Previsão Climática para o Verão 2015/2016
Data da Previsão: 16/12/2015
Duração do Verão: 22/12/2015 (01h e 48min) a 20/03/2016 (01h e 30min) –
não ajustado ao horário de verão
Características Climáticas do Verão
Chuva: durante os meses de verão o volume das chuvas é o maior dentre as
estações do ano no Estado do Paraná. Na sua grande maioria as chuvas são causadas
pelo deslocamento de sistemas frontais (frentes frias ou quentes) bem como de eventos
de curta duração que se desenvolvem entre as regiões Sul e a Sudeste do País em
associação às altas temperaturas e com a maior quantidade de umidade no ar disponível
em várias camadas da atmosfera. Também é frequente a atuação dos Sistemas
Convectivos de Mesoescala (SCM), embora em menor número se comparados com a
primavera. Estes preferencialmente se formam no Paraguai e ingressam no Paraná ou
por vezes se desenvolvem no próprio Estado.
Temperatura: as temperaturas atingem os maiores valores médios do ano. Os extremos
de temperaturas, Tmax e Tmin, são registrados nas regiões Oeste, Sudoeste, Norte e
Litoral e graças à posição geográfica e às características físicas do relevo estes extremos
são mais atenuados sobre os setores central, sul e regiões serranas. Na região Litorânea
a sensação de calor é ampliada devido às altas taxas de umidade concentradas nos
níveis mais baixos da atmosfera.
Precipitação e Temperaturas Médias no Paraná
Os mapas abaixo mostram a distribuição espacial mensal da Chuva Média,
Temperatura Mínima Média e Temperatura Máxima Média no Estado do Paraná durante
os meses de dezembro, janeiro e fevereiro de acordo com o banco de dados das
estações meteorológicas automáticas do SIMEPAR.
Precipitação Média
Fig. 01 (a) – Precipitação (mm)
Fig. 01 (b) – Precipitação (mm)
Fig. 01 (c) – Precipitação (mm)
Temperatura Média
- Temperaturas mínimas médias
Fig. 02 (a) – Temperatura (ºC)
Fig. 02 (b) – Temperatura (ºC)
Fig. 02 (c) –Temperatura (ºC)
Temperaturas máximas médias
Fig. 03 (a) – Temperatura (ºC)
Fig. 03 (b) – Temperatura (ºC)
Fig. 03 (c) – Temperatura (ºC)
A Tab. 01 mostra os valores das médias históricas de chuva, temperatura mínima e
temperatura máxima para cada região do Paraná nos meses de dezembro-janeirofevereiro obtidas da rede de estações agrometeorológicas do Instituto Agronômico do
Paraná – IAPAR.
Dezembro
Janeiro
Chuva
(mm/mês TMIN
)
TMAX
Litoral
190-350 19,8 ºC
29,2 ºC 250-350
RMC
125-175 15,8 ºC
Centro
Sul
Região
Chuva
TMIN
(mm/mês)
Fevereiro
TMAX
Chuva
TMIN
(mm/mês)
TMAX
20,4 ºC
30,2 ºC
225-350
21,3 ºC
30,5 ºC
25,7 ºC 150-200
16,6 ºC
26,3 ºC
125-150
16,9 ºC
26,4 ºC
150-225 16,3 ºC
26,9 ºC 175-225
16,8 ºC
27,2 ºC
125-200
17,2 ºC
27,6 ºC
150-200 15,5 ºC
26,2 ºC 125-175
16,4 ºC
26,7 ºC
150-200
16,5 ºC
26,4 ºC
Sudoeste 150-200 18,3 ºC
29,6 ºC 125-175
19,0 ºC
30,0 ºC
175-225
18,9 ºC
29,8 ºC
Oeste
150-225 19,8 ºC
30,5 ºC 150-225
20,3 ºC
30,4 ºC
125-200
20,2 ºC
30,8 ºC
Norte
150-225 19,5 ºC
29,5 ºC 150-225
19,4 ºC
29,4 ºC
1125-200 20,1 ºC
29,8 ºC
Fonte: Dados da Rede Agrometeorológica do IAPAR
Tab 01 – Temperaturas (ºC) e Faixa Média de Precipitação (mm)
Como será o Verão de 2015/2016 (Dezembro – Janeiro – Fevereiro)
Condição de Grande Escala – Condição de El Niño Forte
O El Niño é caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiais do Pacífico
Equatorial Oriental e Central. Num El Niño clássico do aquecimento ao resfriamento o
tempo de duração é de aproximadamente 12 meses, com início nos meses iniciais do
primeiro ano e com máxima intensidade no final do ano a janeiro do ano subsequente. As
águas aquecidas se estendem próximas ao Equador que vai da costa peruana (lon 180º
O) até aproximadamente 160º O.
O aumento no calor sensível e nos fluxos de vapor d´água da superfície do oceano para a
atmosfera sobre as águas quentes provoca mudanças na circulação atmosférica e na
precipitação em escala regional e global, as quais, por sua vez provocam mudanças nas
condições meteorológicas e climáticas em várias partes do mundo.
