UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL
ESTRUTURA POPULACIONAL DO GÊNERO Callinectes NA BAÍA DA
BABITONGA, SÃO FRANCISCO DO SUL, SC.
Mário José Pereira
Dissertação apresentada à Universidade do
Vale do Itajaí, como parte dos requisitos para
obtenção do grau de Mestre em Ciência e
Tecnologia Ambiental.
Orientador: Prof. Dr2. Joaquim Olinto Branco.
ITAJAÍ, SC
2006
SUMÁRIO
RESUMO .................................................................................................................................. ii
ABSTRACT .............................................................................................................................iii
1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1
2 - OBJETIVOS ........................................................................................................................ 7
2.1 - Objetivo Geral ......................................................................................................... 7
2.2 - Objetivos Específicos ............................................................................................ 7
3 - MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 8
3.1 - Área de Estudo ........................................................................................................ 8
3.2 - Coleta dos Dados .................................................................................................. 11
3.3 - Laboratório ............................................................................................................. 11
4 - RESULTADOS.................................................................................................................. 13
4.1 - Variáveis abióticas................................................................................................ 13
4.1.1 -Temperatura ..................................................................................................... 13
4.1.2 – Salinidade ....................................................................................................... 14
4.2 - Ocorrência e distribuição espacial das espécies de Callinectes ................ 15
4.3 - Callinectes danae.................................................................................................. 17
4.3.1 - Proporção sexual ........................................................................................... 17
4.3.2 - Relação peso/largura da carapaça ............................................................. 20
4.3.3 - Estrutura de largura da carapaça................................................................ 22
4.3.4 - Tamanho de primeira maturação ............................................................... 26
4.3.5 - Fecundidade .................................................................................................... 26
4.3.6 - Captura por Unidade de Esforço (CPUE) ............................................... 27
4.4 - Callinectes sapidus ............................................................................................... 28
4.4.1 - Proporção sexual ........................................................................................... 28
4.4.2 - Relação peso/largura da carapaça ............................................................. 29
4.4.3 - Estrutura de largura da carapaça................................................................ 30
4.4.4 - Tamanho de primeira maturação ............................................................... 33
4.4.5 - Fecundidade .................................................................................................... 33
4.4.6 - Captura por Unidade de Esforço (CPUE) ............................................... 34
4.5 - C. bocourti, C. exasperatus & C. ornatus ..................................................... 35
4.5.1 - Proporção das espécies ................................................................................ 35
4.5.2 - Estrutura da largura da carapaça................................................................ 36
4.5.3 - Fecundidade Callinectes bocourti............................................................. 37
5 – DISCUSSÃO..................................................................................................................... 37
6 - CONCLUSÕES ................................................................................................................. 45
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 47
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
RESUMO
Com a finalidade de levantar informações sobre a estrutura da população de
Callinectes spp. na Baía de Babitonga, foram realizadas coletas mensais durante o
período de dezembro de 2003 a novembro de 2004. Foram coletados 1956
exemplares, sendo 1724 pertencentes à Callinectes danae (1506 machos, 218
fêmeas), 197 C. sapidus (80 machos, 117 fêmeas), 23 C. bocourti (5 machos, 18
fêmeas), 10 C. ornatus (8 machos, 2 fêmeas) e dois machos de C. exasperatus. A
temperatura da água de superfície variou de 17°C (junho) a 25,3°C (janeiro) e a
salinidade média de 20‰ (agosto) a 26‰ (abril), apresentando valores típicos de
estuários. Não foi observada correlação entre esses parâmetros, bem como na
abundância de siris. Os machos de C. danae predominaram sobre as fêmeas,
exceto em março/04 na Área II, onde a proporção foi de 1:1. A expressão da relação
peso/largura da carapaça de C. danae foi de Wt=0,0871Wid2,858 para machos e Wt=
0,0856 Wid2,8402 para as fêmeas e ambos apresentaram, crescimento alométrico
negativo. A amplitude de variação de largura da carapaça foi de 1,0 a 13,0cm, e o
tamanho de primeira maturação foi estimado em 8,6cm para machos e 7,1cm nas
fêmeas. A fecundidade das fêmeas dessa espécie, variou de 161.333 a 937.292
ovos, com uma média de 457.262 ovos por fêmea. A CPUE de C. danae por áreas
de coleta não apresentou diferenças significativas, mas entre os meses foi
moderada. As fêmeas de C. sapidus predominaram nas amostragens, sendo que a
relação peso /largura da carapaça nos machos (Wt=0,0805 Wid2,9542) e fêmeas (Wt=
0,1752 Wid2,5685) apresentaram crescimento alométrico negativo. A amplitude de
variação da carapaça foi de 5,0 a 16,0cm, com o tamanho de primeira maturação de
8,9cm nos machos e de 10,2cm nas fêmeas. A fecundidade das fêmeas de C.
sapidus oscilou de 440.115 a 2.362.3999 ovos com uma média de 978.109 ovos por
fêmea, sendo que ambos os sexos contribuíram proporcionalmente com a mesma
biomassa. As outras espécies de Callinectes, apresentaram uma amplitude de
largura da carapaça para C. bocourti variando entre 6,8 a 12,6cm, em C. ornatus de
5,8 a 9,5cm e para C. exasperatus de 11,0 a 12,7cm. A fecundidade de C. bocourti
foi estimada em 377.206 a 1.671.401 ovos, com uma média de 1.139.752 ovos por
fêmea. A Baía de Babitonga, por ser considerada uma área de crescimento e
reprodução para C. danae e C. sapidus. Entretanto a eclosão das larvas ocorre fora
da baía através da migração das fêmeas ovígeras, e os machos permanecem no
estuário a maior parte do ciclo de vida.
ii
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
ABSTRACT
With the purpose of raise information about the structure of the population of
Callinectes spp. in the Bay of Babitonga, were carried out monthly collections during
the period of December of 2003 to November of 2004. They were collected 1956
sample, being 1724 belonging to the Callinectes danae (1506 males, 218 females),
197 C. sapidus (80 males, 117 females), 23 C. bocourti (5 males, 18 females), 10 C.
ornatus (8 males, 2 females) and two males of C. exasperatus. The temperature of
the water of surface varied of 17°C (June) to 25,3°C (January) and the medium
saltiness of 20‰ (August) to 26‰ (April), presenting typical values of estuaries. It
was not observed correlation between those parameters, as well like in the
abundance of crabs. The males of C. danae predominated about the females,
except in March/04 in the Area II, where the proportion was of 1:1. The expression
of the relation weight/width of the carapace of C. danae was of Wt=0,0871Wid2,858
for males and Wt = 0,0856 Wid2,8402 for the females and both presented, growth
alometric negative. The width variation amplitude of the carapace was of 1,0 to
13,0cm, and the size of first ripening was estimated in 8,6cm for males and 7,1cm in
the females. The fertility of the females of that sort, varied of 161.333 to 937.292
eggs, with a medium one of 457.262 eggs by female. To CPUE of C. danae by
areas of collection did not present significant differences, but between the months
was moderates. The females of C. sapidus predominated in the samples, being that
the relation weight /width of the carapace in the male (Wt=0,0805 Wid2,9542) and
females (Wt = 0,1752 Wid2,5685) presented growth alometric negative. The amplitude
of variation of the carapace was of 5,0 to 16,0cm, with the size of first ripening of
8,9cm in the male and of 10,2cm in the females. The fertility of the females of C.
sapidus oscillated of 440.115 to 2.362.3999 eggs with a medium one of 978.109
eggs by female, being that both the sexes contributed proportionally with the same
one biomassa. The other species of Callinectes, presented an amplitude of width of
the carapace for C. bocourti varying between 6,8 to 12,6cm, in C. ornatus of 5,8 to
9,5cm and for C. exasperatus of 11,0 to 12,7cm. The fertility of C. bocourti was
estimated in 377.206 to 1.671.401 eggs, with a medium one of 1.139.752 eggs by
female. The Bay of Babitonga, by to be considered an area of growth and
reproduction for C. danae and C. sapidus. However the emergence of the larvae
occurs outside of the bay through the migration of the females ovígeras, and the
males remain in the estuary most of the cycle of life.
iii
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
1 - INTRODUÇÃO
Os crustáceos representam um dos principais grupos zoológicos do ambiente
marinho, tanto como integrantes das comunidades, quanto como fonte de recursos
alimentares para o homem (BOSCHI, 1964). A ordem Brachyura abriga em torno de
5.000 espécies, sendo que destas, cerca de 300 ocorrem no litoral brasileiro e 94
foram citados para o litoral do RS, onde algumas famílias são de importância
econômica como Portunidae (BUCKUP & BOND-BUCKUP, 1999).
Os Portunidae são considerados indicadores biológicos de distintas massas
de água, contribuindo, em conjunto com outros organismos, para a delimitação de
regiões biogeográficas marinhas (TAISSOUN, 1973). Os representantes dessa
família apresentam uma ampla distribuição geográfica, ocorrendo em águas
tropicais e subtropicais de todo o mundo, penetrando em estuários, lagoas e
desembocaduras de rios (MELO, 1996).
Dentre os Portunidae foram descritas aproximadamente 300 espécies, onde
cerca de 200 ocorrem no Indo-Pacífico oeste e apenas 29 espécies no Atlântico
oeste tropical (NORSE, 1977).
O gênero Callinectes (STIMPSON,1860) abriga os Portunidae cujo abdômen
no macho tem a forma “T’’ invertido e o ângulo antero-externo do merus do 3o
maxilípede é projetado para fora. Existem 14 espécies do gênero Callinectes, das
quais, oito ocorrem no Atlântico ocidental, três no oriental e três no Pacífico oriental
(WILLIAMS, 1974)”. Acredita-se que os "siris-azuis" são os Portunidae mais
intensamente comercializados nos estuários e baías de todo o continente
americano, notadamente, na costa leste da Américas do Norte e do Sul (VAN
ENGEL, 1958).
1
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
O sexo em Callinectes é de fácil identificação, pois ocorrem diferenças na
forma do abdome e nos apêndices abdominais. Os machos maduros possuem
abdome longo, delgado e na forma de T invertido. Apresentam dois pares de
apêndices, os quais são utilizados no acasalamento: dois longos órgãos
intromitentes e dois pequenos órgãos acessórios. Nos machos imaturos, o abdome
é firmemente aderido na superfície ventral da carapaça. Nas fêmeas imaturas, o
abdome é triangular e aderido ao corpo, enquanto nas fêmeas adultas, ele possui o
formato arredondado, quase semicircular e livre da carapaça ventral (VAN ENGEL,
1958).
As fêmeas de Callinectes. sapidus (RATHBUN, 1896) acasalam apenas uma
vez, após a última muda, enquanto que os machos podem acasalar durante as três
últimas intermudas (TAGATZ, 1968). Após o acasalamento, o macho carrega a
fêmea sob seu abdômen por mais ou menos dois dias em alguns casos pode
ocorrer a multipaternidade, e em seguida ocorrerá a calcificação da carapaça. O
esperma do macho fica estocado na espermateca da fêmea, onde permanece viável
por um ou mais anos, sendo utilizado em repetidas desovas (VAN ENGEL, 1958).
O acasalamento ocorre na região mixohalina do estuário, após as fêmeas
migram para águas mais salgadas, onde ocorrem à desova e a eclosão, enquanto
que os machos retornam as regiões pré-límnicas (VAN ENGEL, 1958; DARNELL,
1959; e TAGATZ, 1968).
O intervalo de tempo entre o acasalamento e a desova varia com a estação.
Normalmente, a desova ocorre um ou dois meses após o acasalamento na
primavera e verão (TAGATZ, 1968).
Os ovos são fixados nos apêndices abdominais das fêmeas, sob a forma de
uma esponja e carregados até a eclosão. O número de ovos varia de um a oito
2
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
milhões. Inicialmente, possuem coloração amarelo-laranja e com o desenvolvimento
dos embriões e a absorção do vitelo, tornam-se marrons e finalmente, pretos (VAN
ENGEL, 1958; TAGATZ, 1968).
