História de Portugal
Aula n.º 11
A Crise Dinástica
(1383-1385)
A Morte de D. Fernando e o Problema da Sucessão
Como D. Fernando morreu sem deixar filho varão [primogénito = filho
mais velho, homem]. Logo, de acordo com o Tratado de Salvaterra de
Magos, D. Beatriz seria rainha de Portugal. Contudo, como também
estava estipulado [decidido], enquanto esta não tivesse um filho em
idade de reinar, a regência [governo temporário] do reino seria
exercida por D. Leonor Teles.
A Regência de D. Leonor Teles
Logo que assumiu a regência, D. Leonor Teles mandou que em todas
as povoações se aclamasse D. Beatriz como rainha de Portugal. Esta
cerimónia, porém, foi motivo por revoltas e tumultos por parte do
povo em muitas localidades, porque o descontentamento era grande.
Houve cidade em que nem se chegou a fazer a aclamação, receandose a violência da multidão, como aconteceu em Lisboa.
D. Leonor não era benquista dos portugueses, e poucos eram os que
concordavam com a sua regência. Mesmo entre a nobreza, havia os
que preferiam que fosse D. João de Castela a tomar conta do reino.
Outros achavam que o trono deveria pertencer a D. João ou a D.
Dinis, filhos de D. Pedro I e D. Inês de Castro, portanto meios-irmãos
de D. Fernando.
A Aclamação de D. João, Mestre de Avis
Álvaro Pais, um influente comerciante de Lisboa, juntamente com
outros descontentes, concebeu o plano de matar o conde Andeiro, o
favorito da rainha e tido como o verdadeiro governante de Portugal.
Para desempenhar essa missão escolheram D. João, mestre da Ordem
Militar de Avis, filho ilegítimo de D. Pedro I e Teresa Lourenço,
portanto também ele meio-irmão do falecido rei.
O Mestre de Avis aceitou a tarefa e, no dia combinado, à frente de
um grupo de homens armados, dirigiu-se ao paço real e ali matou o
Andeiro.
D. João foi aclamado pelo povo de Lisboa Regedor e Defensor do
Reino.
D. Leonor Teles, face aos acontecimentos, fugiu e pediu auxílio
urgente ao rei de Castela.
Batalha dos Atoleiros / Cerco de Lisboa
Sabendo do que se passava em Portugal, D. João I de Castela invadiu
o país.
O exército castelhano entrou no território pela Beira Alta e dirigiu-se
para Lisboa, a fim de cercar a cidade. Não encontrando o apoio que
esperava, o rei de Castela mandou também que se armasse em
Sevilha uma esquadra que viria bloquear o Tejo, auxiliando no cerco.
Um outro exército castelhano invadira Portugal pelo Alentejo. Perante
esta realidade os alentejanos pediram socorro ao Mestre de Avis, que
enviou um exército com cerca de mil homens, comandados por um
jovem fidalgo, D. Nuno Álvares Pereira, que se mostrara um dos mais
entusiasta da causa do Mestre.
D. Nuno juntou aos soldados alguns camponeses revoltados e, assim,
conseguiu uma surpreendente e importante vitória contra os
castelhanos.
O Levantamento do Cerco
Com o passar do tempo, grandes foram as atribulações da população
de Lisboa. A fome alastrava por toda a cidade. Quando parecia que
Lisboa já não conseguia resistir mais, ocorreu uma epidemia de peste
no acampamento castelhano que atingiu a própria rainha D. Beatriz.
Foi então que o rei de Castela resolveu levantar o cerco e regressar a
Sevilha, a fim de se preparar para nova invasão.
A população de Lisboa viu este caso como uma intervenção divina.
As Cortes de Coimbra
As Cortes de Coimbra foram muito importantes, pois foi nelas que D.
João, Mestre de Avis, foi eleito rei de Portugal. Para que tal fosse
possível foi muito importante a argumentação de João das Regras.
