PROJETO Pró-INFRA/CAMPUS
AGRICULTURA DE SEQUEIRO NO CEARÁ – MAPEAMENTO DAS ZONAS
DE RISCO
Projeto Pró-INFRA/CAMPUS apresentado a
Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação do
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará, para seleção de
propostas para apoio a projetos de
implantação de infra-estrutura física visando
à produção de conhecimento e a consolidação
da pesquisa aplicada no Instituto Federal do
Ceará – Edital 029/2012 – PRPI – PRÓINFRA/IFCE.
PESQUISADOR COORDENADOR: Prof. Dr. Marco Antônio Rosa de Carvalho.
Outubro de 2012
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AGRICULTURA DE SEQUEIRO NO CEARÁ – MAPEAMENTO DAS ZONAS
DE RISCO
INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
O Nordeste brasileiro está convivendo neste ano, com uma das maiores estiagens da
história, os índices pluviométricos foram abaixo da média em todo o polígono das secas, que
abrange os estados nordestinos, menos o Maranhão, e conta também com o Norte de Minas
Gerais. No Ceará, a safra de sequeiro foi dada pelas autoridades governamentais como “perda
total por falta de chuva”, repetindo o que ocorreu em 2010, mas diferente do ano de 2009,
quando a perda foi por “excesso de chuva”.
O Estado do Ceará mantém a tradição indígena de plantar na época da chuva, utilizando
para isso técnicas ultrapassadas, como: broca, coivara, fogo, consórcio e com isso a
produtividade fica muito abaixo da média nacional. A dependência exclusiva da chuva para
suprir as necessidades hídricas das culturas é um risco permanente, que o governo finge que
não existe, com seus incentivos na distribuição de sementes e seguro perda de safra.
Apesar da agricultura de sequeiro em nosso Estado ser composta basicamente por oito
culturas, para o presente estudo será levado em consideração apenas o feijão e o milho, por
representarem bem a real situação.
Nos estudos da Ematerce (2011) e Ematerce (2012), a redução da produtividade nas
culturas de feijão e milho em regime de sequeiro no Estado do Ceará de 2011 para 2012 foi de
80,4 % e 86,1 %, respectivamente, como pode ser observado na tabela 1.
Tabela 1 - Área plantada (ha), produção de grãos (t) e produtividade (kg/ha) das culturas de
feijão e milho em regime de sequeiro no Estado do Ceará em 2011 e 2012.
Cultura
Área (ha)
Produção (t)
Produt. (kg/ha)
Feijão 2011
565.893
241.255,86
426,3
Feijão 2012
454.117
37.949,45
83,6
Milho 2011
706.647
915.263,52
1.295,2
Milho 2012
555.676
99.862,15
179,7
EMATERCE (2011) e EMATERCE (2012)
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Resultados próximos aos da Conab (2012), onde a redução da produtividade nas culturas
de feijão e milho em regime de sequeiro no Estado do Ceará de 2011 para 2012 foi de 82,1 %
e 89,2 %, respectivamente, como pode ser observado na tabela 2.
Tabela 2 - Área plantada (ha), produção de grãos (t) e produtividade (kg/ha) das culturas de
feijão e milho em regime de sequeiro no Estado do Ceará em 2011 e 2012.
Cultura
Área (ha)
Produção (t)
Produt. (kg/ha)
Feijão 2011
612.900
259.600
423,6
Feijão 2012
433.600
32.900
75,9
Milho 2011
723.000
949.300
1.313
Milho 2012
520.600
73.900
142
CONAB (2012)
Ainda nos levantamentos da Conab (2012), as baixas produtividades nas culturas de
feijão e milho em regime de sequeiro no Estado do Ceará podem ser constatadas, quando
comparadas com a média nacional, no mesmo período, apresentadas na tabela 3.
Tabela 3 - Área plantada (ha), produção de grãos (t) e produtividade (kg/ha) das culturas de
feijão e milho em regime de sequeiro no Brasil em 2011 e 2012.
Cultura
Área (ha)
Produção (t)
Produt. (kg/ha)
Feijão 2011
3.990.000
3.732.800
935,6
Feijão 2012
3.256.900
2.899.100
890,1
Milho 2011
13.806.100
57.407.000
4.158,1
Milho 2012
15.156.700
72.731.200
4.798,6
CONAB (2012)
Comparando as tabelas 2 e 3, é possível visualizar a enorme diferença entre as
produtividades do Ceará e do Brasil. Em 2011, ano considerado excelente no fator
precipitação pluvial para a agricultura cearense, a produtividade de feijão foi 54,7 % abaixo
da média nacional e a produtividade de milho foi 68,4 % abaixo da média nacional. Em 2012,
ano considerado péssimo no fator precipitação pluvial para a agricultura cearense, a
produtividade de feijão foi 91,5 % abaixo da média nacional e a produtividade de milho foi
97,0 % abaixo da média nacional.