Em geral, no litoral brasileiro costumam-se nomear de "siri azul", todos os
representantes do gênero Callinectes. Tal denominação deve ser aplicada à espécie
Callinectes sapidus, a qual é a mais importante economicamente dentre as espécies
do gênero, que ocorrem ao longo da costa Atlântica. Este procedimento popular
ocorre em função da semelhança entre as espécies: Callinectes bocourti, C. danae,
C. exasperatus, C. larvatus, C. ornatus e o próprio C. sapidus.
Todas as espécies de Callinectes podem ser utilizadas como alimento pelos
humanos. Dentre elas, C. sapidus é o de maior interesse econômico, representando
nos Estados Unidos da América, vários milhões de dólares anuais (WILLIAMS,
1974) e um dos principais recursos pesqueiros do leste e sudeste dos EUA, tendo
sido intensamente estudado (WILLIAMNS 1974, LIPCIUS & VAN ENGEL 1990,
JORDAN 1998), entre outros.
MELO (1996) registrou a presença de seis espécies de Callinectes Stimpson,
1860 para o litoral brasileiro (C. bocourti A. Milne Edwards, 1879, C. danae Smith,
1869, C. exasperatus Gerstaecker, 1856, C. larvatus Ordway, 1863, C. ornatus
Ordway, 1863 e C. sapidus Rathbun, 1896).
C. sapidus, ocorre ao longo do litoral Atlântico oeste, desde a Nova Escócia
até o norte da Argentina, incluindo Bermudas e as Antilhas, havendo ainda registros
de sua ocorrência na Dinamarca, Países Baixos e adjacências do Mar do Norte,
sudeste da França, Golfo de Gênova, norte do Adriático, oeste do Mar Negro e leste
do Mar Mediterrâneo. Essa espécie habita uma variedade de fundos em estuários,
3
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
água costeira rasa e penetrando ocasionalmente em água doce, podendo tolerar
uma grande variação de salinidade e temperatura (WILLIAMS, 1984).
O C. boucorti ocorre na Flórida, Golfo do México, Antilhas, Colômbia,
Venezuela, Guianas e Brasil (do Amapá até Santa Catarina). Têm por habitat, as
águas rasa de estuários e bocas de rio, suportando águas pouco salinas e até
poluídas. Encontrada associado a C. sapidus, em fundos de areia, lama, conchas
ou rochas, do entre-marés até 20 metros (TAISSOUN, 1969 e WILLIAMS, 1978).
A espécie C. danae é encontrado desde a Florida, Golfo do México, América
Central, Antilhas, norte da América do Sul, Brasil, Argentina e até o Chile (MELO,
1996). É uma espécie que ocorre em estuários com fundo de lama, manguezais,
fundo de cascalho recoberto por algas, praias e oceanos mais ou menos até a
profundidade de 70 metros, tolerando grande variação de salinidade (WILLIAMS,
1984).
C. ornatus ocorre no Atlântico ocidental da Carolina do Norte até a Flórida,
Golfo do México, Antilhas, Colômbia, Venezuela, Guianas e Brasil (do Amapá ao
Rio Grande do Sul), habitando até 75 metros, em areia, lama e também em águas
menos salinas (MELO, 1996).
C. exasperatus é encontrado desde a Flórida, Golfo do México, Antilhas,
Venezuela até o Brasil (do Maranhão até Santa Catarina). Em águas rasas, do
entre-marés até 8 metros. Em águas salgadas e estuarinas, perto de boca de rios e
de manguezais (MELO, 1996).
A pesca de Callinectes constitui uma atividade de grande importância
comercial em várias partes do mundo, inclusive no Brasil (PEREIRA-BARROS &
TRAVASSOS, 1972). COELHO (1965), estudando a biologia e a pesca dos siris em
Pernambuco e estados vizinhos, cita que apenas seis espécies fazem parte da
4
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
alimentação humana. Sendo C. danae o mais consumido, encontrado apenas em
águas estuarinas. Também são consumidos C. bocourti e C. exasperatus, ambos
encontrados apenas em estuários. C. marginatus, C. ornatus e Araneus cribrarius
Lamarck (1818) são encontrados na região litorânea.
No litoral norte de São Paulo, foram analisadas a biologia populacional e a
reprodução do C. ornatus sendo determinado o tamanho na primeira maturação e
fecundidade (MANTELATTO & FRANSOZO, 1996 e 1997), desenvolvimento
gonadal e ciclo de muda (MANTELATTO & FRANSOZO, 1998), estrutura
populacional, razão sexual e outros aspectos reprodutivos (NEGREIROS –
FRANSOZO et al., 1999).
Na costa paranaense, C. ornatus ocorre em grande quantidade como fauna
acompanhante na pesca do camarão sete-barbas: Xiphopenaeus kroyeri (Heller,
1862) (BAPTISTA, et al., 2003; BRANCO & LUNARDON-BRANCO 1993 a, b).
BRANCO & MASUNARI (2000) descreveram o ciclo de vida de C. danae na
Lagoa da Conceição que funciona como uma área de crescimento, reprodução e
desova para a espécie, entretanto, a eclosão das larvas ocorre fora da lagoa com a
migração das fêmeas ovígeras para o mar aberto. Após a eclosão, algumas fêmeas
retornam para a lagoa, enquanto os machos permanecem na lagoa ao longo da
vida. O padrão semelhante ocorre no estuário da Baía da Babitonga para essa
espécie e outros Callinectes (BRANCO, 1998). Esse autor registrou a ocorrência de
quatro espécies nessa região, sendo que C. danae foi a mais abundante, seguida
de C. ornatus, C. bocourti e C. sapidus. Comportamento semelhante foi registrado
para o Manguezal do Itacorubi (Florianópolis) e para o Manguezal de Camboriú
(Balneário Camboriú) (BRANCO & THIVES 1991, BRANCO et al., 1994).
5
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
O crescimento em C. sapidus é rápido, e o estágio adulto pode ser alcançado
em um ano ou um ano e meio depois da eclosão; as fêmeas tornam-se sexualmente
maduras e param de crescer depois de 18 a 20 mudas, enquanto os machos
alcançam a maturidade sexual em torno de 18 ou 19 mudas, após a última fase
larval. Nos machos, o crescimento no entanto, não cessa, podendo haver mais 3 ou
4 mudas; poucos animais sobrevivem mais de um ano após alcançarem a
maturidade. A idade máxima observada foi de um pouco mais de 4 anos (VAN
ENGEL, 1958; TAGATZ, 1968).
Segundo WILLIAMS (1974), estudos efetuados em coleções de museus
revelaram a presença de fêmeas ovígeras de C. danae nos meses de janeiro
(Suriname), fevereiro, março, maio, junho, julho e agosto (Brasil) e novembro
(Curaçao, Sta. Lúcia).
YAMAMOTO (1977), estudando exemplares obtidos por barcos de pesca
comercial na região de Cananéia, São Paulo, constatou a presença de fêmeas
ovígeras de C. danae nos 12 meses analisados, sugerindo que a atividade
reprodutora desta espécie ocorre durante o ano inteiro.
Considerando sua importância econômica e levando-se em conta a
quantidade de fêmeas ovígeras que são apanhadas anualmente, sentiu-se a
necessidade de se conhecer um pouco mais sobre a biologia desta espécie,
principalmente no que se refere à sua fecundidade.
A Baía da Babitonga é um dos principais ecossistemas do litoral norte de
Santa Catarina, constituído por bosques de manguezais, praias e costões rochosos.
Nessa baía os siris constituem, potencialmente, uma fonte de recursos alimentar e
de renda para algumas famílias do entorno da Baía. Tendo em vista poucos estudos
6
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
nessa região, o presente trabalho contribuirá no conhecimento de aspectos da
biologia e importância dos Callinectes na Baía da Babitonga.
2 - OBJETIVOS
2.1 - Objetivo Geral
-
Estudar a estrutura populacional das espécies do gênero Callinectes spp. na
Baía da Babitonga, durante o período de dezembro de 2003 a novembro de
2004.
2.2 - Objetivos Específicos
-
Identificar as espécies de siri do gênero Callinectes que ocorrem na Baía da
Babitonga caracterizando a distribuição espacial e temporal.
-
Determinar Quantificar a proporção sexual dos Callinectes capturados na
Baía da Babitonga, pela classe de comprimento e pela variação sazonal.
-
Estimar o período reprodutivo, o tamanho da primeira maturação sexual e a
fecundidade dos Callinectes capturados na Baía da Babitonga.
7
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
3 - MATERIAL E MÉTODOS
3.1 - Área de Estudo
A Baía da Babitonga está situada ao norte do litoral catarinense, entre as
coordenadas geográficas de 26º02’ - 26º28’ S e 48º28’ - 48º50’ W. com uma
superfície de 130 Km², profundidade média de 6m, volume aproximado de 7,8x 10
m³ de água (IBAMA, 1998) ( Fig. 1).
A Baía da Babitonga confronta-se com os Municípios de Joinville, Araquari,
São Francisco do Sul, Barra do Sul, Itapoá e Garuva (SDM, 2000). Os principais
ecossistemas encontrados no litoral norte do Estado de Santa Catarina são, além
da Baía da Babitonga com os seus manguezais, as praias e os costões rochosos da
Ilha de São Francisco. A Baía da Babitonga abriga inúmeras ilhas pequenas, sendo
a mais conhecida a de São Francisco do Sul, com cerca de 300 km², onde encontrase a cidade e o Porto de São Francisco do Sul.
O complexo Estuarino da Baía da Babitonga é uma das maiores formações
de águas mixohalinas do litoral sul brasileiro e a região de maior concentração de
manguezais do Estado. Este complexo é formado, além do corpo principal, pelo
Canal do Palmital e pelo Canal do Linguado e nas zonas marinhas e flúvio-marinhas
de maior energia predominam sedimentos das fácies areia, areia síltica e silte
arenoso (OLIVEIRA, 2000). Conforme esse autor, a deriva litorânea possui direção
de Sul para Norte, sendo que o sistema estuarino apresenta normalmente um baixo
grau de estratificação salina, sendo a maré o principal mecanismo natural regulador
de qualidade da água do interior do sistema e o regime de marés é do tipo misto,
predominantemente semi-diurno.
8
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
Como principais unidades fisiográficas se destacam no litoral norte, a Baía de
São Francisco do Sul ou Baía da Babitonga e a Barra do Rio Itapocu, limitando uma
extensa planície de terrenos cristalinos cobertos com deposições de sedimentos
finos de origem flúvio-marinho, sujeita a periódicas intrusões de água salgada e
ocupada por sistemas de manguezais (LEDO, 1984).
Fonte: Imagem cedida pelo Laboratório de Climatogia da UNIVALI
Figura 1. Mapa da Baía da Babitonga com as áreas de coleta.
A presença e a morfologia da Ilha de São Francisco determinou as condições
estuarinas ao sistema que comunica com o mar aberto por meio de duas barras, a
Barra Sul e a barra de acesso ao Canal de São Francisco, que desembocam no
corpo principal da Baía (TOGNELLA-DE- ROSA, 2000).
O aterro do Canal do Linguado para a construção da ligação rodoviária entre
Joinville e a Ilha de São Francisco, constituiu historicamente, grave impacto
ambiental na Baía de Babitonga. A construção desse aterro alterou a circulação das
9
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
águas da baía, provocando assoreamento do canal e comprometendo junto com os
altos índices de poluição, os recursos marinhos, cuja concentração era bastante
expressiva naquele setor da baía. Entretanto, após o fechamento do Canal do
Linguado, a Baía ficou dividida em duas porções. A porção sul possui menor
dimensão e hidrodinâmica, a porção norte é bem maior, tendo seu corpo de água
principal cerca de 166.837,39 Km² apresentando em torno de 83 ilhas. A vegetação
da região é marcada por exuberantes manguezais, cuja área ocupada corresponde
a 80% da área total de ocorrência desse ecossistema para o Estado (MMA, 1998).
