- 39 -
A LAGOSTA TIE PROFUNDITIATIE PALINDRUS TIELAGOAE TIA COSTA TIE
L. Brinca e L. Palha de Sousa. Instituto de
Investigag~o
MOQAMJ3I~UE
Pesqueira, Maputo,
Mogambique.
1. krea de distribuigM da lagosta de profundidade
J:.
delagoae. A pesca.
A especie Palinurus delagoae foi encontrada em varios locais entre Morna
(lat. 17°00'S) e a fronteira Sul de Mogambique, em profundidades superiores a 200 metros. Embora
com fundo arrastavel,
OS
registos feitos estivessem limitados a areas
e provavel
que a especie ocorra ao longo de toda
aquela area.
0 maior esforgo de pesca
e exercido
a Sul dos 22°00'S, entre 200 e 400 me-
tros de profundidade (Fig. 1).
Em 198 3 a captura anual registada foi de cerca de 200 toneladas, das quais
98% foram capturadas por um. barco licenciado operando com gaiolas. 0 restel£
,..
37"
te foi capturado por urn arrastM que
nos Ul timos anos tern
operado
com
grande irregularidade. Con tudo o va;lor da captura total anual
n~
e
conhecido porque operam ilegalmente
na area um. nlimero indeterminado
de
arrastoes estrangeiros.
A
variag~o
pesca
sazonal dos rendimentos de
e diferente
na pesca por arras-
to e na de gaiolas. A captura por gaJ
ola tende a aumentar
de Margo-Abril
ate Outubro, mes em que
s~o
obtidos
os rendimentos mais elevados (Fig.2).
27"'-"-T-----,..---.-----r---....J
Fig. 1 - Principal zona de pesca
de P. delagoae, com
indicag~o
das
A partir de Outubro os rendimentos
baixam ate atingirem um. valor mfnimo
em Fevereiro-Margo.
areas onde ha uma maior concentra
gM do esforgo de pesca
Na pesca de arrasto os rendimentos mais
-
I
40 -
Outubro
Janeiro
I
3-0
70
I
co
0
Outubro
0
.....
Ill
2.0
co
._
l.
ra
en
en
\
1-0
\
50
Janeiro
[\
I
I'll
~~'1\
I
::::::
.....
Cl>
I
-o
I'll
._
I
0
30
.£:
i\
.._
en
::::::
1\;
1\
I
\ /\ ;"'
I
10
8
12
2
10
4
meses
Fig. 2
Pesca com
6
2
10
meses
gaiolas - Rendi-
mentos de pesca em fungao do
tempo.
Fig. 3 - Pesca de arrasto - RendimeQ
tos de pesca em fungao do tempo.(In-
(Indicado o mes onde se obteve o ren
dicado
dim en to maximo) •
mento maximo) •
0
mes onde se obteve
baixos sao obtidos em Abril-Maio, altura a partir da
ate atingirem valores maximos no princfpio do ano,
~ual
0
rendi-
tendem a aumentar
fre~uentemente
com urn
p~
co em Janeiro (Fig. 3).
Estas variagoes sazonais dos rendimentos e a diferenga obtida com os dois
t~
pos de arte empregues parecem estar relacionadas com as variagoes de comportamento
~ue
a especie tern ao longo do ano.
2. Ciclo de vida
0 ciclo de vida da especie e pouco conhecido. Os estudos feitos baseiam-se
essencialmente em dados colhidos a bordo dos barcos
comerciais, os
~uais
exploram apenas parte da populagao composta por adul tos, migrando as femeas
ovadas para fora da area habitual de pesca a partir do princfpio da estagao
das chuvas. Os dados existentes parecem indicar
~ue
os juvenis se desenvol-
- 41 -
vem em profundidades superiores a 400 metros, mig:rando para areas menos pr.£
fundas (300-400 metros) ~uando se tornam adultos. Nestas areas e durante a
estag~o
seca, a
populag~
de femeas adultas encontra-se dispersa, tendendo
a ag:regar-se durante a estag~ das chuvas, epoca do ano em ~ue as
femeas
4).
transportam os avos na parte ventral e seguros entre as patas (Fig.
Durante esta epoca do ano as femeas adultas tem, porum lado, um comportameQ
to g:regario, e, por outro lado um comportamento migratorio, uma
concentragoes de femeas ovadas migr-am para as profundidades
mais
~ue
vez
baixas do
limite da distribuig~ batimetrica da especie c~ 200 metros), onde se di
eclos~o
a
dos avos.
Aparentemente, apos a
eclos~
dos avos as femeas permanecem e desenvolvem-se
na~uela
profundidade, onde naturalmente sofrem varios ciclos de
avos os
~uais
9~
as
parecem
n~
porte
ser acompanhados, tal como o primeiro, duma
de
alter~
do comportamento.
Setembro
/
10
-
Setembro
I
o.
c
0
o-
-
5
8
meses
12
4
meses
Fig.
4 - Percentagem de femeas
adu~
Fig. 5 - Percentagem de adultos em
tas ovadas em fung~ do tempo. (A
muda ( femeas e machos) em
area com sombreado mais denso indi-
do tempo. (Indicado o mes onde se
ca o perfodo onde as maiores perceQ
observam as maiores percentagens
tagens s~ obs ervadas) •
de animais moles).
fung~
-
3.
