39 Perfil do Agente Comunitário de Saúde no PSF Vila Mury Kátia Villaça dos Santos 1 Beatriz Lopes Ferraz Elias 2 Fernando Yugi Furukawa Horita 2 Letícia dos Santos 2 Caroline Costa e Souza 2 Franciane Emanulle Pacheco 3 Palavras-chaves: Resumo Perfil do Agente Comunitário de Saúde Comparar o atual perfil do Agente Comunitário de Saúde ao “perfil ideal” para identificar os pontos positivos e negativos do agente comunitário de saúde em atividade no PSF da Vila Mury em Volta Redonda, neste período. Traçar estratégias e apresentar propostas de fortalecimento e solução para os problemas encontrados. Gerar mais questionamentos ao levantar esse perfil e dar inicio a uma série de debates com referencia a importância do nível de instrução dessa classe. Identificar os critérios usados na forma de seleção e contratação desses profissionais. Instigar nos estudiosos a realização de novos estudos, mais específicos e de maior abrangência, para melhor comparar o impacto do trabalho desenvolvido pelos ACS nas diferentes realidades das comunidades. Nível de Instrução Importância do Agente Comunitário de Saúde O Programa de Saúde da família trata-se de uma estratégia que prioriza ações de promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos, da família, do RN ao idoso, sadios e doente de forma integral e contínua. A partir de 1991 a União começou a implantar esse novo modelo de assistência à saúde da população e atualmente todos os estados brasileiros em menor ou maior proporção já o conhecem. Mais de 3,5 mil municípios brasileiros têm equipes atuantes de Programa de Saúde da Família (PSF). Ao todo, são 14.770 equipes com, pelo menos, um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e dois a seis agentes de saúde. Cada equipe é responsável pela saúde de mil famílias. O PSF tenta substituir um modelo que se empenhava na assistência ao enfermo, Especialista - Ciências da Saúde – UniFOA Acadêmicos - Ciências da Saúde – UniFOA 3 Graduada - Medicina – UniFOA 1 2 uma vez que prioriza a prática assistencial em novas bases e critérios, na perspectiva de atuar na atenção à família a partir do ambiente no qual ela se insere. O objetivo da reorientação do modelo tradicional é empreender através da reafirmação dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (universalidade, integralidade, equidade), uma atenção integral às famílias, empenhando em ações de caráter preventivo e de promoção de saúde. Dessa forma, interferir no processo saúde-doença para prevenir que o homem sadio adoeça, realizar diagnóstico das doenças em tempo hábil, minimizando as complicações que retiram o homem ativo do mercado de trabalho por invalidez ou morte, em longo prazo, são as perspectivas de um novo perfil de morbidade hospitalar e dos indicadores epidemiológicos Cadernos UniFOA 1. Introdução Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008 Critério para Contratação do Agente Comunitário de Saúde Cadernos UniFOA Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008 40 de saúde. A consolidação dos propósitos dessa nova estratégia depende principalmente do estabelecimento de uma estreita relação e criação de vínculos, de laços, de compromissos e de co-responsabilidade entre os profissionais de saúde e a população. A família passa a ser o objeto recípuo de atenção entendido a partir do ambiente onde vive. O maior recurso proposto para a efetivação desse elo é o Agente Comunitário de Saúde, profissão regulamentada na gestão do ex-ministro da saúde José Serra, que tem diversas atribuições, baseadas em diretrizes apresentadas pelo Ministério da Saúde em 1999, que se resumem no seguinte tripé: identificar sinais e situações de risco, orientar as famílias e comunidades e encaminhar e comunicar à equipe os casos e situações identificadas. Os Agentes Comunitários de Saúde são um dos pilares da atenção primária de saúde no Brasil. As experiências com Agentes Comunitários de Saúde no País ocorreram em vários estados durante a década de 70 e 80 de forma pontual e isolada. A partir de 1987, o Estado Ceará institucionalizou e expandiu para todo seu território o Programa de Agentes de Saúde. O sucesso dessa experiência na melhoria da situação de saúde da população foi tão relevante que o Ministério de Saúde adotou o programa e o estendeu para todos os Estados do País. Na atualidade, o Brasil conta com cerca de 210.000 Agentes Comunitários de Saúde, atuando em grande parte de sua extensão territorial. Os agentes comunitários de saúde podem ser encontrados em duas