Este jurista demonstrou que, tal como o Mestre de Avis todos os
outros candidatos – D. Beatriz e os filhos de Inês de Castro – eram
filho ilegítimos. Por isso, e porque se encontrava o trono vago,
competia aos representantes nas Cortes escolher o futuro rei. Ora, se
o Mestre de Avis fora o único que defendera o reino, devia ser ele o
escolhido. Assim aconteceu, e o Mestre foi aclamado rei de Portugal a
6 de Abril de 1385.
A Batalha de Aljubarrota
A aclamação do Mestre de Avis como rei de Portugal nas cortes de
Coimbra não demoveu o rei de Castela de voltar a invadir Portugal,
desta feita com um exército ainda mais poderoso.
Como as forças portuguesas eram muito inferiores, os portugueses
tiveram que planear muito bem a sua estratégia militar. O grande
estratega foi D. Nuno Álvares Pereira que, entretanto, fora nomeado
Condestável do reino.
Assim, D. Nuno decidiu que era preferível interceptar o inimigo antes
de chegar a Lisboa, para evitar que a cidade voltasse a ser cercada.
Resolveu, por isso, colocar as tropas portuguesas no lugar de
Aljubarrota, entre Leiria e Alcobaça.
O lugar de Aljubarrota fora escolhido porque se situava num planalto
cujos lados, protegidos por dois ribeiros, eram de difícil acesso para
as tropas castelhanas, pesadamente armadas. Na frente, por onde o
exército inimigo podia atacar mais facilmente, os portugueses
escavaram um extenso sistema de defesa, constituído por fossos e
covas, que taparam com ramos de árvores e arbustos. Estas
armadilhas destinavam-se a fazer cair os cavalos do inimigo.
A técnica do quadrado
O exército português, formado em quadrado, estava disposto em
quatro alas: a vanguarda, à frente; ala direita e ala esquerda, nos
lados, e a retaguarda, atrás.
A vanguarda, com 600 lanças, era comanda por Nuno Álvares Pereira.
Na ala direita, com cerca de 200 lanças, iriam pelejar (lutar) os mais
jovens fidalgos portugueses, e por isso lhe chamaram a «ala dos
namorados»; na ala da esquerda, formada por portugueses e por
ingleses, combatiam outros 200 homens de armas; na retaguarda,
estava o rei com 700 lanças. Por trás de ambas as alas havia homens de
pé e besteiros e para as ajudarem contra o inimigo. O resto dos
besteiros e dos peões distribuía-se pela retaguarda e protegia todo o
material de apoio ao exército.
A cavalaria castelhana, não se apercebendo das covas avançou, mas, à
medida, que se aproximou muitos cavalos caíram, provocando grande
confusão. Os portugueses aproveitaram para lançar uma chuva de
dardos, setas e pedras sobre os castelhanos, que começaram a ser
massacrados ainda antes de poderem entrar e combater. No final, a
batalha sagrou-se por uma grande vitória dos portugueses. Foi no dia
14 de Agosto de 1385.
Reforço da Aliança Inglesa
As vitórias portuguesas conta os castelhanos mostraram aos ingleses
que Portugal poderia ser um poderoso aliado nas suas pretensões à
Coroa de Castela. Em 1386, foi negociado um novo acordo de aliança
entre o rei Ricardo II de Inglaterra e D. João I de Portugal, o Tratado de
Windsor, assinado em Inglaterra, a 9 de Maio. Por este tratado, os dois
países comprometiam-se a prestar-se mutuamente auxílio e socorro
sempre que fossem atacados. A 1 de Novembro, pelo Tratado de
Monção, assinado em Ponte de Mouro, entre o duque de Lencastre e o
rei de Portugal, acordou-se, como reforço da aliança o casamento de
D. Filipa, filha do duque de Lencastre, com D. João I. O casamento
celebrou-se no Porto, no dia 2
de Fevereiro de 1387.
O Mosteiro da Batalha
Em memória da Batalha de Aljubarrota, D. João I mandou erigir um
sumptuoso mosteiro – o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais
conhecido por Mosteiro da Batalha. Construído em estilo gótico, é um
dos mais belos monumentos de Portugal, classificado como Património
Mundial pela UNESCO. A sua construção iniciou-se em
prolongando-se por cerca de 130 anos.
1386,
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