inimigos do povo e dos trabalhadores.
Apenas no estado de São
Paulo já são três as cidades a
proibirem ou restringirem o
acesso das mulheres a métodos
contraceptivos. Além de Ilhabella, que aprovou o projeto do
vereador do PV, Jundiaí, aprovou a proposta do vereador
Cláudio Miranda do Psol, e em
Pirassununga o projeto foi do
vereador José Arantes da Silva,
do PSDC a lei proíbe também
o DIU.
Fica claro, também, que há
um lobby orquestrado que atua
debaixo da fachada de vários partidos, alguns de direita e outros
que se dizem de esquerda.
De acordo com levantamento feito pela Comissão de
Cidadania e Reprodução
(CCR), além dos três municípios onde foi cassado o direito
à contracepção de emergência,
leis parecidas foram derrubadas em outros quatro municípios, e em outros 10 a proposta foi rejeitada. Em diversas outras cidades ainda existe esse
tipo de proposta em tramitação.
No Brasil
Cidades como Pindamonhagaba, São José dos Campos,
Jacareí e Cachoeira Paulista,
no estado de São Paulo, já figuraram na lista das cidades onde
a distribuição da pílula foi proibida, mas tiveram a lei derrubada. Porto Velho (RO), São José
do Rio Preto (SP), Maringá
(PR), Londrina (PR) e Joinville (SC) tiveram projetos de lei
arquivados, retirados para revisão ou vetados. Taubaté já
teve moção de repúdio da Câmara Municipal. Maringá (PR)
tem aprovação para uso apenas
em serviços públicos que atendem casos de violência sexual.
No Recife, em fevereiro deste
ano, a Igreja Católica local tentou impedir seu uso em todo o
Estado, mas sua posição não
foi acolhida pelo Ministério Público porque era manifestamente ilegal. (CCR)
Na capital do estado projeto de autoria do atual Dep. Valdomiro Lopes (PSB), que acaba de ser eleito em segundo
turno, prefeito da cidade de São
José do Rio Preto, teve parecer
favorável há dois anos; em
Joinville e Londrina também há
nova tentativa de proibição.
No Congresso Nacional,
uma lei de autoria do deputado
direitista Luiz Bassuma (PTBA), proibindo a distribuição e
recomendação pelo SUS e a
venda da CE pelas farmácias.
Fica evidente uma persistente tentativa de proibição da
distribuição da pílula contraceptiva no Brasil. Que está diretamente aliada a campanha da
igreja e dos setores conservadores na tentativa de retirar o direito ao aborto legal e tornar a
REPRESSÃO NA NICARÁGUA
prática totalmente proibida no
país.
Em toda América
Latina, caçada aos
direitos das
mulheres
Assim como no Brasil, as
mulheres de outros países também estão sofrendo com essa
perseguição. Em países como
Argentina, Colômbia, México,
Peru e Equador há a tentativa
de proibição da distribuição da
pílula de contracepção de
emergência e já tiveram ou
ainda têm processos em trâmite contra leis que proíbem
desde a fabricação até a comercialização e distribuição
gratuita do medicamento.
No Chile, o problema ganhou proporção nacional e
ministros vinculados à hierarquia da igreja católica chilena
conseguiram aprovar lei no
Tribunal Constitucional, inapelável, que declarou inconstitucionais as “Normas Nacionales de Reculación de la Fertilidad” em abril deste ano,
proibindo, assim, a distribuição gratuita da pílula contraceptiva de emergência e de
outros métodos contraceptivos. (CCR)
O que confirma que está
acontecendo uma verdadeira
investida dos setores conservadores, especialmente na
América Latina, para retirar
das mulheres o direito de decidir sobre a maternidade, atacando seus direitos democráticos. Campanha que tem na
Igreja Católica sua principal
articuladora.
A Igreja Católica é declaradamente contra a utilização de
qualquer método contraceptivo e quer impor essa escravidão à todas as mulheres através do Estado burguês e suas
instituições (o legislativo, a polícia etc.).
A decisão pela maternidade
deve ser da mulher. Não cabe
à Igreja ou ao Estado burguês
que não oferece nenhuma garantia às mulheres (como creches, licença maternidade adequada, saúde, isonomia salarial etc.) dizer quando e quantos
filhos a mulheres devem ter. E
muito menos quais os métodos
ela deve utilizar pra seu planejamento familiar.
Essa tentativa de impor leis
e restringir o direito das mulheres, no que tange o acesso aos
métodos contraceptivos, é tão
conservadora e antidemocrática que vai contra a própria
constituição burguesa que garante a distribuição, a recomendação pelo SUS e a comercialização pelas farmácias de método de anticoncepção de
emergência.
Panorama de leis e projetos
de lei a respeito da distribuição
da Contracepção de Emergência (CE) e outros métodos contraceptivos no Brasil:
- Proibição da distribuição
da CE para menores de 18 anos
na rede do SUS, farmácias,
drogarias e rede pública municipal: Ilhabela, SP, desde 27/06/
2008; autor: Ver. José Roberto de Campos (Beto Campos)
– PV;
- Proibição da distribuição
da CE na rede municipal e em
Instituições Privadas coligadas
ao Município por contrato,
convênio, subvenção e auxílio
material de qualquer natureza:
Jundiaí, SP, desde 04/04/2008;
autor: Ver. Cláudio Ernani Marcondes de Miranda – PSOL;
- Proibição da distribuição
da CE e do DIU na rede municipal de saúde ou Secretaria
Municipal de Saúde: Pirassununga, SP, desde 28/04/2008;
autor: Ver. José Arantes da Silva - PSDC/SP;
- Proibição da distribuição
da CE na rede municipal de
saúde: Pindamonhagaba, SP;
autor: Ver. Felipe César – PDT,
derrubada em 2007; Cachoeira Paulista, SP, derrubada em
2008;
- Proibição da distribuição
da CE na rede municipal de
saúde e/ou entidades conveniadas: São José dos Campos,
SP; autor: Ver. Lino Bispo –
PHS, derrubada em 2006; Jacareí, SP; autor: Ver. José
Antero dede Paiva Grilo – PFL,
derrubada em 2006;
- Outras tentativas de promulgação da lei de proibição da
CE nas redes municipais de
saúde e/ou nacionais: São José
do Rio Preto, SP; Porto Velho,
RO; Maringá, PR; Londrina,
PR; Joinville, SC, de autoria do
vereador Lauro Kalfels
(PSDB), em trâmite, lei que
permite a venda apenas com
receita médica; lei federal proibindo a CE no país, de autoria
da Dep.Angela Guadagnin - PT/
SP (arquivada em 2008).
entrevistas com funcionários e
médicos dos sistemas de saúde público e privado, mulheres
que sobreviveram à falta de
atendimento e também familiares de mulheres que morreram como resultado da proibição.
O Código Penal de 1893, colocava a Nicarágua numa posição pioneira, por resguardar
o direito ao aborto caso a vida
da mulher estivesse em risco,
ou se a gravidez fosse resultado de estupro. E o governo de
conciliação de classes de Daniel Ortega retirou esse direito, apesar de limitado, condenando-as, como esperava a
Igreja, à clandestinidade, à
prisão e à morte.
A lei que proibiu totalmente
o aborto foi aprovada em outubro de 2006, em meio às eleições presidenciais, com o
apoio dos deputados sandinistas, após uma crise que havia
colocado o presidente Enrique
Bolaños frente a frente com
grandes mobilizações operárias e estudantis um ano antes.
A aprovação no Parlamento
aconteceu dias antes das eleições em que Ortega recebeu
apoio financeiro e político do
Vaticano, com direito a cardeal
comparecendo a atos públicos
pedindo o voto dos católicos ao
sandinista. O resultado foi o retorno de Daniel Ortega à presidência do país, em novembro, quando sancionou a lei
aprovada no Congresso.
Uma declaração divulgada
no sítio da Presidência nicara-
9
PELA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO
Nenhuma mulher
deve ser presa ou
punida por aborto
Em todo país intensifica- responder a processo e, conse a repressão e a cada dia sur- forme prevê o Código Penal
gem novas notícias de prisões brasileiro, se condenadas
e fechamento de clínicas que podem pegar até três anos de
realizam aborto. As mais re- detenção.
E é com a ação da polícia
centes vêm de minas e do Rio.
No total essas ações policiais, que o governo Lula e a burem sua maioria fundamenta- guesia querem resolver esse
da em denúncias anônimas, problema de saúde pública,
fecharam seis clínicas e pren- que antes de qualquer coisa
deram pelo menos seis pesso- é um direito democrático,
as, entre as quais, duas mu- que em muitos países, espelheres supostamente presas cialmente os mais ricos, já
foi conquistados pelas muem flagrante.
No Rio, as clínicas foram lheres.
Em diversos estados têm
localizadas após denúncias
anônimas. Duas delas funci- surgido notícias de prisões e
onavam em Botafogo, na fechamento de clínicas. AlZona Sul. Uma estava em Vila guns casos são uma verdadeiIsabel, Zona Norte, e outra ra aberração como o caso do
na Gamboa, no Centro. Se- Mato Grosso do Sul, onde o
gundo a polícia, pelo menos fechamento de uma clínica
quatro pessoas foram levadas resultou no indiciamento de
para a delegacia, inclusive quase 10.000 mulheres por
mulheres que estavam à espe- prática de aborto, com a acusação baseada nas fichas méra de atendimento.
Na Clínica em Gamboa, dicas apreendidas pela polícia,
não havia ninguém, mas an- documento sigiloso cuja privates que os policiais saíssem, cidade é protegida por lei. E o
apareceu uma mulher para recente caso de Bauru, quanfazer um curativo. Ela foi do uma mulher foi presa denlevada para uma delegacia es- tro da própria casa, invadida
pecializada onde teve de pres- por policiais e acusada de ter
induzido o aborto de um feto
tar depoimento.
Em Minas, duas mulheres encontrado no banheiro.
Toda essa repressão e perforam presas na cidade de
Três Pontas mesmo sem te- seguição é fruto da campanha
rem sido atendidas em uma
suposta clínica de aborto fechada
pelos policiais. Uma jovem de 18
anos encontrada no local
teria confessado a “intenção” em realizar o aborEssa repressão e perseguição é fruto da
to! Ainda as- campanha encarniçada da direita religiosa.
sim, os policiais afirmam que ela e as mu- encarniçada da direita religilheres acusadas de serem fun- osa (que se encontra organicionárias da clínica, “serão zada não apenas nos partidos
indiciadas por “tentativa de oficialmente de direita, mas
aborto” e, se forem condena- também dos partidos da esdas, podem pegar de um a querda pequeno-burguesa,
três anos de prisão”. (EPTV como é o caso da presidente
do Psol, Heloísa Helena e de
Sul de Minas, 31/10/08)
Essa é a realidade de milha- diversos deputados e memres de brasileiras diante da ab- bros do PT, dos quais o desurda situação de repressão putado Luiz Bassuma é a prinpolicial do aborto. Acusadas cipal liderança da campanha)
pelo “crime”, quando sobre- contra esse que é um direito
vivem a abortos realizados fundamental para uma verdaem situação de total insegu- deira emancipação e libertarança, são presas, e devem ção das mulheres.
está sendo feita por esses mesmos setores religiosos”.
O governo sandinista de
Frente Popular, transformou a
Nicarágua no paraíso da Igreja. Mas como não é possível
expulsar todas as mulheres
como aconteceu com Eva no
mito do jardim do Éden, elas
güense diz que a nova lei aca- a burguesia e os setores con- são punidas, muitas vezes perba com normas “que permiti- servadores recorrem para dendo a própria vida.
am a execução diária de crian- manter sua dominação de clasA proibição total do aborto
ças inocentes no ventre mater- se através da intensificação da acontece apenas em outros
no, em violação aberta da repressão e da opressão.
três países da América Latina:
Constituição, que protege a
Desde que modificou a lei, Chile, El Salvador e Honduras.
Ortega tem enfrentado deze- No Chile, foi a ditadura de Picriança não-nascida”.
Ortega tinha se “converti- nas de manifestações de mu- nochet que derrubou a lei do
do” ao catolicismo um ano lheres na capital, Manágua, aborto terapêutico, aumentanantes das eleições. Em 2005, exigindo a revogação da lei e a do a repressão e perseguição
um cardeal reconheceu seu renúncia do presidente.
às mulheres chilenas e dando
enorme poder de
influência para a
Igreja Católica.
Daniel Ortega
está à frente do
profundo conservadorismo
religioso e desrespeito aos direitos democráticos das mulheres que tem sido
levado à frente
pela direita na
Nicarágua e em
toda América
Latina.
No Brasil, a
investida da direita religiosa
também procura
atacar as mulheres restringindo
No Brasil, a investida da direita religiosa também procura atacar as
direitos. Esse
mulheres restringindo direitos.
ano, duas CoAs feministas nicaragüen- missões da Câmara dos Depucasamento de mais de 25 anos
e durante sua campanha elei- ses também denunciam que tados rejeitaram o projeto de
toral citou o Papa e foi fotogra- “Primeiro o Governo cedeu às descriminalização do aborto.
fado assistindo à missa. Foi a pressões de setores religiosos Agora é o aborto em caso de
oficialização do sandinismo para que o aborto terapêutico anencefalia que está sendo disque ascendeu das mobiliza- se tipifique como um delito e, cutido pelo Supremo Tribunal
ções operárias e derrubou o em segundo lugar, a educação Federal. Além de absurdos proditador Somoza, em 1979, sexual nas escolas, segundo o jetos que pretendem retirar da
como a Frente Popular, à qual próprio ministro da Educação, lei, como aconteceu na Nica-
82 mulheres morreram em 2007, um
ano após governo alterar lei de aborto
A proibição total do aborto
foi aprovada na Nicarágua em
outubro de 2006, em meio ao
processo eleitoral para presidência do país que aconteceria em novembro, quando foi
sancionada pelo presidente
eleito Daniel Ortega.
O relatório intitulado Over
Their Dead Bodies (Por cima
de seus cadáveres), da Human
Rights Watch, denuncia que a
proibição tem feito com que
mulheres grávidas ou que sofreram abortos espontâneos
tenham medo de procurar
atendimento, mesmo para estes serviços considerados legais. Além de médicos e funcionários, temendo acusação
através da nova lei, não providenciarem os cuidados necessários para o atendimento das
mulheres nessas circunstâncias. Tal fato, só no ano de 2007,
resultou na morte de pelo
menos 82 mulheres. 80% delas em zonas pobres.
Um dos casos aconteceu
em abril de 2007, quando uma
mulher de 24 anos procurou
atendimento com uma gravidez ectópica (fecundação fora
do útero, gravidez considerada de risco, que o aborto estaria assegurado pela legislação anterior para salvar sua
vida), mas a demora dos médicos em prestar socorro, temendo retaliação, causou a
sua morte. A lei prevê de seis
a oito anos de prisão para as
mulheres e os médicos que
fizerem aborto.
O estudo foi baseado em
MULHERES
rágua, o direito ao aborto em
casos de estupro e risco de
morte para a mãe, tornando
aborto crime hediondo, comparado à tortura.
Na Colômbia e no Peru, a
discussão gira em torno de
fatos e decisões nacionais e internacionais que procuram a
ampliação do acesso ao aborto legal, que também é tema de
debates constitucionais e legislativos na Bolívia e no Equador. Neste último, Rafael Corrêa também cedeu à Igreja e
aprovou uma nova Constituição que em suas próprias palavras, “protege a vida desde a
concepção”.
A experiência da Frente Popular da Nicarágua, bem como
a experiência com o governo
Lula, do PT, no Brasil, confirmam que a conciliação de classes, apenas não é capaz de resolver os problemas minimamente democráticos do capitalismo nos países atrasados,
como ainda é responsável pela
intensificação da repressão,
retirada de direitos e perseguição aos setores mais oprimidos, como temos visto, por
exemplo, na repressão aos
camponeses nos milhares de
processos contra mulheres
acusadas de fazer aborto, na
repressão ao movimento estudantil através de processos e
jubilamento de estudantes, no
assassinato da população negra em ações policiais etc.
A única alternativa diante de
todos esses ataques é a aliança desses setores à luta da
classe operária, pela construção de um verdadeiro partido
operário, revolucionário e de
massas, que levante a defesa
das reivindicações mais sentidas da maioria da população,
pela construção de um governo dos trabalhadores da cidade e do campo.
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
MOVIMENTO OPERÁRIO 1 0
CORREIOS “EU JÁ VI ESSE FILME ANTES...”
Operação déjá vu da Polícia Federal prende diretor dos Correios
Diretor Comercial dos Correios, Samir de Castro Hatem,
é preso junto com outras 16 pessoas por formação de
quadrilha e fraude em licitações para favorecer
agências franqueadas
Na sexta-feira, uma investigação da Polícia Federal resultou na prisão temporária de 17
pessoas, entre as quais se encontra o atual diretor Comercial da ECT – Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos - Samir de Castro Hatem. A operação, apelidada de déjá vu, que remete aos casos de reincidência
de escândalos de corrupção na
estatal, interceptou e-mails de
funcionários (pessoas ligadas a
Hatem) e proprietários de agências franqueadas onde se trocavam informações sobre licitações e contratos de grandes
clientes.
O objetivo da quadrilha era
favorecer empresários nas licitações de compra de materiais e
transferir contratos de grandes
clientes dos Correios para as
agências franqueadas, que são
postos terceirizados, geralmente comandados por mafiosos e
pessoas que são beneficiadas
com a concessão do serviço
mediante estreitas ligações com
o alta cúpula dirigente da ECT.
Há cerca de quatro meses, o
diretor regional dos Correios de
São Paulo, Marco Antonio Vieira da Silva, já havia sido afastado de seu cargo por conta das
denúncias de favorecimento de
“amigos” nos contratos de agências franqueadas. Na ocasião,
Marco Antônio foi flagrado em
conversa telefônica fazendo
negociatas com Carlos Eduardo
Fioravante Costa, então segundo homem do Ministério das
Comunicações, pasta dirigida
pelo PMDB, através da figura de
Hélio Costa.
Pouco antes, em 2005, a estatal virou manchete dos principais jornais que exibiam o exchefe de Contratação de Adminstração de Material, Maurício
Marinho, cargo de confiança do
PTB na empresa, recebendo propina para o favorecimento de li-
citações. O escândalo resultou na
instauração de uma CPI e na
denúncia de uma enorme rede de
corrupção e desvio de verbas, que
envolvia diversos segmentos da
administração pública e inúmeros
parlamentares da base aliada do
governo do PT que recebiam o
chamado “mensalão” em troca
do voto aos projetos do governo
Lula no congresso nacional.
Obviamente, a prisão Samir
de Castro Hatem, que assim
como os demais envolvidos nos
esquemas de fraude e corrupção
nos Correios, também foi indicado como pessoa de confiança de partidos da burguesia,
como o PMDB de Romero Jucá
(líder do governo no Senado),
para ocupar cargo de direção na
empresa, em nada vai acabar
com essa verdadeira sangria do
patrimônio público que é realizada de maneira sistemática pelos
partidos do governo, verdadeiros parasitas do esforço dos
ecetistas.
Todo mundo sabe que a alta
cúpula da empresa rapidamente
é solta e, inclusive, volta para a
empresa como aconteceu com
Roberto Marinho, com os diretores regionais de Minas Gerais,
do Amazonas e de diversos
Estados, os quais foram afastados através de escândalos de
corrupção, que provocaram
prejuízos milionários na empresa e, passado o vendaval, se
acertaram com o governo voltando novamente para a empresa, é o famoso cair para cima.
Enquanto os mais de 100 mil
trabalhadores comem o pão que
o diabo amassou na empresa,
com excesso de trabalho, doenças profissionais pela total falta
de condições de trabalho a direção da ECT esvazia os cofres da
empresa nas mais escandalosas
negociatas para favorecer os
amigos. Por isso a Corrente
Ecetistas em Luta vem fazendo
campanha há anos pelo fim dos
cargos de confiança indicados
de acordo com os interesses dos
partidos que estão à frente do
governo.
Queremos a eleição pelos trabalhadores de todos os cargos
de chefia para acabar com os
crimes de colarinho branco que
desviam milhões de reais para a
escória que mama no governo e
no congresso nacional enquanto os trabalhadores vivem na
miséria e doentes.
As fraudes das contas da
empresa, segundo a própria
Polícia Federal, podem chegar a
30 milhões por ano, levando-se
em consideração apenas a atividade desta última quadrilha,
comandada por Hatem. Essa
quantia, que é fartamente distribuída por acordos de bastidores
entre meia dúzia de indivíduos,
foi retirada diretamente dos salários dos trabalhadores carteiros, OTT´s, motoristas, atendentes comerciais etc., como
pode se ver no miserável acordo de 7,37% assinado pelo Bando dos Quatro da Fentect (PTPCdoB-PSTU-Psol) em jantares
na casa do diretor de recursos
humanos da empresa.
Esses são acordos também
assinados contra a vontade dos
trabalhadores, acertados em
reuniões as escondidas, como foi
anunciado pela própria imprensa capitalista IstoÉ, que na edição da ultima semana elogia o
método utilizado pelos negocia-
dores da empresa de oferecer
jantares íntimos aos sindicalistas do Bando dos Quatro para
discutir “em tom mais ameno”
o acordo coletivo.
Em oposição a política do
“toma lá, dá cá” da alta cúpula
da direção da empresa e do governo Lula, que utiliza os mesmos métodos de favorecimento e corrupção com cargos e
privilégios a burocracia dos sindicatos para trair os trabalhadores dos Correios nas campanhas
salariais, toda a categoria deve
exigir a eleição direta para todos
os cargos de comando da empresa, de chefe de setor a presidente, com mandatos revogáveis e sob o controle dos próprios trabalhadores.
Apenas dessa maneira é que
os trabalhadores dos Correios
podem efetivamente assumir a
direção da empresa e garantir
que os recursos gerados pelo seu
trabalho, não sejam desperdiçados em caixa dois eleitoral,
mesada para parlamentares corruptos ou para salvar grandes
capitalistas e banqueiros que
estão a beira da falência.
CORREIOS NO INTERIOR DE SÃO PAULO
Segurança é morto em agência dos Correios de Campinas
No sábado passado morreu o
vigilante Walter Rallas de 52 anos
baleado na cabeça por assaltantes que tentaram roubar a agência dos correios do Jardim Metanópolis, na região do Campo
Grande, município de Campinas.
Os atendentes comerciais e
clientes que estavam na agência
se jogaram no chão ao perceberem que se tratava de um assalto. Os assaltantes que atiraram
no vigia fugiram do local levando a sua arma, um revólver
calibre 38.
Este caso deixa muito claro o
perigo que os atendentes comerciais sofrem nas agências dos
correios, com a iminência de
roubos, após a introdução dos
bancos postais nestas agências.
São centenas de casos de
assaltos às agências de correios
pelo Brasil inteiro. A direção da
ECT que se preocupa somente
com os lucros que são obtidos
com o banco postal se faz de cega
e ignora as reivindicações dos
trabalhadores para acabar com
a ameaça à vida dos atendentes.
GOLPE DA ECT
Empresa quer dar golpe
nos trabalhadores em
relação às horas extras
Em boletim técnico a
GINSP do Espírito Santo diz
que estão ocorrendo registros
indevidos de horas extras nos
cartões de ponto.
No texto ela diz que durante inspeções ordinárias (que
são realmente inspeções “ordinárias” realizadas por inspetores “ordinários”) os “inspetores” têm detectado indícios
de registros indevidos de horas extras e que isto seria
motivo de preocupação.
No documento a GINSP
deixa claro que as horas extras
não previamente “autorizadas” não poderão ser marcadas obrigando os companheiros a trabalharem de graça,
mas não fala nada em relação
às dobras e redistritamentos
que, mesmo os que já foram
aprovados não foram efetivados.
Recentemente a empresa
puniu um trabalhador de Colatina que, depois de muito
tempo fazendo horas extras e
sendo impedido de anotá-las,
cansado de trabalhar de graça,
num determinado dia acabou
trazendo resíduo da rua para
não ter que chegar depois do
horário.
Para citar um só exemplo de
redistritamento aprovado e
não realizado, temos o caso do
CDD São Mateus, onde o
“SD” constou a necessidade
da criação de três novos distritos, isto em Junho, e até o
momento nenhum foi criado.
Esta situação acontece em praticamente todos os setores.
Ou seja: os redistritamentos
não acontecem deixando os
distritos estourados; as dobras continuam; se voltar com
resíduo da rua o trabalhador é
punido e ainda perde nas metas de resto do GCR; se fizer
Os trabalhadores atendentes
comerciais, como também os
carteiros e ott´s são merecedores
do adicional de 30% de periculosidade, conforme fica claro na
atividade que exercem, em função
destes acontecimentos se repetirem quase todos os dias em algum
lugar do Correio brasileiro.
As negociações sobre a periculosidade dos trabalhadores do
Correio feita pelo Bando dos
Quatro (PT, PCdoB, PSTU e
Psol) da Fentect, foi uma capitulação sem fim. Primeiro acei-
horas extras não pode anotálas no cartão de ponto ou vai
ter que se ver com a GINSP;
etc. Restam aos trabalhadores
três opções, continuarem trabalhando de graça ou e lutar
contra esta superexploração
da ECT.
Para resolver esta situação
o sindicato estabeleceu o seguinte conjunto de propostas
de luta:
Ï% continuar colocando
nos próximos boletins matérias a este respeito;
Ï% distribuir uma carta
aberta à população denunciando o trabalho escravo dentro
dos correios;
Ï% conversar com todos
os trabalhadores nos setores
para organizar uma campanha
pelo redistritamento imediato
e contra as dobras;
Ï% carro de som nos setores falando da campanha salarial e sempre sobre este assunto;
Ï% convocar todos os trabalhadores para as assembléias para organizar a campanha
contra esta situação;
Ï% enviar denúncia ao Ministério Público do Trabalho e
DRT exigindo uma solução em
relação ao trabalho escravo
dentro da ECT.
taram que a discussão fosse feita
somente para os carteiros que
estivessem trabalhando na entrega externa. Depois apoiaram
o veto do presidente Lula ao
projeto de periculosidade, aceitando o adicional de risco, que
finalmente só deixou de ser abono depois de 2 greves, apesar
das promessas da burocracia de
que o congresso nacional e os
deputados do mensalão iriam
garantir a reivindicação.
