Variação
linguística
Prof.ª Quezia Lopes
O que é variação linguística

Variações linguísticas correspondem às variações
que uma língua apresenta, em função das condições
sociais, culturais, regionais e históricas em que é
utilizada. Um dos princípios das variedades da língua
é a dinamicidade. As línguas mudam, variam ao
longo dos tempos, de região para região, de homem
para mulher, de jovem para idoso, de pessoa
escolarizada para não escolarizada, etc.
 Diferenças

entre fala e escrita
Variedade
padrão
e
não-padrão:
aquela
corresponde à variedade de maior prestígio social
(norma culta), esta corresponde a todas as
variedades linguísticas diferentes da padrão.
Tipos de variação



Regional ou geográfica: maneira própria de falar de cada região.
(aspectos importantes: vocabulário e pronúncia-> aipim/
mandioca, mexerica, tangerina, muito/ “muitcho”...)
Sociocultural: se refere ao grupo social ao qual o falante pertence.
(norma padrão x variedade não- padrão: “ as balas” x “as bala”;
gírias, etc.)
Histórica: representa estágios de desenvolvimento da língua,
alterações de grafia ou de sentido das palavras ao longo do
tempo.


Dialeto e registros: dialetos são variedades originárias
das diferenças de região, de idade, de classes ou
grupos sociais, de sexo e da própria evolução
histórica da língua. Registros dependem da forma de
expressão, oral ou escrita; da receptividade entre os
interlocutores e do grau de formalismo da interação.
Gíria: é um dialeto linguístico que apresenta um
vocabulário específico, criado por um grupo social,
que o distingue da língua-padrão. Quando ligada a
uma profissão, é chamada de jargão.
Preconceito linguístico ou preconceito social?
As diferentes variações linguísticas expõem diferentes realidades sociais; variedades
essas nem sempre aceitas por todas as esferas da sociedade. O texto de humor evidencia bem
esse preconceito, ao retratar falares que não atendem ao dito “padrão” linguístico. A exemplo
disso, temos o falar caipira que, por vezes, é estereotipado e tomado como inferior, quando
vemos que, na verdade, se trata apenas de uma variedade diferente.
Segundo Spezatto & Faci (2007), “o preconceito não está diretamente ligado à
variante linguística dos indivíduos, ela é apenas uma forma de condenar os grupos que estão
distantes das pessoas falantes da norma culta, pertencentes ao grupo de maior prestígio social”.
Podemos resumir dizendo que há diversas maneiras de usarmos a linguagem, sendo
essencial, no entanto, sabermos adequar a nossa linguagem ao contexto , à situação de fala/
uso, a fim de não sofrermos preconceitos linguístico-sociais. Foi pensando nisso que Bechara
afirmou: “Devemos ser poliglotas na própria língua”.
Análise de textos (música)
Chopis Centis - Mamonas Assassinas
Eu 'di' um beijo nela
E chamei pra passear
A gente 'fomos' no shopping,
Pra 'mó de' a gente lanchar
Comi uns bichos estranhos,
Com um tal de gergelim
Até que tava gostoso,
Mas eu prefiro aipim
Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia
Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia
Paríba!
Joinha, joinha chupetão vamo lá
Chuchuzinho vamo embora
Onde é que entra hein?
Esse tal "Chópis Cêntis"
É muicho legalzinho,
Pra levar as namoradas
E dar uns rolêzinhos
Quando eu estou no trabalho,
Não vejo a hora de descer dos
andaime
Pra pegar um cinema, do
Schwarzenegger
"Tombém" o Van Daime.
Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia
Bem Forte, bem forte
Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia
Análise de textos (música)
A Gíria é a cultura do povo - Bezerra de
Menezes
Toda hora tem gíria no asfalto e no
morro
porque ela é a cultura do povo
Pisou na bola conversa fiada
malandragem
Mala sem alça é o rodo, tá de
sacanagem
Tá trincado é aquilo, se toca vacilão
Tá de bom tamanho, otário fanfarrão
Tremeu na base, coisa ruim não é mole
não
Tá boiando de marola, é o terror
alemão
Responsa catuca é o bonde, é cerol
Tô na bola corujão vão fechar seu
paletó
"Toda hora tem gíria...
Se liga no papo, maluco, é o terror
Bota fé compadre, tá limpo, demorou
Sai voado, sente firmeza, tá tranquilo
Parei contigo, contexto, baranga, é
aquilo
Tá ligado na fita, tá sarado
Deu bode, deu mole qualé, vacilou
Tô na área, tá de bob, tá bolado
Babou a parada, mulher de tromba,
sujou
"Toda hora tem gíria...
Sangue bom tem conceito, malandro e
o cara aí
Vê me erra boiola, boca de sirí
Pagou mico, fala sério, tô te filmando
É ruim hem! O bicho tá pegando
Não tem caô, papo reto, tá pegado
Tá no rango mané, tá aloprado
Caloteiro, carne de pescoço,
"vagabau"
Tô legal de você sete-um, gbo, cara de
pau
Trabalho: analise as músicas abaixo quanto à noção de
variação linguística
Asa Branca ( Luiz Gonzaga)
Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai (bis)
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado(bis)
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha(bis)
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
(bis)
Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus "óio"
Se "espaiar" na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração (bis)
“Chico Mineiro” ( Tunico e Francisco Ribeiro)
Cada vez que me "alembro"
Do amigo Chico Mineiro,
Das viage que nois fazia
Era ele meu companheiro.
Sinto uma tristeza,
Uma vontade de chorar,
Alembrando daqueles tempos
Que não hai mais de voltar.
Apesar de ser patrão,
Eu tinha no coração
O amigo Chico Mineiro,
Caboclo bom decidido,
Na viola era delorido e era o peão dos boiadeiro.
Hoje porém com tristeza
Recordando das proeza
Da nossa viage motin,
Viajemo mais de dez anos,
Vendendo boiada e comprando,
Por esse rincão sem-fim
Caboco de nada temia.
Mas porém, chegou o dia
Que Chico apartou-se de mim.
Fizemos a última viagem
Foi lá pro sertão de Goiás
Fui eu e o Chico Mineiro
Também foi o capataz
Viajamos muitos dias pra chegar em Ouro Fino
Aonde passamos a noite numa festa do Divino
A festa estava tão boa, mas antes não tivesse ido
O Chico foi baleado por um homem desconhecido
Larguei de comprar boiada
Mataram meu companheiro
Acabou-se o som da viola
Acabou-se o Chico Mineiro
Depois daquela tragédia
Fiquei mais aborrecido
Não sabia da nossa amizade
Porque nos dois era unido
Quando vi seu documento
Me cortou o coração
Vi saber que o Chico Mineiro
Era meu legítimo irmão
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