História de Portugal
Aula n.º 6
Os Muçulmanos
A Reconquista Cristã
Os Muçulmanos
Durante cerca de
500 anos,
os muçulmanos ocuparam parte do
território que é hoje Portugal, tendo permanecido ainda mais
200
anos
na Península Ibérica, até à sua expulsão definitiva em finais do
século XV.
Nesse longo período de cerca de 700 anos em que permaneceram no
território, muitas foram as trocas culturais que se estabeleceram entre
cristãos e muçulmanos.
Apesar da violência das lutas que se travaram entre as duas
comunidades, houve também espaço para a tolerância e para a
coexistência pacífica. Era comum haver cristãos a viver no meio de
muçulmanos, bem como muçulmanos a viver entre cristãos.
Da permanência dos muçulmanos na Península, ficou um importante
legado cultural, de que ainda hoje são visíveis as influências em vários
aspectos da vida quotidiana, desde a língua a objectos de uso corrente.
Invasão e Conquista da Península Ibérica no
século VIII
A partir da morte de Maomé (ano de 632), os árabes iniciaram um
período de expansão, com o objectivo de levar a sua nova religião, o
islamismo, a todos os povos.
No início do século VIII já dominavam todo o Norte de África,
encontrando-se às portas da Península Ibérica. Os exército muçulmanos
eram então compostos por diversos povos.
No ano 711, um poderoso exército muçulmano de cerca de 7 mil
homens, na sua maioria berberes, comandados por Tarique, atravessou
o estreito de Gibraltar e penetrou na Península Ibérica.
Os visigodos, divididos por lutas internas, tiveram dificuldade em fazer
frente ao exército de Tarique, que venceu facilmente as tropas
enviadas para o suster.
Em face deste primeiro desaire, o rei visigodo Rodrigo procurou reunir
forças para repelir o invasor. Foi então que Musa, emir do Magrebe,
enviou mais uns milhares de tropas para reforçar o exército
muçulmano, que assim passou a contar com cerca de 12 mil homens.
Entre os dois exércitos travou-se um sangrento combate, que ficou
conhecido como Batalha de Guadalete e se saldou pela vitória dos
muçulmanos.
O exército cristão foi destroçado e o rei visigodo desapareceu em
combate.
A conquista da Península
Após ter derrotado o exército visigodo, Tarique marchou para Norte,
prosseguindo a conquista. Uma a uma, as praças hispânicas foram
caindo em poder dos muçulmanos, que, muitas vezes, eram auxiliados
por judeus e por muitos cristãos que pretendiam ver-se livres do
domínio dos visigodos. Algumas cidades renderam-se mesmo sem luta,
enquanto outras localidades fizeram acordos com os invasores.
Os cristãos resistentes acabaram por se refugiar nas montanhas das
Astúrias, pequena região do norte da Península onde os «mouros» nunca
penetraram.
As Cidades
Os muçulmanos ocuparam e desenvolveram muitas cidades, algumas das
quais fundadas pelos romanos. A cidade de Lisboa era um dos centros
económicos mais importantes, devido à sua relação com o Tejo. Porém,
Silves era a cidade mais importante de toda a região, sendo mais rica
que Lisboa, com edifícios mais opulentos.
C
a
s
t
e
l
o
d
e
S
i
l
v
e
s
Castelo de Silves
Igreja Matriz de Mértola (antiga Mesquita)
A Agricultura
Os muçulmanos desenvolveram a agricultura, aumentando a área
cultivada do território graças não só ao aproveitamento das técnicas
agrícolas que já vinham dos romanos, mas também à introdução de
sistemas de irrigação inovadores, como a nora, a azenha e a picota ou
cegonha.
A
z
e
n
h
a
Nora
Picota ou cegonha
Introduziram ainda novas culturas como o limão, a laranja azeda e a
doce, o trigo mourisco, o açafrão e o arroz, entre outras e
desenvolveram a cultura da alfarrobeira, da figueira e da amendoeira. O
azeite era muito apreciado e um dos mais importantes produtos de
exportação. Em menos escala, também desenvolveram a criação de
gado, praticada principalmente nas zonas habitadas por berberes.