E por fim, aceitaram que o
Adicional de Risco se transfor-
masse em AADC – Adicional de
Atividade de Distribuição e Coleta, onde o trabalhador carteiro
terá pré-requisitos (metas, avaliação) para recebe o adicional.
A criação do AADC muda totalmente o critério para o pagamento do adicional, uma vez que os
30% não são pagos de acordo
com o risco trazido à saúde do
trabalhador, como no projeto de
periculosidade, o qual poderia
ser estendido a toda a categoria,
uma vez que os riscos à segurança dos ecetistas são generaliza-
dos. Agora o adicional é vinculado à coleta e distribuição, ou
seja, uma função definida com
metas e pré-requisitos e não uma
situação geral da categoria, a qual
a empresa não teria como limitar o pagamento.
- Os trabalhadores atendentes
comerciais devem se organizar
para levantar a reivindicação dos
30% de adicional de periculosidade;
- Pelo fim do banco postal, o
correio não é banco , sua função
é a entrega de correspondência.
CORREIOS VITÓRIA
Sintect-ES reintegra trabalhadora
demitida arbitrariamente
O sindicato conseguiu a
reintegração de uma trabalhadora que, antes de ser demitida, ocupava o cargo de
Atendente Comercial.
A demissão foi totalmente
arbitrária, uma vez que a companheira foi demitida sem
qualquer motivação, sendo
que o Correio possui os mesmos privilégios de órgãos públicos, portanto tem também
as mesmas obrigações, o que
faz com que qualquer demissão por parte da empresa tenha que ser motivada.
No caso da companheira
em questão houve um agravante ainda maior. É que se
trata de trabalhadora com deficiência física o que aumenta a exigência de motivação
na hora de demitir.
A avaliação da companheira feita de forma irregular, já
que foi realizada por apenas
um gestor, sendo que, segundo a legislação em vigor, são
estabelecidos critérios objetivos de avaliação em se tratan-
do de trabalhadores com deficiências físicas, portanto a
avaliação deveria ter sido feita por uma equipe profissional
para este fim (o que consta no
próprio edital de concurso) e
não por apenas um gestor
como foi feito, tornando a
avaliação totalmente subjetiva.
Este caso serve para demonstrar o quanto a ECT é
arbitrária. Na hora de demitir
ela, que tanto faz propaganda em favor da legalidade,
passa por cima das leis e
demite companheiros doentes, deficientes físicos, entre
outros, sem qualquer motivação ou através de avaliações
completamente arbitrárias.
Orientamos todos os trabalhadores a não assinarem, em
hipótese alguma, qualquer
tipo de punição ou demissão.
Os companheiros que estiverem nesta situação devem
imediatamente procurar o sindicato para que possamos
reverter as medidas arbitrárias da ECT.
Leia e assine o jornal
CAUSA OPERÁRIA
Informações: Rua Miguel Stéfano, nº 349, Saúde,
São Paulo, Capital, CEP 04301-010,
Fone: (11) 5584-9322,
email: [email protected]
BANCÁRIOS
Fusão Itaú-Unibanco põe milhares de cabeças na guilhotina
Burocracia sindical alega ter garantias dos banqueiros
de que não fechará ausências, assim como “as raposas
garantiram que não vão mais atacar os galinheiros”
A fusão de dois dos maiores conglomerados financeiros do País, Itaú e Unibanco,
deu lugar à criação do maior
banco do hemisfério sul, passando a ocupar a sexta posição entre todos os bancos do
planeta, em termos de valor de
mercado, valendo aproximadamente U$ 41,3 bilhões,
atrás apenas de cinco bancos
norte-americanos.
Com ativos de R$ 575 bilhões, mais de 4,8 mil agências e postos bancários e lucros
que, apenas no último ano,
superam os R$ 5,5 bilhões, a
fusão trouxe uma enorme insegurança para os mais de 80 mil
trabalhadores dos dois bancos.
Isso porque todas as fusões e
aquisições anteriores realizadas no setor tiveram como
resultado um “enxugamento”
do quadro de funcionários. O
banco Itaú - que nos últimos
anos realizou várias aquisições
– é o recordista nacional de
desemprego no setor, tendo
demitido dezenas de milhares
de bancários nos últimos anos.
É por demais evidente que
a medida tem um caráter defensivo. Os banqueiros se
“unem” para fortalecer a defesa de seus interesses diante
de um mercado profundamente abalado pela situação de insolvência de gigantes do sistema financeiro que só vêm
sobrevivendo pelo socorro
dado pelos governos capitalistas, como o de Lula, que tiram
da população pobre para dar
aos ricos.
Mostrando seu compromis-
so com os banqueiros sanguessugas, a burocracia sindical petista-cutista que pôs
fim à greve dos bancários dias
atrás sem sequer colocar o
problema da garantia de emprego dos bancários se limitou
em seus comunicados a anunciar que recebeu “garantias do
Itaú de que não haverá fechamento de agências” (do comunicado da Contraf/CUT publicado no Portal da CUT, 03/
11/08).
Expressando sua crença
inabalável nos banqueiros, o
secretário-geral da Contraf/
CUT e funcionário do Itaú
Carlos Cordeiro, afirmou “esperar” que “diferentemente
das fusões anteriores, desta
vez seja bom para a sociedade, com aumento dos postos
de atendimento, da oferta de
crédito e da diminuição de
juros e tarifas” (idem) se limitando a anunciar que a entidade “também está agendando
reunião com o Cade, organismo que regula e fiscaliza abusos de poder econômico”, ou
seja, vai pedir às abutres dos
órgãos do governo controlado pelos banqueiros que fiscalizem os banqueiros. Nada
poderia ser mais inútil.
Da mesma forma a diretoria
do maior sindicato da categoria no País, dos bancários de
São Paulo, reiterou que “O Itaú
firmou compromisso de se reunir, o mais rápido possível, para
tratar do futuro dos mais de 69
mil trabalhadores da holding. O
contato também foi feito junto
ao Unibanco, que tem aproximadamente 35 mil funcionários”, o presidente do Sindicato
Luiz Cláudio Marcolino, afirmou o desejo de ter do novo
banco “um processo que inclua negociações permanentes
com as entidades sindicais para
dar transparência e segurança”.
É preciso denunciar esta
cumplicidade, de sindicalistas
que “vestem a camisa” dos
bancos, ou seja, dos banqueiros, totalmente hostil aos in-
teresses dos trabalhadores.
Contra esta política é necessária a formação de comitês de luta dos bancários e de
todos os trabalhadores, por
suas reivindicações diante a
crise financeira que inclua
entre outras reivindicações a
defesa da estatização, sem
indenização, e o controle dos
trabalhadores de todos o sistema financeiro, a estabilidade no emprego dos bancários,
a redução de suas jornadas de
trabalho, sem redução dos
salários.
VISITE A PÁGINA DO PARTIDO DA
CAUSA OPERÁRIA E DA CORRENTE
ECETISTAS EM LUTA
www.pco.org.br e www.pco.org.br/correios
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
1988-2008
20 anos do massacre da CSN
Em novembro de 1988, o governo Sarney, decidiu dispersar
a greve da Companhia Siderúrgica Nacional com o envio do
Exército. Foi um verdadeiro
massacre que culminou na morte de três operários da empresa.
Os trabalhadores reivindicavam
a readmissão dos trabalhadores
demitidos, da até então estatal,
CSN, a redução de 8 para 6 horas a jornada de trabalho para atividades ininterruptas e o reajuste salarial. À noite, cerca de
1300 soldados do exército e da
PM começaram uma pancadaria na Praça Brasil, em Volta
Redonda, para dispersar cerca de
2000 manifestantes. Só neste
enfrentamento, por volta 40 pessoas ficaram feridas.
A TV Bandeirantes mostrou
imagens de dois soldados depredando um automóvel Volkswagen estacionado na rua - um
deles quebrou o vidro traseiro a
coronhadas, o outro arrebentou
um alto-falante. Há testemunhas
de que até mulheres foram perseguidas com baionetas. Uma
câmera da TV Manchete foi
quebrada por soldados, e o fotógrafo Oswaldo Prado, do jornal O Dia, teve braço fraturado.
Declarações de trabalhadores
da época mostram que a violência foi absurda: “Quando viam
um bolinho de gente, batiam
para valer”.
Logo em seguida, os soldados
se dirigiram para a CSN, armados com bombas de gás lacrimogêneo, blindados Cascavel e
fuzis automáticos, para acabar
com a ocupação que estava sen-
do realizada por cerca de 3000
operários.
Na invasão feita pelo exército e pela PM, foram mortos três
operários, Walinir Freitas Monteiro, 27 anos, atingido pelas
costas quando deixava um refeitório da empresa, Carlos Augusto Barroso, 19 anos, que desapareceu e foi encontrado, mais
tarde, com o crânio esmagado e
William Fernandes Leite, 22
anos, que morreu com um tiro
no pescoço.
“As três mortes são homicídios qualificados”, esta foi a posição do delegado Renato Coelho,
responsável pelo inquérito que,
em Volta Redonda, à época.
A violência começou às
19h30 e só foi terminar depois
da meia-noite, os soldados do
Exército entraram na usina com
fuzis FAL e dispararam sobre os
trabalhadores.
Para tentar encobrir o massacre e a violência, os trabalhadores foram acusados de estarem
armados, de serem terroristas,
de estarem vinculados à Cuba.
Em seu comunicado oficial, em
nome do Ministério do Exército, o general Lacombe acusou os
grevistas de terem feito disparos
com “armas de fogo”. Entretanto nada foi provado pois não se
conseguiu achar uma única
arma de fogo em poder dos
operários na empresa.
O momento político
Na semana do massacre,
havia no País mais de um mi-
lhão de grevistas, a ameaça de
uma greve dos eletricitários
(cerca de 50 mil pessoas) em
vários estados do País, greve
dos petroleiros de oito Estados,
a dos controladores de vôos
das grandes capitais, funcionários públicos de todas as partes, professores, marítimos,
buidores de gás, digitadores.
Todas elas motivadas por uma
inflação de quase 30% ao mês.
Que no final de 88/89 chegou
a cerca de 80% ao mês.
No Rio de Janeiro, moradores revoltados com cortes de
luz invadiram uma estação da
Light na Zona Oeste da cidade
e começaram um quebra-quebra. Duas horas depois de deflagrada a invasão, havia 38
ônibus destruídos nas imediações da estação da Light.
Insatisfeitos com os salários recebidos, oficiais comandantes da PM mineira rebeleram-se contra o governador e
simplesmente ignoraram suas
ordens de deter um dos cabeças do movimento, o coronel
reformado José Geraldo de
Oliveira. Ao fim do episódio,
que durou três dias, o governador cedeu à pressão e deu aumento à corporação que o hostilizou.
A farsa do regime
democrático
A invasão da CSN fez cair a
máscara do regime pós-ditadura. José Sarney, líder do regi-
me militar no Congresso Nacional, foi colocado na Presidência da República por uma manobra da ala que representava
os interesses dos bancos, dos
grandes capitalistas e do imperialismo dentro do regime militar. A função do PMDB era a
de resgatar todas as conquis-
MOVIMENTO OPERÁRIO 1 1
tas essenciais dos grandes capitalistas obtidas sob o regime
militar nas novas condições
políticas. Esse governo cumpriu importante papel em reprimir as lutas operárias e populares, como ocorreu no caso
de Volta Redonda, fruto da crise do regime e do fracasso do
Quem eram eles
Carlos Augusto
Barroso
Funcionário da CSN, trabalhava na empresa há quatro
anos. Aos 16 anos, depois de
terminar a 8ª série do 1º grau,
ele ingressou como estagiário
na Companhia Siderúrgica
Nacional, onde aprendeu a ser
mecânico de manutenção na
sinterização. Nesse trabalho,
trocava rolamentos, correias e
rolos na esteira que transporta o minério de ferro que vai
para o alto-forno. Seu pai se
aposentou após trabalhar a
vida inteira como mecânico da
Companhia Siderúrgica Nacional.
Como foi
Quando foi encontrado, o
rosto de Barroso estava inteiramente desfigurado, todo coberto de sangue. As costas,
todas arranhadas. O crânio,
afundado na parte de trás.
Segundo o delegado Renato
Coelho, responsável pelo inquérito, “ele foi espancado até
a morte”. Um dos diretores do
sindicato dos metalúrgicos de
Volta afirmou que Barroso foi
morto no caminho entre o refeitório e a aciaria: “na correria, ele
tropeçou e caiu. Um soldado
veio e rachou sua cabeça com
uma coronhada de rifle.” (Veja,
16/11/88). O corpo foi encontrado sem qualquer identificação. Carlos Darc Ramos, cunhado de Barroso, foi quem reconheceu o corpo no necrotério: “Seu corpo estava quase irreconhecível”.
William Fernandes
Leite
William trabalhava a um ano
no setor químico da CSN e por
não conseguir sustentar os estudos, abandonou o último ano
do curso técnico. Segundo sua
prima, “vivia dizendo que a situação do país era insustentável”. William, nesta época, se
filiou ao PT.
Como foi
Na chamada aciaria, quando
William levantou a cabeça foi alvejado pelos soldados caindo
para trás - com uma bala encravada no seu pescoço. “Me acertaram de raspão”, disse ele, pouco antes de desmaiar. Na reali-
governo que chegou a ter uma
inflação de cerca de 80% ao
mês.
A crise gerada pelo massacre de Volta Redonda foi o que
permitiu a eleição do Partido
dos Trabalhadores em São
Paulo, de Luiza Erundina para
a prefeitura da cidade.
dade, o tiro não tinha sido de
raspão. William chegou ao
hospital e morreu logo em seguida.
Walmir Freitas
Monteiro
Walmir trabalhava há nove
anos na CSN como caneleiro
de alto-forno. Era um dos operários responsáveis pela colocação de tijolos refratários nos
fornos para manter a temperatura ideal para a produção de
aço. Era casado, dois filhos
ainda pequenos - um menino
de 3 anos e uma menina de 1
ano e meio. Cursava a 8ª série
do 1º grau numa escola noturna.
Como foi
Quando Walmir saía do refeitório central da CSN com
um grupo de colegas metalúrgicos, foi acertado por um
tiro. A bala entrou pelo tórax,
pouco abaixo do ombro, e
perfurou o pulmão direito.
Walmir foi levado pelos amigos à enfermaria, que já estava tomada pelo Exército. Os
primeiros socorros na enfermaria foram insuficientes e às
23 horas, Walmir morreu em
conseqüência de hemorragia
aguda.
ATO DA CUT
Burocracia implora aos banqueiros em favor da FIESP
Em plena AV. Paulista, um triste espetáculo de
peleguismo explicito
Algumas dezenas de sindicalistas, dirigentes da CUT e de
sindicatos a ela vinculados, e um
punhado de seus assessores e
outros contratados, expuseram
na Av. Paulista, centro de São
Paulo, nesta terça-feira (04/11)
a situação de degradação em que
se encontra a quase totalidade da
burocracia sindical, não só da
CUT, mas de todas as “centrais”
cuja criação é o resultado de uma
política de incentivo (principalmente financeiro) da parte do
governo Lula e dos grandes capitalistas a quem este presta serviços.
A manifestação, realizada em
frente à sede do Banco Real –
onde está situado o escritório de
Fábio Barboza, presidente da
Febraban (Federação dos Bancos do Brasil) – serviu, segundo seus organizadores, para
“cobrar dos banqueiros o fim da
sabotagem ao desenvolvimento” e “teria usado de fina ironia
e bom humor” para se opor “ao
assalto dos banqueiros aos recursos do compulsório” e “teve
como objetivo pressionar pela
liberação do crédito, que os
bancos estão retendo apesar das
recentes medidas que aumentaram os recursos disponíveis como a diminuição dos depósitos compulsórios” (Portal da
CUT, 04/11/08)
No ato os sindicalistas “denunciavam” o “fato de os bancos estarem sentados em cima
do dinheiro”, mas nem de longe
se lembraram de assinalar que
quem ofereceu este confortável
“assento” foi justamente o governo do “sindicalista” Lula e do
PT, partido da grande maioria
dos “bem humorados” presentes.
Pelo contrário, elogiaram tal
política do governo que, segundo eles “liberou nos últimos dias
R$ 46,2 bilhões em compulsórios” com nobres propósitos de
“disponibilizar mais recursos
para o crédito e manter o consumo interno aquecido”.
No ato não havia nada que
lembrasse sequer uma luta contra tais banqueiros e em defesa
das reivindicações da classe trabalhadora diante da crise da
política do governo Lula de dar
bilhões para os banqueiros “sentarem em cima”, enquanto corta recursos da saúde, da educação, dos aposentados, do funcionalismo etc. Isto nem de longe
parece ter passado pela cabeça
desses “sindicalistas”.
Uma encenação teatral (de
verdade) e toda a “farsa” encenada pelos burocratas deixavam
bem claros os propósitos patronais de tal manifestação. Em
uma jaula, um personagem representando o “crédito” clamava por liberdade sendo acompanhado pelos “sindicalistas artistas” que gritavam “libera o crédito, libera o crédito!”.
Outra representação teatral,
de um grupo trazido pelo Sindicato dos Bancários, apresentava ao seu final por meio de uma
fênix, o alegre retorno da economia a uma etapa de crescimento, ou seja, de maiores lucros
para os capitalistas, depois da
liberação do crédito pelos banqueiros, mostrando claramente
em que a burocracia sindical
deposita suas esperanças.
Segundo os dirigentes sindicais, “os banqueiros malversaram o dinheiro”. Nas palavras do
presidente da Central Única dos
Trabalhadores, o sociólogo, Artur Henrique, contra esta “malvadeza” dos banqueiros seria necessário “incorporar com firmeza nas nossas mobilizações a
bandeira da luta contra a especulação, para que o sistema financeiro cumpra com suas obrigações e deixe de ser um obstáculo
à geração de emprego, à distribuição de renda e ao direito ao trabalho”. Qual seriam, nas apreciações deste “estudioso da sociedade”, as “obrigações dos banqueiros”? Seriam outras que não
acumular capital às custas da especulação, da agiotagem etc. Em
que mundo vive este senhor?
Já o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores
no Ramo Financeiro (Contraf/
CUT) , Vagner Freitas, explicou
que “os trabalhadores tem nos
banqueiros um inimigo da sociedade, sanguessugas da nação,
que só sabem aumentar os seus
lucros”, coisa com a qual a maioria dos presentes não concordam, uma vez que esperam que
eles “cumpram com suas obrigações”.
A festival de hipocrisia não
teve limites e os que apoiam
abertamente a política de distribuição de dinheiros aos banquei-
ros – e apenas queriam pedir que
este dessem uma pequena parte
desses recursos em empréstimo
às empresas e à população, cumprindo seu papel e obtendo novos ganhos – jogaram ao vento
frases como “não vamos permitir que haja dinheiro público para
salvar banqueiro pilantra” ou “o
trabalhador e a sociedade não
vão pagar esta conta”
Segundo palavras do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, o
“ato no centro financeiro do país
tem toda uma simbologia e visa
pressionar os banqueiros para
que deixem o país crescer”, expressando a enorme preocupação dos sindicalistas de que o
dinheiro roubado da população
pelo governo seja partilhado
com seus patrões da indústria e
de outros setores para que o
capitalismo possa se recuperar
e voltar a explorar com toda
vitalidade os trabalhadores.
Um sonho comum destes
senhores com os patrões que entretanto está cada dia mais longe da realidade diante do enorme avanço da crise história do
capitalismo que tende a desatar
uma enorme mobilização dos
trabalhadores que para se defen-
FÉRIAS COLETIVAS
GM anuncia férias coletivas para cerca de 14 mil metalúrgicos
A General Motors anunciou
aos trabalhadores, na última sexta-feira,o segundo período de
férias coletivas em sua unidade de
São José dos Campos (SP). A
decisão já havia sido anunciada
nas unidades de São Caetano do
Sul (SP) e de Gravataí (RS).
O primeiro período de férias
coletivas começou em 20 de outubro e terminou neste domingo,
dia 2. Nesse primeiro período de
férias coletivas foram atingidos
12 mil trabalhadores da GM no
estado de São Paulo. Na ocasião,
a montadora negou que a decisão tinha sido tomada por conta
da crise financeira, mas que se
tratava apenas de uma adaptação
ao desaquecimento da demanda
de países compradores, especialmente África do Sul, México
e Argentina.
Esse segundo período de férias coletivas devem envolver de
3 a 4 mil metalúrgicos somente
na unidade de São José, que
emprega cerca de 10 mil trabalhadores. Dessa vez, a GM assumiu que o motivo das coleti-
vas é a desaceleração do mercado interno brasileiro. Segundo a
Reuters, em relação ao mesmo
período do ano passado, as vendas de veículos novos no mercado interno retraíram 3,9%. Se
comparadas as vendas com setembro a queda foi muito superior, atingindo 12%. No caso
específico da GM, houve queda de 5% em relação ao mesmo
período de 2007.
Se na primeira vez que GM
anunciou férias coletivas, junto
com a Fiat, a Anfavea (Associ-
ação Nacional dos Fabricantes
de Veículos Automotores) negou, cinicamente, qualquer ligação inclusive com a crise norteamericana, agora não há mais
como esconder que o motivo,
tanto do primeiro período como
do segundo período de férias
coletivas, é a crise econômica
que já atinge em cheio a economia brasileira.
Em São José, irão parar os
funcionários da linha de produção do Corsa, Montana e Zafira, do turno de veículos desmon-
tados para exportação e da fábrica de motores. As férias acontecerão a partir da metade de novembro e a duração depende do
turno. A maior duração será
entre os metalúrgicos do turno
de veículos desmontados para
exportação que iniciam férias
em 24 de novembro e só retornam ao trabalho no dia 5 de janeiro.
Na unidade de Gravataí 5.200
trabalhadores, responsáveis
pela produção de componentes
usados pelos carros, entrarão
ALEMANHA
Metalúrgicos iniciam “greves relâmpago” em todo o país
Na última sexta-feira, o maior
sindicato dos metalúrgicos alemães, IG Metall, anunciou uma
série de “greves-relâmpagos” localizadas que devem se estender
pela semana. Na madrugada de
sábado, quatro mil trabalhadores
suspenderam as atividades na fábrica da Audi em Ingolstadt, no
sul do País e outros mil metalúrgicos pararam outra fábrica da
Audi em Neckarsulm, no sudoeste.
Na quinta-feira, foi rejeitada
pelo sindicato a proposta dos
empregadores de reajuste de
2,9%. A reivindicação da categoria é um reajuste de 8%. Fica
claro que as paralisações e a exigência de um aumento salarial
maior fazem parte de um enfrentamento dos trabalhadores contra a crise econômica. Um trabalhador deu a seguinte declaração ao site de notícias euronews:
“está tudo mais caro, o custo de
vida, a eletricidade, o gás, a alimentação. É preciso economi-
zar por todo o lado. É por isso
que nós pedimos uma parte
maior do bolo e é por isso que
fazemos greve”.
As “greves-relâmpago” são
consideradas greves de aviso
pelo sindicato, que ameaça convocar uma greve geral nacional
da categoria caso as negociações
não sejam concretizadas. O IG
Metall representa 3,6 milhões de
trabalhadores. O presidente do
sindicato afirma que a proposta
das empresas significa perda real
dos salários. A burocracia sindical, como tradicional, declara que
os ganhos dos trabalhadores
estão vinculados aos ganhos dos
capitalistas. Para eles “mais dinheiro para os trabalhadores é
bom para a economia nacional”.
O problema é que a internacional
do capitalismo atingiu em cheio
justamente os capitalistas. Inúmeras indústrias já começaram a
sofrer perdas, em decorrência da
crise internacional, esse é o
motivo das dificuldades em ne-
gociar. A burguesia, como já está
acontecendo em dezenas de fábricas em todo o mundo, nos
EUA, no Brasil e na própria Alemanha, vai tentar fazer os trabalhadores pagarem a conta da
crise; o mundo já presencia
empresas demitindo e/ou anunciando férias coletivas.
Como no Brasil, os metalúrgicos alemães são submetidos a
breves paralisações pela burocracia sindical. Essa política
serve para canalizar a tendência
derem terão que enfrentar além
dos patrões, os seus servos no
movimento sindical.
Na parte final da mobilização,
dirigentes da CUT e de entidades
filiadas tentaram entrar no edifício do Real, para entregar a Fabio Barboza uma carta que trazia as reivindicações. As portas
de ferro que separam o saguão
dos elevadores foram fechadas.
Os gerentes e diretores do
Banco Real, não concordaram
com a visita da burocracia e,
deste modo, também participaram da “encenação”. Fingiram se
importar com o teatro de marionetes da FIESP e por pouco
também não caíram no coro
“libera mais crédito,” solicitando aos sindicalistas que peçam
ao governo Lula mais dinheiro
para eles mesmos e para seus
colegas capitalistas industriais.
Talvez tenham desistido convencidos que estão da sabedoria popular que ensina que “melhor que tratar com os porcos é
tratar com o dono da porcada”
e, se podem pedir e obter mais
crédito junto à Lula e ao Congresso “mensalão” porque tratar com os seus apoiadores que
tão bem entendem o “papel social dos bancos”.
em férias coletivas. Em São Caetano do Sul 5 mil metalúrgicos
estarão em férias coletivas durante dez dias do mês de novembro. A empresa não informou
oficialmente quantos veículos
deixarão de ser produzidos, porém, somente na unidade de
Gravataí 880 veículos saem da
linha de montagem por dia.
Os sinais são claros de que a
crise financeira internacional vai
atingir em cheio os empregos de
milhões de pessoas em todo o
mundo. Dados de vários institutos de pesquisa já apontam que
a partir dos próximos meses, no
Brasil, o mercado de trabalho
deve apresentar uma onda de desemprego.
de luta que se amplia entre os trabalhadores de todo o mundo,
fruto da crise financeira. As
greves isoladas e parciais impostas pela burocracia servem
para mostrar o nível de insatisfação na base da categoria e as
permanentes manobras da burocracia para tentar se manter à
frente das entidades sindicais.
Para enfrentar a crise é necessária a organização da luta em
defesa dos empregos, redução
da jornada de trabalho, reajuste
trimestral dos salários. Em todo
o mundo, os trabalhadores irão
se levantar contra esses ataques
e deverão enfrentar as amarras
da burocracia sindical.