Segundo o CPC.NCEP.NOAA, são condições para a existência do El Niño:
"Se observa uma anomalia positiva da temperatura da superfície do mar de 0,5 ºC ou
mais em um período de um mês na região do El Niño 3.4 do oceano Pacífico Equatorial (5
ºN – 5 ºS, 120 ºO – 170 º O – Fig. 04): e existe a probabilidade de que alcance a faixa do
índice Oceânico de 3 meses de El Niño e ainda quando se observa uma resposta
atmosférica associada tipicamente com El Niño sobre o Pacífico Equatorial."
Fig. 04 – Área de monitoramento
Durante o mês de novembro o El Niño continuou forte segundo indicaram as temperaturas
da superfície do Oceano. Na Fig. 05 o gráfico mostra que durante o trimestre
Set_Out_Nov (SON) a temperatura da superfície do mar (TSM) estava bem acima da
média (CLIM), acima dos 29 ºC! As demais linhas indicam uma tendência de
comportamento das temperaturas utilizando-se alguns modelos de previsões climáticos
(numéricos e estatísticos). A Fig. 06 indica a anomalia, diferença entre a observação ou
previsão em relação à média, para a região do El Niño 3.4. Percebe-se que o pico
máximo destes desvios positivos concentra-se nos trimestres de OND e NDJ. No início
do mês de dezembro as temperaturas da superfície do oceano permaneceram acima da
média conforme pode ser conferido na Fig. 07 numa extensa área do Oceano Pacífico.
Fig. 05 – Temperatura da Superfície do Mar – TSM para o setor Niño 3-4 (Fonte:
NOAA/NCEP)
Fig. 06 – Anomalia da Temperatura da Superfície do Mar (Fonte: NOAA/NCEP)
Fig. 07 – Anomalia da Temperatura da Superfície do Mar (ºC). As anomalias são
calculadas utilizando-se como referência os períodos médios semanais de 1981 a
2010 (Fonte: NOAA/NCEP)
Como está a distribuição média das temperaturas ao longo deste ano no
Paraná?
Selecionamos, para oito diferentes regiões do Paraná, a evolução mensal das
temperaturas médias do ano de 2014; de 2002, que foi aquele “mais quente” do histórico
de nossas estações meteorológicas automáticas; dos últimos 5 anos e do corrente ano.
Ressalte-se que nossa rede de estações meteorológicas automáticas começou a operar,
em sua grande maioria, no ano de 1997. Por isso as médias aqui consideradas não
podem ser tratadas como “médias climatológicas”.
1. CAPITAL E REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
Em novembro as temperaturas médias acompanharam a média embora tendo sido um
mês em que, na estação meteorológica de Curitiba, não foram registradas chuvas em
apenas 04 dias! Nos primeiros 15 dias de dezembro a tendência da curva média das
temperaturas acompanha as médias do período e a dos últimos 5 anos.
Fig. 08 – Temperaturas médias (ºC)
2. CENTRAL
Na região central, Fig. 09, o comportamento da curva média de novembro acompanhou
as médias do período e a dos últimos 05 anos. Nos 15 dias analisados de dezembro o
valor médio ainda não superou as médias dos períodos analisados, pois a região sofreu a
influência dos sistemas frontais e das chuvas.
Fig. 09 – Temperaturas médias (ºC)
3. LITORAL
Na região do Litoral as temperaturas médias, Fig. 10, praticamente se mantiveram
semelhantes às médias do período e a dos últimos 05 anos para o mês de novembro. Já
para os primeiros 15 dias de dezembro superaram as médias e aproximam-se daquelas
registradas nos anos mais quentes.
Fig. 10 – Temperaturas médias (ºC)
4. NOROESTE
No noroeste as temperaturas médias deste ano, a exemplo das demais citadas
anteriormente, foram elevadas, porém mesmo nos meses de julho e agosto ficaram muito
semelhantes ao ano anterior, Fig. 11. Em novembro as temperaturas médias ficaram
abaixo comparadas às dos anos mais quentes e em relação às médias. Nos primeiros 15
dias de dezembro estão ainda abaixo dos valores analisados, ou seja, para esta região as
temperaturas desta primeira quinzena não estão tão elevadas.
Fig. 11 – Temperaturas médias (ºC)
5. NORTE
No norte o ano de 2002 é tido como extremamente quente onde as temperaturas ficaram
muito elevadas. Nos últimos anos oscilaram pouco. Em 2015, foi em janeiro - como nas
outras regiões - que a média extrapolou a tendência, pois atingiu 26 ºC, Fig. 12. A partir de
outubro percebeu-se uma tendência de declínio do comportamento da curva das
temperaturas deste ano. Na primeira quinzena de dezembro a temperatura média é
bastante semelhante à de novembro, pois as chuvas foram frequentes.
