Controle de Plantas Daninhas
Manejo das Plantas Daninhas
Aula 9 e 10: 25 e 26/03/2014
Apresentação de trabalhos
Controle Biológico de Plantas Daninhas
6.5 Controle Químico
O método de controle químico baseia-se no uso de produtos químicos
visando matar plantas daninhas. Muitos produtos, antes da década de
1940, já eram usados com essa finalidade, como os boratos, o brometo de
metila, o cloreto de sódio, o ácido sulfúrico, entre outros.
Todos esses produtos apresentavam sérios problemas e riscos, tanto para
as culturas como para o ser humano, além de nem sempre serem eficientes
ou econômicos, por serem utilizados em grandes quantidades por área
aplicada (Deuber, 2006); além de não serem seletivos.
Esses produtos não são, essencialmente, produtos de uso agrícola, mas
eram utilizados como herbicidas. Nos dias de hoje, já não se usam mais
esses produtos na agricultura. Os produtos químicos utilizados para matar
plantas daninhas passaram a ser desenvolvidos a partir da década de 1940
e são, hoje, os principais defensivos agrícolas comercializados no mundo, os
herbicidas sintéticos.
6.5 Controle Químico
No final do século XIX, iniciaram-se as primeiras pesquisas com controle
químico de plantas daninhas, utilizando sais de cobre para o controle de
algumas eudicotiledôneas.
No início do século XX, o sulfato ferroso foi testado para o controle dessas
plantas em trigo. Mas foi apenas durante a Segunda Guerra Mundial que
cresceu o interesse em produzir herbicidas, primeiramente para desfolhar
florestas.
Por volta de 1942, foi descoberto o 2,4-D, dando início a produção de
herbicidas em escala comercial. A partir de 1950, surgiram herbicidas dos
grupos amidas, carbamatos, triazinas etc.
Com o desenvolvimento de novos produtos e com a adoção do controle
químico como o principal método de controle de plantas daninhas, hoje,
quase 50% dos defensivos agrícolas comercializados são herbicidas.
6.5 Controle Químico
A grande aceitação do uso de herbicidas deve-se a alguns fatores
(atribuídos como vantagens em relação aos outros métodos), destacandose, segundo Silva e Silva (2007):
a) menor dependência de mão de obra, que é cada vez mais cara e difícil de
ser encontrada;
b) rápido, prático e eficiente;
c) o controle é eficiente, mesmo em épocas chuvosas;
d) pode ser usado com eficiência mesmo na linha de plantio, sem danificar
o sistema radicular da cultura;
e) permite o cultivo mínimo ou plantio direto;
f) pode controlar plantas daninhas de reprodução vegetativa.
6.5 Controle Químico
O ideal é que o controle químico fosse usado apenas como auxiliar aos
demais métodos, porém, em muitos casos, os produtores usam apenas o
método químico, gerando alguns problemas. As principais desvantagens do
controle químico em relação aos outros métodos, segundo Silva e Silva
(2007), são:
a) exigência de mão de obra mais qualificada e técnica;
b) poluição ambiental (de solos, rios, lençol freático etc);
c) presença de resíduos em alimentos, causando riscos para o ser humano e
para os animais;
d) manutenção de resíduo no solo, podendo causar danos a culturas
subsequentes;
e) risco de deriva, causando danos em culturas vizinhas;
f) propensão à seleção de plantas tolerantes e/ou resistentes.
6.5 Controle Químico
Nas principais culturas agrícolas, cultivadas extensivamente, os herbicidas são
utilizados como o principal método de controle de plantas daninhas, como
comentado. Hoje em dia, alguns herbicidas destacam-se em importância e
quantidade utilizada, dependendo da cultura. O principal herbicida utilizado no
Brasil e no mundo é o glyphosate.