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
TEORIA 1 2
70 ANOS DA IV INTERNACIONAL - PARTE II
Carta aberta pela criação da Quarta Internacional. A todas
as organizações e grupos revolucionários da classe operária
Publicamos nesta edição a segunda e última parte da
carta aberta pela fundação da Quarta Internacional
como parte de uma seleção de artigos escritos pelo
grande revolucionário russo Leon Trótski, durante os
anos em que esteve exilado, combatendo a
degeneração burocrática no seio do movimento operário
internacional e nos quais expõe e discute a necessidade
de refundar o movimento internacional da classe
operária, de criar a Quarta Internacional
Maio de 1935
No seio dos partidos e sindicatos reformistas surgem e
se fortalecem grupos de oposição; alguns assumem a forma de organizações independentes. Dentro das seções da
Internacional Comunista, em
virtude do regime carcerário
que impera ali, a oposição tem
um caráter mais calado e clandestino, mas está se desenvolvendo igualmente. Inclusive, a
necessidade de desatar constantemente novos expurgos e
repressões dentro da União
Soviética, demonstra que a burocracia é incapaz de desarraigar o espírito da crítica marxista que lhe é tão odioso.
O espírito e as tendências de
oposição atuais têm em sua
maioria um caráter centrista,
quer dizer, no meio do caminho entre o social-patriotismo
e a revolução. Quando as organizações tradicionais das massas se encontram em processo de decomposição e demolição, o centrismo representa,
em muitos casos, uma etapa
transitória inevitável, inclusive
para os grupos operários progressistas. Os marxistas devem ser capazes de encontrar
o acesso a tais tendências e assim, mediante o exemplo e a
propaganda, acelerar sua passagem à via revolucionária.
Para eles é premissa indispensável a crítica implacável da direção centrista, a denúncia das
tentativas de se criar uma Internacional Dois e Meio, e explicar incansavelmente que as
tarefas revolucionárias de nossa época condenam de antemão ao fracasso estrepitoso
toda unificação híbrida e amorfa.
Atualmente, os centristas
propagandeiam com insistência a palavra-de-ordem de unidade de todas as organizações
operárias, prescindindo de
seus programas e táticas; os
reformistas, mais previdentes
e justamente temerosos de ficarem marginalizados, também a exploram. Os centristas
costumam substituir a idéia de
uma nova internacional pela
fusão das duas já existentes.
Na realidade, a unidade com os
reformistas e social-patriotas,
tanto social democratas, como
stalinistas, significa em última
instância unidade com a burguesia nacional e, por conseguinte, a divisão inevitável do
proletariado, tanto em nível
nacional como internacional,
sobretudo no caso da guerra.
A autêntica unidade da internacional e de suas seções nacionais não se pode garantir se não
for sobre bases marxistas revolucionárias e estas, por sua
vez, só podem ser criadas
“Os novos partidos e a nova Internacional devem ser
construídas sobre novas bases: esta é a chave que permitirá
realizar todas as demais tarefas. “
mediante a ruptura com os
social-patriotas. Calar a respeito das premissas e garantias de
princípios para a unidade proletária é unir-se ao coro dos
que semeiam ilusões, enganam
os operários e preparam novas
catástrofes.
Para caracterizar a posição
humilhante e impotente das
velhas internacionais basta recordar que o presidente de uma
é agora o humilde ministro de
seu rei, enquanto o verdadeiro
amo da outra utiliza a organização proletária mundial como
moeda para suas transações diplomáticas. Quaisquer que
sejam as manobras de unificação que realizem estas duas
burocracias igualmente corrompidas, não serão elas que
selarão a unidade do proletariado, nem lhes há de corresponder assinalar a saída. Os esforços dos centristas para conciliar o inconciliável e remendar
aquilo que está condenado à
destruição estão predestinados
ao fracasso. A nova época requer uma nova internacional. A
primeira premissa para obter
êxito neste caminho é a forte
consolidação nacional e internacional dos autênticos revolucionários proletários, os discípulos de Marx e Lênin, sobre
a base de um programa comum
sob uma bandeira comum.
Qualquer tentativa de prever
um curso idêntico para todos
os países seria fatal. De acordo com a situação nacional,
com o grau de decomposição
das velhas organizações da
classe operária e, por último,
com o estado e suas forças e no
momento dado, os marxistas
(socialistas revolucionários,
internacionalistas bolcheviques-leninistas) podem constituir-se em organização independente, melhor fração de
alguns dos velhos partidos e
sindicatos. É claro que, qualquer que fosse a época ou o
lugar, este trabalho de fração é
só uma etapa na construção
dos novos partidos da Quarta
Internacional, partidos que
podem surgir, tanto do reagrupamento dos elementos revolucionários das velhas organizações, como das organizações independentes. Mas, qualquer que seja o terreno e os
métodos de funcionamento,
devem falar em nome dos princípios sem confusão e de palavras-de-ordem revolucionárias claras. Não jogam esconde-esconde com a classe operária; não ocultam seus objetivos; não substituem a luta de
princípios pela diplomacia e as
manobras. A todo o momento,
e em qualquer que sejam as circunstâncias, os marxistas dizem abertamente a verdade.
O perigo da guerra, questão
de vida ou morte para o povo,
é a prova suprema para todo
grupo e tendências da classe
operária. “A luta pela paz”, “a
luta contra a guerra”, “a guerra contra a guerra” e outras palavras-de-ordem iguais são
O capitalismo está condenado à morte. A salvação da humanidade reside
unicamente na revolução socialista.
frases ocas e fraudulentas se
não estiverem acompanhadas
da propaganda e da aplicação
dos métodos de luta revolucionários. A única maneira de
acabar com a guerra é derrubando a burguesia. A única
maneira de derrubar a burguesia é mediante uma revolução.
Diante da mentira reacionária da “defesa nacional” é necessário levantar a palavra-deordem da destruição revolucionária do Estado nacional. Ao
manicômio em que se converteu a Europa capitalista é necessário contrapor o programa
dos Estados Unidos Socialistas da Europa, como um passo em direção aos Estados
Unidos do Mundo.
Os marxistas repudiam implacavelmente as palavras-deordem pacifistas de “desarmamento”, “arbitragem” e “amizade entre os povos” (ou seja,
entre os governos capitalistas),
que são o ópio das massas populares. As alianças das organizações operárias com os pacifistas pequeno-burgueses (o
Comitê Amsterdã-Pleyel e outros empreendimentos similares) prestaram o melhor dos
serviços ao imperialismo ao
desviar a atenção da classe
operária da realidade de suas
lutas sérias, e enganá-la com
imponentes alardes.
A luta contra a guerra e o
imperialismo não pode ser tarefa de qualquer “comitê” especial. Lutar contra a guerra
significa preparar a revolução,
e essa é tarefa dos partidos operários e da internacional. Os
marxistas colocam esta grande tarefa à vanguarda proletária sem nenhum tipo de adornos. Diante da exasperante
palavra-de-ordem de “desarmamento” contrapõem a palavra-de-ordem de ganhar o
exército e armar os operários.
Esta é, precisamente, uma das
delimitações mais importantes
que separam o marxismo do
centrismo. Quem não se atreve a mencionar as tarefas revolucionárias a viva voz, jamais terá coragem de realizálas.
No ano e meio que se passou
desde a publicação do primeiro
programa da Quarta Internacional, a luta por seus princípios
e idéias não se detiveram em um
só momento. As seções e grupos nacionais revolucionários
acrescentaram: alguns ampliaram sua base e influência, outros conseguiram maior coesão
e homogeneidade. Organizações de um mesmo país (Estados Unidos, Holanda) se unificaram; elaborou-se uma série
de documentos programáticos
e táticos. Este trabalho prosseguirá sem dúvida nas melhores
condições se se relacionar e
unificar em escala mundial sob
a bandeira da Quarta Internacional. O perigo da guerra iminente não permite retardar esta
tarefa em um só dia.
Os novos partidos e a nova
Internacional devem ser construídas sobre novas bases: esta
é a chave que permitirá realizar
todas as demais tarefas. O ritmo da nova construção revolucionária e o momento de sua
consumação dependem evidentemente do rumo geral da
luta de classes, das futuras
vitórias e derrotas do proletariado. Os marxistas, no entanto, não são fatalistas. A iniciativa de uma minoria consciente, um programa científico,
agitação audaz e incessante em
nome de objetivos claramente
formulados, crítica implacável
a todas as ambigüidades: tais
são alguns dos fatores mais
importantes para a vitória do
proletariado. Não se pode conceber a revolução socialista
sem um partido coeso e com
têmpera de aço.
As circunstâncias são difíceis; os obstáculos, grandes;
as tarefas, colossais; mas não
existe o menor motivo para cair
em pessimismo nem para se
desesperar. Apesar de todas as
derrotas do proletariado, o inimigo de classe segue em uma
situação desesperada.
O capitalismo está condenado à morte. A salvação da humanidade reside unicamente na
revolução socialista.
A mesma seqüência de internacionais possui sua própria
lógica interna, que coincide
com o ascenso histórico do
proletariado. A Primeira Internacional elaborou o programa
científico da revolução proletária, mas fracassou por carecer de uma base de massas. A
Segunda Internacional tirou
das sombras, educou e mobilizou milhões de operários mas,
na hora decisiva, viu-se traída
pela burocracia parlamentar e
sindical corrompida pelo capitalismo em ascenso. A Terceira Internacional deu o primeiro exemplo de revolução proletária triunfante, mas foi afastada das rodas do moinho pela
burocracia do estado soviético
isolado e da burocracia reformista do Ocidente. Hoje, no
marco da derrubada definitiva
do capitalismo, a Quarta Internacional, sobre os ombros de
suas antecessoras, enriquecida pela experiência de suas
vitórias e derrotas mobilizará
os trabalhadores do Ocidente e
do Oriente para o assalto vitorioso às fortalezas do capital
mundial.
Proletários de todos os países, uni-vos!
www.livrariadopco.estantevirtual.com.br
Mais de 7.500 livros disponíveis na Internet
Inaugurada há mais de
quatro anos, a Livraria do
Partido da Causa Operária, a
única livraria de uma organização de esquerda do País,
proporciona agora aos interessados, uma Loja Virtual,
para o acesso mais rápido e fácil
a todo o seu acervo, que conta
com mais de 7.500 livros.
A Livraria do PCO, além de
fornecer os materiais produzidos pelo próprio Partido da
Causa Operária, como o sema-
nário Causa Operária, a revista
Textos, a coleção Biblioteca
Socialista Mini, bótons, pôsteres e diversos livros, fornece
também ao público interessado,
livros novos e usados dos mais
variados temas, como: sociolo-
gia, política, antropologia, psicologia, educação e pedagogia,
questão da mulher, questão do
negro, ecologia, história, arte,
biografia, literatura estrangeira,
literatura brasileira etc., além de
um grande acervo de discos de
vinil, cd’s e dvd’s.
E agora, tudo ser comprado
via Internet, pelo site
www.livrariadopco.estante
virtual.com.br. Tudo para facilitar suas compras que podem
ainda ser enviadas pelo correio.
Acesse já o site da Loja Virtual da Livraria do PCO, faça
seu pedido e receba seu livro
em casa!
Para maiores informações
ligue: (11) 5589-6023.
Marxismo, Política, Artes, Socialismo, Ecologia,
História, Literatura, Mulheres, Negros etc.
• Livros novos e usados • Fitas VHS • Pôsteres •
Bótons • Camisetas • CD´s • DVD´s
LIVRARIA do PCO em São Paulo
ENDEREÇO - Av. Miguel Stéfano, nº 349, bairro Saúde, São Paulo, Capital, CEP 04301-010. TELEFONE - (11) 5584-9322
INTERNET – www.pco.org.br/livraria. E-MAIL - [email protected] COMPRAMOS LIVROS USADOS
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
MOVIMENTO ESTUDANTIL 1 3
UNIFESP DITADURA NAS UNIVERSIDADES
Código de Ética: um sustentáculo do conservadorismo
O código de Ética da Unifesp é mais um mecanismo do
regime universitário para subordinar a universidade aos
desmandos da burocracia dos professores
O Código de Ética da Unifesp foi aprovado no final do
ano de 1998, durante a gestão
Hélio Egydio Nogueira. Pelo
caráter do código e pela época em que ele foi aprovado,
durante a vigência do regime
dito democrático, demonstra
de forma clara que se existe
um lugar na sociedade brasileira em que ditadura não caiu,
este lugar são as universidades.
O código de ética do corpo discente, do começo ao
fim, deixa os estudantes totalmente subordinados à decisão
da burocracia dos professores que dirigem a universidade. Qualquer professor pode
aplicar uma punição a um estudante, como pode ser observado no seguinte artigo:
“Artigo 5 – São competentes para aplicar a pena de repreensão os membros do corpo docente que presenciaram
a prática de quaisquer das irregularidades elencados no
artigo 1, em especial os próreitores e os chefes de departamento ou disciplina”.
Assim como no regime de
poder dentro da universidade,
os estudantes ficam sujeitos
às arbitrariedades dos professores que podem punir os es-
tudantes por descumprirem o
código. Este fato é agravado
porque o código pune, com a
cobertura da moralidade, não
somente atos políticos contra
a reitoria, mas até mesmo um
determinado comportamento
dos estudantes. As penas para
os estudantes são três: repreensão, suspensão e expulsão.
Abaixo estão alguns artigos
que podem levar um estudante a ser punido, demonstrando o grau de repressão existente dentro da universidade.
“Artigo 1 – Será aplicada a
pena de repreensão quando o
aluno:
“I desrespeitar membro do
corpo docente, discente ou
administrativo, ou usuário de
serviços da instituição.
“II Não exercer com zelo e
dedicação suas atividades escolares.
“III Utilizar ou pretender
utilizar meios idôneos na execução de atos ou trabalhos escolares em benefício próprio
ou de outrem.
“IV Perturbar as atividades
da universidade.
“V Apresentar-se com trajes inadequados nas atividades
escolares.
“Artigo 2º Será aplicada a
pena de suspensão quando o
aluno:
“I - reincidir em falta para
a qual é prevista a pena de repreensão;
“II - causar dano ao patrimônio da Universidade, caso
em que, além da penalidade,
ficará obrigado à correspondente indenização;
“III - ofender, caluniar ou
difamar membro do corpo
gal substância tóxica;
“VIII - portar arma;
“IX - praticar insubordinação grave.
“§1º A penalidade de suspensão variará de três a trinta
dias, dependendo da gravidade da falta cometida e demais
circunstâncias que envolverem a irregularidade.
As ações políticas dos estudantes são reprimidas com a
desculpa de “insubordinação grave”, depredação do
patrimônio da universidade”, entre outros argumentos.
docente, discente ou administrativo, ou usuário dos
serviços da Instituição;
“IV - retirar, sem permissão da autoridade competente, objeto ou documento da
Universidade;
“V - praticar ato atentatório à moral ou aos bons costumes;
“VI - apresentar-se intoxicado ou embriagado nas atividades escolares;
“VII - portar de forma ile-
“§2º A suspensão implicará
na consignação de falta aos
trabalhos escolares, durante o
período em que perdurar a punição.
“Artigo 3º Será aplicada a
pena de eliminação nas seguintes hipóteses:
“I - reincidência em falta
punível com suspensão;
“II - agressão física ou moral a docente, servidor ou aluno, ou usuário dos serviços da
Instituição;
“III - adulteração de documento, ou utilização de documento falso.
“§1º Não será objeto de punição o ato de agressão que
decorrer de legítima defesa
devidamente comprovada.
“§2º A eliminação importará no cancelamento da matrícula, nos termos do inciso II
do artigo 31 do Regimento
Geral”.
Na prática, como estamos
vendo agora com as sindicâncias abertas contra estudantes que ocuparam a reitoria, as
ações políticas dos estudantes
são reprimidas com a desculpa de “insubordinação grave”, depredação do patrimônio da universidade”, entre
outros argumentos. Pelas
suas características,o código
abre a possibilidade de punir
qualquer estudante, bastando
a burocracia universitária
querer, pois nele são condenados desde a insubordinação
até aspectos comportamentais.
Pelo fim do Código
de Ética
Este é mais um exemplo de
como funciona a estrutura de
poder na universidade. Todo
poder está concentrado em
uma cúpula de professores
que dirigem a universidade
atendendo seus interesses
REPRESSÃO NA UNIFESP
UNIFESP
Burocracia corrupta julgará
se estudantes serão expulsos
Punir a burocracia corrupta
e não os estudantes
Enquanto a burocracia universitária, acusada de desviar
uma quantia de quase 200 milhões de reais da verba da universidade, está completamente impune, os estudantes que
ocuparam a reitoria da universidade estão respondendo um
processo de sindicância e outro criminal. Não bastasse isto,
algo que por si só já é um grande absurdo, o processo que
poderá decidir sobre a expulsão dos estudantes envolvidos
no processo será julgado pela
própria burocracia universitária que apoiou o reitor Ulysses
Fagundes Neto, mesmo depois das denúncias, e que participou ou diretamente ou
como cúmplice dos casos de
corrupção.
O processo, além de ser um
enorme ataque aos direitos políticos dos estudantes é uma
fraude do início ao fim. A
comissão é composta quase
que na sua totalidade por professores que apoiaram a gestão anterior e os estudantes
que estão prestando depoimento estão sofrendo um verdadeiro assédio moral por
parte destes professores. As
perguntas feitas por estes professores na comissão são to-
das no sentido de condenar os
estudantes, algumas delas são:
“por que vocês quebraram
tudo durante a ocupação?”,
“por que agrediram os seguranças?”, “por que entraram
com os rostos tampados?” etc.
Pode–se perceber que nem de
longe esta comissão está interessada em apurar os fatos, os
estudantes como culpados já é
fato dado por estes professores.
Um caso que fica claro de
como são estes processos de
sindicância está acontecendo
na própria Unifesp. Dois estudantes do campus Guarulhos
estão sendo acusados injustamente de retirar as câmeras
que foram instaladas para monitorar os estudantes na universidade. O processo ainda
está em andamento e as testemunhas dos acusados ainda
não foram ouvidas e eles ainda podem apresentar defesa
por escrito, no entanto a comissão disciplinar já encaminhou a pena de suspensão e o
ressarcimento do valor das câmeras.
Segundo o procedimento
padrão da Unifesp, a comissão
disciplinar “apura os fatos”
(leia-se condena os estudan-
tes) e remete a decisão aos
pró-reitores ou ao reitor, em
caso de expulsão. Isto significa que os estudantes que
estão sendo reprimidos por
lutar contra a burocracia corrupta da universidade podem
ser expulsos pela ordem de
Walter Albertoni, atualmente
candidato a reitor e antigo
pró-reitor na gestão Ulysses e
que entre outras coisas está
sendo investigado de corrupção pelo Ministério Público.
A burocracia universitária
da Unifesp não tem condições
políticas nem morais de julgar
qualquer estudante. Os professores envolvidos nos escândalos de corrupção, direta ou indiretamente, querem
condenar os estudantes em
um processo totalmente fraudulento para tentar inibir a
ação independente do conjunto dos estudantes que estão
vendo com as inúmeras denúncias o verdadeiro funcionamento da universidade,
onde os corruptos administram a instituição em causa
própria e de grupos capitalistas e os estudantes que não
concordam com estes atos
tem seus direitos políticos
simplesmente cassados.
ELEIÇÕES-FARSA PARA A REITORIA DA UNIFESP
Enquanto os estudantes que
lutaram contra a política da reitoria estão sendo ameaçados
de expulsão e sendo intimados
pela polícia federal, a corrupta
burocracia universitária permanece impune.
A situação política da Unifesp, que tem sua administração mergulhada em inúmeras
denúncias de corrupção impunes e os estudantes que lutaram
contra a atual estrutura de poder sofrendo inúmeras perseguições por parte desta mesma
administração é um grande
exemplo de como funciona o
regime político dentro da universidade.
Somente este ano, os escândalos de corrupção envolvendo a burocracia universitária chegaram à quantia de quase R$ 200 milhões de reais.
Foram de viagens à Disney, em
Orlando, com dinheiro do cartão corporativo, até o desvio de
verba de mais de 178 milhões
de reais do orçamento dos anos
de 2005 e 2006. Nem o dinheiro que deveria ser destinado ao
precário Hospital São Paulo
(hospital administrado pela
Unifesp) passou em branco. Na
época em que o ex-reitor, Ulysses Fagundes Neto, era diretor
do departamento de pediatria da
universidade foram desviados
R$ 600 mil reais, conforme denúncia apresentada pela imprensa e investigada pelo ministério
público.
Embora tenham cometido todos estes crimes, a burocracia
universitária, a começar por Fagundes Neto, permanecem impunes e ao que tudo indica os resultados dos processos abertos
contra eles, continuarão assim.
Não apenas permanecem impunes como o mesmo grupo político faz continua na reitoria e
pessoas que se envolveram diretamente nos desvios de verba
estão concorrendo ao cargo de
reitor, como é o caso de Walter
Albertoni e de Luís Eugênio, que
desistiu da candidatura no início
da semana.
Situação oposta vivem os estudantes que lutaram contra a
corrupção da burocracia universitária e a destruição do ensino
promovida por ela. Os estudantes que ocuparam a reitoria da
universidade no dia 14 de junho
estão respondendo a um processo de sindicância e agora estão
sendo chamados a depor em um
processo criminal, acusados de
crime fazendário, o que pode incluir entre outras coisas, desde
crime contra o patrimônio público até formação de quadrilha.
O contraste da situação da
corrupta burocracia, que mes-
particulares. Na Unifesp é o
reitor, segundo o próprio
código de ética quem é responsável por tomar a decisão
de aplicar ou não a penalidade de expulsão a um estudante em processo de sindicância, o que é algo absolutamente antidemocrático, porque
concentra o poder da decisão
nas mãos de uma única pessoa que sequer foi eleita para
ocupar o cargo, mas indicado pelo presidente da República.
Na Unifesp são inúmeros
os casos de sindicâncias abertos contra estudantes. Os
casos vão desde os estudantes que ocuparam a reitoria até
um caso no campus de Santos, onde um aluno está respondendo um processo devido a um desentendimento
com uma professora.
O caráter ditatorial da universidade tem sua origem na
dominação que os professores exercem sobre a universidade, que não é nada mais que
o domínio do estado sobre a
instituição. Os estudantes da
Unifesp devem lutar pelo fim
do código de ética como uma
reivindicação contra a repressão que os estudantes sofrem
dentro da universidade, que
tenta através do governo e da
burocracia dos professores
impedir manifestações estudantis em diversas áreas, principalmente a política.
mo depois de todas as denúncias continua com os mesmos
privilégios e a situação dos estudantes é uma prova cabal que
todo o sistema policial estabelecido no interior da universidade com a desculpa moral de
preservar a segurança dos estudantes serve apenas para tentar manter o poder da burocracia universitária. A instalação de
câmeras, aumento do número
de seguranças, presença constante da polícia, regimento interno da época da ditadura
militar, etc., tudo isto está sendo usado para intimidar e inibir
a luta estudantil.
Com a crise da burocracia
universitária, uma manifestação
da crise do regime político, os
estudantes estão rompendo
com o sistema de coação política e ideológica existente dentro das universidades. Isto vem
ameaçando o domínio da burocracia dos professores e tem um
grande significado político porque a onda ascendente de todo
o movimento estudantil a nível
nacional expressa o rompimento da burguesia com a pequenaburguesia, uma condição fundamental para o desenvolvimento
das lutas operárias no País.
Neste sentido, a luta contra o
regime universitário dirigido por
uma burocracia ligada aos professores e contra a repressão ao
movimento estudantil deve ser
uma prioridade e é fundamental
para conquistar a independência
política do movimento estudantil em relação à burguesia e a liberdade de manifestação política dentro das universidades.
CINISMO DA BUROCRACIA NA UNIFESP
Eleições: quem será o novo Ulysses? Walter Albertoni: promessa de dar
continuidade à gestão Ulysses
O debate realizado na última
segunda-feira, dia três de novembro, entre os candidatos a
reitor da Unifesp, Walter Albertoni e Aron Jurkiewicz, demonstrou que a única disputa
em jogo é para ver quem vai dar
continuidade à política da gestão anterior de Ulysses Fagundes Neto. Depois da desistência
dos candidatos Luís Eugênio
Mello e Nestor Schor, o último
desistiu para apoiar Albertoni e
se candidatar para a eleição de
vice-reitor, que ocorrerá em
2009, restaram somente os dois
candidatos.
Assim como nas eleições
para o estado burguês, os dois
candidatos se limitaram praticamente a fazer promessas de
campanha. Uma outra marca do
debate foi justamente a que os
dois candidatos fazem parte da
mesma burocracia que dirige a
universidade. Embora o candidato Aron Jurkiewicz tente se
apresentar como um professor
que não esteve presente na gestão anterior, ao contrário de
Albertoni que era pró-reitor de
extensão e teve que renunciar
junto com Ulysses Fagundes
Por outro lado, Albertoni,
que conta com o apoio da
maioria dos professores e da
burocracia universitária, apresentou no debate diversos pontos que são apenas a continuidade da política
de Ulysses, encobertos com
demagogia eleitoral.
Os estudantes devem ampliar a campanha
pelo boicote às
eleições explicando através de
uma ampla agitação e propaganda que a eleição é
A única disputa em jogo é para ver quem uma farsa, pois
vai dar continuidade à política da gestão quem escolhe o
reitor é Lula,
anterior de Ulysses Fagundes Neto
através da india continuação do Reuni, para cação pela lista tríplice. O concitar um exemplo. Aron é liga- trole da burocracia dos profesdo ao governo Lula e ocupa um sores sobre a universidade é a
cargo de confiança no Ministé- razão pela qual na eleição e em
rio da Ciência e Tecnologia, o todas as outras oportunidades
que explica o fato de no debate a comunidade acadêmica, prindemonstrar inúmeras vezes cipalmente os estudantes, não
apoio à política do governo fe- pode decidir sobre os rumos da
deral para a educação.
instituição.
Neto, portanto um oposicionista, ficou claro que isto não passa de propaganda eleitoral. Durante o próprio debate o candidato concordou com vários
pontos da gestão anterior, como
A candidatura de Walter Albertoni, pró-reitor na gestão Ulysses
e obrigado a renunciar junto com
este por causa dos escândalos de
corrupção, revela que a eleição na
Unifesp tem como único objetivo
manter a mesma burocracia que
domina a universidade no poder.
Uma das principais propostas do
candidato Albertoni revela isto. Ela
consiste em dar continuidade a
reforma do estatuto nos mesmos
moldes que começou durante a
gestão de Fagundes Neto.
