TAT II
11/03/2013
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A folha: boletim da língua portuguesa nas
institições europeias
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Nº25: A língua portuguesa e o trabalho
linguístico nas instituições da União
Europeia
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2007
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Comissão Europeia
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Objetivos: dar a conhecer o IATE tão bem
como as suas vantagens e desvantagens.
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Público alvo: todas as pessoas interessadas
na área da tradução.
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Autor: Paulo Correia
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Cargo: Direção-geral da Tradução da Comissão
Europeia
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Significado: Inter-Active Terminology for Europe
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Definição: uma base terminológica da União
Europeia para apoiar a redação, tradução e
interpretação de termos especializados com a
finalidade de aperfeiçoar a coerência e qualidade
da comunicação multilingue.
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Criação: meados da década de 90
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Abertura ao público: 2007
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Objetivo: disponibilizar aos tradutores termos,
abreviaturas e expressões menos comum, ou seja,
mais especializados a uma determinada área.
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Desafio: harmonizar os diferentes métodos de
trabalho entre as várias instituições.
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Constituição:
 Esta base terminológica é constituída por fichas
das anteriores bases terminológicas das
instituições europeias. Mas também por novas
fichas introduzidas pelas instituições europeias
mais recentemente envolvidas (Tribunal de
Justiça, Tribunal de Contas,…).
 Ela continha em 2007, 1 000 000 de fichas da
Comissão, 250 000 do Parlamento Europeu e
190 000 do Conselho,…
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Resultados:
 Os tradutores são mais autónomos na pesquisa
de termos.
 Acesso fácil a termos nos respetivos contextos.
 Fornece informações que ajuda o tradutor a
escolher a melhor opção de tradução.
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Pontos negativos:
 termos repetidos _ esforço de limpeza e
consolidação de conteúdos.
 défice de conteúdos em muitas línguas _ esforço
para completar fichas.
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Alguns números:
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1,5 milhões de fichas terminológicas.
cerca de 9 milhões de conceitos.
média de menos de 5 línguas por ficha.
23 línguas oficiais.
Grande quantidade de fichas uni- bi- e trilingues.
Número de fichas com 2 línguas: 390 000.
Número de termos depende da data de adesão
do país à UE.
 Mais comuns : Inglês e Francês.
 540 000 termos em português.
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A IATE permite a comunicação de dados
entre tradutores e terminólogos.
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As palavras inseridas na IATE estão
verificadas por profissionais (tradutores e/ou
terminólogos) trabalhando nas instituições.
Cada pessoa pode utilizar a IATE.
Um utilizador até pode comentar os
resultados encontrado.
No caso da IATE, as verificações são feitas
pelo Centro de Tradução dos Organismos da
União Europeia (CDT).
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Os objetivos das « boas práticas da » IATE
são:
 Estabelecer as regras de base para a
prática terminológica nas instituições,
 Servir de guia para quem faz trabalho
terminológicos,
 Definir os princípios que regem o conteúdo
das fichas,
 Tornar a IATE numa base de dados
interinstitucional.
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Autor: Manuel Leal – Conselho da União Europeia
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Como sabemos, a IATE resultou da fusão de
diversas bases terminológicas desenvolvidas pelos
tradutores de diferentes instituições.
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Ora, como, com poucas exceções, os documentos
traduzidos nas várias instituições da UE tratam de
um número restrito de matérias — as cobertas
pelas competências comunitárias — e como esses
mesmos documentos circulam entre as instituições,
é natural que os problemas encontrados fossem em
grande parte os mesmos.
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O resultado da fusão das bases
era
previsível.
Embora
houvesse quem defendesse
uma
limpeza
prévia
das
mesmas antes da fusão, acabou
por vencer a ideia de que era
melhor fundir imediatamente
tudo.
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Os defensores desta opção dividiam-se em dois
campos:
• a) os que achavam que «quanto mais melhor»,
e que da quantidade nasceria como por magia a
qualidade;
• b) os que achavam que era mais simples
efetuar primeiro a fusão e depois proceder a uma
operação de limpeza.
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Ora, posteriormente, tornou-se óbvio que a
multiplicação de fichas para o mesmo termo e o
mesmo conceito complica seriamente a utilização
da base. Isto, resumidamente, porque:
▪ O potencial de estabelecimento de
correspondências entre pares de línguas ficava
subaproveitado.
▪ Quando um terminólogo pretende acrescentar
um termo na sua língua à base vê-se
frequentemente confrontado com a necessidade de
escolher entre várias fichas que consagram o
mesmo
conceito,
mas
que
apresentam
combinações de línguas diferentes.