Outros herbicidas também têm se destacado, principalmente com o aparecimento
de azevém e buva resistentes a glyphosate, como:
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metsulfuron-methyl (Ally),
gluphosinate-ammonium (Finale),
flumioxazin (Flumyzin),
iodosulfuron-methyl (Hussar),
clodinafop-propargil (Topic),
2,4-D (vários),
paraquat (Gramoxone),
chlorimuron-ethyl (Classic),
clethodim (Select),
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diclosulan (Spider),
cloransulan-methyl (Pacto),
atrazine (vários),
tembotrione (Soberan),
nicosulfuron (Sanson),
mesotrione (Callisto),
fomezafen (Flex),
lactofen (Cobra),
bentazon + imazamox (Amplo),
entre outros
6.5.1 Tipos de Herbicidas
Existem vários tipos de herbicidas, que podem ser classificados
de diversas maneiras.
Quanto ao espectro de ação e à seletividade, os herbicidas podem ser:
a) graminicidas (controlam gramíneas, principalmente),
b) graminicidas exclusivos (controlam gramíneas, essencialmente, sendo
seletivos para eudicotiledôneas) Ex: Atrazina no milho
c) latifolicidas (controlam eudicotiledôneas, principalmente), Ex: Imazetapir
(Pivot) em soja
d) latifolicidas exclusivos (controlam eudicotiledôneas, essencialmente, sendo
seletivos para monocotiledôneas) Ex. 2,4-D na cana
e) de amplo espectro (controlam tanto monocotiledôneas quanto
eudicotiledôneas, sendo não-seletivos). Ex: Glifosato, Paraquat, Diquat.
Por meio da biotecnologia, é possível tornar seletivo um herbicida não-seletivo
por determinada espécie, como a soja transgênica que é resistente ao glifosato
6.5.1 Tipos de Herbicidas – IMAZETAPIR (PIVOT)
PARA CONTROLE DE
Amendoim bravo / Leiteiro (Euphorbia heterophylla) | Arrozvermelho (Oryza sativa) | Capim colchão (Digitaria sanguinalis /
Digitaria horizontalis) | Capim-arroz (Echinochloa cruspavonis /
Echinochloa crusgalli) | Capim-carrapicho(Cenchrus echinatus)
| Capim-marmelada (Brachiaria plantaginea) | Caruru-deespinho (Amaranthus spinosus) | Caruru-de-mancha (Amaranthus
viridis) |Caruru-roxo (Amaranthus hybridus) | Corda-deviola (Ipomoea nil / Ipomoea quamoclit / Ipomoea grandifolia)
| Erva-de-touro (Tridax procumbens) | Joá-bravo(Solenum
sisybrifolium) | Junquinho (Cyperus iria) | Nabiça ou Nabo
bravo(Raphanus raphanistrum) | Picão-preto (Bidens pilosa) | Poaiabranca (Richardia brasiliensis) | Trapoeraba (Commelina
benghalensis)
UTILIZADO EM Arroz irrigado | Soja
Impactos toxicológicos de herbicidas recomendados para a cultura do milho em ninfas do
predador Podisus nigrispinus (Hemiptera: Pentatomidae) da Lagarta da Soja (A. gematllis)
Silma da Silva Camilo, Marcus Alvarenga Soares, José Barbosa dos Santos, Sebastião Lourenço
de Assis Júnior, Evander Alves Ferreira, Claubert Wagner Guimarães de Menezes
Resumo
A presença de plantas daninhas na cultura do milho (Zea mays L.) pode ocasionar altas perdas
na produção. O controle químico das plantas daninhas é o mais utilizado nesta cultura, mas
pode afetar negativamente os inimigos naturais presentes nas lavouras. O objetivo do trabalho
foi avaliar a toxicidade de herbicidas registrados para a cultura do milho a ninfas do
predador Podisus nigrispinusDallas, 1851 (Hemiptera: Pentatomidae). Avaliou-se o efeito de
atrazine, nicosulfuron, mesotrione, paraquat e o controle à base de água destilada, sobre três
estádios imaturos do inseto (terceiro, quarto e quinto), em doses equivalentes à metade, ao
dobro, a quatro e dez vezes à recomendada para a cultura do milho. Os herbicidas foram
aplicados sobre potes plásticos de 500 mL contendo, cinco ninfas de cada estádio do inseto,
constituindo a unidade amostral, com seis repetições. Após 96 horas foi realizada a contagem
dos sobreviventes. Para todos os estádios de P. nigrispinus o aumento das doses dos herbicidas
ocasionou decréscimo na taxa de sobrevivência. Esta foi menor para os insetos expostos ao
atrazine e paraquat (Gramoxone) . O mesotrione (Callisto) foi o menos tóxico e o nicosulfuron
(Sanson) apresentou toxicidade mediana. Conclui-se que as ninfas do terceiro ao quinto estádio
do inimigo natural P. nigrispinus são mais suscetíveis aos herbicidas atrazine e paraquat. Além
disso, mesotrione e nicosulfuron podem ser utilizados na cultura do milho, visando preservar a
população deste predador.