Devido à expansão coma
abertura de novos campi, a Unifesp está sendo obrigada a reformar seu estatuto, adequando-o à
sua nova realidade.
Para realizar esta tarefa, a reitoria, ainda durante a antiga gestão, resolveu fazer este processo excluindo totalmente a comunidade acadêmica, encaminhando ao Consu (Conselho Universitário) a proposta de formação
de uma comissão com membros
do próprio Conselho Universitário para elaborar uma proposta e
encaminhar para que fosse apro-
vada posteriormente pelo próprio Consu.
A manobra para excluir a comunidade acadêmica era tamanha
que chegaram a se opor à moderada proposta de que pessoas que
não são do Consu participassem
da comissão de reforma do estatuto. Esta comissão, dominada
pelos professores do Consu foi
presidida pelo então pró-reitor de
extensão,Walter Albertoni.
O agora candidato Walter Albertoni apresenta como uma de
suas propostas centrais a continuidade da reforma do Estatuto
nos mesmos moldes da anterior.
Contra a manobra da reitoria de
tentar pôr panos quentes na crise
através da convocação de uma
eleição-farsa, a AJR defendeu a
proposta de convocação de um
congresso estatuinte com representação proporcional dos três
setores (funcionários, professores e estudantes), ou seja, com
maioria estudantil. A proposta de
um congresso estatuinte também
está dirigida diretamente contra a
comissão de reforma do estatuto
escolhida pela reitoria.
Por isso, não é uma proposta
de solicitação à reitoria para realizar um Congresso, pelo contrário, está dirigida diretamente aos
estudantes. É uma proposta de
auto-organização dos estudantes
para que estes se fortaleçam e se
organizem para paralisar o poder
que o Consu e a burocracia acadêmica tem sobre a universidade.
Os candidatos na disputa e
suas propostas apresentadas,
como Albertoni e sua proposta de
dar continuidade à reforma do
estatuto excluindo a comunidade
acadêmica, demonstram que a
eleição para reitor da Unifesp é
um jogo de catas marcadas.
A campanha pelo boicote à
farsa-eleitoral deve procurar esclarecer cabalmente o caráter da
eleição, demonstrando que a comunidade acadêmica não tem
nenhum poder de decisão neste
processo eleitoral e o verdadeiro
caráter das propostas dos candidatos, que é o de dar continuidade a política do ex-reitor Ulysses
Fagundes Neto.
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
USP
Psol quer eleição clandestina
para o DCE da USP
Sem nenhuma divulgação e discussão política, o Psol no
DCE da USP “convoca” eleição para a nova diretoria
Para cumprir formalmente
o estatuto da entidade, que prevê a convocação das eleições
para nova diretoria em um
mês, numa manobra pro forma, o Psol enviou um aviso eletrônico dia 23 de outubro que
as eleições foram marcadas
por eles.
“ Eleições do DCE: 25, 26 e
27 de novembro
As eleições para o DCE Livre da USP e Representação
Discente nos Conselhos Centrais estão marcadas. As eleições ocorrerão dias 25, 26 e 27
de novembro, em todas as unidades da USP. O prazo para
inscrição das chapas é dia 7 de
novembro, até às 23h na sede
do DCE. O Regimento Eleitoral aprovado no Conselho de
Centros Acadêmicos segue
em anexo. Procure se informar e participe!”
Em primeiro lugar, esta lista de e-mails do DCE só atinge os que já participam de atividades do movimento estudantil e passaram o e-mail para
o DCE, um número ínfimo de
estudantes.
Em segundo lugar, é ridículo que uma entidade estudantil de uma universidade do
tamanho da USP, com mais de
80 mil estudantes realize um
processo eleitoral... por email.
As datas indicadas a portas
fechadas em reuniões que nunca ninguém fica sabendo, não
se tornam sequer públicas, já
impedindo virtualmente a participação de todos no processo.
O regimento eleitoral e o estatuto da entidade para serem
encontrados precisam de um
verdadeiro trabalho de busca
nas entidades, o que demonstra que não há regras nem leis.
Para o Psol, assim como seus
seguidores do PSTU, tudo é
determinado por conveniências e privilégios particulares.
Não há divulgação nenhuma
sobre os critérios para a participação das eleições e dos prazos para inscrições de chapas,
debates, votação. É evidentemente um processo para manter a maioria dos estudantes
fora e desinteressada pela entidade. Estas medidas facilitam
a dominação e o controle pela
burocracia estudantil, que
presta favores à reitoria.
Como ficou comprovado
com a ocupação da reitoria da
USP entre os meses de maiojunho de 2007, esta situação só
se sustenta enquanto não há
uma verdadeira mobilização
dos estudantes.
A prestação de serviços à
reitoria e ao governo só pode
ser mantida com a distância e
o esvaziamento da entidade.
O bando dos quatro tem a
mesma política e se reveza de
acordo com a situação, quando há a necessidade de um
grupo mais esquerdista tomar
à frente. Foi o caso da ocupa-
ção da USP, quando o PTPCdoB que estavam no DCE
cederam o lugar ao PsolPSTU, que atacaram sistematicamente o movimento para
isolá-lo e logo depois derrotálo com o acordo de punição.
O papel contrarevolucionário da
frente popular
O DCE deveria ser o centralizador e organizador da
luta dos estudantes na univer-
sidade e impulsioná-la.
A ocupação da reitoria da
USP desvendou o funcionamento das engrenagens da
Frente Popular, isto é, da política levada adiante pelo governo burguês de Lula e a série de
organizações atreladas direta e
indiretamente a ele no movimento estudantil.
Neste sentido, é necessário
denunciar o golpe dado pela
burocracia estudantil ao evitar
a participação dos estudantes
no processo eleitoral para se
manter na entidade esvaziada.
A participação e mobilização
de um grande número de estudantes é que pode garantir a
abolição da burocracia estudantil na entidade, uma casta,
e constituir um movimento estudantil forte, capaz de impedir
os ataques cada vez mais constantes à universidade pública e
a repressão à sua livre organização e manifestação.
ESALQ
Estudantes tratados como
criminosos
Nesta segunda-feira
aconteceria uma reunião
com a diretoria e estudantes que estão sofrendo processo, mas não aconteceu
porque as alunas não tinham um advogado. Diretoria quer punição máxima:
expulsão.
O tribunal da diretoria da
ESALQ continua na sua
luta contra os estudantes e
a universidade.
Nesta segunda-feira, foi
marcada uma reunião com
os três estudantes junto à
diretoria para conversar
sobre o processo. Sem a
presença dos advogados
das estudantes, a diretoria
não continuou a reunião.
Disse para as alunas arrumarem um advogado rapidamente, como se fossem
criminosas.
Conforme matéria já
publicada por este jornal,
as três alunas foram inocentadas pela polícia por
não existirem provas suficientes.
A paranóia da diretoria
é tão grande que a intimação que os estudantes receberam diz que a diretoria da ESALQ quer a punição máxima para o caso,
cujo crime só existe na
cabeça da burocracia universitária.
UERJ
Psol e PSTU continuam apoiando parlamentares
O DCE, Aduerj (associação
de docentes) e Sintuperj (sindicato dos funcionários), representantes dos três setores
da universidade Federal do
Rio de Janeiro, dirigidos pela
frente popular PSOL-PSTU,
participaram nessa semana de
uma audiência pública da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa do Rio de
Janeiro. Participaram os deputados Comte Bittencourt
(PPS), Marcelo Freixo
(PSOL) e Alessandro Molon
(PT). O reitor não compareceu à audiência, mas enviou o
Coordenador de Planejamento Orçamentário da UERJ,
Luís Teixeira. O objetivo dessa audiência, segundo o DCE,
foi “discutir soluções para a
crise de descaso pela qual a
UERJ passa, receber denúncias e apurar a situação do orçamento, do reajuste salarial,
do Plano de Carreira Docente e, lógico, do cumprimento
daquilo que foi acordado entre a Reitoria e o nosso movimento de Ocupação”. Os deputados carreiristas, de partidos que atacam constante-
mente o ensino público e gratuito, como no caso da Reforma Universitária, entre outras, fizeram demagogia apoiados pelas entidades estudantis e sindicais da UERJ, supostamente de oposição ao go-
Essa manobra é uma tentativa de desviar
o foco do movimento, que deve ser a verdadeira luta dos
estudantes pelos próprios estudantes e não direcionar
para os corruptos da ALERJ.
verno. Mais uma vez esses
partidos utilizam a UERJ para
realizar propaganda de políticos e jogar a luta dos estudantes em espaços (Assembléia
Legislativa, CESEP etc.) onde
não há o interesse na melhoria das condições da universi-
UFPB
Não à privatização do
Restaurante Universitário
A universidade brasileira
vive hoje sua pior crise. O que
vemos é a decadência geral do
ensino (baixa qualidade dos
cursos, falta de verbas para
atividades mais elementares,
fechamento de cursos inteiros, etc.), o drástico corte de
verbas do governo para a educação, retrocesso das atividades de pesquisa, o fechamento
e cobranças de taxas nos restaurantes universitários, o
descaso com a moradia estudantil, o incentivo a fundações privadas, o financiamento do ensino pago com dinheiro público, entre outros.
Esta situação demonstra sem
dúvidas que o processo de
privatização da universidade
pública está a todo vapor.
Tais investidas contra a
educação resultaram na perda gradativa do direito à assistência estudantil. Assim, os
diversos Restaurantes Universitários foram sendo gradativamente privatizados.
Uma operação que abriu espaço para que setores da inici-
dade, mas com carreiras políticas e benefícios da burocracia, como foi feito com a
ocupação da reitoria.
Devemos lembrar que o
DCE tomou conta da ocupação da reitoria utilizando
ativa privada tivessem o direito de lucrar à custa dos estudantes, transferindo o dinheiro direto dos alunos para o
bolso dos empresários.
O sucateamento do RU da
Universidade Federal da Paraíba pode ser constatado pela
falta de estrutura que não consegue atender à demanda dos
estudantes, obrigando os mesmos a enfrentarem gigantescas filas para terem acesso ao
seu direito: alimentação gratuita! O descaso da política de
assistência estudantil da reitoria reflete no fechamento para
reforma do segundo espaço
do RU que já dura mais de um
ano.
Na UFPB já esta em marcha
não apenas o sucateamento,
mas também a privatização do
RU. Existe um projeto atual do
Reitor Polari que visa à cobrança de taxas ditas simbólicas para o acesso à refeição
que deveria ser um direito dos
estudantes. Não se trata apenas de taxas simbólicas, mas
de um conjunto de ataques à
como palanque eleitoral de
seus candidatos e jogou a
ocupação e o congelamento
do vestibular em esferas que
os estudantes em espaços totalmente manipulados e ditatoriais, como o CESEPE,
onde os estudantes são insigassistência estudantil promovida e a privatização aliança
entre o governo e a reitoria e
seus fieis escudeiros: a burocracia universitária e a burocracia estudantil. Nesse sentido, é necessário defender o
fim de todas as taxas que dificultam a participação dos
estudantes nas universidades, ou seja, livre acesso ao
Restaurante Universitário.
A situação enfrentada pelos novos campi ainda é pior,
pois só existem projetos demagógicos na reitoria, uma
vez que a construção do RU
e das residências universitárias não passa de vaga promessa. A falta de condições
mínimas de permanência levará, inevitavelmente, um
número grande de estudantes
a abandonar a universidade.
Esta é a política do governo:
cortar gastos à custa de um
ensino público cada vez pior
e sucatear as universidades
para justificar as suas privatizações.
Os estudantes da UFPB
tem uma enorme luta a travar
contra o sucateamento e as
privatizações dos RU‘s. Apenas a unidade e a mobilização
das amplas massas estudantis
pode garantir o direito pleno
à assistência estudantil.
nificantes e o espaço é controlado pela reitoria. Agora faz a
mesma coisa após a ocupação.
Tentam assim iludir os estudantes que os deputados carreiristas intimamente ligados
as falcatruas da Assembléia
Legislativa possam intervir na
luta. Quando ocorreu o incêndio na UERJ em 2007, essa
mesma comissão esteve com
o Reitor Vieralves para ver os
estragos... e até agora nenhum
problema foi resolvido, mostrando qual é o resultado desta política de se apoiar em parlamentares.
Essa manobra é uma tentativa de desviar o foco do movimento, que deve ser a verdadeira luta dos estudantes pelos
próprios estudantes e não direcionar para os corruptos da
ALERJ.
Os estudantes devem se organizar de forma independente, apoiados na sua própria luta
e repudiar a política de jogar
suas reivindicações nas mãos
dos parlamentares, pois estes
estão extremamente comprometidos com a política de destruição da educação.
MOVIMENTO ESTUDANTIL 1 4
USP - LETRAS
CAELL deve ser aberto
à participação
dos estudantes
No curso de letras da USP,
assim como em todo o movimento estudantil atualmente, o
Centro Acadêmico é controlado
pela burocracia estudantil, que
tem como conseqüência de sua
política um abismo entre a direção da entidade e os interesses
dos estudantes, provocando o
esvaziamento completo da entidade.
Para manter seu “feudo” e
controle da entidade contra a luta
dos estudantes, o PSTU realiza
as eleições-farsa de forma a
evitar que os estudantes participem.
O CAELL deveria promover
a divulgação do processo eleitoral para a sua diretoria, permitindo que os estudantes possam
participar e ter controle das eleições e que o futuro da entidade
seja decidido democraticamente.
Para que a entidade seja aberta à participação de todos os estudantes, sem ser impedido por
uma burocracia a serviço da reitoria, é preciso realizar eleições
democráticas.
Neste sentido, as eleições devem ter como eixo trabalhar pela
participação da maioria dos estudantes na vida do Centro Acadêmico, iniciando nas eleições,
que deve ser um período de mobilização com um amplo debate
político entre os estudantes.
A burocracia estudantil da
qual o PSTU é integrante não
quer fazer um balanço da ocupação da reitoria da USP, por 51
dias, maior movimento dos estudantes dos últimos 30 anos em
defesa da universidade.
Uma mobilização que colocou o governo Serra contra a
parede e iniciou uma nova etapa
no movimento estudantil, sendo
um movimento feito pelos estudantes por fora das entidades,
onde suas direções se mostraram
uma verdadeira barreira para as
lutas. O CAELL, por exemplo,
paralisado nas mãos do PSTU,
não teve nenhuma participação
na mobilização.
Para colocar abaixo a verdadeira oligarquia estudantil que se
consolidou nos CA’s, a diretoria deve ser proporcional e todos os estudantes que tiverem
propostas e interesse em participar, devem ter o direito e,
portanto, qualquer estudante ou
grupo de estudantes deve ter o
direito de inscrever uma chapa,
sem a imposição de um número mínimo.
Além disso, os estudantes
devem lutar por um Centro
Acadêmico que seja não por
curso, mas representante de
toda a Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas
(FFLCH), para fortalecer o
movimento dos estudantes de
conjunto, e enfraquecer a burocracia que se sustenta na falta de
participação dos estudantes. O
centro acadêmico por curso
facilita a dominação da panelinha
formada no centro acadêmico e
dificulta a unificação dos estu-
DITADURA DO ENSINO PAGO
Lista negra da educação entra
em vigor em todo o País
A iniciativa já foi aderida por
mais de 700 escolas brasileiras,
desde creches a universidades,
que utilizam do serviço para barrar matrículas de “inadimplentes”, reduzindo ainda mais o acesso à educação.
O constante sucateamento do
ensino público e a falta de vagas
nas escolas obriga a população a
recorrer ao ensino privado como
alternativa para manter os estudos
em dia. Porém, os grandes capitalistas, verdadeiros tubarões do
ensino, facilitados pelo governo
federal, se utilizam da falta desta
condição para elevar às alturas os
preços das mensalidades, colocando muitos estudantes e pais de
estudantes na situação de inadimplentes.
A “lista negra” é inconstitucional. As escolas passariam a ter
acesso a informações que serviriam apenas para coibir o estudante
de ser matriculado em outros estabelecimentos, inclusive, mais
baratos. Além disso, a população
seria jogada de um lado para o outro
no sistema educacional, pois de um
lado encontra escolas públicas de
péssima qualidade, sem a menor
estrutura para receber uma grande demanda de estudantes, assim,
ao apostar em uma alternativa,
como a rede privada, se vê impedido de estudar.
Segundo o assessor-chefe do
Procon de São Paulo, Carlos
Coscarelli, o cadastro é completamente ilegal, tomando por base
a lei nº 9870 de 1999, que delimita o que é financeiro da questão social na educação. A lei
impede que a escola possa bloquear uma matrícula por causa
de inadimplência, ou reter documento e impedir que o estudante
assista aulas ou faça provas.
Serão cadastrados os pais ou
responsáveis que tiverem um
atraso no pagamento da mensalidade de pelo menos 90 dias.
Além disso, o inadimplente não
tem acesso à lista, sem saber,
portanto, que seu nome está cadastrado. Pior do que no próprio
sistema oficial onde o nome da
pessoa fica “sujo”, mas ela tem
acesso a isso e ele pode ser “limpo”, neste sistema somente as
escolas poderão utilizar o servi-
dantes, cuja luta é contra uma
administração comum; a direção da FFLCH
Apenas evitando a participação da ampla maioria dos estudantes é que será mantido o
“grupo de amigos” na diretoria
das entidades.
Para que o Centro Acadêmico seja um instrumento para as
lutas estudantis é necessária uma
ampla mobilização para retirar a
burocracia estudantil que é uma
correia de transmissão da política da reitoria no movimento.
Somos contra qualquer interferência da reitoria no movimento estudantil e no direito à
livre organização dos estudantes.
O ranqueamento, por exemplo, é o resultado do sucateamento da universidade pública
e da Letras. Após passar por um
processo de vestibular que impede o acesso da maioria da
juventude à universidade, os
estudantes da Letras são obrigados a fazer um segundo vestibular, como conseqüência aos
sucessivos cortes de verbas
promovidos pelo governo estadual e sancionados pelo governo federal que impedem que os
cursos se estruturem minimamente.
Propomos a realização de um
congresso para a aprovação de
novos estatutos mais democráticos e que contenham a ampla
participação dos estudantes no
CAELL.
Propomos também a realização de novas eleições no início
do ano para renovar o centro
acadêmico e transformá-lo em
um verdadeiro instrumento da
luta dos estudantes.
Defendemos que o centro
acadêmico publique um órgão
informativo regular e realize
assembléias, reuniões e plenárias amplamente divulgadas para
garantir desta forma uma ampla
participação dos estudantes.
- Não ao ranqueamento!
- Mais verbas e contratação
imediata de professores para a
Letras!
- Retirada imediata da PM do
campus!
- Total liberdade de organização e manifestação para os estudantes e o movimento estudantil
- Cancelamento de todas as
sindicâncias
- Revogação de todas as punições!
- Manutenção dos espaços
estudantis
- Fim das câmeras, do controle da entrada e todos os
mecanismos totalitários de controle da vida estudantil
- Defesa do ensino público e
gratuito!
- Mais verbas para a universidade pública!
- Fim dos ataques à assistência estudantil (bandejão, moradia, bolsas)
- Ampliação e melhoria das
condições de estudo.
ço. Sem saber que o nome está
incluído na lista, o estudante pode
receber das mais variadas desculpas das escolas que, para não
contrariar a lei apresentada pelo
Procon, pode alegar qualquer
coisa e negar a matrícula, e nem
o inadimplente poderá “acertar as
contas”, uma vez que não sabe
porque seu nome está sendo
negado.
“É importante lembrar que,
mesmo inadimplente, o consumidor tem direitos. Ele não pode
ser incluído em qualquer banco
de dados sem ser avisado e ter a
chance de negociar”, alegou Maria Inês Dolci, coordenadora da
Associação Brasileira de Defesa
do Consumidor - Pro Teste.
O ensino de qualidade é uma
ficção no País, isso porque o
maior interesse do governo não
é o de oferecer os melhores cursos ou investir na educação de
fato, mas sustentar os grandes
tubarões do ensino. A educação
foi transformada num grande
pólo comercial, em mercadoria.
O governo, ao invés de investir
nas escolas e universidades públicas, para que estas possam receber cada vez mais estudantes,
incentiva a população a financiar a máfia do ensino, dando ainda o dinheiro público para as instituições privadas e isenções fiscais.
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
MOVIMENTO ESTUDANTIL 1 5
MORADIA DA UNICAMP
Por uma administração dos próprios moradores!
Um dos pontos mais polêmicos foi em relação às reformas. Os RD’s argumentaram
que algumas mudanças estruturais das casas afetam diretamente na rotina dos moradores,
Na última quarta, 5, ocorreu a casa onde guarda seus perten- como é o caso do espaço da
a reunião do Conselho Delibe- ces e um espaço privado de cada “laje”, onde os moradores das
rativo (CD) para discutir e de- estudante. Ter uma cópia das casas de piso superior instalacidir sobre os problemas da chaves sem, no mínimo ter vam o varal de roupas, já que
Moradia.
autorização dos moradores da este é o único espaço ao ar liAtualmente, a administração casa, é invasão de privacidade. vre desse tipo de casa. A preda Moradia é feita por um ConEm relação aos novos uten- feitura do campus, que é quem
selho Deliberativo, composto sílios (fogões, geladeiras, ca- está coordenando as reformas
paritariamente por professores deiras, mesas e colchões) que na Moradia, decidiu instalar um
e estudantes, sendo cinco repre- chegaram e que foram distri- telhado neste mesmo local.
sentantes de cada categoria, e buídos sem critério, deixando Assim, muitos moradores reum Conselho Executivo, com- muitas casas a ver navios, a clamaram de tal mudança, pois
posto pela administradora e administração alegou que antes não havia mais onde estender
funcionários da reitoria.
de fazer o pedido, um funcio- suas roupas. Ao ser colocado
Mesmo tendo, aparente- nário teria passado, em horá- que mudanças desse gênero,
mente, o mesmo número de rio comercial, nas casas para que afetariam a rotina das cavotos entre professores e fun- fazer um levantamento da ne- sas, fossem decididas em concionários, o prefeito do cam- cessidade. Porém, muitos junto com os moradores, o
pus, integrante da mesa, alegou moradores passam a maior prof. Édson, prefeito do camlogo no início da reunião que os parte do dia na Unicamp, como pus, alegou que não faria e nem
Representantes Discentes (RD) um estudante normal. O le- esperaria assembléia de moranão teriam direito a voto porque vantamento deveria ter sido dores nenhuma para decidir
ainda não foram referendados discutido entre os moradores, sobre as reformas, ainda sugeno Conselho Universitário para que o senso fosse realiza- riu que os moradores constru(Consu). Sendo assim, os mo- do no melhor horário confor- íssem um “grande varal coleradores não conseguiriam se me a rotina da moradia. Além tivo”. Os RD’s tentaram, então,
fazer represenexplicar novamente que
os estudantes moram
tar na reunião,
colocando em
nas casas, que eles saxeque, inclusibem melhor do que os
professores que mal
ve, os pontos de
pauta incluídos
comparecem às reunipelos moradoões mensais da moradia
sobre o que seria meres.
Durante a selhor para os próprios
mana que antemoradores, e que a decisão em conjunto decedeu a reunião
do CD, os RD’s
veria ser mantida, ou no
Vista panorâmica da moradia Unicamp.
pediram a inclumínimo haver um esforço para isso. A ressão de cinco
pautas, mas, foram justamente disso, algumas casas que posta da burocracia foi: “As
estas as menos discutidas.
constavam na listagem como casas são da Unicamp e conceEm um dos primeiros infor- casos prioritários, como da didas a vocês”.
mes apresentados, a adminis- B8-A (casa sem quarto onde a
tradora, Josely, informou que a administração entulhou quatro A moradia não é
administração teria uma cópia de moradoras irregularmente), um instituto!
todas as casas devido aos pro- foram simplesmente riscados
blemas de furtos. A moradia da lista, não havendo, portanA moradia não pode ser tranão é um instituto onde a dire- to, nenhum critério pré-estabeção tem as chaves das portas, lecido do recebimento dos no- tada como um laboratório de
a Moradia é um conjunto de vos utensílios. Agora, os mo- informática da Unicamp, em
casas onde moram estudantes radores terão que esperar mais que os computadores são cedide baixa renda que dependem do pelo menos quatro meses para dos aos estudantes. A moradia,
espaço para continuar seguindo serem “agraciados” com fo- de fato, pertence à Unicamp,
mas antes disso, está sob a resseus estudos, sendo, portanto, gões e geladeiras.
Durante a reunião do Conselho Deliberativo, a
burocracia universitária tentou a todo momento impor
regras na Moradia que não correspondem aos interesses
dos moradores
UNICAMP
ponsabilidade dos estudantes que
vivem lá. São os estudantes que
se esforçam para manter o local
agradável, em contato com a
comunidade, que se preocupam
em desenvolver projetos para a
melhor utilização dos espaços
coletivos. Só conhece a rotina da
moradia, quem mora lá. Portanto, esta burocracia, que mal freqüenta a moradia, que sequer
entende as regras de vivências
criadas pelos próprios moradores, não tem as mínimas condições para deliberar sobre a casa
dos estudantes.
A própria burocracia teve
que admitir isso quando a questão do fechamento do Ateliê sem
a consulta dos moradores foi levantada.
O Ateliê é um espaço de trabalho que foi transformado em
um problema para a administração. A questão é que a maioria
dos estudantes que utilizam o
local, procuram desenvolver
projetos artísticos para o Ateliê,
e isso ocorre já desde 2002.
A proposta da administração para o uso do Ateliê é que
a chave ficasse na portaria e
que o segurança abrisse e fechasse a porta, ou seja, os moradores não teriam acesso livre
ao espaço que foi construído,
e sendo o último espaço coletivo de acesso livre aos estudantes, os moradores se colocaram contra. O prefeito do
campus foi obrigado a concordar com os moradores, mas
alegou que não queria deixar a
responsabilidade sob nenhum
segurança do campus, para
evitar problemas para ele, ou
seja, sua proposta gira em torno de um interesse pessoal e não
do conjunto dos moradores.
Mesmo depois de muita discussão, a burocracia enrolou e
procurou se esquivar do problema a todo custo, não decidindo nada de fato no final.
Mais verba para a
Moradia!
Uma das questões que gerou
mais discussão foi em relação ao
orçamento da moradia. Como é
de praxe nessas reuniões do
Conselho, a administração não
apresentou novamente o orçamento da moradia.