▪ A enorme multiplicação de fichas para conceitos
idênticos dificulta imenso a tarefa de quem consulta
a base.
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Rapidamente se percebeu, portanto, que era
necessária uma gigante racionalização da base, a
que se passou a chamar «consolidação».
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Essa consolidação só podia realizar-se através de
um esforço conjunto e, assim, foi necessário criar
dispositivos e instâncias para organizar essa
cooperação.
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Entre outras medidas, criou-se uma rede de pontos
de contacto terminológicos em todas as instituições
(TMN — «Terminology Maintenance Network») e
incentivou-se o desenvolvimento de relações entre
terminólogos da mesma língua em diferentes
instituições da UE.
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Os primeiros esforços de consolidação foram
postos em prática, prevendo dois tipos de
abordagem: uma abordagem por matéria e uma
abordagem estatística.
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A primeira concentrar-se-ia em consolidar um
determinado subconjunto de fichas tematicamente
relacionadas. A segunda atacaria o problema com
base
em
prioridades
determinadas
estatisticamente.
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Esta consolidação é um trabalho moroso que exige
terminólogos competentes e um grande esforço de
coordenação interinstitucional, e cujos resultados
só muito lentamente se começarão a notar.
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Os recursos humanos e materiais para esta tarefa
são poucos e nem sempre é fácil convencer os
decisores da importância da terminologia.
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Mas a recompensa de um trabalho bem feito neste
domínio será uma base mais útil, convivial e fiável,
o que deverá contribuir para uma maior
produtividade dos tradutores e redatores e uma
maior qualidade dos textos produzidos.
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Autor: Paulo Correia – Direção-Geral da Tradução
– Comissão Europeia
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Desde muito cedo que os tradutores da Comissão
Europeia sentiram a necessidade de organizar a
terminologia que utilizavam.
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No início, eram os próprios tradutores que criavam
fichas com termos técnicos, mas com o tempo
alguns deles foram-se especializando até se
tornarem terminólogos.
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Em 1962, foi publicado o glossário Euratom, em
cinco línguas (inglês e as quatro línguas oficiais de
então: alemão, francês, italiano, neerlandês), com
4000 conceitos na área da física nuclear, o primeiro
de uma série de mais de cem glossários que se lhe
seguiriam.
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Entre 1962 e 1968, foi desenvolvido o Euroterm,
um dicionário contextual tetralingue (alemão,
francês, italiano, neerlandês), rico em fraseologia
técnica, mas de difícil consulta.
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Em 1964, chegou a automatização com o
Dicautom, uma grande colecção de expressões
técnicas, mas apenas em consulta bilingue. Neste
caso, a grande inovação para a época era a
possibilidade de consulta multilingue automatizada
de equivalências terminológicas nas línguas oficiais
e de trabalho das Comunidades Europeias.
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O Eurodicautom era particularmente rico em
terminologia técnica e especializada relacionada
com as políticas da União Europeia (agricultura,
telecomunicações,
transportes,
legislação,
finanças, etc.).
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As fichas, agrupadas em coleções e classificadas
em domínios, podiam conter, para além do termo
(ou abreviatura) propriamente dito e dos seus
sinónimos,
definições,
notas
explicativas,
referências, etc.
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O Eurodicautom continha cerca de 5,5 milhões de
termos e abreviaturas em mais de um milhão de
fichas.
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Nem todas as línguas tinham uma representação
igual: as línguas mais utilizadas nos originais dos
textos (o francês, o inglês e, em menor medida, o
alemão) e as línguas oficiais mais antigas tinham
maior número de entradas.
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O português estava representado com mais de 360
000 termos e abreviaturas.
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Todo este material, resultante do trabalho de
terminólogos e tradutores, mas também de técnicos
e empresas contratados pela Comissão para cobrir
necessidades
concretas,
foi
inicialmente
desenvolvido para satisfazer as necessidades dos
tradutores da Comissão, mas rapidamente se
tornou numa ferramenta acessível e útil para os
outros funcionários, quer da Comissão quer das
outras instituições europeias.
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Em 1997, o Eurodicautom passou a estar acessível
na Internet de forma gratuita a utilizadores de todo
o mundo, recebendo uma média de 120 000
interrogações por dia, mas ultrapassando
frequentemente as 200 000.
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No Verão de 2004, o Eurodicautom passou o
testemunho e os conteúdos à IATE, embora a
interface pública de consulta se tivesse mantido
ainda ativa até Março de 2007.
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