História de Portugal I
Aula n.º 3
A Idade do Ferro e os
Primeiros Colonizadores
A Idade do Ferro e os Primeiros Colonizadores
O ferro foi o último metal a ser trabalhado pelo homem, pois a sua
obtenção dependia da utilização de técnicas mais aperfeiçoadas.
Para extrair o ferro dos minerais que o contêm tornava-se necessário
elevar a temperatura a um nível muito superior ao exigido pelo cobre ou
pelo estanho, o que implicava não só o fabrico de utensílios mais
resistentes, como uma maior quantidade de combustível.
Porém, estas dificuldades eram largamente compensadas. Os utensílios
e as armas feitas em ferro eram muito mais resistentes, o que se
tornava vantajoso para os povos que os fabricassem, e os minerais
contendo este metal abundavam na natureza, o que facilitava a sua
aquisição.
Tal como aconteceu com outras inovações a evolução para o uso do
ferro foi lenta e progressiva e não implicou o abandono dos outros
metais, que continuaram a subsistir.
A Influência dos Fenícios
Oriundo do Médio Oriente, o ferro terá chegado à Península Ibérica por
duas vias:
-Por via marítima, trazido pelos fenícios;
-Por via continental, através de migrações de povos da Europa Central.
A civilização fenícia era uma das mais originais do Médio Oriente.
Natural do território onde hoje se situa o Líbano, os fenícios não
possuíam um Estado unificado, repartindo-se por diversas cidadesestado independentes umas das outras. Como dispunham de muito
poucas terras aptas para a agricultura, dedicaram-se ao comércio de
longa distância, para o que desenvolveram importantes meios navais.
No comércio fenício, ocupavam lugar de destaque os produtos de
prestígio, como o tecidos de púrpura e os objectos de marfim e de
metal. Para facilitar o seu comércio estabeleceram ao longo das costas
do Mediterrâneo colónias e feitorias.
A cor púrpura, era obtida através de algumas espécies de moluscos
nativos do Mar Mediterrâneo. Pela dificuldade na sua obtenção e o seu
alto preço, o púrpura, foi um dos mais importantes e mais caros
pigmentos naturais da Antiguidade.
Barco Fenício
A primeira colónia fenícia no território
peninsular foi Gadir (actual Cádis), que os
vestígios arqueológicos indicam ter sido
fundada no século VIII a.C.. É contundo
possível que os fenícios tenham feito viagens
anteriores à Península, em busca de metais.
No território hoje português começaram por
se instalar junto da foz de alguns rios, como
o Tejo, o Sado, o Guadiana e o Mondego, mas
também terão navegado mais para norte na
costa atlântica, em busca de estanho.
Desenvolviam um activo comércio, levando a
prata, o estanho, o cobre e até o ouro, e
trazendo
em
trocas
produtos
manufacturados.
Os vestígios fenícios encontrados em território português constam de
cerâmica, jóias, marfins, jarros de bronze, armas e diversos objectos de
metal. Os principais achados situam-se em Odemira, Milfontes, Sines,
Setúbal, Alcácer do Sal e junto dos rios atrás citados.
Aos contactos dos povos peninsulares com os fenícios ficaram-se a dever
importantes alterações culturais e sociais. Foram os fenícios que
introduziram na Península a metalurgia do ferro e a roda de oleiro, que
passou a ser usada na produção de cerâmica.
Joias Fenícias
Devido à sua influência, a partir do século VII a. C., ter-se-á
iniciado a cultura da vinha no território hoje português,
provavelmente com a finalidade de produção de vinho. Possivelmente
pela mesma data também se começou a produzir azeite, que, além do
seu uso como óleo alimentar, era muito importante como combustível.
A influência fenícia fez-se ainda sentir na exploração dos recursos
marinhos. A mera recolecção de moluscos, que se fazia até então, terá
sido substituída pela pesca. A abundância de pescado permitia
efectuar vários preparados de peixe e conservar uma parte em
salmoura. À semelhança do vinho e do azeite, o peixe era muito
apreciado em toda a bacia do Mediterrâneo, passando estes produtos a
ser exportados da Península Ibérica para outras regiões. Para esse
efeito, criaram-se recipientes de cerâmica próprios – as ânforas -, cuja
utilização se tornou muito frequente no transporte marítimo.
Os fenícios foram ainda responsáveis pela introdução
das primeiras formas de escrita no território peninsular
e pelo aparecimento de novas formas de poder político
mais centralizado, com as cidades e os reinos.
Cartagineses e Gregos
A partir dos inícios do século VI a.C., as cidades fenícias entraram
em decadência, situação que se veio a reflectir nas suas colónias
ibéricas, que, pela mesma altura, terão ficado sob influência de
Cartago (na actual Tunísia), a antiga colónia fenícia no Norte de África,
que passou a dominar o comércio no Mediterrâneo Central e Ocidental.
A decadência do comércio fenício possibilitou a navegação de outros
povos para a Península Ibérica, como aconteceu com os gregos.
Contudo, a influência dos gregos no território português não foi muito
notória.
Aliás, os dados arqueológicos indicam que todas as cerâmicas e outros
achados gregos foram encontrados em sítios onde são também
abundantes vestígios fenícios ou cartagineses, o que pode significar
que foram trazidos por estes povos.
Por isso, os maiores contributos culturais de carácter orientalizante
terão chegado ao território português através dos contactos comerciais
com fenícios e cartagineses.
O maior legado cultural grego terá sido a utilização da moeda.
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