6.5.1 Tipos de Herbicidas
Quanto à translocação nas plantas, os herbicidas podem ser:
a) tópicos ou de contato (após serem absorvidos, atuam próximo ao local
de absorção, apresentando translocação insignificante) – Ação mais
rapidamente visível .
b) sistêmicos (após serem absorvidos, podem atuar longe do local de
absorção, apresentando translocação significante) – Ação mais
demorada.
Quanto à época de aplicação, os herbicidas podem ser:
a) pré-emergentes (aplicados antes da emergência) ou
b)
pós-emergentes (aplicados após a emergência das plantas daninhas)
6.5.1 Tipos de Herbicidas – Pré Emergentes
Quando o herbicida é muito volátil, de solubilidade muito baixa em água e,
ou, fotodegradável, ele necessita ser incorporado ao solo. Por essa razão,
deve ser aplicado antes do plantio, como é o caso do trifluralin . Quando
aplicado após o preparo do solo e incorporado antes do plantio, diz-se que
este herbicida é aplicado no sistema PPI (Pré plantio incorporado).
Também no sistema de plantio direto e cultivo mínimo alguns herbicidas
devem ser aplicados antes do plantio, pois normalmente são não-seletivos,
apresentam curto efeito residual e quase sempre são utilizados como
dessecantes, visando facilitar o plantio e promover a cobertura morta do
solo, como glifosato, paraquat.
Contudo, podem-se também misturar, especialmente com o glifosato,
outros que possuem maior efeito residual no solo, auxiliando ou não na
dessecação das plantas, porém garantindo o controle inicial das plantas
daninhas na implantação da lavoura. Ex: flumioxazin (Flumyzin), imazaquin
(Scepter), Clorimuron-ethyl (Classic), imazetapir (Pivot), metribuzin
(Sencor).
6.5.1 Tipos de Herbicidas
Ex: Trecho da bula do DICLOSULAM - Spider 840 WG – 41,7 g/há EM PPI
Euphorbia heterophylla – leiteira
Ipomoea grandifolia – corda de viola
Sida rhombifolia – guanxuma
Xanthium strumarium – carrapichão
Acanthospermum australe – carrapicho rasteiro
Desmodium tortuosum – carrapicho beiço de boi
Hyptis suaveolens – cheirosa
Mimosa invisa – sensitiva, dormideira
Chamaesyce hirta – erva de santa luzia
Portulaca oleracea – beldroega
Eupatorium pauciflorum – botão azul
Ageratum conyzoides – mentrasto
Cróton grandulosus – gervão branco
6.5.1 Tipos de Herbicidas
Ex: Trecho da bula do DICLOSULAM - Spider 840 WG – 24 g/há EM PPI
Raphanus raphanistrum – nabo
Bidens pilosa – picão preto
Emilia sonchifolia – falsa serralha
Amaranthus viridis - caruru
Acanthospermum hispídum - carrapicho de carneiro
Tridax procumbens – erva de touro
6.5.1 Tipos de Herbicidas
Ex: Trecho da bula do Spider WG – 29,8 g/há EM Pré emergência
Bidens pilosa – picão preto
Euphorbia heterophylla – leiteira
Ipomoea grandifolia – corda de viola
Sida rhombifolia – guanxuma
Chamaesyce hirta – erva de santa luzia
Ex: Trecho da bula do Spider WG – 41,7 g/há EM Pré emergência
Acanthospermum australe – carrapicho rasteiro
Acanthospermum hispidum – carrapicho de carneiro
Spermacoce latifolia – erva quente
6.5.1 Tipos de Herbicidas
Ex: Trecho da bula do DICLOSULAM - Spider 840 WG
7. LIMITAÇÕES DE USO:
A soja apresenta boa tolerância à aplicação de SPIDER 840 WG nas doses
recomendadas, quando a mesma for plantada em áreas apropriadas para o
seu cultivo.
