História de Portugal
Aula n.º 21
Portugal Restaurado
Portugal Restaurado
Após a Restauração, Portugal libertava-se completamente da união com
Espanha, mas um longo período de crise ainda esperava os portugueses.
Durante 28 anos, manteve-se a guerra com Espanha, que não se
conformava com a perda do reino de Portugal.
Por outro lado, também foi necessário manter a guerra com os
holandeses, pela reconquista do Norte do Brasil, de Angola e de São
Tomé.
Além da guerra, a crise que se alastrava por toda a Europa não dava
sinais de abrandamento. Fomes e epidemias afectavam Portugal,
enquanto o comércio ultramarino continuava em decadência.
Porém, nesta conjuntura surgiram novas ideias para dinamizar a
economia portuguesa, apostando-se num aumento da produção através
da criação de manufacturas. No fim do século XVII, a descoberta de ouro
no Brasil veio iniciar um novo ciclo na economia portuguesa.
Diplomacia e Guerra
Para defender o país do perigo dos ataques espanhóis, D. João IV optou
por proteger as fronteiras, para evitar a ameaça de uma invasão. Com
este objectivo mandou reparar castelos, reorganizar o exército e adquirir
armamento.
Além da defesa do território, era também importante que as cortes
europeias apoiassem a nova situação política em Portugal. Para o efeito,
tornava-se necessário enviar diplomatas com a missão de conseguirem
que os principais governos europeus reconhecessem os direitos da Casa de
Bragança ao trono de Portugal.
Os Acordos com França e com a Inglaterra
A estratégia usada pelos diplomatas portugueses junto dos principais
governos europeus consistiu em demonstrar que D. João IV não era um
usurpador da Coroa, mas sim o legítimo rei de Portugal, por ser neto de D.
Catarina, a quem o trono deveria ter sido entregue em 1580.
Reconhecido este facto, impunha-se concluir não apenas que os governos
dos três Filipes haviam sido ilegítimos, mas também que a Restauração de
1640 se limitara a restituir a D. João, duque de Bragança, o trono que por
direito lhe pertencia.
A Acção diplomática portuguesa incidiu sobretudo junto das cortes da
Holanda, França e Inglaterra, por serem países inimigos de Espanha.
As negociações com a França não se traduziram em grandes vantagens;
contudo, além do fornecimento de material de guerra, foi possível
assinar, em 1641, um tratado de amizade com o rei Luís XIII, e
conseguir a vinda de oficiais e de soldados franceses para servirem no
exército português.
Com a Suécia e com a Dinamarca também foi possível estabelecer
tratados de amizade e de comércio, e obter apoio militar,
consubstanciado em tropas, armas e mantimentos.
Durante o governo dos monarcas espanhóis, as relações com Inglaterra
tinham sofrido alguns reveses.
Em 1642, foi assinado um primeiro tratado de aliança entre Portugal e a
Inglaterra, mas devido a mudanças ocorridas na política interna inglesa,
Portugal chegou a estar em guerra com a sua velha aliada.
Em 1654, foi assinada a paz entre os dois reinos, e os ingleses
obtiveram a liberdade para comerciar no Império português.
Em 1661, foi assinado um novo tratado de aliança e acordado o
casamento de D. Catarina de Bragança, filha de D. João IV, com Carlos II
de Inglaterra.
Como dote da princesa, foram entregues aos ingleses a praça de Tânger,
no Norte de África, e a cidade de Bombaim na Índia.
D. Catarina
Carlos II de Inglaterra
As Relações com a Holanda
Um dos maiores problemas da política externa
portuguesa residia nas relações com a Holanda. Era
importante assinar a paz com este país, para evitar
os ataques às possessões ultramarinas portuguesas e
para conseguir apoio militar contra a Espanha.
Porém, a Holanda não estava disposta a desistir da
sua política de conquistas em diversas regiões do
Império português. Por essa razão, nas anos que se
seguiram à Restauração, a Holanda continuou com as
suas conquistas no Oriente, no Brasil e em África,
onde ocupou parte de Angola e de São Tomé.
A partir de 1644, iniciou-se no Brasil a revolta
contra os holandeses, que, dez anos mais tarde,
culminaria na vitória plena de Portugal. Angola e São
Tomé
também
foram
recuperados
em
1648.
Finalmente, em 1661, foi possível assinar um
tratado de paz entre Portugal e as Províncias Unidas
(Holanda).
Maurício de Nassau,
governador do Brasil
holandês
As Relações com Roma
Ao contrário do que sucedera com a
maioria dos países europeus, as
relações com a Santa Sé foram
difíceis, pois o sucessivos papas,
devido à influência da Espanha,
recusavam-se
a
reconhecer
a
separação política de Portugal e
negavam-se a confirmar os bispos
portugueses para as dioceses que iam
vagando.
Com o fim da Guerra da Restauração,
e depois da assinatura, em Lisboa, do
tratado de paz de
1668,
o papa
Clemente IX reconheceu, em 1669, a
nova situação política portuguesa.
Papa Clemente IX
A Guerra da Restauração
Após a sua independência política, Portugal teve de suportar durante 28
anos uma dura guerra com Espanha, que não queria reconhecer a nova
situação portuguesa.
As Batalhas
A primeira grande acção militar de Espanha contra Portugal ocorreu em
1644,
quando um exército espanhol, concentrado em Badajoz, invadiu
Portugal. Os portugueses conseguiram resistir e vencer os espanhóis na
Batalha do Montijo.
Após este desaire a Espanha, que estava envolvida na Guerra dos Trinta
Anos, suspendeu os ataques a Portugal porque não podia desviar mais
tropas para a fronteira com Portugal.
Esta situação permitiu que o exército português se reorganizasses e que
se reparassem alguns castelos da raia, com vista a prevenir futuros
ataques.
A partir de 1659, quando a
Espanha assinou definitivamente
a paz com a França, as acções
militares espanholas tornaram-se
mais constantes e violentas.
Filipe IV enviou então sucessivos
exércitos para invadir Portugal,
que foram sempre repelidos pelos
portugueses
As batalhas que então se
travaram foram as das Linhas de
Elvas (1659), do Ameixial (1663),
de Castelo Rodrigo (1664) e de
Montes Claros (1665)
O Tratado de Paz
Pelo tratado de paz de 1668, assinado em Lisboa entre o representante
de Carlos II de Espanha e D. Pedro, regente de Portugal (futuro D. Pedro
II), era reconhecida a legitimidade da Monarquia Portuguesa e estipulavase a devolução mútua de conquistas e de prisioneiros, e ainda a renúncia
à exigência de pagamento de reparações.
Ceuta, que se mantivera fiel aos reis espanhóis, e onde D. João IV nunca
fora aclamado, ficava a pertencer a Espanha.
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