situações distintas em relação à rede do SUS: a) ligados a uma unidade básica de saúde ainda não organizada na lógica da Saúde da Família; e b) ligados a uma unidade básica de Saúde da Família como membro da equipe multiprofissional. Ele mora na comunidade e integra a equipe de saúde da família que atende à comunidade. O perfil desejado para o agente comunitário é de alguém que se destaca na comunidade pela capacidade de comunicar-se com as pessoas e pela liderança natural que ele exerce, funcionando como elo entre a equipe e a comunidade. O contato permanente com as famílias facilita o trabalho de vigilância e promoção da saúde realizada por toda a equipe. Exerce também o papel de elo cultural, o que fortalece o trabalho educativo, ao fazer a interseção entre dois universos culturais distintos: o do saber científico e o do saber popular. O recrutamento dos agentes é feito através de processo seletivo no município, com assessoria da Secretaria Estadual de Saúde. Entre outros requisitos, o agente de saúde precisa morar, há pelo menos dois anos, na área onde desempenha suas atividades; saber ler e escrever; ser maior de 18 anos; e ter disponibilidade de tempo integral para trabalhar. O desenvolvimento das ações propostas a esses profissionais tem uma implicação direta no sucesso e na repercussão da Estratégia Saúde da Família. A discussão do perfil e competências dessa categoria profissional será o nosso objeto de estudo, já que não é observada na literatura uma delimitação clara de suas atribuições o que contribui para um processo inadequado e insatisfatório de qualificação. 2. Questões • As atribuições instituídas como competências dos ACS estão claramente definidas na prática da atuação desses profissionais? • Há uma normatização para o processo seletivo de contratação dos agentes? • É estabelecido um sistema de dados que compara as diversas unidades de PSF, e até mesmo as diferentes equipes do mesmo PSF, no que diz respeito ao impacto e aos resultados nos indicadores de saúde, na tentativa de comparar se há um desempenho diferente nas diversas unidades, para facilitar a detecção dos problemas específicos de cada equipe? 3. Justificativas Os ACS exercem relevante papel no desenvolvimento de atividades de promoção de saúde e prevenção de doenças, com suas responsabilidades na identificação e notificação das doenças e agravos, mantendo a equipe informada das situações de risco. Desta forma, uma criteriosa análise de seu desempenho contribuiria para um melhor funcionamento do Programa de Saúde da Família. 5. Cronograma Inicialmente, na primeira semana de março de 2008, foi discutido em equipe (Preceptora e alunos do PSF Vila Mury) o tema a ser abordado. Em seguida, iniciamos uma revisão bibliográfica, seguida da delimitação dos objetivos, focos da pesquisa e do traçado de um plano de ação. Em abril de 2008 já tínhamos elaborado a folha de entrevista e esta foi aplicada pelos alunos aos ACS numa quintafeira pela manhã, dia em que todos estão presentes para a reunião de equipe semanal. Com os dados tabulados e analisados, o estudo foi discutido pelo grupo de alunos junto à preceptora e o trabalho foi montado. Na primeira semana de maio, o trabalho foi submetido as últimas correções. 6. Resultados No PSF Vila Mury constatamos que todas agentes comunitárias de saúde (ACS) são do sexo feminino (13) (Gráfico 1), sendo 62% (8) na faixa etária entre 18-25anos, 15% (2) entre 26-35anos e 23% (3) maiores de 35 anos (Grafico 2). Quanto ao nível de escolaridade 61% (8) cursaram o 2º Grau completo, 31% (4) responderam estar cursando ou ter cursado 3º Grau e apenas uma respondeu ter cursado somente o 1º Grau completo (Gráfico 3). Quando questionamos sobre o motivo principal que as levaram a ser ACS, 38% (5) responderam a vontade de trabalhar na comunidade, outros 38% (5) responderam para complementar renda para o estudo e 24% 41 7. Discussão dos resultados O estudo pretende avaliar o perfil dos agentes de saúde do PSF Vila Mury, visando aventar possíveis deficiências e estimular projetos de estudos futuros a partir dos dados obtidos. O PSF Vila Mury foi implantado em dezembro de 2005 com 01 equipe inicial, formada por apenas 02 agentes comunitários de saúde (ACS). Em maio de 2005, foi ampliado para 02 equipes, mas com número de ACS incompletos. Hoje (abril de 2008), já estão formadas 02 equipes completas compostas, cada uma, por 01 médico da família, 01 enfermeiro, 01 auxiliar de enfermagem e 04 agentes comunitários de saúde. Visando a cobertura