Nesse contexto ambiental, ocorre uma intensa atividade humana, cujo maior
ocupação concentra-se no Município de Joinville, grande pólo industrial e urbano de
Santa Catarina e um dos mais importantes do país. Além de Joinville, outros
municípios tais como Garuva, Araquari e São Francisco do Sul apresentam
atividades impactantes que acabam influindo na qualidade ambiental da baía. O
porto e o terminal petrolífero de São Francisco do Sul são de dimensões e
importância consideráveis, cuja atuação no cenário portuário do país tende
aumentar (TOGNELLA-DE-ROSA, 2000).
A exploração indiscriminada dos recursos naturais, decorrentes em sua maior
parte do intenso processo de urbanização a que foi submetido o Município de
Joinville a partir da década de 50, evidencia hoje uma crescente descaracterização
do ambiente natural da Baía da Babitonga (PREFEITURA MUNICIPAL DE
JOINVILLE, 1993).
Os impactos que ocorrem ao longo das margens da Baía da Babitonga
inviabilizam sua utilização para atividades recreacionais, cultivos de espécies
marinhas e extrativismo de crustáceos nas suas proximidades (TOGNELLA-DEROSA, 2000).
10
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
3.2 - Coleta dos Dados
Durante o período de dezembro de 2003 a novembro de 2004 foram
realizadas coletas mensais em três períodos do dia (manhã, tarde e noite). A
captura ocorreu em quatro áreas tradicional de pesca na Baía da Babitonga, sendo
utilizada dez armadilhas tipo jereré, com arco de metal (0,7m x 0,45m) (GAMBA,
1994) preso a um cordão de nylon de 15m, utilizando-se isca de peixe para atrair os
siris, sendo que a cada quinze minutos, era efetuada a vistoria dos jererés que
permaneceram imersos por área de coleta durante três horas (BRANCO, 1996).
Após a captura os siris foram acondicionados em sacos plásticos devidamente
etiquetados e mantidos em caixas de isopor com gelo e transportados ao
Laboratório de Zoologia da UNIVALI. Paralelamente as coletas foram registradas a
temperatura e a salinidade da água da superfície.
3.3 - Laboratório
A identificação e determinações do sexo dos exemplares foram efetuadas de
acordo com WILLIAMS (1974). Foi registrada a largura da carapaça, (distância entre
os espinhos laterais) sendo considerados apenas os espécimes íntegros, medida
com auxilio de um ictiômetro com precisão de 0,01mm e o peso com uma balança
digital com precisão de 0,01g.
A proporção de sexos (machos: fêmeas) foi calculada mensalmente e
sazonalmente e testada estatisticamente pelo teste de Qui-quadrado ( 2)
(VAZZOLER, 1996).
11
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
Os siris foram classificados segundo o estádio de maturação (juvenil e
adulto), pela morfologia e aderência dos somitos abdominais no cefalotórax
(BRANCO, 1996). De cada fêmea ovígera coletada, foi retirada a massa de ovos e
pesada, separando-se três sub-amostras de 0,1g contadas e a partir da média foi
estimada a fecundidade da espécie (BRANCO & AVILA, 1992).
O tamanho de primeira maturação sexual foi observado apenas o
desenvolvimento morfológico dos machos e das fêmeas, sendo analisados em
separados (VAZZOLER, 1996). A relação peso total/largura da carapaça total foi
estimada para machos e fêmeas através da equação (SANTOS 1978): Wt = a Ltb,
onde a= fator de condição; b= constante da relação peso/largura.
A análise de variância paramétrica (ANOVA) (ZAR, 1999) foi utilizada para
verificar a existência de diferenças significativas nos parâmetros ambientais, e na
biomassa (CPUE) entre as áreas de coleta e estações do ano, sendo testados
quanto à homogeneidade da variância (teste de Bartlett) e de normalidade da
distribuição (prova de Kolmorov-Smirnov). Na existência de diferenças significativas,
o contraste das médias (teste de Tukey-Kramer) foi aplicado para indicar quais
médias foram significativamente distintas conforme o adotado por BRANCO &
VERANI (2006).
12
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
4 - RESULTADOS
4.1 - Variáveis abióticas
4.1.1 -Temperatura
A Figura 2a mostra a flutuação da temperatura da água de superfície nas
áreas de coleta, durante o período dezembro de 2003 a novembro de 2004. Esta
apresentou uma flutuação sazonal com valores mais elevados nos meses de verão
e baixos no final do outono e início do inverno. Os maiores valores médios foram
registrados nos meses de janeiro, fevereiro e abril de 2004 com temperaturas em
torno dos 24,35°C e as menores, em junho e julho/04 variando entre 17,18°C e
18,78°C (Fig. 2). O padrão de variação da temperatura manteve-se uniforme entre
as áreas de amostragens, onde a média da Área I foi de 21,79°C, seguida da Área II
com 21,19°C, Área III 21,43°C e Área IV com 21,12°C na. Em todas as áreas
amostradas não foram observadas diferenças de temperatura acima de 1,5°C em
um mesmo mês (Tab. I). Não foram observadas diferenças significativas entre as
temperaturas das áreas amostras (F3-44=0,152;p>0,05).
Tabela I. Média mensal por área da temperatura.
Mês
D/03
J/04
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
Área 1
24,5
25,3
25,1
21,3
24,5
19
17,5
18
21
20,7
21
23,6
Temperatura °C
Área 2
23,2
24
24,8
20
24,3
18,8
17
17,4
20,6
20,4
20,5
23,3
Área 3
24
24,3
25
20,6
24,3
18,8
17,2
17,8
21
20
20,7
23,4
Área 4
23
23,8
24,5
20,4
24
18,5
17
17,5
20,8
20,2
20,4
23,3
13
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
4.1.2 - Salinidade
A Figura 2b apresenta a flutuação da salinidade da água de superfície nas
quatro áreas, durante o período de estudo. A salinidade apresentou uma flutuação
sazonal com valores médios mais elevados na primavera (24,0±1,7), seguidos do
outono (23,2±2,5) e os menores no verão (23,1±1,7) e inverno (22,5±1,9) (Tab. II).
Os maiores teores (27,0‰) foram registrados em abril, outubro e novembro/04 e os
menores (20,0 a 21,0‰) entre junho a agosto (Tab. II e Fig. 2b). A salinidade média
durante o período de estudo variou entre 26,0 ‰ Área I, 23,2 ‰ Área III 22,1 e 21,7
nas Área II e IV.
Foram observadas diferenças significativas entre os teores de salinidade
registrados
nas
áreas
amostradas
(F3-44=73,860;p<0,05),
essas
diferenças
determinadas pelo teste de Tuckey-Kramer foram atribuídas, às maiores média
registrados na Área I.
Tabela II. Média mensal por área da salinidade.
Mês
D/03
J/04
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
Área 1
26
26
25
26
27
26
26
25
25
26
27
27
Salinidade (ppm)
Área 2
23
22
22
23
22
22
21
21
21
22
23
23
Área 3
24
24
22
23
24
23
23
22
23
23
23
24
Área 4
23
22
21
22
22
22
21
21
20
21
22
23
14
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
T °C
27
(a)
25
23
21
19
17
15
D/03
J/04
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
‰
Meses
(b)
27
26
25
24
23
22
21
20
D/03
J/04
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
Meses
Figura 2. Flutuação da temperatura média da água de superfície (a); Flutuação da
Salinidade média da água de superfície (b) (Barra vertical indica o Desvio Padrão).
4.2 - Ocorrência e distribuição espacial das espécies de Callinectes
Durante o período de estudo foram registradas a ocorrência de cinco
espécies de Callinectes, que em conjunto contribuíram com 1956 exemplares,
sendo que C. danae dominou nas amostragens participando com 1724 siris
(machos=1506, fêmeas=218), seguido de C. sapidus com 197 indivíduos
(machos=80,
fêmeas=117),
C.
bocourti
com
23
exemplares
(machos=5,
fêmeas=18), C. ornatus 10 siris (machos=8, fêmeas=2) e C. exasperatus com
apenas dois machos (Tab. III). A maior abundância numérica ocorreu na Área III,
15
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
com 540 exemplares, seguida das Áreas II com 503 e Áreas I e IV com 477 e 436
exemplares, respectivamente (Tab. III).
Tabela III. Relação das espécies de Callinectes spp. e suas respectivas abundâncias nas
áreas de coleta, na Baía da Babitonga, durante dezembro/03 a novembro/04.
Área I
Espécies
Área II
Área III
Área IV
Total
M
F
M
F
M
F
M
F
3
3
1
6
1
5
-
4
23
373
78
315
110
434
11
384
19
1724
Callinectes exasperatus
-
-
2
-
-
-
-
-
2
Callinectes ornatus
8
2
-
-
-
-
-
-
10
Callinectes sapidus
4
6
18
51
50
39
8
21
197
Callinectes bocourti
Callinectes danae
A Figura 3 mostra a participação relativa em biomassa das cinco espécies de
siris capturadas na arte de pesca jereré, na Baía da Babitonga. Destas, a C. danae
representou 85,4%, seguida de C. sapidus (12,6%), C. bocourti (1,5%), C.
exasperatus (0,3%) e C. ornatus (0,2%).
C. sapidus
12,6%
C. bocourti
1,5%
C. exasperatus
0,3%
C. ornatus
0,2%
C. danae
85,4%
Figura 3. Contribuição relativa em biomassa, das espécies de Callinectes spp. na Baía da
Babitonga.
16
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
4.3 - Callinectes danae
4.3.1 - Proporção sexual
As figuras 4 e 5 mostram as distribuições das freqüências relativas de
machos e fêmeas capturados durante os meses de coleta. Foram observadas
diferenças significativas a favor dos machos em todas as áreas. Na Área I, essas
diferenças ocorreram nos meses de dezembro/03, janeiro, fevereiro, abril, julho,
outubro e novembro/04 e das fêmeas em março/04, essas não foram capturas em
junho e setembro/04, enquanto em maio/04 foi observada a proporção esperada de
1:1 a nível de 95% de confiança (Fig. 4).
Na Área II, os machos dominaram significativamente em fevereiro, maio,
julho, agosto, setembro e novembro/04 e as fêmeas em março/04, abril e junho,
estando ausentes em outubro/04, enquanto que em dezembro/03, não ocorreram
siris na área. Já em janeiro/04 manteve-se a proporção próxima do esperado 1,2:1
(Fig. 4). A Área III manteve-se o domínio significativo dos machos em dezembro/03,
janeiro, abril, julho e novembro/04 e as fêmeas estiveram ausentes das
amostragens em março, maio, agosto, setembro e outubro, sendo que em
fevereiro/04 não foram capturados siris (Fig. 4). Na Área IV, os machos foram mais
abundantes ao longo do ano, e as fêmeas estiveram presentes, apenas nas
amostragens de fevereiro e abril/04, enquanto que em dezembro/03 e janeiro/04
não foram capturados siris (Fig. 4).
17
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
M =373
N
Área I
60
*
F =78
*
*
*
*
40
*
F =110
*
50
30 *
*
*
*
*
30
*
*
*
20
10
10
0
0
D/03 J/04
F
M
A
M
N
J
J
A
S
O
D/03 J/04
N
Meses
M = 434
Área III
70
*
F = 11
60
F
M
A
M
N
J
J
A
S
O
N
Meses
M =384
Área IV
F = 19
60
50
50
40
40
*
*
30
30
20
20
10
80
60
40
20
M =315
Área II
70
*
50
N
*
*
*
10
0
0
D/03 J/04
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
Meses
D/03 J/04
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
Meses
Figura 4. Callinectes danae. Distribuição mensal da freqüência de machos e fêmeas, por área de
coleta na Baía da Babitonga. (* = diferença significativa, x2 - p<0,05).
Quando analisada a população de C. danae independente da área de
amostragem, verifica-se que os machos estiveram presentes em todas as
amostragens e contribuíram com as maiores abundâncias ao longo do ano (Fig. 5).
O teste do x2 confirmou essa dominância com diferença significativa em quase todos
os meses do ano, foi observado um equilíbrio dos sexos apenas em março/04 e a
ausência das fêmeas em junho. As fêmeas apresentaram as maiores abundâncias,
embora inferior aos machos, durante o período de dezembro/03 a maio/04 (Fig. 5).