Fig. 12 – Temperaturas médias (ºC)
6. OESTE
No oeste o ano começou com temperaturas médias de 26,8 ºC, Fig. 13. Ao longo dos
meses seguintes ficaram semelhantes aos últimos anos. No entanto o mês de agosto
superou as demais curvas e se aproximou do valor médio observado em abril. Em
novembro, o elevado número de dias com céu encoberto possibilitou que a média tenha
se posicionado abaixo dos outros anos mais quentes. A tendência de declínio da média
continuou presente nestes primeiros 15 dias de dezembro.
Fig. 13 – Temperaturas médias (ºC)
7. SUDOESTE
No sudoeste os registros deste ano mantiveram-se superiores aos dos últimos anos e, em
relação às demais regiões, foi aquela que mais se aproximou dos registros do ano até
então com os registros mais elevados, 2002, Fig. 14. Já a partir de outubro, quando
começou o período chuvoso, a tendência do comportamento da curva de temperatura
média deste ano foi de declínio. Em novembro a temperatura média ficou ligeiramente
inferior às médias e nos primeiros 15 dias de dezembro ainda não atingiu os valores
médios considerados no gráfico.
Fig. 14 – Temperaturas médias (ºC)
8. SUL
Esta região apresenta, historicamente, os menores desvios mensais entre os anos, Fig.
15. Mesmo em 2002 as diferenças entre meses, comparando-as com aquelas observadas
nas demais regiões, não foram tão significativas. O agosto deste também não foi
diferente; a temperatura se posicionou quase 1 ºC acima da média do ano de 2002. No
mês de novembro a temperatura média ficou na média para o período semelhante à
tendência obtida para as regiões do Litoral e Metropolitana de Curitiba.
Fig. 15 – Temperaturas médias (ºC)
PROJEÇÕES PARA O VERÃO 2015/2016
Os modelos climatológicos analisados nas Fig. 05 e 06 indicam a continuidade do El Niño
para este verão, embora o pico máximo das TSM já tenha sido observado. De acordo com
as projeções destes modelos, as temperaturas atingem a média no trimestre Jun-Jul_Ago
(JJA) de 2016 e uma inversão, La Niña para Jul-Ago-Set (JAS).
No Paraná a tendência do comportamento da atmosfera para os meses de dezembro,
janeiro e fevereiro indica que as chuvas fiquem acima da média, em todas as regiões
paranaenses. As temperaturas também ficam elevadas durante os meses de verão. Como
se prevê um período chuvoso e acaso as chuvas coincidam com o período de maior
aquecimento, é natural que, localmente, as médias das temperaturas máximas tendam a
diminuir. O aumento das precipitações e das temperaturas, a exemplo do observado nesta
primavera, intensifica as chances para a formação e para o desenvolvimento dos eventos
severos como as tempestades e os temporais originados nestes ambientes atmosféricos
instáveis. O monitoramento e os alertas para estes eventos são acompanhados e
divulgados no site do SIMEPAR, assim com a disponibilização dos dados dos radares
meteorológicos e da rede de estações meteorológicas automáticas do órgão.
A previsão de consenso para o trimestre de Dez-Jan-Fev (DJF), divulgada em
http://clima1.cptec.inpe.br, acessado em 16/12/2015, é sintetizada na Fig. 16. Para o Sul
do País a distribuição da probabilidade é de que as chuvas fiquem acima da média 50%;
na média 30% e abaixo da média apenas 20%.
CONDIÇÕES PARA A AGRICULTURA
A safra de verão vem se desenvolvendo com boas perspectivas, apesar da ocorrência de
chuvas frequentes. Em alguns períodos, principalmente no mês de novembro, o elevado
número de dias consecutivos com chuvas ocasionou redução na quantidade de insolação,
com alguns casos de estiolamento das plantas devido à baixa luminosidade. As chuvas
continuam em dezembro, porém intercaladas com períodos de sol que contribuem para
regularizar o desenvolvimento das lavouras.
As chuvas frequentes também dificultam as operações mecanizadas nas lavouras, como
a aplicação de defensivos agrícolas. A umidade e as temperaturas elevadas favorecem a
proliferação de pragas, doenças e ervas invasoras. Por isso recomendam-se cuidados
especiais no monitoramento para tomada de decisão de aplicações. Os cuidados com a
manutenção dos terraços devem ser redobrados, devido às chuvas intensas e volumosas
que podem ocorrer neste verão.
Para as lavouras perenes e pastagens, a situação é excepcional. As condições de
vegetação são próximas do potencial das espécies, desde que se faça a condução
agronômica adequada.
As perspectivas são de excelentes safras em todo o Paraná. Poderá haver dificuldades no
período de colheita devido à ocorrência de chuvas frequentes. Por isso os agricultores
devem estar atentos às previsões e fazer bom aproveitamento dos períodos de estiagem
para executar as operações em suas propriedades.
Fig. 16 – Previsão de precipitação para o trimestre DJF
Profissionais responsáveis:
Cezar Duquia, meteorologista
Paulo Caramori, pesquisador de agrometeorologia
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Previsão Climática para o Verão 2015/2016 Data da