de áreas não atendidas por essas equipes, chamadas áreas flutuantes, já está em formação uma terceira equipe que assumirá esta parcela da comunidade. Atualmente estamos com uma população cadastrada de 4098 habitantes, num total de 1572 famílias; sabe-se que uma população de aproximadamente 12.000 habitantes se somam ao incluir a área flutuante. O perfil desejado para o agente comunitário é de alguém que se destaca na comunidade pela capacidade de comunicar- Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008 O trabalho, com o objetivo de traçar o perfil dos agentes de saúde da unidade em questão, foi realizado através de entrevistas com os agentes de saúde da unidade. A entrevista foi aplicada a 13 agentes de saúde da unidade, num total de 14 agentes, com uma ausência justificada por licença de saúde. Os agentes de saúde foram entrevistados quanto à idade, escolaridade, motivo que o levou a ser agente de saúde, realização de curso preparatório específico para agente de saúde, outros cursos e se residem no bairro da unidade. (folha da entrevista em anexo) (3) disseram que o motivo é ajudar na renda familiar (Gráfico 4). As ACS responderam se residem no bairro Vila Mury e 7,6% (1) respondeu que não reside, enquanto 92,4% (12) responderam que sim (Gráfico 5). Questionadas se receberam curso específico de capacitação para Agente Comunitário de Saúde, a maioria, 77% (10) relatou não ter realizado nenhum treinamento e apenas 23% (3) responderam ter recebido tal instrução (Gráfico 6). Ainda foi questionado sobre outros cursos, onde a maioria, 85% (11), responderam ter recebido outros cursos (dentre eles: atendimento ao público- 4ACS; amamentação – 3ACS; Introdutório do PSF – 2ACS; Anemia falciforme –6ACS; dentre outros) e 15% (2) responderam não ter recebido nenhum outro (Gráfico 7) Cadernos UniFOA 4. Materiais e Métodos Cadernos UniFOA Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008 42 se com as pessoas e pela liderança natural que ele exerce, ou seja, um elo entre a equipe a comunidade. Deve estar em contato com as famílias podendo então fazer a vigilância e promoção de saúde com o apoio de toda equipe, representando assim o elo cultural e fortalecendo o trabalho educativo. É preciso que o ACS more há pelo menos 02 anos na área, que saiba ler e escrever, que tenha idade maior ou igual a 18 anos e a disponibilidade de tempo integral para trabalhar. De acordo com o Programa Saúde da Família compete ao Agente Comunitário de Saúde o seguinte: • Realizar mapeamento de sua área • Cadastrar famílias que estão em sua área de atuação e atualizar permanentemente o cadastro • Identificar indivíduos e famílias expostas à situação de risco • Identificar áreas de risco • Orientar as famílias para utilização adequada dos serviços de saúde, encaminhandoas a serviços, conforme orientação de sua coordenação local • Realizar ações e atividades, no nível de sua competência, nas áreas prioritárias da Atenção Básica • Realizar, por meio de visita domiciliar, acompanhamento mensal de todas as famílias sob sua responsabilidade • Realizar busca ativa de casos como tuberculose, hanseníase e todas demais doenças de cunho epidemiológico • Estar sempre bem informado e informar aos demais membros das equipes, sobre a situação das famílias acompanhadas, particularmente aquelas em situação de risco • Desenvolver ações de educação e vigilância à saúde, com ênfase na promoção da saúde e na prevenção de doenças • Monitorar as famílias com crianças menores de 01 (um) ano, consideradas em situação de risco • Acompanhar o crescimento e desenvolvimento das crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos • Identificar e encaminhar gestantes para o serviço de pré-natal na Unidade de Saúde da Família • Realizar ações educativas para prevenção do câncer cérvico uterino e de mama encaminhando as mulheres em idade fértil para a realização de exames periódicos nas unidades de referência • Promover a educação e a mobilização comunitária, visando desenvolver ações coletivas de saneamento e melhoria do meio ambiente, entre outras dentro do planejamento da equipe, sob a coordenação do profissional enfermeiro; • Traduzir para a Equipe de Saúde da Família a dinâmica social da comunidade, suas necessidades potencialidades e limites; • Identificar parceiros e recursos existentes na comunidade que possam ser potencializadas pela equipes; • Outras ações e atividades a serem definidas de acordo com prioridades locais durante o desenvolvimento do programa. Na