Estudo e Prática da
Mediunidade
Módulo IV
Os Espíritos Comunicantes
Roteiro 5
Manifestação Mediúnica dos
Espíritos Imperfeitos (3)
Mas aquele que aborrece a seu irmão está
em trevas, e anda em trevas, e não sabe
para onde deva ir; porque as trevas lhe
cegaram os olhos.
Jesus (João, 2:11)
Estudaremos neste Roteiro o grupo de Espíritos
portadores de necessidades especiais, em
decorrência do nível de perturbação que revelam
em suas manifestações mediúnicas. O
atendimento a esses Espíritos requer dos
participantes do grupo mediúnico: a) segurança
doutrinárias espírita,fundamentada nas obras
codificadas por Allan Kardec e, nas
complementares a estas, de autoria de Espíritos
fiéis às orientações da Doutrina Espírita; b)
conduta espírita que reflita firmeza moral; c)
equilíbrio emocional; d) hábito de estudo e
oração.
Os médiuns e demais participantes da
reunião devem manter-se vigilantes no
trato com esses Espíritos, cuidando-se
para não serem por eles influenciados,
pois, como sabemos, nenhum “[...]
médium jamais é tão perfeito, que não
possa ser atacado por algum lado fraco”.
(1)
Kardec nos faz o seguinte alerta:
Todas as imperfeições morais são tantas outras
portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A
que, porém, eles exploram com mais habilidade é
o orgulho, porque é a que a criatura menos
confessa a si mesma. O orgulho tem perdido
muitos médiuns dotados das mais belas
faculdades e que, se não fora essa imperfeição,
teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e
muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos
mentirosos, suas faculdades, depois de se
haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um
se viu humilhado por amaríssimas decepções. (2)
1. Manifestações de Espíritos portadores de
sérias desarmonias espirituais.
Selecionamos alguns tipos, representativos do
grupo, com a finalidade de ilustrar o estado de
como, usualmente, eles se manifestam nas
reuniões mediúnicas. Em geral, são Espíritos
perturbados e perturbadores. Alguns se revelam
mais ignorantes do que maus, outros mais
endurecidos e são implacáveis perseguidores.
Estão também incluídos no grupo os que
apresentam deformações perispirituais, de menor
ou maior gravidade. A respeito desse grupo,
assim se pronuncia Emmanuel:
São sempre muitos. Contam-se, às vezes, por legiões.
[...] Mostram-se desencarnados da esfera física e
comunicam a peçonha do desespero. Facilmente
identificáveis, sinalizam a rebeldia. Falam em dever e
inclinam-se à violência, referem-se ao direito e
transformam-se em vampiros. Criam a dor para os
outros, encarcerando-se na dor de si mesmos. São
vulgarmente chamados “Espíritos maus”, quando, mais
propriamente, são Espíritos Infelizes. Zombam de tudo o
que lhes escape ao domínio, supõem-se invencíveis na
cidadela do seu orgulho, escarnecem dos mais altos
valores da Humanidade e acreditam ludibriar o próprio
Deus. Decerto que esses irmãos, enredados a profundo
desequilíbrio, estarão entre nós, adestrando-nos as
forças mais intimas para que aprendamos a auxiliar. [...]
Cabe-nos, acima de tudo, a obrigação de secundar o
trabalho daqueles que nos precederam e nos inspiram,
realizando o melhor. Para isso, não te digas inútil. Se
não prestássemos para as boas obras, por que razão
nos daria Deus a flama da consciência e o sopro da
vida? Contudo, não basta pregar. É preciso fazer. Os
companheiros infelizes, além de serem irmãos
problemas, são também nossos observadores de cada
dia. Embora com sacrifício, atende à tua parte de
esforço na plantação da bondade e no suor do
aperfeiçoamento. [...] (8)
Por emitirem vibrações mentais de extrema desarmonia,
esses Espíritos só se comunicam nas reuniões
mediúnicas depois de terem sido auxiliados,
previamente, por benfeitores espirituais.