18
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
M = 1506
N
F = 218
200
*
180
*
*
*
160
*
*
140
*
120
100
*
80
60
40
*
*
20
0
D/03
J/04
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
Meses
Figura 5. Callinectes danae. Distribuição mensal da freqüência de machos e fêmeas na
Baía da Babitonga. (* = diferença significativa x2 - p<0,05).
As distribuições de freqüências relativas por classes de comprimento total
(Tab. IV), mostram que ocorreram indivíduos de C. danae numa amplitude de
variação entre 1,0 a 13,0 cm (machos) e entre 5,0 a 11,0 cm (fêmeas) (Fig. 6). Os
machos foram predominantes significativamente, de acordo com o ², nas classes
de 7,0 a 12,0 cm e as fêmeas nas classes entre 5,0 e 6,0 cm. Na classe de 7,0 cm
não ocorreu diferença significativa para machos ou para as fêmeas.
As distribuições de freqüências relativas por classes de comprimento total
(Tab. IV), mostram que ocorreram indivíduos de C. danae numa amplitude de
variação entre 1,0 a 13,0cm (machos) e entre 5,0 a 11,0cm (fêmeas) (Fig. 6). Os
machos foram predominantes significativamente, de acordo com o x², nas classes
de 7,0 a 12,0cm e as fêmeas nas classes entre 5,0 e 6,0cm. Na classe de 7,0cm
não ocorreu diferença significativa para machos ou para as fêmeas.
19
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
Machos= 1506
%
Fêmeas=218
*
100
90
*
80
*
*
8
9
*
*
10
11
70
60
50
40
30
20
10
0
1
2
3
4
5
6
7
12
13
Wid(cm)
Figura 6 – Distribuição mensal do percentual por classe de comprimento (%) de machos e
fêmeas de C. danae. (* = diferença significativa, x2 - p< 0,05).
4.3.2 - Relação peso/largura da carapaça
Os valores do peso total foram lançados em gráficos em função dos valores
de largura total de carapaça, para os sexos separados, onde a equação wt= a widb
mostrou ser válida para as populações de C. danae, com a equação para os
machos (Wt= 0,0871Wid2,858) (Fig. 7), indicam uma boa aderência entre as
variáveis, o que foi corroborado pelos valores do coeficiente de determinação
(r2=0,919). Os machos apresentaram crescimento relativo do tipo alométrico
negativo, com uma amplitude de largura da carapaça variando entre 1,0 a 13,6cm e
de peso de 0,32 a 202,9g.
20
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
2,858
Wt (g)
Wt = 0,0871 Wid
r 2 = 0,919
250
200
150
100
50
0
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Wid (cm)
Figura 7. Callinectes danae. Relação peso/largura da carapaça dos machos, durante o
período de estudo.
Nas fêmeas essa relação é expressa pela equação: Wt= 0,0856 Wid2,8402,
com uma boa aderência entre as variáveis (r2= 0,9514) e crescimento relativo do
tipo alométrico negativo (Fig. 8). A amplitude de variação da largura da carapaça foi
de 5,1 a 11,6cm e do peso entre 8,12 a 122,5g.
2,8443
Wt (g)
Wt = 0,085 Wid
r 2 = 0,9501
140
120
100
80
60
40
20
0
0
2
4
6
8
10
12
Wid (cm)
Figura 8. Callinectes danae. Relação peso/largura da carapaça das fêmeas, durante o
período de estudo.
21
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
4.3.3 - Estrutura de largura da carapaça
A figura 9 mostra a distribuição das classes de largura da carapaça de machos
e fêmeas de C. danae nas quatro áreas de coleta, durante o período de estudo. As
distribuições indicam que para os machos, não ocorreram estratificações de tamanho
por área de coleta, sendo que os picos de captura estiveram entre as classes de 9,0
a 11,0cm (Fig. 9).
Com relação às fêmeas, a análise da distribuição de freqüência por classe de
largura, revelou que nas áreas II, III e IV, a população esteve composta na sua
maioria por indivíduos juvenis, com as maiores capturas ocorrendo nas classes de
6,0 e 7,0cm (Fig. 9).
Já na área I, a população de fêmeas esteve representada principalmente por
indivíduos adultos, com as maiores freqüências ocorrendo na classe de 9,0cm e em
menor número na classe de 5,0cm (Fig. 9).
A distribuição das classes de largura da carapaça de C. danae entre as
estações do ano revelou uma tendência unimodal para machos, sendo que durante a
primavera, a amplitude de variação foi de 1,0 a 13,0cm, com as maiores capturas
ocorrendo na classe de 11,0cm (Fig. 10). Durante o verão, ocorreu um incremento
nas classes de menor tamanho, em virtude da entrada de juvenis na população,
sendo que as maiores capturas foram registradas na classe de 10,0cm (Fig. 10).
Para o outono, a amplitude de largura da carapaça foi de 7,0 a 13,0cm, com as
maiores freqüências na classe de 10,0cm (Fig. 10), enquanto que nos meses de
inverno, as maiores contribuições foram registradas na classe de 11,0cm (Fig. 10).
Com relação às fêmeas, foi observado uma tendência polimodal nas
distribuições de largura da carapaça, sendo que nos meses de primavera, as maiores
22
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
capturas ocorreram nas classes de 7,0, 8,0, e 9,0cm, enquanto que nas demais
estações, ocorreram nas classes de 6,0 e 9,0cm (Fig. 10).
%
Machos
35
Área
Área
I I
N=373
Fêmeas
%
Área I
Área I
45
N=78
40
30
35
25
30
20
Juvenis
Adultos
Juvenis
25
Adultos
20
15
15
10
10
5
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
N=315
Área II
%
35
13 Wid(cm)
1
2
3
30
30
25
25
20
20
15
15
10
10
5
5
0
5
6
7
8
9
10
11
12
13 Wid(cm)
N=110
Área II
%
35
Área II
4
Área II
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
N=434
Área III
%
45
13 Wid(cm)
1
2
3
6
%
40
35
35
30
30
5
7
8
9
10
11
12
13 Wid(cm)
Área III
40
Área III
4
N=11
Área III
25
25
20
20
15
15
10
10
5
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
%
Área IV
50
Área IV
45
9
10
11
12
1
13 Wid(cm)
N=384
2
3
5
6
35
35
30
8
9
10
11
12
13 Wid(cm)
N=19
Área IV
40
40
7
Área IV
%
45
30
4
25
25
20
20
15
15
10
10
5
5
8,6
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
7,1
0
10
11
12
13 Wid(cm)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13 Wid(cm)
Figura 9. Callinectes danae. Distribuição de freqüências de comprimento total de machos e
fêmeas por área de coleta, durante dezembro de 2003 a novembro de 2004.
23
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
Machos
%
Primavera=319
45
Fêmeas
%
Primavera=25
35
40
30
35
30
25
25
20
20
15
15
10
10
5
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Verão=258
%
1
13 Wid(cm)
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Verão=159
%
30
30
25
25
20
20
15
15
10
10
5
5
13 Wid(cm)
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Outono=448
%
1
13 Wid(cm)
45
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13 Wid(cm)
Outono=24
%
40
40
35
35
30
30
25
25
20
20
15
15
10
10
5
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Inverno=481
%
1
13 Wid(cm)
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Inverno=10
%
40
45
35
40
30
35
25
30
13 Wid(cm)
25
20
20
15
15
10
10
5
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13 Wid(cm)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13 Wid(cm)
Figura 10. Callinectes danae. Distribuição sazonal da freqüência de comprimento total de machos e
fêmeas na Baía da Babitonga, durante dezembro de 2003 a novembro de 2004.
24
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
Analisando toda a população de machos de C.danae capturados na Baía da
Babitonga, verificou-se que a amplitude de variação de largura da carapaça foi de 1,0
a 13,0cm, com as maiores capturas ocorrendo nas classes de 10,0 e 11,0cm (Fig.
11). Enquanto que nas fêmeas, foi observada uma tendência polimodal, com picos
nas classes de 6,0 e 9,0cm (Fig. 11). Já para as fêmeas ovígeras, as maiores
freqüências ocorreram na classe de 9,0cm (Fig. 12).
%
N=1506
Machos
%
N=258
N=218
Fêmeas
30
40
35
25
30
20
25
15
20
15
10
10
5
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13 Wid(cm)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13 Wid(cm)
Figura 11. Callinectes danae. Distribuição de freqüências de comprimento total de machos e fêmeas na
Baía da Babitonga, durante dezembro de2003 a novembro de 2004.
N=28
%
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13 Wid(cm)
Figura 12. Callinectes danae. Distribuição de freqüência de comprimento total de fêmeas ovígeras na
Baía da Babitonga, durante dezembro de 2003 a novembro de 2004.
25
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
4.3.4 - Tamanho de primeira maturação
O tamanho de primeira maturação de C. danae foi estimado em 7,1cm de
largura total da carapaça para as fêmeas e 8,6cm para os machos, sendo que a
partir de 8,0cm, todas as fêmeas capturadas estavam maturas e para os machos, a
partir dos 10,0cm de largura (Fig. 13).
Nos valores estimados para machos e fêmeas do tamanho de primeira
maturação, verifica-se que o esforço de pesca na Baía da Babitonga está atuando,
principalmente sobre o estoque adulto (machos=86,39% e fêmeas= 56,42%) e em
menor intensidade sobre os juvenis (machos= 13,61% e fêmeas= 43,58%).
Machos
%
Fêmeas
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
5
6
7 7,1
8
8,6 9
10
11
12
13
Wid(cm)
Figura 13. Callinectes danae. Distribuição das freqüências acumuladas de machos e
fêmeas por classe de comprimento total, entre dezembro/2003 a novembro/2004. Machos Wid PM = 8,6cm; Fêmeas - Wid PM = 7,1cm.
4.3.5 - Fecundidade
A fecundidade das 20 fêmeas de C. danae com largura de carapaça de 7,1 a
10,5cm e moda de 9,0 cm, variou entre 161.333 a 937.292 ovos, sendo que a média
estimada para a espécie foi 457.262 ovos por fêmea (Tab. V).
26
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
Tabela V. Callinectes danae. Fecundidade média por classe de largura da carapaça.
wid (cm)
N
7,0 - 8,0
5
wt médio de
massas de ovos
por fêmeas
3,73
8,0 - 9,0
9,0 - 10,0
10,0 - 11,0
5
7
3
5,50
7,35
8,48
0,95
N médio de
ovos por
fêmeas (10³)
811,267
141284,299
0,82
0,51
0,56
781,733
809,762
618,667
124458,980
149510,525
142372,618
sd
sd (10³)
4.3.6 - Captura por Unidade de Esforço (CPUE)
De acordo com a figura 14 as maiores taxas mensais em biomassa do C.
danae capturados nas coletas ocorreram na Área III, seguidas da IV, I e II, sendo
que na Área III foram registradas em novembro, junho e julho/04; na Área IV em
agosto e julho/04; na Área I em abril e novembro/04 e na Área II em maio, e
agosto/04.
Área I
CPUE
Área II
CPUE
3,5
5
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
D/03 J/04
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
Área III
CPUE
D/03 J/04
Meses
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
Meses
Área IV
CPUE
5
4,5
4
3,5
3
6
5
4
2,5
2
1,5
1
0,5
0
3
2
1
0
D/03
J/04
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
Meses
D/03 J/04
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
Meses
Figura 14. Callinectes danae. Variação da media mensal da CPUE (Kg) por área de coleta.
(Barra vertical indica erro).
Não foram observadas diferenças significativas (F3-44=1,273; p>0,05) entre as
CPUE e as áreas de coleta. Entretanto, quando analisado os dados por mês,
27
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
independente da área, verificou-se diferenças moderadas (F11-36=3,057; p<0,05). De
acordo com o teste de Tuckey-Kramer, essas diferenças foram atribuídas as
menores taxas de capturas registradas nos meses de dezembro/03, janeiro e
fevereiro/04 (Figura 15), enquanto que as maiores taxas ocorreram no período de
março a novembro, com pico em novembro, agosto e março/04 .