A soja não poderá ser rotacionada com as seguintes culturas de outono,
plantadas imediatamente após a colheita da soja: milho, girassol, sorgo e
brássicas.
O girassol poderá ser plantado 18 meses após a colheita da soja.
6.5.1 Tipos de Herbicidas – Pós Emergentes
Quando o herbicida é absorvido apenas pelas folhas, eles devem ser
aplicados somente em pós-emergência das plantas daninhas.
Esses produtos podem ser ainda não-seletivos para a cultura, e nesse caso,
devem ser aplicados antes da emergência (pré-emergência), como o
glifosato e paraquat aplicados no plantio direto ou em aplicação dirigida em
culturas perenes como fruteiras, reflorestamento e lavouras de café.
Entretanto, se o herbicida é seltivo para a cultura, ele pode ser aplicado em
pós-emergência das plantas daninhas e das culturas. Ex: Setoxydim (Posat)
em tomate, feijão, soja; nicosulfuron (Sanson) em milho; metsulfuronmethyl (Ally) em trigo, etc.
Se o herbicida é absorvido pelas folhas e raízes, a sua aplicação em pré ou
pós emergência vai depender da tolerância da cultura e também das
condições nas quais ele apresenta melhor desempenho. Ex: Atrazina,
recomendado para cultura do milho e sorgo é usado em pré-emergência.
Mas quando usado em pós-emergência, deve-se adicionar óleo à calda
mineral, visando solubilizar parte da cera epicuticular, aumentando a sua
penetração pelas folhas.
6.5.2 Absorção, Translocação e Detoxificação
A absorção de herbicidas está relacionada ao modo de aplicação. Herbicidas
aplicados no solo podem ser absorvidos pelos pelas raízes ou outros órgãos
subterrâneos (bulbos, tubérculos, rizomas e estolão) de plantas já emergidas, ou
mesmo ser absorvidos por primórdios foliares ou radiculares da plântula em
emergência.
Herbicidas aplicados na parte aérea podem ser absorvidos pelas folhas ou
mesmo pelo caule.
A translocação de herbicidas pode ocorrer através do xilema (apoplástica), do
floema (simplástica) ou ambos (apossimplástica). No xilema, a translocação do
herbicida acompanha o fluxo de seiva bruta, obedecendo ao fluxo transpiratório
da planta. No floema, a translocação do herbicida acompanha o fluxo de
fotoassimilados da planta produzidos na fotossíntese.
A detoxificação de herbicidas é a degradação do produto em metabólitos menos
tóxicos ou atóxicos, após a absorção. Existem várias enzimas envolvidas no
processo de detoxificação de herbicidas, destacando-se: cytP450m (citocromoP450-monooxigenases), SOD (superóxido dismutase), GT (glicosil transferases),
MT (malonil transferases), GST (glutationa-S-transferases), entre outras.
X. Bibliografia
A. SILVA, A. A.; SILVA, J. F. Tópicos em manejo de plantas daninhas. Viçosa: Ed.
UFV, 2007. 367p.
B. Carvalho, Leonardo Bianco de, Plantas Daninhas / Editado pelo autor, Lages,
SC, 2013 vi, 82p.
C. CHRISTOFFOLETI, P. J.; LÓPEZ-EVEJERO, R. F.; NICOLAI, M.; VARGAS, L.;
CARVALHO, S. J. P.; CATANEO, A. C.; CARVALHO, J. C.; MOREIRA, M. S. Aspectos
de resistência de plantas daninhas a herbicidas. 3. ed. HRAC-BR: Piracicaba,
2008. 120 p.
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