1.1 Espíritos com sexualidade em desequilíbrio
São Espíritos que fazem parte do contingente de
homens e mulheres que cometeram abusos sexuais,
durante a reencarnação, em razão do estado de
desequilíbrio mental em que se encontravam, tais
como: prostituição, promiscuidade, pedofilia, estupro,
aborto, etc. Após a morte do corpo físico, arrastam
para o além-túmulo os efeitos dos desregramentos
cometidos e das doenças surgidas em conseqüência.
São resgatados das regiões de grande sofrimento,
semelhantes às “[...] zonas purgatoriais ou infernais
[...] em que se complementam as temporárias criações
do remorso, associando arrependimento e amargura,
desespero e rebelião”. (10)
Registramos, em seguida, algumas orientações
prestadas pelo orientador Silas, e transcritas por André
Luiz no livro Ação e reação.
Na perseguição ao prazer dos sentidos, costumamos
armar as piores ciladas aos corações incautos que nos
ouvem. [...] Isso, para não falar dos crimes passionais,
perpetrados na sociedade humana, todos os dias, pelos
abusos das faculdades sexuais, destinadas a criar a
família, a educação, a beneficência, a arte e a beleza
entre os homens. Esses abusos são responsáveis não
apenas por largos tormentos nas regiões infernais, mas
também por muitas moléstias e monstruosidades que
ensombram a vida terrestre, porquanto os delinqüentes
do sexo, que operaram o homicídio, o infanticídio, a
loucura, o suicídio, a falência e o esmagamento dos
outros , voltam à carne, sob o impacto das vibrações
desequilibrantes que puseram em ação contra si
próprios, e são, muitas vezes, as vitimas da mutilação
congênita, da alienação mental, da paralisia, da
senilidade precoce, da obsessão enquistada, do câncer
infantil, das enfermidades nervosas de variada espécie,
dos processos patogênicos inabordáveis e de todo um
cortejo de males, decorrentes do trauma perispirítico
que, provocando desajustes nos tecidos sutis da alma,
exige longos e complicados serviços de reparação a se
exteriorizarem com o nome de inquietação, angústia,
doença, provação, desventura, idiotia, sofrimento e
miséria. (5)
1.2 Espíritos suicidas
São almas em desequilíbrio, consideradas vitimas do
próprio engano, por terem provocado a própria
desencarnação quando tentaram fugir das aflições que
assolavam sua existência. O sofrimento demonstrado
durante a manifestação mediúnica está relacionada à
forma e ao meio empregado para se suicidar. Os suicidas
inconscientes ou indiretos são assim denominados por
ignorarem que as suas ações os estavam conduzindo à
desencarnação precoce. Entre eles encontramos,
sobretudo, os viciados em substancias socialmente
aceitas: fumantes, glutões, beberrões, praticantes de
esportes radicais. Os suicidas consciente ou diretos
planejaram e executaram a destruição do corpo físico. São
sofredores imensamente infelizes, presos a remorsos
tiranizantes.