CPUE
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
D/03
J/04
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
Meses
Figura 15. Callinectes danae. Variação da media mensal da CPUE (Kg) por mês de coleta.
(Barra vertical indica erro).
4.4 - Callinectes sapidus
4.4.1 - Proporção sexual
Foram capturados um total de 80 machos e 117 fêmeas de C. sapidus, nas
quatros áreas de coleta (Tab. III). As maiores capturas ocorreram na Área III com
45,18% do total geral (machos=62,50% e fêmeas= 33,33%), seguidos da Área II
(machos= 22,50% e 43,59%), Área IV (machos= 10,0% e fêmeas= 17,95%) e Área I
(machos= 5,0% e fêmeas= 5,13%). O teste do x2 aplicados aos dados agrupados
por mês de coleta, confirmou a dominância das fêmeas com diferença significativa
nos meses de janeiro, maio, junho, setembro e outubro/04, enquanto que em
28
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
fevereiro, abril, julho e novembro/04 ocorreram um equilíbrio entre os sexos (Fig.
16). Nos meses de dezembro/03, março e agosto/04 os machos estiveram ausentes
das coletas.
Machos = 80
N
Fêmeas = 96
45
40
35
30
25
20
*
15
10
*
*
5
*
*
0
D/03
J/03
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
Meses
Figura 16 - Callinectes sapidus. Distribuição mensal da freqüência de machos e fêmeas na
Baía da Babitonga. (* = diferença significativa, x2 - p<0,05).
4.4.2 - Relação peso/largura da carapaça
Os valores do peso total foram lançados em gráficos em função dos valores
de largura total de carapaça, para os sexos separados, resultando para os machos
na equação Wt=0,0805 Wid2,9542, (r2=0,9284) (Fig. 17), com crescimento relativo do
tipo alométrico negativo, onde a amplitude de largura da carapaça variou entre 6,5 a
16,2 cm e o peso de 18,97 a 343,18g.
Nas fêmeas essa relação é expressa pela equação: Wt= 0,1752 Wid2,5685,
com uma boa aderência entre as variáveis (r2= 0,9263) e crescimento relativo do
tipo alométrico negativo (Fig. 18). A amplitude de variação da largura da carapaça
foi de 5,5 a 15,3 cm e do peso entre 10,92 a 192,81g.
29
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
2,9542
Wt = 0,0805 Wid
r2 = 0,9284
Wt (g)
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18 Wid (cm)
Figura 17. Callinectes sapidus. Relação peso/largura da carapaça dos machos, durante o
período de estudo.
Wt (g)
2,5685
Wt = 0,1752 Wid
r 2 = 0,9263
250
200
150
100
50
0
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Wid (cm)
Figura 18. Callinectes sapidus. Relação peso/largura da carapaça das fêmeas, durante o
período de estudo.
4.4.3 - Estrutura de largura da carapaça
A distribuição das classes de largura da carapaça de C. sapidus entre as
estações do ano revelou uma tendência unimodal para os machos, sendo que
durante os meses de primavera, a amplitude variou entre de 11,0 a 15,0cm, com as
maiores capturas ocorrendo na classe de 11,0cm (Fig. 19). Durante o verão,
30
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
ocorreu um incremento de menores exemplares nas classes, sendo que as maiores
capturas foram registradas na classe de 13,0cm (Fig. 19).
Primavera=10
Machos
%
35
30
30
25
25
Primavera=29
Fêmeas
%
20
20
15
15
10
10
5
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11
12
13
14 15
Verão=9
%
1
16 Wid(cm)
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11
12
13
14 15
16 Wid(cm)
Verão=18
%
45
35
40
30
35
25
30
20
25
15
20
15
10
10
5
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11
12 13 14
15 16 Wid(cm)
Outono=43
%
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11 12
13 14
15 16 Wid(cm)
Outono=44
%
40
25
35
20
30
25
15
20
10
15
10
5
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11 12
13 14
Inverno=18
%
1
15 16 Wid(cm)
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11
12
13 14
15 16 Wid(cm)
Inverno=26
%
25
35
30
20
25
15
20
15
10
10
5
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12 13
14
15 16 Wid(cm)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11 12
13
14 15
16 Wid(cm)
Figura 19. Callinectes sapidus. Distribuição sazonal das freqüências de comprimento total
de machos e fêmeas na Baía da Babitonga, durante dezembro de 2003 a novembro de
2004.
31
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
Para a estação do outono, a amplitude de largura da carapaça foi de 6,0 a 13,0cm,
com as maiores freqüências na classe de 7,0cm, em virtude da entrada de juvenis
(Fig. 19). E para os meses de inverno, as maiores contribuições foram registradas
na classe de 10,0 cm (Fig. 19).
Analisando toda a população de machos de C. sapidus capturados na Baía
da Babitonga, verificou-se que a amplitude de variação de largura da carapaça foi
de 5,0 a 16,0 cm, com as maiores capturas ocorrendo nas classes de 7,0 a 10,0 cm;
enquanto que nas fêmeas, foi observada uma tendência polimodal, com picos nas
classes de 9,0 e 12,0 cm (Fig. 20). Já para as fêmeas ovígeras, as maiores
freqüências ocorreram na classe de 12,0 cm (Fig. 21).
N=80
Machos
%
16
20
14
18
N=117
Fêmeas
%
16
12
14
10
12
8
10
6
8
6
4
4
2
2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13 14 15 16 Wid(cm)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11 12 13 14 15 16 Wid(cm)
Figura 20. Callinectes sapidus. Distribuição de freqüências de comprimento total de machos e
fêmeas na Baía da Babitonga, durante dezembro de 2003 a novembro de 2004.
N=21
%
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16 Wid(cm)
Figura 21. Callinectes sapidus. Distribuição de freqüência de comprimento total das fêmeas
ovígeras na Baía da Babitonga, durante dezembro de 2003 a novembro de 2004.
32
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
4.4.4 - Tamanho de primeira maturação
O tamanho de primeira maturação de C. sapidus foi estimado em 10,2cm de
largura total da carapaça para as fêmeas e de 9,0cm para os machos, sendo que a
partir de 11,0cm todos os machos capturados estavam maduros e de 12,0cm nas
fêmeas (Fig. 22).
Nos valores do tamanho da primeira maturação para machos e fêmeas,
verifica-se que o esforço de pesca na Baía da Babitonga está atuando com relativo
equilíbrio entre o estoque adulto (machos= 58,75% e fêmeas= 52,99%) e dos
juvenis (machos= 41,25% e fêmeas= 47,01%).
Machos
%
Fêmeas
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
8
8,9 9
10 10,2
11
12
13
14
15
16
Wid(cm)
Figura 22. Callinectes sapidus. Distribuição de freqüências acumuladas de machos e
fêmeas de por classe de comprimento total, entre dezembro/2003 a novembro/2004.
Machos - Wid PM = 8,9cm; Fêmeas - Wid PM = 10,2cm.
4.4.5 - Fecundidade
Foram utilizadas 21 fêmeas ovígeras com largura de carapaça variando entre
10,9 a 14,1cm para estimar a fecundidade de C. sapidus, que variou entre 440.115
a 2.362.399 ovos, com uma fecundidade média de 978.109 ovos por fêmea (Tab.
VI). O número médio de ovos carregado por fêmea, bem como o peso médio da
33
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
massa de ovos, apresentaram uma tendência de aumentar com o tamanho das
fêmeas (Tab. VI).
Tabela VI. Callinectes sapidus. Fecundidade média por classe de largura da carapaça das
fêmeas ovígeras.
wid (cm)
N
10,0 - 11,0
3
wt médio de
massas de ovos
por fêmeas
11,517
11,0
12,0
13,0
14,0
5
9
3
1
12,506
19,010
27,747
22,23
-
12,0
13,0
14,0
15,0
0,142
N médio de
ovos por
fêmeas (10³)
693939,219
112491,346
3,085
2,211
5,364
0
651241,196
962960,521
1704300,443
1422720
130243,340
161527,272
539058,132
0
sd
sd (10³)
4.4.6 - Captura por Unidade de Esforço (CPUE)
Para a espécie C. sapidus (Fig. 23), as maiores taxas mensais de biomassa,
ocorreram nos meses de abril e novembro/04, sendo o mês de agosto/04 o de
menor captura. As fêmeas e machos contribuíram com praticamente os mesmos
percentuais em biomassa.
CPUE
14
12
10
8
6
4
2
0
D/0 3
J/0 4
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
Me s e s
Figura 23. Callinectes sapidus. Variação mensal da CPUE (Kg) por mês de coleta.
34
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
4.5 - Callinectes bocourti, Callinectes exasperatus e Callinectes
ornatus
4.5.1 - Proporção das espécies
As espécies de Callinectes que tiveram pequena representatividade nas
coletas foram analisadas em conjunto, sendo capturados 35 exemplares, os quais
estão representados na figura 24 e tabela VII.
A soma de todas estas espécies fazem um percentual total de 2,0% (C.
bocourti = 1,5%, C. exasperatus = 0,3% e C. ornatus = 0,2%). A proporção sexual
destes indivíduos não indica freqüência que disponibiliza um estudo mais detalhado.
C. bocourti apresentou 23 indivíduos capturados (machos=5, fêmeas=13 e
fêmeas ovígeras=5), o que representa entre estas espécies, um percentual de
65,71%. C. ornatus, representam 28,57% dos espécimes capturados (machos=8 e
fêmeas=2), enquanto que C. exasperatus, representa 5,71% com apenas dois
exemplares machos capturados.
Área I
N
Área II
7
Área III
Área IV
6
5
4
3
2
1
0
Adulto=5
Macho
Adulta=13
Ovígera=5
Fêmea
C. bocourti
Adulto=6
Juvenil=2
Macho
C. ornatus
Adulta=2
Adulto=2
Fêmea
Macho
C. exasperatus
Espécies
Figura 24. Proporção dos Callinectes (C. bocourti, C. exasperatus e C. ornatus), por área,
capturados na Baía da Babitonga.
35
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
Tabela VII. Proporção sexual de C. bocourti, C. exasperatus e C. ornatus, na Baía da Babitonga.
C. bocourti
Fêmea
Adulta=13
Ovígera=5
Macho
Adulto=5
3
1
1
0
3
1
5
4
C. ornatus
Macho
Adulto=6
Juvenil=2
0
5
0
0
6
0
0
0
Fêmea
Adulta=2
C. exasperatus
Macho
Adulto=2
2
0
0
0
0
2
0
0
2
0
0
0
4.5.2 - Estrutura da largura da carapaça
A tabela VIII mostra a distribuição das classes de largura da carapaça de
machos e fêmeas para as espécies de C.bocourti, C. ornatus e C. exasperatus áreas
de coleta. As distribuições revelam para os machos, uma amplitude de variação de
5,8 a 12,7cm, e para as fêmeas de 6,8 a 12,6cm.
Para espécie C. bocourti, a largura total da carapaça variou de 6,8 a 12,6cm,
ocorrendo em todas as classes (machos de: 7,2 a 11,1cm e fêmeas de: 6,8 a
12,6cm). C. ornatus apresentou ocorrência nas classes de largura da carapaça a
partir de 5,8 a 9,5cm (machos de: 5,8 a 9,4cm e fêmeas de: 7 a 9,5cm). Já para C.
exasperatus, com apenas dois indivíduos, as larguras registradas foram de 11,0 e
12,7cm.
Tabela VIII. Distribuição de classe de largura de machos e fêmeas de C. bocourti, C.
exasperatus e C. ornatus.
C. ornatus
C. bocourti
5
Machos
1
Fêmeas
-
Machos
-
Fêmeas
-
C. exasperatus
Machos
-
6
7
8
9
10
11
12
1
1
3
2
-
1
1
-
3
1
1
-
1
1
3
3
6
4
1
1
Classes de largura
36
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
4.5.3 - Fecundidade Callinectes bocourti
Foram utilizadas apenas quatro fêmeas com comprimento de carapaça entre
9,6 a 12,2cm para estimar a fecundidade da espécie, que variou de 377.206 a
1.671.401 ovos, sendo que a fecundidade média estimada por fêmea foi de
1.139.752 ovos (Tab. IX).