A Vida de
Muçulmanas
Cristãos
e
Judeus
nas
Cidades
Quando conquistavam uma cidade, os muçulmanos deixavam que os
cristãos continuassem a praticar os seus cultos, desde que pagassem
determinados tributos.
Os cristãos que viviam nas cidades muçulmanas chamavam-se
«moçárabes». Além de pagarem tributos, de que os muçulmanos
estavam isentos, os moçárabes não podiam exercer cargos públicos,
nem casar com mulheres muçulmanas. Eram obrigados a viver em
bairros separados, fora das muralhas das cidades. Eram representados
perante a autoridade islâmica por um juiz escolhido entre eles. Quando
o número de cristãos era muito elevado, estes, além de elegerem as
suas autoridades civis, podiam também eleger um bispo, como
acontecia em Lisboa.
Tal como os cristãos, também os judeus puderam continuar a manter os
seus usos e costumes.
A Herança Cultural e Científica
Astronomia - astrolábio
Matemática – algarismos, o que veio a facilitar as operações
aritméticas. Foram também responsáveis por importantes avanços no
conhecimento da álgebra e da geometria.
Palavras Portuguesas de Origem Árabe
A língua portuguesa conservou muitos vocábulos de origem árabe. São
geralmente, palavras começadas por al.
Eis alguns exemplos:
Alcachofra, Alcácer, Alcofa, Alcova, Alcunha, Aldeia, Alface, Alfaia,
Alfaiate, Alfama, Alfazema, Alferes, Alfinete, Alforge, Alforreca,
Algar, Algarismo, Álgebra, Algodão, Alguidar, Almanaque, Almirante,
Almofada…
… e muitas outras, num total de mais de seiscentas palavras.
Reconquista Cristã
A norte da Península Ibérica, nas Astúrias, manteve-se um núcleo
cristão que, mais tarde, iria iniciar um grande movimento de expansão
recuperando os territórios que estavam em poder dos muçulmanos.
Este movimento, que, se convencionou denominar «Reconquista
Cristã», não foi contínuo nem uniforme. Aos períodos de luta,
sucediam-se intervalos de paz.
Depois de vários séculos de lutas, os cristãos obtiveram a vitória final e
expulsaram os muçulmanos da Península Ibérica. Foi neste movimento
de reconquista que se começou a formar Portugal.
Batalha de Covadonga
A primeira tentativa cristã para recuperar o território perdido para os
muçulmanos deu-se em data incerta, entre 718 e 725, na batalha
de Covadonga. Após esta primeira vitória, os cristãos começaram a
organizar a resistência ao invasor muçulmano. Terá sido nessa altura
que os nobres, eclesiásticos e guerreiros escolheram como rei Pelágio,
que os comandou na batalha.
À medida que a «Reconquista cristã» avançava, na cristandade
tinham-se formado novos reinos, resultantes das lutas de outros
núcleos de resistência cristã – o reino de Navarra (905), o reino de
Castela (1033) e o reino de Aragão (1035). Em várias ocasiões, devido
às políticas de casamento, houve uniões de duas ou mais destas
monarquias.
O Repovoamento cristão
À medida que as forças cristãs iam lentamente avançando, tentava-se
repovoar o território quer com cristãos das Astúrias, quer tentando
atrair os moçárabes que viviam em território dominado pelos
muçulmanos.
O repovoamento acentuou-se a partir da
IX
2.ª metade do século
com o rei Afonso III, que, para organizar os territórios
conquistados, enviou como seus delegados os condes a quem era
atribuído o governo de um condado. Assim aconteceu em Chaves,
Coimbra, Viseu e Portucale, entre outros.
«Cruzada do Ocidente»
A reconquista ibérica era considerada a cruzada do Ocidente e passou
a merecer especial atenção dos Papas.
A cruzada do Ocidente atraiu à Península Ibérica muitos nobres e
outros cavaleiros que pretendiam tomar parte activa na luta contra os
muçulmanos. Da Borgonha, vieram dois nobres cavaleiros, D.
Raimundo e D. Henrique. A vinda deste último viria ser decisiva para
a formação de Portugal.
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