Suicidas há que continuam experimentando os padecimentos
físicos da última hora terrestre, em seu corpo somático,
indefinidamente. Anos a fio, sentem as impressões terríveis do
tóxico que lhes aniquilou as energias, a perfuração do cérebro
pelo corpo estranho partido da arma usada no gesto supremo,
o peso das rodas pesadas sob as quais se atiraram na ânsia
de desertar da vida, a passagem das águas silenciosas e
tristes sobre os seus despojos, onde procuraram o olvido
criminoso de suas tarefas no mundo e, comumente, a pior
emoção do suicida, é a de acompanhar, minuto a minuto, o
processo da decomposição do corpo abandonado no seio da
terra, verminado e apodrecido. De todos os desvios da vida
humana o suicídio é, talvez, o maior deles pela sua
característica de falso heroísmo, de negação absoluta da lei do
amor e de suprema rebeldia à vontade de Deus, cuja justiça
nunca se fez sentir, junto aos homens, sem a luz da
misericórdia.(7)
O livro Memórias de um Suicida, da
médium Yvonne do Amaral Pereira,
edição FEB, é leitura imprescindível
para todos os que desejam
compreender a mente e o sofrimento
dos suicidas, assim como a melhor
forma de auxiliá-los
1.3 Espíritos obsessores
Existem. A rigor, três categorias de Espíritos obsessores:
a) os que se ligam às vitimas em razão de débitos
contraídos nesta ou em encarnações anteriores; b) os que
sintonizam com os hábitos e preferências dos encarnados;
c) os que perseguem pelo prazer de perseguir, porque são
contrários às idéias que as suas vítimas defendem ou
pelas ações que estas desenvolvem. Os primeiros são
coléricos, revoltados, magoados e, não raro, frios e cruéis.
O processo desobsessivo costuma ser árduo e demorado.
Os segundos vivem num regime de interdependência com
os encarnados a quem se associam, participando
ativamente da vida deles, imiscuindo-se nos seus
negócios e atividades.
A desobsessão também é demorada, exigindo mudança
radical de comportamento por parte do encarnado:
abandono do vício, por exemplo. Os últimos provocam uma
série de aborrecimentos na vida das pessoas que eles
escolhem como vítimas: mal-estar orgânico discórdias;
conflitos e intrigas entre as pessoas; desarmonias variadas,
no ambiente doméstico ou profissional, etc. A desobsessão
alcança êxito quando o perseguido compreende as
intenções do perseguidor espiritual.
Os obsessores são, em geral, muito astutos e, segundo
informações colhidas pelo Espírito André Luiz, desenvolvem
técnicas e recursos obsessivos em instituições existentes no
plano espiritual, ”[...] mantidas por inteligências criminosas,
homiziadas temporariamente nos planos inferiores}. (9) Eis o
que um obsessor informa desassobradamente.
Sim, aprendemos nas escolas de vingadores que todos
possuímos, além dos desejos imediatos comuns, em qualquer
fase da vida, um “desejo-central” ou “tema-básico” dos interesses
mais íntimos. Por isso, além dos pensamentos vulgares que nos
aprisionam à experiência rotineira, emitimos com mais freqüência
os pensamentos que nascem do “desejo-central” que nos
caracteriza, pensamentos esses que passam a constituir o reflexo
dominante de nossa personalidade. Desse modo, é fácil conhecer
a natureza de qualquer pessoa, em qualquer plano, através das
ocupações e posições em que prefira viver. Assim, é que a
crueldade é o reflexo do criminoso, a cobiça é o reflexo do
usurário, a maledicência é o reflexo do caluniador, o escárnio é o
reflexo do ironista e a irritação é o reflexo do desequilibrado, tanto
quanto a elevação moral é o reflexo do santo... Conhecido o
reflexo da criatura que nos propormos retificar ou punir é, assim,
muito fácil superalimentá-lo com excitações constantes,
robustecendo-lhe os impulsos e os quadro já existentes na
imaginação e criando outros que se lhes superponham, nutrindolhe, dessa forma, a fixação mental[...] (4)
Os obsessores podem agir por si mesmos,
executando diretamente a obsessão, ou por
meio de outros Espíritos que dominam,
transformando-os em executores de suas
vontades. Vampirizam os obsidiados,
espoliando as suas energias vitais e, pela
hipnose, projetam quadros mentais –
também denominados impressões
alucinatórias - , cerceando a atividade
intelectiva dos que se encontram sob o seu
jugo.