Todas as reuniões os RD’s
exigem as planilhas de gastos da
moradia, mas a administração
sempre arruma uma desculpa
para não apresentá-la. A administradora procura se justificar
apresentando oralmente e superficialmente os gastos da moradia.
Segundo ela, mais da metade da
verba é gasta com o pagamento
dos funcionários da limpeza e
administração, e o restante é distribuído entre jardinagem e compra de materiais.
Nesta reunião foi apresentado um aumento de 50% no consumo da água das casas entre o
mês passado e este mês. Tão logo
a burocracia começou a culpar
os moradores e apresentar novas taxas de cobrança, foi denunciado pelos próprios moradores que há anos reclamam das
constantes torneiras, vasos e
chuveiros quebrados, e que sempre que solicitam o conserto à
manutenção, os funcionários alegam que não há material disponível e que os moradores devem
se responsabilizar pela compra de
novas torneiras, borrachas, pias
e descargas. Muitas das vezes,
os moradores não têm condições
de arcar com os gastos, ou não
conseguem comprar os materiais, pois as aulas são no mesmo
horário do comércio, perdurando o problema por meses seguidos.
A proposta da burocracia é
que fosse realizada uma campanha de conscientização, e que se
o problema fosse mantido, que
as taxas e cotas de consumo
fossem revistas. O que ocorre
na verdade, é que a SANASA,
empresa de água e saneamento
ambiental de Campinas, montará uma nova estação de tratamento em Barão Geraldo (Distrito onde se localiza a Unicamp), e que assim que entrasse em funcionamento cobraria
um serviço a mais da Unicamp.
Antes que a Unicamp gaste mais
com o básico da qualidade de
vida, ou seja, o saneamento
básico, a burocracia já se articula para jogar a culpa em cima
dos estudantes.
A falta de verba na moradia
já colocou por diversas vezes os
moradores em risco. A verba
que a moradia recebe mal cobre
os gastos com salários de funcionários e jardinagem, que dirá
dos problemas internos e estruturais, como é o caso das torneiras e janelas que quebram com
freqüência. Mesmo sabendo da
dificuldade em administrar o orçamento de maneira adequada, a
administração insiste em não
apresentar o orçamento aos
moradores. A verba da moradia
deve ser administrada pelos
moradores, para que seja investida de maneira a atender as necessidades prioritárias do local.
Por uma
administração dos
moradores!
Invasão de privacidade, arbitrariedades e falta de estrutura
são fruto de uma administração
feita por uma casta minoritária
de professores ligados diretamente à burocracia do Estado.
O único interesse dos professores em administrar a moradia, é o trampolim carreirista,
o aumento do salário e a contenção da organização dos estudantes, uma vez que a maior
parte das mobilizações do movimento estudantil, como a
ocupação da reitoria e o movimento TABA (ocupação de dois
anos do ciclo básico), foram
tocadas pelos moradores.
Como ficou explícito durante a reunião do Conselho Deliberativo, a burocracia procura
administrar a moradia conforme
seus interesses, e não para atender as necessidades dos moradores em busca de uma vivência de qualidade na moradia.
As deliberações da moradia
devem ser realizadas pelos
moradores. Somente os moradores sabem quais são as reais
necessidades da Moradia, portanto são os únicos capazes de
administrar o local de maneira
a buscar um desenvolvimento
maior pela vivência entre estudantes, buscando uma “morada” de qualidade. Desde o desenvolvimento de projetos, até
a compra de materiais para a
manutenção preventiva.
MORADIA DA UNICAMP
Engenharia Mecânica abre as Administração nega Centro
portas para empresas privadas de Vivência para moradores
Depois do expressivo aumento de vagas do curso de
Engenharia Mecânica da Unicamp - de 60 vagas em 2002
passou-se a admissão de 140
estudantes em 2003 -, que não
foi acompanhado de maneira
nenhuma pelo aumento de verbas e de infra-estrutura, o curso se viu com uma queda de
qualidade evidente. A ampliação não foi acompanhada nem
do aumento do corpo docente, nem do aumento da infraestrutura para dar conta do
contingente de estudantes. As
salas de aula ficaram lotadas e
os laboratórios tanto de engenharia quanto de informática
não suportavam a quantidade
de estudantes.
A única “solução” que tanto a burocracia governamental quanto universitária enxergaram foi a de deixar que empresas privadas financiem o
que o Estado deveria garantir.
Assim, a sala de computadores da Mecânica foi privatizada e ganhou o nome da empresa que a financiou: tornou-se
a Sala Schaeffler.
A princípio, pareceu aos
olhos dos estudantes que se
tratava de um bom negócio. A
sala ganhou equipamentos
mais avançados, foi instalado
ar condicionado e a sala foi
toda renovada, tornando-se
mais agradável para os estudantes. O que se viu depois foi
uma mostra do que, de fato,
ocorre quando se privatiza um
espaço que era público. A sala
deixou de ser um domínio dos
estudantes e passou a restringir o acesso aos estudantes.
A sala serve aos estudantes
de Engenharia Mecânica e
Mecatrônica. Estes últimos
utilizam os computadores mais
ainda devido à linha que segue
o curso, e tem suas aulas dadas no período noturno. A sala,
antes de ser privatizada, ficava aberta durante toda a noite.
Era comum ver estudantes virarem a noite dentro da sala,
fazendo trabalhos acadêmi-
cos. Há também alguns programas que demoram horas
para terminar de fazer cálculos e dar os resultados esperados. Então, muitas vezes, os
estudantes deixavam as máquinas trabalhando durante a
noite e somente no dia seguinte iam terminar os trabalhos
com os dados assim obtidos.
Acontece que, logo depois
de privatizarem a sala, esta passou a ser fechada a partir das
22h30, de segunda a sextafeira, além de simplesmente
não abrir nos fins de semana.
Quando chega o horário, todas
as máquinas desligam automaticamente e a sala é fechada.
Assim, o que a princípio pareceu um “presente” para os
estudantes, no fim mostrou-se
como um Cavalo de Tróia,
revelando seu verdadeiro caráter. A desculpa apresentada
pela diretoria para o fechamento da sala, como de costume,
foi a questão da “segurança”:
a sala deveria ficar fechada
para que ninguém roubasse
nada dela. Essa tem sido a desculpa mais usada para o aumento da repressão contra
todos os setores que representam a maioria, estudantes,
camponeses e operários. É a
mesma desculpa que visa pôr
polícia dentro das universidades para perseguir o movimento estudantil, a polícia nos
bairros para prender operários
e pistoleiros no campo para
assassinar os trabalhadores
sem-terra.
O problema da privatização
dos espaços públicos vai ainda mais longe. Nenhuma empresa aceita financiar algo sem
ganhar nada em troca. É muita ingenuidade acreditar que
uma empresa daria dinheiro
para financiar algo sem garantir
nenhum retorno para si (como
tentou afirmar o Psol ao aceitar dinheiro da Gerdau para
fazer campanha no Sul nessas
últimas eleições). O interesse
das empresas em financiar
universidades públicas é a
compra da pesquisa em tal instituição. A empresa entra com
o dinheiro e a universidade
entra com os cérebros, mãode-obra qualificada e barata,
como são os estagiários, ou
mesmo pesquisas feitas de
graça pela universidade, que
são doadas para que a empresa use a tecnologia desenvolvida para obter mais lucros.
Não apenas a pesquisa será
feita para a empresa, mas a
única pesquisa possível de ser
realizada será a que interessar
a empresa.
Os estudantes de ambos os
cursos - Mecatrônica e Mecânica - se mobilizaram para discutir o problema e lançar propostas para que a sala voltasse a ser acessível para os estudantes quando eles precisassem. Após conversar com
a diretoria, esta garantiu que
a sala voltaria a estar aberta
em períodos de provas e entregas de trabalho, que são os
períodos em que a sala é mais
solicitada. Ou seja, os estudantes foram obrigados a
pedir “por favor” para usar
“de vez em quando” uma sala
que deveria pertencer a eles.
A privatização dos espaços
da universidade pública nada
mais é do que a dominação da
ciência pela burguesia de forma mais acabada, que a utilizará não para seu desenvolvimento e aplicação para solucionar problemas da humanidade, mas sim para obtenção
de lucros e satisfação de interesses de uma minoria em detrimento da maioria.
É necessário ressaltar ainda que o processo que ocorreu no curso de Engenharia
Mecânica da Unicamp é o
mesmo que ocorre em nível
nacional: os governos procuram sucatear ao máximo o
ensino público, por exemplo
cortando verbas, para depois
usar como pretexto o estado
lamentável em que foi deixada a universidade para promover sua privatização.
O acesso livre aos espaços
coletivos da moradia acabaram.
A administração se negou a devolver o último Centro de Vivência aberto depois de fechar o
Ateliê.
Os estudantes da moradia da
Unicamp estão planejando há
alguns meses um projeto de integração dos moradores. O projeto tem como objetivo a reativação do CV-04 (Centro de Vivência) que visa a criar um espaço para lazer e discussões.
O CV-04 é um dos últimos
espaços de vivência coletivos da
moradia. Atualmente existem
salas de estudo, Centros de Vivência (CV) e as Torres. Todos
estes espaços estão ocupados
com projetos de extensão organizados pelos próprios moradores, porém o CV-04 ainda estava livre para receber um novo
projeto.
Desde 2005, os moradores
enfrentam dificuldades em utilizar o CV-04. Isso porque até
quatro anos atrás o espaço estava desativado devido a uma infestação de abelhas que colocavam os moradores em risco.
Depois de se livrar das abelhas,
a moradia passou a utilizar o CV
como depósito de materiais. Em
2006, os moradores organizaram o II Festival Artístico-Cultural Virada da Lua e exigiram a
reutilização do CV-04 para lazer
dos moradores. O CV foi desocupado e lá foram instalados um
fogão industrial, uma cozinha e
banheiros para o uso coletivo
dos projetos dos moradores.
Com as reformas dos blocos,
a administração no início do ano
de 2007, assinou um contrato
com a empresa de construção
sem consultar os moradores,
permitindo a utilização do CV04 novamente como depósito
das obras. Com isso, os moradores estão impedidos de reativar o CV e colocar o projeto de
integração em prática.
Essa foi uma medida arbitrária da administração da moradia,
pois além de tomar uma decisão
que influencia diretamente na
vida dos moradores sem consultá-los, colocou em risco
todas as casas ao redor. As reclamações dos vizinhos do CV04 são recorrentes. Em diversas reuniões do Conselho Deliberativo foi denunciado que os
funcionários da empresa responsável pelas reformas estariam utilizando o campo de
futebol em frente ao CV para
realizar festinhas particulares,
além de usar o campo como
estacionamento, estragando o
gramado. O espaço foi tomado
por madeiras e demais materiais de construção, o que permite
a formação de ninhos de ratos
e animais peçonhentos próximo
às casas.
Este não foi o único espaço
coletivo tomado pela administração. O Ateliê é um espaço
conquistado pelos moradores
depois de muita luta. É um espaço de convívio e de trabalho
dos moradores. É no Ateliê, por
exemplo, onde são criados os
materiais de alegoria do carnaval de rua de Barão Geraldo
(Distrito onde se encontra a
Unicamp), também é no Ateliê
que funciona a “TV Piolho”,
televisão livre dos estudantes da
Unicamp. Durante todo esse
ano os moradores sentiram dificuldades em acessar o espaço. Isso porque a chave, que
antes era controlada por quem
trabalhava no Ateliê passou a
ficar sob o domínio da segurança, dificultando o acesso
livre dos moradores. No início
deste semestre, a segurança,
orientada pela administração,
fechou o espaço sem consultar
se quer os moradores que trabalham no local.
O fechamento do Ateliê prejudicou não só a reunião de
moradores que ocorria no local,
mas todo o trabalho artístico
dos moradores e deixou a televisão dos estudantes fora do ar,
sem contar o bloqueio dos
materiais que estavam guardados no espaço.
Em uma reunião com a administração no último dia 30 de
outubro, sobre o projeto de integração, a administração se
negou a negociar com a empresa para a devolução do CV-04.
Durante a reunião, a administradora Josely tentou “empurrar” o projeto para outros espaços, como por exemplo, as
Torres. Uma medida inviável,
uma vez que as paredes da
Torre são as mesmas dos quartos das casas, não podendo
assim haver barulho no local. O
projeto prevê uma sala de jogos, exibição de filmes e reuniões e não pode ser realizado em
qualquer lugar, e muito menos
onde possa prejudicar outros
moradores. Outra tentativa da
administradora Josely, foi o de
fazer o projeto acontecer junto
à biblioteca. Outra proposta
inaceitável, pois seria ocupado
um espaço que também foi
conquistado a duras penas e
pensado para ser uma biblioteca e se desenvolver nesse sentido.
Os moradores não podem
aceitar que a administração
continue tomando tais medidas
autoritárias. Tanto o CV-04
quanto o Ateliê devem ser imediatamente devolvidos aos moradores e geridos por estes.
Assim como as deliberações da
moradia, seja de mudança de
espaço, seja de orçamentos ou
regras de vivência devem ser
decididas por quem mais tem
interesse sobre a moradia, ou
seja, os próprios moradores.
São os moradores que enfrentam as dificuldades cotidianas
da moradia, são eles que moram, estudam e vivem lá, ao
contrário dos professores que
se propõem a estar na administração por uma questão carreirista e que não dependem do
local para manter um vínculo
com a universidade e poder
estudar, os moradores são os
únicos capazes a administrar o
local de maneira democrática e
que atenda prioritariamente às
suas necessidades, uma vez
que são os únicos verdadeiros
interessados.
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
1928-2008 PARTE III
HISTÓRIA 16
A SANTA MÁFIA
A obra contra-revolucionária da Opus Dei
de 1966, o general Juan Carlos
Onganía (1966-1970), membro
da Opus Dei, liderou um golpe
de Estado após um período de
“retiro” religioso numa das escolas da “Obra”. Sob a sua tutela
destruiu uma série de conquistas
sociais até então em vigor, como
a escola laica.
Sempre que os militares estiveram no poder a Opus Dei esteve
muito à vontade. Na ditadura
do general Jorge Videla (19761981), este conferiu muitos
favores e elegeu vários membros
A América Latina é um dos prin- peruana durante duas décadas”. da Opus Dei para as instituições
cipais redutos da Igreja Católica, Em janeiro de 2001, o próprio do regime. Mas nos tempos de
que se apóia sobre as estruturas escritor peruano conservador “democracia” a organização
políticas e econômicas atrasadas Vargas Llosa disse na Univer- também foi muito favorecida.
do continente. Não por acaso VLGDGH 3HUXDQD GH &LrQFLDV No governo de Carlos Menem
houve várias ditaduras militares Aplicadas que “a Opus Dei é (1989-1999), vários dos seus minas últimas décadas. A Igreja um setor muito minoritário, mas nistros eram numerários da Opus
exerce nesta parte do mundo poderoso, totalmente integrado Dei7DPEpPGXUDQWHRJRYHUQR
IRUWHLQÀXrQFLDLGHROyJLFDHQWUH na ditadura e que vai ser um obs- justicialista de Néstor Kirchner
a classe operária e apoiou todas táculo para a democratização”. (2003-2008), o ex-ministro da
as ditaduras de direita contra o Fugimori é um supranumerário e Justiça, Gustavo Béliz, foi um
ascenso revolucionário dos tra- durante seu governo foi apoiado reconhecido ministro da Opus
balhadores. Uma das principais pelo direitista Partido Renova- Dei. Ele já havia representado o
frentes da direção da Igreja na ção Nacional, cujo presidente é governo Menem e foi um dos caAmérica Latina foi o combate à o numerário Rafael Rey.
beças da “Obra” na Argentina.
FUHVFHQWHLQÀXrQFLDGD7HRORJLD O arcebispo de El Salvador, A Opus Dei está por trás de golda Libertação, escola fundada Fernando Saenz Lacalle, um dos pes e tentativas de golpes contra
pelo teólogo peruano Gusta- principais numerários da Opus os governos que não lhe convo Gutiérrez, levado à frente Dei IRL XP LPSRUWDQWH DUWt¿FH vinham e que não convinham
também pelo norte-americano de todas as ditaduras militares e ao imperialismo e à burguesia
Cornell West e pelo brasileiro sabe de todos os assassinatos e local. Em ação conjunta com
/HRQDUGR %RII$ 7HRORJLD GD desaparecimentos de milhares de Washington e a CIA, a podero/LEHUWDomRIRLEDVWDQWHLQÀXHQWH membros que foram da oposição, sa seita católica esteve por trás
entre as Comunidades Eclesiais incluindo membros da própria da tentativa frustrada de golpe
de Base (CEB) a partir da dé- Igreja, como a morte do arce- contra o presidente venezuelano
Hugo Chávez. O ex-embaixador
dos EUA em Caracas até agosto de 2004, Charles Shapiro,
e o ex-assessor do presidente
norte-americano para assuntos
latino-americanos, Otto Reich,
são membros destacados da
Opus Dei.
O frustrado golpe de abril de
2002 fora planejado por memEURVTXDOL¿FDGRVGDOpus Dei. O
empresário Pedro Carmona, que
havia se auto proclamado presidente quando Chávez deixou o
poder por dois dias, é da Opus
Dei e a proclamação política
sobre o anúncio do golpe foi
redigida por sua organização. O
deputado José Rodriguez Iturbe
– nomeado ministro das Relações Exteriores durante o Golpe
de Estado e membro da Opus
Dei - é também um dos principais opositores de Chávez e está
por trás de todas as conspirações
contra o regime venezuelano,
assim como o cardeal Baltazar
Porras, também um golpista.
A estatal petrolífera PDVSA foi
cada de 70. Considerado pela bispo Óscar Romero. Escolhido durante muito tempo controlada
cúpula eclesiásticas como um como arcebispo por seu conser- por membros ativos da Opus Dei
ensinamento “marxista” por suas vadorismo, uma vez nomeado e desempenhou um papel central
preocupações sociais e pela sua aderiu às denúncias durante a de sabotagem econômica.
SROtWLFDGHHVTXHUGDD7HRORJLD Guerra Civil de El Salvador. Foi
da Libertação nada mais é que assassinado em 24 de março de O Chile da Opus Dei
uma ideologia liberal, de esquer- 1980 por um atirador de elite do
Foi, no entanto, no Chile, o caso
da burguesa, recoberta com um exército salvadorenho.
certo verniz de vocabulário mar- Durante a crise financeira do mais importante da participação
xista, em voga em todas as cores Uruguai em meados de julho da Opus Dei no regime militar.
da esquerda latino-americana de 2002, vários membros da O Chile constituiu-se como a
durante anos e, até mesmo, na família Peirano (donos do El segunda casa da Opus Dei depois
própria burguesia nacionalista e Observador) foram presos, to- da Espanha, tanto que até hoje
liberal. No entanto, o Vaticano dos membros da Opus Dei. Esta FRQWD FRP JUDQGH LQIOXrQFLD
passou a combater essas idéias família está estreitamente ligada nas instituições bancárias e na
com vigor, dando a tarefa à Opus ao Banco de Montevidéu, Banco indústria do País.
Dei. A organização foi bastante Velox e várias outras instituições A “Obra” iniciou seus trabalhos
contundente também no combate ¿QDQFHLUDVGR3DUDJXDLH%UDVLO no Chile com o golpe militar do
ao movimento pró-aborto.
Só no Banco de Montevidéu general Augusto Pinochet, após
$³6DQWD0i¿D´FRPRSRGHVHU essa família desviou mais de a queda do presidente eleito
referida esta organização, desen- US$ 390 milhões. Controlam pela frente popular, Salvador
volveu-se com muita facilidade, também outros jornais e revistas Allende, que se suicidou no dia
do golpe, em 11 de setembro de
como se viu, durante o regime uruguaias.
fascista espanhol de Francisco Na ditadura militar, a Opus Dei 1973. Para dar sucesso ao golpe,
Franco. No continente america- esteve ligada à seita de Moon [do grande parte das armas adquiriQRWDPEpPQmRWHYHGL¿FXOGDGH sul-coreano Sun Myung Moon, das pelas Forças Armadas chilede se desenvolver. Em todos os ³DXWRSURFODPDGRWHUFHLUR¿OKR nas foi fabricada pela Industrial
países obteve estreita relação de Deus depois de Adão e de Je- Engineering Designers Limited,
com os governos e com os negó- sus Cristo”], um sustentáculo do controlada pela Opus Dei. A emFLRVGDFLUDQGD¿QDQFHLUD
general fascista Gregório Alva- SUHVDIRLIXQGDGDSHORLUODQGrVH
Na Nicarágua, durante a pre- rez (1981-1985). O governo do QXPHUiULR6HDPXV7LPRQH\TXH
VLGrQFLD GH (QULTXH %RODxRV ex-presidente Luis Alberto La- foi professor de engenharia na
(2002-2007), a Opus Dei man- calle (1990-1995) elegeu vários University College, em Dublin.
teve uma ligação bem estreita membros da Opus Dei para o seu Pouco antes de morrer, José MaFRP HVWH JRYHUQR 7HYH QR gabinete. O ex-ministro da Saú- ria Escrivá de Balaguer disse que
governo o ex-presidente do de, Carlos Delpiazzo, aprovou as dezenas de milhares de assasConselho Superior Eleitoral, Ro- neste governo medidas como a sinatos praticados pela ditadura
berto Rivas, conhecido por todos suspensão da campanha contra a foram “necessárias”, admitindo
como um membro da “Obra” e AIDS. Outro ministro, Mariano HOHPHVPRRTXHRV¿pLVFmHVGR
mais conhecido ainda por seu Brito, proibiu as fecundações golpe negaram até hoje.
envolvimento com corrupção e in vitro e o ex-diretor do Banco Sob o regime dos militares, a
desaparecimentos de cheques na Central, Ramon Diaz, também Opus Dei enviou na década de
60 o sacerdote espanhol José
instituição para qual trabalhou. foi um membro da Opus Dei.
1HVWHPHVPRSDtVRFDQDOGH79 O presidente de Honduras, o pró- 0LJXHO,EDxH]/DQJORLVSULQFLestatal também esteve envolvido imperialista Rafael Leonardo pal ideólogo da seita na América
em corrupção, com denúncias Callejas (1990-1994), país onde Latina. Ele arregimentou dois
contra membros da Opus Dei.
José Maria Escrivá de Balaguer importantes apoiadores de PiNo Peru, os anos dourados da esteve exilado por alguns anos, nochet, Jaime Guzman e Alvaro
Opus Dei aconteceram durante FRQFHGHXR³WtWXORGH¿OKRSUHGL- Puga, que logo se tornariam
o governo contra-revolucionário lecto das Honduras” ao fundador editores do jornal El Mercurio.
2SDGUH,EDxH]/DQJORLVGHVHPde Alberto Fujimori, que lhe deu da “Obra”.
o seu apoio irrestrito. Um dos No Haiti, o governo deposto do penhou neste jornal a curiosa
mais ativos membros da “seita”, ex-padre Jean-Bertrand Aristi- função de “crítico literário”.
o cardeal de Lima, Juan Luis de, que era contra a Opus Dei, Além do próprio Pinochet, ouCipriani, foi o braço católico foi alvo de várias conspirações tros dois dos principais membros
dos assassinatos e perseguições contra este governo. Ele mesmo da Junta Militar, o general Jaime
cometidos pelo sinistro ex-presi- D¿UPD WDPEpP TXH IRUoDV GRV Estrada Leigh e o almirante José
dente peruano. O próprio cardeal EUA o haviam seqüestrado para Merino, foram membros supranão só admitiu as práticas deste tirá-lo do poder. Vive atualmente numerários ou cooperadores da
Opus Dei. Dias após o golpe,
governo como as defendeu: “As na África do Sul.
mortes, os desaparecimentos e A Opus Dei está presente nos Escrivá viajou para Santiago do
os abusos fazem parte da con- principais acontecimentos da Chile para celebrar uma ação
frontação vivida pela sociedade história da Argentina. Em junho de graças em honra ao seu mais
No dia 2 de outubro completaram-se 80 anos da organização católica Opus Dei, uma organização até pouco
desconhecida, apresentada geralmente como um tipo de
seita católica ou até mesmo uma sociedade secreta. No
entanto, a idéia de “seita” só serviu para ocultar o fato de
que esta poderosa organização formou dentro da Igreja
um lobby político decisivo e se fundiu ao longo dos seus
oitenta anos com todos os governos de direita e extremadireita, apoiando ditaduras militares na América Latina e
o imperialismo mundial. Sua história foi construída em
meio à corrupção, perseguição e assassinatos, incluindo
até mesmo a suspeita de assassinato de um papa
QRYR³¿OKRHVSLULWXDO´$XJXVWR
Pinochet.
7RGR R SODQR RUTXHVWUDGR SHOD
CIA foi estudado e planejado no
detalhe no interior do Instituto
de Estudos Gerais, pertencente
à Opus Dei. Os fundadores deste
instituto foram Álvaro Puga,
Herman Cubillos, Pablo Barahona e Jaime Guzmán, todos
membros da Opus Dei. Estes
WUrVFXPSULUDPSDSpLVGHFLVLYRV
na ditadura de Pinochet. Álvaro
Puga foi o porta-voz de Pinochet,
Herman Cubillos, ministro dos
Negócios Estrangeiros e Pablo
Barahona, ministro da Economia
e presidente do Banco Central,
tendo ainda Jaime Guzman
como redator da nova Constituição. Barahona, também membro
da Escola de Chicago, de Milton Friedman, foi responsável
pela destruição das conquistas
trabalhistas e sociais chilenas,
levando a população às suas
piores condições de vida.
Pinochet morreu sem ser condenado por nenhum de seus crimes.
Chegou a ser preso em regime
domiciliar em Londres, mas logo
em seguida um juiz espanhol, o
Vaticano e a Opus Dei usaram
de todo seu poder para mover
o processo contra seu “filho
espiritual” e o levando de volta
para o Chile.
Vale lembrar que no aniversário
de 50 anos de casamento de
Pinochet, celebrado em 1993, o
papa João Paulo II enviou suas
felicitações. No aniversário
seguinte, em 1994, chegou a
enviar por meio de uma videoFRQIHUrQFLD QRYDV IHOLFLWDo}HV
ao seu “defensor da fé”. A Opus
DeiSRVVXLDWpKRMHPXLWDLQÀXrQFLDHQWUHDV)RUoDV$UPDGDVH
universidades chilenas.