42 -
Relagao entre os rendimentos de pesca e o ciclo de vida da especie
P. delagoae
Verificamos anteriormente
~ue
os melhores rendimentos da pesca com gaiolas
sao obtidos em Outubro. Se se observar a fig.
5, verifica-se
~ue
a maior
perc en tagem de animais em muda ( ~ueda do exoes~ueleto o ~ue permi te o cres
cimento) e encontrada em Setembro.
Estudos feitos noutros pafses, em laboratorio, demonstraram ~ue as lagostas durante
um certo per:Lodo apos a muda deixam de se alimenta.r; findo
este perfodo, os animais reiniciam a alimentagao mas duma forma mui to act~
va inicialmente, tendendo a estabilizar o nfvel normal ao fim dum certo
tempo.
Assim o aumento dos rendimentos em Outubro foi interpretado como uma indic.§:
gao de ~ue a capturabilidade aumenta durante este perfodo, uma vez ~ue
as
gaiolas sao utilizadas com isco e ~ue os animais pos-muda se alimentam acti
vamente.
Para a pesca de arrasto, onde os melhores rendimentos sao obtidos durante
a estagao das chuvas, a capturabilidade pa.rece ser maxima ~uando as femeas
com ovos se agregam e migram para aguas menos profundas. 0 facto de apenas
um n°. pe~ueno de arrastoes obterem rendimentos muito altos relativamente
a outros trabalhando na mesma area, parece confirmar esta hipotese.
4.
Gest~o
da pescaria
Em 1980 foi feita uma avaliagao preliminar do manancial de lagosta de pro-
fundidade. 0 rendimento potencial foi estimado com base em valores de mortalidade e biomassa total pouco seguros. Por este motivo, as medidas
gest~o
propostas sao conservativas, com a intengao de assegurar
~ue
de
o
ma-
nancial nao chegue ao esgotamento.
Noutras areas, nem como na area de
Mogambi~ue
no fim dos anos sessenta,
le verificou-se ao fim de poucos anos de eJqJloragao intensiva. A
gao parece residir no facto de
~ue
a~ue
justifica-
os rendimentos obtidos na pesca de arras-
to nao sao bons fndices de abuncifulcia do manancial. Como ja foi di to anterio.!:_
-
43 -
mente, as melhores capturas nesta pescaria
nas durante o per:Lodo de
migxag~
s~
obtidas em areas muito
pequ~
das femeas ovadas; portanto, se os mestres
de pesca localizarem bem aquelas areas, pescam. intensivam.ente
OS
11
Carreiros
migxatorios" e reduzem drasticam.ente o manancial de femeas desovantes,
le-
vando o manancial ate ao esgotam.ento - contudo, os rendimentos mantem-se altos ate este ponto, altura em que decrescem abruptam.ente para valores pr6ximos de zero.
Os motivos acima expostos e o valor estimado do potencial serviram. de base
a
elaborag~
de propostas das seguintes medidas de
gest~
do manancial
de
lagosta de profundidade:
1°.- A captura anual nao deve exceder 400 toneladas.
2°.- A pesca deve ser efectuada preferencialmente com gaiolas.
BIBLIOGRAFIA
BERRY, P.F. (1971) The spiny lobster (Palinuridae) of the East Coast of
Southern Africa: distribution and ecological notes. South
African Association for Marine Biological Research
Oceanographic Research Institute. Investigational Report
N°. 27:23 pp.
BERRY, P.F. (1973) The biology of the spiny lobster Palinurus delagoae
Barnard, off the coast of Natal, South Africa. South African
Association for Marine Biological Research. Oceanographic
Research Institute. Investigational Report N°. 31: 27 pp.
:BRINCA, L. and PALHA DE SOUSA, L. ( 1983) The biology and availability of
the spiny lobster Palinurus delagoae Barnard off the coast
of Mozambique. Revista de Investigac~ Pesgueira n°. 8:
28-52, Institute de
Investigac~o
Pesgueira, Maputo.
BUJ)NITCBENKO, V.A., LEDNICBENKO, V.A., MIROSRNIKOV, V.S., PORTSEV, P .. I.,
SAVICH, M.S. (1977). Results obtained from the "Aelita11
exploratory surveys undertaken in the shelf and
open
- 44 -
waters continuous to the coast of the People's Republic
of
Mozambique (May 1976 through August 1977). AzcherNIRO, Kerch:
185 pp.
KOYAMA, ? (1971) Lobster fishing areas off the South-East Coast of Africa.
Taiyo Gyogyo Kabushiki Kaisha. A Report from the Fisheries
Research Laboratory: 30 pp.
NEWMAN, G.C. and POLLOCK, D.E. (1974) Biological cycles, maturity and
availability of rock lobster Jasus lalandii on two South
fishing grounds. Dept. of Industries. Sea Fisheries Branch.
South Africa Investigational Report N°. 107:16 pp.
ULLTANG,
¢.
(1980). Stock assessment study of the resources of shrimp and
lobster of Mozambique. Report MOZ/77/001, FAO (not published).
Download

A lagosta de produndidade Palinurus dalagoae da Costa de