1.4 Espíritos que apresentam deformações
espirituais
Há Espíritos que revelam certas deformidades
perispirituais, durante as suas manifestações no
grupo mediúnico. Em geral, são Espíritos que
tiveram morte súbita e violenta, como ocorre nos
acidentes de carro, nos assassinatos, etc. Pode
ser também em razão de desencarnação por
doença crônica e degenerativa. Libertados,
porém, da fixação mental que tais
acontecimentos provocaram, percebemos que as
lesões desaparecem e a harmonia se
restabelece.
Certas lesões ou deformidades perispirituais,
contudo, demandam tempo para serem sanadas,
necessitando, inclusive, uma ou mais reencarnações
do Espírito. Situam-se neste contexto os processos
de zooantropia e os de ovoidização. Nos primeiros o
Espírito perde, parcial ou totalmente, a forma
humana, adquirindo a de animais (lobo, cobra,
macaco, etc.). Na segunda a perda da forma
humana é total, assemelhando-se o perispírito a
uma estrutura oval, um pouco maior do que o
tamanho de um cérebro humano. No próximo
modulo deste Curso, o que trata do Atendimento aos
Espíritos Comunicantes, encontraremos maiores
informações a respeito dessas deformações
espirituais.
Importa considerar, porém, que a manifestação de
tais Espíritos não é fácil, daí ser necessária a devida
vigilância da equipe, sobretudo “[...] os médiuns
esclarecedores permanecerão atentos aos
característicos dos manifestantes em desequilíbrio
[...]” (9)
Os Espíritos portadores de sérias desarmonias
espirituais andam nas trevas porque, de uma forma
ou outra, com ou sem intenção, aborrecem a si
mesmos ou aos que lhes compartilham a existência,
segundo anuncia o registro do evangelista João,
inserido no início deste Roteiro. São almas infelizes
que ainda não aprenderam a conjugar o verbo amar.
A propósito, comenta Emmanuel.
Se não sabes cultivar a verdadeira fraternidade, serás
atacado fatalmente pelo pessimismo, tanto quanto a
terra seca sofrerá o acúmulo de pó. Tudo incomoda
àquele que se recolhe à intransigência. Os
companheiros que fogem às tarefas do amor são
profundamente tristes pelo fel de intolerância com que
se alimentam. [...] Caminham no mundo entre a
amargura e a desconfiança. Não há carinho que lhes
baste. Vampirizam criaturas por onde estagiam,
chorando, reclamando, lamentando... Não possuem
rumo certo. Declaram-se expulsos da sociedade e da
família. É que, incapazes do amor ao próximo,
jornadeiam pela Terra, sob o pesado nevoeiro do
egoísmo que nos detém tão-somente no circulo estreito
de nossas necessidades, sem qualquer expressão de
respeito para com as necessidades alheias.
Afirmam-se incompreendidos, porque não
desejam compreender. Ausentes do amor,
ressecam a máquina da vida, perdendo a visão
espiritual. Impermeáveis ao bem, fazem-se
representantes do mal. Se o pessimismo começa
a abeirar-se de teu Espírito, recolhe-te à oração e
pede ao Senhor te multiplique as forças na
resistência, ante o assalto das trevas.
Aprendamos a viver com todos, tolerando para
que sejamos tolerados, ajudando para que
sejamos ajudados, e o amor nos fará viver,
prestimosos e otimistas, no clima luminoso em
que a luta e o trabalho são bênçãos de
esperança. (6)
Estudo e Prática da
Mediunidade
Prática IV
Orientações de apoio ao
Médium
Atividade 5
Manifestação dos Espíritos
Imperfeitos
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns, Cap. 20, item 226, questão 298
2. ________, item 228
3. XAVIER, Francisco C. Ação e Reação, Cap 8, p 135
4. ________, p 135-136
5. ________, Cap 15
6. ________, Fonte Viva. Cap 158
7. ________, O Consolador. Questão 154
8. ________, Seara dos Médiuns. Item: Irmãos problemas
9. XAVIER, Francisco C. e VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Cap 36
10. ________, Mecanismos da mediunidade. Cap 24. item: Zonas purgatoriais.
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