Dei a se ordenar sacerdote foi
o Monsenhor Pedro Barreto
Celestino, que após um período
em Roma recebeu do próprio
Escrivá sua ordenação sacerdotal, em 1971. Na verdade, o
fundador da Opus Dei passou
um tempo no Brasil, entre 22 de
maio e 7 de junho de 1974, em
São Paulo. Suas missas foram
proferidas no Parque Anhembi,
onde chegou a reunir cerca de
WUrV PLO SHVVRDV H WDPEpP QR
auditório Mauá, onde reuniramse duas mil pessoas. É claro que
Escrivá não se apresentava como
o fundador da organização que
deu suporte ao regime fascista
espanhol, aos golpes militares
na América Latina e no Brasil e
aos assassinatos e esquemas de
FRUUXSomR QD SUDoD ¿QDQFHLUD
em todo o mundo.. Em 28 de
maio daquele mesmo ano, José
Maria Escrivá foi acompanhado
SRU ¿pLV H RXWURV PHPEURV GD
Opus Dei durante uma romaria
ao Santuário Nacional de Nossa
Senhora Aparecida.
'XUDQWH TXDVH WUrV GpFDGDV D
Opus Dei trabalhou para consolidar seus trabalhos no País.
A partir de 1975 já realizavam
várias atividades culturais e
VRFLDLVSDUDDJUHJDUPDLV¿HLV
A essa altura já haviam inaugurado sedes no Rio de Janeiro,
Belo Horizonte, Porto Alegre,
Curitiba, Londrina, Brasília,
Campinas, Ribeirão Preto, São
José dos Campos, Niterói e muitas outras cidades, onde atuaram
com trabalhos menores, porém
sempre centralizados pela Opus
Dei em São Paulo. Até a década
de 70, a Opus Dei dividia ainda
a simpatia dos católicos de
H[WUHPDGLUHLWDFRPD7UDGLomR
)DPtOLDH3URSULHGDGH7)3
Segundo a própria organização,
A “Obra” no Brasil
a Opus Dei conta atualmente
no Brasil com 1.700 membros,
A Opus Dei não deixou de ter incluindo muitos padres e sacerEDVWDQWH LQÀXrQFLD QR PDLRU H dotes nas igrejas e dioceses.
mais importante País da América Latina. Seus trabalhos no Nas entranhas
Brasil tiveram início a partir da burocracia
de 1957, em Marília, no estado
de São Paulo, quando o então A Opus Dei tem forte presença
bispo D. Hugo Bressane de nas universidades, principalAraújo insistiu com José Maria mente na USP (Universidade
Escrivá que fosse instituído um de São Paulo), nas Faculdades
centro da Opus Dei no País. Foi de Direito e Medicina. Vários
então que alguns membros da membros e cooperadores da
“Obra” se dirigiram ao Brasil, Opus Dei fazem parte do corpo
o padre Jaime Espinosa Anta, o docente universitário, como o
médico José Luís Alonso Nieto numerário Inácio Poveda Velase o advogado Félix Ruiz Alonso, co e o diretor Eduardo Marchi.
considerados os fundadores da O professor da Faculdade de
0HGLFLQD/XL](XJrQLR*DUFH]
Opus Dei no Brasil.
Nesta mesma cidade foi fundado Leite, é um dos mais ativos ideótambém um centro feminino, logos da seita, divulgando incluiniciado com os trabalhos da VLYHSDQÀHWRVFRQWUDDHGXFDomR
professora Gabriela Malvar Fon- mista. Existem membros da
seca, da nutricionista Rosário Opus Dei também na Unicamp
$ORQVRHGD¿OyVRID0DULD&ODUD (Universidade de Campinas),
UFRJ (Universidade Federal do
Constantino.
Como previsto, um ano depois Rio de Janeiro) e UnB (Univera Opus Dei foi erguida em São sidade de Brasília).
Paulo, capital, num apartamento Além das universidades, a Opus
improvisado na rua Piauí, mas Dei possui também grande
logo depois, em fevereiro de LQÀXrQFLD QR PHLRMXUtGLFR-i
1959, abriu um novo centro da na década de 50 essa era uma
5HVLGrQFLD8QLYHUVLWiULDGR3D- das suas principais instâncias
caembu, na rua Gabriel dos San- de atuação. Um dos principais
tos, nº 370. Como em Marília, membros em São Paulo foi José
um centro feminino também foi Geraldo Rodrigues Alckmin,
inaugurado, em maio de 1960, QRPHDGRPLQLVWURGR67)6XQD5HVLGrQFLD8QLYHUVLWiULD-D- SHULRU 7ULEXQDO )HGHUDO SHOR
camar, na Rua Gabriel Monteiro governo Médici, em 1972, e tio
da Silva, nº 613. Os trabalhos de do ex-governador de São Paulo
fundação da Opus Dei seguiam Geraldo Alckmin, este também
as mesmas estratégias desde a membro da Opus Dei.
sua criação na Espanha por José 2FXSDPWDPEpPFDUJRVQR7ULMaria Escrivá, fundando centros bunal de Justiça de São Paulo.
da Opus Dei HP UHVLGrQFLDV Ao menos 25% a 40% dos juízes
universitárias para atrair jovens de primeira instância no estado
são da Opus Dei, assim como
estudantes de classe média.
Outros membros da Opus Dei entre os promotores paulistas.
vindos da Espanha e de Portugal Muitos processos e acusações
chegaram ao Brasil. O padre FRQWUD LQÀXHQWHV MXt]HV H SURXavier de Ayala Delgado e um motores envolvidos na criação
grupo de missionários impul- de milícias em são Paulo e no
sionaram um trabalho de propa- Rio de Janeiro são arquivados
ganda secreta da “Obra”. Jovens com a articulação dos membros
universitários, profissionais da Opus Dei7DOpRFDVRGRDUliberais, operários (estes arre- quivamento do processo contra
gimentados fundamentalmente Saulo Abreu Filho, ex-secretário
para servirem como numerários, de segurança durante o governo
ou seja, aqueles que se dedicam Alckmin, acusado de organizar
integralmente à manutenção de verdadeiros esquadrões da morsuas sedes e centros), solteiros, te contra trabalhadores.
casados participavam periodi- 1RUDPR¿QDQFHLURQmRpGLItFLO
camente de cursos de formação LGHQWL¿FDUDVOLJDo}HVGD³2EUD´
e doutrinação católica. Partici- brasileira com a espanhola,
pavam de “retiros espirituais” e de onde surgiu e o seu alinhacírculos cristãos. Muitos centros mento com o chamado modelo
masculinos e femininos foram neoliberal decretado pelos cafundados em São Paulo ao longo pitalistas depois do período das
da década de 60. Já em 1967, ditaduras militares.
WUrV DQRV DSyV R JROSH PLOLWDU Com seus membros empregados
a Opus Dei possuía no Brasil na cúpula do Banco Santander,
vários centros escolares e cursos esta instituição comprou o Banesde teologia, como o Centro de pa e o Meridional, enquanto que
Convívios Sítio da Aroeira, em o BBVA (Banco Bilbao Vizcaya
Santana do Parnaíba, município Argentária) recebeu os ativos do
da Grande São Paulo. No mu- Banco Excel-Econômico e do
nicípio de Cotia, existiu nesta PROER (Programa de Estímulo
mesma época a Casa Moinho, à Reestruturação e ao Fortaleque realizava os mesmos tipos cimento do Sistema Financeiro
Nacional) durante o governo de
de atividades.
O primeiro brasileiro da Opus Fernando Henrique Cardoso.
Seu monopólio atinge também
a imprensa. Não só no Brasil,
mas em muitos outros países
latino americanos, como o El
Observador, no Uruguai; o El
Mercurio, no Chile; o La Nación, na Argentina e O Estado de
S. Paulo, no Brasil.
O membro mais importante da
Opus Dei na imprensa brasileira
é o professor de pós-gradução
da Universidade de Navarra, Carlos Alberto di Franco,
numerário e comentarista do
Estadão e da Rádio Eldorado.
Outro importante membro é o
também numerário Guilherme
Doring Cunha Pereira, herdeiro
da Gazeta do Povo, no Paraná.
O principal nome da organização no Brasil é jurista Ives
Gandra da Silva Martins. Assim, como ele, um número exSUHVVLYRGH¿JXUDVLQÀXHQWHVQR
interior da burguesia pertecem
discretamente à seita católica
facistóide.
Nos últimos anos, depois que
os planos do imperialismo
norte-americano e da Opus
Dei fracassaram na Venezuela,
a organização investe politicamente em Joaquím Lavín, no
Chile, e Geraldo Alckmin, no
Brasil. Mas nenhum dos dois
conseguiu emplacar na política
nacional dos seus respectivos
países. Lavín perdeu a eleições
presidenciais para Michelle
Bachelet e Alckmin perdeu para
Lula. Com eles a Opus Dei tenta
criar um vínculo mais estreito
com os governos da Colômbia
e do Peru, onde ainda contam
com bastante força política.
Com o carimbo do Vaticano,
a Opus Dei, um dos pilares da
Igreja Católica e da propagação
a ideologia de extrema-direita e
do imperialismo, realiza neste
momento uma campanha profundamente reacionária contra
os direitos básicos das mulheres
e contra métodos científicos
avançados para a cura de doenças, como o uso das célulastronco e embriões em pesquisas
FLHQWt¿FDVHWF
Desta campanha, notoriamente impulsionada pela
Igreja Católica e, por meio
dela, obviamente pela Opus
Dei, participam como expoentes não apenas os tradicionais elementos da direita
burguesa, mas também elementos que se apresentam
como sendo de esquerda ou
de partidos de esquerda,
como o deputado petista Luiz
Bassuma, a presidenta do
Psol, Heloísa Helena e vários
outros parlamentares destes
dois partidos.
A Igreja quer, às custas do sofrimento da população impor
uma ditadura para as mulheres
e a população em geral.
Com o aval do governo Lula e
de todos os outros governos corruptos, a campanha dirigida pela
Igreja Católica contra o direito
ao aborto e pela sua transformação em crime iniciou a perseguição de cerca de 10 mil mulheres
que estão sendo investigadas,
WUrVPLOGDVTXDLVMiFRQGHQDGDV
pelo “crime de aborto” no Mato
Grosso do Sul.
A campanha em questão, apresentada como “em defesa da
vida” é uma clara tentativa
repressiva para intimidar e colocar em estado de sítio metade
da população, com a repressão
policial, abençoada pela moralidade hipócrita da Igreja e
dos fascistas da Opus Dei cujo
respeito à vida se pôde ver na
Espanha, no Chile e em tantos
outros lugares. A campanha
não se limita ao aborto, mas
abrange os anticoncepcionais,
o sexo fora do casamento, o
divórcio e vários outros direitos
das mulheres que busca atacar e
para o qual o aborto nada mais é
que a porta de entrada, uma vez
que serve para uma exploração
cínica e criminosa com os sentimentos das mães etc.
O caso mostra com clareza que
a campanha realizada no Congresso Nacional, parte do lobby
reacionário da Igreja Católica
e de setores do imperialismo
mundial contra a legalização
do aborto no Brasil é, antes
de tudo, uma campanha pelo
aumento da repressão.
Os trabalhadores da cidade e do
campo, o movimento popular e
operário em todo o País, bem
como a juventude, as mulheres
e os negros devem prestar a
máxima atenção aos desenvolvimentos desta campanha pelo
aumento da repressão no país
conduzida pelo imperialismo
mundial, pelos grandes capitalistas nacionais, pela direita e
pela Igreja.
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
CRISE NO CONGO CRISE DO IMPERIALISMO
Em conflito: diamantes, ouro e sangue
As tropas do general tutsi Laurent Nkunda avançaram
em direção a Goma, a Oeste da República Democrática
do Congo, onde tropas do governo afirmaram não
garantir nenhuma segurança. A crise regional africana
é um produto da crise mundial do imperialismo
As últimas semanas foram
marcadas pelo conflito entre as
tropas do general tutsi Laurent
Nkunda e as forças do governo da
República Democrática do Congo na porção oriental do país e
pela tentativa de negociação intermediada pela ONU Organização
das Nações Unidas). Um acordo
de paz firmado entre o governo e
as tropas de Nkunda foi suspenso em agosto deste ano, impulsionando uma nova onda de conflito aberto.
No final de outubro, as tropas
de Nkunda, um tutsi, do Congresso Nacional para a Defesa do Povo
(CNDP) declararam cessarfogo, após quatro dias de conflitos. O CNDP acusava o Exército
do Congo de ter colaborado com
as Forças Democráticas para a
Libertação de Ruanda (FDLR),
que inclui milícias da etnia hutu e
Kagame, também tutsi e, ao que
indicam as informações da imprensa internacional, é um apoiador de Nkunda na expectativa de
conseguir que o governo congolês desarme as milícias hutus que
ameaçam a região da fronteira
com o seu país.
No auge do conflito
O general Nkunda chegou a
tomar o controle de várias das
principais cidades do País, assim
como algumas bases estratégicas
das tropas governamentais congolesas, o que forçou milhares de
aldeãos a fugir para locais mais
seguros.
Em declaração à agência de
notícias Reuters, o comandante
responsável pelas operações do
Exército congolense em Kivu
Doze mortos foram encontrados em Kibati. O cessar-fogo
declarado uma semana antes foi, na prática, suspenso.
ex-soldados ruandenses que participaram do genocídio contra os
tutsis no País em 1994.
O massacre contra os tutsi em
Ruanda há quase 15 anos atrás,
com quase 800 mil mortos, é o
pano de fundo para a crise atual.
Uma expressão regional de uma
crise que envolve em um plano
mais geral os interesses contraditórios de duas alas do imperialismo mundial.
O presidente ruandês, Paul
Norte, a região da qual a cidade de
Goma é capital, o coronel Delphin
Kahimbi, disse que “a situação é
muito séria”.
“Não vai passar muito tempo
para que saiamos daqui”, acrescentando que as forças tutsis
estão “fortemente armadas”.
Oficiais das tropas da ONU
(Organização das Nações Unidas) informaram que seus soldados tiveram que fugir e evacuar
cerca de 50 estrangeiros que se
encontravam em Rutshuru. “O
exército não pode garantir a segurança. Há um pânico total na
cidade”, explicou o porta-voz da
ONU, Evo Brandau. Praticamente a repetição do que fizeram em
1994 na vizinha Ruanda, deixando para trás a população indefesa nas mãos de um grupo fortemente armado e insuflado pelo
próprio imperialismo detrás da
ONU: levam os brancos e ricos
europeus e ocidentais e deixam
para trás, para que se matem
entre si, negros miseráveis de
armas na mão.
Alguns dos estrangeiros retirados são funcionários da organização Médicos Sem Fronteiras,
que disseram à Reuters terem
ouvido explosões do local onde
estavam, no principal hospital da
cidade. “Em Rutshuru a população foge para o Norte”.
45 mil deslocados
pelo conflito
Desde o reinício dos conflitos armados em agosto, mais de
45 mil pessoas já fugiram segundo estimativas das Nações
Unidas em direção aos campos
de refugiados ou para outros países fronteiriços, como Ruanda
e Uganda.
Segundo um informe divulgado pelo International Rescue
Committe (Comitê Internacional de Resgate, IRC), cerca de
45 mil pessoas morrem a cada
mês na República Democrática
do Congo em conseqüência direta ou indireta da crise que tomou conta do país e que se desenrola desde a chamada Segunda Guerra do Congo, em 1998.
Metade das vítimas são crianças
que padecem por causa de doenças como malária e outras
epidemias.
A fachada
“democrática”
para uma
carnificina
A missão da ONU no Congo
é a maior do mundo, com cerca
de 17 mil soldados instalados no
país desde fevereiro de 2000. No
entanto, quanto maior sua capacidade militar, maior é a sua crise.
A ONU está submersa em
crises gravíssimas. Em abril
deste ano, a BBC publicou uma
reportagem investigativa sobre
o envolvimento de tropas da
ONU em contrabando de armas,
ouro e marfim com guerrilheiros
na República Democrática do
Congo.
Até onde foi investigado,
constatou-se que forças provenientes da Índia e do Paquistão
que fazem parte da Missão das
Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUC)
negociaram com os rebeldes
várias vezes no ano passado. As
tropas paquistanesas estão envolvidas em negociações com as
milícias da Frente Nacional Integracionista (FNI), na qual trocavam armas por ouro, marfim
e segurança. Já as forças indianas foram denunciadas por manter acordos com as Forças Democráticas de Libertação da Ruanda (FDLR), grupo armado
que atua no Congo desde o geno-
"A queda do governo marcaria o final de uma desastrosa
intervenção apoiada pelos EUA".
vam, milícias islâmicas retomaram
ao longo deste ano uma série de
ações contra o Exército e as tropas etíopes apoiadas pelo imperialismo. O governo está a um passo de ser derrubado. Os insurgentes islâmicos controlam neste momento grande parte do Sul e Centro da Somália e continuam realizando ataques na capital Mogadíscio.
A Etiópia iniciou sua intervenção militar em dezembro de 2006
com o objetivo de minar a insurgência na Somália e evitar que ela
se espalhasse para os demais países árabes do continente africano. No entanto, dois anos depois,
os soldados estão deixando o país.
Já no mês passado, um carregamento de armas e tanques deixou
Mogadíscio. Esta retirada teve de
ser feita por ar, uma vez que por
terra seria impossível.
Após as forças etíopes terem
tomado a capital em dezembro de
2006, expulsando a União das
Cortes Islâmicas (UCI), hoje os
soldados só controlam três peque-
Mesmo com todo o aparato fornecido pelo imperialismo norteamericano e pela CIA, os soldados
se renderam.
Além das tropas etíopes, cerca
de 3.200 soldados da União Africana da Uganda e Burundi também
ocupam a Somália. Estes são vítimas de fortes ataques.
O jornal independente escocês
Sunday Herald publicou um artigo no mês passado no qual afirma
que “a queda do governo marcaria o final de uma desastrosa intervenção apoiada pelos EUA. Durante seis meses em 2006, a Somália
se manteve numa relativa calma.
Um certo ar de paz e segurança
havia voltado a Mogadíscio. A
razão foi o isolamento da União das
Cortes Islâmicas, uma coalizão de
líderes islâmicos que haviam expulsado da cidade os senhores da
guerra”.
“Os elementos mais radicais da
União das Cortes Islâmicas juraram lançar uma Guerra Santa
contra o inimigo tradicional da
Somália, a Etiópia. Os EUA con-
sideram a União das Cortes Islâmicas como um ‘braço da AlQaeda’, uma crença que não compartilham a maioria dos analistas e
diplomatas”.
Embora a Somália tenha uma
economia pobre – resultado de
décadas de guerras patrocinadas
pelo imperialismo - sua posição
geográfica é extremamente importante para a economia e para a
política imperialista. Localizada no
“chifre da África”, a Somália está
próximo ao Golfo Pérsico, região
que mais produz petróleo no mundo e importante rota marítima para
os navios petroleiros que passam
pelo Canal de Suez, no Egito - também próximo à Somália – distribuindo a matéria-prima para Europa
e EUA.
A Somália foi, no final do século XIX, uma colônia dividida pela
Itália e Reino Unido. Os ingleses
controlavam o Noroeste e os italianos o Sudeste. Nas duas primeiras décadas do século XX vários
levantes foram realizados contra a
ocupação colonial. Liderou essas
rebeliões Mohamed Abdallah Hasan, que após 20 anos de guerrilha
fora derrotado. Formam-se ao
mesmo tempo várias organizações
nacionalistas que impulsionam a
luta contra o colonialismo.
Durante a Segunda Guerra
Mundial, a Itália ocupa a Somália
Britânica, mas logo em seguida não
só são expulsos pelos ingleses
como os italianos perdem a Somália Italiana. Entre 1947 e 1950, a
Itália renuncia sua posse colonial
e prepara a concessão da independência de sua parte somali. Em
1960, os britânicos fazem o mesmo, criando então a República da
Somália.
Em 1969, um golpe militar leva
ao poder o general Siad Barre.
Influenciada pela burocracia soviética nos anos 70 e 80, a ditadura
entrou em colapso após o fim da
URSS, que levou à queda de Siad
Barre, em 1991.
A Somália tem um conflito histórico com a Etiópia. Em 1977,
uma disputa pela posse do deserto
de Ogaden levou o Exército etíope a ocupar o território, eclodindo
a Guerra do Chifre da África. Oga-
Armas
silenciadas... por
quanto tempo?
Após ter atingido um pico na
última semana, o conflito arrefeceu e o grupo de Nkunda deu
declarações à imprensa internacional no sentido de que preten-
gada da delegação da ONU.
Pelo menos 12 mortos foram
encontrados na cidade de Kibati. O cessar-fogo declarado
uma semana antes foi, na prática, suspenso.
Na medida em que avança a
crise internacional do imperialismo, os elos mais fracos da
cadeia de países tendem a sucumbir diante da pressão. A
coincidência dos acontecimentos dos últimos meses no
Congo com a rápida evolução
O general Nkunda chegou a tomar o controle de várias das
principais cidades do País.
do estado de choque da economia internacional não se
deve a fatores aleatórios, fortuitos. Trata-se de um epísódio da decomposição da estabilidade dos regimes políticos
mais instáveis e suscetíveis à
crise por estarem justamente
debilmente apoiados em uma
economia dependente e fragilizada pela própria ação do imperialismo.
Na negociação que deve se
desenvolver nos próximos dias
está a oposição que o CNDP
mantém ao acordo que o governo congolês pretende fechar com a China de cerca de
US$ 9 bilhões, no qual o país
asiático terá acesso às vastas
riquezas minerais do País em
troca de uma ferrovia e uma
estrada. A própria região onde
os episódios mais violentos do
conflito ocorreram é a maior
produtora de minérios e pedras
preciosas do país. A República Democrática do Congo é
um dos maiores produtores
mundiais de diamantes e foi –
e vem sendo – profundamente espoliado pelo imperialismo
desde os anos 1980.
governo de Abdullahi Yusuf Ahmed e do premiê Ali Mohammed
Ghedi, embora reconhecidos
pelos países imperialistas, não tinham nenhuma autoridade interna.
Economicamente, a Somália é
um dos países mais miseráveis do
mundo. A pecuária é a principal
fonte de renda nacional, representando 40% do PIB (Produto Interno Bruto). A criação de camelos é responsável pelo maior rebanho do mundo. A pesca e o cultivo da banana também são uma
das principais fontes de renda,
mas tudo que é cultivado não fica
no país. Grande parte da população vive como nômade e da criação de gado.
Um fraco setor industrial fabrica alguns produtos agrícolas, mas
responde por apenas 10% do PIB.
Por causa da guerra civil, a maioria das fábricas foram fechadas
e abandonadas.
Em 2006, um conjunto de milícias islâmicas formou a União
ber armas da Eritréia, enquanto
que o governo somali estava sendo armado pela Etiópia, dando a
aparência de ser um conflito regional, isolado, porém, a verdade é
que o imperialismo fomenta a guerra para destruir os redutos armados islâmicos e manter sua política de domínio e exploração sobre
as riquezas naturais e sobre toda a
região e países vizinhos.
Os EUA foram incapazes de intervir diretamente em 1993 e agora financiam as tropas dos governos títeres da África sob a ultrapassada desculpa da “luta contra
o terrorismo”.
As tropas etíopes conseguiram
inicialmente expulsar a UCI da
capital e de outras cidades, mas o
quadro atual reverteu-se completamente.
A ação de piratas nas águas da
costa somali é o mais novo fenômeno da crise. Dezenas de navios
foram seqüestrados nos últimos
meses. Desde o mês de julho, ao
menos oito ataques piratas foram
As tropas etíopes abandonam a Somália
nas regiões da capital e algumas
ruas da cidade de Baidoa, onde fica
a sede do governo. Dos 15 mil a
18 mil soldados etíopes que atuaram no auge do conflito, restam
agora apenas 2.500.
As tropas etíopes continuam
sofrendo pesados ataques. O
Exército somali foi completamente
incapaz de controlar a situação.
319 “capacetes azuis” em três
anos, por abusos e exploração
sexual.
de colaborar com as forças da
ONU para criar um “corredor
humanitário” que permita que a
escassa ajuda do órgão
internacional
chegue ao
interior do
país, além de
“discutir assuntos políticos com o
governo”,
como disse o
próprio comandante
miliciano
Nkunda à
rede norteamericana
CNN.
Nkunda
afirmou à
A República Democrática do Congo é um dos rede britânica BBC que
maiores produtores mundiais de diamantes.
vai manter
seus milicianos no Congo para
cídio de 1994.
Esta não é a primeira vez que “proteger a minoria tutsi o país
as forças da ONU são acusadas dos ataques dos rebeldes hutus
de corrupção. Em 2007, um in- de Ruanda”.
Nesta semana, novos conforme da organização revelou
que a ONU havia investigado flitos ocorreram após a che-
COLAPSO CHIFRE DA ÁFRICA
Quase nenhum jornal noticiou
o colapso no chifre da África.
Apesar do enorme esforço para
mostrar a crise no continente
como um mal menor, a retirada
etíope marca o fracasso da intervenção estrangeira patrocinada
pelo imperialismo.
Após serem expulsos de grande parte das regiões que controla-
INTERNACIONAL 1 7
den é uma região somali localizada
a Sudeste da Etiópia, na fronteira
com a Somália. A região foi finalmente incorporada pela Etiópia em
1988.
Os senhores da guerra, financiados pelo imperialismo, tomaram
conta de um país completamente
acabado e fragmentado em inúmeros pedaços, sem nenhuma sombra de unidade nacional. A situação
somali sempre foi de guerra permanente, na qual dezenas de milhares
de civis foram mortos diretamente e outros milhares mortos pela
fome provocada pelo conflito e pela
seca. Exemplo disso foi o surgimento da Somalilândia, que declarou sua independência da Somália
em 1991. Nenhum governo estrangeiro, no entanto, reconheceu a sua
independência.
Foi, então, que em 1992, diante
de um país prestes a ruir, o imperialismo colocou em marcha uma
operação para tentar estabilizar a
Somália sob o seu controle e estabelecer um enclave na região. Liderada pelos EUA sob o disfarce
de uma missão humanitária da
ONU - qualquer semelhança com
o Haiti não é mera coincidência - a
operação foi um desastre. Dezoito
soldados norte-americanos foram
mortos, baixas suficientes para os
EUA fugirem do país e deixarem a
ONU sozinha. Esta se retirou em
março de 1995.