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As adversidades climáticas sempre ocorreram e sempre irão ocorrer em nosso estado, o
homem deve aprender a conviver com este fato e não tentar vencê-lo. A vocação de cada
região deve ser respeitada para que ocorra uma sintonia entre o homem e o campo.
Atualmente as técnicas utilizadas na agricultura de sequeiro são ultrapassadas e em
muitas regiões cearenses esta prática é inviável, devido ao alto risco de perdas, parcial ou
total. É inaceitável viver em um estado, que não consegue enxergar o que é bom ou ruim para
o seu povo, onde o governo incentiva uma prática agrícola defasada, com o seu Programa
Hora de Plantar e não se preocupa com o desânimo social gerado por mais uma decepção na
hora da colheita.
INFRAESTRUTURA FÍSICA
A Pesquisa está sendo realizada no Laboratório de Informática do IFCE, onde os alunos
disponibilizam de computadores, acesso à internet, impressora, papel, ar condicionado, ou
seja, um ambiente favorável ao desenvolvimento do trabalho.
Esta liberação do Laboratório de Informática como contrapartida do Campus em favor
da Pesquisa, em nada prejudica a Instituição, pois não existe nenhuma atividade letiva
programada no turno em questão.
EQUIPE DE TRABALHO
A Equipe de Trabalho relacionada ao Projeto é composta por dois professores do IFCE
(sendo um coordenador e o outro colaborador) e dois alunos de graduação do IFCE, bolsistas
de iniciação científica pela Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa – FUNCAP.
A Pesquisa está na fase inicial, com a tabulação de dados da FUNCEME sendo realizada
pelos bolsistas e a revisão de literatura a cargo dos professores.
OBJETIVOS E ÁREAS DE CONHECIMENTO
A presente pesquisa será conduzida, na primeira etapa, via internet onde serão digitados
os registros mensais de precipitação de todos os 184 municípios do Estado do Ceará no
período de 1974 a 2012, em planilhas do Excel, sendo estes dados fornecidos pelos Postos
Pluviométricos da Fundação Cearense de Meteorologia – FUNCEME.
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Na segunda etapa, após a digitação dos dados, será calculada a Média Aritmética
Simples dos registros mensais para cada município, em seguida uma Média Aritmética
Simples será calculada entre os municípios sedes integrantes de cada uma das onze bacias
hidrográficas do Estado do Ceará, sendo esta Média calculada também para todo o Estado do
Ceará, com isso, determinaremos as Normais Pluviométricas dos 184 municípios, das 11
bacias hidrográficas e do Estado do Ceará, além de caracterizar a estação chuvosa de cada
município.
A Probabilidade de Safra na agricultura de sequeiro para as culturas de feijão e milho
serão calculadas através da Distribuição Normal de Probabilidade (lei de Gauss). O Ceará será
mapeado em função da probabilidade de perda de safra, caracterizando as zonas de risco.
A Pesquisa envolve em suas diversas fases, várias áreas de conhecimento. No início, a
coleta de dados através da internet e tabulação dos mesmos, requer conhecimentos na área de
Informática. Para as análises de estações chuvosas, conhecimentos de Meteorologia serão
fundamentais, já nos cálculos de previsão de safra a Hidrologia e a Estatística terão maior
importância.
Não é objetivo deste trabalho apontar as alternativas viáveis para a melhoria da vida do
homem do sertão, mas sim, provar através da irregularidade das chuvas, que a agricultura de
sequeiro deve ser extinta em determinadas regiões do Ceará.
RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS
O Governo do Ceará comemorou em julho de 2012 a liberação de R$ 49 milhões aos
agricultores de nosso Estado, proveniente dos Programas Garantia Safra (R$ 32,6 milhões) e
Bolsa Estiagem (R$ 16,4 milhões).
Foram beneficiados 239.982 agricultores pelo Garantia Safra e 205.849 pelo Bolsa
Estiagem, que conseguiram se enquadrar no início do ano, como agricultores familiares,
podendo cultivar até 2 ha de terra, no regime de sequeiro.
Os benefícios estão sendo pagos em cinco parcelas, sendo quatro de R$ 135,00 e a
última de R$ 140,00, somando R$ 680,00, pelo Garantia Safra e cinco parcelas mensais de R$
80,00, somando R$ 400,00, pelo Bolsa Estiagem.
Aquele agricultor que se enquadrou nos dois benefícios irá receber R$ 1.080,00, ao
longo deste segundo semestre, sendo que no primeiro semestre ele não obteve renda, pois o
mesmo estava iludido com o “inverno” que não veio. Desta forma, o nosso agricultor terá
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uma renda mensal de R$ 90,00, que significa o valor intermediário entre a linha de indigência
(US$ 1,00 / dia) e a linha de pobreza (US$ 2,00 / dia), segundo o Banco Mundial.