Tabela IX. Callinectes bocourti. Fecundidade média de por classe de largura da carapaça
das fêmeas.
wid (cm)
N
9,0 - 10,0
1
wt médio de
massas de ovos
por fêmeas
9,590
10,0 - 11,0
12,0 - 13,0
2
1
15,945
25,940
0
N médio de
ovos por
fêmeas (10³)
393,333
4,035
0
911,500
644,333
sd
sd (10³)
0
491,167
0
5 – DISCUSSÃO
As espécies integrantes do gênero Callinectes habitam águas com grandes
oscilações de temperatura, tolerando águas de baixa ou de alta salinidade (VALE,
1999). PEREIRA-BARROS (1987), ao estudar a resistência de C. danae às
variações de salinidade em laboratório, concluiu que, em salinidade zero, a
mortalidade desta espécie era de 100% após cinco horas e com o aumento gradual
da salinidade a percentagem da mortalidade diminuía, a partir da salinidade de
2ppm até 35ppm.
A temperatura superficial da água da Baía da Babitonga apresentou-se
dentro dos padrões de sazonalidade esperado para a região (MATSUURA, 1986),
com valores mais elevados nos meses de verão e baixos no final do outono e inicio
do inverno, embora sem variações significativas entre as áreas de coletas.
Enquanto que os teores de salinidade flutuaram ao longo do ano, com valores mais
37
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
elevados na primavera e outono e menores no verão e inverno, ocasionando
diferenças significativas entre áreas, devido ao incremento marcante da foz dos rios
em direção ao mar.
As variações na temperatura e salinidade da água de superfície da Baía da
Babitonga estiveram dentro dos limites de tolerância das espécies de Callinectes
spp. coletadas (PEREIRA-BARROS, 1987; VALE, 1999; BRANCO, 1991; MELO,
1996). Conforme BRANCO 1991, na Lagoa da Conceição, a amplitude de variação
de salinidade não influiu diretamente na mortalidade da espécies de Callinectes, o
mesmo podendo ocorrer dentro da Baía da Babitonga.
As cinco espécies: C. danae, C. sapidus, C. bocourti, C. ornatus e C.
exasperatus, de acordo com os dados disponíveis na literatura, podem ocorrer
dentro e fora de baías (PITA et al., 1985, 2001; BRANCO, 1991; MELO, 1996;
TAVARES, 1987) ou apenas fora (MANTELATTO, 1995; YAMAMOTTO, 1977;
VALE, 1999). No presente estudo, essas espécies foram capturadas no complexo
estuarino da Baía de Babitonga, sendo capturado com maior freqüência C. dane,
seguido de C. sapidus, C. bocourti, C. ornatus e C. exasperatus. Padrão semelhante
ao registrado por PITA et al. (2001) para Baía de Santos, SP. Segundo esses
autores PITA et al (2001), é comum C. danae penetrar em áreas ocupadas por C.
sapidus e vice-versa. Em qualquer situação, a presença de exemplares maiores
podem afugentar os menores ou a espécie menos abundante no local. Além dessas
possíveis movimentações, as características do ciclo de vida das espécies e os
fatores
abióticos,
provavelmente
foram
determinantes
na
distribuição
e
disponibilidade das espécies nas pescarias do interior da baía.
Para VAN ENGEL (1958), a proporção de sexos de C. sapidus está
relacionada com o comportamento reprodutivo e na tendência do gradiente de
38
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
salinidade, podendo apresentar variações sazonais de um local para outro. TAGATZ
(1965), informou que C. sapidus do St. Johns River, Florida (EUA), apresentam
variações na proporção de sexos com a proximidade do oceano.
PEREIRA-BARROS & TRAVASSOS (1975), mostraram que C. danae da
Lagoa de Mundaú, Alagoas, no período de janeiro a maio de 1971, apresentaram
uma proporção de quatro machos para uma fêmea; enquanto em julho, as fêmeas
dominaram na razão de 1,9:1. Para GASPAR (1981), a proporção de machos de C.
danae no Rio Itiberê, Paraná, entre outubro, novembro/78, abril, junho, julho e
agosto/79 foi superior a de fêmeas e no restante do período, manteve-se em torno
de 1:1, e no total de exemplares, os machos predominaram sobre as fêmeas.
Comportamento semelhante foi registrado por PITA et al. (1985) na população de C.
ornatus do complexo baía-estuário de Santos, SP, com predomínio de machos
sobre as fêmeas.
No presente estudo, os machos de C. danae dominaram nas áreas
coletadas, com exceção de março/04 na Área II, onde as fêmeas foram
significativamente mais freqüentes. Na Lagoa da Conceição, Florianópolis, os
machos apresentaram as maiores freqüências (BRANCO, 1991) e no litoral de São
Paulo, a espécie manteve a proporção esperada de 1:1 (PITA et al., 1985), para
anos subseqüentes apresentaram um domínio dos machos sobre as fêmeas (PITA
et al., 2001).
Em relação às áreas de coleta na Baía de Babitonga, a proporção sexual
esteve a favor dos machos de C. danae, o que provavelmente está relacionado com
a migração das fêmeas para águas com teores mais elevados de salinidade para a
eclosão das larvas.
39
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
As fêmeas de C. sapidus apresentaram abundância (59,4%) superior aos
machos (40,6%) ao longo do período de estudo. Essa tendência foi registrada por
TAVARES (1987), no estuário de Tramandaí, RG.
Embora com ocorrência reduzida nas coletas, as fêmeas de C. bocourti
dominaram sobre os machos nas áreas de estudo. Já C. ornauts apresentou uma
proporção de 4:1 a favor dos machos. Essa tendência de predomínio dos machos
sobre as fêmeas foram registradas nas regiões de Ubatuba, SP (MANTELATTO &
FRANSOZO, 1998), Pontal do Paraná, PR (BAPTISTA et al., 2003), Matinhos, PR
(BRANCO & LUNARDON-BRANCO, 1993) e na Penha, SC (BRANCO &
FRACASSO, 2004).
Para C. exasperatus foram capturados apenas dois machos ao longo do
período de amostragem. PITA et al. (1985), também obteve um número reduzido de
exemplares no complexo baía-estuário de Santos, com as fêmeas ocorrendo em
maior freqüência. De acordo com MELO (1996), as maiores abundâncias dessa
espécie são obtidas em águas estuarinas, principalmente nas proximidades da foz
de rios e áreas de manguezais.
A relação peso/largura da carapaça tem sido amplamente utilizada para
facilitar a estimativa de peso de um exemplar através da sua largura e para
determinar o tipo de crescimento das espécies (BRANCO et al., 2002).
Em geral, os machos de Callinectes apresentam peso e largura da carapaça
superior ao das fêmeas (BRANCO & MASUNARI, 1992). Esse crescimento
diferenciado reflete o investimento de energia metabólica, sendo que nos machos é
alocada no crescimento somático, enquanto nas fêmeas é direcionada à produção
de ovos (HARTNOLL, 1985, MANTELATTO & MARTINELLI, 1999). Em geral, os
exemplares de C. danae capturados em áreas de manguezal tendem ao padrão
40
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
alométrico negativo de crescimento relativo (BRANCO & THIVES, 1991). Na Baía
da Babitonga, não foram registradas diferenças significativas na relação
peso/largura da carapaça, sugerindo que C. danae e C. sapidus mantiveram o
padrão alométrico de crescimento esperado para os crustáceos braquiúros
(HARTNOLL, 1982).
Os siris do gênero Callinectes apresentam dimorfismo sexual quanto à
largura da carapaça, sendo que os machos sempre alcançam tamanho superior ao
das fêmeas (WILLIAMS, 1974). PEREIRA-BARROS & TRAVASSOS (1972),
YAMAMOTO (1977) e BRANCO (1991) podendo ser observado, também nos
exemplares de C. ornatus e C. exasperatus, no presente estudo.
No presente estudo, os machos de C. danae apresentaram uma distribuição
de largura da carapaça com tendência unimodal e o ingresso dos juvenis nos meses
de verão, sem estratificações de tamanho por área. Enquanto as fêmeas, na sua
maioria, foram representadas por juvenis, com tendência polimodal por áreas de
amostragem, exceto na Área I, localizada próxima à entrada da Baía da Babitonga,
onde durante a primavera foram observadas fêmeas adultas. Provavelmente é o
local de maior concentração de fêmeas adultas e ovígeras na baía, migrando
através do canal de conexão para mar adjacente, onde ocorre a eclosão das larvas
(BRANCO, 1991).
Os machos de C. sapidus apresentaram distribuição unimodal entre as
estações do ano, e as fêmeas mantiveram a tendência polimodal. Enquanto que em
C. bocourti, C. ornatus e C. exasperatus não foram constatadas uma tendência nas
distribuições de largura da carapaça em função da ocorrência reduzida de
exemplares nas amostragens.
41
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
Para VAZZOLER (1981), o tamanho de primeira maturação sexual é um
parâmetro importante a ser estimado, quando uma população está sujeita à
exploração, fornecendo subsídios de como a atividade exploratória está atuando
sobre os indivíduos reprodutores.
O início da maturidade sexual varia, consideravelmente entre as espécies de
siris, entre populações da mesma espécie e até entre indivíduos da mesma
população, estando geralmente relacionado com o alcance de um determinado
tamanho individual (BRANCO, 1991; BAPTISTA et al., 2003). Para TAGATZ (1968),
C. sapidus de St, Johns River, Florida (EUA), pode atingir a maturidade sexual com
diferentes tamanhos de carapaça.
Para C. danae no complexo baía-estuário de Santos, o tamanho de primeira
maturação pode ser alcançado entre os 5,5 a 6,7 cm, respectivamente para fêmeas
e machos, (PITA et al., 1985), e no Balneário de Shangri-lá, PR, entre 5,2 a 6,0cm,
ambos com larguras medidas na base dos espinhos laterais (BAPTISTA-METRI et
al., 2005). Na população da Baía de Babitonga, a espécie apresentou tamanhos
superior aos obtidos pelos autores mencionados, porém inferior aos valores
máximos observados nos adultos; bem como, a largura dos indivíduos estudados
que já atingiram a maturidade sexual, foi muito variado.
GASPAR (1981), trabalhando com C. danae do Rio Itiberê, Paraná, estimou
um tamanho de primeira maturação de 8,6cm nos machos e 6,9cm nas fêmeas;
enquanto BRANCO (1991) obteve para população da Lagoa da Conceição, valores
variando entre 8,4 a 9,4cm, respectivamente para fêmeas e machos. WILLIAMS
(1974), encontram-se os valores médios para a largura da carapaça de C. danae
com e sem inclusão dos espinhos laterais, assim a diferença nos machos é de
2,53cm e nas fêmeas de 2,12cm. Entretanto, se levar em consideração o desvio
42
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
padrão apresentado por esse autor, os resultados não diferem significativamente
dos obtidos na Baía da Babitonga.
O tamanho de primeira maturação estimado para C. sapidus na Baía da
Babitonga, esteve próximo aos obtidos por TAVARES (1987) na Lagoa de
Tramandai, RG, com as fêmeas 10,7cm e inferior para os machos com, 10,8cm de
largura da carapaça e inferior aos registrados na Baía de Chesapeake com média
de 11,2cm para machos e fêmeas. (VAN ENGEL, 1958).
O conceito de fecundidade foi aplicado, inicialmente em estudos de peixes,
como o número de ovócitos contidos nos ovários de uma fêmea (VAZZOLER, 1981)
ou o número de óvulos produzidos por fêmea em uma estação de desova
(FONTELES-FILHO, 1989). Paralelamente, passou a ser adotado por vários
carcinólogos (HAYNES et al., 1976; TRUESDALE & MERMILLIOD, 1979;
MELVILLE-SMITH, 1987; VALENTI et al., 1989; NEGREIROS-FRANSOZO et al.,
1999; BRANCO & AVILA, 1992) como o número de ovos produzido por fêmea,
numa estação de desova (HINES, 1982). Esse número, está diretamente
relacionado com a taxa de sobrevivência da espécie. Dessa forma, a alta
fecundidade de C. sapidus (700.000 a 2.000.000 ovos), indica que poucas larvas
atingem a maturidade; aproximadamente 1/1.000.000 dos ovos chega a siri adulto
(VAN ENGEL, 1958).