prática, os agentes de saúde cadastram as famílias. Além de nome, idade, condições de moradia, escolaridade, profissão, identificam o histórico de saúde dos integrantes, apontando a existência de enfermidades, como tuberculose, hanseníase, malária, hipertensão, diabetes, desnutrição, entre outras. As consultas necessárias são marcadas pelo agente, que, muitas vezes, acompanha a pessoa até o centro de saúde. Também controla a medicação dos doentes crônicos, dão orientações sobre dengue, leptospirose, higiene básica e outros cuidados com a saúde; também realiza a busca ativa dos casos de risco. A visita domiciliar de médicos, enfermeiros e auxiliares são realizadas somente em situações especiais identificadas pelos agentes, como idosos em situação de abandono, com dificuldade motora, acamados e com feridas, gestantes que se ausentam das consultas e etc... De acordo com atribuições que cabem ao agente comunitário da saúde é que justificamos o motivo de levantar a questão do seu “perfil”, porque entendemos a importância deste profissional na estratégia para reorganizar a atenção básica e não apenas aumentar a extensão de cobertura para as populações marginalizadas. Irá promover atenção básica em saúde para toda população de acordo com os princípios de integralidade, universalidade e equidade do SUS. Atualmente, encontramse em atividade no país 210 mil ACS, estando presentes tanto em comunidades rurais e periferias urbanas quanto em municípios 8. Conclusão Durante a realização deste estudo e vivência no PSF Vila Mury percebemos a notável importância do Agente Comunitário de Saúde, estabelecendo um elo entre comunidade e serviço de saúde, como afirma, EPSTEIN (2001) “A comunicação face a face, indivíduo-indivíduo, ou seja, a relação médico paciente que como vimos, é assimétrica e problemática, é substituída por uma relação mais equilibrada entre agente de saúde e 43 Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008 da renda familiar ou para estudo. Quando questionadas as Agentes que buscam uma complementação de renda para estudo (38%) a totalidade delas responderam que não investem essa renda em curso relacionado a área de saúde. Importante salientar que mais que traçar somente o perfil de nosso agente, o trabalho passa a ter a importância no que diz respeito a gerar mais questionamentos, levantar essa questão inicia uma série de debates a respeito da importância e da formação dessa classe; e através desse esboço desenvolver pesquisas mais específicas, no que diz respeito ao impacto do trabalho dos agentes na promoção da saúde como também como seria o perfil ideal desse agente; até onde influenciam na adesão aos tratamentos, na diminuição no número de hospitalizações e internações; se o perfil físico do agente é uma condição a considerar visto que é um trabalho que é feito a pé, se a disposição física está diretamente ligada a dedicação dos agentes. A importância com referencia a idade, antiguidade e experiência. Como interferiria a ação de um agente mais antigo como líder do grupo, fornecendo informações e experiências adquiridas com a vivencia naquela comunidade. O perfil e competências do agente nos interessam, pois entendemos ser ele um multiplicador de informação e um edificante instrumento, visto que podem quebrar paradigmas e promover muitas transformações já que ele é: “o olho lá!”, está em contato direto, conhece a realidade da área e está constantemente visitando o usuário. O desenvolvimento das ações propostas a esses profissionais tem uma implicação direta no sucesso e na repercussão de estratégia de saúde da família Cadernos UniFOA altamente urbanizados e industrializados. Daí contestar em qual realidade está inserido esse agente e se falta uma adequada qualificação a esses profissionais. Sabendo da importância deste membro para o sucesso das ações do PSF é que levantamos esse tema. A idéia de traçar o perfil do agente de nossa comunidade vem questionar quem é nosso agente, que perfil ele preenche e se de fato existe um perfil ideal. Se por acaso existe, que estratégias sugerir para melhorar a qualidade do nosso ACS em relação à: nível de instrução, poder de comunicação, relacionamento com a comunidade e com a equipe de trabalho, e, claro, o compromisso com a causa. A população de modo geral desconhece como funciona nosso sistema, como é a porta de entrada e como o médico não pode ser onipresente. Reconhecemos o agente como um instrumento para o entendimento e o êxito das ações de saúde e o bom funcionamento não