Os valores de referência do Banco Mundial se aplicam por pessoa e no caso de nossos
agricultores, as “esmolas” são por família, o que agrava ainda mais a situação.
O erro não é o baixo valor da ajuda do Governo e sim a insistência em manter a tradição
indígena de plantar na época da chuva, utilizando para isso técnicas ultrapassadas, como:
broca, coivara, aceiro, fogo, adubação inexistente, plantio morro abaixo, consórcio, catação e
com isso a produtividade fica muito abaixo da média nacional. A dependência exclusiva da
chuva para suprir as necessidades hídricas das culturas é um risco permanente, que o governo
finge que não existe.
A agricultura de sequeiro deve ser repensada em nosso Estado, é inadmissível ver a
mesma propaganda de incentivos (Programa Hora de Plantar) no início do ano, previsões
desacreditadas e incertas da estação chuvosa, seja por falsos profetas ou satélites de baixa
precisão e a política de preços mínimos que nunca existiu, desmotivando mais ainda o
agricultor, que raramente consegue uma boa produção de grãos e quando isto ocorre o preço
despenca, devido a maior oferta e menor demanda do mercado, agravado pelo reduzido tempo
de prateleira do produto, devido a mudanças de coloração, textura e sabor e ser facilmente
atacado por pragas.
Um estudo de aptidão agropecuária de cada microrregião deve ser realizado com
urgência, os incentivos devem ser específicos, de acordo com o lugar, senão, em pouco tempo
não haverá mais agricultores dispostos a tentar conviver com as adversidades climáticas
seculares, visíveis a “quase” todos os cearenses.
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CRONOGRAMA FÍSICO E ORÇAMENTÁRIO
Cronograma de atividades do bolsista 01
ATIVIDADES
Tabulação de dados de precipitação pluviométrica –
Bacia do Acaraú
Tabulação de dados de precipitação pluviométrica –
Bacia do Alto Jaguaribe
Tabulação de dados de precipitação pluviométrica –
Bacias do Baixo Jaguaribe e do Banabuiú
Tabulação de dados de precipitação pluviométrica –
Bacias do Coreaú e do Curu
Cálculo das médias das precipitações pluviométricas
para cada município
Determinação das Normais Pluviométricas
Caracterização da Estação Chuvosa
Cálculo da Probabilidade de Safra para as culturas de
feijão e milho
Mapeamento de Zonas de Risco do Estado
Resumo em congresso
Publicação em periódico/livro
Relatório
2012
O N D
X
J
2013
F M A M
J
J
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Cronograma de atividades do bolsista 02
ATIVIDADES
Tabulação de dados de precipitação pluviométrica –
Bacia do Litoral
Tabulação de dados de precipitação pluviométrica –
Bacia Metropolitana
Tabulação de dados de precipitação pluviométrica –
Bacias do Médio Jaguaribe e do Parnaíba
Tabulação de dados de precipitação pluviométrica –
Bacia do Salgado
Cálculo das médias das precipitações pluviométricas
para cada município
Determinação das Normais Pluviométricas
Caracterização da Estação Chuvosa
Cálculo da Probabilidade de Safra para as culturas de
feijão e milho
Mapeamento de Zonas de Risco do Estado
Resumo em congresso
Publicação em periódico/livro
Relatório
O
X
2012
N D
J
2013
F M A M
J
J
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
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Orçamento
É objetivo único deste Projeto a confecção de 200 livros, de caráter didático e científico,
cujos itens do orçamento se encontram a seguir:
•
Lombada quadrada, arte pronta, 200 páginas.
•
Capa: 21x31 cm, 4x0 cores, Escala CMYK em papel cartão supremo 250g
660x960. CTP incluso. Print Hp.
•
Miolo 1: 200 páginas, 21x15 cm, 1 cor em papel Offset 75 g 640x880. CTP
incluso. Print Hp.
•
Lombada: 10 mm, revisão de Layout, Refile, Intercalado, Grampeado = 2
grampos, cola lombada quadrada, Vinco = 1 por vez = 1 batida na máquina.
•
Entrega: 15 dias.
O valor total do orçamento é de R$ 5.000,00.
REFERÊNCIAS
CONAB – Companhia Nacional do Abastecimento. Indicadores da Agropecuária.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ano 21, n. 9. Brasília. 2012. 53 p.
EMATERCE – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará. Safra Agrícola
de Sequeiro: 31 de julho de 2011. Governo do Estado do Ceará. Secretaria do
Desenvolvimento Agrário. 2011. 54 p.
EMATERCE – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará. Situação da
Safra Agrícola de Sequeiro e Situação da Quadra Chuvosa: 31 de julho de 2012.
Governo do Estado do Ceará. Secretaria do Desenvolvimento Agrário. 2012. 57 p.
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