Entre 1998 e 1999 pelo menos
quatro cisões foram registradas na
Somália, contornos que até hoje
não são nada claros. A região de
Puntland (ou Somália do Sudoeste), por exemplo, declarou sua autonomia, mas não se sabe quais são
exatamente suas limitações geográficas.
Sob o Governo Nacional de
Transição foi eleito em outubro de
2004 o presidente Abdullahi Yusuf
Ahmed. Devido à instabilidade, a
eleição foi realizada em Nairóbi,
capital do Quênia, pois Mogadíscio estava ocupada por líderes tribais. Não havia nenhuma força
militar nacional e os serviços públicos não funcionavam.
O País estava sob poder dos
chefes tribais, os chamados “Senhores da Guerra”, portanto, o
Os senhores da guerra, financiados pelo imperialismo,
tomaram conta do país.
das Cortes Islâmicas. Após vários conflitos, em junho do mesmo
ano foi assinado uma trégua junto
ao governo, mas um mês depois
os principais focos da insurgência foram derrotados.
Em julho de 2006 a UCI passou a controlar todo o Sudeste do
país e a capital. O governo pediu
então ajuda de tropas internacionais, que conseguiram a aprovação pelo Conselho de Segurança
da ONU de uma força estrangeira
para apoiar o governo de Yusuf.
A ONU acusou a UCI de rece-
registrados na costa somali. Segundo dados do Ofício Marítimo
Internacional, no primeiro semestre de 2008 foram praticados pelo
menos 24 ataques.
Em abril deste ano, outro barco de luxo francês foi seqüestrado com mais de 30 turistas.
Conhecida pelas situações de
guerra e fome, cenário chocante
das crianças doentes e subnutridas, semi-mortas pela inanição, a
Somália representa um retrato fiel
da política imperialista e do que
sobrou com a sua exploração.
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
UMA MANOBRA AUDACIOSA DIANTE DA CRISE
Vitória de Obama, um estelionato político
Os milhões de eleitores que votaram em Obama
compraram, não há qualquer dúvida, gato por lebre. Ele,
símbolo da nova geração do Partido Democrata, não é
o homem da mudança que muitos esperam, mas apenas
o homem da mudança que o imperialismo necessita. Por
trás dele estão os velhos cabeças grisalhas que, junto com
os republicanos, seguram as rédeas do mundo a serviço
dos maiores trustes que a humanidade já viu
“Yes, We Can” (Sim, Nós
Podemos) e “Change: We Can
Believe In” (Mudança: Nós podemos acreditar). Estes foram os
dois motes usados pelo senador
Barack Hussein Obama, 47 anos,
durante os 21 meses de campanha eleitoral discursando e via-
justiça e da liberdade, é, no entanto, o único país do mundo constitucionalmente a favor da tortura. Durante oito anos - com duas
eleições fraudadas - George W.
Bush foi mais que um presidente.
Foi o comandante-em-chefe das
Forças Armadas, um ditador a
2002. Estava lá um homem aliado com a direita dizendo que
“Lulinha não quer briga. Lulinha
quer paz e amor”. Nos EUA, cabe
à Obama a gigantesca tarefa de
restaurar o poder do imperialismo
sobre o mundo, tirar os EUA do
buraco e salvar o status quo do
regime político.
O regime e a imprensa capitalista venderam na campanha eleitoral uma mercadoria que não vão
entregar. O Partido Democrata
não é e nunca foi o partido da mudança, mas um dos partidos mais
antigos do mundo, fundado em
1836, racha do Partido Democrata-Republicano, este fundado por
Thomas Jefferson em 1793.
Sempre foi o partido que salvou
o Partido Republicano de sua
ruína. Desta vez não é diferente.
A mudança, talvez, seja o fato do
partido de Bush estar mais desmoralizado do que nunca.
Mais do mesmo
Por detrás do novo Obama estão os velhos cabeças grisalhas
que seguram as rédeas do mundo.
jando por todos os 50 estados da
federação norte-americana. O
maior movimento eleitoral desde
as presidenciais de 1960 e o número recorde de eleitores mostrou, mais do que nunca, que oito
anos de governo Bush foram
capazes de levar os EUA para a
maior crise de toda a sua história.
Ironicamente, a nação mais “democrática” do mundo, farol da
serviço dos trustes e da política
dos petrodólares. Nesse sentido,
por mais que Obama tenha um
nome “estrangeiro” e seja um presidente negro num país marcado
pela segregação racial e a xenofobia, sua mudança é pura propaganda eleitoral. Um discurso muito
semelhante, inclusive, ao discurso de Luís Inácio Lula da Silva,
quando venceu as eleições em
Confirmada a vitória, Barack
Obama discursou diante de milhares de partidários, em Chicago, Illinois, estado pelo qual foi
eleito senador. Em seu discurso,
disse para o público: “A mudança
chegou à América”.
Obama não é um político avulso, com as mãos livres para governar. Se fosse assim não passaria nem perto da Casa Branca,
a não ser pelo lado de fora dos
portões.
Enquanto isso, as apostas sobre o novo gabinete que entrará em
vigor a partir do dia 20 de janeiro
já foram dadas. Mudança? Claro
que não. Mais do mesmo.
Dentre os mais cogitados para
ocupar as pastas, assessores de
campanha, democratas e republi-
UM BILHÃO DE DÓLARES CAMPANHA BILIONÁRIA
canos são citados, principalmente ex-integrantes do governo Bill
Clinton (1993-2001).
Um dos nomes mais aguardados será o próximo secretário do
Tesouro. Poderá ser o ex-secretário do Tesouro na era Clinton,
Robert Rubin, atual diretor do Citigroup, ou Lawrence Summers,
presidente da Harvard University.
Poderá ser também o atual presidente do Federal Reserve de Nova
York, Tim Geithner, ou então o
presidente do Federal Reserve dos
EUA, Paul Volcker.
Na Secretaria de Defesa, ocupada atualmente pelo ex-diretor da
CIA, Robert Gates, os nomes mais
cotados são o do ex-secretário de
Estado de George W. Bush e militar da reserva, Colin Powell. Eleito chefe do Estado-Maior Conjunto, assumido em 1990, Powell planejou a invasão do Panamá em 1989
e a operação Tempestade no Deserto durante a Guerra do Golfo.
Para o comando do Pentágono
poderá assumir o republicano milionário Chuck Hagel, lobista em
Washington e organizador da
campanha vitoriosa de Ronald Reagan à Presidência em
1980. Outro nome poderá ser o do também republicano Richard Lugar,
quase escolhido para a
vice-presidência de Reagan. Também está entre
os favoritos o ex-secretário da Marinha de Guerra
no governo Bill Clinton,
Richard Danzig.
O ex-candidato democrata à Casa Branca,
John Kerry, e o governador do
Novo México, Bill Richardson,
um dos dois, poderá assumir o
cargo de secretário de Estado.
Também está sendo considerado
o senador republicano por India-
INTERNACIONAL 1 8
na, Richard Lugar.
(El Pais, 5/11/2008). Ou seja, de
Entre os cogitados para o De- fato, Obama levará adiante a “luta
partamento de Justiça está o ex- contra o terrorismo” e, sem dúvisecretário de Justiça de Clinton, da, o pacote de medidas levantaEric Holder. Segundo a imprensa, também concorrem à
indicação os governadores da Virginia,
Tim Kaine, de Massachusetts, Deval
Patrick, e do Arizona, Janet Napolitano.
O ex-vice presidente Al Gore, que
ganhou o Prêmio
Nobel da Paz e um
Oscar, por fazer
propaganda dema- “Eu nunca farei concessões no que diz
gógica em defesa do
respeito à segurança israelense”.
meio-ambiente, poderá ser representante do gover- das após os atentados de 11 de seno na área ambiental, já que Oba- tembro, a Lei Patriota (Patriotic
ma defende uma revisão da po- Act), que dentre várias medidas resição dos EUA sobre o Protoco- acionárias, prevê a prisão para
lo de Quioto.
“combatentes inimigos” por tempo indeterminado, sem acusação
formal e sem direito ao habeas corUm novo
pus. Prevê também a violação de
comandante-emcontas bancárias de qualquer cidachefe
dão e a instalação de escutas telefônicas. O próprio Obama disse
De saída, o presidente George que irá tirar as tropas do Iraque até
W. Bush disse que “todos os nor- 2010 para realocá-las no Afeganiste-americanos podem estar orgu- tão e no Paquistão. Quem sabe também no Irã e na Síria?
Nada muda, tudo
muda
lhosos de como as eleições fizeram história”. E acrescentou: “Algumas coisas não mudarão. O
governo dos EUA seguirá protegendo o povo americano com seu
novo ‘Comandante-em-Chefe’”
Este continuísmo, inevitável na
situação de crise atual do imperialismo, é hoje o calcanhar de
Aquiles do regime político.
O governo Bush foi derrotado
devido a esta política. Portanto,
cabe a Obama, e esta é a sua tarefa fundamental, procurar levar
adiante esta política por outros
meios, que sejam capazes de fazer frente à maré montante contra ela que levou à decomposição
completa do seu antecessor.
A ALA ESQUERDA DA DIREITA
Quanto custa morar na Casa Branca? Uma frente popular à americana?
Só o candidato democrata milhões de doadores que contri- Senado. Claro que essa campaconseguiu arrecadar US$ 640 buíram com US$ 200 ou menos. nha, embora eclipsada pela eleição
milhões, dos quais gastou um Esta ofensiva eleitoral jamais presidencial, não foi de graça.
pouco mais de US$ 573 milhões. vista, com escritórios e comitês Segundo dados do Centro para
Já o candidato republicano ar- eleitorais em cada cidade, volun- Políticas Responsáveis, os 1.361
recadou bem menos, pois acei- tários pedindo voto casa por candidatos democratas e republitou fundos públicos para a elei- casa e uma campanha publici- canos à Câmara Baixa arrecadações e com o limite legal de US$ tária colossal é impulsionada es- ram US$ 883,2 milhões e gasta84 milhões para este fim. Foram sencialmente pelos maiores ram até o final de outubro US$
arrecadados US$ 360 milhões, capitalistas da Terra.
748,3 milhões. Os 172 candidados quais US$ 293 milhões foAté meados de outubro a tos dos dois maiores partidos norram gastos, praticamente meta- campanha de Obama havia gas- te-americanos ao Senado arrecade do aparato eleitoral
daram US$ 363,7
que Obama arrecamilhões e gastadou. Os números foram US$ 311,6
ram divulgados pela
milhões.
comissão Federal EleiQuem são os
toral.
principais financiSe forem, no enadores destas camtanto, incluídos todos
panhas? O Centro
para Políticas Resos pré-candidatos deponsáveis responmocratas e republicade que em primeinos nestes 21 meses
ro lugar estão os
de campanha, foram
“aposentados” arrecadados ao todo
disfarce para políUS$ 1,6 bilhão, dos
ticos burgueses quais foram gastos até
(US$ 204 mio final de outubro US$
lhões); advogados
1,3 bilhão.
(US$ 181 miEm comparação Esta ofensiva eleitoral jamais vista é impulsionada
lhões); banqueiros
com as eleições de
pelos maiores capitalistas da Terra.
2004, o republicano
(US$ 123 miGeorge W. Bush e o democrata tado cerca de US$ 240 milhões lhões); donos de empreiteiras
Al-Gore gastaram no total US$ um publicidade para televisão e (US$ 105,4 milhões) e empresá655 milhões. Somando todos os rádio, sendo US$ 77 milhões rios do setor da saúde (US$ 69,6
pré-candidatos de ambos países gastos só nas primeiras duas milhões).
o resultado é de US$ 718 mi- semanas de outubro. Seu conUm bilhete de ingresso muito
lhões. Em 2000, o gasto total corrente McCain gastou em caro para quem quer participar
entre todos os candidatos pre- publicidade para TV e rádio US$ deste “processo democrático”.
sidenciais foi de US$ 343 mi- 116 milhões.
Além de Obama e McCain, pelo
lhões. A campanha de 2008 foi
Pode-se dizer que os candida- menos outros dez candidatos
a mais longa e mais cara da his- tos presidenciais arrecadaram também concorreram à Casa
tória dos EUA.
tanto dinheiro que possuem em Branca, mas nem somando todos
Será que a explicação para média oito dólares para cada voto. eles, que praticamente se passam
esta campanha bilionária está no
Além dos presidenciáveis, al- por anônimos, nem de longe
mailing que os cabos eleitorais guns estados elegem deputados chegam perto da milionária camde Obama montaram na Inter- em 435 cadeiras na Câmara Bai- panha em torno dos dois partidos
net? Foi criada uma rede de três xa e um terço dos 100 lugares no representantes do imperialismo.
O artigo revelou ainda, após
As manifestações em apoio à de Obama, colocando em movitória de Obama nas eleições, vimento um dos maiores, senão a campanha eleitoral, como cuiocorridas em todo o mundo, o maior, aparelho sindical do dadosamente mais de 25 mil
voluntários da Califórnia, Ilinois
podem ser interpretadas de di- mundo.
“A AFL-CIO tem um regis- e Nova Iorque foram enviados
versas maneiras, mas há uma
conseqüência comum a todas as tro de 250 mil voluntários e para os estados em disputa para
interpretações: a enorme pres- quatro mil membros pagos de- reforçar a campanha.
As metas da campanha consão que o mundo inteiro vai signados para 20 estados de
combate na corrida presidenci- duzida pela burocracia sindical
exercer sobre o seu mandato.
Obama assume a presidência al, 12 disputas no Senado e 60 mais rica do planeta incluíam 70
em uma situação em que o go- campanhas parlamentares. Em milhões de telefonemas, 10 miverno formado pelo impopular alguns estados, como Minneso- lhões de visitas, 57 milhões de
correspondências
Partido Democrata,
e a distribuição de
uma das duas alas do
27 milhões de panimperialismo que não
fletos nos locais de
está desvinculada da
trabalho tratando
sua contraparte, os rede questões ecopublicanos, muito menômicas.
nos do verdadeiro loEmbora nem
bby industrial e finanObama, muito
ceiro internacional,
responsáveis por todas
menos o Partido
as articulações de basDemocrata estetidores e pela política
jam ligados à clasdita real do governo,
se operária norteisto é, para aquilo que O novo governo é uma expressão das tendências
americana por um
será feito de fato, além
vínculo mais procontraditórias e da crise política.
dos discursos.
fundo do que o paO apoio à sua candidatura ta, Oregon e New Hampshire, gamento à vista pelos serviços
pode ser traduzido como se fosse os sindicatos estão envolvidos de milhares de cabos eleitorais,
expressão de uma situação con- em ambas as campanhas presi- o novo governo é uma exprestraditória. Afinal, o que seria dencial e para o Senado, e em são das tendências contraditóexatamente um governo popular New Hampshire estão trabalhan- rias e da crise política e social
de um partido direitista e impe- do também na campanha para a existente no país e este fato
deve dar lugar a um novo derialista? No entanto, longe de ter Casa dos Representantes.
se tornado popular por qualquer
“Outros estados em disputa senvolvimento político no interealização ou mesmo promessas para os sindicalistas foram rior dos sindicatos norte-amejunto à população, a operação Ohio, Wisconsin, Indiana, ricanos.
A medida do esforço para
montada para eleger Obama Pensylvania e Michigan. Virgiatesta a integração da burocra- nia e Carolina do Norte, dois dos criar um vínculo entre a popucia sindical norte-americana ao estados onde há menos sindi- lação trabalhadora norte-ameripartido do imperialismo e do es- calizações no país, também es- cana, profundamente descontavam na lista”.
tablishment.
tente com a situação interna,
Em um resumo, a estimati- bem como a política externa de
Um artigo publicado no jornal
do Partido Comunista dos EUA, va da AFL-CIO era de que os seu país, e uma das alas que foi
People’s Weekly World, mostra sindicatos afiliados gastassem co-responsável pela situação
como a burocracia sindical um total de 250 milhões de atual atesta por si a profunda
abraçou a campanha pela eleição dólares na campanha.
crise existente.
IRAQUE, AFEGANISTÃO, PAQUISTÃO...
Qual será a política de Obama para a crise internacional?
Se haverá alguma mudança
no governo Obama será no
nome do próximo país que será
atacado pelo imperialismo. Sua
promessa de retirar as tropas do
Iraque “imediatamente”, como
havia dito, poderá acontecer em
2010, mas nenhum detalhe do
real nível desta ocupação foi
informado.
Antes de Bush deixar o poder,
políticos iraquianos e norteamericanos já discutem há
meses um plano comum de retirada das tropas estrangeiras. O
projeto indica que as tropas
norte-americanas deixarão as
cidades e povoados até o final de
2011. Além disso, prevê também a imunidade aos soldados
ocupantes diante dos tribunais
iraquianos, isentando os militares de responder sobre qualquer
ato criminoso que tenham cometido fora de suas bases. O
secretário de Defesa dos EUA,
Robert Gates, assim como o
próprio presidente de saída,
George W. Bush, são defensores absolutos do projeto. Não é
estranho? Se dois dos maiores
terroristas de Estado apóiam a
retirada de suas tropas do Iraque, é porque este acordo não
significará a retirada de fato dos
soldados. Trata-se de um acordo de fachada.
Embora ainda não seja público, o projeto do acordo EUAIraque vazou para a Internet e
muitas páginas puderam publicá-lo na sua íntegra em inglês.
Muitas destas páginas foram
retiradas do ar após publicarem
o seu conteúdo. São ao todo 21
páginas e 27 artigos do chamado “Acordo sobre as atividades
e a presença das Forças Armadas dos EUA e sua retirada do
Iraque”.
O documento não discute
uma retirada completa das tropas norte-americanas do Iraque.
Ao invés disso, os EUA querem
se manter indefinidamente nas
bases militares instaladas no
País ou, como afirma o próprio
texto, “as instalações e as áreas
acordadas”. Isto significa que
os EUA continuarão apoiando e
treinando as forças iraquianas.
Portanto Obama não irá desocupar o país.
Além disso, o 44º presidente
norte-americano está disposto a
centrar fogo no Afeganistão e
no Paquistão.
Obama realizou a campanha
eleitoral mais cara da história dos
EUA. Muito deste dinheiro veio
do lobby sionista de extremadireita norte-americana.
Obama declarou durante sua
campanha: “Serei claro. A segurança de Israel é sacrossanta.
Não é negociável. Os palestinos
precisam de um Estado contíguo
e unido, e isto os permitirá prosperar, mas qualquer acordo com
o povo palestino deve conservar
a identidade de Israel como um
Estado judeu com fronteiras
seguras, reconhecidas e defensáveis. Jerusalém continuará
sendo a capital de Israel e deve
permanecer unida”.
“Eu nunca farei concessões
no que diz respeito à segurança
israelense. Não quando ainda há
vozes que negam o Holocausto,
não enquanto terroristas seguem comprometidos com a
destruição de Israel, não enquanto até livros didáticos no Oriente Médio negam que Israel sequer exista” (BBC, 4/6/2008).
Ainda nos últimos dias em
que disputavam a candidatura
no Partido Democrata, Hillary
disse que sabe que “o senador
Obama será um bom amigo de
Israel”. E ainda: “sei que o senador compartilha da minha
visão de que o próximo presidente tem de dizer ao mundo
que a posição americana é imutável. Os Estados Unidos estão
ao lado de Israel agora e para
sempre” (idem).
O alinhamento do candidato
democrata com o lobby sionista significa o compromisso
com a política que pretende levar a guerra ao Irã. São muitos
outros lobbies envolvidos na
campanha de Obama. Se ele foi
eleito, é porque é o candidato
certo para tentar contornar o
impasse completo em que caiu
a política de Bush. Conseguirá?
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
INTERNACIONAL 1 9
OITO ANOS DEPOIS... O QUE SOBROU DOS EUA
Derrota de Bush, uma derrota política do imperialismo mundial
As massas do mundo todo impuseram uma enorme
derrota à tentativa republicana de impor sua política
mundial. A luta política fez explodir a crise econômica
O agora ex-presidente George W. Bush está deixando o
governo do país mais poderoso do mundo com o rabo entre as pernas, como um dos
presidentes mais impopulares
da história dos EUA, responsável direto pelo cassino financeiro dos especuladores
criminosos que levaram o
país e o mundo a um colapso
financeiro fulminante. Bush é
servir do petróleo de países
que de tão ricos desta matéria prima se tornaram os mais
explorados e miseráveis.
Bush expressa o esforço do
imperialismo para estabelecer
uma nova ordem mundial que
superasse a crise aberta com
a derrubada da URSS.
Após os ataques de 11 de
setembro, Bush iniciou as
ocupações do Afeganistão e
mundo, onde torturam seus
prisioneiros.
Com o voto decisivo dos
democratas, Bush aprovou um
pacote de medidas que dá ao
governo poderes absolutos,
podendo fazer o que quiser,
onde quiser e na hora quiser
qualquer coisa contra qualquer
pessoa, sem acusações, sem
advogados e por tempo indeterminado, incluindo métodos
de tortura “legais” para obter
informações. Impôs uma ditadura virtual dentro do país.
A situação das massas norte-americanas chegou a um
ponto insustentável que tende
a explodir com a recessão em
curso.
Coleção de
ataques
Sob sua chefia, mais de um milhão de iraquianos foram
mortos, outros centenas de milhares foram mortos no
Afeganistão.
o maior assassino da Terra.
Sob sua chefia, mais de um
milhão de iraquianos foram
mortos, outras centenas de
milhares foram mortas no
Afeganistão, aprofundou a
fome e a miséria em todo o
mundo, financiou e armou
guerrilhas com o intuito de
do Iraque prometendo ao
povo norte-americano segurança e paz. Assim bombardearam vilas inteiras e prenderam dezenas de milhares de
trabalhadores. Instalaram
centenas de prisões clandestinas coordenadas pela CIA
nos mais remotos rincões do
DEPOIS DA DERROTA
PARA ONDE VÃO OS EUA
Rumo ao fim do
bipartidarismo?
Os democratas em 2004 já
mostravam nas eleições legislativas o fracasso iminente do Partido Republicano. As eleições deste
ano comprovaram uma derrota de
lavada contra o que deveria ser o
sucessor da política de Bush, John
McCain. Não que Obama fosse
um opositor, mas pelo menos se
apresenta como a “mudança”. Ele
sabe que é isso que a população norte-americana está pedindo. Sabe
perfeitamente que os trabalhadores norte-americanos não estão
dispostos a verem seu dinheiro ser
usado para socorrer os bancos de
sua falência.
A campanha mais longa e mais
cara da história dos EUA tentou
não só apor Obama contra Bush
como o próprio McCain. Para
Matt Welch, biógrafo de McCain,
O que existe nos EUA não são
somente dois partidos. Há muitos
outros. Centenas deles e que também concorreram à presidência,
sem pontuar um único ponto.
Pode-se dizer, no entanto, que
todos estes não são mais que “terceiros partidos”, sem significância
alguma do ponto de vista do financiamento imperialista.
A oposição entre Democratas
e Republicanos não passa de cobertura para um plano político em
comum, porém agora, em 2008,
abre o processo de desintegração
deste longo período. A crise já é
evidente há muitas décadas, mas
não é à toa que o congresso norteamericano debate até mesmo a formação de uma terceira via. É uma
tentativa do próprio regime imperialista controlar a crise.
A oposição entre Democratas e Republicanos não passa de
cobertura para um plano político em comum.
o republicano veterano é um “maverick”, uma espécie de “opositor
solitário”. Relacionar Bush com
McCain significa tirar pontos deste
último. Foi tudo uma farsa, pois se
tirarmos os dois da jogada, estarão lado a lado Partido Republicano e Partido Democrata. Juntos,
há mais de 200 anos, mais precisamente desde a independência
dos EUA, em 1789, sob diferentes nomes, agrupando os interesses de diferentes alas da burguesia em momentos diversos, o bipartidarismo norte-americano é a
maior expressão da ausência total
de democracia na vida política do
país. O sistema eleitoral norteamericano garante que a alternância entre os dois partidos desloque
de um a outro o ônus pelo desenvolvimento da crise política e econômica. O vai e vem democrata e
republicano vêm de pelo menos
dois séculos.
Assim como o próprio regime
capitalista, os dois principais modelos de partidos do imperialismo
também estão se esvaindo e rapidamente.
Uma pesquisa publicada recentemente nos EUA revelou que pelo
menos 38% dos norte-americanos
consideram-se “independentes”,
sem nenhuma identificação com o
Partido Republicano ou Democrata, o maior índice de rejeição da história.
Canais de TV e rádios nos EUA
debateram a viabilidade de um
terceiro grande partido burguês
que fosse uma alternativa os dois
únicos partidos que dominam as
eleições norte-americanas desde a
criação do país.
A tendência de crise do partido
republicano, já muito clara nesta
etapa, é apenas a expressão unilateral do avanço da crise do regime
imperialista norte-americano.
Passados sete anos desde o
início da primeira ocupação, o
imperialismo norte-americano
perde sua influência em todo o
mundo, principalmente naquelas regiões mais ricas em recursos naturais. Não por acaso sua
perda de influência reflete em
mobilizações, repressão e, acima de tudo, uma nova fase da
situação revolucionária mundial. No Oriente Médio, por
exemplo, a Intifada palestina
levou seu principal braço político na região, o Estado de Israel, a desmantelar suas colônias na Faixa de Gaza e negociar com organizações consideradas “terroristas”, como o Hamas. Tal é o caso do Hezbollah
no Líbano. Sob a chefia de
Bush, o Sudeste asiático reativou todos os seus conflitos armados: Paquistão, índia, Bangladesh, Nepal, Filipinas, Tailândia, Birmânia, etc. Na África idem. O conflito em Darfur,
no Sudão, é o maior exemplo,
onde mais de 200 mil pessoas
As massas do mundo todo impuseram uma enorme derrota à tentativa
republicana de impor sua política mundial.
foram mortas pelas armas produzidas pelo imperialismo.
Na América Latina, só a Bolívia derrubou dois presidentes
fantoches nos últimos cinco
anos e um golpe de Estado está
neste momento em marcha. Na
Venezuela, um golpe coordenado pela CIA foi frustrado em
2002, não fosse a mobilização
do movimento de massas.
Na Colômbia, o governo de
Álvaro Uribe matou muito mais
pessoas do que nas ditaduras
militares nas décadas de 60 e
70. Onde há a intervenção direta do imperialismo, há levantes e mobilização do povo. Recentemente houve também a
ação criminosa contra a Ossétia do Sul e Abecásia, na Geórgia, região estratégica para o
imperialismo devido à enorme
quantidade de petróleo na região do Cáucaso. Bush instalou
escudos de mísseis no Leste
Europeu, rivalizando seu poderio militar com a Rússia.