O conhecimento da fecundidade, associado ao diâmetro dos ovos são
subsídios importantes na estimativa do potencial reprodutivo da espécie, local de
postura e eclosão das larvas, servindo como parâmetro de proteção do local de
desova (BRANCO & AVILA, 1992).
A fecundidade estimada para C. danae na Baía da Babitonga foi menor que a
obtida por BRANCO & AVILA (1992) na Lagoa da Conceição, onde o número de
43
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
ovos carregado por fêmea variou entre 111.549 a 1.292.190 e por SANTOS (1990)
na Baía de Vitória, ES, que ficou entre 229.200 a 1.064.000 ovos por fêmea.
Entretanto, foi superior ao registrado por BAPTISTA-METRI et al. (2005) no
Balneário de Shangri-lá, onde a fecundidade oscilou entre 25.127 a 246.676 ovos
por fêmeas. As diferenças obtidas na fecundidade podem ser atribuídas aos
métodos de quantificação dos ovos, à fêmeas de primeira ou segunda postura,
tempo e estágios de desenvolvimento dos embriões no momento das estimativas
(BRANCO, 1992) e às características genéticas da população no habitat estudado
(BAPTISTA-METRI et al., 2005).
A fecundidade estimada para C. sapidus na Baía da Babitonga, foi
relativamente menor, quando confrontada aos estudos realizados na Baía de
Chesapeake (EUA) por TRUIT (1939), TRESSLER & LEMON (1951) e PRAGER et
al. (1990), onde o número de ovos carregado por fêmea variou entre 700.000 a
4.500.000 de ovos. De modo geral, a fecundidade no gênero Callinectes no litoral
brasileiro, também tende a aumentar com o tamanho das fêmeas (BRANCO &
AVILA, 1992; MANTELATTO, 1995; BAPTISTA-METRI et al., 2005). Essa tendência
foi mantida nas fêmeas capturadas na Baía da Babitonga.
A captura por unidade de esforço (CPUE) em biomassa ou número de
exemplares pode ser considerada o índice de abundância mais adequado ao
monitoramento pesqueiro de uma espécie de crustáceos (BRANCO, 2005). Para
BRANCO & FRACASSO (2004), a população de C. ornatus da Armação do
Itapocoroy, Penha, SC, apresentou diferenças significativas entre as estações do
ano e as CPUE (Kg/h). No presente estudo, não foram observadas diferenças entre
CPUE e as áreas, mas diferenças moderadas podem ser atribuídas as flutuações
mensais nas taxas de captura de C. danae ao longo do ano.
44
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
Para C. sapidus, as maiores biomassas mensais ocorreram entre meses de
abril e novembro/04, com machos e fêmeas contribuindo com pesos semelhantes
entre os exemplares adultos e juvenis.
A Baía da Babitonga é considerada um complexo estuarino composto por
águas mixohalinas, com flutuações nos gradientes de salinidade e temperatura.
Esses fatores podem interferir no ciclo de vida das espécies de Callinectes
estudadas. Muitos trabalhos indicam que oscilações pronunciadas nos fatores
abióticos favorecem o estabelecimento de espécies dominantes, como de C. danae
e C. sapidus. Esse ecossistema atua, também como uma área de crescimento e
reprodução para essas espécies, sendo que a eclosão das larvas ocorre fora da
baía com migração das fêmeas ovígeras e permanência dos machos nas áreas de
menor salinidade.
Entretanto para entender a dinâmica das populações de Callinectes ou de
uma espécie, torna-se necessário monitorar os eventos reprodutivos, estabelecendo
rotas migratórias de larvas e épocas de recrutamento de juvenis no corpo da baía e
foz dos rios tributários, além de estudos temporais das taxas de captura de C.
danae e C. sapidus. Esse monitoramento poderá, no futuro, contribuir no incremento
da pesca de siris, na manutenção dos pescadores artesanais e na conservação da
biodiversidade da Baía da Babitonga.
6 - CONCLUSÕES
-
A temperatura da água da superfície apresentou variação anual relacionada
ao padrão sazonal da região e a salinidade manteve-se dentro dos padrões
de um estuário. Esses parâmetros não influenciam diretamente na
45
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
abundância e distribuição de Callinectes spp., contudo os baixos teores de
salinidade induzem a migração das fêmeas ovígeras para áreas mais salinas.
-
A espécie C. danae predominou em todas as áreas, seguido de C. sapidus,
C. bocourti, C. ornatus e C. exasperatus.
-
Os machos de C. danae predominaram em todos os meses e as áreas, com
a proporção de 1:1 ocorreu em maio de 2004, e a relação peso/largura da
carapaça, para o total de exemplares, não diferiu significativamente entre os
sexos.
-
As distribuições de largura da carapaça de C. danae indicam que os machos
apresentaram tendência unimodal e as fêmeas polimodal, com os valores
estimados de primeira maturação inferiores aos máximos aos registrados nos
adultos.
-
A fecundidade estimada para C. danae, esteve próxima aos padrões de
números de ovos registrada no litoral brasileiro, e a captura por unidade de
esforço, indicou ausência de diferença significativa entre as taxas de
biomassa as áreas de coleta.
-
As fêmeas de C. sapidus, predominaram na maioria dos meses, com
equilíbrio na proporção sexual em abril e julho de 2004, onde a relação
peso/largura da carapaça, não diferiu entre os sexo, mantendo o padrão
alométrico de crescimento.
-
Os machos de C. sapidus apresentaram uma tendência unimodal nas
distribuições de largura da carapaça e as fêmeas polimodal, com os valores
46
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
de primeira maturação estimados, inferiores os máximos obtidos na
população. as fêmeas, apresentaram fecundidade inferior aos obtidos nas
populações América do Norte, sendo que machos e fêmeas, contribuíram
praticamente com a mesmas biomassas.
-
Foram capturadas mais fêmeas que machos de C. bocourti, em C. ornatus,
os machos dominaram e para C. exasperatus, apenas dois machos
estiveram presentes nas amostragens.
-
A distribuição de largura da carapaça mostrou-se irregular para C. bocourti,
C. ornatus.
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAPTISTA, C.; PINHEIRO, M. A. A.; BLANKENSTEYN, A. & BORZONE. C. A.
2003. Estrutura populacional de Callinectes ornatus Ordway (Crustacea,
Portunidae) no Balneário Shangri-Lá, Pontal do Paraná, Paraná, Brasil. Revista
Brasileira de Zoologia, 20 (4): 661-666.
BAPTISTA-METRI, C., PINHEIRO, M. A. A.; BLANKENSTEYN, A. & BORZONE, C.
A., 2005. Biologia populacional e reprodutiva de Callinectes danae Smith
(Crustácea, Portunidae) no Balneário Shangri-lá, Pontal do Paraná, Paraná,
Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 22 (2): 446-453.
BOSCHI, E. E. 1964. Los crustáceos decápodes Brachhyura del litoral Bonaerense.
Ist. Biol. Mar, 6: 1-76.
47
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
BRANCO, J. O. 1991. Estudo populacional de Callinectes danae Smith, 1869
(Decapoda, Portunidae) da Lagoa da Conceição, Florianópolis, SC.
(Dissertação Mestrado) Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
BRANCO, J. O. & THIVES, A. 1991. Relação peso-largura, fator de condição e
tamanho de primeira maturação de Callinectes danae SMITH, 1869 (Decapoda,
Portunidae) no Manguezal do Itacorubi, SC, Brasil. Arq. Bio. Tecnol, 34 (3/4):
415-424.
BRANCO, J.O. & AVILA, M. G. 1992. Fecundidade em Callinectes danae Smith,
1869 (Decapoda, Portunidae) da Lagoa da Conceição, SC. Revista Brasileira
de Zoologia, 9 (3/4): 167-173.
BRANCO, J. O. & MASUNARI, S., 1992, Estrutura populacional de Callinectes
danae (Decapoda, Portunidae) da Lagoa da Conceição, Florianópolis, SC, Brasil.
Acta Biologia Paraná., 2l(1,2,3,4): 37-56.
BRANCO, J. O. & LUNARDON-BRANCO, M. J. 1993a. Aspectos da biologia de
Callinectes ornatus Ordway, 1863 (Decapoda: Portunidae) da Região de
Matinhos, Paraná, Brasil. Arq. Biol. Tecnol, 36 (3): 489-496.
BRANCO, J. O. & LUNARDON-BRANCO, M. J. 1993b. Crescimento e tamanho de
primeira maturação em Callinectes ornatus Ordway,
1863
(Decapoda:
Portunidae) da Região de Matinhos, Paraná, Br. Arq. Biol. Tecnol, 36 (3): 497503.
BRANCO, J. O.; CLEZAR, L.; HOSTIM-SILVA, M.; RODRIGUES, A.M.T.; REBELO,
E. J. & WEGNER, P. Z. 1994. Levantamento da ictiofauna e carcinofauna do
48
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
Manguezal do Rio Camboriú, SC. In: III Simpósio dos Ecossistemas da Costa
Brasileira ACIESP. 87 (1): 297-304.
BRANCO, J. O. 1996 a. O ciclo e ritmo alimentar de Callinectes danae SMITH, 1869
(Decapoda, Portunidae) na Lagoa da Conceição, Florianópolis, SC. Arq. Biol.
Tecnol, 39 (4): 987-998.
BRANCO, J. O. 1998. Carcinofauna. In: IBAMA. (Org.). Proteção e controle de
ecossistemas costeiros: manguezal da Baía da Babitonga. Brasília, IBAMA. 25.
p. 49-65.
BRANCO, J. O. 2005. Biologia e pesca do camarão sete-barbas Xiphopenaeus
kroyeri (Heller) (Crustácea, Penaeide), na Armação do Itapocoroy, Penha, SC.
Revista Brasileira de Zoologia, 22 (4): 1050-1062.
BRANCO, J. O. & MASUNARI. S. 2000. Ecologia Reprodutiva de Callinectes danae
Smith, 1869 na Lagoa da Conceição, Ilha de Santa Catarina, Brasil. Revista
Brasileira de Zoologia, 60 (1): 17-27.
BRANCO, J. O.; M.J. LUNARDON-BRANCO & F. X. SOUTO. 2002. Estrutura
populacional de Portunus spinimanus Latreille (Crustácea, Portunidae) na
Armação do Itapocoroy, Penha, Santa Catarina, Brasil Revista Brasileira de
Zoologia, 19 (3): 731-738.
BRANCO, J. O. & H. A. A. FRACASSO. 2004. Ocorrência e abundância da
carcinofauna acompanhante na pesca do camarão sete-barbas, Xiphopeneaus
kroyeri, Heller (Crustácea, Decapoda), na Armação do Itapocoroy, Penha, Santa
Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 21 (2): 295-301.
49
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
BRANCO, J. O. & VERANI, J. R. 2006. Análise quali-quantitativa da ictiofauna
acompanhante na pesca do camarão sete-barbas, na Armação do Itapocoroy,
Penha, SC. Revista Brasileira de Zoologia, 23 (2): 381-391.
BUCKUP, L. & BOND-BUCKUP, G. 1999. Os crustáceos do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, Ed. Universidade/UFRGS, 445-452.
COELHO, P. A. 1965. Algumas observações sobre a biologia e a pesca de siris
(Crustácea, Decapoda, Portunidae) em Pernambuco. Ciência e Cultura, 17: 310,
1965.
DARNELL, R. M. 1959. Studies of the life history of the blue crab (Callinectes
sapidus Rathbun) in Louisiana Waters. Trans. Am. Fish. Soc, 88 (4): 294-304.