somente do PSF, mas do SUS. Durante a realização deste estudo nosso propósito foi estar próximo dos ACS para conhecer melhor o perfil desses profissionais e entender se as suas atribuições são cabíveis na prática e se os mesmos estão aptos a empreendê-las. Ao entrevista-los observamos que no PSF Vila Mury há 100% de ACS do sexo feminino, fato que podemos relacionar a maior interação das mulheres junto a comunidade na realização de eventos de cunho social e trabalho voluntário, o que as aproxima das famílias e as tornam conhecedoras das realidades de cada universo familiar. Em relação a faixa etária, a predominância foi de menores de 25 anos, diferente da tendência observada no PACS. A população de ACS no programa que inspirou a institucionalização dessa nova modalidade profissional era em sua maioria composta por mulheres numa faixa superior aos 25 anos, que já traziam um histórico de engajamento sócio-cultural (envolvimento nas pastorais da criança, da família ou em outras entidades beneficentes), de onde surgia o estimulo e interesse em desenvolver o trabalho de Agente Comunitário de Saúde. Isso tem implicação no questionamento que fizemos a elas sobre o motivo que as levaram a buscar essa profissão, em que 62% relacionamos o interesse nesse trabalho pela possibilidade de complemento Cadernos UniFOA Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008 44 família. Muitos dos obstáculos mencionados da relação médico paciente se dissolvem. Quando, se necessário, encontra o médico, o paciente já está mais familiarizado e confiante no sistema. Uma mudança de padrão de comunicação pode ser um (além de outros) fator que leva a resultados excelentes no “ programa de médico de família”. Inferimos, portanto, que os ACS da Unidade Vila Mury não possuem uma adequada capacitação, não participaram de cursos preparatórios e de qualificação antes da efetiva entrada nas unidades de PSF. É importante a conscientização dos ACS quanto seu papel no desenvolvimento de atividades de promoção de saúde e prevenção de doenças, e suas responsabilidades na identificação e notificação das doenças e agravos, mantendo a equipe informada das situações de risco, pois somente dessa forma teremos indicadores fidedignos que direcionem futuros estudos e ações efetivas de melhoria da saúde da comunidade. Além disso, concluímos que os ACS do PSF Vila Mury não se adequam ao perfil sugerido pelo Ministério da Saúde, tendo em vista que não observamos ações de engajamento e de liderança que facilitem o contato permanente com as famílias, pois o principal motivo que os levou a atuar como ACS, estava relacionado à complementação de renda familiar. A localização e a população assistida podem interferir diretamente nas ações dos ACS, pois a área em questão atende uma comunidade primariamente e historicamente formada, por funcionários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), refletindo, nos dias atuais, numa parcela detentora de assistência privada à saúde, que erroneamente julga desnecessário seu vinculo com o Programa de Saúde da Família através dos ACS. Esse pensamento deveria ser reavaliado uma vez que a rede privada de saúde vem a complementar o Sistema Único de Saúde. Apesar de estabelecidas as atribuições dos ACS junto ao Ministério de Saúde, na prática, seu papel tem sido distorcido, como por exemplo, cadastrar famílias em projetos sociais como bolsa escola e bolsa família, sobrecarregando, muitas vezes, seu trabalho. Isso tem implicação direta no processo inadequado de qualificação, pois passa a receber diversos micro-treinamentos, fragmentados, dados por diferentes programas, fora do contexto e sem uma seqüência lógica, como vimos em nosso estudo, cursos superficiais sem uma base de formação prévia, como cursos sobre anemia falciforme, amamentação, atendimento ao público, entre outros. Ressalta-se que para a realização desses “micros cursos” existe um grande investimento por parte dos municípios que oneram os cofres públicos, sem o resultado e benefício pleno esperado. Não há a menor dúvida de que o ACS deve contribuir para o processo de transformação social. No entanto, é preciso ter em mente que a transformação social é um processo lento, requer esforços conjuntos e permanentes e é papel de todos os cidadãos. Portanto, concordamos com NEIGHBOURN (1992) quando avalia serem os agentes comunitários de saúde verdadeiros monitores de adultos, com ações educativas, exercendo o papel de elo cultural ao fazer interseção entre dois universos culturais