No olho do
furacão
O mundo sentiu uma enorme
crise financeira já em 2001, mas
nada comparado com a atual,
que está levando o mundo para
uma recessão sem precedentes.
A liberalização financeira, oitava maravilha moderna do capitalismo, bem como as fraudes
dos protegidos do governo norte-americano, levaram a situação
de instabilidade a uma crise sem
precedentes.
Como solução, Bush mandou
sacar nada menos que US$ 700
bilhões de dinheiro público para
socorrer um punhado de banqueiros falidos, medida repudiada até mesmo pelos seus colegas de partido.
Em oito anos, Bush conseguiu ser pior do que seu próprio
pai, que já havia invadido o Iraque em 1991. Agora os soldados
norte-americanos estão sendo
expulsos praticamente a pedradas pela população iraquiana.
Também houve greves nos
EUA. Oitenta mil trabalhadores
da General Motors cruzaram os
braços no ano passado. Em
2006, operários da Goodyear foram ameaçados com a presença
do Exército porque a paralisação
de mais de dois meses estava afetando a guerra do Iraque. Os metroviários também entraram em
greve e o Estado aplicou multas
de US$ 1 milhão ao sindicato por
cada dia parado. Até mesmo taxistas , roteiristas entraram em
greve, além de muitas outras categorias. Um amplo movimento
abafado pela imprensa capitalista e que está na origem do esgotamento do governo imperialista.
Este conjunto de fatores está
na base da mudança do imperialismo do partido republicano
para um candidato improvisado
do partido democrata.
MUITO ALÉM DE OBAMA E MCCAIN
O começo do fim do Partido Republicano?
Na maioria no Senado, na Casa
dos Representantes e nos governos estaduais desde 1994, os Republicanos experimentaram o seu
maior revés no processo iniciado
em 2006 e concluído com a eleição de Barack Obama.
A eleição presidencial e parlamentar ocorrida na última semana acentuou a derrota sofrida pelos Republicanos em 2006, quando perderam a maioria no Congresso dois anos após a reeleição
de George W. Bush.
Os Democratas obtiveram maioria de 233 a 202 na câmara dos
deputados em 2006, e um empate
de 49 a 49 cadeiras no Senado,
sendo que outros dois senadores
que concorreram com candidaturas independentes e alinharam com
os democratas logo após a eleição.
A queda dos republicanos se
refletiu ao longo da última década
no crescimento da votação do
Partido Democrata nas eleições
presidenciais, tendo saltado de
quase 51 milhões de votos no ano
2000 para os atuais 63 milhões obtidos por Obama.
As eleições que giraram em
torno ao fracasso do governo Bush
resultaram na maior derrota sofrida pelos Republicanos até agora,
perdendo posições em todos os terrenos com a perda da presidência,
reduzidos a uma minoria inofensiva na Casa dos Representantes e
no Senado, e perdendo um dos
estados que governava, já em
minoria.
Não se trata apenas de um revés eleitoral. Os republicanos se
vêem firmemente agarrados às posições que mantém há anos após
uma longa tempestade. Perderam,
talvez, mais do que o supérfluo ou
o que se poderia considerar instável sob seu comando.
A evidente farsa montada para
justificar a invasão do Iraque e a
guerra pelo petróleo no Oriente
Médio, o descaso completo com
as necessidades populares, evidenciada pelo episódio onde o governo negligenciou completamente a
população pobre de Nova Orleans
atingida pelo furacão Katrina,
compuseram o estado de profundo desgaste do governo Bush junto à população norte-americana.
Mas, acima de tudo, ficou claro que os republicanos tiveram à
sua disposição as condições de
As eleições em torno ao fracasso do governo Bush resultaram
na maior derrota sofrida pelos Republicanos.
levar adiante a sua política em forma integral, lançaram-se à tarefa e
fracassaram. Este fracasso é o resultado de um esgotamento da política imperialista tal como representada pelo partido republicano.
Nesse sentido, a crise atual é infinitamente mais grave do que a vivida pelos republicanos com a renúncia de Nixon e a derrota no Vietnã.
A guinada à esquerda das massas populares norte-americanas
deixou para trás os republicanos
por que estes foram, antes das
eleições, derrotados em sua política de forma acachapante. As
eleições são um registro distorcido destes fatos.
A mudança na opção das
maiores companhias e bancos
do mundo compondo o lobby
que dá sustentação a qualquer
governo do imperialismo norte-americano não está condicionada apenas por questões
conjunturais. Acompanham o
deslocamento das massas e as
tendências gerais presentes
nos EUA cuidadosamente cuidando evitar um conflito que seria, nas proporções da economia
e da luta de classes no país mais
desenvolvido do mundo, catastrófico para sua sobrevivência.
A crise atual, concentrada no
coração do imperialismo, não
será passageira nem superficial
e o seu desenvolvimento condiciona a própria sobrevivência
do Partido Republicano, em
grande medida, o responsável
por conduzir os EUA de desastre em desastre nos últimos oito
anos e também os responsáveis
por colocar em marcha os mecanismos econômicos que prepararam o desenvolvimento da
crise atual durante os anos 80
e 90.
REAÇÃO NOS EUA ”OS DOZE SUJOS”
O lobby do petróleo se enfraquece após as eleições
A reviravolta eleitoral que
colocou Obama no poder e
reforçou a maioria democrata no Congresso norte-americana tratou também de se
livrar de pelo menos sete dos
12 parlamentares conhecidos como os “doze sujos”.
A bancada reacionária movida pelos interesses, e o dinheiro, do petróleo tinha
como principal função garantir as sucessivas reduções de
taxas e impostos sobre o
comércio da matéria-prima.
A lista dos afastados, segundo o portal eletrônico da organização “Oil Change International”, consiste de:
Elizabeth Dole: esposa do
candidato republicano de 1996,
Bob Dole e agraciada com nada
menos que 312.606 dólares da
indústria do petróleo e do gás.
Dean Andal: votou sucessivas vezes contra a proibição de
perfurações em alto mar e legislação de controle do uso do petróleo.
Joe Knollenberg: votou favo-
ravelmente a empresas poluidoras e contra dispositivos de proteção ambiental.
Anne Northup: já recebeu
cerca de 335 mil dólares em
subsídios por suas votações favoráveis ao setor petrolífero.
Steve Pearce: Participou de
pelo menos 93 votações decisivas e votou, em 90 delas, sufragou contra a energia limpa.
Tim Walberg: Um dos mais
antiecológicos membros da legislatura de 2006, votou em todas as propostas contra a ener-
gia limpa e leis de controle de
eficiência energética.
Bob Schaffer: Principal
defensor do plano Bush/Cheney para a questão energética,
que distribuiu mais de 33 bilhões de dólares em isenção
fiscal às indústrias do petróleo
e do gás. Tendo se beneficiado diretamente de suas ligações
políticas, fechou acordos beneficiando indústrias que controla no Iraque e recebeu cerca de 245 mil dólares em incentivos da indústria petrolífera.
CAUSA OPERÁRIA
9 DE NOVEMBRO DE 2008
¶“Serenar-me, completar minha
cultura, fazer uma sossegada
obra de arte...” tal era o desejo
nunca realizado de Alfonsina
Storni, que durante toda a vida
lutou para sobreviver como
mulher independente e mãe solteira frente aos preconceitos e o
conservadorismo da sociedade
nos primeiros anos do século
XX. Frente aos dissabores da
existência, transformou-se,
através da palavra poética, em
uma verdadeira porta-voz de
toda uma geração de mulheres
que lutavam para conseguir sua
independência em todo o continente latino. Situando-se, nesse
sentido, como uma precursora
do movimento feminista, por
sua ousadia, é lembrada e admirada por feministas de todo
o mundo. Como tantas outras,
Alfonsina terminou tombando
sob o peso de chumbo da existência, atirando-se nas águas
do Mar del Plata aos 46 anos de
idade lembrando tristemente
a sua grande contemporânea,
Virgínia Woolf.
Seu pai, o italiano Alfonso era
um comerciante que, morando
na Argentina, iniciou-se em
1880 nos negócios de bebidas,
vendendo refrigerantes e cervejas em sociedade com seus
três irmãos. Lá, casou-se com
a suíça Paulina, uma professora
que dava aulas de música e canto
lírico. A família gozava de relativo prestígio na província San
Juan, onde atuavam. Porém,
devido a problemas de alcoolismo, um médico sugeriu que
Alfonso partisse em férias por
algum tempo.
Enquanto viajavam pela Suíça junto com os dois filhos
pequenos, tiveram sua terceira
criança, nascida em 1892. Era a
futura poetisa batizada Alfonsina Storni. Mais tarde, ela diria
a seu amigo Fermín Gutiérrez:
“me chamaram Alfonsina, que
significa ‘disposta a tudo”.
A família retorna a San Juan
quando a menina tinha apenas
quatro anos. Ainda em 1901,
mudam-se novamente para
Rosário, em Santa Fé, onde a
pequena viveu uma infância
bastante pobre. Desde cedo as
crianças foram obrigadas a trabalhar para completar a renda
familiar, assim, Alfonsina ainda
pequena, dedica-se a diversos
pequenos expedientes. Foi camareira, costureira, garçonete,
lavadora de pratos e operária
de fábrica. Ainda aos 11 anos,
Alfonsina já escrevia seus primeiros textos e poemas.
Em Santa Fé, sua mãe pretendia abrir uma pequena escola
particular, mas Alfonso muda os
planos e abre um empreendimento comercial, o “Café Suíço”.
Em poucos anos o café vai à
falência, e a situação econômica
do casal torna-se extremamente
instável. Alfonso, afundado na
miséria, morre doente pouco
tempo depois, em 1906.
A paixão
pelos palcos
O ano de 1907 marca a chegada a Rosario da companhia
teatral de Manuel Cordero com
sua trupe itinerante que percorria todo o país. Atraída pelos espetáculos, ela trava relações com
todos os atores, até que consegue um papel, substituindo uma
atriz enferma. Esta experiência
seria profundamente marcante
na vida da jovem, que durante
toda a vida manteria uma estreita ligação com a vida teatral
argentina. Sua participação na
peça é bem recebida pelo elenco,
e acaba por receber um convite
para integrar permanentemente
a companhia.
Deste modo, durante todo
o ano seguinte ela viaja pelo
País apresentando-se nos mais
diversos vilarejos argentinos,
desde Santa Fé até Tucumán,
passando por Córdoba, Mendoza e Santiago del Estero.
Apresentaram os espetáculos
“Espectros”, de Ibsen; “Os mortos”, de Florencio Sánchez; e
“A louca da casa”, do espanhol
Pérez Galdós.
Apesar da frutífera experiência, outro de seus sonhos era
trabalhar como professora, e decidida a seguir seriamente a carreira, ela inscreve-se na Escola
Normal de ensino superior em
Coronda, onde adquire diploma
de professora rural em 1910,
arrumando a seguir uma vaga
para dar aulas em uma escola
em Rosário. Torna-se colaboradora também de duas revistas
literárias, “Mundo Rosarino” e
“Monos y Monadas”, onde publica diversos poemas durante
todo o ano. Posteriormente,
vincula-se também à célebre
revista “Mundo Argentino”, que
tem ressonâncias entre outros
países de língua hispânica.
Uma temporada em
Buenos Aires
Em 1911 conhece e apaixona-se por um jornalista casado.
Vivem juntos um caso intenso
amoroso, mas quando Storni
lhe comunica sua gravidez, ele
rompe com a jovem, procurando, covardemente, preservar
sua reputação e seu casamento.
A jovem foge assim para Buenos
Aires, onde seu filho, Alejandro,
nasce em 1912. Ela tinha então
apenas 20 anos. “Em sua maleta, trazia pobres e escassas
peças de roupas, uns livros de
Darío e seus versos”. Escreveria
Alejandro em suas memórias,
anos depois.
O nascimento da criança,
como mãe solteira, definiria sua
posição diante do mundo como
mulher independente, que trabalha fora e enfrenta sozinha
seus problemas, em uma época
onde o único modelo aceitável
para a vida feminina era como
esposa e “rainha do lar”.
Consegue afinal um emprego
estável como operária em uma
empresa importadora de petróleo, ocupação que lhe permite
manter sua atividade paralela
como escritora, colaborando
também regularmente com a
revista Caras y Caretas.
Seu primeiro livro de poemas
sai em 1916, quase sem nenhuma repercussão. Era pobre,
mãe solteira e sem contatos nos
meios literários. São impressos
apenas 500 exemplares da publicação.
O livro intitulava-se La inquietud del rosal, que já chamava
atenção pela crítica à situação
de opressão das mulheres em
sua época, pior ainda quando
mascarada com a doce cobertura
de sentimentalismo dentro dos
relacionamentos afetivos. Ficou
bastante popular principalmente o poema “Tú me quieres blanca”, onde atacava as pretensões
masculinas de defesa de uma
ridícula castidade nas mulheres,
a pretexto da “moral”. Uma maneira dissimulada de lhes privar
de qualquer liberdade.
Você me quer alva
Me quer com espumas
Me quer como nácar.
Que seja um lírio
Acima de tudo, casta.
Com perfume tênue.
Corola fechada
Nem um raio lunar
Por mim passará
Nem uma margarida
Dirá ser minha irmã.
Você me quer nívea,
Você me quer branca,
Você me quer alva.
Você, que tudo provaste
Com os olhos nas mãos,
Frutas e mel
Os lábios tingidos.
Você que no banquete
Coberto com ramos
Deixaste tuas carnes
Celebrando Baco.
Em uma homenagem ao
novelista Manuel Gálvez, Alfonsina Storni era vista pela
primeira vez em Buenos Aires
recitando seus próprios versos.
Poucos meses depois era publicado em uma revista um dos
poemas do livro, “Versos otonales”, que surpreende por sua
forte carga emocional e lírica,
em reflexões intimistas que de
maneira nenhuma era vista em
seus contemporâneos:
Ao ver minhas bochechas, que
ontem estavam vermelhas
Senti o outono, seus achaques de
velho
Me dominou o medo, me revelou
o espelho
Nevando em meus cabelos enquanto caíam as folhas
Neste e em seus próximos
livros de versos, “El dulce dano”
de 1918; “Irremediablemente”,
de 1919; e “Languedez” de 1920,
manifesta-se claramente toda
sua amargura e ressentimentos
contra os estereótipos através
dos quais eram aprisionadas as
mulheres de seu tempo.
A influência
do modernismo
Mais bem sucedido que o
anterior, é seu segundo livro “El
dulce dano” de 1918, que tem
seu lançamento realizado entre
um pequeno círculo literário
composto por seus amigos Roberto Giusti e José Ingenieros.
No ano seguinte, o grande
expoente do modernismo argentino, o poeta Amado Nervo retorna à Argentina, onde
freqüenta as mesmas reuniões
literárias das quais fazia parte
Alfonsina.
Amado Nervo, junto com
“Amargo está o mundo”
escultura em
homenagem a
Alfonsina Storni, no
local de seu suicídio.
Alfonsina Storni
A 70 ANOS DO SUICÍDIO DA
GRANDE POETISA ARGENTINA,
ALFONSINA STORNI
Verdadeiro patrimônio da poesia
argentina e latino-americana,
Alfonsina Storni configurou-se como
uma das mais expressivas vozes da
geração poética que sucedeu o movimento
de renovação das letras argentinas nas
primeiras décadas do século XX
Rubén Darío, publicava regularmente seus versos na revista
“Mundo Argentino”. Isto dá
uma idéia do que representava
para a jovem, pobre e provinciana Alfonsina ter também
sua poesia impressa naquelas
páginas.
Transitando no mesmo círculo de amigos, iniciava para
a poetisa, um estreito contato
com a vanguarda do modernismo literário argentino. Grande
admiradora do poeta, ela lhe
presenteia com um exemplar de
seus versos dedicado ao “poeta
divino”.
A partir daí, Alfonsina passa
a vincular-se cada vez mais a
este que era o mais inovador
grupo do movimento de renovação das letras no País. A eles,
iriam se juntar mais tarde os
escritores José Enrique Rodó,
Manuel Ugarte e José Ingenieros, todos pilares da vanguarda
literária de Buenos Aires. Esta
influência mostra-se bastante
fértil, resultando em poemas
mais leves e fluidos, combinados
com um refinado senso de humor, como é visto em “Homem
Pequenino”:
Homem pequenino, homem
pequenino,
solta teu canário que quer voar...
Eu sou teu canário, homem
pequenino,
deixa-me saltar.
Esteve na tua gaiola, homem
pequenino,
homem pequenino que gaiola me
dás.
Digo pequenino porque não me
entendes,
nem me entenderás.
Também não te entendo, mas
enquanto isso
abre-me a gaiola que quero
escapar;
Homem pequenino, te amei meia
hora,
não me peças mais.
Entre 1919 e 1924, trabalha
regularmente como atriz em
diversos centros culturais feministas e socialistas da capital.
Uma das atividades centrais da
vida da artista, posteriormente,
ela escreveria sua própria peça,
a aclamada “Un Corazón Valente”, que teria estréia apenas
em 1927.
Relativamente conhecida, sua
situação econômica melhorou, o
que lhe permitiu mudar-se para
Montevidéu. Lá ela estende seu
círculo de relações e amplia suas
influências, em contato com a
vanguarda uruguaia, como a
poetisa Juana Ibarbourou e o
poeta Horácio Quiroga, que se
tornariam grandes amigos.
“Não chames,
já não respondo
a nada”
Em 1920, Storni é agraciada com o primeiro lugar no
Prêmio Municipal de Poesia,
e o segundo lugar no Prêmio
Nacional de Literatura, com
o poema “Languidez”. No ano
seguinte, foi homenageada
também com uma cadeira permanente no Teatro Municipal
Infantil de Lababarden. Em
1923, tornou-se ainda professora de “Leitura e Declamação”,
na Escola Normal de Línguas
Vivas, onde havia se formado.
Pouco tempo depois, ganhou
uma cadeira também na Escola
Nacional de Música e Declamação.
Em sua quinta coleção de
poemas, publicado em 1925,
“Ocre”, e “Poemas de Amor”,
publicado um ano após, Storni expressa de maneira mais
contundente toda a revolta
feminina quanto à postura dos
homens de sua época. Seu estilo mostra-se mais vinculado
ao realismo, com temas fortemente feministas. Retratava
com vigor o desprezo sofrido
pelas mulheres, a solidão, a
marginalidade e a pobreza.
Bem pode ser que tudo o que em
meu verso hei sentido
Não seja mais que aquilo que
nunca pôde ser,
Não seja mais do que algo vedado e reprimido
De família em família, de mulher em mulher.
Dizem que nos solares dos meus,
sempre medido
Estava tudo aquilo que se tinha
a fazer...
Silenciosas dizem que as mulheres hão sido
Em meu materno lar. Ah, sim,
bem pode ser...
Às vezes minha mãe terá sentido
o anseio
De liberar-se, e logo viu subirlhe do seio
Uma funda amargura, e na
sombra chorou.
E tudo de mordaz, vencido,
mutilado,
Tudo o que se encontrava em sua
alma guardado,
Creio que sem querer fui eu
quem libertou.
“Ocre”, particularmente, é
considerado um marco em sua
evolução poética, quando encontra sua própria voz, ligada
ao movimento pós-moderno
da poesia argentina e às idéias
feministas, socialistas e emancipadoras de seu tempo. Uma
profunda amargura, entretanto,
cada vez mais dava a tônica de
seus poemas. Pertencem a ele
os célebres “Versos à tristeza de
Buenos Aires”.
Tristes ruas direitas, tão
cinzentas e iguais,
CULTURA 20
por onde assoma, às vezes, um
pedaço de céu,
suas fachadas escuras e suas
ruas de breu
apagaram-me os tíbios sonhos
primaverais.
Quanto vaguei por elas,
distraída, inundada
no vapor acinzentado, lento, que
as decora.
De sua monotonia, minh’alma
sofre agora.
- Alfonsina! - Não chames. Já
não respondo a nada.
Se eu morro, Buenos Aires, em
uma de tuas casas,
vendo em dias de outono teu
preso céu sem asas,
não me fará surpresa essa lápide
pesada.
Que entre tuas ruas retas,
untadas por teu rio
apagado, brumoso, desolador,
sombrio,
quando vaguei por elas, eu já
estava enterrada.
Sua saúde também gradualmente começa a apresentar
problemas e ela é obrigada a
abandonar seu trabalho como
professora, atividade que nunca
havia largado desde a formatura. Mesmo assim, mantém-se
em plena atividade, funda a Sociedade Argentina de Escritores
e faz freqüentes viagens à Espanha, onde entra em contato com
outros escritores vanguardistas,
como Garcia Lorca.
Após as freqüentes viagens,
seus poemas sofrem novas
transformações, sua expressividade filia-se a um lirismo mais
dramático e visceral, carregado de paixão e angústia. Tais
transformações, típicas de sua
fase madura, estão registradas
em seu livro “Mundo de Siete
Pozos”, publicado em 1934, e
“Mascarilla y trébol”, de 1938.
Pertence a este período os conhecidos e belíssimos versos de
“Agrio está el mundo.
Amargo está o mundo
imaturo,
detido;
em seus bosques
florescem pontas de aço;
sobem as velhas tumbas
à superfície;
a água dos mares
cunha
casas de espanto
Amargo está o sol
sobre o mundo
afogado nos vapores
que dele sobem
imaturo,
detido
Amarga está a lua
sobre o mundo;
verde
descolorida;
caça fantasmas
com seus patins
úmidos.
Amargo está o vento
Sobre o mundo;
Alça nuvens de insetos mortos,
Ata-se, roto
Às torres,
Junta-se crepes
De pranto;
Sobre os tetos.
Amargo está o homem
Sobre o mundo
Balançando-se
Sobre suas pernas...
A suas costas,
Tudo,
Deserto de pedras;
À sua frente,
Tudo,
Desperto de sóis,
Cego.
Era então já uma das maiores
celebridades da Argentina. Gabriela Mistral faz questão de ir
conhecer a poetisa, e o próprio
presidente argentino freqüentava suas apresentações teatrais.
“No fundo
escuro do mar”
No período em que desfrutava do auge de sua popularidade,
contudo, em 1935, ela descobre
que está com câncer de mama,
em uma época em que a doença
era especialmente destruidora
devido à completa ausência de
tratamento.
No mesmo ano ela submetese a uma operação e retira um
dos seios, mas novos tumores
aparecem. Storni cai em uma
depressão profunda. O suicídio
de um de seus melhores amigos,
Horacio Quiroga, em 1937, deixa-a ainda mais transtornada.
Em janeiro de 1938, Ministério da Educação do Uruguai
promoveu um encontro histórico com as três mais celebradas
poetisas da América-Latina,
Juana de Ibarbourou, Gabriela
Mistral e Alfonsina Storni, representando três nações latinas,
Uruguai, Chile e Argentina.
Apesar das celebrações, ela
permanece profundamente
abatida. A doença consumia sua
saúde a passos rápidos. Naquele
mesmo ano ela conta a seu filho
que o câncer havia avançado
também para sua garganta, mas
que se recusaria a submeter-se a
uma nova cirurgia.
Dia 18 de outubro ela tomou
um trem em direção a Mar del
Plata, onde hospedou-se em um
pequeno hotel. Ali, dois dias
depois, Alfonsina escreveu o
poema “Voy Dormir”.
Dentes de flores,coifa de orvalho
mãos de ervas, tu, fina ama-deleite,
prepara-me os lençóis terrosos
e a colcha de musgos
Vou dormir, minha ama-de-leite,
põe-me para dormir
, põe-me uma lâmpada à
cabeceira,
uma constelação; a que te agrade
mais;
todas são boas; abaixe-a um
pouquinho.
Deixa-me só: ouve romper os
brotos...
cria para ti um pé celeste de
cima...
e um pássaro traça para ti uns
compassos
para que esqueças... Obrigado.
Ah, por favor:
Se ele telefonar de novo
digas-lhe que não insista, que saí.
Os versos foram remetidos
para o jornal La Nación. Na
manhã seguinte, dia 25 de
outubro de 1938, enquanto a
população lia atônita seu poema nas páginas da imprensa,
a poetisa, que não sabia nadar,
atirava-se na escuridão das
águas do Mar del Plata. Era
seu testamento, seu adeus ao
mundo, à humanidade.
Seu corpo só foi encontrado
muitos dias depois, por operários que trabalhavam no cais.
Sua morte provocou comoção
nacional. Os cortejos fúnebres
duraram vários dias, mobilizando multidões. Os músicos
Ariel Ramírez e o escritor Félix
Luna, grandes admiradores
de Storni e profundamente
tocados pelo drama vivido pela
poetisa, compõem uma das
mais belas letras da história
da música argentina, a canção
Alfonsina y el Mar, eternizada
pela interpretação de Mercedes
Sosa, mas que foi incorporada
ao repertório de dezenas de
cantores, dos mais diversos
países.
Pela branda areia que lambe o
mar
suas pequenas pegadas não
voltam mais.
Um caminho só de
pedra e silêncio
chegou até a água profunda.
Um caminho só
de pedras mudas
chegou até a espuma.
Sabe Deus que angústia te acompanhou!
Que velhas dores
calaram tua voz
Para te fazer deitar
ninada pelo canto dos caracóis
marinhos.
A canção que canta no fundo
escuro do mar O caracol.
Vais embora, Alfonsina,
Com a tua solidão.
Que novos poemas fostes buscar?
Uma voz antiga De vento e de sal
te conforta a alma
e a está levando.
E vais pra além
Como em sonhos
Adormecida, Alfonsina,
Vestida de mar
Cinco sereiazinhas te levarão
Por caminhos de algas e de coral
E fosforescentes cavalos marinhos
Farão uma ronda ao teu lado
E os habitantes d’água vão
brincar
Logo ao teu lado
Baixa-me a lâmpada um pouquinho mais
Deixe-me dormir, ama-de-leite,
em paz
E se ele chamar, não digas que
estou
Diga que Alfonsina não volta
E se ele chamar, não digas nunca
que estou
Diga que saí
Vais embora, Alfonsina, com tua
solidão
Que novos poemas foste buscar?
Uma voz antiga de vento e de sal
Te conforta a alma e a está
levando
E vais para além como nos
sonhos
Adormecida, Alfonsina, vestida
de mar. ¶
Download

causa operária