FONTELES-FILHO, A. A., 1989, Recursos pesqueiros. Biologia e dinâmica
populacional. Imprensa Oficial do Ceará. 296p.
GAMBA, M. R. 1994. Guia Prático de Tecnologia de Pesca. Ministério do Meio
Ambiente e da Amazônia Legal – MMA, Instituto do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, Diretoria de Incentivo à Pesquisa e
Divulgação – DIRPED, Centro de Pesquisa e Extensão Pesqueira das Regiões
Sudeste e Sul – CEPSUL. Itajaí.
GASPAR, M. H. 1981. Contribuição ao estudo biológico do siri Callinectes
danae Smith, 1869 (Decapoda, Portunidae) do rio Iteberê (ParanaguáParaná). 150p. (Dissertação Mestrado) Departamento de Zoologia, Universidade
Federal do Paraná. Curitiba.
50
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
HARTNOLL, R. G. 1982. Growth. In: Bliss, D. E. (ed). The biology of Crustacea,
Embryology, Morpholy and Genetics. New York. Academic Press. Inc. 2.
p.111-196.
__________ . 1985. Growth, sexual maturity and reproductive output. Crustacean
Issues, 3: 101-128.
HAYNES, E. B., KARINEN, J. F., WATSON, J. & HOPSON, D. J., 1976, Relation of
number of eggs and egg length to carapace width in the Brachyuran crabs
Chionoecetes bairdi and Chionoecetes opilio from the Southeastern Bering Sea
and Chionoecetes opilio from the Gulf of St. Lawrence. Journal of Fishery and
Reasearch Boarding of Canada, 33: 2592-2595.
HINES, A. H., 1982, Allometric constraints and variables of reproductive effort in
Brachyuran crabs. Marine Biology, 69: 309-320.
IBAMA. 1998. Proteção e Controle de Ecossistemas Costeiros: Manguezal da Baía
da Babitonga. Brasília, Coleção Meio Ambiente IBAMA Série Estudos Pesca,
25, p. 49-58.
JORDAN, S. J. 1998, The blue crabs fisheries of North America: research,
conversation, and managenent. Journal of Shellfish Research, New York, 17
(2): 1-577.
LEDO, B. S. 1984. A costa catarinense e a sua utilização pela pesca artesanal.
O mar e seus recursos ícticos. Florianópolis: Imprensa da Universidade Federal
de Santa Catarina.
51
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
LIPCIUS, R. N. & W. A. VAN ENGEL. 1990. Blue crab population dynamics em
Chesapeake Bay: variation in abundance (York River, 1972 – 1988) and stockrecruit functions. Bull. Mar. Sci. 46 (1): 180-194.
MANTELATTO. F. L. M. 1995. Biologia reprodutiva de Callinectes ornatus
Ordway, 1863 (decapoda, Brachyura, Portunidae) na região de Ubatuba
(SP), Brasil. (Tese de Doutorado) Universidade do Estado de São Paulo –
UNESP- Botucatu.
MANTELLATO, F. L. M. & FRANSOZO, A. 1996. Size at sexual maturity in
Callinectes ornatus (Brachyura, Portunidae) from the Ubatuba region (SP),
Brazil. Nauplius, 4: 29-38.
__________ . 1997. Fecundity of the crab Callinectes ornatus Ordway, 1863
(Decapoda, Brachyura, Portunidae) from the Ubatuba region, São Paulo, Brazil.
Crustaceana, 70 (2): 214-226.
___________ . 1998. Reproductive biology and moulting cycle of the crab
Callinectes ornatus Ordway, 1863 (Decapoda, Brachyura, Portunidae) from
region, São Paulo, Brazil. Crustaceana, 72 (1): 63-76.
MANTELATTO, F. L. M. & MARTINELLI, J. M., 1999, Carapace widthweight
relationships od Callinectes ornatus Ordway, 1863 (Brachyura, Portunidae) from
the Ubatuba Bay, Brazil. Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre, 87: 111-116.
MATSUURA, Y. 1986. Contribuição ao estudo da estrutura oceanográfica da Região
Sudeste entre Cabo Frio (RJ) e Cabo de Santa Marta Grande (SC). Ciência e
Cultura, Rio de Janeiro, 38(8):1439-1450.
52
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
MELO, G. A. S. 1996. Manual de identificação dos Brachyura (caranguejos e siris)
do litoral brasileiro. São Paulo, Plêide/FAPESP, 604p.
MELVILLE-SMITH, R. 1987, The reproductive biology of Geryon maritae (Decapoda,
Brachyura) of south west África/Namíbia. Crustaceana, 53(3): 259-275.
MMA. 1998. Caracterização dos ativos ambientais em áreas selecionadas da Zona
Costeira brasileira. Brasília, MMA; PNUMA. 136p.
NEGREIROS-FRANSOZO, M.L; MANTELLATO, F. L. M. & FRANSOZO, A. 1999.
Population biology of Callinectes ornatus Ordway, 1863 (Decapoda, Portunidae)
from Ubatuba (SP), Brazil. Scientia Marina, 63 (2): 157-163.
NORSE, E. A. 1977. Aspects of the zoogeographic distribution of Callinectes
(Brachyura, Portunidae). Bull. Mar. Sci, 27 (3): 440-447.
OLIVEIRA, M. S. C. 2000. Heranças da Babitonga: Aspectos paleoambientais e préhistóricos das planícies costeiras de Joinville. In: Anais do Seminário: Gestão
dos recursos naturais em ecossistemas costeiros, com ênfase à Baía da
Babitonga, SC, Joinville: FUNDEMA e UNIVILLE.
PEREIRA-BARROS, J.B. & TRAVASSOS, I.B. 1972. Informe sobre a pesca e a
biologia do siri-tinga (Callinectes danae) e guajaú (Callinectes bocourti), na
Lagoa Mundaú-Maceió – Alagoas. DRN –RP – Ser. Est. Pesca. Parte II.
PEREIRA-BARROS, J. B. & TRAVASSOS, I. B. 1975. Informes sobre a pesca e a
biologia do siri tinga (Callinectes danae) e guajaú (Callinectes bocourti), na
Lagoa Mundaú, Maceió, Alagoas. Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste, Departamento de Recursos Pesqueiros, Recife, Brasil. 9p.
53
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
PEREIRA-BARROS, J. B. 1987. Resistência do siri Callinectes danae às variações
de salinidade em laboratório. Bol. Est. Ciênc. Mar, 6: 82-83.
PITA, J. B.; RODRIGUES, E. S. LOPES, R. G. & COELHO, J. A. P. 1985.
Observações bioecológicas sobre o siri Callinectes danae Smith, 1869
(Crustácea, Portunidae), no complexo Baía-Estuário de Santos. Estado de São
Paulo, Brasil. Bol. Inst. Pesca, 12 (4): 35-43.
PITA, J. B., RODRIGUES, E. S., GRAÇA-LOPES, R., 2001, Pesca artesanal de siris
(Crustácea, Decapoda, Portunidae) na região estuarina de Santos e São Vicente
(SP), Bol. Inst. Pesca, 27 (1): 7-19.
PRAGER, M. H.; J. R. MCCONAUGHA.; C. M. JONES & P. J. GEER. 1990.
Fecundity of blue crab, Callinectes sapidus, in Chesapeake Bay: Biological,
statical and management considerations. Bulletin of Marine Science, 46 (1):
170-179.
PREFEITURA MUNICIPAL DE JOINVILLE (PMJ). 1993. Diagnóstico dos
problemas ambientais do Município de Joinville. 27p.
SANTOS, E. P. 1978. Dinâmica de populações aplicada à pesca e piscicultura.
HUCITEC/EDUSP, São Paulo. p. 129.
SANTOS, H. S. 1990. Relação entre a fecundidade e o tamanho do corpo do Siritinga, Callinectes danae (Crustácea, Portunidae) da Baía de Vitória, ES. Ver.
Cult. UFES. (43): 67-73.
SDM .2000. Gerenciamento Costeiro de Santa Catarina – GERCO/SC.
Paisagens costeiras. Florianópolis, GERPLAN. Folder.
54
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
TAGATZ, M. E. 1965. The fishery for blue crabs in the St. johns River, florida, with
special reference to the fluctuation in yield between 1961 and 1962. U. S. Fish
and Wildlife Service. Spec., Science Report Fisheries, 501: 1-11.
TAGATZ, M. E.; 1968. Biology of the blue crab, Callinectes sapidus rathbun, in the
St. Johns River, Florida. U. S. Fish Wild. Serv., Fish. Bull, 67 (1): 17-33.
TAISSOUN, E. N. 1969. Las especies de cangrejos del genero "Callinectes"
(Brachyura) en el Golfo de Venezuela e Lago Maracaibo. Bol. Cent. Investig.
Biol, 2: 1-112.
TAISSOUN, E. N. 1973. Biogeografia y ecologia de los cancrejos de la família “
Portunidae” (Crustácea, Decapoda, Brachyura) em la costa Atlântica de América.
Bolm. Cent. Invest. Biol, 7: 7-23.
TAVARES, J. L., 1987, Estudo populacional, crescimento e distribuição do
"siri-azul" (Callinectes sapidus Rathbun, 1896) no estuário de Tramandaí,
Rio Grande de Sul, Brasil (Crustácea, Decapoda, Portunidae), (DissertaçãoMestrado).
TRESSLER, D. K. & J. M. LEMON.
1951. Marine Products of Comerce.
Reinholod, New York.
TRUSDALE, F. M. & MERMILLIOD, W. I., 1979, The river shrimp M. ohione (Smith)
(Decapoda, Palaeminidae): Its abundance, reproduction and growth in the
Atchalaya river basin of Lousiana, USA. Crustaceana, 36(1): 61-73.
TRUITT, R. V. 1939. Our water resources and their conservation. Chesapeake
Biological Laboratory. 103p.
55
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
TOGNELLA-DE-ROSA, M. M. P. 2000. Manguezais Catarinenses, Baía da
Babitonga e Rio Tavares: uma abordagem parcial dos atributos ecológicos
e econômicos. Tese de Doutorado. p. 28-30.
VALE, W. G., 1999, Alimentação natural de Callinectes sapidus Rathbun 1896 e
Callinecetes danae Smith 1869, no estuário do Saco da Fazenda, Itajaí, SC,
(Monografia), 42f.
VALENTI, W. C., MELLO, J. T. C., & LOBÃO, V. L., 1989, Fecundidade em
Macrobrachium acanthurus (Wiegman, 1836) do Rio Ribeira de Iguape
(Crustácea, Decapoda, Palaemonidae). Revista Brasileira de Zoologia, 6 (1):
9-15.
VAN ENGEL, W. A. 1958. The blue crab and its fishery in Chesapeake Bay. I –
Reproduction early development, growth, and migration. U. S. Fish. Wildl. Serv.
Commn. Fish, 20 (6): 6-17.
VAZZOLER, A. E. A. M. 1981. Manual de métodos para estudos biológicos de
populações de peixes: reprodução e crescimento. Brasília, CNPq, Programa
Nacional de Zoologia, 106p.
WILLIAMS, M. J. 1974. The swimming crabs of genus Callinectes (Decapoda:
Portunidae). Fish. Bull, 72 (3): 685-789.
WILLIAMS, A. B. 1978. In: Fisher, W. Ed. True crabs. FAO species identifications
sheets for fishery purposes. Western Central Atlantic. Roma. V.6.
56
Estrutura populacional do gênero Callinectes... PEREIRA, 2006.
WILLIANS, A. B. 1984. Shrimp, Lobsters and Crabs of the Atlantic Coast of the
Eastern United States, Maine to Florida. Smithisonion Institution Press. XVIII,
Washington, DC. p. 550.
YAMAMOTO, N. U. 1977. Crustáceos decápodos das áreas de pesca de
Cananéia, litoral sul do Estado de São Paulo. São Paulo. (Dissertação de
Mestrado). Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo, p. 57. 1977.
ZAR, J. H. 1999. Bioestatistical Analysis. New Jersey, Prentice-Hall, 4ª ed., 663p.
57
Download

texto completo - Projeto Aves Marinhas