distintos: o do saber científico e o do saber popular, “com um papel de facilitar no desenvolvimento do aprendiz: em vez de lhe transmitir conhecimentos, parte dos conceitos prévios e, analisando as informações disponíveis, desenvolve um novo saber, fruto da interação entre educador e educando.” Contudo, toda a análise a partir do estudo não seria válida se não aventasse questões e instigasse propostas. Portanto, questionamos sobre engajamento ideal dos ACS, seu papel social na comunidade em que trabalha, capacitação para exercer a função e adequação de seu perfil, mas deveríamos, para isso, oferecer uma remuneração justa para que os ACS sintam-se estimulados a acompanhar as famílias, integrá-las às equipes de saúde e desenvolver ações educativas e de prevenção. Além disso, deveria ser instituído um protocolo oficial regendo o perfil dos ACS e este deveria ser rigorosamente cumprido, de maneira a unificar o perfil da equipe para aperfeiçoar as ações e obter um melhor aproveitamento. Acreditamos que deveria existir uma sistematização no processo de formação, avaliação e contratação dos ACS, por ser uma forma mais apurada de apontar o profissional mais capacitado para o cargo, denotando a importância e seriedade ao programa de saúde da família; também considerar a avaliação continuada do seu desempenho profissional, avaliando seu relacionamento com a comunidade e com sua equipe de trabalho, o grau de responsabilidade e compromisso com que o profissional assume suas obrigações, conhecimento demonstrado ao exercer suas funções, além de assiduidade e pontualidade. Existe um modelo de avaliação que está em fase de implantação no PSF Vila Mury. Por fim, nosso ideal é estimular o ACS em seu papel de elo entre a comunidade e o serviço de saúde, criando condições dignas de trabalho e apontar possíveis falhas, reconhecer habilidades e atitudes favoráveis para que nosso trabalho sirva de meio para futuros estudos e instigue novos questionamentos. 45 9. Referencias BEREK, J. S., et. al. Tratado de Ginecologia: novak. 13 ed, Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2005. 1740p. BRISSOL, J., et. al.; Risk Factors for Cervical Intraepithelial Neoplasia: differences between low and high-grade lesions. Am J of Epidemiol 1994; 140:700-10. EPSTEIN, I., 2001 - A Comunicação da Ciência - No prelo – Revista Comunicação e Sociedade. Disponível em:<http://www. metodista.br/unesco/PCLA/index.htm>. Acesso em: 15 mar.2008 NEIGHBOUR, R. The inner apprentice. Newbury: Petroc Press, 1992) in Bases Conceituais de Trabalho em Saúde da Família - Wagner, H. L. et al. Disponível em:<http:// planeta.terra.com.br/saude/PSF/psf002.htm>. Acesso em: 15 mar.2008. Cadernos UniFOA INCA – Instituto Nacional de Câncer. Endereço Eletrônico: http://www.inca.gov.br. Data de Acesso: 21/11/2007. Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008 FEBRASGO. Tratado de Ginecologia. 1 ed, Rio de Janeiro: Editora Revinter, 2000. 1568p. 10. Anexos 46 Anexo 1 Folha de entrevista: Perfil dos agentes de saúde Objeto do estudo: Agente de saúde PSF Vila Mury Estudo: Perfil do agente de saúde PSF Vila Mury 3 equipes- 4 agentes Sexo: Masculino ( ) Feminino ( ) Faixa etária: 18 – 25 anos ( ) 25 – 35 anos ( ) > 35 anos ( ) Escolaridade: 1 grau ( ) 2 grau ( ) 3 grau ( ) Reside no bairro: Sim ( ) Não ( ) Cadernos UniFOA Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008 Motivo que o levou a ser agente de saúde: - Trabalhar na comunidade ( ) - Renda familiar ( ) - Complementar renda para estudo ( ) Teve curso de capacitação para agente de saúde: Sim ( ) Não ( ) Outros: Sim ( ) Não ( ) Quantos: 1 2 3 4 ou mais ( ( ( ( ) ) ) ) Quais:__________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ ________________________________________ Gráfico 5 Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008 Gráfico 4 Gráfico 6 Cadernos UniFOA Anexo 2 47 Gráfico 1 Gráfico 7 Gráfico 2 Gráfico 3 Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008 Cadernos UniFOA 48 Anexo 3 Folha de Cadastro Anexo4 49 Cadernos UniFOA Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008 Folha de avaliação de desempenho Informações bibliográficas: Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: SANTOS, K. V.; ELIAS, B. L. F.; HORITA, F. Y. F.; SANTOS, L.; SOUZA, C. C.; PACHECO, F. E.. Perfil do Agente Comunitário de Saúde no PSF Vila Mury. Volta Redonda, ano III, edição especial, outubro. 2008. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/pesquisa/caderno/especiais/pmvr/39.pdf>